ca o
ca o
IFERi CIA NACIOAI INFORMAO E PROPAGANM
ICUPERAR AS PASTENS
PARA MELHODRAR O IAM
lIDAS RnADICIONAIS
lLIDADE E MITOS
Raimuio Pachinuapa: o assassim Aaga e a Nó GÍI
José Paulo Nchum .li: t, Puo vímão de Caá Delgado ERFRE NACOON
AL '
.1
17
exigência...
No simples gesto de o acender. No prazer de o fumar.
1
Na alegria de o oferecer!
EXiGENCIA marcando o ritmo no trabalho na acção e no prazer!
; : »' 1I [Num
cigarro completo. Equilibrado.
.... IM Um cigarro totalmente: conseguido FABRICA VELOSA
4T1
Reacção: A bino Macjai >h Ca e d iv;Poreae epcríýa fns Al vu e sn o m ues .
os é a bi q ua . e v e e
*
LISTA
DOS
DISTRIBUIDORIES
PIOWNCIA DO MAPUTO Estalagem Pinto . ........... Namnapdia
Issufo Adam .......................... MOAMA
Centro Comercial da Manhiça .......... MANIIIÇA PROVNCIA DE GAZA
Luís Gomes Breda ......................... INCOLUANE
Fernando Teixeira da Fonseca . MACIA Magude Comercial
LdaA........MAGUDE Livraria Catõlica .. ...... CHÓCUE (ex-Trlao de Morais]
Amilcar Simões Julião ................. CHICUALACUALA (ex.Malvémia)
Casa Lis ................ XAI.XAI
Manuel Francisco de Oliveira. Lda ...... CIIIBUTO PROVINCIA DE
INHAMBIANE Joaquim Ribeiro Júnior ................... INHADI AIE
Africano Benete .......................... QUISSICO- ZAVALA
PROVNCIA DE NMAICA
Tabacaria Desportiva Chilo (Vila Pery) PROVINCIA DE SOFALA
Auto Viação do Sul do Sane ......... BEIRA Augusto,'Frechaut ....
MARBOMEU
PROVÍHIIA DIE TH
Discotete ...............
!
Bar do Aeroporto do Songo ............... 50H0
PROVÍNIA DA ZAMIBZIA Papelaria Central M.......................... OCBA
Maria Iníco Osódo ....................... QUELIMANE
José Elias Aedlna ........................... LUGELA
PROVNCIA DIl NAMPUA Casa Spanos ............... ................. NADPIU
Papelaria Abrontina ....A................N.. lOCHE (ex.Ath eDI)
PROViINCIA DE CABO DELGADO Sotil .............................................
PEMBA (exParto AmA l
Domingos de Silva Leal .................. NOCIMBOA DA PRAIA
PROVÍNCIA DE NIASSA
Casimiro José Alves ....................... LIIINGA (ex-Vila Coal)l
E SECÇõES
Cartas dos leitores . . . 2 Semana a semana nacional 5
Semana a semana internacional . .......
9
Jornais/Revistas
. 14
Telex ............ 16
0 REPORTAGENS
Melhorar as pastagens . . 28
Angola em imagens . . . 34
E APONTAMENTOS
Queimadas ......20
Bebidas tradicionais . 23 E DEPOIMENTOS
R. Pachinuapa: Nó Górdio. 47
J. P. Nchumali: DEC em
Cabo Delgado . -. . 50 E DOCUMENTOS
Nyerere na Commonwealth. 54
Conferência Nacional d o
DIP ... ......... 59
S.
.
o OoVIVAtV.At~
DESEJO SER ASSINIR DA REVISTA «TEMPO» A PAIhN . .
DA ERÔXIMA SEMANA
LOCALIDADE
VALE DO CORREIO
TIETA
ENVIO POS
_
O VALOR CORRESPONDENTE A AMA
ASSINATURA SEMESTRAL
.IHEAUE
ANUAL
PROVINCIAS DE OUTRAS PROVINCIAS ASSINATURAS MAPUTO
GAZA
INHAMBANE
POR VIA AÉE.A
1 ANO 52 NUMEROS 71000
840$00
. MESES .S NÚMEROS 380$00
420$00
3 MESES 13' NMEROS 190500
210500
O PEDIDO DE INSCRIÇO DEVE SER ACOMPANHADO DA
IMPORTÂNCIA RESPECTIVA
L
Importantes acontecnfentos a nível interno e a nível externo agitaram e
mobilizaram atenções e opiniões esta semana.
A nível interno foram noticias de destaque: a realização nas estruturas do Partido
e organizados pelos respectivos Departamentos de uma Conferência Nacional de
Informaão e de um curso de responsáveis de Educação e.Cultura-decisivos passos
na definição de estruturas que permitam materializar o princípio de que, para
defesa dos Interesses da classe trabalhadora, deve pertencer ao Partido a orient e
controlo das principais actividades da vida nacional -a aceit de credenciais de
mais cinco países com quem passamos a ter relações diplomáticas e
eventualmente económicas, as deslocações dos Ministros do Interior e da Saúde a
diversas províncias do Norte do País, para contacto directo com as populações e
seus problemas nas tarefas de Reconstrução Nacional em curso, e a visita do
Ministro do Trabalho à Maragra, para em discussão com os trabalhadores daquela
açucareira procurar encontrar forma de superar a grave crise atravessada pela
empresa, de aue nos temos vindo a referir em edições anteriores.
A nível internacionalforam noticia: a Proclamação da Independência da República
Democrática de Timor-Leste pela FRETILIN, legitimo responsável pela defesa
dos interesses do Povo timorense e a deterioração política em Portugal.
Ou sob a forma de noticia ou de apontamento -crítico procuramos abordar nesta
edição cada um desses factos, dentro do condicionalismo das informações
recebidas
Dedicamos ainda nesta edição doze páginas do caderno central a imagens
recolhidas pela nossa equia de reportagem aquando da sua estada na República
Popular de Angola, espelho elucidativo do quotidiano de um país,
simultaneamente em guerra directa com agressores estrangeiros imperialistas e
em fase de Reconstrução Nacional.
Nas últimas páginas inserimos o texto do discurso dó Presidente Nyerere na
Sociedade Real do Commonwealth, importante contribuicão para a edificação de
um novo sistema económico mundial, em que sejam minimizadas as disparidades
económicas entre os países ricos e os países pobres.
Dirijo-lhes esta carta sobre um problema que há muito tempo passou connosco os
empregados de mesa e que até agora se está passando, é o seguinte:
Em 1972 na altura em que o governador Baltasar Rebelo de Sousa esteve cá em
Moçambique, é na altura em que os empregados de mesa ganhavam 550$00 a 600
e o tal governador fez o aumento de 300$00, passando para 900$00, marcando
30$00 por dia.
Mal houve aumento, a entidade patronal da Indústria Hoteleira resolveu então
meio de explorar o povo, que foi o seguinte: em vez de se receber 900$00 que são
30 dias, ele começou logo a pagar só 26 dias, descontando 4 dias de folgas e nessa
altura só se passou a pagar 780$00 e, como não tínhamos meio de falar tudo ficou
assim, ninguém podia reclamar pelo que, quem reclamasse era logo mandado fora
do serviço ou então ia para a Machava para ser mas-, sacrado ou torturado, etc. e
aquilo foi para toda a Indústria Hoteleira e' houve aumentos das greves, sempre
com aqueles descontos e houve os aumentos que tivemos na altura do Governo de
Transição de 200$00 passando então nessa altura para 1785$ mas, sempre com os
4 dias descontados e mais 15$00 do sindicato. E esse desconto de 4 dias ao
verificar nas folhas descobrimos que é um roubo deles, não vai para o Estado e
não nos beneficia em nada, é para eles os capitalistas; o único dinheiro que
tivemos a certeza de que era para o Estado, só foi os 15$00.
Agora pergunto aos responsáveis dessa Indústria Hoteleira desde 1972, esse
dinheiro para onde vai? E o Governo sabe? Será que os empregados de mesa não
têm direito ao dia de descanso? Pelo que os dias de descanso são esses 4 dias que
são descontados; queremos verificar as folhas dos vencimentos há muito tempo
pagaram-nos 30 dias e desde que houve esse tal aumento do Baltasar começaram
logo a descontar, mas porquê?
Desde a fundação dos grupos dinamizadores houve algumas poucas casas, que já
começaram a pagar os 30 dias, mas nem todas o fazem ainda.
Será que essas, que não querem pagar ao pessoal ainda não estão índependentes?
«TEMPO» n.- 270- pd#. 2
1
1
210
Emptegados de mesa sentem-se eesados
Fýý
Nas empresas hoteleiras na muita coisa que se passa e que o Governo não sabe
ainda, mesmo verificando nos livros de pagamentos desde 1972 e depois poderão
notar que tenho razão do que digo. Sabendo que um empregado aguenta 8 horas
de serviço sem direito a almoço nem jantar, apenas com direito de 2 pãozinhos de
50 gramas e uma chávena de água quente, será que isso é suficiente? Eu acho que
não.
Devemos lutar sobre os 4 dias e ao mesmo tempo sobre as férias de 30 dias que
até agora só gozamos 14 dias. Sabendo que um Moçambique Independente não
pode haver distinção, tudo deve ter as mesmas regalias. Se é 30 é para todos.
JOAQUIM MARIA MOISÉS LANGA
.Manguene
Maguene, Maguene que fizeste? ? Gritava seu irmão naquela tarde tris[ te e
acinzentada, em que o Sol parecia quebrar? Talvez fosse a escurecer! E Maguene
lembrava-se Lamentava a sua triste sorte nas mi[ nas do Johne, Lamentava e
relembrava o dia da sua partida para o além. Naquela tarde triste para a sua fa[
mília
quando desesperadamente apareceu diante de seus pais e disse:
- «Adeus.
Adeus, quero lobolar. Sofrimento que tive na pastagem, bois, ovelhas, cabritos,...
meus amigos desapareceram, desapareceram em busca do lobolo e meu sangue
trará uma criatura não preciso de ajuda, Adeus!
Até à próxima!» Aquele adeus seco, Maguene mal sonhava do seu futuro. Não
imaginava o sangue que regaria
[ as minas da Africa do Sul. Seu desejo era a criatura. Os anos se passaram, cheios
de sa[ crifícios;
E Maguene voltava sem forças Sorria com a muxila às costas ao ver sua criatura
em casa seus pais
[a tinham procurado. Das melhores? Talvez sim; talvez não! Só Maguene sabia.
Foi um delírio esse dia as noites eram longas demais,
sonhava com sua criatura nas mãos
[ no dia cerimonial. Belos dias se seguiram, até que.., um [dia...
aquele dia, de não esquecer, a infelicidade veio ao seu coração. Seus pais
cantavam alegres ao som das catanas, machados, en[ xadas....
Nos intervalos, até os pássaros se [ assustavam
era o TAM TAM que delirava. Soavam os apitos da liberdade, chilreavam os
pássaros da paz é alegria e camaradagem. O mesmo não acontece em casa com [
Maguene
Sua mulher comera NGUINGUIA du[ma galinha e fora espanqueada. Maguene
sabia que ele é que tinha
[ direito a NGUINGUIA. Foi parar na Administração, porque sua mulher meteV
queixa. Na Administração, silêncio! Dos olhos da mulher, brotaram lá[ grimas
pancada que não levara... Maguene olhava para o Sor Adminis[ trador
quase em súplicas ajoelhado
cabisbaixo,
como mandava a tradição. Seu intérprete contava tudo que ou[ via
Sor Administrador, com sua voz [rouca,
velha de tantos anos de colonialismo [e expípração, aquelas desumanas leis
desfaziam o lar de Mágude. A caminho de volta ele desforra-se [da mulher;
mandou arrumar suas malas, abalar
[para nunca mais. Seus pais acabavam de chegar. Aquele barulho, aquele inferno,
aque[las lágrimas...
OH! MAGUENE!...
foi o despertar dos pais. Maguene, quase que batia nos pais. quando uma voz não
sei de onde; alertava o som de cantares cantares uníssonos libertadores.
A mãe de Maguene pulava e gritava era a liberdade que nascera. Maguene
arrependia:se jurou não mais bater na mulher. Aquela família, que vivia de tradi[
ções
integrava-se na nova sociedade. As tradições esmoreciam, Maguene já vivia feliz;
seu triste passado sua triste história sua triste sorte,
acabava de chegar ao fim. Maguene já era homem mas um homem vivo e com
vida.
ALEX
17.9.75
Para quando a nacionaeização das em2ýpesaS dos t2anspotte6 coeectivos?
1- O CAPITALISMO
CAMUFLADO
E DESCONHECIDO
Bem camaradas, hão-de me desculpar se estou errado, mas o motivo que me leva
a escrever para o público através da revista «Tempo», é que nós todos sempre
dizemos abaixo o capitalismo sem tomarmos em conta e procurarmos saber onde
é que esse mesmo capitalismo se encontra camuflado, para então estudarmos a
posição que devemos tomar para o atacar. O caso que se passa nas empresas dos
transportes colectivos de passageiros em Moçambique, sendo os mesmos
controlados pelos senhores capitalistas, é um caso que merece estudo profundo e
urgente pela parte do nosso Governo e do seu povo. As empresas de transportes
colectivos em vez de servir o povo estão a explorá-lo.
Julgo eu que se o nosso Governo tomasse energicamente as medidas adequadas
para acabar com os transportes colectivos de passageiros pertencentes a um
determinado senhor capitalista, nós, o povo, havíamos de apoiar essa decisão,
como fizemos depois da nacionalização das clínicas privadas, escolas e outros.
I -OS OBSTÁCULOS
QUE TRAVAM
A NOSSA REVOLUÇÃO
Como acabei de dizer, nenhuma empresa dos transportes colectivos de
passageiros está ao serviço do povo, para servir o povo, mas sim ao serviço dos
senhores capitalistas, para explorar o povo.
Por exemplo: saem 8 ou 10 autocarros da Auto-Viação do Sul do Save, Limitada,
de Lourenço Marques para Inhambane e outros 8 ou 10,
«TEMPO» n." 270 - pág. 3
de Inhambane para Lourenço Marques, sabendo-se que cada um possui 62
lugares, correspondendo a cada lugar 250$00, não contando com os 9$00 do Selo
de Defesa Nacional. Vejamos agora camaradas, 20 autocarros da A. V. S.S. que
circulam só na Avenida de Moçambique, conseguem fazer por dia 310 000$00,
além d e s t e s há mais carreiras que circulam nas rurais com mais movimento de
pessoas também têm suas taxas.
O passageiro não sofre exploração só na compra do bilhete de passagém, como
também a sofre no saquito que leva consigo, a exploração é ýabusivamente
praticada nas empresas de transportes colectivos de passageiros; sobretudo na
Auto-Viação do Sul do Save, Limitada. Quando o passageiro desejar sair de L.
Marques para Zavala ou para Inhambane com a sua mesinha, cadeiras, aparador,
cama e outras coisinhas, em primeiro lugar esse mesmo passageiro deve
economizar dinheiro do seu salário durante dois ou três meses para as despesas da
bagagem!
Pergunto eu: quem são os culpados neste momento nas empresas de transportes?
Quais as tarefas que os Grupos Dinamizadores das empresas de transportes têm?
Será que os camaradas que trabalham nestas empresas ainda não descobriram que
os seus patrões são capitalistas? Se já descobriram por que não os denunciam? E
porque não os atacam? Estão à espera de quem? Em todos os pontos do País só se
ouve falar da exploração que está a ser praticada ao Povo pelos capitalistas e seus
colaboradores das empresas de transportes colectivos de passageiros. mas os seus
trabalhadores nunca se pronunciaram, está visto que eles não estão engajados
nesta nossa luta revolucionária contlra a exploração e o capitalismo.
III - UNICO MEIO PARA
ACABARMOS COM ESTE
TIPO DE EXPLORAÇÃO
Eu penso que para solucionarmos este problema que afecta todo o povo
moçambicano do Rovuma ao Maputo, devemos usar uma única arma que julgo eu
ser capaz de derrubar o capitalismo - a nacionalização pelo novo Governo, de
todas as empresas de transportes colectivos de passageiros. Só assim é que cónseguiremos abaixar o capitalismo no nosso Pais e engajarmos mais camaradas na
nossa luta revolucionária contra a exploração e o capitalismo que neste momento
estão ao serviço de defender os interesses dos senho. res capitalistas.
PEDRO MARIANO JOAQUIM
Inharrime
Angoae
Angola!
Eu não te conheço, Mas quando me concentro Nos traços dum mapa-mundo
Vejo-te altiva no meu continente E penso que és terra irmã da minha.
Não te conheço, Angola, Mas vivo os teus problemas... O perigo que dia após dia
corres Sobressalta-me; Os tentáculos repletos de ventosas Que sugam o sangue
dos teus filhos, Já sugaram o meu e o dos meus [irmãos
Teus irmãos também Que agora vivem na paz E reconstroem a prosperidade.
Angola!
Tantos filhos perdes por cada dia [que passa,
Mas o sangue que cada um verte Vai juntar-se ao de outros sem nú[mero
Para irrigar o solo , Onde os seus corpos se vêm tom[bados
Já disformes,
Adubando-o,
Para nascer e florescer Uma viva revolução popular Que transporá decisivamente
Toda a espécie de barreira.
Angola!
Neste momento estou contigo... A minha dignidade de africano Não me deixará
alhear-me Do-momento que atravessas, Quão duro quanto triste, Pois, seria
atraiçoar O meu país que é o teu também, Em suma: o nosso continente, A frica!
Angola!
Chora os filhos perdidos No campo calcinado Pelos engenhos mortíferos
Do imperialismo internacional Mas canta a liberdade alcançàda A custa desses
filhos tombados, Na madrugada límpida e gloriosa De 11 de Novembro de 1975
Angola!
Não te conheço,
Mas sinto o que o sangue dos teus [filhos
E o mesmo que circula o meu orga[nismo;
És minha irmã,
Rica e cobiçada terra Colorida pelo verdume dos campos, Angola dos angolanos
Angola dos africanos
Por: - JUVENAL BUCUANE
(moçambicano)
Depois da queda do colonialismo em Moçambique, os comerciantes tentam fazer
tudo, em intensificar a especulação, na venda das mercadorias, em especial nas
zonas onde não existe ainda as lojas do povo, sabendo que desde que serão
estabelecidas as lojas do povo, os seus lucros serão reduzidos.
Nestas zonas os comerciantes juram com todo o custo, para aproveitar neste
momento a explorar as massas trabalhadoras. A q u i queremos citar um
acontecimento muito recente, que aconteceu numa loja situada na zona da sede do
distrito de Mecubúri, do senhor Satar Ibraímo Latifo, o qual individualmente
decidiu e comprou uma lata de castanha
:- 7550, sem ter pena da força n' pregada pelo trabalhador. Além desta passagem,
tenta ganhar 30$00 em cada lata de petróleo, por isso vende o litro de petróleo a
7$50, sem mencionar os vários preços exagerados.
Sabemos agora que para a castanha ainda não foi estabelecido o preço, mas ele
para enriquecer compra a castanha ao preço mais lamentável. Por isso faço duas
perguntas aos camaradas leitores, para nos ajudar no nosso pensamento perante
estes acontecimentos.
Será que este elemento que vende assim se encontra isolado?
Por que é que este indivíduo compra os artigos cujo preço ainda não foi
estabelecido pelo Governo?
Abaixo a exploração!
Mecubúri, 7-11.75.
MAHLANGUANA
«TEMPO» n., 270 -pág. 4
_SEMANA A SEMANA
MOCAMBIOU[ ACEITA CREDENCIAIS DE MAIS CINCO PAISES
Em cima: Cerimonial da entrega de credenciais por um dos novos embaixadores.
A seguir: respectivamente, embaixadores da Suazilândia. Países Baixos, Itália,
Somália e Reino Unido, quando faziam a entrega
das credenciais ao Camarada Presidente Samora
O Governo da República Popular de Moçambique aceitou esta semana estabelecer
relações diplomática$ com mais cinco países.
Nas manhãs dos passados dias 28 e 29 o Camarada Presidente Samora recebeu no
Palácio da Presidência as credenciais dos' primeiros embaixadores para
Moçambique da Itália, do Reino Unido, da Somália, da Suazilândia e dos Países
Baixos. Fizeram a entrega, e serão os primeiros Embaixadores Plenipotenciários
de cada um desses governos em Moçambique, respectivamente: Lorenzo Cazzol,
da Itália; John Henry Lewen, do Reino Unido da Grã-Bretanha; Ibrahim Ha.ji
Mussa, da República Democrática da Somália; Samuel Thornton Msindazwe
Sukati, da Suazilândia; e Gerard Van Vloten, dos Países Baixos (Holanda):
Na manhã do dia 28 e aõ receber as credenciais do embaixador italiano, o
Camarada Presidente salientou o interesse com que diversos sectores sociais
italianos seguiram de perto e apoiaram a Luta Armada Revolucionária de
Libertação Nacional, e a necessidade de criar condições para materializar os laços
de cooperação e amizade entre os dois países. Na mesma manhã e ao receber mais
tarde o embaixador do Reino Unido, o Camarada Presidente salientou os
numerosos problemas que afligem a Humanidade, particularmente o da existirem
ainda na Africa Austral, alguns povos que não se encontram ainda libertos das
relações de exploração de que são alvo por parte de certos governos, bem como o
interesse que o nosso país manifesta em manter todas as relações de colaboração
que possam contribuir para a libertação desses povos.
Por outro lado na manhã do dia 29 e ao receber credenciais dos embaixadores da
Somália, Suazilândia e Países Baixos; o Camarada Presidente Samora reafirmou o
princípio de solidariedade militante que rege a constituição da República Popular
de Moçambique para com os países devotados à causa da libertação dos seus
povos e do progresso da Humanidade, exortando os representantes dos países ao
reforço das relações de cooperação com base no respeito mútuo de não ingerência
nos assuntos internos.
Nas mensagens proferidas pelo Presidente da República Popular de Moçambique
e Presidente da FRELIMO e pelos embaixadores acreditados foi sublinhada no
caso particular da Suazilândia, a urgente necessidade de destruir todas as barreiras
ar. tificiais e contradições criadas pelo colônialismo e imperialismo, -com o
objectivo de definir uma nova poli«TEMPO» n.- 270 - pág. 5
SE NA A EMANÁ
tica de boa vizinhança, fundada no respeito mútuo e na não ingerência nos
assuntos internos, e tendo como objectivo o desenvolvimento das relações de
amizade e cooperação, de forma a que essas relações possam contribuir para a
libertação dos outros povos de Ãlrica, e permitir o
l .o Curso do DFC
FORMAR RESPONSAVEIS
PARA O SECTOR
[DUCAAO
aproveitamento dos nossos recursos naturais em benefício dos nossos povos e do
nosso con(inente. Os embaixadores receberam à sua chegada ao palácio honras
diplomáticas.
Estiveram ainda presentes a estas cerimónias, os Camaradas Joaquim
Chissano, membro dos Comités Central e Executivo da FRELIMO e Ministro dos
Negócios Estrangeiros de Moçambique, Luís Bernardo Honwana, Vice-Director
do Gabinete da Presidência, e Lopes Tembe, Chiýe do protocolo do Ministério
dos Negócios Estrangeiros.
CULIURA
Nem todos os moçambicanos sabem ler e escrever, porque a aprendizagem foi
privilégio de alguns. Vamos lutar contra um ensino para minorias. Todo o Povo
moçambicano precisa saber ler e escrever e como utilizar esses conhecimentos afirmou o Secretário do Departamento de Educação e Cultura da FRELIMO,
Camarada Gideon Ndobe, na abertura do I Curso de Formação de Responsáveis
de Educação e Cultura, que decorre na Namaacha com a participação de
delegados de todas as nrovíncias do País.
Na sessão de aberturd falou em primeiro lugar o inspector Capesse, dos Serviços
de Educação, que se referiu à presença dos participantes no Curso como a
consequência da vitória política e militar alcançada pela FPRELIMO após dez
anos de Luta Armada de Libertação Nacional, afirmando a dado passo:
Passaram-se séculos antes de podermos reunir todos e. em conjunto, estudar a
implantação de estruturas que sirvam, efectivamente, ao nosso País.
A seguir, o Secretário do Departa'4iento de Educação e Cultura elucidou os
presentes sobre os objectivos a atingir no que respeita ao sector da Educação e
Cultura, factor primordial no desenvolvimento do Povo moçambicano como
condição necessária à efectivação da implantação do poder popular, e
democrático no nosso País, referindo a propósito o grande índice de analfabetismo
existente, o que é devido ao facto de o ensino ter estado limitado a uma pequena
minoria. E, salientou ainda:
Vivemos num momento de luta. Não entre nós, mas contra um grande inimigo, o
analfabetismo.
Ao abordar o aspecto do elitismo daqueles que pensam saber tudo em relação aos
que, aparentemente,
Secrptário Nacional do DEC camarada Gideon Ndobe, na abertura do curso para
formação de responsáveis
pouco sabem, e o dos que ocupam certos cargos e se julgam superiores, o
Camarada Gideon Ndobe viria a afirmar:
Mas a responsabilidade não se define pelo cargo nem pelo tempo de serviço
prestado -em determinado sector. A responsabilidade define-se pela compreensão
do momento que se vive, pela consciência das tarefas a cumprir e pelo
empenhamento na luta que vivemos actualmente, luta que devemos acompanhar.
Depois de se referir à árdua luta a travar contra o analfabetismo, o sistema de
educação colonial e pela sua total transformação numa Educação para todo o
Povo, e à necessidade que a luta parta de nós mesmos, pois é necessário -que nos
conheçamos. que> saibamos quem somos e o que representamos, do Rovuma ao
Maputo, o Secretário do D.E.C. disse a certa altura:
Temos de definir muito bem se representamos províncias, regiões, populações. ou
se representamos o País e o Povo recentemente independente. Ao falair de
Moçambique independente, quero focar a vitória política do Povo. Resta. contudo,
alcançar mais vitórias em diversas frentes de combate. A vitóría política é
importante mas não é tudo.
Mais adiante, o Secretário do D.E. C. depois de afirmar que a base da nossa
estratégia é a consciência de
classe e que precisamos de saber que classe representamos e defendemos, se a
classe dos exploradores ou a classe oprimida dos operários e camponees, afirmou:
E necessário que os professores e os responsáveis de Educação tomem posições,
nesta fase. Não pode haver neutralidade. Isso implica a definição da classe a que
pertence: à do explorador ou à classe explorada e oprimida; se queremos permitir
a continuação da exploração do homem pelo homem ou se pretendemos servir o
Povo, dar-lhe condições para uma melhoria de vida.
Quase a terminar a sua intervenção e depois de ter realçado que o trabalho de
formação de responsáveis de Educação irá permitir a aquisição de uma nova
consciência, de uma nova mentalidade que visa servir melhor o Povo, o Camarada
Gideon Ndobe afirmou:
Os trabalhos que hoje se iniciam são tarefas que vão continuar até ao fim da vossa
vida, porque o professor tem o dever de estudar permanentemente. E é por isso
que ele é responsável -p o r q u e deve estar constantemente a aprender, a elevar o
seu nível político, a sua consciência política de classe. Não há momentos mortos.
A formação dos professores e responsáveis deverá ser constante para que possa
acompanhar a Revolução nas suas diversas fases.
