O PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA NA COMPREENSÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE VIDAL, Kiussa Taina Geteins; LIMA, Flávia Patricia Farias; SOUZA, Alcy Aparecida Leite; LAZZAROTTO, Elizabeth Maria; MEZA, Sheila Karina Lüders; ROZIN, Arnei Júnior; CINTRA Hans Doner Eric & DELL’ARINGA, Fernando Kami RESUMO Com a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em março de 1986 erigiu-se a saúde como direito de cidadania e dever do Estado, cujas ações e serviços de saúde deveriam ser geridos por um Sistema Único de Saúde (SUS), estruturado em alguns princípios doutrinários e diretrizes organizativas. Com a justificativa da consolidação do SUS, o Ministério da Saúde cria o Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS) em 1991 e o Programa Saúde da Família em 1994. O objetivo do presente trabalho foi verificar a compreensão dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da Equipe Saúde da Família, atuantes em uma unidade do interior do Município de Cascavel, sobre o Programa Saúde da Família; e caracterizar o perfil dos mesmos. Os resultados indicaram visão aproximada do que seja PSF, ao compreendê-lo como uma estratégia que desenvolve ações de prevenção, promoção e reabilitação, incluindo o atendimento na unidade, na comunidade e domiciliar; os ACS conhecem as atividades que devem ser desenvolvidas pelo programa e suas atribuições/funções específicas. PALAVRAS-CHAVE: Programa Saúde da Família, Equipe Saúde da Família. INTRODUÇÃO Com a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em março de 1986 erigiu-se a saúde como direito de cidadania e dever do Estado, cujas ações e serviços de saúde deveriam ser geridos por um Sistema Único de Saúde (SUS), estruturado em alguns princípios doutrinários e diretrizes organizativas. Com a justificativa da consolidação do SUS, o Ministério da Saúde cria o cria o Programa de Agentes Comunitários da Saúde (PACS), posteriormente, foram promulgadas as Leis nos. 8.080/90 e 8.142/90, que compõem a legislação que regulamenta os dispositivos constitucionais do SUS, que se fundamentam em um conceito ampliado de saúde como resultante das condições de vida dos indivíduos e coletividades e identificando o usuário como membro de uma comunidade organizada com direitos e deveres a estratégia do ministério da Saúde (MS) que busca promover a reorientação do modelo assistencial no âmbito do município, a quem compete à prestação da atenção básica à saúde. Segundo Carbone; Costa (2004) o ACS desenvolve ações nos domicílios de sua área de responsabilidade e participa da programação das unidades onde, também, suas atividades são supervisionadas. Dentro os princípios o MS atribuiu as definições, nesta avaliação sendo escolhida seis, mapear sua área de atuação, colher dados par análise da situação das famílias acompanhadas, desenvolverem ações básicas de promoção da saúde e prevenção de doenças, promoverem educação em saúde e mobilização comunitária para melhorar a qualidade de vida, incentivar a formação de conselhos locais de saúde, participar do processo de programação e planejamento local das ações de saúde. O ACS é o elo entre a USF e a comunidade. O ACS deve analisar o processo saúde/doença na dinâmica individual, familiar e comunitária, entender a saúde como questão de cidadania, dominar os conceitos de território, área, microárea, família e domicílio. OBJETIVO Investigar a compreensão que os agente comunitários de saúde que atuam na USF, localizada no interior do Município de Cascavel, possuem a cerca do PSF e do trabalho em equipe. MATERIAL E MÉTODOS O referido estudo foi realizado em uma Unidade do Programa Saúde da Família, localizada no interior do município de Cascavel, na região oeste do Paraná. Após o embasamento teórico que abordou o Programa Saúde da Família, iniciou-se buscando apropriar-se do tema e relacioná-lo posteriormente com os dados coletados. A seguir, foi aplicado o questionário, com questões abertas, e fechadas. As questões fechadas caracterizaram os sujeitos, quanto à idade, estado civil, formação escolar, e tempo de atuação na USF. As questões abertas que compuseram o questionário foram: 1) O que é o Programa Saúde da Família (PSF)? 