ESTADO DE SANTA CATARINA
PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
PROPOSTA CURRICULAR DE ALFABETIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE
POMERODE
PROPOSTA CURRICULAR DE ALFABETIZAÇÃO DO
MUNICÍPIO DE POMERODE
JUSTIFICATIVA
O domínio da leitura e da escrita é fundamental no exercício da cidadania, uma vez
que a escrita tem a propriedade de subsidiar boa parte das atividades cotidianas do ser
humano. A verdade é que, o exercício das práticas sociais contemporâneas, tem a escrita
como condição fundamental para sua realização.
Neste contexto, a alfabetização adquire função política fundamental de
instrumentalizar os sujeitos do nosso tempo para atuar na sociedade em que vivem. Os
indivíduos alfabetizados têm mais condições de reivindicar, e atuar social e criticamente no
mundo, nas instituições e com as pessoas que a cercam.
Assim, alfabetizar significa formar sujeitos que façam a leitura da realidade para
muito além das letras. Já não é mais possível conceber a escrita exclusivamente como um
código de transcrição gráfica de sons, e desconsiderar os saberes que as crianças constroem
antes de aprender formalmente a ler, já não é mais possível fechar os olhos para as
conseqüências provocadas pela diferença de oportunidades que marca as crianças de
diferentes classes sociais. Portanto, já não se pode mais ensinar como antes...
Todo aluno tem direito a uma educação escolar que, pautada no princípio da
eqüidade, garanta o conhecimento necessário para que desenvolva suas diferentes
capacidades – uma educação que não acentue as diferenças provocadas pela desigualdade
de oportunidades sociais e culturais, que não as tome, sob nenhum pretexto, como
diferenças relacionadas às suas possibilidades de aprendizagem. Não se pode esperar que os
alunos iniciem a escolaridade sabendo coisas que nunca tiveram a oportunidade de
aprender: quando eles não sabem o que se espera, é preciso ensiná-los.
A escola precisa proporcionar um ambiente alfabetizador de fato, permitindo o
contato freqüente e significativo com situações de leitura e escrita destinadas tanto à
aprendizagem do código alfabético como dos usos da língua portuguesa.
No entanto, o fracasso escolar ainda aparece de forma bastante significativa nas
classes de alfabetização. Sabe-se que as dificuldades de ensino e de aprendizagem, estão
fortemente assentados nas responsabilidades do professor alfabetizador e da família. Assim,
quanto mais situações de uso da leitura e da escrita são oferecidas por estes dois segmentos,
tanto melhor será seu processo de alfabetização.
Quando o professor foca a alfabetização apenas no ensino do que as letras
representam e desconsidera os usos e formas da língua escrita, a escola fabrica o que se
convencionou chamar de “analfabetos funcionais”.Estes, por sua vez, compreenderam o
funcionamento do sistema de escrita, mas não sabem fazer uso desta ferramenta em
situações reais do cotidiano, isto é, não sabem ler e escrever de fato.
O processo pelo qual se aprende a ler e a escrever é o mesmo, em linhas gerais, para
indivíduos de diferentes classes sociais – inclusive, tanto para crianças como para adultos.
A diferença reside nas experiências prévias destes alunos com práticas sociais de leitura e
de escrita.Se antes se acreditava que o fundamental para alfabetizar os alunos era o treino
de determinadas habilidades – memória, coordenação motora, discriminação visual e
auditiva, noção de lateralidade –hoje as pesquisas mostram que a alfabetização ( como
tantas outras aprendizagens) é fruto de um processo de construção de hipóteses, não é
decorrência do treino destas habilidades, mas sim de procedimentos de análise da língua
escrita por parte de quem aprende.A criança constrói um conhecimento de natureza
conceitual, precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que
forma ela representa graficamente a linguagem.