MINISTROS DO INTERIOR E JUSTIÇA EM GAZA E INHAMBANE
Após terem visitado durante cinco dias a Província de Gaza, o Comissário
Político Nacional e Ministro do Interior, camarada Armando Guebuza, e o
Ministro da Justiça, camarada Rui Baltazar, seguiram para a Província de
Inhambane, onde continuaram os seus contactos com as estruturas do Partido e do
Governo e com as populações. O objectivo desta deslocação é o da tomada de
conhecimento directo de como naquelas províncias estão a ser cumpridas as
palavras de ordem da FRELIMO, particularmente no que respeita à construção de
aldeias comunais e ao engajamento nas tarefas de reconstrução nacional. Na
Província de Gaza, os camaradas Armando Guebuza e Rui Baltazar tiveram
reuniões com Grupos Dinamizadores dos oito distritos, inteirando-se dos
problemas existentes, da forma como foram resolvidos, ou como se pensa resolvêlos. Nò último dia da sua estadia em Gaza, a comitiva ministerial reuniu com
populações da Macia e com o Grupo Dinamizador do Distrito do Bilene e
respectivas localidades. Na primeira daquelas reuniões, o Comissário Político
Nacional referiu o moA Campanha Nacional de Saneamento do Meio tem variados aspectos, e nesta
campanha não nos limitamos simplesmente à construção de latrinas, embora isso
seja o aspecto fundamental - afirmou o Ministro. da Saúde, Camarada Hélder
Martins, ao regressar a Lourenço Marques, acompanhado pelo M i n i s t r o das
Obras Públicas e Habitação, Camarada Júlio Carrilho, após uma visita de trabalho
a diversas províncias do norte do País.
Rejerindo-se a outro aspecto desta campanha, o Ministro da Saúde declarou:
Nós pensamos que a maneira como devemos educar e dar as normas ao Povo, são
as normas como deve, por exemplo, destruir os lixos. Porque os lixos são fontes
criadoras de moscas, e as moscas inimigos do homem; de modo que tudo isto são
fontes transmissoras de doenças. Nós podemos melhorar as condições sanitárias,
as condições de saúde, se colocarmos o conhecimento .científico ao serviço das
massas, e se, assim, criarmos normas para a destruição do lixo. Este é o segundo
objectivo da nossa campanha. Depois de apontar que outro protivo da sua deslocação àquele distrito e que o diálogo não poderia ser longo.
Justificando esta afirmação., acrescentou:
Apesar de não podermos aqui falar 'durante muito tempo, gostaríamos de vos
assegurar que os problemas que são aqui vividos são compreendidos e vividos por
nós. Apesar da distância que nos separa, nós conhecemos os vossos sofrimentos
porque temos estruturas que os encaminham até nós.
Na mesma ocasião e como havia feito nos restantes distritos, Armando Guebuza
referiu a necessidade de criação de aldeias comunais e das populações assumirem
e aplicarem esta palavra de órdem qte lhes permitirá, além de liquidar a fome,
resolver muitos dos problemas que agora enfrentam.
Chamou também a atenção para ýa necessidade de ser exercida vigilância
revolucionária contra os inimigos do Povo que desencoragem esta
ideia através de boatos e intrigas, pois apenas pretendem que o Povo continue a
viver na miséria..
No primeiro dia da sua visita à Província de Inhambane os Ministros Armando
Guebuza e Rui Baltablema é o da guarda de animais, da. do que em muitos pontos do nosso País
homens e animais vivem juntos, o que não favorece as condições de vida das
populações, o Ministro da Saúde abordou o problema das águas estagnadas, nos
seguintes termos:
Nós estamos a tentar - dentro do mesmo quadro desta campanha falar igualmente
dos problemas das águas estagnadas, que são fontes de mosquitos, e sabemos que
o mosquito é o transmissor do paludismo. Este é, ainda hoje, o nosso principal
problema de .saúde pública. Nós estamos a tentar educar a população sobre meios
que tem para evitar poças de água, para evitar águas estagnadas que são criadoras
de mosquitos.
Aquelas são medidas que nós podemos pôr em prática sem termos de envolver
grandes meios financeiros e estão, portanto dentro da medida das nossas
possibilidades: simplesmente pela mobilização das populações e pela organização
de um trabalho organizado e colectivo. O Ministro da Saúde referiu-se ainda a
outros aspectos relacionados com a Campanha Nacional de Sanea mento do Meio:
zar deslocaram-se à Escola de Reeducação de Inhambane, onde depois de
visitarem os campos de produção daquele centro reuniram com os marginais ali
instalados. Durante o encontro o Comissário Político Nacional depois de ter feito
a análise da palavra «camarada», apresentou o Ministro da Justiça e revelou aos
presentes a preocupação do Governo e do Partido com os centros de reeducação,
que considerou «laboratórios onde se transforma o honmem novo».
Referindo-se às causas que tinham levado os indivíduos que ali se encontravam a
tornareýn-se marginais, Armando Guebuza viria a apontar que o único
responsável peló situ'ção daqueles homens era o col &ialismo português,
encorajando-os a contribuirem para a sua própria modificação e insersão no
processo revoluciónário em curso no nosso Pais.
A visita dos Ministros do Interior e da Justiça prosseguiu com a deslocação, a
diversas repartições da ci dade de Inhambane e às instalações do Corpo de Polícia
de Moçambique.
e
Há outras medidas de saneamento do meio que têm importância muito grande no
nível sanitário das populações, como seja.o abastecimento de água e outros, nos
quais o Ministério das Obras P ú b 1 i c a s tem uma grande contribuiçãõ a dar,
mas que, por outro lado, já envolvem meios financeiros e que não estão, portanto,
incluídos nesta primeira Campanha Nacional de Saneamento do Meio, nesta
acção que nós estamos a levar a cabo imediatamente. No entanto, elas constituem
preocupação dos diversos Ministérios e sobre que se está a organizar trabalho,
também nesse sentido.
PADRE EXPULSO
O Ministério do Interior do Governo da República Popular de Moçambique,
através do Ministério da Informação divulgou o seguinte comunicado '
«Dada actividade subversiva que, tem vindo a ser desenvolvida por.
DIAMANTINO M A C I E L ROPRIGUES, padre de nacionalidade portuguesa,
em serviço na missão de Mo, codóene, Província de Inhambane. o Ministro dO
Interior decide dentro das suas atribuições expulsar de Moçambique:
DIAMAýZTINO MACIEL RODRIGUES, que deverá abandonar o País dentro
de 24 horas
SANEAMENTO NÃO É Só LATRINAS
E Ministro da Saúde no Nortedo País
SEMANA A SEMANA
PARA AVANÇAR É PRECISO PRODUZIR MUITO AÇÚCAR
o Ministro do Trabalho na Maragra
Há uns que dizem: «Eu agora sou independente, se quiser ir para o trabalho vou,
se não quiser não vou, porque sou livre». Outros chegam às 8 ou 9 horas, dizendo
que o colonialismo já acabou. (...) Liberdade não é cada um fazer o que quer, é
fazer o que todos nós queremos colectivamente e organizadamente - afirmou o
Camarada Mariano Matsinha, Membro do Comité Central da FRELIMO e
Ministro do Trabalho, ao reunir-se com os trabalhadores da «Maragra», empresa
açucareira que se encontra paralisada desde 17 de Outubro devido a uma avaria
nos dois motores eléctricos da caldeira.
Nesta reunião em que participaram milhares de trabalhadores da «Maragra» e
suas f a m i1 i a s, estiveram também presentes o Ministro da Indústria e
Comércio, Camarada Mário da Graça Machungo, o director Nacional da Justiça
no Trabalho, Teodato Hunguana, o Secretário de Relações Públicas do Ministério
do Trabalho, Daniel Magaia, e ainda Gabriel Mussavele, militante afecto à Sede
do Partido em Lourenço Marques, assim como o administrador local José Melemo
Mbeve, elementos responsáveis das Forças Populares de Libertação de
Moçambique e do Grupo Dinamizador distrital e do círculo da fábrica.
No decorrer desta visita foram observadas as condições de trabalho e de habitação
dos cerca de seis mil trabalhadores e suas famílias, num total de mais de vinte mil
pessoas, e percorrida a área das instalações de cana.
Como já referimos, a «Maragra» encontra-se paralisada desde 17 de Outubro, o
que representa um prejuízo diário da ordem dos dois mil contos, sem contar com
os encargos de ordenados do pessoal e as largas toneladas de cana que não tem
estado a ser laborada, uma parte da qual é considerada irrecuperável. Esta
fábricaque tem uma capacidade de laboração na ordem das 60 mil toneladas por
ano só produziu este ano 12 mil -toneladas, enquanto no aspecto de plantio, das
420 toneladas de cana prevista no início do ano apenas fo. ram produzidas 42 mil
toneladas.
Neste momento, a «Maragra» encontra-se a trabalhar para a produ. ção de energia
necessária quer para os trabalhos de rega, em grande parte dos sete mil hectares
das suas plantações, quer para o abastecimen. to de energia eléctrica a sede
distrital da Manhiça, estando todos os problemas relativos à sua regularização a
serem estudados a nível de Governo Central. Entretanto, os dois motores
«queimados» estão a ser repa«TEMPO» P. 270- pag.
rados em Lourenço Marques, espe. rando-se que em breve possam voltar à fábrica
para que esta retome a sua actividade normal.
Ao reunir com os trabalhadores da «Maragra», o Camarada Ministro Mariano
Matsinha começou poi» referir os objectivos da visita que está de acordo com a
linha de orientação do Governo Popular de, Moçambique - dirigido pela FR
ELIMO - que é, portanto, ver de p rto os problemas que afectam o Pop' aprender
com o Povo e estudar c« n ele a solução correcta. E a segu r salientou:
«A FRELIMO e o Governo, estão preocupados com a resolução dos problemas da
reconstrução nacional, e de entre esses problemas está também o da «Maragra».
Os problemas de técnicos, da administração, da área de irrigação, da cana
desperdiçada, bem como os problemas da falta de peças, nós temos conhecimento
e temos acompanhado tudo isso.
«Portanto nós conhecemos todas essas dificuldades e elas serão superadas.
«Mas para podermos sair daquela vida é preciso muito açúcar. Este ano não
produzimos nada. Parece que aqui só fizemos 12 mil toneladas, isso não é nada.
Isso significa que este ano não vamos vender nada lá fora, tudo o que produzimos
é para nosso alimento.
«Temos de aumentar a produção. Não há riqueza que vem com milagres, tudo
vem com o trabalho. Aquele papel chamado dinheiro se não houver açúcar não é
nada. Aqueles que fabricam açúcar devem fazer mais açúcar, aqueles produzem
farinha, mais farinha, os que- fabricam camisas, mais camisas.
Depois de ter comparado Moçambi-que com uma grande machamba e afirmado
que para vivermos bem' precisamos de produzir em grande escala todos os
produtos necessários para a nossa alimentação para de pois de tirada a parte
necessária ao nosso consumo vendermos os excedentes e com o dinheiro dessa
venda comprarmos tudo o que nos faz falta, como máquinas agrícolas e camiões e
outras coisas que ainda não produzimos, o Ministro do Trabalho afirmou a
terminar:
«Eu quero terminar, dizendo que primeiro o Governo conhece os problemas que
existem aqui. Em segundo lugar, que o Governo está empenhado na resolução dos
problemas de técnicos e de outras dificuldades. Vai custar, mas hós vamos pór
isto a trabalhar melhor do que antes. Depois, devem ficar a saber que só a
FRELIMO pode falar em nome do povo. Independência não é fazer o que nós
queremos individualmente, é fazer o que todos nós queremos organizadamente».
AFASTADOS ADMINISTRADORES
CORRUPTOS E PREPOTENTES
Por não s rem capazes de superar os seus esquemas mentais de corrupção e
prepotência, foram expulsos do Quadro Administrativo diversos elementos
perniciosos a consolidação da ligação Partido-Aparelho de Estado/ /Massas
Populares, elemento-base da instauração do Poder Popular no nosso País - batalha
em que, sob a direcção da FRELIMO, empenhamos todo o nosso esforço. Sobre
essas expulsões o Ministério do Interior emitiu o seguinte Comunicado:
«Aquando da tomada do poder pelo P o v o Moçambicano, dirigido e orientado
pela FRELIMO, constituiu preocupação primeira confiar o poder às massas
trabahadoras secularmente oprimidas e exploradas.
Dentro deste contexto, a FRELIMO criou condições de modo a fornecer, aos
quadros, os instrumentos políticos, culturais e profissionais que lhes permitisse
servir o Povo duma forma correcta.
Após o que muitos, no desempenho das suas tarefas, revelaram serem dignos de
representar a classe trabalhadora do nosso País, que consentiu todos os sacrifícios
para acabar com a humilhação, opressão e exploração fomentados pelo
colonialismo português. T o d a v i a, outros, mau grado todos os esforços
desenvolvidos pelas Estruturas do Partido e do Governo, recusam-se a transfor-.
mar-se, cometendo para com a população toda a espécie de abusos e atropelos
incluindo a corrupção e a imoralidade.
Este é o caso de:
HILÁRIO XAVIER MPFUMO Administrador do distrito de Homoíne - província
de Inhambane;
BENJAMIM TAMELE - Administrador do distrito do Búzi - província de Sofala;
EUGÉ.NIO DE AZEVEDO LUCAS
- Administrador do distrito do Caniçado - província de Gaza.
Por outro lado:
ANTONIO PINTO TIMBA ~ Adminfstrador do distrito de Montepuez
- província de Cabo Delgado, teve atitudes de denodada malcriadez para com o
povo.
Pelas razões acima indicadas o Ministro do Interior, dentro dos poderes que lhe
são conferidos, determina a sua expulsão do Quadro Administrativo dos
elementos acima referidos.»
SEMANA A SEM
Proclamada pela FRETILIN
REPÚBLICA DEMOCRATICA DE TIMOR-LESTE
Às zero horas do passado dia 28 de Novembro, a FRETILIN proclamou
a independência de Timor-Leste, que se constituiu na República Democrática de
Timor-Leste.
Foi nomeado como primeiro presidente da República, Xavier do Amaral,
dirigente da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente, tendo a
investidura sido feita na manhã do dia 28 pelo Comandante Rogério Lobato, das
Forças Armadas Populares (FALINTIL), numa cerimónia realizada em Dili, a
capital do novo Estado.
A jovem República foi proclamada quando o governo efectivo de todo o território
estavaý nas mãos da FRETILIN, após a derrota política e militar dos fantoches
internos a soldo do imperialismo, e quando as autoridades coloniais portuguesas
se retiraram para a ilha de Atauro, lugar onde ainda hoje permanecem, sem
qualquer função administrativa do território.
Entretanto o regime fascista e militarista do general Suharto, que se encontra no
poder depois de um sanguinário golpe de Estado em que foram assassinados mais
de um milhão de pessoas, invadiu a nova República, enquanto navios de guerra
indonésios cercam a ilha num total bloqueio.
O Presidente Xavier do Amaral, perante a gravidade da situação, fez um apelo
dramáticp a todas as forças progressistas e amantes da paz no Mundo para que
tomem uma posição tendente a obrigar o regime de Suharto a cessar a sua
agressão contra o povo de Timor-Leste. Na altura em que era feita esta notíci, a
República Popular de Moçambique, a República da Guiné-Bissau e muitos outros
países africanos e asiáticos já tinham reconhecido o novo país.
Situado na Ásia, no arquipélago de Suam, Timor-Leste tem cerca de um milhão
de habitantes e possui um solo montanhoso, mas rico para cultura de arroz nos
vales, milho e café. O seu subsolo é rico em ferro, possuindo também petróleo na
sua plataforma marítima.
MOÇAMBIQUE
CONDENA AGRESSÃO
INDONÉSIA
A propósito do histórico acontecimento que constitui a proclamação da
independência de Timor-Leste, o
Governo da República Popular de Moçambique emitiu no mesmo dia um
comunicado, pujo conteúdo transcrevemos na íntegra:
«As zero horas do dia 28 de Novembro de 1975, a Frente Revolucionária de
Timor-Leste Independente (FRETILIN) proclamou a Independência de TimorLeste e a sua constituição Democrática de Timor-Leste. A proclamação da
Independência concretiza, no plano jurídico interno e internacional, a situação já
existente de independência e factor de controlo de todo o país pelo povo de
Timor-Leste, sob a direcção da-FRETILIN.
A proclamação da Independência corresponde assim às aspirações profundas e ao
direito inalienável do povo de Timor-Leste à completa e total autodeterminação.
Xavier do Amaral, Presidente da República Democrática de Timor-Leste
A República Popular de Moçambique, fruto da luta vitoriosa do povo
=-N-- -I UI
wete
kn . !
6TR!AL.I E
moçambicano contra o colonialismo português e o imperialismo, reconhece
solenemente, desde a sua proclamação, a República Democrática de Timor-Leste.
O povo de Timor-Leste tem uma história de 'luta secular c o n t r a a opressão
estrangeira e num passado ainda recente, durante a Segunda Guerra Mundial,
manifestou o seu espírito de resistência opondo-se à ocupação do seu território
pelas tropas imperialistas japonesas. Esta mesma tradição de independência
encontra-se na base do movimento nacionalista encarnado p e 1 a FRETILIN, que
assume assim a tradição histórica, e exprime os autênti, cos interesses de todo o
povo de Timor-Leste.
A proclamação da Independência de Timor-Leste insere-se deste modo na linha
do vasto movimento emancipador dos povos, oprimidos que a Organização das
Nações Unidas consagrou na histórica resolução 1514, de Dezembro de 1960,
movimento que ganhou impulso decisivo com a conquista da independência pelos
povos de Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e
Angola.
No entanto, apesar da clareza dos princípios internacionalmente consagrados, que
deveriam orientar o processo de ascensão dos povos dominados à independência,
interesses e cobiças estrangeiros têm vindo a intervir brutal e descaradamente no
processo, quer procurando tirar proveito de situações incertas criadas com a
passividade ou com a cumplici' ade da potência colonizadora, quer fomentando a
criação de grupos fantoches, com o fim de legitimar a anexa ção pura e simples.
Neste quadro insere;se a acção da Indonésia que, tendo visto ;frustradas pela
determinacão popular as suas manobras anexionistas, recorre hoje à agressão
militar directa e caracterizada, visando a ocupação de Timor-Leste.
A República Popular de Moçambi«TEMPO» n.,, 270- pdg. 9
lANA A SEM,
que condena veementemente a agressão estrangeira e apela a todos os paíse $do
Mundo para que ajam de forma a fazer cessar a intervenção. indonésia e a
preservar o direito ialienável do povo de Timor-Leste à In,dependência e àintégridade política e territorial da República Democrática de Timor-Leste.
A República Popular de Moçambique apela em particular ao Governo da
Indonésia para que cesse toda e qualquer intervenção nos problemas internos de
Timor-Leste e reconheça a República Democrática de Timor-Leste e com ela
estabeleça relações de boa vizinhança.
A República Popular de Moçambique, exprimindo o sentimento de to do o povo
moçambicano, sob a direc. ção -da FRELIMO, saúda calorosamente o nascimento
da República Democrática de Timor-Leste e endereça felicitações fraternais ao
povo de Timor-Leste, sob a direcção, da FRETILIN, exprimindo o seu desejo de
desenvolver as já existentes relações de amizade.»
MALAW I
Banda fecha fronteira
O Malawi fechou as suas fronteiras com a Zãmbia e a Tanzania, e centenas de
malavianos que vinham desses países foram presos ou impedidos de entraremri no
seu pais.
Segundo a Rádio Malawi e pessoas que vivem nas áreas fronteiriças, esta medida
segue-se a uma a'srie de discursos proferidos pelo Presidente Banda na missão de
Livingstonia, Hewe e Borelo no distrito de Rumpi, durante os quais acusou os
exilados malavianos que vivem naqueles países de estarem a planear a sua morte,
tendo já enviado um assassino para o matar.
Em comícios organizados nas três regiões o Presidente Banda revelou que'tinha
mandado prender alguns professores, funcionários públicos e homens de negócios
que, s e g u n d o ele, haviam trabalhado com os seus oponentes na Zâmbia e na
Tanzania. Anunciou também que tinha decidido não libertar as centenas de
detidos, como havia prometido, «e se quisessem saber o porquê que fossem
perguntar a esses professores, funcionários públicos homens de negócios. eles
hão-de apodrecer» afirmou o Presidente Banda.
ARGÉLIA
nova dimensão
à libertação
de Africa
-William Eteqi M'Bounioua, secretário-geral da Organização da Unidade
Africana, deslocou-se a Argel onde assistiu à Conferência dos Ministros
Africanos do Comércio.
«Censurou-se sempre à nossa organização», declarou M,Boumoua», de fazer mais
política do que outra coisa. A realização da conferência testemunha a nossa
determinação de darý uma ou tra dimensão à libertação de África».
«Estas reuniões», acrescentou ele, «realizaram-se depois da sexta e sétimas
sessões especiais da ONU. Isto é uma ocasião para os africanos passarem à fase
da concretização no que respeita ao estabelecimento de uma nova ordem
económica internacional».
Interrogado sobre a eventual criação de uma organização de comércio africano,
M'Boumoua, sublinhou que «se esta instituição se reconhecer útil, a África só
teria a lucrar com isso».
STAILANDIA
forças progressistas
aumentam
actividade
-As forças progressicas tailandesas e malásias tencionam aumentar as suas
actividades, pelo que os governos daqueles dois países pensam em intensificar as
suas operações conjuntas de segurança, ao longo das respectivas fronteiras.
O ministro dos Negócios Internos da Malásia, Ghazali Shhaffie, discutiu o
assunto com o seu hómologo tailandês, Boontheng Thonswas, numa reunião de
um dia realizada em 24 de Novembro eLi Kota Bahru, a cerca de 50 quilómictroa
de Kuala Lumpur. Os dois ministros visitaram ainda, as bases avan çadas na
fronteira dos dois países.
A CORES
CIA infiltra-se
A CIA (Central Intelligence Agency) estabeleceu numerosos contactos
com a Frente de Libertação dos Açores (FLA), que milita pela independência dos
Açores, revela o semanário americano «Time» na sua última edição.
Segundo a revista, um dos principais objectivos destt.a contactos seria encorajar a
secessão dos Açores, no caso de os comunistas assumirem o poder em Lisboa.
A CIA desejeva, também, manter contacto e conseguir informações sobre o
desenvolvimento da situação em Portugal.
Diversos funcionários do Departamento de Estado, receberam por outro lado,
representantes da FLA, afirma o semanário, não obstante as declarações de
«rigorosa não imiscuição» nas questões dos Açores feitas pelo. Governo
americano.
A FLA provocou desordens nos Açores o mês passado, fechou a estação de rádio
local e pede um referendo sobre a questão da independência do Arquipélago.
AFRICA DO SUL
onde já vai
a preocupação
O ministro sul-africano da Defesa, e mesmo o primeiro-ministro Vorster
pronunciaram-se recentemente em favor de uma interferência aberta e
consequente dos EUA no problema angolano, enquanto que aquele já se viu
obrigado a ir até à fronteira da Namíbia com Angola.
Ir até lá para se inteirar do avanço das tropas sul-africanas ou, melhor, para se ir
habituando à ideia de que todo o poderio bélico não .chega para destruir
determinações populares, avanços populares. Nas torres de marfim do exército
sul-africano, como da ideologia Nacionalista-Cristã que lhe preside, a questão
angolana era só um passozito ali para os lados de Luanda, que o MPLA não dura
muito, que ainda por cima com a ajuda de uma tal FNLA e de um Savimbi coitados, eles sempre quiseram ser escravos, e que papel melhor se lhes pode dar
a coisa não podia deixar de ser um avançar até dizer chega. Mas a lição histórica
está-lhes a sair cara, 'tanto mais cara quanto é estúpida: e historicamente atrasada
a sua ideologia racista. Até à hora destas linhas serem escritas já o departamento
de defesa sul-africano noticiou a morte em combate de onze soldados, desde o dia
da declaração da
quele país nunca passariam das referências mais ou menos espaçadas a uma
participação de mercenários em terras angolanas. Se assim não fosse Peter Botha
nunca se aproximaria da fronteira com Angola, pelo menos sem se preocupar em
desviar os intrusos da imprensa mundial.
e
DOIS ISMOS DE MÃOS DADAS
Mas passemos à análise. A esquer«SOMOS POR UM SOCIAda
revolucionária terá visto nestes
acontecimentos a materialização do
LISMO EM LIBERDADE»
que previa e temia há muito-tempo,
(Mário Soares) nomeadamente, o avanço, do fascis
mo permitido pelas forças reformis.
Depois dos últimos acontecimentos tas. Uma coisa é certa, com uma dios quais
levaram já a um fortaleci- recção -já quase totalmente aniquilamento da nãoesquerda militar e ci- da restam poucas possibilidades de vil - falemos assim por
enquanto - uma reorganização eficiente da esa análise política já não
compreende querda para poder fazer frente a uma o dualismo esquerda-direita
mas sim direita cada vez melhor organizada. um jogo de alternativas executado
T e n d o isto por base não será
entre a direita e a linha reformista. absurdo pensarmos numa sistematiCanhões
«apolíticos» e eficientíssi- zação do avanço direitista até .agora mos de um lado
e ingenuidade poli- sustido pela presença de verdadeiros
tica doutro.
progressistas nos órgãos de decisão
Otelo e Carlos Fabião demitiram- militares e civis. Não será absurdo
-se, Rosa Coutinho apresentou as
pensarmos num acentuar da repressuas
despedidas (logo aceites) ao
são activa à esquerda revolucionária
Conselho da «Revolução», o COPCON baseada na democraticidade eleitorafoi
dissolvido, centenas de, soldados lista e terminologia populista doreprogressistas
passaram à reserva, is- formismo, repressão essa que mais to é, à passividade
imposta, e algu- cedo ou mais tarde cairá sobre o prómas dezenas de oficiais
militantes ac- prio PC. É ou hão é o fascismo que tivos da causa operária estão
hoje faz o seu desaparecimento triunfante presos. Isto (e muito mais que despor detrás da construção «pacífica» conhecemos) no campo Militar.
do
socialismo?
Nos meios civis idêntica actuação- Não nos cabe julgar intenções, que
repressiva: 1 -mandato de captura
estas se desnudam sempre na dialécpara
todos os dirigentes do PRP-BR, tica do real, mas para já existem facMES e
LUAR;.12- dissoluç5o das co- tos bem concretos a emprestarem
missões de trabalho; 3 - limpeza
uma dimensão contrária às boas incompleta
das direcções (progressis- tenções de Melo Antunes e aos distas) dos jornais; 4 censura mili- cursos apaziguadores de Costa Gotar prévia e proibição das
liberdades mes. Elegeram-se para um mandato de expressão e de assembleia «até
centrista, mas quem o executou até
que tudo tenha voltado à normalida- aqui foi um Jaime Neves que os-Mode» normalidade igual a um ençambicanos bem conhecem por ter
colher de ombros perante as anoma- sido o arquiteto de Wiriamu. Um
lias sociais, económicas e políticas exemplo sobrecarregado de a c u s ada
realidade Popular, igual ao forta- ções à cúpula no poder. Por outro lecimento do
respeito estupidificante lado, em matéria de militarismos oàs hierarquias
fascisantes -, e 5- centrismo é só o verbalismo usado
saneamento total, ou quase, da es- pelo solidamente hierarquizado fasquerda
dita. pseudo-revolucionária, cismo. dita que «não interessa», até há bem Um
outro argumento
mais obpouco tempo com voz nos órgãos de
jectivo,
dizem-nos - baseia-se no facdecisão.
to de que não são fascistas
os que
Tudo isto fizeram homens um pou- comandam hoje as operações, mas
co esquecidos de uma verdade: mui- sim Melo Antunes e Vasco Lourenço,
to antes do 25 de Abril, altura em de modo algum fascistas, não é a
que foram obrigados a acordar pelinha fascista que preside a esta mulos
guerrilheiros do mato africano, dança em Portugal mas a linha dos ja essa
esquerda «pseudo-revolucio- Nove. nária» andava de armas na mão a
Porém este argumento é demasiacombater o fascismo na clandestini- do estático
porque suspenso sobre o dade Lisboeta, Portuense, etc..
imediatismo dos
acontecimentos.
independência do MPLA. Ora, é costume em questões destas noticiar o lugar onde
se travam os combates, e contra quem se está a lutar. Mas nada disto foi dito.