2) Quais atividades devem ser desenvolvidas pelo PSF? 3) Quais as atribuições/funções específicas do seu cargo dentro da equipe do PSF? Os sujeitos da pesquisa foram os ACS que atuavam na USF, no ano de 2009. O critério de seleção baseou-se na disponibilidade individual em participar da pesquisa pela assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, conforme. Os dados coletados foram sistematizados e analisados quantitativamente e qualitativamente, de modo a caracterizar os sujeitos do estudo, preservando sua identificação. RESULTADOS E DISCUSSÕES A seguir serão apresentados os resultados dos 5 questionários. Os ACS são predominantemente do gênero feminino (100%). Quanto a idade, 60% possuem de 20 a 30 anos, 40% de 31 a 40 anos. Sendo que 80% são casados, 20% relatam união estável. Com relação ao grau de formação, 100% concluíram o ensino médio, No que tange ao tempo de atuação dos profissionais na USF, constata-se que 40% atuam de 7 a 9 anos, 40% de 4 a 6 anos, 20% menos que 1 ano. Esta informação confirma que grande parcela dos ACS trabalha na instituição desde sua implantação em outubro de 2002. Após esta caracterização procuramos investigar a compreensão que os ACS que atuam na USF, possuem a cerca do PSF e do trabalho em equipe. Destacamos que durante o processo de análise buscamos estabelecer relação entre os conteúdos das falas e referenciais teóricos remetidos ao Sistema Único de Saúde objetivando dar maior consistência à sistematização dos dados coletados. Segundo o MS o principal propósito do programa é reorganizar a prática de atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família, e com isso, melhor a qualidade de vida da população (BRASIL, 2005). Na análise da questão 1 dos 5 sujeitos que responderam ao questionário, 4 definiram o PSF como uma estratégia criada pelo governo federal para atender as famílias, com enfoque nas atividades de promoção, prevenção e reabilitação da saúde, conforme descrito: É uma estratégia criada para promover a prevenção, tendo como público alvo a família, desenvolvendo ações preventivas, educativas com a participação da comunidade (ACS 01). É uma estratégia que acompanha uma determinada área de abrangência. Essa estratégia pode ter até 4.500 pessoas ( ACS 02). Segundo as Diretrizes de Atenção Básica do MS “as equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade” (BRASIL, 2004). Uma fala definiu o PSF como forma de acompanhamento familiar, com atividades de orientação, prevenção e atendimento domiciliar: É o atendimento, ou seja, acompanhamento de toda a família é cuidar, orientar, e trabalhar a prevenção, atendimento domiciliar, acompanhamento do recém-nascido ao idoso, priorizar os há e DIA, oito horas (ACS 03). Esta responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS (BRASIL, 2004). A questão 2 os participantes apontaram como atividades que devem ser desenvolvidas, as atividades de promoção, prevenção e reabilitação, incluindo visitas domiciliares, cadastramento das famílias, educação em saúde e atendimento clínico, como as consultas médicas e odontológicas, exames laboratoriais e encaminhamentos para os demais níveis de assistência, conforme relatado: Atendimento, acompanhamento, visitas domiciliares, multidisciplinar, referência e contra-referência (ACS 01). Cadastramento, acompanhamentos, promoção e prevenção da saúde das famílias dando ênfase nas visitas domiciliares e na comunidade (ACS 02). Prevenção, trabalho em equipe, educação em saúde, ou seja, palestras, acompanhamento da família como um todo (ACS 03). Atendimento, visitas domiciliar, cadastramento das famílias, mapa da comunidade, acompanhamento, consulta médica, coleta de preventivo, exames e orientação para prevenção (ACS 04). Promover a integração entre a equipe e comunidade, acompanhamento da família no domicílio, prevenção a saúde (ACS 05). Nota-se que os ACS possui um conhecimento amplo das atividades que o PSF deve implementar. No entanto, nenhum ACS citou a importância da participação comunitária na tentativa de identificar e mapear as áreas de risco e no planejamento das atividades da USF. Na terceira questão os 5 ACS que integram a equipe informaram que suas atividades englobam visitas domiciliares, acompanhamento mensal das famílias, repasse de