Se apropriar da linguagem não consiste em aprender apenas uma lista de palavras ou
sentenças. A linguagem não é homogênea, há variedades de falas, diferenças nos graus de
formalidade e nas convenções do que se pode e deve falar em determinadas situações
comunicativas. Quanto mais as crianças puderem falar em situações diferentes (contar
histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informação) mais poderão
desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa. É por meio do
diálogo que a comunicação acontece. São os sujeitos em interações singulares que atribuem
sentidos únicos à fala.
A partir da mediação com a leitura e a escrita, as crianças começam a elaborar
hipóteses. Dependendo da importância que tem a escrita no meio em que as crianças vivem
e da freqüência e qualidade das suas interações as hipóteses a respeito de como se escreve
ou se lê, podem evoluir com maior ou menor rapidez.
Percebem o mundo e as diversas formas de representação do real
que as rodeiam muito antes de um aprendizado sistemático da leitura e da
escrita. Isto é facilmente percebido em suas tentativas de compreender os
diferentes textos que se encontram ao seu redor (livros, embalagens,
comerciais, cartazes de rua, anúncios de televisão...) é um mundo cheio
de cor, de ação e de símbolos impregnados de significados.
( LAFFIN,1996,P.75)
Nessa perspectiva, será respeitada toda a bagagem lingüística que o educando traz
consigo do seu meio social, mas não lhe será negado o direito de aprender a norma culta, ou
seja, o professor proporcionar ao aluno, segundo Silva (2003,p.37), “ a ter consciência de
que sabe falar a língua que fala todo dia, mas que precisa saber mais sobre ela e sobre
outras formas de expressar-se nessa língua e, além disso, que esse saber pode crescer com
ele por toda a vida”.
A Proposta da Alfabetização busca uma compreensão de conhecimento que se
transforma constantemente, de acordo com o movimento histórico de cada sociedade. Deste
modo, também os sentidos e significados da alfabetização se transformam na dinâmica das
relações sociais. Entende-se que a Alfabetização constitui uma atividade interativa,
interdiscursiva de apropriação de diferentes linguagens produzidas culturalmente. Dentre
elas situa-se a escrita como um artefato presente em todas as atividades das sociedades
letradas.
Ao olharmos a escrita como um processo que dá continuidade ao desenvolvimento
da linguagem das crianças, não podemos mais acreditar que na prática pedagógica ocorra
uma ruptura entre o que as crianças são capazes de fazer ao ingressar na escola e os
objetivos no ensino da língua que esta instituição se propõe a trabalhar.
Segundo FERRI ( 1996) é necessário, deste modo, compreender que, no processo de
alfabetização, o convívio com a linguagem escrita deve ser uma atividade real e
significativa, na qual as crianças interagem com diferentes conhecimentos, com o professor,
sua intencionalidade e a linguagem escrita em suas diferentes manifestações.
Entende-se então que na dinâmica das elaborações conceituais se explicita a
mediação da palavra na compreensão significativa dos conceitos. “Toda palavra comporta
duas faces, ela é determinada pelo fato de que procede de alguém como pelo fato de que se
dirige para a alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do
ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro (...) É o território
comum do locutor e do interlocutor.” ( BAKHTIN apud FONTANA, 1996:26)
Afirma-se, portanto, o caráter interdiscursivo da alfabetização que assumimos neste
texto e que nos permite trabalhar com alunos de diferentes possibilidades, exigindo-nos
pensar esta aprendizagem, de forma coletiva e diferenciada. Desta forma, privilegia-se a
formação de grupos heterogêneos uma vez que
... a heterogeneidade, característica presente em qualquer grupo
humano, passa a ser vista como fator imprescindível para as interações
na sala de aula. Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências,
trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de
conhecimento de cada criança ( e do professor) imprimem ao cotidiano
escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visão de mundo,
confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades
individuais. ( REGO, 1995 ,p.88)
Para assegurar aos alunos o direito de aprender a ler e escrever, é indispensável que
os professores tenham garantido o direito de aprender a ensiná-los. Isto é assegurado
através de uma política educacional pública comprometida com um sólido processo de
formação permanente dos professores.