Não nos esqueçamos de uma verdade. O envolvimento de tropas 'regulares sulafricanas -tem forçosamente de ser considerável porque se assim não fosse as
autoridades daPORTUGAL
Fala-se na humanização do capitalismo - a que muitos querem chamar
socialismo"ou uma das opções dentro do socialismo -, fala-se na socialdemocracia, na improbabilida-de de o capitalismo vestir outra vez, as roupas
ideológicas do fascismo.
Acontece que Portugal é muito " pouco autónomo no respeitante aO sistema
capitalista.
Daí o prever-se que a sua manutenção se faz da repressão já que essa falta de
autonomia se traduz pela impossibilidade de se satisfazerem as reivindicações
mais elementares do proletariado português. Se isto se ve--ý rificar espera-se uma
nova ruptura no seio dos militares com Vasco Lourenço - então ele não disse logo
após a rendição dos pára-quedistas que não se podia governar sem o PC?
-- e osnove a oporem-se à escala fascista. Nessa altura a esquerda armada e não
armada apareceria em toda a sua plenitude e derrubaria de uma vez para sempre
os espectros fascista e reformista..
-Intensificar o processo de maturação das contradições para depois se edificar o
socialismo: esta, também uma das linhas de argumentação.
Os partidos já se pronunciaram. Enquanto que o Partido iComunista sem os t r a
realmente assustado,- e com razão, o CDS e o PPD pedem inquéritos ao PCP,
ambos, como é óbvio, a tentar afastá-lo da governação. E lembremo-nos que toda
a fraseologia direitista tomou hoje unia nova dimensão, nomeadamente, no
respeitante às possibilidades de uma aplicação. O que ontem eram frases fascistas
atiradas às massas são agora palavras de ordem com condições objectivas a darlhes seguimerito.
Por outro lado começaram já as buscas para encontrar armas aquelas nas mãos
da esquerda e aqui incluimos muitos militantes do PCP solidamente ligados à
clandestinidade - sendo esta medida o passo necessário para se consolidar a
coligação reformismo-fascismo. Costuma dizer-se que o caminho para o inferno
está ladeado de flores; do mesmo modo o retorno ao fascismo passa pelas boas
intenções - as flores ou o perfume das palavras que nos adormecem - do
reformismo. Quem está hoje na oposição em Portugal? O fascismo ou o
reformismo?
Pottugal não será o Chile da Europa? A pergunta que ontem tinha'o sabor vago de
uma análise deve hoje fazer t r em e r milhões de coraçoes portugueses.
Sim. Dr. Mário Soares, o socialismo é a liberdade. Ou, se preferir, esta mede-se
pela extensão daquele que o contrário só existe na confusão será só isso? - dos
somente bem intencionados.
a
~SEMANA A SEMANA ___Zâmbia
KAUNDA IMPÕE MEDIDAS DRASTICAS
Kenneth Kaunda, com os Camaradas Presidentes Samora e Nyerere aquando do
histórico encontro de
Nachingwea
Poucos dias antes do mais severo saneamento que & Zâmbia conheceu a nível de
cúpulas politicas, o presidente Kenneth Kaunda anunciou ao país o extenso
programa de incremento revolucionário; que neste momento alicerça a segurança
das três fases concebidas desde a data da independência. Nacionaliza!ões,
austeridade de costumes, rígido controlo da Informação e descentralização
adpninistrativa constituem alguns dos capítulos mais salientes da reforma.
Subjacente às medidas, torna-se clara, no entanto, a intervenção de sanear a
golpes firmes a corrupção, a indolência e o abuso do poder que, em onze anos de
independência, se haviam apossado dos escalões mais elevados, quer do Governo,
quer do partido único, o Partido Unificado da Independência.
Sobre estas medidas dizia o «Diário de Luanda»:
No extenso discurso de 30 de Junho, onde expôs as medidas que iam
*ser tomadas, o presidente zambiano dedicou largo tempo à reafirmação dos
princípios que enformam a filosofia do Humanismo, adoptado desde o início da
sua chefia e, sobretudo, à estatuição de um clima de austeridade moral e
económica, levado às últimas consequências. Criticando severamente os órgãos
de Comunicação Social, quer pela divulgação de f a c t o s individuais
documentados, quer pela influência consentida de padrões norte-americanos e
europeus. Kaunda acentuara: «Cada minuto da rádiQ, de televisão, de
pro«TEMPO» n.- 268 - pdg. 12
dução num jornal ou em qualquer outro meio de comunicação de massas deve ser
orientado pelos objectivos da Revolução». É importante subinhar que a nova fase
do processo político zambiano se situa num enquardamento circunstancial que a
explica: por um lado, a Zâmbia saiu fortalecida do termo da dominação colonial
portuguesa em Moçambique cuja independência lhe abriu sem reservas o acesso
ao mar, até então condicionado pelas reticências ideológicas levantadas por
Lisboa; por outro lado, em 7 de Junho culminaram os longos trabalhos de
construção do gigantesco
TAZAM, linha de caminho de ferro ligando a Tanzania à Zambia, e integralmente
construido com auxílio chinês: finalmente, o panorama económico do pais
começava a inquietar os dirigentes: o ritmo- das importações aumentara
assustadoramente, o afluxo de divisas provenientes do cobre descia para metade
em menos de um ano, devido à inflação reinante nos países importadores e, enfim,
a crise energética mundial entrava portas adentro, com todas as suas
consequências.
A par do reajustamento ideológico, portanto, o enunciado de um programa severo
de austeridade e contenção de preços. Paralelamente, Kaunda vê chegado o
momento de radicalizar- a sua posição anticapitalista sem, no entanto, semear o
pânico entre os investidores estrangeiros. (Conheço e respeito pessoas do campo
capitalista -- diria e conto-os como amigos. Não apenas amigos pessoais da
Zâmbia. Esses são benvindos). Por seu turno, prevendo um súbito movimento
anti-revolucionário por parte dos sectores privados - que de facto haveriam de o
tentar, aparentemente sem êxito - Kaunda ofereceria, em tom cordato, um naipe
de operações aos capitalistas internos: a participação estatal nos seus negócios, a
cooperativização ou a autogestão da empresas.
Numa confissão táctica de preocupação que lhe causava o crescente
nível de corrupção e venalidade por parte dos funcionários governamentais e do
Partido, Kaunda instaurou, drasticamente, uma série de remodelações e reformas
de quadros, que lançaram para os campos milhares de elementos até aí em
posições chave na administração e mesmo na orientação das massas populares.
Tudo isto se fez acompanhar de restrições em capítulos orçamentais que
favoreciam precisamente os sectores
mais atingidos pelo desvirtuamento dos ideais revolucionários.
Inicialmente encarado com surpresa e hesitação, o Programa Revolucionário de
Kaunda suscitou pouco depois, a reacção dos sectores mais conservadores, dos
sectores administrativos mais atingidos e, finalmente, dos quadrantes «liberais»,
já afeiçoados à brandura dos primeiros anos de independência. Enveredando por
uma linha agora declaradamente
socializante, o preidete zan actualiza-se perante o seu vizinho moçambicano,,cujas
primeiras medidas não deixaram dúvida quanto ao ritmo que imprimirá à
reconversão das estruturas coloniais. Mas, sobretudo, prepara -a terceira fase' do
programa concebido: a do Humanismo, remate assente sobre uma sociedade
socialista, ali desejada, no entanto, segundo uma perspectiva original e decorrente
da feição cristã do seu teorizador.
As grandes linhas da nova política Zambiana
0 Corte drástico (cerca de 60 por cento nos subsídios a organizações paraestatais, que estão a ser reorganizadas com vista para a redução dos seus postos de
trabalho. Os funcionários dispensados serão enviados nara trabalho de lavoura,
nas suas regiões de origem.
o O assustador aumento de desemprego nas zonas urbanas da Zâmbia será travado
pelo envio compulsivo para os campos, onde funcionará 'um intensivo Programa
de Reconstrução Rural.
* Todos os projectos em curso para melhoramentos urbanos são reduzidos. Os
fundos assim recuperados: para apoiar ia instalação nos campos dos milhares de
funcionários dispensados das organizações para-estatais, bem como dos
desempregados.
-0 Todos os estudantes de escolas agrícolas que já tenham frequentado pelo
menos o 1.0 ano são obrigados, como medida de emergência,,a colaborar no
Serviço Nacional (paralelo ao Serviço Cívico português) sendolhes destinada uma
área do interior, onde auxiliarão no Programa de Reconstrução Rural.
* A cada zona agrícola será exigida uma cultura predominante, obrig a t
oriamente desenvolvida p e 1 o s camponeses. Estes poderão, no entanto, fazer
outras lavras menores para seu próprio abastecimento.
* Todos os técnicos licenciados em escolas zambianas ou através de bolsas de
estudo governamentais ficam obrigados a prestar colaboração em regime de
tempo integral, no Serviço Nacional.
* Corte drástico nas importações, sendo atribuída prioridade aos materiais de
infra-estrutura destinados a indústrias de manufactura local.
* Desenvolvimento vigoroso de novas indústrias que possam socorrer-se de
matérias-primas existentes no Pais.
* Racionamento de produtos de consumo particularmente o açúcar cuja
importação passa a ser proibida.
# Limite severo da velocidade do trânsito: máximo de 50 Km/hora nas cidades e
80 Km/hora nas estradas. Foram estabelecidas multas pesadas para os infractores.
0 Estabelecidas penas de deportação e confiscação total dos bens a quantos tentem
fazer sair dinheiro encontrado em cofres privados e não depositado nos bancos
nacionais, pode ser imediatamente confiscado pelo Estado.
o Em consequência, são abolidos os títulos de propriedade absoluta sobre a terra.
Excepção feita para os títulos de lavradores comerciantes, que são convertidos em
títulos de arrendamento pelo prazo de cem anos.
_ Todas as clínicas e casas de saúde privada são nacionalizadas. 0consultórios
médicos particulares são mantidos, mas os clínicos ficam formalmente prevenidos
de que o Governo não tolerará a prática de tabelas de honorários elevados. Por seu
turno, todos os médicos que trabalham ou trabalharam para o Estado fidam
proibidos de manterem consultórios privados. # Todas as parcelas de terreno
inculto passam imediatamente para a posse do Estado. Mas torna-se severamente
punido o indivíduo ou grupo de indivíduos que ocupar qualquer porção de terra
sem prévio sancionamento do Governo pelas vias legais.
* É expressamentê proibido a venda de terrenos urbanos, seja para que fim se
destinem. Todos os terrenos vagos em zonas urbanas são apropriados pelo Estado.
* São imediatamente encerradas as agências imobiliárias e apropriadas pelo
Estado os seus bens. Quanto aos bens por elas geridos, passam a ser
administrados pela Agência Nacional de Habitação
* Os construtores civis são solenemente avisados de que devem praticar preços
mínimos, rigorosamente sujeitos a fiscalização.
* São suspensos os empréstimos destinados à construção de prédios de habitação
por arrendamento. Fica proibida a construção de prédios para arrendamento, por entidades particulares. Os que já são proprietários desse tipo
de prédios deverão vendê-los ao Estado a preço razoável.
* Denunciada a existência de práticas corruptas na distribuição de casas, fica
determinado que as listas de inscrição para a obtenção de habitação passam a estar
patentes ao público, de modo a que o povo possa fiscalizar o modo como as casas
são distribuídas.
0 Serão punidos os funcionários dos hospitais que tratarem com impaciência ou
rudeza os doentes que ali se apresentam. # Os funcionários públicos que forem
dispensados do serviço, por qualquer motivo, nunca mais poderão ser admitidos,
quer pelo Estado, quer pelo Partido e passam a constar de uma «lista negra».
0 Em 1 de Janeiro de 1977 opera-se a transferência de latos poderes
administrativos para as províncias e distritos. Os primeiros sectores a ficarem
compreendidos nas atribuições locais serão os da saúde e da educação.
Q Ficam estipuladas medidas severas contra a falta de produtividade, o
alcoolismó e a corrupção. Qualquer funcionário público encontrado em estado de
embriaguês durante as horas de serviço será imediatamente despedido.
* «Vigiem os preços, dia a dia»
- acentua a reforma revolucionária. «Vigiem os preços nas lojas, nas fãbricas, em
toda a parte. E comuniquem imediatamente à Polícia, qualquer caso de
especulação». A Polícia é constituído por elementos do povo e deverá actuar
rapidàmente. A par desta instância, a reforma revolucionária apela para que a
nação prefira produtos fabricados na Zâmbia.
«TEMPO» n.- 268 - pág. 13
A vida
em Moçambique
A vida em Moçambique decorre calma e a organização política. social e
governativa desta nova república popular segue linearmente, sem sobressaltos. A
cada dia que passa corresponde um passo em frente no caminhar constanta e firme
para as metas estabelecidas. Dir-se-ia que não há pressa. O observador menos
avisado talvez vislumbre uma incompreensível lentidão. A verdade é que uma
observação mais atenta nos oferece a certeza de que o que não há é precipitação.
Aliás, se se protesta pela demora na resolução de qualquer problema arriscamo-
nos a ouvir: «Esperámos quinhentos anos pela independência, será que não pode
esperar algumas horas ou alguns dias pela resolução do seu caso pessoal?» E reco
bhece-se uma profunda filosofia na resposta. Ou não?
Claro que a reacção não desarmou, nem desarmará. Aqui serve-se dos métodos
mais criminosos: aparelhos explosivos dentro de objectos abandonados na via
pública e, em especial, em brinquedos de crianças. Três explodiram recentemente,
ferindo outras tantas pessoas. Mas a resposta não se fei esperar e os serviços de
vigilância desmontaram, sem perigo para ninguém, cerca de outros sessenta,
detectados pela população. Outra arma típica, o boato, não funciona por estas
bandas. Os comités populares, que aqui se chamam grupos dinamizadores e
funcionam a todos os níveis - bairros, empresas, escolas, etc -, prestam o
esclarecimento necessário e o boato morre à nascença. Foi essa impossibilidade
de conturbar a opinião pública que deu nascimento, em Lisboa, ao jornal
«Tempo», cujo corpo redactorial é composto de jornalistas fugidos daqui por
força do seu. inegável compromisso com a PIDE. Nuno Rocha, Peixe Dias, Sobrai
de Oliveira, Eduardo Neves, os irmãos Azevedo, são nomes que deixaram nesta
terra a triste fama de servidores da reacção. Disso viviam e cremos que jamais
aprenderão a viver de outra maneira.
O artigo publicado sobre a visita do presidente da Tanzania, Julius Nyerere,
noticiando dissidências na FRELIMO teve, dias depois, a resposta necessária: a
cimeira de Lusaca. Mas o boato, a notícia sem fundamento, já estava na rua. E a
missão do jornalista cumprida
Não interessava que essa visita representasse, afinal e para desgosto dos
detractores profissionais, mais uma afirmação do poder real de Samora Machel e
da imposição de Moçambique na alta esfera política africana, não interessa que
este país irmão, que continua a falar a nossa língua, esteja a construir uma nação e
a impor-se ao mundo, ao'fim de escassos três meses de independência, como uma
potência que é necessário consultar e ouvir na política internacional, porque o que
esta em jogo são os mesquinhos interesses de meia dúzia de exploradores e dos seus
parasitas. Nem interessa sequer assinalar o equilíbrio político que simplesmente
expulsa os indesejáveis como Rogério de Canha e Sã. quando havia mais que
razão para o levar aos tribunais pelo crime de malversão dos fundos políticos. Só
que em Moçambique não há prisões políticas. Essa é a verdade que dói. Os
africanos considerados recuperáveis vão para áreas de recuperação, onde vivem
em liberdade. Vigiada, naturalmente. Mas não no Tarrafal, não na Machava, não
em Caxias, não em Peniche. Os outros - os que se dizem brancos e não seres
humanos
- vão-se embora. Ou, porque os mandam, ou porque fogem antes. O que dá no
mesmo.
Isso aconteceu com o padre José Nunes, descoberto com oitenta contos retirados
do Hospital de S. José, de que era director. Com Guiomar Soutero. Com a família
Leite Fragoso, de Vila Pery, e outros.
Claro que o êxodo continua. São os fazendeiros que fogem da nacionalização da
terra ou aqueles que vão perdendo as infundadas esperanças de que a FRELIMO
não tinha condições de governar. É bom que se saiba que tem e as usa com um
equilíbrio e uma humanidade que esses portugueses não poderiam nunca esperar
que acontecesse.
(Diário Popular, de Portugal)
Fidel e a CIA
Durante toda una década, atoda poderosa CIA (Central de Espionagem norteamericana) viveu obcecada com a ideia de assassinar Fidel Castro, mas fracassou
em sua;iniciativa. As revelações feitas -recentemente, em Havana, pelo próprio
primeiro-ministro de Cuba, aproveitando a visita do senador norte-americano
George McGovern, foram surpreendentes.
O interrogatório de prisioneiros em Cuba lançou a luz sobre 24 tentativas de
assassinato de dirigentes cubanos, tramadas pela CIA, segundo afirmou Fidei
Castro, entregando um grosso volume com provas.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, as mais tenebrosas revelações sobre os planos
para matar Fidel vem-se sucedendo, em avalanche. O ex-director da CIA, Richad
Helms, actual embaixador dos Estados Unidos no Irão, negou, taxativamente, que
aquela agência tenha sido responsável por assassinatos de Chefes de Estado
estrangeiros.
Mas Frank Church, presidente da comissão senatorial que investiga a CIA,
anunciou, logo depois, que a CIA pretendeu assassinar personalidades políticas
estrangeiras.
O cerco foi-se estreitando até que, dias depois, vários membros da comissão
senatorial norte-americana se declararam convencidos de que alguns desses
complós chegaram a entrar numa primeira fase de execução. Segundo
testemunhas, a CIA planeou a eliminação física de Fidel Castro em várias
ocasiões, entre 1960 e 1971, sob os governos de Eisenhower, Kennedy. J o h ons
o n e Nixon.
Essa aparente «obstinação» dos responsáveis pela CIA não exclui a possibilidade
que seus agentes tenham agido por sua conta e risco, fazendo caso omisso das
ordens presidenciais. Mas a revista TIME afirmou, mais de uma vez, que o
presidente John F. Kennedy e seu irmão Robeít (que morreram assassinados) não
estavam totalmente alheios às intenções da CIA de matar Fidel.
No dia 10 de Junho de 1962, um piano para matar o primeiro ministro de Cuba
Toi discutido em todos os seus detalhes por altos funcionários norte-americanos.
As atas desta reunião foram transmitidas à comissão que inves, tiga a CIA, criada
em Janeiro Cltimo pelo presidente Gerald Ford e dirigida pelo vice-presidente
Nelson Rockefeller.
Em 1962 também o então ministro da Defesa, Robert McNamara, actual
presidente do Banco Mundial propôs é CIA executar Fidel Castro, segundo a
revista TIME. A tetemunha mais recente foi um ex-conselheiro do
multimilionário Howard Hughes, que confirmou ter solicitado (e conseguido) a
colaboração da Mafia para matar Fidel. O motivo dos mafiosos seria vingança,
pois seus casinos foram fechados depois da Revolução Cubana.
Um dos chefes mafiosos, John Roseli, compareceu perante a comissão senatorial
que investiga a CIA. Mas Sam Giancana, chefe da Mafia durante os anos 60, foi
liquidado em sua casa-fortaleza, perto de Chicago, no dia 20 de Junho passado.
Giancana tinha sido intimado a fazer declarações à comissão pelo senador
Church.
Após a suculenta «novela»> de Watergata, o público norte-americano volta
vorazmerte para o «novo prato fort£» que supera até novelas de ficção: .igarras
envenenados, pistolas dissimuladas numa câmara de televisão, o desembarque na
Baía dos Porcos (em Cuba).
Ressurgem das profundezas da memória norte-americana as circunstâncias do
assassinato do presidente Kennedy, ao que-parece ainda não totalmente
esclarecido. O ex-presidente Nixon também vai ter que explicar, em breve, certas
operações encomendadas à CIA para «desestabilizar» o regime de Unidade
Popular do deposto e assassinado presidente chileno Salvador Allende.
Isso sem contar as actividades de espionagem interna dentro dos Estados Unidos.
A verdade é que o lista de personalidades estrangeiras que, um dia ou outro,
estiveram na mira da CIA não foi ainda esgotada. Fidel Castro era, sem dúvida, o
objectivo número um: mas não era o único na lista dos inimigos dos Estados
Unidos a serem eliminados.
(Zero Hora, Brasil)
Pinochet
faz marcha atrás
O general Augusto Pínochet ordenou hoje que fosse «rectificada» a votação
chilena nas Nações Unidas a respeitq do problema do sionismo, e deu instruções
ao ministro das Relações Exteriores, vice-almirante Patrício Carvajal, para que
comunique su decisão à delegação chilena perante a ONU.
Há nove dias, os representantes chilenos votaram a favor de una resolução que
declara o sionismo «uma forma de racismo». A moção vai agora ser examinada
pela Assembleia Geral da ONU e a delegação chilena vai mudar seu voto.
O presidente dos Estados Unidos, Gerald Ford, condenou a iniciativa aprovada
por uma comissão das Nações Unidas. As organizações judaicas dos Estados
Unidos fizeram também uma grande campanha publicitária contra o projecto de
resolução e contra os países que o apoiaram. Quatro países latino-americanos Brasil, Chile, Guiana e México - receberam uma nota de Washington
manifestando o desagrado do goVemo norte-americano por terem apoiado o
projecto.
Pinochet, numa declaração emitida pela Secretaria de Imprensa da Presidência,
disse que o projecto «não contava com a sua aprovação». Diz ainda a nota que «a
declaração de princípios do governo reafirma a tradição histórica do Chile de
respeito ao ser humano, a todas as raças, a todas as crenças, e reitera sua
permanente condenação "do totalitarismo, racismo e escravidão».
(Correio do Povo, Brasil)
A quem aproveita o «apartheid»
A volta do regime racista da República da África do Sul, o tomo do isolamento
político aperta-se. As ondas do movimento de libertação nacional ultrapassam as
fronteiras. Cada vez um maior número de países fecham as suas representações
diplomáticas em Pretória e rompem relações com a República da Africa do Sul.
Nestas condições, o Govemo de Vorster procura febrilmente apoios externos,
qualquer que seja a sua proveniência. Ele apela principalmente para o capital
estrangeiro, para os monopólios internacionais.
De facto, esses monopólios, descurando a atitude oficialmente tomada pelos
Governos dos seu Estados (e gozando por vezes da sua complacência táctica), são
desde já um dos principais financeiros, políticos e mesmo militares do racismo e
do apartheid tio Sul de África.
O «apartheid» está historicamente condenado, oque quer dizer que o dinheiro é
investido num empreendimento votado a uma próxima falência. Assim,
numerosas companhias de seguros e mesmo instituições oficiais dos países
ocidentais recusam garantir investimentos, em ambiente de racismo e de
apartheid. Se contudo esses investimentos se fazem, é unicamente porque os
monopólios internacionais descontam da parte da RAS, um «salário do medo»
mais sedutor que em qualquer outra região do mundo.
Digamos para começar que o subsolo da Africa do Sul é rico em matérias das
quais algumas, nas circunstâncias actuais, são particularmente preciosas: o urânio,
o ouro, a platina, os diamantas. As áreas de extracção tradicional
- o Transvaal, e o Estado livre de Orange- vieram juntar-se os riquíssimos jazigos,
há pouco descobertos, na Namibia. 75 % do ouro importado para os países
capitalistas provêm actualmente da Africa do Sul. Os Estados Unidos recebem
dela, 57 % do vanadium de que necessitam, 40 % do crómio; para os Estados do
Mercado Comum, vão 47 % de manganésio e 29% de crómio; para o Japão -31%
do manganésio e 53% do crómio. Com a falta crescente das matérias-primas nos países ocidentais, es,sas riquezas são de grande valor para os
monopólios.
E mais ainda, elas so também seduzidos pelo baixo preço da mão-de-obra. Na
República da Africa do Sul, os selários dos operários africanos não mudam desde
há perto de meio século.
Cerca de metade deles são imigrantes. Eles estão instalados em ghettos industriais
nos arredores das grandes cidades, e estão privados de todos os direitos cívicos.
Os sindicatos são praticamente proibidos, as greves são ferozmente esmagadas.
Durante os últimos 20 meses, cerca de 80 mineiros africanos caíram sob as balas
dos policias, em conflitos de trabalho.
Os salários dos Africanos são inferiores aos dos Brancos cerca de 5,5 na indústria
.de transformação e no comércio grossista, 6 vezes na construção e nos
transportes e nas minas chegam a ser 16 vezes inferiores.
Em Durban, numa fábrica do monopólio anglo-holandês Unilever, o Africano.
ganha em média 7 libras esterlinas por semana, enquanto que o salário mínimo de
um operário branco é de 146 libras.
Aliás, os-monopólios na RAS obtêm. segundo os dados oficiais, em média, com
os impostos deduzidos,, um lucro de 10 % sobre o capital (ou seja, duas vezes
mais que nos Estados Unidos ou na Grã-Bretanha). Uma sondagm - de selecção
efectuada junto de 250 grandes companhias, mostrou que essa taxa foi diminuida,
porque na indústria têxtil ela é de 16 %, na indústria quimica 19 %, na indústria
de máquinas agrícolas ena electrotécnica é de 20 %, no comércio grossista é de 22
% e na construção é de 23 %.
Portanto, não é de admirar que os investimentos estrangeiros, durante os últimos
cinco anos tenham duplicado na RAS, e atinjam agora 7,8 biliões de rands. (O
rand da, RAS vale 0,62 libras esterlinas ou 1,48 dólares dos EUA). 58 % desses
investimentos são ingless, 24 % são alemães ocidentais, 15 % são americanos. No
total, em 1974 conheciam-se na RAS 1632 companhias estrangeiras.
Os magnates ocidentais do petróle9, principalmente a Shell, British Petr/leum,
Total, Gulf Oli, abastecem a RAS de petróleo, matéria que nessa região do mundo
é rara.
A RAS é igualmente um grande importador da tecnologia ocidental,
principalmente em ramos como a metalúrgica, a química, as comunicações, as
construções mecânicas, a energia nuclear, o fabrico de armas.
Por fim, numerosas firmas ocidentais tomaram-se nos elos de apoio dos interesses
da RAS nos*seus países; quanto à Lonrho britânica ela encontra por si o meio de
preencher essas funções em certos países independentes de África.
(DIÁRIO DE LUANDA, Angola)
__SEMANA
A SEMANA1
NOVA DELI
TODA A iNDIA SE PREPARA PARA A CONFERÉNCIA ANTI-FASCISTA
INTERNACIONAL QUE SE REA. LIZARA NO PRINCIPIO DE DEZEMBRO
EM PATNA, CAPITAL DE BIHAR.