informações e orientações, identificar situações de risco, mapeamento das micro-áreas: Realizar visitas domiciliares para acompanhamento de hipertensos, diabéticos, gestantes, crianças, idosos, a família em geral. Desenvolvendo o trabalho usando a orientação como base, através de materiais educativos, informativos, individuais e coletivas (ACS 01 Fazer cadastramentos, acompanhamentos das famílias, passar informações da unidade para as famílias. Orientar as famílias sobre o funcionamento da unidade. Somos educadores (ACS 02). Visitas domiciliares, cadastradas, priorizar acompanhamento as gestantes, mensal crianças, das famílias idosos, HA (hipertensos), DIA (Diabéticos), levar as informações para o restante da equipe (ACS 03). Acompanhar, orientar, fazer cadastro ficha A da família, identificar fatores de risco e sinais de alerta de determinadas doenças a fim de encaminhá-las a unidade (ACS 04). Realizar o mapeamento da área, cadastrar as família e acompanhar através de visitas domiciliares, desenvolver ações de promoção e prevenção de doenças, identificar as situações de risco (ACS 05). Percebe-se que nenhuma fala citou que o principal papel do ACS é fazer a ligação entre as famílias e o serviço de saúde. Sendo que o MS preconiza que o mesmo seja o elo entre as famílias e a unidade, e cumprir com as seguintes funções: realizar mapeamento de sua área; cadastrar as famílias e atualizar esse cadastro; identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco; identificar área de risco; orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando-as e até agendando consultas, exames e atendimento odontológico, realizar ações e atividades, no nível de suas competências, nas áreas prioritárias da atenção básica; realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias sob sua responsabilidade; estar sempre bem informado, e informar aos demais membros da equipe, sobre a situação das família acompanhadas, particularmente aquelas em situações de risco; desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de doenças; promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras (BRASIL, 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo apontou que os ACS atuantes em uma Unidade da Equipe Saúde da Família, de maneira geral, consideram o PSF como uma estratégia governamental que visa desenvolver ações de prevenção, promoção e reabilitação, incluindo o atendimento na unidade, na comunidade e domiciliar. Averiguou-se que a maioria das falas expressa uma visão aproximada do que seja PSF, uma vez que o compreende enquanto organização e estratégia de saúde e que atua de forma holística, ou seja, promovendo, prevenindo e reabilitando a saúde das famílias de sua área de abrangência. A compreensão do que é PSF pelos ACS ganha relevância, quando se considera que o conhecimento da política que o rege e as atividades devem ser efetuadas podem contribuir para sua consolidação, no entanto, apenas isto não é suficiente para processar mudanças. Há necessidade de profissionais engajados, que coloquem em prática em suas ações e serviços. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei Orgânica da Saúde: Lei n 8.080. Dispões sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências. Diário Oficial da União, 1990a. ____ . Lei n 8142. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde - SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, 1990b. _____. Portaria nº 1886/GM, de 18 de dezembro de 1997. Aprova as Normas e Diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família. Brasília, 1997. _____. Ministério da Saúde. Atenção Básica e Saúde da Família. Departamento de Atenção Básica: DAB. Brasília, 2004. Disponível em <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php>. Acess2o em 10 de setembro de 2009. ____. Ministério da Saúde. Manual do PSF. Brasília-DF, 2005. Disponível em http://www.portalsaudepsf.com.br/manual.htm>. Acesso em 18 de agosto de 2009. ____. Medida Provisória nº 297, de 9 de junho de 2006. Brasília, 2006. Disponível em <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/402772.pdf>. Acesso em 12 de julho de 2009. COSTA, E. M. A.; CARBONE, M. H. Saúde da família - uma abordagem interdisciplinar. Ed. Rubio Ltda. Rio de Janeiro-RJ, 2004.