OBJETIVOS
As atividades desenvolvidas no decorrer do 1º e do 2º ano têm como objetivo que,
durante o processo, as crianças adquiram progressivamente competências em relação às
diferentes linguagens, em especial a língua oral e escrita que lhes possibilitem resolver
problemas, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado.
Para que isto ocorra, os conteúdos serão planejados tendo em vista que a criança
possa:
•
Familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros
suportes de textos e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça
necessário; ( 1º ano )
• Interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional;
( 1º ano )
•
Reconhecer seu nome escrito, sabendo utilizá-lo nas diversas situações do
cotidiano; ( 1º ano )
•
Escolher os livros para ler e apreciar; ( 1º ano )
•
Ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão,
interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de
diversas situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas vivências, ouvir
as de outras pessoas, elaborar e responder perguntas; ( 1º e 2º ano )
•
Valorizar a leitura como fonte de informação e recorrendo aos materiais escritos em
função de diferentes objetivos; ( 1º e 2º ano )
•
Valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo
capazes de expressar seus sentimentos, experiências, idéias e opiniões, bem como
de acolher, interpretar e considerar dos outros, contrapondo quando necessário;( 1º e
2º ano)
•
Valorizar e utilizar a linguagem para compreender, interpretar, construir e
reconstruir o conhecimento, ampliando as suas possibilidades de participação social
no exercício da cidadania. ( 1º e 2º ano )
•
Compreender a cidadania como um exercício de direitos e deveres, adotando no diaa-dia atitudes de solidariedade, cooperação, respeitando o outro e exigindo para si o
mesmo respeito; ( 1º e 2º ano )
•
Escutar e apreciar a leitura de textos; ( 1º e 2º ano )
•
Ler textos de diferentes gêneros, combinando estratégias de decifração com
estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação; (1º e 2º ano)
•
Participar de diferentes situações de comunicação oral, acolhendo e considerando as
opiniões alheias e respeitando os diferentes modos de falar; (1º e 2º ano)
•
Considerar a necessidade da reescrita que a produção do texto escrito requer,
empenhando-se em produzi-las com a ajuda do professor; (1º e 2º ano)
•
Saber utilizar a leitura como fonte de informação, diversão, via de acesso aos
mundos criados pela literatura e pela ciência e que tenham condições de recorrer aos
materiais escritos em função dos diferentes objetivos. (1º e 2º ano)
•
Participar de brincadeiras e jogos que contribuem para o desenvolvimento da
linguagem oral e escrita. (1º e 2º ano)
•
Utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder
para ter acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos:
identificar aspectos relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos
coerentes a partir de trechos oriundos de diferentes fontes; fazer resumos, índices,
esquemas, etc.; ( 2º ano)
•
Escrever textos de diferentes gêneros, utilizando a escrita alfabética e preocupandose com a forma ortográfica; ( 2ºano)
CONTEÚDOS DO 1º E 2ºANOS
CONTEÚDOS ( conceitos, fatos, procedimentos e atitudes)
No 1º e no 2º ano privilegia-se:
compreensão e valorização da cultura escrita;
apropriação do sistema de escrita;
leitura;
produção escrita;
desenvolvimento da oralidade.
A distribuição dos conteúdos conceituais, factuais, procedimentais e atitudinais no
quadro abaixo não é rígida. Ela mostra, apenas, em termos ideais, o momento em que se
deve privilegiar o desenvolvimento destes conteúdos. Nos quadros, a ênfase a ser
atribuída com cada capacidade está simbolizada através dos seguintes recursos gráficos:
• a letra I significa INTRODUZIR, para possibilitar a familiarização dos alunos com
os conteúdos em foco;
• a letra R significa RETOMAR, seu uso no quadro indica que a capacidade deve
merecer ênfase menor, sendo introduzida ou retomada, conforme o caso ( introduzir
a novidade; retomar eventualmente o que já tiver sido contemplado);
• a letra T significa TRABALHAR SISTEMATICAMENTE, com vista ao domínio
dos alunos;
• a letra C, CONSOLIDAR, significa que o conteúdos tendo sido trabalhado
sistematicamente, deve ser enfatizado de modo a assegurar sua consolidação.