DAR-ES-SALAAM
A TERCEIRA CONFERÊNCIA DO COMITÉ «AD HOC» DA
ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA. ENCARREGADA DE REVER
A CARTA DA ORGANIZAÇÃO, COMEÇOU, NESTA CAPITAL OS SEUS
TRABALHOS, SOB A PRESIDÊNCIA DE YAW TURKSON,
[NOVA ORQUE
ELDRIDGE CLEAVER, ANTIGO DIRIGENTE DOS «PANTERAS NEGRAS»,
REGRESSOU VOLUNTARIA. MENTE AOS ESTADOS UNIDOS, E FOI
IMEDIATAMENTE LEVADO SOB CUSTÓDIA PELAS AUTORIDADES
FEDERAIS.
BRAZZAVILLE
«EM NOME DE QUEM, O PRESIDENTE IDI AMIN DADA CONTA ENVIAR
TROPAS UGANDESAS, PARA ANGOLA?-TAL É A PERGUNTA QUE FEZ
A RÁDIO CONGOLESA. NO SEU EDITORIAL, CONSAGRADO ÀS
INICIATIVAS DO PRESIDENTE UGANDÊS A PROPÓSITO DE ANGOLA.
LUSAKA
«A CONFERÊNCIA CONSTITUCIONAL,, SOBRE A NAMIBIA, ABERTA
EM WINDHOEK, FOI TRANSFERIDA PARA O MÊS DE MARÇO DO
PRÕXIMO ANO.
NAÇÕES UNIDAS
A COMISSÃO DE DESCOLONIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA-GERAL DAS
NAÇÕES UNIDAS ADOPTOU, POR 99 VOTOS E ONZE ABSTENÇÕES,
UMA RESOLUÇÃO QUE, ENTRE OUTRAS COISAS, «CONDENA A
POLiTICAS DAS POTÊNCIAS COLONIAIS E OUTROS ESTADOS QUE
PERSISTEM EM APOIAR OS INTERESSES ECONÓMICOS
ESTRANGEIROS E OUTROS QUE FAZEM OBSTÁCULOS A
DESCOLONIZAÇÃO E QUE EXPLORAM OS RECURSOS NATURAIS E
HUMANOS DOS TERRITÓRIOS NÃO-AUTÓNOMOS.
[DAMASCO
KURT WALDHEIM, SECRETÁRIO-GERAL DA ONU, AVISTOU-SE EM
DAMASCO, NO MAIOR SEGREDO, COM YASSER ARAFAT,
PRESIDENTE DO COMITÉ EXECUTIVO DA OLP (ORGANIZAÇÃO DE
LIBERTAÇÃO DA PALESTINA).
AIGAO
O PRAZO NECESSÁRIO A REUNFICAÇÃO FORMAL E DEFINITIVA DO
VIETNAME SERÁ DE CINCO A SEIS MESES, DISSE, NESTA
CAPITAL,NGNYEN HUU THO, PRESIDENTE DA FRENTE NACIONAL DE
LIBERTAÇÃO DO VIETNAME DO SUL, DURANTE UMA BREVE
ENTREVISTA TELEVISIONADA.
CANNES
APÓS A CONFERÊNCIA TARIFÁRIA DA lATA (ASSOCIAÇÃO
INTERNACIONAL DOS TRANSPORTES AÉREOS), O AUMENTO GLOBAL
MÉDIO QUE DEVE AFECTAR O CUSTO DAS VIAGENS AÉREAS, É AVALIADO EM CERCA DE 7%, POR GORDON RUDDICK, SECRETARIOGERAL DA ASSOCIACÃO
CELMOQUE
na construção, nos grandes empreendimentos,
na indústria,
na electrificação,
sinalizaçaão
e iluminação ferroviária, nas comunicações telefónicas A CELMOQUE
CONTRIBUI
.PARA O DESENVOLVIMENTO
D[, MOÇAMBIQUE
SEDE E FÁBRICA NA BEIRA CAIXA POSTAL 1171 * TELEFONES
721043/ 4 /5 ADMINISTRAÇÃO EM LOURENÇO MARQUES e CAIXA
POSTAL 1974 0 TELEFONES 20275/27125
Companhias Distribuidoras: Enquanto se preocupam em vender o produto
«esquecem-se» que grande parte dos consumidores descoz;he. cem as medidas de
segurança a aplicar pelos utentes
XIOIS DE 1 1
1T1OMAM1 1RPRCE IMNI
O número de acidentes causados por explosoes de gás em Moçambique
aumentaram consideravelmente, verficando-se que as Companhias Distribuidoras
pouco se têm debruçado sobre o probloma. Existem, contudo, medidas de
segurança a tomar no manuseamento e utilização das garrafas ou botijas de gás,
que devem ser rigorosamente tomadas em conta e aplicadas, a fim de que sejam
evitados acidentes.
Têm-se registado nos últimos tempos, principalmente na capital do país, um
índice bastante elevado de acidentes causados por e x p 1 o sões de gás, tendo-se
verificado, somente no mês passado, 4 acidentes deste tipo, número raramente
constatado em Lourenço Marques.
Somente os consumidores que pagam os cerca de 400$ necessários para a abertura
do contrato com a companhia distribuidora, recebem o panfleto através do qual é
informado dos cuidados a ter com o gás. Contudo, outros consumidores existem
que não rcebem a mesma atenção por parte das companhias distribuidoras,
desconhecendo assim as normas a ser aplica«TEMPO» n.- 270- pdg. I&
das no manuseamento das garrafas de gás.
Porque a situação se mantém, continuando as companhias distribuidoras a tomar
uma posição passiva face aos factos, torna-se bastante urgente que um apelo para
os cuidados a ter com o gás seja lançado e é nesse intuito que este trabalho ,foi
elaborado.
Conhecer o gás
para melhor
tomar precauções
Para que o Homem possa ter um perfeito domínio sobre as forças da Natureza,
auvera Ia4erI UnlI CUII8LUt1iíu ebtuuo soore eia. iJe m o u o uiaíiíogo, para que
pO~11oss rcvr'er um veruaaelro controio soDre o DuTano, ueveillios saoer as
suas caracteriscicas como gas que é.
V combustível uriízaúto em o.oçambique nas casas particulares e nas fabricas a
que correntemente se da o nome de gas de ga+-raJ, é composto por uma mistura
de cois gases combustiveis diferentes que se obtém da refinação do petróleo
bruto: o butano e o propano. O butano é incolor, não tem cheiro nem sabor. É esta
uma das razões porque é feita uma mistura com o propado, gás que possui um
cheiro característico, f a c ii. mente detectável em caso de ruptura do. tubo que o
conduz, ou de deficiência técnica da garrafa em si. O butano não é tóxico, mas
não deixa de ser perigoso porque, espalhando-e, pelo ar dum compartimento
estanque, p o d e causar a asfixia de quem nele se encontre, porque este gás ocupa
o lugar do oxigénio. Misturado com o ar arde e às vezes pode causar violentas
explosões. Além disso, o gás (mistura de butano com o propano), é mais pesado
que o ar. Por isso, logo que há uma f u g a de gás, este acumula-se junto ao chão
do compartimento, sendo por isso mais difícil de o detectar, não obstante o seu
cheiro cacaracterístico.
Medidas
de segurança
Conhecendo as características do gás, é mais fácil e muito menos perigoso, 1 i d a
r com ele. Contudo, existem certos métodos de manuseamento e utilização das
garrafas que devem ser aplicados:
1. Abrir a torneira da garrafa só depois de ter a certeza que as torneiras dos
fogões, es quentadores, e t c., estão fechadas.
2. As ligações dos tubos dos diversos aparelhos devem ser cuidadosa e
frequentemente inspeccionadas.
Quando houver dúvidas sobre o seu estado de conservação, d e v e-se chamar
um técnico.
N a d a de reparações improvisadas, atendenNa utilização e manuseamento das garrafas de gás são necessárias certas normas
que devem ser rigorosamente cumpridas para que se evitem explosões
Bastam somente 800 gramas de gás espalhados no ar dum compartimento para
que, ao ligar-se um interruptor eléctrico, provoque uma explosão que cause
danos materiais como os da figura
do aos acidentes que
delas podem advir.
3. Se se notar que há alguma fuga de gás nunca se deve acender
ou provocar qualquer chama perto da garrafa .... algumas pessoas há, que -assim
procedem, tentando verificar se éxiste fuga ou
não!
Mas se quisermos verificar se realmente existe f u g a, apliquemos espuma de
sabão, cobrindo os sítios por onde se suspeita que o gás esteja a escapar-se. Se se
virem bolhas de ar, já -sabemos que é nesse sitio que está a fuga. Feche a torneira de segurança e chame um
técnico.
4. Quando precisar substituir uma garrafa, veja se todas as torneiras estão
fechadas, incluindo a da garrafa
«nova».
5. Quando desconfiar q u e
há uma fuga de gás ao entrar em casa ou se estiver em casa, a b r a imediatamente
todas as portas e janelas. Nunca acenda qualquer chama nem ligue algum
interruptor de l u z eléctrica.
Chame um técnico, ou dirija-se à em p resa fornecedora do gás e só acenda a luz
quando a casa se encontrar
bem ventilada.
6. E .... não se esquecer de,
antes de se deitar, fazer uma inspecção ao fogão, esquentador ou botija e verificar
se todas as torneiras ficaram fechadas.
7. Quando por descuido
deixam derramar o liquido a ferver das panelas por cima da cabeça ou bico por
onde sai o gás, apagando a chama, é bom que não se deixe de fechar a
torneira.
8. Em caso de incêndio, feche todas as torneiras e apague o fogo com água, um
cobertor ou um extintor. Se as
suas tentativas não lograrem êxito, chame
os bombeiros.
Aplicando e a t a s medidas básicas de segurança, dificilmente se poderá dar
qualquer acidentè Por causa do gás, e estaremos contrlbuin do para que se evitem
acidentes deste género, que se têm alastrado nos últimos tempos, estaremos
contribuindo para que a segurança entre em nossas camas.
«
« TEMPO» n." 270-pd. 19
Pratica cuja origem se perde nos tempos, as queimadas têm vantagens e
desvantagens, umas e outras ainda mal conhecidas. Porém, sobre um ponto não
existem dúvidas: as queimadas descontroladas representam um perigo, por vezes
de graves consequências, que é preciso evitar a todo o custo.
Embora seja difícil estabelecer qualquer cálculo rigoroso sobre o início das
queimadas, há estudiosos da matéria que afirmam vir tal prática de tempos
imemoriais. Há 150 mil anos, acreditam esses estudiosis, já o Homem, em certas
regiões do Globo, procurava melhorar os pastos para os animais que domesticava
e alimentava procedendo à queima das plantas.
As queimadas não são, por conseguinte, uma prática exclusivamente m o ç a m
bicana. Está ligada com a ocupação da terra, principalmente dentro das
actividades agrícolas e pecuárias, de povos de diversas latitudes, na América ou
no Brasil, no Quénia ou na Africa dó Sul, em Madagáscar ou na Austrália.
No que respeita ao nosso País e apesar de ser uma prá«TEMPO» n., 270- pág. 20
tica generalizada, são praticamente nulos os conhecimentos sobre os seus efeitos.
Os resultados conhecidos não são de molde a que se possa ir além de reconhecer
na queimada umas tantas vantagens e outras tantas desvantagens. Um ensaio de
campo realizado há alguns anos parece não ter reunido um número de dados
susceptível de divulgação.
Tal facto, mais vem demonstrar a necessidade de se procurar reunir elementos suficientes que permitam
avaliar até que ponto as queimadas são úteis e necessárias ou, pelo contrário,
prejudiciais.,
Por que se fazem
queimadas?
Na maior parte dos casos, em Moçambique, a queimada
é feita por hábito ou por tradição. Noutros casos, pela necessidade de melhorar as
pastagens para o gado.
P o ré m, normalmente, os criadores conhecem mal as plantas espontâneas e daí a
questão que se pode levantar é a de saber se em vez de melhorarem as pastagens
não as estão a piorar.
Além das queimadas feitas com a intenção de melhorar
as pastagens, muitos são os casos em que o fogo é ateado apenas com a
ffinalidade de limpar determinada área de terreno ou para a destruição de pragas,
como a de ratos, ou para facilitar a caça, em certas regiões um importante meio de
subsistência.
Enquanto estas razões se ligam, em certas regiões, com hábitos que se tornaram
tradição, na maior parte dos casos os motivos das queimadas estãd directamente
relacionados com o aproveitamento Ou exploração agro-pecuária. E é a partir
daqui que tem sido possíivel, obtdr um conhecimento menos empírico e, por
conseguinte, a realização por parte dos *investigadores de estudos e pesquisas que
conduzam ao apuramento das vantagens e desvantagens da queimada. Vantagens
e desvantagens essas que deverão ser usadas, na escala adequada, para que se
possa pôr fim à forma indisciplinada de pegar fogo à vegetação, muitas vezes com
certeza levando a resultados contrários aos pretendidos.
Caso tal não se verifique, continuará a ser difícil colher os beneficios que as
queima«TEMPO» n.o 270 - pg. 21
das poderão trazer, quando controladas, e não deixarão de sentir-se os seus efeitos
desfavoráveis.
Controlar o fogo
para melhorar
as condições
de vida do Povo
Um dos perigos maiores da queimada descontrolada é o de ser destruída pelo fogo
a vegetação de uma área muito maior do que a necessária ou inicialmente
prevista.
Sucede ainda, por vezes, o fogo atingir áreas de floresta e causar incalculáveis
prejuízos por queimar espécies raras ou de grande valor económico que deveriam
ser protegidas ou aproveitadas como riqueza económica que são. A destruição
pelo fogo de áreas florestais o ninguém beneficia, pelo contrário, é o património
moçambi.cano, uma riqueza do Povo moçambicano, que se perde inutilmente.
O perigo das queimadas descontroladas é um assunto já por várias vezes debatido
em reuniões a nível nacional. Tanto no 1 Seminário Nacional de Agricultura
como na 1.' Reunião Nacional de Agricultura, a ss i m como nas reuniões
provinciais de agricultura, se notou a preocupação de encontrar os meios
adequados de combater esta prática, quando feita descontroladamente e de forma
a poder causar graves inconvenientes.
Recorde-se que, no 1 Seminário Nacional de Agricultura várias foram as
intervenções de técnicos e responsáveis no sentido de alertar todos os
«TEMPO» n.- 270- pág. 22
participantes para os inrconvenientes das queimadas descontroladas, dada a
necessidade que há de defender o sector florestal e, até, a fauna selvagem.
Embora sem referir o aspecto particular das queimadas. um dos grupos de
trabalho viria a apontar a necessidade de u m a utilização racional das florestas, d
a n d o particular atenção ao repovoamento florestal, tanto em espécies 'locais
como exóticas.
Indo mais longe, a 1.1 Reunião Nacional de Agricultura ao analisar os assuntos
relacionados com o aproveitamento dos Recursos Naturais, apontou entre outros
factores os efeitos nefastos resultantes das queimadas descontroladas, pelo que tal
prática representa na degradação do solo. O grupo de trabalhadores encarregado
deste tema entre as várias medidas viria a apontar a da consciencialização das
massas populares, através das Forças Populares de Libertação de Moçambique e
dos Grupos Dinamizadores, sobre o valor dos Recursos Naturais Renováveis e
respeito que devem merecer como património do Pais, além de sugerir ao
Ministério de Educação e Cultura a introdução nos programes de ensino
nomeadamente no primário e secundário, de matérias do âmbito de conservação
dos Recursos Naturais Renováveis.
Torna-se pois importante conhecer algumas das vantagens e desvantagens das
queimadas para que antes de se re m praticadas exista a consciência dos
benefícios e dos prejuízos que tal pode ocasionar. É preciso, antes de mais, que
exista a consciência de que as florestas são património de todo o Povo, são uma
riqueza do País, e
que ninguém tem o direito de destruir essa riqueza, quer por desconhecimento do
seu valor quer em beneficio próprio.
Vantagens
e desvantagens
Como já referimos, de estudos e trabalhos feitos em Moçambique pouco se sabe
sobre as vantagens e desvantagens das queimadas. Apoiamo-nos por isso num
trabalho feito por um técnico brasileiro que, por sua vez, cita alguns especialistas
de diversos países onde o problema foi já ensaiado e estudado, e que considera
fundamental conhecer, antes de qualquer queimada, os seus mais importantees
inconvenientes, bem como alguns casos em que ela é desaconselhada. Sem nunca
condenar o uso do fogo, quando devidamente controlado, o referido técnico
encabeça a lista das desvantagens apontando o período da erosão das terras e o
efeito adverso no conteúdo de água do solo principalmente por reduzir a
infiltração, elevar as perdas e a evapo-transpiração, o que limita o seu uso onde as
chuvas escassaiam.
São ainda apontadas as seguintes desvantagens:
- Em regiões áridas causa prejuízos elevados. Destrói a cobertura vegetal que
nestas áreas apresenta excelente valor nutritivo e impede o uso da pastagem por
um lango perodo necessário ao restabelecimento da vegetação, que nestas
condições se recupera com extraordinária lentidão;
- em alguns casos, com a destruição da grande quantidade de matéria orgânica,
cria condições tóxicas para as plantas e em regiões áridas pode causar uma
redução do potássio ou do azoto;
- destrói grande parte da matéria orgânica sobre o solo
- expõe por algum tempo o solo às intempéries.
Estes os principais inconvenientes do uso das queimadas, apontados pelo referido
técinco. Mais longa é a lista das vantagens, em que a justificação para o emprego
do fogo pode centrar-se em razões tão amplas e variadas que a -simples- ideia de
que favorece a produção de pastos nem será das mais importantes. A obtenção de
melhor pasto é uma ideia que parece firme nas conclusões dos especialistas
(quando a área queimada e o tipo de vegetação não são especialmente contraindicados) e que, renontando a épocas muito longínquas, terias nascido da
observação directa .de muitas gerações de criadores. Talvez
por isso se apresente em Mo: çambique, muitas vezes, como a única vantagem
conhecida das populações, considerando apenas no campo agro-pecuário.
Alguns dos 14 pontos que para o mencionado técnico brasileiro justificam o
emprego do fogo, são:
remoção do capim velho que o gado rejeita;
- estimulo normal do crescimento de vegetação nova e tenra para o rebanho em
épocas em que o rebentamento não ocorre naturalmente;
- destruição de parasitas transmissores de doenças;
_ Controlo de plantas invasoras e indesejáveis nos campos;
- preparação do solo para germinação de sementes de espécies forrageiras
desejáveis e estimulo da sua germinação;
- Encorajamento do crescimento de leguminosas nativas úteis como forragens e
no melhoramento do solo;
- manutenção da densidade da cobertura da vegetação;
- aumento da produção de massa verde e melhoria da sua qualidade. A forragem
de áreas queimadas em relação às não queimadas é mais rica em proteínas e
fósforo. A produção por área e ahimal com esta prática é aumentada tendo o gado
ganho duas a três vezes mais peso em pastagens queimadas.
Pelo que atrás fica dito, parece poder concluir-se que a queimada em
Moçambique se reveste também de aspectos vantajosos, dentro da actividade
pecuária., Não pode, no entanto, de forma alguma, ser praticada
indiscriminadamente e descontroladamente, pois os efeitos do fogo não são os
mesmos, sobre a vegetação, em toda a parte e em qualquer altura do ano. E este é
um dos aspectos em que se torna particularmente útil o esclarecimento das
populações, por, forma a que o fogo possa ser- utilizado como um meio de
melhorar as suas condições de vida e não como processo de destruição do
património nacional.
II
1 Ã II III
Ç ONTINUA o combate contra o alcoolismo. Este
combate desencadeado ao nível nacional irá trazer os seus grandes benefícios,
libertando milhares de moçambicanos de um vicio alimentado pelo próprio
sistema colonialista-capitalista, que explorou o povo durante muitos séculos.
O alcoolismo como arma do inimigo para destruição da vontade individual e
colectiva está condenado no Moçambique revolucionário de hoje e amanhã.
Contudo a luta diária contra o alcoolismo não passa necessariamente pela
destruição das fábricas, quer de cerveja quer de outras bebidas espirituosas,
mas insere-se sobretudo no combate ao alcoolismo como vicio -~ perigoso e
decadente.
Existe ainda em certos sectores de base uma certa deturpação sobre este combate
que se manifesta por exemplo em relação às chamadas bebidas tradicionais
moçambicanas, sobre as quais persistem uns certos mitos, abusos e confusões.
O que são na verdade as bebidas ditas tradici6nais? Como diferenciá-las de outras
mistelas intoxicantes e perigosas?
Que destino a dar àquilo que também pertence
ao património nacional e a cultura do próprio
povo?
«TEMPO» n,, 270- pág. 23
A polícia fascista perseguia e reprimia o consumo e comércio das bebidas
verdadeiramente moçambicanas para permitir
o colonialismo alcoólico com o vinho português
Uma cervejaria não faz mal ,a ninguém. Porém o consumo diário e excessivo traz
o vicio do alcoolismo «TEMPO» n . 270 - pág. 24
Comprovadamente mais alimentzcias que o vmnno e a cerveja o «upuLso» e o
«maeu», entre muitos outros nossos fermentados, supriniiam muitas vezes as
carências alimentares e vitamínicas de muitos trabalhadores moçambicanos
Q problema da venda e consumo de bebidas que os colonialistas chamavam de
«cafreais», tanto em Moçambique como no resto do continente, não é de agora. *
Os países europeus quando implantaram o seu domínio explorador em África,
implantaram-no de fact9N Conseguindo fomentar uma sociedade de consumo à
escala que lhes interessava, impuseram às populaçóes toda uma série de artigos
excedentários das indústrias metropolitanas, artigos esses que iam desde o
vestuário aos alimentos e bebidas.
A pouco e pouco, mas taivez mais rapidamente até do que os próprios
interessados esperavam, gerou-se entre os vários povos de Africa em franca
opressão colonizadora, o hábito de consumir bebidas alcoólicas e ur o p e i a s, de
lá vindas e fabricadas.
O vinho foi uma delas.
No entanto e apesar de todas as perseguiçóes e sevícias, as populações não se
deixaram intimidar e, contra o ' interesse dos industriais vinhateiros, iam também consumindo e depois até negociando, as suas próprias
bebidas tradicionais.
O colonialismo
alcoólico
PARA podermos ter em conta todos os mitos e deturpações que surgiram em
relação a determinadas bebidas de origem moçambicana, temos primeiro que
recorrer aos próprios documentos históricos existentes que nos falam da
colonização alcoólica no nosso país, assim como nas outras ex-colónias
portuguesas,, desde o século dezasseis até ao governo de Marceio Caetano.
Recorremos ao livro documertal de José Capela «0 vinho para o preto» e citando
o historiador Alexandre Lobato, sãbe-se que já em 1508 o feitor, de Sofala recebia
entre outros artigos 242 almudes de vinho e em 1518 se brigava por causa do
negócio do vinho na costa oriental de África, pois numa carta de um tal Diogo
Lopes Sequeira para o rei de Portugal já se falava «das queixas de Afonso Luís,
almoxarife da venda de vinhos de Sofala e Moçambique e chegou à índia e
declarou ter abandonado o cargo porque
Sancho de Toar persistiu em vender primeiro os seus vinhos do que os do rei».
Com o alargamento da ocupação do Brasil, Angola e Costa Oriental de África, os
vinicultores portugueses vi r a m várias áreas daquela cultura serem alargadas por
todo o território português, mas é na época do Marquês dia Pombal (século
dezoito) e Uevido à concorrência desmedida entre os referidos vinicultores, que
surge uma forte reacção sobre o plantio de. videira e venda do vinho e aparecem
as primeiras companhias vinícolas.
No final do último quartel do século dezanove e quando se finaliza a ocupação
armada do Sul do Save, as exportações de vinho de Portugal para Moçambiq.ue
começam a aumentar velozmente e, segundo relatórios da época, é de longe o
produto de maior valdr importado pela colónia.
No entanto, a partir de 1904 começa-se a verificar uma diminuição do então
chamado «vinho para preto» porque, paralelameite à repulsa que as populações
moçambicanas começaram a ter sobre a autêntica mixórdia que lhe tenta. vam
vender, começou-se a produzir localmente (primeiro por portugueses e indianos e
depois por certos elementos do p o v o moçambicano) a aguardente a partir da
cana de
açúcar, ao mesmo tempo que as bebidas naturais da região
- chamadas então «bebidas cafreais», impunham-se como mais genuinas, mais
alimentícias e menos prejudiciais,
A actuação
do governo
em Moçambique
colonial
VINICULTORES, exportadores e importadores de vinho para Moçambique
começaram na altura e desde logo preocupados com o referido decréscimo do
consumo.
Os detentores do poder na época e os que se seguiram empreenderam toda uma
série de acções legais para combater a produção da aguardente e bebidas
tradicionais.
Mouzinho de Albuquerque solicita a informação s o b r e «qual o tipo de vinho
nacional que mais facilmefite encontrará venda entre os vátuas para transmitir aos
comerciantes e ao governo central», enquanto
António Enes no seu célebre
«TEMPO» rn.1 270 - põg. 25
LBADORIO PRO VA EXCELFNTI RIOUEZA VITAMINICA DAS~ IBIDAS
MOCAMBICANAS
Bebidas tradicionais não são as mistelas
destiladas e intoxicantes
relatório apresentado ao Governo, depois de afirmar que «foi a natureza que fez o
africano borracho» e que a culpa da disseminação do vício «não cabia ao
europeu», fez algumas propostas de lei que a seguir transcrevemos:
Na proposta de lei intitulada «impostos sobre bebidas. destiladas dizia que o
fabrico e a venda da sura, o fabrico e a venda da cerveja e a venda /do vinho
deveriam gozar da completa isenção de contri«TEMPO» n2 70- pág 26
buições directas, taxas e licenças. mas o fabrico e venda de bebidas destiladas e
fermentadas seriam sujeitas a um regime tributário especial assim como as leis e
regulamentos excepcionais de fiscalização e de polícia».
Sobre vinhos nacionais recomenda a adopção de «vin h o s brancos ordinários de
elevada graduação alcoólica e fortemente açucarada para fornecimento aos
indígenas e propunha ainda o estabelecimento de depósitos de vinho desse tipo nas principais povoações de
Moçambique».
Marcelo Caetano E BNU investem no colonialismo alcoólico
-DESDE Mouzinho, e passando por António Enes. Frei-
re * de Andrade que, escreve um relatório que «partindo do princípio de que o
negro tem de beber e devemos tirar desse vicio o proveito possível» e não
desdenhando em afirmar que a fabricação das bebidas ditas cafreais «é a
vantagem para o bolsa do indík gena e péssima para os interesses dos produtores
da metrópole», chega-se ao governo colonial-fascista de Marcelo Caetano.
Vejamos. As contradições dentro deste colonialismo alcoólico acentuam-se cada
vez mais, agora já dentro do regime colonial-fascista de Salazar que tem na altura
Marcelo Caetano como ministro das colónias.
Marcelo Caetano que está impregnado de todo o saudosismo do citado passado
colonial e as suas opinióes sobre o vinho para. o denominado Ultramar estão bem
explícitas no seu livro «Os nativos na Economia Africana», Transcreve-se:
«Algumas bebidas, mesmo só fermentadas, de f a b r i c o cafreal, são altamente
inebriantes e os indígenas bebem-nas imoderadamente sempre que as conseguem.
Assim acontece com o terrível Marrufo, vinho de palma da seiva da palmeira
dem-dem, ou com o vinho de caju que em Moçambique se fabrica com
abundância na época em que os cajueiros espontâneos dão fruto.