•
quando as duas letras aparecem ao mesmo tempo, isso significa que o conteúdo em
questão necessita ser dominado mais cedo e que em um mesmo ano deverá ser
introduzido, trabalhado e consolidado.
Língua Oral
1º ano
Participação em situações de intercâmbio oral que
requeiram: ouvir com atenção, intervir sem sair do assunto I T
tratado, formular e responder perguntas, explicar e ouvir
explicações, manifestar e acolher opiniões, adequar as
colocações ás intervenções precedentes, propor temas.
Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar
e expressar desejos, necessidades, opiniões, idéias,
preferências e sentimentos e relatar suas vivências nas
IT
diversas situações de interação presentes no cotidiano.
Manifestações de experiências, sentimentos, idéias e
opiniões de forma clara e ordenada ( roda da conversa, I T
conhecimentos prévios)
2º ano
TC
TC
TC
Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os
diversos contextos de que participa.
T
C
Participação em situações que envolvem a necessidade de
explicitar e argumentar suas idéias e pontos de vista.
IT
RT
Narração de histórias conhecidas, buscando aproximação
às características discursivas do texto-fonte.
I
T
Relato de experiências vividas e narração de fatos em
seqüência temporal e causal.
IT
TC
Descrição (dentro de uma narração ou de uma exposição)
de personagens, cenários e objetos.
IT
TC
Exposição oral com ajuda do professor, usando suporte
escrito, quando for o caso.
IT
C
Adequação da linguagem às situações comunicativas mais
formais que acontecem na escola ( com ajuda).
IT
TC
Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como
trava-línguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e I T
canções.
TC
1º ano
Práticas de Leituras:
Participação nas situações em que os adultos lêem textos
de diferentes gêneros, como contos, poemas, notícias de I T
jornal , informativos, parlendas,trava-línguas,etc.
Participação em situações que as crianças “leiam”, ainda
que não o façam de maneira convencional.
IT
2º ano
TC
T C
Reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de
nomes do grupo nas situações em que isso se fizer T C
necessário.
R
Observação e manuseio de materiais impressos, como
livros, revistas, histórias em quadrinhos, etc., previamente T C
apresentados ao grupo.
R
Valorização da
entretenimento.
leitura
como
fonte
de
prazer
e
IT
T
T
C
Escuta de textos lidos pelo professor.
Atribuição de sentido, coordenando texto e contexto ( com
ajuda).
IT
T
Utilização de indicadores para fazer antecipações e
inferências em relação ao conteúdo ( sucessão de I
acontecimentos, paginação do texto, organização
tipográfica, etc)
T
Utilização de recursos para resolver dúvidas na
compreensão: consulta ao professor ou aos colegas, I T
formulação de uma suposição a ser verificada adiante,
bibliotecas, uso de acervos, etc.
T
Manuseio e leitura de livros na classe, na biblioteca e,
quando possível, empréstimo de materiais para leitura em I T
casa ( com supervisão do professor ou bibliotecário)
Socialização das experiências de leitura
IT
TC
R
1º ano
2º ano
Práticas de Produção de Textos:
Participação em situações cotidianas nas quais se faz
necessário o uso da escrita;
IT
TC
Escrita do próprio nome em situações em que isso é
necessário;
TC
R
Produção de textos:
- individuais e/ou coletivos ditados oralmente ao professor I T
para diversos fins.
C
Produção de textos: prática de escrita de próprio punho,
utilizando o conhecimento de que dispõe, no momento, I T
sobre o sistema de escrita em língua materna ( sondagem).
TC
Produção de textos: considerando o destinatário, a
finalidade do texto e as características do gênero;
IT
Produção de textos: introduzindo progressivamente os
seguintes aspectos notacionais:
o conhecimento sobre o sistema de escrita em
português ( correspondência fonográfica);
a separação entre palavras;
I
a divisão do texto em frases, utilizando recursos do
sistema de pontuação: ponto final, exclamação,
interrogação;
a utilização, com ajuda, de dicionário e outras
fontes escritas impressas para resolver dúvidas
ortográficas;
Análise e Reflexão sobre a Língua
1º ano
-Análise da qualidade da produção oral, alheia e própria
(com ajuda), considerando:
presença/ausência de elementos necessários à
compreensão de quem ouve;
I
adequação da linguagem utilizada à situação
comunicativa.
-Escuta de diferentes textos produzidos na comunicação
direta ou mediada por telefone, rádio ou televisão,
atribuindo significado e identificando ( com ajuda) a
I
intencionalidade explícita do produtor.
TC
T
2º ano
T
T
Identificação ( com ajuda) de razões de mal – entendidos
na comunicação oral
e escrita
e suas possíveis I T
interpretações.
Ex: bilhetes, cartas, comunicações,etc.
Comparação ( com ajuda) entre diferentes registros
utilizados em diferentes situações comunicativas.
I
“Leitura” para os alunos que ainda não lêem de forma
convencional:
Relação
oral/escrito:
estabelecimento
de
correspondência entre partes do oral e partes do
escrito em situação onde o texto escrito é
conhecido de cor, considerando indicadores como
segmentos do texto, índices gráficos, etc.;
IT
Relação texto/contexto: interrogar o texto,
buscando no contexto elementos para antecipar ou
verificar o sentido atribuído.
Análise – quantitativa e qualitativa - da correspondência
entre segmentos falados e escritos, por meio do uso do I T
conhecimento disponível sobre o sistema de escrita.
Revisão de texto com ajuda:
durante o processo de redação, relendo cada parte I
escrita, verificando a articulação com o já escrito e
planejando o que falta escrever;
depois de produzida uma primeira versão,
trabalhando sobre o rascunho para aprimora-lo,
considerando as seguintes questões: adequação ao
gênero, coerência e coesão textual, pontuação,
paginação e ortografia.
Exploração das possibilidades e recursos da linguagem
que se usa para escrever a partir da observação e análise de I
textos impressos, utilizados como referência ou modelo.
T
T
TC
TC
T
T
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Acredita-se que a metodologia é o caminho que organiza a ação do professor, de
forma que permita ao educando a ação de construir e reconstruir o conhecimento.
Desta forma, as atividades não ocorrem espontaneamente baseadas na improvisação.
O professor alfabetizador é responsável pelo ensino e isto implica problematizar situações e
elaborar atividades difíceis mas possíveis para todos os alunos, independente do nível de
alfabetização que se encontram.
O planejamento de atividades desafiadoras fará toda a diferença no processo de
aprendizagem, principalmente quando acreditamos que as interações em sala de aula devem
pautar-se nesse aspecto.Assim, o professor alfabetizador garante momentos que promovam
a reflexão e, conseqüentemente, uma aprendizagem significativa.