Para desviar a população destas bebidas t e m - s e procurado em Angola facilitar
o consumo de vinhos portugueses comuns, sobretudo tintos, de baixa graduação.
Estes vinhos são bem aceites pelos nativos embora ainda sejam caros e a cvsrva
do seu consumo representa já um índice importante do poder de compra da parte
evoluida, ou em fase adiantada de evolução, da população nativa. Em 1940
Angola importou 6 milhões de'litros de vinhos comuns tintos no valor de 15 mil
contos; em 1951 a quantidade importada da mesma origem foi superior a 35
milhões de litros e o valor subiu a 170 mil contos, quer dizer que Angola começa
a ser um mercado importante para os v i n h o s portugueses; e Moçambique, se o
problema da redução de fretes conseguir solução satisfatória, poderá vir a sé-lo
também».
Marcelo Caetano no mesmo livro e na página 62 alega que «o preto, ou guarda o
dinheiro improdutivamente ou gasta em bebidas e bródios» e conclui: «Em
Angola e Moçambique existem q u a s e dez milhões de indígenas. Imagine-se o
que pode representar para
a indústria portuguesa que esta gente c o m p r e produtos seus!» - de Portugal,
claro! Este aditamento é nosso.
Assim em 1966 o boletim do B. N. U. referente ao quartro trimestre concluía,
como se segue, uma «análise» do problema:
«Parece evidente que a crise de sobre produção que, em alguns anos, tanto tem
afectado a vinicultura metropolitana, pode ser muito atenuada
- ou até totalmente resolvida - através do escoamento dos nossos produtos vínicos
para as províncias ultramarinas.
«Não basta restringir o plantio da vinha e regular a produção do vinho. É
necessária uma criteriosa adopção de medidas tendentes a aumentar o consumo de
vinho em todo o território Nacional. O Ultramar é assim, uma esperança que pode
tomar-se certeza e contribuir decisivamente para a solução do problema de
consumos».
Pouco tempo depois desta «esplendorosa e concludente análise» é emanado dos
ministérios do Ultramar e da Economia, um despacho de 25-9-1967 que leva os
exportadores metropolitanos à instalação em Angola e Moçambique de unidades
de engarrafamento, e o vinho passa a ser transportado em navios-tanques.
Bebidas
tradicionais
os mitos
e as realidades
COMo verificámos pelos documentos históricos apresentados, o colonialismo
alcoólico vinícola em Moçambique teve sempre um inimigo que eram as nossas
próprias bebidas ditas tradicionais.
Contudo, sobre estas últimas há que salientar desde já que há uma diferença entre
as verdadeiras bebidas moçamb;canas e as mistelas intoxicantes que se
'fabricaram quase se m p r e clandestinamente e que são deveras perigosas para o
consumo humano. O seu fabrico visava e visa o lucro fácil e rápida. Há, por
conseguinte, uma qrande diferença entre as bebidas fermentadas de pouco teor
alcoólico e as bebidas, digamos beberagens, destiladas.
As chamadas bebidas tradicionais (fermentadas) são inú, meras e variam um
pouco pelas diversas províncias do
país. Na sua contecçao entram geralmente frutos (silvestres
ou não) ou seivas como por exemplo o caju, canho, mahimbe, manga, massala,
tinzol, maçam, cana sacarina, diversas palmeiras, etc.
A bebida tradicional fermentada genérica em todo o pais ~é aquela que os
colonialistas chamavam «cerveja cafreal», obtida pela fermentação de cereais.,
especialmente m i 1 h o, mapira e mexoeira. ' O consumo destas bebidas (a venda
delas é outro problema) tem sido objecto de certos mitos e juízos estereotipados.
Contudo o único estudo científico que foi feito sobre essas bebidas tradicionais
moçambicanas deve-se ao dr. Atouguia Pimenta e que desmistifica o que se diz
sobre elas.
Efectivamente o dr. Atouguia Pimenta depois de aturadosý estudos laboratoriais,
con+cluiu que o teor em vitaminas lhes concebia um valor particularmente
importante.
Por exemplo os frutos utilizados na confecção do «ucanhe» (Sclerocarya caffa) e
do caiu «chicadju» (Anacardium occidentale), são reservatórios importantes do
complexo B que, por ser solúvel, se encontra em grande quantidade juntamente
com a promitamina A, a vitamina K, etc.
1 O conhecido «uputso» confeccionado com farinha de milho é rica em vitamina
C, que se forma na germinação dos cereais, tal como o caso do «maeu».
Todo este manancial vitaminico enriquecido com as leveduras fornecem
quantidades notáveis de complexo B, vitamina PP e muitas outras.
O problema da comercialização destas bebidas e a higiene da sua fabricação é que
deveria merecer um e s t u d o profundo de maneira a não permitir abusos e
exploração e alienação das massas.
Quanto ao conhecido «tontonto» aguardente de cana, e outras bebidas destiladas
de perigosa toxidade, a luta deve continuar de forma a liquidar a sua fabricação
casePra e com fins lucrativos de exploração do vício.
Vamos procurar descobrir alternativas revolucionárias Para canalizar desde a
origem e para outros fins a producão dos nossos cereais e dos nossos frutos. Não
permitir por exemplo o consumo do «upusto» e deixar que o operário vA à
cantina do bairro e se embebede de cerveja seria uma contradicão.
O aproveitamento dos fermentados moçambicanos dentro de uma perspectiva
alimentícia seria um caminho a descobrir.
e!
UMA NOVA SENSAÇÃO DE FRESCURA
O VERDADEIRO SABOR DE MENTA e gosto rdrosaeam ~que todos apreiam
a vitória é da juventude. agradável fresco
delicioso. como os continuadores querem
OMPANHIA MUSTRIL M MAlA, S.A..L
Moçaambique tem segundo a opinião dos técnicos internacionais de agricultura,
os melhores pastos do mundo. Certos capins moçambicanos foram transportados
para a Austrália e ai plantados para servirem de pasto ao gado dos criadores desse
país. Por outro lado, e segundo a opinião de técnicos nacionais de agricultura,
Moçambique detém as condiçes necessãrias para manter um armentio (número
total de cabeças) de bovinos, de mais de cinquenta milhões de
«TEMPO» n," 270- pdg. 28
Porém, a totalidade de bovinos a nível nacional tem apenas um milhão e meio de
cabeça, estando desse número 45 por cento nas mãos de criadores empresariais,
(chamados no período colonial de criadores evoluídos) e 55 por cento nas mãos
dos criadores camponeses, até aqui chamados de criadores tradiciónais.
- Entretanto, ao mesmo tempo que se agrava a situação dos pequenos criadores
camponeses, pela falta de pastos motivada pela ocupação não só das
melhores mas também da maior parte das terras propícias à eriação de gado
bovino pelos criadores empresariais, regista se no Sul do Save, região semi-árida
e a de maior concentração da manada nacional de bovinos, uma grave e
desvastadora invasão de arbustos espinhosos do tipo «micaia» que destruindo o
capim existente nos pastos, os transforma em autênticas matas de espinhos, onde
se não permite sequer a penetração de um coelho.
Tudo isto,. que é resultado da inconsciência de cortos criadores empresariais, vem da concentração numa determinada extensão de
pasto de um número excessivo de cabeç de gado bovino que, ao aumentar em
larga escala o consumo de capins (gramineas e leguminosas) que lhes servem de
alimentação, desiquilibraram as forças cológicas naturais, dando assim origem a
que os arbustos do tipo «micaa» entrem com estes em competição e vencendo-os,
o que origina a sua invasão nos terrenos de pastagem, e por conseguinte a
destruição destas.
«TEMPO» n.o 270- pdg. 29
Logo após o derrube dos arbustos, e para que em lu- Os criadores camponeses do
distrito de Magude, ,como -deve gar de um não nasçam quatro ou cinco, é
necessá- acontecer com muitos, outros atravessam um grave problerio pincelar
os galhos cortados com herbicidas ma. No período da seca, nas terras onde lhes
ainda é permitido levar o seu gado a pastar não nasce capim. No período das
chuvas, e quando nessas terras há capim, elas estão ocupadas pelas machambas,
sendo o seu gado e para que nan invada as machambas, obrigado a pastar à volta
das habitações dos camponeses, ou mesmo até dentro dos currais. Tudo isto é
fruto da inconsciência dos criadores empresariais, que ocuparam as terras e
permitiram a invasão de arbustos nelas, para logo a seguir pedir nova concessão e
afastar delas os camponeses que aí viviam e trabalhavam
A terra não é - como os capitalistas p e n s a m - um simples poço de saque, um
vaso de onde se suga disparatadamente dinheiro.
Assim o capitalista da pecuária em Moçambique, o criador empresarial, ig n o r a
ndo que a terra como toda a natureza tem forças internas que quando equilibradas
permitem um estágio normal e dinâmico, ignorando a sua constituição e a forma
de como esta dá ao homem os produtos de que necessita, mas pensando apenas
em termos comerciais como se a terra trabalhasse em função do capital nela
investido, mesmo que este estivesse empregue em objectos inúteis e só porque
significavam empate de capital, resolveram ir concentrando num determinado
espaço de terreno de pastagem que haviam pedido ao governo colonial, e para o
qual este havia desalojado os camponeses que aí habitavam e trabalhavam, um
número excessivo de cabeças de bovinos que iam adquirindo ou procriando na sua
manada, e que não respeitavam no seu
«TEMPO» n, 270 - pág. 30
processo de pastoreio, qualquer norma que vizasse o tratamento da terra de
pastagem ou o seu poisie (descanso para fortalecimento e crescimento do capim
nele existente). A partir daí e porque o enorme número de cabeças elevou
aítamente o consumo de capins existentes em cada pasto, e estes foram
normalmente escaceando pela alta taxa de consumo, permitiu-se que com ele
entrasse em competição o arbusto espinhoso do t i p o «micaia» que o vence pela
sua condição de debilidade.
Ao vencer o capim, este tipo de arbusto que não serve de alimentação aos bovinos
(pois que apenas servem determinados c.a p i n s como a gramíbea e as
leguminosas), invade a pastagem constituindo na sua marcha autênticas matas de
espinhos que não permitem sequer a entrada de um coelho, 'destruindo assim a
pastagem.
Porém e nem mesmo depois de observando, o resultado desta excessiva
concentração de cabeças de gado em pastos sem qualquer preparação, os criadores empresariais se preocuparam em transformar os métodos
utilizados, pois,que quando viam destruídos pela invasão de micaias os seus
pastos mais não tinham que fazer senão pedir um acrescento de terreno para pasto
ao governo colonial, e para aí transferir a sua manada de bovinos.
Neste sentido nunca eram os criadores empresariais, que mais directamente
estavam ligados à invasão das pastagens por parte dos arbustos, portanto à sua
destruição que se prejudicavam, mas sim os camponeses, que pelos males que
advinham às terras dos senhores criadores de terreno privado, eram obrigados a
abandonar o seu local de habitação e trabalho de há multas gerações atrás. Assim
os criadores empresariais d e t i nham largas extensões de autênticas florestas
espinhosas que haviam sido óptimas terras de pasto, logo ao lado das terras boas
também sob o seu ceicado, e que mais tarde se viriam também a transformar em
matas de arbustos, dando
origem ao novo alargamento dos seus cercados, empurrando se necessário os
camponeses que viviam e trabalhavam nas novas terras a ocupar.
Procedia-se assim a longo e médio prazo à destruição por completo das boas
terras de pasto do Sul do Save de Moçambique.
Por outro lado a invasão de arbustos é ainda consequência do extermínio e
desaparecimento de animais «Brousers», animais que se alimentam da folhagem e
troncos dos arbustos, e que contribuíam directamente para o equilíbrio entre estes
e as gramíneas e leguminosas, plantas alimentares dos bovinos. (São exemplo de
Brousers: os elefantes, as girafas, os cudos, as cabras e outros). Estes animais
desapareceram como sabemos; quer como consequência da irracional corrida aos
troféus de caça, quer pelQ seu afastamento d o s interiores dos cercados dos
pastos dos criadores empresariais, bem como é ainda fruto da fome que assolavam
certos camponeses
No passado mês de Julho, os camponeses de Magude em colaboração com
estudantes mobilizados nas brigadas de Julho da Universidade, fizeram várias
operações experimentais de combate ao arbusto, num posto piloto dos Serviços.
de Veteriftíria. Hoje, e depois desta experiência, os camponeses pensam já em
recuperarem uma pastagem invadida, e transjormd-la em pastagem colectiva
no período da seca, e que os obrigava a recorrer à coça embora ela representasse
um número muito baixo de presas.
A tudo isto há a juntar a errada tentativa de combate aos arbustos através do
derrube descontrolado e incompleto, bem como das queimadas sem estudo prévio
e que só servem para activar o alastramento (pois que os arbustos quando
dprrubados em forma incompleta, dão mais tarde origem ao crescimento de quatro
ou cinco arbustos no lugar de um) e queimar a terra, destruindo as sementes do
capim.
Por outro lado a invasão arbustívera pode ser acelerada por motivos ligados à
transformação morfológica do próprio solo, que o pode levar à seca.
Assim, quando numa planície situada junto de um vale as águas podem e por o
terreno ser completamente plano, não ser escoadas para as margens do rio, e
assim infiltrarem-se no subsolo humedecendo-o (propicio ao desenvolvimento das
gramíneas e
outros capins); essa si pode ser transformada erosão, constituindo-se ticos regos
que irão esc águas para o rio, não tindo assim o seu infilt to no subsolo, e origina
seca deste, o que vai tÚ propício ao desenvolvi dos arbustos espinhosos
Combater
o arbusto
reconstruir
as pastagenA invasão de arbusto zonas de pastagens no S Save, zona de maior de
de populacional bovina d çambique, está generaliz constitui já grave problen
pecuária moçambicana. A necessidade urgent combater a destruiçã nossas
pastagens pelas sões de arbustos, a nec 'dada não só de a estanca mo também de
recupera
tuação pastagens já destruídas é bem pela clara e patente.
autên- Se como vimos a invasão
oar as arbustiva tem como causas o permi- desiquilíbrio ecológico da zona
ramen- de pastagem e não o seu surndo a gimento espontâneo, é fácil de ornálo prever que qualquer combate, mento que todo o combate à sua
proliferação, deve ter como base a restauração das condiç õ e s normais de
equilíbrio
ecológico.
Assim qualquer combate fi'sico ou químico através do derrube ou actuação de
produtos químicos, de nada serviria se não fosse seguido do s
estabelecimento das condições
normais de equilíbrio natural, mas sim para activar o seu rs em crescimento e o
alastrar. Disul do so é exemplo prático o dernsida- rube com tractores de derrue
Mo- be que -alguns criadores emada e presariais f i z e r a m nas suas ma da
pastagens e que mais tarde
(passado menos de um ano) e de as transformaram novamente o das em matas
de espinhos. iava- Nesse sentido deve-se, ancessi- tas de executar qualquer
comar co- bate activo, estabelecer todo ar as um plano de combate preventivo, um combate que leve ao restabelecimento das condições de equilíbrio da
região, ligando estreitamente e s t e s dois tipos de combate.
Segundo a opinião de um técnico da especialidade com quem contactámos, devese numa primeira fase proceder ao seguinte:
- Estudar qual a extensão
de pasto necessária à criação de uma cabeça ,de gado (carga animal de uma
extensão de pasto).
Este estudo faz-se a partir de dois dados fundamentais: Constituição da flora da
zona de pastagem, e tipo de animal que se pretende criar na
mesma zona.
- Fazer o planeamento do complexo de criação, no que diz respeito à construção e
distribuição de bebedouros, tanques anti-carracicidas, picadas, estradas e
habitações, reservando sempre os locais mais adequados à construção das
diferentes instalações.
-Estudo do método de
«TEMPO» n. 270- pág. i
Fernando Manesse Chixava - 15
Arrone Machel - 16 cabeças de bovinos
anos de idade, 12 anos de serviço.
Tem 32 cabeças de bovinos
Sebastião Muiambo - 20
cabeças de bovinos
pastagem no que diz respeito a divisão do pasto em talhões e seu uso rotativo.
Este estudo está.
no que diz respeito ao tamanho dos talhões e ao período cronológico de
permanência do ga d o num determinado talhão, estreitamente dependente do
primeiro estudo, do estudo em que se apura a área de pasto necessária para a
criação de
uma cabeça de gado.
- De grande importância, é
ainda um estudo que vise a possibilidade de consorciação dos bovinos, animais
Grasers e que se alimentam de plantas rasteiras como as gramíneas e
leguminosas, com Brousers, animais que se alimentam da folagem dos arbustos
como acontece por exemplo com um animal de criação, a cabra.
Só depois de estabelecidas levarão ao equilíbrio ecológico estas condições de
base, que natural das zonas de pastagens, se deve então estabelecer o combate
activo aos arbustos, quer através de um derrube queimada organizada ou
fumigação de produtos químicos. Porém, este combate pode ainda estar ligado à
transformação racional das
«TEMPO» n." 270 - pd9. 32
condições ecológicas das pastagnes. Assim numa planície situada num vale e em
que pela erosão tenham sido criados regos naturais de escoamento, que levam as
águas para as margens do rio em lugar de se infiltrarem no subsolo e permitirem
assim o crescimento natural das gramíneas e plantas alimentares dos bovinos, o
resultado'do derrube dos arbustos, portanto a sua folhagem e troncos pode ser
utilizado para a construção de diques naturais que impedirão o escoamento das
águas, levando-as assim ao infiltramento necessário no subsolo.
Todo este necessário combate contra a destruição de um dos maiores recursos
naturois, a terra como pastagem. terá as condições bases de desenvolvimento com
a organização colectiva dos camponeses criadores (com a organização das aldeias
comunais) fase em que estes poderão estudar a melhor forma de combate a nlvel
prático, e executá-lo também de uma forma colectiva.
MAGUDE:
Das sequelas
do colonialismo
a recriar processos
de produção
Com o objectivo de obter dados práticos s o b re como aparece a invasão dos
arbustos, o que ela origina e sobre os resultados práticos na luta contra a sua
proliferação e destruição das pastagens, deslocámo-nos ao distrito de Magude, o
distrito mais populoso em bovinos na província do Maputo.
Ao contactarmos o posto de Sanidade Pecuária distrital viemos a saber que o
distrito tem um armentio de 130000 cabeças de bovinos, 27 000 caprinos e 10000
ovinos, estando dos bovinos 85 mil nas mãos dos criadores camponeses e 45 mil
nas dos criadores empresariais. Soubemos a i n d a que o encabeçamento é de 5
hectares e meio por cabeça, mas que se fossem descontadas terras ocupadas por
estradas, rios, aldeias e serras, concluir-se-ia que cedem apenas três e meio a
quatro hectares por cabeça. Por outro lado, sabendose que o distrito faz parte
de'uma zona semi-árida que tem o seu centro, em Pafuri, onde existe constante falta de água e as
chuvas são em regime desregrado, verifica-se a necessidade de quatro a dez
hectares por cabeça, Verifica-se que portanto em certas áreas do distrito existe
uma excessiva concentração de bovinos para extensão de terras existentes, e
portanto a necessidade de se proceder ao estudo da distribuição dos animais pelas
diferentes áreas. Por outro, lado ainda, e porque durante todo o período colonial
foi aos criadores empresariais cedido toda a extensão de terras para pasto que
estes quisessem ocupar, desalojando para isso os camponeses que nelas habitavam
e trabalhavam, e s te s enfrentam agora o grave problema da inexistência total de
terras para o pasto do seu gado que é em percentagem muito maior que a dos
criadores empresariais, que ocupam quase todas as terras do distrito propícias à
criação de gado. Assim se no tempo da seca não existe nas terras ainda livres
qualquer tipo de capins, pois que naquelas terras não propícias à criação de gado
nas zonas semi-áridas isso é normal, no tempo das chuvas e quando há capim as
terras estão completamente ocupadas p e 1 a s machambas, deparando os
camponeses criadores com o grave problemas destas serem
camponeses disseram: Nas nossas terras não há micaias porque nós fazemos
machamaba
ivadidas pelo gado faminto estruindo assim todo o prouto do seu trabalho
agrícola. No sentido de resolverem ste grave problema, os camoneses criadores de
Magude em particular os da periferia a sede do distrito) estão a ríar condições
para organizaão de pastagens colectivas ara o seu gado em colaboraão com o
Grupo Dinamizador istrital e.o Posto de Sanidal Pecuária, tendo já e depois a
discutido a melhor forma e se organizarem colectivalente, feito uma proposta a n
dos criadores empresariais :o distrito e que tem mais do ue uma zona de pastagem
D distritõ, no sentido de este es ceder uma parte da zona :uPEda por «micaias»
ocupa) Pr este criador e que eles ,cULverariam através de um m)r>ete icoectivo
com o >o1 técnico do Posto de Sadie% Pecuária do distrito. No sentido de
auscultarmos reltemente os camponeses íia^res conversámos com gun, c u jo s
depoimentos n'trevemos na integra.
NINANDO MANESSE
CHXAVA
#Nos de idade - 12 anos 1\rviço. Tem 32 bovinos
soneu gado é obrigado a q^ à volta de casa e do
íno curral porque há
falta de capim, e os terrenos com capim são privados.
A zona onde nós, as populações, pastávamos o gado foi aos p o u c o s sendo
ocupada pelos criadores privados, e por isso nós ficámos sem lugar para pastar o
gado.
Por isso temos um grande problema: quando há seca não temos capim nenhum, e
quando há chuva a terra está ocupada pelas machambas e o gado não tem stio para
pastar a não ser à volta de casa ou então dentro do curral.
ARRONE MACHEL
16 cabeças de gado bovino
Tenho g r a v e s problemas' porque não há sítio onde o gado possa ,pastar.
Ao princípio havia pastagens, mas aqui há vinte anos começou a aparecer esse
problema. Foi tudo por causa dos proprietários que começaram a ocupar as terras
do povo, as terras que agora se chamam privadas.
Só há uma forma de resolver isto, é conseguir pastos para o gado dos camponeses.
Aqui em Magude já há trabalho para criar as condições de construção de aldeias
comunais. só faltam técnicos e ordem para começarmos a trabalhar.
SEBASTIAO MUIAMBO Tem 20 cabeças de gado
O meu gado pasta em volta das pequenas povoações porque é difícil encontrar
pastos para ele. No sítio onde nós os camponeses pastávamos o nosso gado não há
micaiasr mas, nos pastos dos criadores privados há muitas, e eles vão sempre
tentando alargar as suas terras, empurrando-nos a nós.
ANTÓNIO CHIXAVA
Tem 50 bovinos
Há muito teippo havia pastagens, o gado pastava nos locais que agora são
privados, mas agoratemos grandes problemas porque não temos lugar onde os
mandar pastar. A maior parte do terreno que não é ocupado pelos criadores
privados é preciso para as machambas, é ocupado pelas machambas. Nós fazemos
machamba aqui. Nos pastos dos criadores privados há micaias mas aqui não há
porque nós fazemos machamba.
DOMAS JOSINE
Tem 27 cabeças de bovinos
O empresarial Ferreira, ocupou todas as terras onde nós pastávamos o nosso gado.
Agora por causa dele só podemos pastar o nosso gado à volta das casas.
Já pensámos em mandar o gado para onde nós o levávamos a pastar awgasente,
mas como essas pestagens ainda são particulares esperamos ordens. Já estudámos
um grande espaço de pastagem para criarm os una pastagem comum com um
unido cercado para os camponeses.
Tenho cabritos e bois, mas é preciso criar espaço para eles viverem e comerem.
Estou contente por poder dizer isto.
ABILIO BIZA
22 bovinos, 10 cabritos
e 11 ovelhas
O problema de pastagens para o gado é o que mais nos afecta. Tentámos levar o
gado para muito longe, para depois da linha férrea, mas tivemos muitos
problemas. Aqui ao pé já não há capim, há água mas não há Icap;m.
Antigamente h a vi a pastagens mas agora foram ocupadas pelos particulares. Eles
foram aos poucos e poucos ocupando toda a zona de pasto. Várias populaçôes
foram expulsas de suas casas. Lá há muitas m~. a zona das micaias é a que está
ocupada pelos articulares.
«TEMPO» n.,, 270 - pag. 33
Vista aérea e um aspecto da rua de um musseque, neste caso o Bairro do Golfe,
único que nunca foi ocupado pela UPA/FNLA-UNITA, devido à combatívidade
dos seus habitantes. O primeiro bairro onde flutuou a bandeira do MPLA
«TEMPO» n.' 270 - pág. 34
Os mussequep têm ruas direitas onde de um lado e do outro alinham habitações
por vezes casebres miseráveis, como as que as imagens apresentam. A criança que
está a brincar com um pneu completa um ambiente bem parecido com o dos
subúrbios de Lourenço Marques. O colonialismo apenas deixou pobreza,
analfabetismo, prostituição. A vida nos musseques é o resultado directo da
exploração a que foram sujeitos oS seus habitantes
«TEMPO» n.- 270- pdg. 35
«TEMPO» n., 270- págR. 36
Quatro aspectos da cidade de Luanda, onde apesar da guerra a vida continua cada
vez com mais ritmo. O contraste social espalhado ros habitantes. Contrariamente
às falsas notícias, Luanda é uma cidade inteira onde não há vestígios de nenhum
bombardeamento aéreo
«TEMPO» n.o 270 - pág. 37
As paredes de Luanda estão cheias de palavras de ordem do MPLA e de frases
como «VIVA A FRELIMO», «Viva a República Popular de Moçambique», etc..
Numa das fotos vê-se um jornal de parede. Esta forma de informação está muito
divulgada principalmente nos musseques e a sua organização está a cargo das
várias secções do Departamento de Informação e Propaganda nas Comissões de
Bairro e de Trabalho
«TEMPO>n.' 270- pdg. 38
Ái vY l
A mulher Angolana, organizada pela OMA, partidipa activamente na vida do pais.
Uma marcha durante os festejós da Independência
«TE MPO> n. 270- pdg. 39
A moça que está a cozer confecciona, numa sede da OMA, bandeiras do MPLA,
no Bairro Popular n.° 1. A outra, de camisola, é responsável pela secção da OMA
no Bairro Operário. Na imagem estava a prestar declarações à «TEMPO»
Aprender a ler e a escrever bordando. Uma das actividades da OMA que abrange
mulheres idosas que nunca foram à escola. Uma maneira muito original de
alfabetizar, ensinando a costurar. Deste
modo se junta o útil ao
agradável
«TEMPO» n-,,. 270 - pág. 40
Organização de Defesa Popülar'. Nas milícias participam pessoas de todas aS
classes sociais adquirindo preparação para uma auto-defesa. A instrução é dada
por elementos das FAPLA e consiste na aprendizagem do manejo de armas de
fogo, ginástica e patrulhamentos
«TEMPO» n.< 270- pág. 41
As FAPLA não se limitam apenas a combater. Também se dedicam à produção
agrícola para o próprio sustento como tostemunham as imagens obtidas na frente
de Caxito «TEMPO» n. 270- pág. 42
Dois tanques «Panhard» de fabrico francês destruidos pelas FAPLA na frente de
Caxito. Numa das fotos vá-se os pés de um mercenário sul-africano que ia a
conduzir o blindado. A morte de um assassino «TEMPO» n.- 270- pdg. 43
As FAPLA em missão de vigilfncia numa frente de combate
Ponte destruida pelas FAPLA na Frente Norte. Esta ponte está sobre o rio Dange
e foi destruda para impedir o avanço dos tanques mercenários
Depois de terem expulso os invasores as FAPLA entram em Samba-Caju, Vila do
norte
«TEMPO» n.- 270- pdg. 44
A prova de que a Luta do MPLA é uma luta popular. O Homem do meio participa
na luta servindo-se da sua arma tradicional (arco e flexa) «TEMPO» n.- 270- pdg.