Desenvolver progressivamente competências relacionadas às diferentes linguagens,
em especial a língua oral e escrita que possibilitem aos alunos resolver problemas, ter
acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado, faz parte da
prática deste mundo. Isto também exige:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Motivação ( ter um motivo) para aprender ( levantamento dos conhecimentos
prévios, utilização de jogos, desafios, histórias...);
interação com a realidade ( situações contextualizadas, projetos...);
estabelecimento de contrato didático ( combinados/regras de convivência pautadas
no respeito, na colaboração e cooperação mútuos);
aulas expositivas e dialogadas;
atividades individualizadas , em grupos e agrupamentos produtivos;
utilização de recursos tecnológicos ( o gravador, o vídeo e o DVD além de
possibilitarem o acesso a textos que combinam sistemas verbais e não-verbais de
comunicação, possuem aplicações didáticas interessantes para a organização de
situações de aprendizagem da língua. O gravador e o vídeo são recursos úteis nas
atividades de revisão de textos orais produzidos pelos alunos, bem como gestos,
postura corporal, expressão facial... O computador possibilita a digitação e edição
de textos produzidos pelos alunos para publicações internas da classe ou da escola;
uso de bibliotecas – públicas e escolares – fundamentais para um trabalho como o
proposto neste documento;
empregar recursos visuais (slides, cartazes, fotografia, transparências de textos para
serem utilizadas no retroprojetor);
valorizar jogos de escrita – no ambiente criado para jogos de mesa podem-se
oferecer jogos gráficos, como caça-palavras, forca, cruzadinhas e outros. Deixar à
disposição das crianças cartelas com letras, letras móveis, etc;
privilegiar o faz-de-conta – a criação de ambientes para brincar no interior ou fora
da sala possibilita a ampliação contextualizada do universo discursivo, trazendo
para o cotidiano da instituição novas formas de interação com a linguagem. Esse
espaço pode conter diferentes caixas previamente organizadas pelo professor para
incrementar o jogo simbólico das crianças, nas quais tenham diversos materiais
gráficos, próprios às diversas situações cotidianas que os ambientes do faz-de-conta
reproduzem, como embalagens diversas, livros de receitas, blocos para escrever,
talões com impressos diversos, etc...
garantir que os projetos aconteçam e que possam ser interdisciplinares e que se faça
uso do registro escrito como recurso de documentação. Elaborar um livro de regras
de jogos, um catálogo de coleções ou um fascículo informativo sobre a vida dos
animais, exemplos de boas atividades que propiciem a aprendizagem significativa;
•
•
Os diversos textos que podem ser produzidos em cada projeto devem utilizar
modelos de referência correspondentes aos gêneros com os quais se está
trabalhando. É aconselhável que sejam apresentados textos impressos de diferentes
autores. Se o texto for um cartaz, deve-se apresentar às crianças alguns cartazes
sobre diversos assuntos, para que elas possam perceber como são organizados,
como o texto é escrito, como são as imagens, etc. Se for um jornal, é necessário que
as crianças possam identificar, entre outras coisas, as diversas seções que o compõe,
como se caracteriza uma manchete, uma propaganda, uma seção de classificados,
etc. Para se montar uma história em quadrinhos, é necessário o conhecimento de
vários tipos de histórias em quadrinhos para que as crianças conheçam melhor suas
características. Pode-se identificar os principais temas que envolvem cada
personagem, os recursos de imagem usadas, etc. Assim se amplia o repertório em
uso pelas crianças e elas avançam no conhecimento desse tipo de texto. Ao final, as
crianças podem produzir as próprias histórias em quadrinhos.
organizar saraus literários nos quais as crianças escolhem textos ( histórias, poesias,
parlendas) para contar ou recitar no dia do encontro. Elaborar um documentário em
vídeo ou exposição oral sobre o que as crianças sabem de assuntos tratados num
projeto de outra disciplina, como, por exemplo, instruções sobre como se faz uma
pipa.
Na alfabetização alguns materiais podem ser de grande utilidade ao professor:
alfabetos, crachás ou cartazes com os nomes dos alunos, cadernos de textos conhecidos
pela classe, pastas de determinados gêneros de textos, dicionários organizados pelos
alunos com suas dificuldades ortográficas mais freqüentes, jogos didáticos que
proponham exercícios lingüísticos, listas das palavras estáveis( palavras que a criança
consegue reconhecer mesmo sem saber ainda ler convencionalmente), etc.
O mais importante é realizar uma boa seleção de atividades e materiais que se
incorporam à aula, considerando os objetivos e os conteúdos que devem ser garantidos em
cada turma de alfabetização e que principalmente desenvolvam a aprendizagem dos alunos.
AMBIENTE ALFABETIZADOR
Entende-se por ambiente alfabetizador aquele que promove um conjunto de
situações de usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças têm a oportunidade de
interagir.
O ambiente físico de uma classe de alfabetização deve ser envolvente e possibilitar
a interação efetiva entre os participantes do processo e a realidade circundante ( as
experiências individuais e coletivas dos alunos, a situação social da escola e da
comunidade). Para tanto, a disposição dos alunos em grupos (duplas, círculos,
semicírculos) favorece a visualização de todos e em todos os momentos de troca de
experiências, possibilitando ao professor outros olhares sobre o como ensinar ao perceber
as diferentes maneiras de como o aluno aprende.
Algumas vezes o termo “ambiente alfabetizador” tem sido confundido com a
imagem de uma sala de aula com paredes cobertas de textos expostos e, às vezes, até com
etiquetas nomeando móveis e objetos, como se esta fosse uma forma eficiente de expor as
crianças à escrita. No entanto, expor as crianças às práticas de leitura e escrita está
relacionado com a oferta de oportunidades de participação em situações nas quais a escrita
e a leitura se façam necessárias, isto é, nas quais tenham uma função real de expressão e
comunicação.
As situações de comunicação na alfabetização são variadas e necessitam da
mediação pela escrita. Isso acontece, por exemplo, quando se recorre a uma instrução
escrita da regra de um jogo, ao ler uma notícia de jornal de interesse das crianças ao
informar o dia e o horário de uma festa em um convite de aniversário, quando se anota uma
idéia para não esquecê-la ou no momento que o professor envia um bilhete para os pais e
tem a preocupação de ler o mesmo para as crianças, permitindo que elas se informem sobre
o conteúdo e sua intenção. Se trouxermos diversos textos utilizados nas práticas sociais
para dentro da sala de aula, estaremos ampliando o acesso ao mundo letrado, cumprindo um
papel importante na busca da igualdade de oportunidades.
A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a
constituição do ambiente de letramento. Assim, os textos de literatura geral e infantil,
jornais, revistas, textos publicitários, etc. deverão ser oferecidos às crianças para que
aprendam sobre a linguagem que se usa para escrever. Logo para aprender a ler e escrever é
necessário que o aluno sinta a sala de aula como...lugar onde as razões para ler e escrever
são intensamente vividas. (Foucambert, 1994 p. 31, apud Proposta Curricular de Santa
Catarina, 1998 p. 36).
Aprender a ler e escrever refere-se à sistematização das necessidades de
relacionamento com o outro, dizer algo a alguém ou saber dele, seja para informar ou
informar-se, documentar ou escrever e ouvir. O processo de ensino e aprendizagem ocorre
através da interação, no confronto das idéias, nas trocas e socializações de experiências.
Neste contexto, o professor passa a ser mediador criando condições em sala de aula
para que haja aprendizagem com a preocupação de que a apropriação do saber se dê de
maneira significativa, concreta, transformadora, fazendo a ponte com os outros sujeitos e
elaborando e re-elaborando conceitos.
[...] a heterogeneidade, característica presente em qualquer grupo humano, passa
a ser vista como fator imprescindível para as interações na sala de aula. Os
diferentes ritmos, comportamentos, e experiências, trajetórias pessoais, contextos
familiares, valores e níveis de conhecimento de cada criança ( e do professor)
imprimem ao cotidiano Escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visão
de mundo, confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades
individuais ( REGO, 1995, p. 88, apud Proposta Curricular de Santa Catarina,
2005 p. 34).