45
abra uma
conto depoiito
para ele
Ofereça ao seu filho uma conta deposito a prazo na Caixa Economica do
Montepio
onde o dinheiro cresce mais depressa do, que ele!
Quando ele for um homem um deposito de dez
contos no Montepio, aumenta para 56 contos!
Taxas de juros ate 9,5% isentos de impostos. Deposite no Montepio onde o seu
dinheiro rende mais.
Montepio
O ASSASSINO
FASCISTA ARDIAGA
E A SUA DERROTA NA NO GODIO
'o Depoimento do camarada
Raimundo Pachinuapã
«Só seremos capazes de manter um domínio
branco em Angola e Moçambique se o povoamento (branco) for em ritmo que
acompanhe e ultrapasse ligeiramente pelo menos, a produção de negros
evoluidos.... não podemos produzir negros evoluídos em quantidade superior
aquela que corresponde ao Povoamento branco.... Precisamos de travar
ligeiramente a promoção dos Povos Negros,'depois temos que convencer esta
gente que estamos a promovê-los num ritmo adequado.... «Palavras de uma lição
num Curso de Altos Comandos em 1967 do criminoso e assassino fascista-nazi,
Kaulza de Arriaga, onde claramente define a sua linha de pensamento
reaccionário que seria posto em prática durante a operação Nó GõRDIO.
O Camarada Raimundo Pachinuapa, Comandante Provincial de Cabo Delgado
desde 1964, e hoje Governador daquela província analisa o que foi a Nó
GõRDIO,.quem dirigiu essa criminosa e fraticida ofensiva imperialista, porque é
que Arriaga - filho querido dos patrões imperialistas -tinha 50 mil ho, mens ao seu
dispôr e várias toneladas de material
de guerra. Esta entrevista foi-nos sor Provincial de Cabo Delgado.
Como e quando apareceu o sr. general Kaúza de Arriaga em Moçambique? O dito
grande General apareceu em Moçambique em 1970, depois de 6 anos da luta de
libertação do nosso país. Antes da sua vinda, o Governo fascista português havia
mandado generais com muita' força, mas não conseguiu vencer a força popular.
O envio deste carrasco comandante foi motivado pelas derrotas diárias que o
exército colonial sofreu em 1969. Nestes dois anos o exército colonial estava na
defensiva, e as nossas forças sempre estiveram capturando muitos soldados
inimigos, muito material bélico' e executando grandes assaltos aos seus quartéis.
Os grandes senhores que traçaram planos estando em Portugal. decidiram enviar
para Moçambique o seu representante, isto é, o homem carrasco. Mas, sem
experiência duma guerra popular, este representante, o senhor Kaúlza de Arriaga,
antes de chegar a Moçambique; foi aos Estados Unidos da América, a fim de
contactar
cedida pelo Emisos grandes generais especialistas em
massacrar o povo do Vietname.
Como a nossa guerra era e é popular, a direcção da FRELIMO., isto é, o
Comando das Forças Populares de Libertação de Moçambique, já sabia da
sua vinda e seus planos.
Com isto, o Comité Político Militar
da FRELIMO destacou para várias frentes o Comandante em Chefe das Forças
Populares de Libertação de Moçambique a fim de organizar o povo. Em Março de
1970 as nossas forças intensificam os combates e lançam uma grande ofensiva em
todas as frentes do
nossa pais.,
O sr. Kaúlza de Arriaga. que tinha
declarado pelo mundo inteiro que havia de pôr termo à guerra em Mo,çam: bique
em dois meses quando... chegou nas nossas zonas, o nosso Comandante-em-Chefe
Camarada Samora Moisés Machel estava a acompanhar todos os seus
movimentos e fazia reuniões com o povo. Quando o sr. general Kaúlza Arriaga
vplto« a Nampula explicou aos
seus chefes a situação real e concreta nas antigas zonas libertadas, zonas que eram
controladas pela FRELIMO. Ele pediu aos seus senhores para acabar com a
guerra em Moçambique, 50000 homens, muito material, muitos aviões, tanques,
todas armas que são necessárias para poder liquidar um inimigo. Tudo o que foi
solicitado foi-lhe dado porque ele ptometeu aos seus senhores que dentro de dois
meses ele havia de pôr termo à guerra em Moçambique.
COMEÇO DA SUA OFENSIVA
Em Máio o sr. Kaúlza de Arriaga começa com ps suas ofensivas enviando os seus
agentes, os seus lacaios - como Lázaro Kavandame - a fim de explorarem a
situação do povo de Moçambique. Além dos inimigos que eram infiltrados nas
nossas zonas, o sr. Kaúlza de Arriaga fez grande propaganda lançando panfletos
em toda a parte, andando- com aviões pedindo ao povo
«TEMPO» n.-,270 -pág. 47
Tudo o que Kaúlza pediu para a operação «Nó Górdio» lhe foi fornecido, porque,
ele prometeu aos seus senhores pôr termo à guerra em Moçambique em dois
meses. 50 mil homens, muito material, muitos aviões, tanques, todas as armas que
ele julgou necessárias para poder liquidar-nos
Foi o nosso povo armado, foi a unidade do Povo do Rovuma ao Maputo, foi a
força popular, que conseguiu desfazer todos aqueles equipamentos, todos aqueles
aviões
para que fosse regressar. porque ele tinha a tropa muito forte, tropa bem
preparada, e capaz de poder ensinar, a que a força da FRELIMO, que a força da
FRELIMO não era capaz de enfrentar com a força o Kaúlza de Arriaga tinha os
seus 50000 homens...
Os últimos panfletos lançados pelo vergonhoso Kaúlza de Ariaga tinham os
seguintes termos: «Eu sou um bom cristão, por isto não quero matar, peço ao
povo de Moçambique para que se entregue ä tropa, porque a tropa portuguesa é
uma tropa boa, é uma tropa que faz a paz a Moçambique, por isso todos devem
voltar para poderem entergar-se às autoridades portuguesas, (ue sereis bem
tratados como filhos portugueses».
Mas a nossa população ridicularizou essas palavras do sr. Kaúlza de Arriaga
Sempre estivemos vigilantes, sempre estivemos a combater dia e noite,
No fim de Maio começa então grande ofensiva «Nó Górdio». Esta ofensiva do sr.
Kaúlza de Arriaga teve, como 'disse, no princípio, 50 000 homens. Bem
equipados, bem preparados em massacres e assassínios. O sr. general Kaülza de
Arriaga estava convencido que a guerra em Moçambique podia acabar dentro de
dois meses. Mas tudo foi ao contrário, porque a nossa guerra era e é uma guerra
popular. Quando chegamos a Julho de mesmo ano, a tropa portuguesa, que nos
primeiros dias avançavam como heróis, começavam a recuar no momento em que
se encontaravam com as nossas forças. Assim, então, a nossa força sempre
ganhou
«TEMPO» n., 270 - pág. 48
terreno no campo de batalha, afogentando sempre o inimigo, quando ele tentava
infiltar-se nas nossas zonas, a fim de massacrar o nosso povo.
Em Setembro o sr. Kaúlza de Arriaga muito envergonhado já se considerou
incapaz de acabar a guerra em Moçambique, isto é, convenceu-se que o seu
resultado já não tinha efeito.
O resultado do sr. Kaúlza de Arriaga foi a morte de muitos filhos do povo
português, filhos inocentes que não sabiam porque estavam a combater, não
sabiam o que estavam a defender, por isso, depois deles terem verificado tantas
derrotas, só so limitavam em fugir e tentar apresentar-se às forças da Frente de
Libertação de Moçambique.
Por nosso lado, nós chamamos ao sr. Kaúlza de Arriaga um grande assassino.
porque ele durante as suas ofensivas em vez de se enfrentar com as Forças
Populares de Moçambique, ele foi sempre massacrar a nossa população. Foi,
massacrando crianças, e velhos, pessoas que não tinham defesa nenhuma, pessoas
que estavam nas suas casas, inocentes. Portanto, Kaúlza de Arriaga, através das
suas bombas, com 20 aviões sempre nas suas ofensivas, andou a maltratar a
nosso povo, e declarou ao mundo que ia pôr termo à guerra em Moçambique.
Mas, finalmento ele ficou convencido que a guerra popular não se pode acabar,
para um Povo decidido como o nosso. Embora nós tivessemos armas
rudimentares, e o sr, Kaúlza de Arriaga estivesse equipado de armas modernas,
armas muito modernas, e de conhecimentos, como ele lhe chamava
conhecimentos mais avançados, saiu de Moçambique muito envergonhado. O
povo de Moçambique, dirigido pela Frelimo, e a sua vanguarda. as Forças
Populares de Libertação de Moçambique, consideram o sr. Kaúlza de Arriaga um grande criminoso, para o povo de Moçambique, e mesmo- o
povo português.
Finalmente o plano Nó Górdio ficou sem efeito.Neste momento nós podemos ver
aqui em Moçambique, do Rovuma até ao Maputo, que a Frelimo já ganhou a
terra, a Frelimo já libertou o povo, a Frelimo já libertou a sua-gente. Portanto, não
basta ser general assassino, sem experiência, não basta ser general a comandar de
longe sem saber a situação presente, provamos a situação que o sr. Kaúlza de
Arriaga se fez cá no nosso país. Quem venceu Kaúlza de Arriaga? Foi o nosso
povo armado, foi a unidade do povo de Moçambique de Rovuma ao Maputo. Foi
a força popular que conseguiu desfazer todos aqueles equipamentos, todos
aqueles aviões, capazes, de poderem fazer uma ofensiva realmente de poder
aniquilar o povo, sem armas modernas. A nossa arma moderna foi a Unidade, o
Trabalho e a Vigilância. Foi com isso que conseguimos derrotar o plano do Sr.
Kaúlza de Arriaga, o Nó Górdio, em Setembro de 1970A VITÓRIA DE OMAR
Finalmente, para bem elucidar sobre o plano Nó Górdio do Sr. Kaúlza de Arriaga,
nós poderemos ver os resultados e a vitória que tivemos no 1 de Agosto de 1974,
quando assaltamos a base que era considerada a base que controlava toda a
fronteira, isto é, a Base de Omar.
Esta base de Omar que foi o plano de sr. Kaúlza de Arriaga, para informar todo
mundo que ele controlava toda a fronteira entre Moçambique e a República de
Tanzania. Era uma falsa declaração porque a subsistência em Omar, não impedia
em nada a força popular.
Dia e noite o nosso povo conseguiu trabalhar como sempre-trabalhou quando
começou a luta armada em 1964, Para nós mostrarmos ao Kaúlza de Arriaga que
éramos potentes, que o povo armado, que o povo organizado, pode fazer tudo
quanto quiser, a Frente de Libertação de Moçambique, organizou um plano para
assaltar o posto de Omar que foi assaltado em 1 de Agosto de 1974.
Capturamos soldados portugueses, capturamos vários materiais que assassinaram
o nosso povo, tanques, canhões, que massacraram o nosso povo. Agora esses
canhões são para defender a nossa população, serão para defender todo o povo de
Moçambique de Rovuma ao Maputo de qualquer elemento que tentar entrar em
Moçambique, para poder, deturpar a paz que foi -criada pela FRELIMO, pelo
povo de Moçambique.
Kaúlza de Arriaga é um grande assassino, Kaúlza de Arriaga trouxe em
Moçambique guerras de soldados, pam deixarem cadáveres em Moçamb4,t.,
Este é o resultado do plano N6 Górdio. Foi um plano dum, general falso, dum
general ambicioso, porque quando ele acabava o seu prazo sempre pedia aos seus
comandantes para que pudessem aumentar isto é, ele pensava que depois de
ganhar a guerra em Maçambique podia ser ou Presidente de Moçambique ou
Presidente do povo português. Mas graças a Força Popular de Libertação
nacional, Kaúlza de Arriaga neste momento já não podemos chamar general, se
podemos chamar general, é o qeneral dos assassinos. Este é a breve história do
plano do sr." General Kaúlza de Arriaga que é Nó Górdio, que rnão deu nenhum
resultado no nosso País.
«TEMPO» n.- 270- pdg. 49
o Responsável pelo D[C em Cabo Delgado analisa [ducação. nas, antigas e novas
áreas Libertadas
A educação nas áreas libertadas e nas novas zonas libertadas da provincia de
Cabo Delgado foi alvo de uma análise pelo Camarada José P a u l o Nchumali,
rqsponsável pelo Departamento de Educação e Cultura naquela provincda, em
entrevista concedida à Rádio Moçambique.
Pelo interesse desse depoimento, particularmente pelo que divulga do
funcionamento das estruturas do Departamento de Educação e Cultura da
FRELIMO nas áreas libertadas, publicamos na integra a análise.
Como . sabemos o ensino em Moçambique encontra-se ainda numa fase de
transição. de transformação. Porque até ao momento nós não conseguimos ainda
fazer aquilo que devemos fazer. Embora os nossos planos sejam fortes, mas como
se trata duma nova fase em que nós entramos, dificuldades são inevitáveis. Nós
estamos fazendo os possíveis por ultrapassarmos todas as dificuldades que nos
aparecem, porque consideramos que elas são normais. E para nós as dificuldades
servem de lição porque quanto mais dificuldades aparecem, mais aprendemos,
pois que dentro das dificuldades conseguimos fazer um estudo, e *tentamos
avançar. Dependendo dos fracassos que nós notamos e, dentro dos facassos
nós\fazemos planos de avanço. É com os planos que nós conseguimos ver o que é
que se deve remediar, que nós conseguimos ver o que é que se deve interpretar
melhor, para as pessoas poderem compreendere aquilo que no momelhorar.
Mas falando em termos concretos da educação aqui na província, o trabalho vai
indo normal, apesar de haver algumas dificuldades.
Como sabemos em Cabo Delgado existem as zonas libertadas e existem as novas
zonas libertadas. A estrutura de educação nas antigas zonas libertadas é diferente
da estrutura das novas zonas. Porque nas antigas zonas libertadas nós encontra m
o s uma estrutura formada pela FRELIMO,e é a FRELIMO que controla
directamente as escolas. Enquanto que nas estruturas das novas zonas libertadas embora tenhamos normalizado nessa altura estivessem ainda algumas
deficiências. Eestas deficiências provêm da situação que nós vivemos na era
colonial.
Por isso - falando das antigas zonas libertadas - nós encontramos que todas as
escolas são controladas pelo Departamento de Edução e Cultura - Departamento
da FRELIMO. Por isso todos os problemas são resolvidos pelo DEC através das estruturas do Partido, como por exemplo, o Comissariado
Político da Província.. Por isso nas antigas zonas libertadas as dificuldades que
aparecem na educação, dificuldades políticas, são resolvidas pelo Departamento, e
sempre canalisadas pelo Comissariado Político da Província -porque dasd2 há
muito tempo o DEC depende do Comissariado Político. Até à altura presente os
planos da Educação nas zonas libertadas estão ligados ao Comissário Político da
Província. Isto. é, quando vamos para os distritos, encontramos que os nosso
planos estão ligados ao Comissariado Político dos Distritos. E isto para todos os
níveis. *
Nas antigas zonas libertadas, os' problemas que nos aparecem nesta altura são os
que dizem respeito à falta de material escolar, falta de manuais de ensino, falta de
material agrícola para apoiar a agricultura nos' nossos centros. Mas essas
dificuldades não são novas, e como não são novas elas estão sendo bem superadas
e não criam nenhum obstáculo em termos das pessoas não poderem conceber
porque enfrentamos essas dificuldades. Os trabalhos vão indo normalmente.
AS ESTRUTURAS DAS ZONAS
LIBERTADAS
CONTINUAM VALIDAS
E, as estruturas nas antigas zonas libertadas ainda continuam a funcionar.
Aquelas mesmas que vinham funcionando em tempos de guerra. Pensamos que
até ao momento elas são válidas.
A organização nas antigas zonas libertadas está organizada em centros-pilotos, em
escolas-externatos.
N os centros-pilotos n ó s concentramos crianças provenientes dos diversos
Distritos. Fazem lá a 3.' classe e a 4.' classe.
Nos centros-internos, escolas-internatos, nós encontramos crianças de um
determinado direito. Depois das crianças terem feito nas escolas dos círculos a 1.' classe
são concentradas no distrito. A essa concentração de crianças c h a m amos
escola-internato. As crianças fazem lá a 2.' classe.
Depois de fazerem a 2.' classe no distrito as crianças vão então para o centropiloto.
No centro-piloto existem então crianças provenientes das diversas partes da
Província. Por isso, em relação ao centro-internato, o centro-piloto é superior.
Superior porque tem mais alunos. Superior porque reúne crianças vindas das
diversas partes da Província, enquanto que uma escola-internato reune só crianças
de um determinado distrito.
Esta organização dos centros-pilotos e das escolas-internatos está a -permitir um
melhor controle do nosso sistema de educação porque, além de nós podermos
controlar pedagogicamente a criança, nós estamos a conseguir, através dos
centros, ver as crianças, unir a criança - em termos, por exemplo, de eliminaçáo
do regionalismo, de criação da vida colectiva. Porque nos centros-pilotos as
crianças vêm de diversas partes, e quando essas crianças se encontram nas zonas
onde fizeram a 1.' e 2.' classes não podiam conhecer certos usos e costumes de
distritos cdiferentes dos de onde vieram.
Por isso quando eles se encontram nos centros-pilotos encontram-se em
melhores condições de nele poderem conhecer os usos e costumes da Província. E
nós aproveitamos aquela mesma altura para explicarmos o tipo de vida que a
FRELIMO deseja para os continuadores da revolução e aproveitamos também
para criticar certas tendências negativas que aparecem em determinadas zonas da
província.
A organização dos centros-pilotos.faz com que nós possamos compreender nelhor
a situação política da província.
AS ESTRUTURAS DOS
CENTROS-PILOTOS
DA FRELIMO
Nos centros-pilotos eu poderia definir as tarefas em termos, por exemplo..,
começando pelas estruturas que existem nos centros-pilotos. nós encontramos o
Chefe do centro-piloto, encontramos um seu Adjunto, um Secretário do centro,
um Chefe do Efectivo, o Chefe da Secção de Disciplina e Vigilância, o Chefe da
Secção de Material, o Chefe da Produção, o Chefe da Saúde, e o da Secção da
Despensa. Estes são os responsáveis que tomam conta de todo o organismo geral
do centro.
Fazem parte da chefia do Centro, o Chefe do Centro, o seu Adjunto e Secretário.
Fazem parte da Direcção do Centro, os elementos que compõem as secções que
mencionei. Estes são os órgãos máximos: a chefia do Centro e a direcção do
Centro.
Esta estutura chega até
aos alunos, porque encontramos também os alunos a fazerem parte destas secções.
Nalgumas secções são adjuntos.
Mas no seio dos alunos existe uma estrutura, em termos militares - dependente do
ambiente em que nós vivíamos - mas que ainda é válida nesta altura: existe o
pelotão, existe secção e existe o grupo, ao nível dos alunos. Ao nível pedagógico
existe então a classe e existe a turma. Os trabalhos todos são feitos neste sentido.
O chefe do Centro tem as suas tarefas. A Direcção do Centro também tem as suas
tarefas. Agora, além disso tudo nós encontramos um Corpo Disciplinar, que
actualmente chamamos Comité de Partido. Este Comité tem também as suas
tarefas no Centro.
Encontramos também o Corpo Pedagógico que toma conta do ensino. Existem
portanto dois corpos: o Comité de Partido e o Corpo Pedagógico. Estes são dois
corpos que
tomam conta da vida do Centro.
Porque, quando falamos da chefia do Centro, da Direcção ,do Centro, são
elementos que nós encontramos nesses dois corpos: o Corpo Pedagógico
- onde só fazem parte profeseores - e o Corpo de Partido.
Nas zonas libertadas estas estruturas começaram a funcionar desde a criação dos
Centros-pilotos, em 1968. Foram sendo adaptadas às condições,:da Luta. Assim o
Corpo Disciplinar tornou-se Comité de Partido, conforme as tarefas que lhe foram
atribuídas. O Corpo Pedagógico também não existia. Mas dependendo do
crescimento dos programas de ensino foi preciso criá-lo, com a finalidade de
resolver os problemas que se passassem no centro, que antes eram todos
resolvidos pelo Chefe do Centro. Tambom, por exemplo, ao nível da Secção de
Disciplina e Vigilância, no passado chamavamos Secção de Segurança. As
coisas estão a evoluir consoante as fases da Luta que estamos a viver.
Nesta altura, também as tarefas do Chefe do Centro aumentaram.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
ENTRE AS ANTIGAS E NOVA¥S
ZONAS LIBERTADAS
Pensamos que não existe nenhuma inconveniência em enquadrar estas diversas
estruturas nas zonas agora li-3 bertadas, chamemos assim. Não existem
dificuldades porque a partir da fase de transiçao nas reuniões que temos feito aqui
na Província, reunimos todo o pessoal, das antigas zonas libertadas e das novas
zonas libertadas. As experiências dos camaradas das1 antigas zonas libertadas são
neste momento apreciadas e aplicadas por camaradas das novas zonas libertadas.
E também, não deixemos de dizer, os camaradas das antigas zonas libertadas não
conhecem
«TEMPO» n. 270- pdg. 52
alguns aspectos do trabalho. Eles também aprendem certos aspectos do trabalho
nas novas zonas libertadas.
Por isso somente na criação talvez encontremos dificuldades na formação de
Centros-pilotos nas novas zonas libertadas. Temos dificuldades porque os centrospilotos é uma grande responsabilidade, e é a FRELIMO que toma conta
directamente dos centros-pilotos.
Nesta altura, como o nosso país se encontra com aiguias dificuldades económicas,
não permite nas novas zonas libertadas criarmos centros-pilotos. As escolasinternatos que existem nas novas zonas libertadas, as escolas secundárias, nós
estamos tentando fazer os possíveis de fazê-las viver o mesmo tipo de vida que
nas zonas libertadas. Mas, não podemos esquecer que as estruturas dependem da
situaçãq. Não podemos levar assim as estruturas das antigas zonas libertadas para
as, novas. Porque isso depende do ambiente. E o ambiente que se vive nas antigas
zonas libertpdas é um pouco diferente desse ambiente que nós encontramos hoje,
por isso, existe em termos políticos, o enquadramento total: Os camaradas das
novas zonas libertadas conhecem aquilo que se passa nas antigas zonas
libertadas, e aplicaream aquilo que é possível aplicar nas escolas onde eles estão;
e os camaradas das antigas zonas libertadas aprendem certas coisas das novas
zonas libertadas e aplicam aquilo que eles acham que devem aplicar. Por isso não
existe assim uma divisão.
Temos feito reuniões em conjunto. Nesta altura das férias, por exemplo, os alunos
das antigas zonas libertadas estão a trabalhar nas novas zonas libertadas e os das
novas zonas libertadas estão a trabalhar com alunos dos Centros-Pilotos e das
escolas internatos das zonas libertadas. Por isso, estamos a trabalhar juntos. 'Não
existe separação.
TODOS TRABALHOS
DA EDUCAÇÃO
SÃO CONTROLADOS PELO DEC
Praticamente os trabalhos da província são controlados pelo Departamento de
Educação e Cultura na província. É o Departamento de Educação que orienta os
programas de educação nesta altura, como órgão de Partido A nível do ensino
primário e a nível do ensino secundário. O Departamento dá a linha de orientação
em todos os aspectos: no
aspecto político e no aspecto
técnico.
Porque se a nossa educação não é bem orientada segundo ,os desejos da
FRELIMO, nós estaremos a prejudicar a nossa sociedade, estaremos a prejudicar
o desejo da FRELIMO em criar uma mentalidade nova, uma sociedade nova,
um Homem Novo. Por isso, o DEC tem por tarefa orientar politicamente os
programas da educação, controlar a técnica que os aplica a todos os níveis, e
dinamizar os programas da educação, controlar o comportamento de professores e
alunos. Também temos como nossa tarefa fazer uma luta contra o elitismo que se
tem denotado em certas crianças. O inimigo dizia por exemplo que uma pessoa do
ensino secundário era superior a uma do ensino primário. Nós combatemos isso.
Nós não olhamos para o ensino secundário ou ensino primário. Controlamos em
termos gerais.
OS PROBLEMAS
DA ALFABETIZAÇÃO
O problema da alfabetização aqui na província de Cabo Delgado é um problema
um pouco sério. É sério por exemplo em termos da falta de pessoaL
especialmente nas antigas zonas libertadas, para poder dinamizar e aplicar os
programas segundo o desejo da Organização.
Nas antigas zonas libertadas nós encontramos que os professores que dão as aulas
de manhã às crianças são os que dão o programa de alfabetização na parte da
tarde. Como as suas escolas não têm só o programa do ensino, tem programa de
produção, programa de cultura e outros programas segundo a evolução do
trabalho, acontece por isso que as populações vão ao programa e não encontram lá
o professor porque ele está ocupado noutra tarefa. Nas antigas zonas libertadas a
maior parte da juventude que existia toda ela ficou engajada em muitas tarefas. A
maior dificuldade que temos é o pessoal para monitores não ser suficiente. Só na
altura das férias o programa decorre melhor, porque os alunos vão aplicaressa
coisa.~Quando eles regressam para as suas escolas o programa enfraquece,
porque só continuam nele aquele pequeno número de pessoas que desde há muito
tempo existiam.
Nas novas zonas libertadas encontramos problema idêntico --- ainda não
formamos monitoíes que possam aguentar toda a nossa população. E
a província de Cabo Delgado tem pouca gente alfabetizada, tem pouca gente que
se encontre em condições de poder alfabetizar as populações. O problema que
enfrentamos é também falta de pessoal que possa ser monitor.
Temos além disso, também aí, o problema da falta de material para poder apoiar o
programa, como se sabe a maior parte dos distritos de Cabo Delgado foram
atingidos nela luta. Por isso as populações não se encontram em posição eficáz
para poderem conseguir material - cadernos, lápis, etc., para o programa. E é a
FRELIMO então, o Partido, que se deve preocupar através do Departamento de
Educação e'Cultura - em fornecer material aos distritos para o apoio do Programa
de Alfabetização. O programa está decorrendo, mas temos enfrentado essas
dificuldades, que eu disse.
A FREQUÊNCIA DAS MULHERES
É MAIOR
Falando do distrito de Pemba, o programa de alfabetização, quem o dá são
funcionários, de muitos serviços, de muitas repartições, e são os alunos que dão
depois das aulas, de cada dia. O programa tem sido bem recebido pelas
populações. Está sendo muito bem recebido. As populações acham que o
programa é positivo, porque ele visa o desenvolvimento político da nossa
população, e pelo menos ensinar às nossas populações a língua nacional - que
nesta altura é a língua portuguesa, que usamos em Moçambique do Rovuma ao
Maputo.
Por isso as populações acham grande vantagem no programa de alfabetização.
A única dificuldade que existe como disse - é existirem certas pessoas que não
concebem bem o programa de alfabetização, como por exemplo certos velhos que
às vezes se desgraçam porque dizem: «Já sou velho, por que devo ainda
estudar?»>
Mas nós temos feito o trabalho de explicar a necessidade de participarem no
programa de alfabetização. E. devido às campanhas que os Secretários dos
Círculos tem feito, encontramos que na altura dos programas as populações têm
vindo participar. ,Uma outra coisa que se denota, é que nos programas têm
participado mais mulheres que homens. Mas isso compreende-se às vezes.