O professor alfabetizador faz da leitura e da escrita parte integrante na vida das
crianças, utilizando-se de materiais didáticos diversos como ferramentas de construção e
apoio (alfabetos escritos em diferentes tipos de letras, pôsteres, bibliotecas de sala de aula,
cartazes, jogos com instruções, anotações de projetos desenvolvidos em sala de aula, datas
de aniversários, rótulos, calendários, jornais, listas, textos de memória ... que por sua vez
constituem estímulo ao processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita). O espaço
rico e privilegiado de diversos materiais contribui com a mediação do professor e suas
intervenções, no processo de sistematização das atividades de comunicação oral e escrita,
ou seja, criar espaços de práticas de letramento, para que ocorram na escola oportunidades
de ler, escrever e falar as diversas maneiras de ver, ouvir e sentir o mundo.
AVALIAÇÃO
A avaliação no processo de alfabetização é caracterizada por uma dimensão
formativa continuada e terá uma função diagnóstica, capaz de indicar os níveis já
consolidados pelo aluno, suas dificuldades ao longo do processo e as estratégias de
intervenção necessárias para a promoção de seus avanços. Envolve, portanto, sistemas
abertos de avaliação, a serviço das orientações das aprendizagens dos alunos e não apenas
do registro burocrático de seus resultados. Nesse sentido, a avaliação é um instrumento
importante para reorientar a prática do professor alfabetizador.
Nesta concepção de avaliação duas funções ou ações avaliativas são inseparáveis: o
diagnóstico e o monitoramento.( A função diagnóstica tem como objetivo o conhecimento
de cada criança e do perfil de toda a turma, no que refere a seus desempenhos ao longo da
aprendizagem e à identificação de seus progressos, suas dificuldades em relação às metas
esperadas). (O monitoramento monitorar o processo de alfabetização significa acompanhar
e intervir na aprendizagem, para reorientar o ensino e resgatar o sucesso dos alunos) tem
uma função preventiva e indica o que fazer para que o aluno resgate a oportunidade de
aprender, antes que se leve muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem
suposta ou esperada.
As situações de avaliação acontecerão de forma contextualizada para que se possa
observar a evolução das crianças. É possível aproveitar as inúmeras ocasiões em que as
crianças falam, lêem e escrevem para se fazer um acompanhamento de seu progresso.
Enfim, avaliar as atividades e não fazer atividades de avaliação. A observação é o
principal instrumento para que o professor possa avaliar o processo de construção da
linguagem pelas crianças.
Para que a avaliação seja formativa e continuada, alguns instrumentos serão
utilizados nas práticas de avaliação como fontes de informação sobre os processos de
aprendizagem dos alunos e dentre eles destaca-se:
• Observação e registro – fotos, gravações, cadernos, fichas descritivas, sondagens...
• Atividades escritas focalizadas nas análises de capacidades essenciais à
alfabetização sugeridas nos objetivos e conteúdos desta proposta;
• Auto-avaliação – tomada de consciência pelo próprio aluno de suas capacidades e
dificuldades através de conversas e dinâmicas;
•
Portfólio – organização e arquivo de registros das aprendizagens dos alunos,
selecionados por eles próprios e pelo professor, com intenção de fornecer uma
síntese de seu percurso ou trajetória de aprendizagem.
Acompanhar de perto o processo de aprendizagem, passo a passo, ampliam a
possibilidade de perceber avanços e rupturas na alfabetização. Mais do que isso: criam-se
oportunidades de alterar a rota traçada, propor outras formas de organização dos alunos,
outras ações ou estratégias de ensino. Pode-se, enfim, replanejar as metas de ensino e
corrigir ações inadequadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA. Antonio Augusto Gomes et. al. Capacidades Lingüísticas da Alfabetização e
a Avaliação. Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação a
Distância. Universidade Federal de Minas Gerais. 2006. ( Coleção: Pró Letramento.
Fascículo 01)
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Proposta Curricular de Alfabetização do Município de Pomerode