Compreende-se às vezes, porque os homens estão muito ocupados em diversos
serviços, aqui em Pemba.
Mas não consideramos isso razão especial. Vemos que é forma de recusarem indirectamente. Por isso,
também aí, temos feito trabalho político, para fazer ver as vantagens do programa.
Mas, como disse, de um modo geral os programas de alfabeiza.ção estão sendo
bem recebidos, aqui.
A NOSSA MAIOR
PREOCUPAÇÃO
SÃO OS CONTINUADORES
A nível provincial, a nossa
-presente procupação é a organização das estruturas da Educação em todos os
distritos da nossa Província. Porque sem elas o trabalho continuará sem nenhum
controlo. Por isso, em todos os distritos de Cabo Delgado temos já responsáveis
pela Educação e Cultura. E esses responsáveis, nos Distritos, têm tarefas idênticas
às de um responsável na Província. Por isso a Província acompanha a situação dos
distritos através desses camaradas responsáveis. São elementos, todos eles, do
Departamento de Educação e Cultura na Província. E cedo ou tarde serão
integrados nas estruturas do Governo, segundo o Ministério de Educação e
Cultura pretende fazer.
Numa outra tarefa com que nos temos preocupado bastante nesta altura, é
mobilizar, organizar, consciencializar os nossos continuadores p a : a' poderem
aguentar a nova fase que estamosi a encarar aqui em Moçambique, em que
aparecem muitas manobras subversivas do inimigo - o imperialismo, que querem
deturpar a situação de Moçambique. Elementos invejosos da nossa,
independência, elementos deturpadores da n o s s a unidade.
Por isso a Educação na Província está fazendo um trabalho intensivo para
podermos aguentar esta situação e dar aos continuadores a visão da necessidade
de e 1 e s compreenderem, de eles assumirem, a prioridade do trabalho da
vigilância, do trabalho da disciplina nas escolas, p o i s são esses elementos que
nos permitirão detectar todas as manobras que o inimigo apresentar, e podermos
sempre desmascará-las, para permitir que a nossa sociedade seja desenvolvida,
tenha um progresso segundo os desejos do Partido e do Governo da República
Popular de Moçambique.
«
Durante a sua visita a vários paises «a Europa o Presidente Nyerere da Tanzania
esteve em Inglaterra onde discursou perante a Sociedade Real da «Co
mmonwealth, tendo no seu discurso focado a comple. xidade do problema da
pobreza no mundo. Pela importância que tem este discurso, tanto no contexto de
novas relaýões entre o mundo rico e o mundo pobre, p ublicamo-lo em seguida.
«Senhor Presidente da Sociedade Real do Commonwealth; Excelências; senhoras
e senhores:
Três razões de certo modo óbvias me levam hoje a falar da pobreza. Em primeiro
lugar, a pobreza - ou mais precisamente, as relações entre os países pobres e os
países ricos- é um assunto bastante corrente e, em algumas partes, contencioso.
Em segundo lugar, esta é uma Sociedade do Commonwealth.
Em 1971 em Singapura, na sua Declaração de Princípios, o Commorwealth
afirmou: -s «Acreditamos que as grandes dispàridades em riqueza agora existentes entre diferentes partes da humanidade são demasiado vastas para
serem toleradas». Tanto em Otava em 1973 como em Kingston, no principio deste
ano, os dirigentes do Commonwealth discutiram o que devia ser feito sobre estas
intoleráveis disparidades entre ricos e pobres.
Portanto, o Commonwealth está preocupado- Por último, o meu país não pertence
ao terceiro mundo mas, segundo a terminologia mais recente, ao quarto. A
pobreza é um assunto muito urgente para nós; conjuntamente com a Luta pela
Liberdade está no âmago de toda a nossa actividade nacional. Seria portanto absurdo eu não vos falar sobre este assunto,
Gostaria, logo de inicio, de frisar. que não venho pedir ajuda para a Tanzania. Já
tive ocasião de expressar a minha gratidão pela assistência que nos tem sido
prestada por este país, e pelo auxílio já acordadoý, Sempre que a ocasião o exigiu
tenho manifestado a gratidão da Tanzania pela assistência recebida de outros
países amigos e de organizações internacionais.
Mas vou aqui argumentar que todo o conceito de Ajuda está errado. Digo que não
está certo que a grande maioria dos povos do mundo seja empurrada para uma
posição de pedintes, sem dignidade. Num Mundo como- Num Estado, quando
alguns são ricos porque outros são pobres, e alguns são pobres porque outros são
ricos, a transferência da riqueza é uma questão de direitoý e não de caridade. O
facto de que numa nação estado existe um governo que prepara essa transferência
da riqueza, mas que no mundo não há semelhante autoridade para a efectivar,
influi na questão de como deve ser efectuada essa transferência. Não influi é na
necessidade de haver uma transferência. Os países ricos pertencem ao mesmo
planeta que as nações do terceiro e do quarto mundo; seres humanos h a b i t a m
em ambos os lados.
Se as nações ricas se tornam cada vez mais ricas à custa das que são pobres, os
pobres do mundo serão forçados a exigir uma mudança como aconteceu com os
proletariados dos países ricos no passado. E nós exigimos uma mudança. Quanto
a nós o único ponto em questão é se essa mudança virá através do diálogo ou pela
violência.
Com uma audiência destas não é necessário insistir sobre a existência da pobreza
no mundo ou sobre o abismo entre ricos e pobres. É do conhecimento geral que
mais de metade da população mundial vive em países cujo «per capita» anual é inferior a 200 dólares. o professor
holandês, Tinbergen, Prémio Nobel da economia, calculou que 10 por cento da
humanidade consome 25 vezes mais que os 90 por cento restantes. E a situação
piora.
O senhor MacNamara anunciou que entre 1960 e 1970, 80 por cento do -aumento
de produção beneficiou os países que tinham um «per capita» de mais de 1000
dólares. Só 6 por cento do aumento foi para 50 por cento da população mundial
onde, no principio da década de 60, o «per capita» era de $200 ou inferior.
Não há nada acidental sobre esta situação. Em qual-. quer altura há uma certa
quantidade de- riqueza produzida no mundo. Se um grupo de pessoas se
apoderam, injustamente, de uma grande parte, passa a haver menos para os o u t r
o s. Quando o petróleo Tanzaniano aumentou de 200 milhões de shelins em 1973
para 750 milhões em 1975, isso constituiu uma redução na nossa riqueza mas um
aumento na de alguém. A Tanzania tem menos dinheiro para gastar em outras
coisas além do petróleo; os produtores de petróleo têm mais. A quantidade de
riqueza não mudou; o que mudou foi a sua distribuição.
Mas - prosseguindo com este exemplo - a Tanzania não está só a pagar os custos
extras do petróleo que consome. O meu país, e outros em idêntica situação, estão
a pagar também o montante extra que pagam os países ricos aos produtores de
petróleo. Eu explico. A agricultura moderna requer o uso de petróleo. Mas a
Tanzania não consegue um preço para o seu sisal que cubra os custos extras da
produção. O preço da exportação da nossa fibra de sisal é feito na Europa e
América do Norte. No entan~o, as coisas que a Tanzania tem de comprar com as
suas exportações de sisal vêem os se u s preços aiustados aos custos extras do
petróleo envolvido na sua produção. Mas os países ricos não só aumentam o preço de um tractor de acordo com os custos extras dÕ
petróleo necessário à sua produção, como também fazem com que o novo preço
compense os trabalhadores e os proprietários pelo preçó de petróleo mais alto
envolvido na produção. daqueles artigos que eles querem consumir. Os
trabalhadores nos países ricos recebem aumentos de acordo com o custo de vida
no sentido de não deixar baixar o seu nível de vida. E os proprietários procuram
que os seus lucros não diminuam em termos reais. Ambos estes custos são
reavidos pelo aumento no preço dos artigos que vendem. Consequentemente, ní5o
só extraímos da nossa pobreza para pagarmos pela riqueza extra dos produtores de
petróleo - a. nós arrancada - como também compensamos os países ricos por
qualquer perda causada pela transferência da riquezá das suas economias para os
produtores de petróleo. Em suma, os países ricos classificam as suas exportações
de tal modo que a relação entre estas e as suas importações nunca lhes é
prejudicial.
E isto não é tudo. Os países ricos contam com um melhoramento do nível de vida
todos os anos - é essa a intenção de todos os governos. Conseguem-no, em parte,
graças a mais e maiores investimentos. Mas quando nós, os países pobres,
compramos as vossas máquinas, estamos a contribuir para esse melhoramento. P
o r a u e os salários mais altos são considerados como um custo :de produção, o
aumento dos impostps para o sector público dentro de uni país rico é também
visto como um custo de produção.,
Assim, o lucro - necessário, dizem-nos, para t o r n ar possível a produção e novos
inv~tim-ntos - é tirado dos precos fixos que temos de pagar. Eu dou um exetnplo
do que isto sinnifica para o desenvolvimento de um pais; como a Tanzania o qual
não tem capacidade para produzir os prndutos mais necessários.
Em 1973 fizemos as primeiras estimativas para a produção coniunta'de madeira e
papel. Tendo por base proiectos idênticos em outras partes da Africa Oriental, o
custo da' fábrica de papel ficar-nos-ia pelos $60 milhões. Ao preço do sisal os $60
milhões equivaleriam a 215,000 toneladas desse produto -' menos de 18 meses de
Producão. Mas em Junho deste ano o Banco Mundial deu-nos novas estimativas
para a fábrica de papel. O custo tinha subido para $200 milhões. Apesar de o
preço do sisal ter sido temporariamentç aumentado, devido a secas, isso era equivalento a quase 460 mil
toneladas de sisal - mais de 3 anos de produção. O preço do sisal está agora a
baixar e temos razão para acreditar que O custo real da fábrica de papel aumentará
ainda mais 3n't@s que seja apropriado abri( o concurso.
Recentemente fomos forçados a desvalorizar o nosso «shilling». A desvalorização
levará, por ela própria, a custos de produção mais altos para o nosso sisal e tudo o
minais que comporte a importação de petróleo ou ferramentas, e, portanto,
causará uma maior deterioração da nossa posição económica. Devo frisar que o
efeito redistribuitivo ,do sistema económico mundial em favor dos ricos nada tem
a ver com os produtores de petróleo. Por um equívoco de circunstâncias
conseguiram be-, neficiar temporariamente do sistema e podem agora defenderse, até certo ponto, corntra ele.
Nós sofríamos debaixo desse sistema antes de 1973; o preço do petróleo é só mais
um peso - apesar de grande. Em 1965 podia-se comprar um tractor com a venda
de 17,25 toneladas de sisal. O preço do mesmo modelo em 1972 já equivalia a 42
toneladas de sisal. Até mesmo durante o muito falado desenvolvimento de 1974
para se comprar o mesmo tractor eram precisos mais 57 por cento de sisal do que
há nove anos.
E agora o preço do sisal baixou outra vez enquanto que o preço do tractor
continua a aumentar, pois este é afixado de acordo com dois critérios: em
primeiro lugar, aqueles custos de produção que permitirão aos produtores
gozarem um alto nível; em seguri-. do lugar, o que o mercado' suportar - isto é
determinado pela competição entre os ricos. E a Tanzania ou paga o preço exigido
òu passa sem o tractor. Reciprocamente, ou vendemos o sisal por um preço
afixado pela , competição entre os países ricos, ou não o conseguimosý vender o
que resulta na falta de entrada de divisas no nosso país. Em ambos os casos
somos, como disse um economista vosso, «apanhadores de preços» e não
«fazedores de preços».
Não há dúvida, na chamada economia de mercado' livre o poder depende da'
riqueza. Os ricos podem determinar o que vai ser produzido porque são eles que
têm o poder para investir. São eles a determinar as médias de preços dos produtos
fabricados nos seus próprios países e noutros porque têm na mão tanto o poder de
compra como o de boicote de quaisquer ven4as. Os pobres compram e velbdem
ao preço que interessa aos ricos. Mais: ' a riquezadá aos ricos o poder ,de tomar
decisões sobre as economias dosp ob.re s. ýPor ,exemplo, sé uma ,proporção
muito pequena de ís a r i n h a mercante mundial pertence aos ppises pobres - os
quatro países da Africa Oriental juntaram-se e' mesmo assim só conseguiram
comprar quatro barcos.
Isto significa que nós como qualquer outro país pobre - temos de pagar em
moeda estrangeira todos os custos de transportes de e para a África Oriental;
quase nenhum destes custos volta aos nossos países como pagamento feito pelos
serviços que prestamos aos transportadores, e muito menos como lucros de
transporte. E todas as decisões são tomadas pelos donos dos barcos dos países
ricos. Não temos sequer uma palavra a dizersobre o modelo de transporte; as
tentativas tanzanianas de construir ligac4es comerciais com as Mauricias e a
Austrália através do oceano Indico têmr encontrado por base a nossa incapacidade
de influenciar rotas marítimas. Por outro lado, os fretes, incluindo percentagens c
o m parativag para mercadorias diferentes que importamos e exportamos, são
fixados sem que tenhamos voto na matéria. É portanto compreensível que sejamos
desconfiados quando estas percentagens aparecem discriminatórias contra as
mercadorias manufacturadas na África Oriental, da mesma maneira que o somos
quando custa $44,40 para transportar uma tonelada de algodão para as fábricas na
Europa mas $110,50 para transportar têxteis. Talvez haja alguma razão válida
para parte dessa diferença. Mas as nossas suspeitas não são absurdas ao
considerarmos estes fretes à luz das tarifas e quotas impostas pelos países ricos
para protegerem as suas indústrias contra o que chamam uma injusta competição
industrial erguida pelos países pobres.
Não há nada auto-correçtivo sobre o presente sistema. A expansão da produção
reqeuer investimentos, e sem esforço nenhum os ricos conseguem-no muito mais
que os pobres. O Banco Mundial prevê que os países da OECD investirão uma
média «per capita» anual de $835 durante os anos 70. Estão agora a investir cerca
de metade dessa quantia na produção de material bélico. O resto é investido de
acordo .com as exigências reais no mundo; isto é, de acordo com as exigências
antecipadas das sociedades de consumo, e
portanto, primariamente, em artigos tais como televisão a cores, melhores carros,
.aviões Supersónicbs, ec. Os ;pales com um «per céP ita» anual in'ferior a $200
irivestirão proVav.lmente cerca de $16,por cabeça cada ano desta década. A
grande par_ desta quantia servirá a 'educação, construção de ,estradas,~a
agricultura, e as formas mais básicas de industrializoção. O resultadO das
desigualdades existentes na ý riqueza mundial ,será por isso uma expansão
geometricamente progressiva do abismo entre ricos e pobres, e também uma
maior proporção dos recursos naturais do mundo a serem usados na produção de
artigos não-essenciais.
Não apregouo a catástrofe final em discussões sobre o meio-ambiente, mas os
recursos naturais, ar fresco e água por exemplo, têm limites.
Quanto mais desperdiçamos menos haverá no futuro para satisfazer as
necessidades básicas taEs como a comida, o ,vestir e a habitação. Já se põe em
dúvida a possibilida. de de a Terra suster a populàçãó hoje existente se todos
consumíssemos à velocidade de uma América. No entanto o país mais rico do
mundo pretende continuar a consumir a uma velocidade que lhei permita tornar-se
ainda mais rico. A União Soviética tem o objectivo declarado de «apanhar os
EU». Em Inglaterra é da opinião geral que redobrar o nível de vida em 25 anos é
uma ambição justificável. E por ai adiante.
Há limites para que o Homem pode comer e vestir, e só pode Viver num sítio de
cada vez. É por isso que nas sociedades ricas uma proporção decrescente da
riqueza nacional é devotada à satisfação destas necessidades básicas. Mas se estas
conhecem um limite o desejo pelo poder e pelo prestígio através
-da aquisição de bens materiais é insaciável. Daí a determinação de não se querer
ser ultrapassado pelos outros.
Sem hesitacão e sem pedir desculpas afirmo que se as nacões ricas - e aqui incluo
a Inqlaterra. o Canadá. a Austrália e a Nova Zelândia nessa categoria - ainda
ambicionam pelo crescimento material e por um maior consumo, então precisani
de perguntar a si próprias se desejam ou não reduzir o abismo entre os países ricos
e pobres e acabar com a pobreza na Terra.
Um ataque sério sobre os problemas da pobreza e intoleráveis disparidades no
respeitante à distribuição da riqueza, exige uma mudanca de toda a actividade
económica mundial. Em vez de pretend"mos uma maximização da riqueza, e poder sobre os outros que a ela está ligado,
temos que canalizar os nossos esforços, para a criação de níveis de vida razoáveis
para todos os povos.
Isto é aplicável tanto a ricos como a pobres, nacional e internacionalmente. As
nações que já são ricas têm de aceitar o facto de que pertencem ao mundo, com o
direito a uma percentagem razoável dos recursos naturais do planeta mas não a
mais. Têm que virar as suas mentes, e os seus sistemas políticos e económicos.
para tima justa destribuição interna das suas riquezas. Não devem continuar a
lidar com os problemas da pobreza dentro dos seus próprios paises à custa de
outros povos que são mais pobres do que os mais pobres dos seus pobres. E as
nações pobres têm também de enfrentar os factos. Precisam de'deixar de imitar os
ricos. Têm de aceitar o facto de que «preencher o abismo» não significa, nem
podia significar, conseguir para elas a média de consumo ou estilo de vida do
ocidente.
Espero, no entanto, ter já dito o suficiente sobre a impossibilidade de os países
pobres conseguirem acabar com a pobreza num futuro próximo, por maior que seja o seu esforço. Isto não é estranho;
nenhum dos países industrializados começou a sua arrancada para o progresso
sem injecções de capital estrangeiro, m e s m o quando a tecnologia mundial era
muito menos complicada e cara do que é hoje. Nem uma redistribuição dentro das
próprias sociedades pobres poderá resolver o problema da pobreza.
A Tanzania, como quase todos os pases pobres, está a fazer um grande esforço no
sentido de aumentar a sua capacidade de produção de riqueza. Apesar de o nosso
per capita anual ser de $137 - ou $89 de acordo com os preços de 1966 - a
formação do nosso capital bruto é, presentemente, pouco mais que 21 por cento
do nosso PNB (Produto Nacional Bruto). Ao mesmo tempo estamos a tentar
reduzir a desigualdade de riqueza dentro da nossa própria nação. Na altura da
nossa idependência em 1961 as diferenças salariais - depois dos impostos
comportavam uma proporção de 50 para 1 Hoje essa proporção é de 9 para 1.
particularmente na medida em que 40 por cento dos nossos farmeiros têm um
rendimento
real inferior a dois terços do poder de compra do assalariado mais mal pago. Mas
a verdade é esta: por m ai s que reorganizemos o nosso sistema económico para
servir os interesses das massas populares, e por mais que o nosso governo tente
uma distribuição de rendimentos em favor dos pobres, não fazemos mais do que
redistribuir a pobreza. e mantemo-nos subordinados a .decisões económicas fora
do nosso controlo. A quantidade de riqueza que podemos produzir é determiríala
pelo clima; isto ninguém pode negar. Mas estamos também dependentes das
decisões tomadas pelas nações ricas, decisões essas que servem os seus
interesses, que as tor-, nam ainda mais ricas. E o valor real daquela proporção da
nossa pobreza que mantemos de lado para investimentos depende inteiramente
dos preços dos produtos elementares - os quais são fixados fora do nosso país.
Pensem no que isto significa, O milhão de desempregados deste país ( a
Inglaterra) têm assegurada a sua comida, a educação dos seus filhos, etc., através
da assistência social. Têm direito a um subsídio de desemprego e a sociedade
aceita isto como um direito moral quando essas pessoas perdem o emprego sem
ser por culpas delas. No entanto, os desempregados e aqueles que temem perder o
emprego sentem que de certo modo perderam a dignidade. Não será portanto
difícil a Inglaterra compreender os sentimentos dos pobres do mundo que são
obrigados a mendigar a comida e os benetícios do trabalho que fazem. E a GrãBretanha, como uma nação, sente-se agora bastante vuInerável às torças
exteriores fora do seu controla. O seu povo olha para o que está a acontecer à
economia dos EUA, às economias dos países europeus, porque isso afectará a
balança de pagamentos inglesa, o valor da libra esterlina, e o crescimento ou
estagnação da economia Britânica. Mas a situação difícil em que a Inglaterra está
envolvida resulta de uma necessidade de se aclimatar à sua nova condição de país
rico entre os ricos, tendo deixado de ser um dos mais poderosos. Os países pobres
sofrem de uma vulnerabilidade ainda maior e para eles o que conta são as
necessidades fundamentais da vida.
Em boa verdade, o problema da pobreza, e da dependência nacional e humilhação
que a ele está ligado, só será combatido nas suas r a í z e s quando o crescimento
pelo crescimento deixar de ser o
objectivo principal de políticas nacionais e internacionais. O objectivo tem de ser
a destruição da pobreza e estabelecimento de um nível de vida mínimo para todos
os povos. Isto envolverá o contrário: imposição de limites à fortuna tanto de cada
indivíduo como de cada nação, e uma acção deliberada no sentido de transferir
os recursos naturais dos ricos para os pobres dentro e fora dos limites geográficos
nacionais. Os dirigentes dos países ricos devem ter a coragem de dizer acs seus
povos que são suficientemente ricos.
Claro que esse desafio não será conseguido da noite para o dia mesmo se existisse
o desejo para tal. A destruição da pobreza exige um planeamento cuidadoso para
se mudar o mundo industrializado - e os sectores industriais das nações pobres
para a produção das necessidades humanas fundamentais e não a produção cobiça
humana.
Os pobres nada ganham com o caos económico e colapso das nações ricas; somos
dos primeiros a sofrer quando há uma recessão no mundo industrializado.
Mas um plano de mudança e uma acção nesse sentido têm de tomar lugar. E isto
pode acontecer sem que para isso seja necessário universalizar a miséria humana.
A capacidade produtiva do mundo é suficientemente grande para dar uma vida
decente a todos se for devidamente dirigida. As receitas são conhecidas. Não é a
ignorância que impossibilita o mundo de virar a sua economia numa nova
direcção.
Não me vou referir a todas as recomendações feitas a Commonwealth p e 1 o
Comité dos Dez, criado na reunião de Kingston. Há apenas três pontos para os
quais queria chamar a vossa atenção. Primeiro: numa tentativa de assegurar um
relatório unânime «os Homens Sábios» dos países pobres aprovaram um
documento que acreditam sei perigosamente fraco. Segundo o Relatório
Provisório só es. pera que as suas recomenda, ções parem com um declínic no
nível de vida dos paíse, mais pobres e acelerem o grai
«TEMPO» n.- 270- pdg. 56
le crecimento no resto dos países em desenvolvimento. Com a situação existente o
iálogo não pode pedir me,os! E terceiro: o ênfase é osto ra remoção de obstru-ões
à habilidade dospobres de se ajudarem a si próprios, na necessidade de contraiar o
rnaneira automática com que o presente sistema opera em favor dos ricos através
de ,ma igualmente a u t o m ática ransferência da riqueza dos icos para os pobres.
As melidas para se tornar o sistena mundial operativo, autonaticaniente, na
direcção de Ima redução do abismo entre icos e pobres são, na nossa naneira de
pensar, absolutanente cruciais. A ligação paa o Desenvolvimento proposa pelo
SDR é um exemplo de ai mecanismo; tornaria os reursos disponíveis aos países i
obres como um direito que les poderiam usar no sentido de aumentarem os seus
esforos para um' desenvolvimento nterno e comprarem mais das ações
industrializadas. No processo, algum valor xtra seria posto ao serviço e uma
,procura efectiva de roduçãa -'o que é bem disinta de uma produção de arigos de
luxo - ao mesmo empo que isso seria uma conibuição para uma redução do bismo
de pobreza. A única azão que concebo para a posição dos países ricos a sta
proposta é o facto de ue a transferência das-riqueas ,seriz automática e, pora n t o,
independente de inluências políticas. Por outras alavras, contribuiria de certo ýodo
para tornar um pouco ýais significativa a indepenência dios pobres! O Comité dos
Dez da Comýonweakth realçou a necessilade de o Programa de Ajua da ONU ser
materializado e este ser aumentado para n por cento do PNB dos lises ricos
Chamam a atenao para o facto de estes so arem d4 reter 95 por cento
em "ez de 100 por cento da quantia pela qual polm eSerar um aumento raävel dsua riqueza nos próios cýnco a n o s Ninguém ,ensarja nisto como um pedido a exigir sacrifícios. No entanto, a probabilidade política de se atingir a meta
dos 0,7 por cento pode ser julgada pela experiência dos últimos 15 anos. Os países
desenvolvidos contribuem hoje 0,33 por cento do seu PNB anual para os países
pobres através da AOD (Assistência Oficial para o Desenvolvimento>. Esta é uma
percentagem mais baixa do que aquela conseguida em 1960, e até mesmo a de
1965. Se tomarmos em conta preços estáveis sem dúvida que muitos países
incluindo a Grã-Bretanha e os EUA'- contribuíram m e n o s no principio desta
década do que em meados dos anos 60. Só a Suécia, dos 17 membros do Comité
de Assistência para o Desenvolvimento, atingiu os 0,7 por cento do seu PNB; isto,
apesar de os Países Baixos esperarem consegui-lo este ano. E a Noruega tomou a
decisão política vital de ver em si a responsabilidade de usar pelo me nos alguma
da sua crescente prosperidade na luta contra a pobreza mundial; de momento está
a expandir a sua ajuda em cerca de 40 por cento, e em 1978 dará os tais 1 por
cento do seu PNB numa ajuda genuina, com proporções mais altas nos anos
seguintes.
A dificuldade reside, certamente, no facto de que a Ajuda aos países pobres é
ainda vista como voluntária, e, geralmente, como uma caridade que o governo
deve praticar só depois de todas as exigências dos seus cidadãos terem sido
satisfeitas. Mas as pessoas sé ri a s não esperariam que a pobreza dentro do seu
próprio país fosse combatida somente através da caridade.
E a ausência de um governo mundial'não torna um outro sistema impossível. A
ONU é financiada por pagamentos feitos de a c o r do com uma fórmula
obrigatória; a obriaação do pagamento tem o oeso de uma lei internacional. Uma
fórmula igualmente obriqatória podia ser criada pa-a a transferência de recursos
das nacões ricas para as nacõs pobres.
Isso exiqe simplesmente um exercício definitivo da vontade política. É isso,
basica.riente, o que, é preciso. Enfrentar o problema da pobreza no mundo é,
primeiro que tudo. uma questão de vontade política e determinação.
Compreende um e n v o v imento para uma mudanca do estilo de vida do mundo
rico e um abandono da aquisicão de prestígio através da fortuna como único
objectivo na vida. Compreendo que alqumas pessoas estão já a apressar essa
mudança - justificando-a como uma necessidade ecológica - que melhoraria a qualidade da v i da no mundo desenvolvido.
Mas a questão, como os pobres a vêem,-não é a de haver mudanças na presente
situação da economia mundial; as mudanças virão de uma maneira ou doutra. A
questão é quando e como elas virão.
A Commonweath existe porque contra as exigências políticas pela independência
não houve uma resistência prolongada; tiveram lugar imediatamente negociações com os dirigentes nacionalistas sObre a transferência do
poder. Julgo q u e é uriversalmente aceite que este foi íum passo benéfico para
todos directamente envolvidos e para o mundo em geral. Na arena económica o
mundo rico necessita de políticas semelhantes. Os nacionalistas satisfizeram-se
com uma transição política suave. Da mesma maneira, os dirigentes das nações
pobres querem' trabalhar com
Nyerere e a Rainha da Inglaterra eTEMPO» n.- 270 pdg. 57
os ricos na luta contra a pobreza mundiàl com -um mínimo de deslocação da
economia mundial. Os países que se descolonizaram pacificamente foram aqueles
que reconheceram o Direito dos Países Coloniais à independência e, seriamente,
lançaram-se num
processo de descolonização. Os pobres dizem agora que a independência política
p o d e ser falsa sem uma Independência Económica. DIALOGO ou
CONFRONTAÇÃO dependerão de os ricos reconhecerem que os pobres têm o
Direito a uma Economia Independente. Só depois se caminhará para o processo de estabelecimento de
Novas Relações entre Ricos e Pobres.
A Commonwealth é só uma associação' no' mundo. Todavia acredito que possa
ter alguma influência. Presentemente o mundo está-se a virar para uma confrontação entre ricos e pobres que trará
prejuízos a ambos. Quero que haja diálogo. Mas este'depende da compreensão
mútua, e de uma acção começada agora.
Obrigado senhor Presidente.»
DIALOGO OU CONFRONTAÇAO?
NTAO obstante a existência de países socialistas, as não animados pelo espírito
de acumulação e de conrelações comerciais a nível mundial são ainda sumo,
meios-ambientes limpos, etc.
feitas sobre bases capitalistas, primariamente O Presidente Nyerere foca um
ponto analítico devido à necessidade de os Estados Socialistas ope- bastante
importante que é o facto de o mundo rico, rarem dentro de um contexto de
competição o qual independentemente de os países que o compõem teé uma
característica fundamental do sistema capita- rem proletariados explorados ser um
todo subjugador lista. Daí o desenvolvimento do subdesenvolvimento do imundo
pobre que, reciprocamente, actua como
-exploração colonial-capitalista de vastas áreas do uma imensa classe explorada.
(Esta tese tem algo planeta - ter gerado a criação de um super subde- de
mistificador na medida em que ultrapassa a exissenvolvimento traduzido pela
incapacidade real de tência de camadas nacionais bastante privilegiadas). certos
países se verem livres de uma dependência di- 4á há alguns anos Senghor se
referia â falta do recta tanto das grandes potências capitalistas como cumprimento
da missão proletária, universalmente de intermediârios. Assim foram-se criando
diferenças concebida, dos proletariados europeus já que estes consideráveis entre
países do mundo pobre as quais beneficiaram -através de um melhoramentodo seu
permitem aos economistas falar de um quarto mundo nível de vidae subsequente
«aburguesamento» -da super-explrado,
exploração colonialcapitalista que as burguesias europeias impuseram a muitos milhões de seres
humaTemos como exemplo as diferenças- «per ca- nos em grandes regiões do
globo. A situação agrapita, PNB,, etc. - entre alguns países árabes e a va-se à
medida que a explosão demográfica, de mãos quase totalidade dos países
africanos. Pensemos na dadas a uma desenfreada e louca degradação da ecoforça
política e económica do petróleo e veremos a logia, permite menos soluções
capazes aos governos razão de tais"considerações. É a esta tese que Nyerere dos
países pobres. Intensifica-se a política de carise refere na abertura do seu discurso,
uma realidade dade caracterizante das relações ricos-pobres, aqueque,
infelizmente, já determinou choques ideológicos les.vêem-se na contingência de
perder o seu poderio entre pobres - (uns mais outros menos) - para económico (e
político) absoluto porque as medidas quem a unidade devia ser a força primordial
da sua cowtra a deterioração aumentam qualitativa e quanluta, pela emancipação
económica.
titativamente, e assim se constrói o caminho para
Não é em vão que Nyerere se refere à única aí- uma inevitável confrontação entre
ricos e pobres, ternativa que resta ao mundo pobre, nomeadamente, estes
finalmente na qualidade de força proletária a confrontação com os países ricos se
aqueles Virem capaz de activar as classes exploradas dos países ricompletamente
falhada a plataforma do diálogo. De cos e a subsequente destruição - lá - do
sistema certo modo acreditamos que todos os interessados capitalista. numa
libertação económica dos países pobres acaba- 'É verdade que as forças
progressistas vão garão por se unir ideologicamente, não sem haver pri- nhandoterreno com as suas lutas mais ou menos meiro transformações políticas
profundas em cada "sòladas. Mas também é certo que há sempre o perigo um
deles. Daí que, segundo esta hipótese, a tese quar- de retrocessos porque caem
necessariamente, em mato-mundista seja ainda opinional. De qualquer ma- téria
de balanças comerciais que é o que conta na neira a confrontação é o resultado
directo da manu- dependência capitalista, dependência esta agravada tenção de
estruturas internacionais de exploração pela competição cerrada e louca entre as
super-poatravés das quais os ricos são cada vez mais ricos tências. e os pobres
cada vez mais pobres. Isto torna-se ainda São estes alguns dos pontos essenciais
que o mais humilhante se tomarmos em conta as possibili- Presidente Nyerere nos
convida a tomar em conta dades de crescimento inerentes aos países pobres -com o discurso que proferiu recentemente na Socierecursos naturais quase
inesgotáveis, estilos de vida dade Real da Commonwealth.
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LANCEMO-NOS NUM AMPLO TRABALHO DE INFORMAR
EDUCAR MOBILIZAR E ORGANIZAR O POVO
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Réalizou-s em Macomia, Província de Cabo Delgado, de 26 a 30 de Novembro, a
Primeira Confer§ cia Nacional do Departamento de Informação e Propaganda da
FRELIMO, que foi presidida pelo Secretário Nacional do D.I.P., camarada Jorge
Rebelo, e em que participaram oitenta delegados do todas as Províncias do Pals. ,
Foi estabelecida uma lista de prioridades para estudo e consideração, de acordo
com a seguinte ordem: Estruturas do D.I.P. a todos os níveis; Rádio; Jornais de
Parede;ý Organização da Informação %nas Aldeias Comunais; Propaganda;
Boletim Informativo; Livraria e Bibliotecas do Partido; Documentação; Imprensa;
Cinema, .Livro e Disco; Formação de Quadros de Informação.
No final da Conferência foi lida a Resolução Final, que é do seguinte teor:
na.I o Secretário Nacional do D. 1. P. indicou como razão de ser da Conferência a
deflinlçúo do papel que na fase preente, cabe à Inf0rmaRo e Propaganda na
realizc.ção dos objectivos da FRELIMO, bem como a procura de meios
adequados para a sua concretIzação.
4) -,A agenda de trabalhos incluiu a leitura dos relatórios das Províncias,
discussão das questões importantes e relevantes levantadas pelos relatórios e a
formulação, por Comissões, dai orlentações definldas no processo das diacussões.
5),- aOdos os relatórios sublinhara, a necessidade de a Informnaçlãóe Propaganda
serem efectivamente postos ao serviço das maseas populares. Deocreveram -a
acção da Informação e Propaganda colonialista durante a longa noite colonial, em
que, no nosso país era difundida a ideologia colonial fascista, os valores
decadentes da soiendade bur. guesa com vista a criar no nosso povo o espírito de
sujeição ao estrangeiro. Essa informação era uma arma do Inimigo que tentava
camuflar a exploração desenfreada do povo, a pilhagem das riquezas do nosso
País, efectuando ainda uma acção de contra-propaganda política para caluniar e
deturpar a natureza revolucionáriã da luta do libertação nacional, A vitória da
FRUXO 'deve significar a estruturação da Informação para sorvir o povo.
6) - O balanço das experiências práticas vividas nas Províncias desde -a vitórla da
FRELIMO, patentes nos relatórios apresentados pelas Delegações, revelou, a..par
de realizações positivas nesta linha popular e revolucionária, as dificuldades,
resultantes da ausência de estruturas, falta de directrizes, de pessoal qualificado e
de meios materiais.
Face a esta situação, a Conferência decidiu estabelecer
1) -A Informação e Propaganda são instrumentos fuadamentaiá na mobilização é.
educação política do povo, sãó uma das condições da vitória em qualquer
combate. Beta realidade á-nos revelada pela nossa própria experiência" Desde o'
seu nascimento, sempre os sucessos da FRELIMO estiveram directa, ou
Indlrectamente ligados ao trabalho de Informação e Propaganda
- não 6ó na fase de preparação para a luta armada, como durante a faze da guerra
e no período actual. de cons0ldação da independência. Isto porque o elemento
decisivo em qualquer tarefa, em qualquer realização é o Homem. E, precisamente,
para que'o Homem assuma inteiramehtes.esa tarefa, essa missão, é necossário que
le conheça e compreenda de uma maneira consciente a razão de ser da tarefa, as
suas impilcações, objectivos e consequências. lste. portanto um processo de
Interiorioaeão, que4 depende essencíalmiente de um trabalho correcto de
Informação e Propaganda. 2) - Foi com. base -neste eonhecimento; fruto, da
sua.experiência e com vista à definição de uma estratégia da Informação e
Propaganda adequada à fase actual, que a FRELIMO. promoveu a realização da
Conferência Nacionai do Departamento ,de* Informação e Propagandã a qual tev" lugar em
MAcomIa, Província de Cabo Delgado, de 26 a 30 de' Novembro de- 197. A
conferência foi presididapelo Secretário Nacional do D. 1 P., Camalada Jorge
Rebelo, tendo nela participado delegados de todas as Províncias do País. e das
várias éestruturas da Informação Naclonal. Participarakn também o'Secretário
Provincia] e (oé vernador da Província de Cabo Delgado, Camarada Raimundo
Pachinuapa e, na primeima sessão, o Ministrq, do. Educação e Cultura, Çamarada
Gýaça Simbine.
3) --.No discurso de abertura, o Secretário Nacional do D. L P. referiu que a
escolha de Macomia. para lugar da Conferência- tinha stdo deOerminado pelo
1ongo envolvimento desta regiãO na gzwrra de li1bertação, facto esse que Iria ter
o efeito positivo na educação política dos partícipantes da Conferencia e
contribuir para o sucesso dos trabalhos.
Depois de ter situado a Conferência io seu contexto histórico que é caracterizado
fundamentalmente peld' vitória final do nosso povo sobre o colonialismo
português e o seu engajamento na defesã e consolidação da independência e na
reconstrucio naciouma lista de prioridades para estudo e consideração, com a seguinte ordem: a)
Estruturas do DLP. a todo. os níveis
b) Rádio
) Jornais deParede
d) Organização da Informa cão nas A4deia Comunais
e>P rOpaganda
f) BOletim InfOrmativq
g) Livrarias e Bibliotecasdo Partido.
h) »cumentacão
1). ImprensaJ) Cinema, Livro e Disco
1) Formaço de Quadros de Informação,
7>-a Cofrncia, após, constatar quê Só poderia discutir e deliberar
consequentemente depois de definir as estruturaã do D)1.P. a nível nacional e
provnclal, 'sBim como as suas formas de coordenação interna e com outras
estruturaç do Parido, deOldiu proceder a essa deflniç0 de estríutúras.
a) Decidiu que elas deveriam oer o mãlo simples pos sivel, evitando por principio
subdivisões que reqeiram lara o ceu fpxcionamento meios humanos e materiais
exageradgo nas circunstáncias actuais, h) Decidiu, que as estruturas do D. L P.'
contúão entre os seus objectivos prioritãrlOs na fase actual da nossa Revolição a
coordénaç&o e, dirocção 'das melhores formas e meios de propagar a linha;
política da PRELIMO e as actividades 4o Partido, bem :como a direcção eaplic#ý&o de tOd a. forípas de'. Inórm4ão e Propagand.. Junto das n iasnas, para
que e
nm5íhr
,ompreendam e assumam a linha da 3
0, as tarefas e orientaçes dda pelo
Partido e pelo verno, visando uma mobiIza9ão, conscieficialiamçf e p eipàO
r*volucionária permanente.
c) A Conferência sublinhou que o D. L P. deverá assumir a própria permanência
da luta de ela oes e dos seus objectivei em todas as fases da Revolu§ão,
reflectIndo fielmOnte a vontade dos, oerri~ ý a
sTEMPO» n.- 270- pdg. 59
camponeses do nosso pais.
d) Finalmente, depois de uNA amp¥ discussão em que partlciparam todos os
delegados, a Conferênca adoptou ,um esquema de.. estrutura a ser submetido à
'aprovação das Inetnclase superiores do Partido.
RAD10
8>Relativamnte a ea impotênêa foi amplamente evidenciada dada a naturesa
especifica de penetração e em virtude das fortes possibilidades de mobiliz.ção
política. IEta tmportênca é ainda acentuada se se tiver em conta a grai;d.
percutageMo de anafabeUlsm' no meio do nosso povo
Assim, a Conferência Nacional do D. 1. P. com vista & concretização dos
objectivos já definidos para a Rádio MOçambique:
a) Recomenda que o Mintatério ia funformação estude a criação de condições
para a producão de -aparelhos de. rádio a preços acessíveis ao nosso povo;
b) Decide recriar o programa do Partido «VOZ DA RELIMO> e Integrã-lo na
piOgr ma~io da Rádio Moçambique;
e) Decide a formaçãO de uma ComissÃO constituída por responsáveis ds
ENstruturas do Partido, O.M1, Estrutuaeg do Governo e da Informação para
formular um plano quinzenal de acOão para a I%dio;
d) Decide que a Pdio Moçambique elabore perlOdicamente e regularmente um
nOticiáro de apoio aos Jornais do Povo;
.e) Decide que seja reestruturadas a enisslo E de forma a que a sua programação
seja politicamente mobilizadora;
f>Decide que a programação musical da Rádio Moçambique deverá Incluir
principalmente música de conteúdo revolucionário, que deverá ser complemento
de uma programação geral de acordê com a realidade revolucionária do nosso
Pais. O programa «C» deverá ser reetruturado dando-se-lhe uma natureza
hitórico-cultural, de forma a eliminar o elitismo nele patente;
g) Recomenda à Rádio MoCambique a formação <la equipas de recolha de múica
de todas as Províncias do nosso Pala de forma a reflectir o "ico património
cultural do nosso povo.
h) Enearrega. o Director da Rádio Moçambique de encntrar e aplicar uma solução
para o problema do pessoal da eissãío B recrutado no tempo colonial, em face do
critério específico a que obedecia a sua selecção nessa altura. iJORNAIS DO
POVO 9) - Após ter reconhecido
<TEMPO» n.o 270 - pdg. 60
que a designação Jornal de Parede é pouco mobilizadora e quase só aplicável às
cidades, quando na realidadq me deseja que ele slrvn. também o campo onde vive
a maioria esma-. gadora das largas massas trabalhadoras moçambicanas a
Conferência Nacional do Dtf'
a) Decide alterar a desigacão Jornal de Parede para domal do Povo por esta ser
mobilizadora e facilmente entendida pelo povo Implicapdo a eua necessária
parcipaoão.
b) A Conferência reconhece que aos Jornais do Povo cabe a importante tarefa de
informar, educar e mobilizar as masas trabalhadores de todo o País, cabendo-lhe
um importante papel na alfabetizaqãoi e recomenda que lhes seja dado todo o
apoIo.
e>A Conferência recomenda que o Jornal do Povo trate basicamente problemas
concretos dos locais onde são produzidos, além de temas refsrantos & Unidade
nacional e ao Internacionalismo militante.
d) A Conferência decide que a língua portuguesa deve ser utilionda sempre que
p~l-el e a língua local sempre que ,eaessário.
e) A Conferência recomenda qu a linguagem do Jornal do POvo seja simples,
clara e acoessível às msa.
f>A Conferência -decide'que o Jornal do Povo deve ter Interess permanente e que
portanto a sua renovação deve ser feita de três em três dias sempre que possível e
nunca ultrapassando o período de uma semane.
g) A Conferência recomenda que o Jornal do POvO seja colocado nos locals onde
haja mais afluência da popula0ão.
h) A COnferênla recomMnda que na feitura do Jornal do Povo as masoas sejam
Incentivadas a utilizar materiais de recurso local. 1) A Conferência recomenda a
divulgação a nível nadonal do documento <Algumas orientaçõeo e regras que
podem servir para melhorar os Jornais do Povo>.
INPOItMAÇAO
IqAS ALDEIAS COPWIAIS 10) - o tSma Aldeias Comunais fOi, ao longo de
toda a Conferência, preocupação central e dominante por parte de todos os
participantes. pois estas constituem a base da estratégia do nosso
desenvolvimento. As Aldeias Comunais possibilitarão a materialização do Poder
Popular aos diversos níveis e contribuição decisivamente para a formação da
sociedade nova livre da eXplOração e opressão. Neste contexto, a Conferência
discutiu a questão da Informação nas Aldeias ComunfLis tanto ao nivel do apoio
à sua criàção como ao nível da estrutura de
Informação no seu seio. Aosim, a Conferência: a) Decide que os meios de
informação de actuação directa nas aldeias comunais devetão ser
priOritariamente a RMdio e os Jornais do Povo; b) Recomenda a criação de
condições de esuta colectiva através de Ui sistema de amplificação sonora que
possibilite támbém a difoso de notíelas directamente relacionadas com a vida nas
Aldeias Comunais;
c) Decide que, em relação aos Jornais do Povo os temas nele. tratados se
relacionem directamente com a realidade da Aldeia Comunal e troca de
experiências vividas na zona, para além de temas de Unidade Nacional e
Internacionalismo;
d) Recomenda que o Partido crie éondlões para a exibição de filmes nas Aldoias
Comunals e para a existência de uma pequena Livrara.
PROPACANDA
11) -AnalsndO a questão da Propaganda, a Conferência constatou que esta é um
importante instrumento a utilizar na divulgação da linha política ideolégica da
tELIMO, como o foi durante a luta armada de libertação nacionaL.
Devendo ter órigem ao Povo e tomando a forma de cartazes, desenhos, caricaturas
e fotografias a Propaganda constitui um instrumento de grande valor para que
possam ser transmitidas á massaS as orientaçõse do Partido e do Governo.
Neste contexto, a conerêdia:
a) Decide que é Eecesá?O mobilizar o povo a todos os níveis, libertando sua
nCtiva criador motivando pOaa a elaboração de ~rpa -na, para o que devero ser
u114 zadas todos os meol ocais dispení¶...
b>Recomenda a promeçãO de ex~olç~ fotográficas 0 itinerontes nas Aldeias
com nela e a Utili do 1e.a8
do campo co fonte de PIopagando foto lda
BOLk^TIM
INFORMATIVO
12-No que respeita aos Boletins Informativos e Jonais do Partido, a Conferência
constatou a necessidade e viabilidade de publicar a nível paclonal um Boletim
Informativo um Jornal, do Partido, capazes de exprlmfr com clareza a lnha olítica
da FRELIMO a de transmitir correçtamente as suas experiências aos mala
diversou níveis.
Tomnou4-e como base a experiência da PR~l O neste campo e as sugestões e
propostas dos relatórios provinciais que kelatxam a experiência dos "olt
WIformativos actualmente existentes nas Prov1na. Deles ressaltou a necesildade de se prcd
a
mw. unlfc=~
de esforMos
neste sect0I. Neste conte . a Confer«ncia;
a>Decide a contifuldad do' jornal do Partido <A Voz dá Revoluçáa ôrgão de
caráct/ formativo que deverá tiansmitir as orienta~íe fundamentais da FRELIMO
a nível nacional e internacional nma linguagem clara e acessível e ainda do órgão
eMozambique Revolutions.
b) Decide a criação de um «Boletim Informativo» nacional, que deverá relatar as
experiências concretas de-todas as Províncias e os acontecmentos de âmbito
nacional e internacional. A criação de um Boletim Informativo único, elaborado
a nivel nacional justifioa-se em face das experiêncizis provinciais neste campo, as
qu2i. fazem ressaltar a necessidade de assegurar o controlo político rigoroso des.
te meio de informação;
c) Decide que os Boletns L uformativos Provinciais actualmente existentes
cessem a sua publiaã. No entanto, as Estrut Provinciais deverão
forecer com regularidade informacões sobre as actividades mais Importantes
levadas a efeito na Proóvncia ao Bole. tim Informativo Nacional.
LIVRARIAS
DO PARTIDO
13 -A criação de Livrarias. do Partido, devendo garantir a difusão do
conhecimento po,liticocientífico no seio *das massas, foi considerada importante
pela Conferncia Nacio. nal do D. I. P. a qual:
a) Recomenda a criação de pelo menosr uma Livraria do Partido em cada
Província: b) Recomenda que seja m. centivada a criação de BiWiotecas Fixas ou
ambulantes aproveitando-se as já existentes;
c) Recomeda a~,d que o Mn~st4rio da Informação encarregue o Instituto
Nacional do Livro e do Disco de azer um estudo cona vista a apolar a riaçã e
funcionamento de ivrarias¿ do Partido.
DOCUMENTAÇÃO
14 - No que respeita ao Centro de'Documentação, a Conferência constatou- a
necessidado da sua criação em vários n ivels dado que eles são órgãos consultivos
de apoio a todas as estruturas do. Partido na Informação permanente, e
aotualizada a fornecimento de eleme s teóricos e formatiAssim a Conferência':
a) Recomenda a criação de Centros de Documentaçã a nvel de todas as Estruturas
do D. 1. P.;
b) Recomenda que cada Centro de Documentação dever t w e à aquisição,
recolh[a classIfico e colecção dtex. tos formativos, com vista ao aPoio efectivo
das tarefas do Partido em cada fase do pro. cesso revoluciomário; e) RecOmenda
que seja elabc~c
brevidado um do.
comento contendo as regras básicas da organizaçã dos Centros de Documentacão,
tendo em vista o seu funcioaef m^nto uniforme.
IMPRENSA
15-A Imprensa, dadas as liinitaçes de acesso à leitura e à compra de jornais por
pate da esmagadora maioria do nosso povo, foi considerata como não prioritária
relativamente aos outros meios de Informação e Propaganda. Reconhecendo. no
entanto, a influência Ideológica, dos jornais na sociedade moçambicana, a
Confer'ncia Nacional do O. . P.:
a) Recomenda a elaboração de programas para os profisstonas da Imprensa que os
habilitem a elevar o seu nível de consciência política e sua maior integração na
linha política da YRELIMO.
b) Recomenda a reestruturação interna dos rRãos de imprensa, tendo em vista a
criação no seu interior de um clima de trabalho colectivo e a responsabillzação de
todos os trabalhadores pelo produto do seu trabalho;
cl Recomenda que seja encorajada a ziação de ,uma rede de correspondentes
populares que permitirá aos jornais r~flectir mais fielmente a realidade, concreta
do nosso pais e contribuirá para liquidar o elitismo dos Profiss»oais da
Informação;
d) Recomenda que, dada à deficlente rede de distribuição de jornais no nosso país,
nomeadamente no campo, se estreite a colaboração entre as estruturas do D. L P.
e os 6rgãos de Imprensa, de forma a que seja melhorada a referida distribuição;
e) Recomenda a realizaçko de Inquérito de forma a eliminar a improvisa o a que
o jornalismo moçàmbicano actualmente está' condicionado e a aproximá-lo
culturaimente da realidade do nosso país.
CINEMA, LIVRO E DISCO
16-A Conferência Nacional sublinha o papel importante que o, Cinema. o Livro e
o Disco, podem e devem desempenhar na mobiliaão, educação e organização das
massas trabalhadoras. Constatou a necessidade dê, por termo à exibição de filmes
cuJos temas se opõem ao processo revolucionário moçambicano. nomeadamente os de carácter pornográficos, de violência gratuita e
reflectindo Ideologias marcadamente reaccionárias.
Perante esta situ.4ção, a Conferência:
a) Decide apoiar os esforços feitos até a data no sentido da criação de um circuito
nacional de distribuição de filmes controlado e dirigido pelo Partido que se
dedicará fundaruntalmente à divulga4ãO de filmes produzidos4, e realizados pelo
D. I. P. e outros importados de orent"aço progressista;
b) Recomenda a criação, de apoio e dinamização dum elnera verdadeiramente
inserido no processo revolueiená ria moçambicano;
c) Recomenda a prática do Cinema Ambulante criado e controlado pelo Partido
prln~1lalmente nas Aldeias Comunais;
d) Recomenda, o MinIstério da Informação que estábeleça Um sistema eficaz de
controle poEtico dos filmes importados e exibidos pelas empresas privadas, ao
nível de todo o pais;
e) Reconhece a Importância do Livro e do Ditl no processo revoIluciontrio e a
necessidade de fomentar e controlar a .sua produção.
FORMAÇAO
DE QUADROS
17)- Sobre o Iltlmo ponto da ag
de trabalho raspeitante à formação de Quadros
constatando a falta de meios humanos no sector e a. necessidade de se intensificar
o tfabalho político entre os quadros técnicos dos drgãos de informação e
propaganda, a COnferência Nacional do D. L 2.:
a; Recomenda a ~alizaço de C~rsos de re ~ simultfAeamente política e técnica
destinados a elementos, que Serão afectados em diversos graus de
responsabilidade no s-tor de Informaço, e Propaganda;
h) Recomenda a realizaão de cursos de formação políties para qu&os' técnicos
actualmente a trabalhar nos órgãos de IMntação e~ propa»da Naciomais, considerando c0mo parte portante dos cursos, a sua
deslocação e trabalho frequentes nas zonas rurais, em e~il nu Aldeias Comunais;
e) Recomenda a elaboração de programas de aprendizagem de cará~ter
especlesmente técnico, destinados se Quadros do D.1. P.;
d) Recomenda a elaboração de um manual de norm o contendo regras básicas,
como resposta imediata à Impreparação dos correspndentes não profissionais de
In-formação nos diverss pcftOs do Pais;
e) Recomenda que os elementos formados pel. 0so de Jornalismo, actualmente a
decorrer, bem como os trabalhadores da Infor ã enviados em s~ à0 Provi.
elas, divulguem e fomentem o conhecimento e a crítica da sua actividade pelas
massas populares.
Este é. em síntese, o resultado da ampla troca de experiências levada a efeito no
decorrer dos 'trabalhos da Conferência, a qual se caracterizou por uma
partdipação efectiva dos delegados e discusso viva de todos os p~ltos da agenda,
dentro de um clima de Unidade e Camaradagem.
Considerando que a acção
da Informação e Propaganda no nosso pals está directamente relaciotada com a
luta dos povos oprimidos de todo o mundo, particularmente os Povoa que em
Africa continuam a sua luta contra a dominação, a Conferêcia Nacional do I). L P.
declara assumir como princípio a divulgação dessa luta a nível nacional e int
ional.
Particularmente em relação à Rpblica Popular de A~gola que enfrenta a agresso
concertada das forças Imperialistas que visam privá-la das suas conquistas e
Instaurar no pais um regime neocolonial, a Conferência Nacional do O. L P.
declara o seu
apoio total 4 luta justa do povo angolano sob a direcção da sua vanguarda
revolucionária o . P-4 A.
A Conferência saúda a proclamação da. Replbli a Democrática. de Timor-Les¥ e
afirma o seu apoio ao povo deste novo País, unido em torno da sua Vanguarda
Revolucion~ia a R1~
.
A Conferência Nacional do D. I. P. saúda calorosamente a populaão da Província
de Cabo Delgado e, em p~rlular a de Mao
pelo aco.
lhimento singularmente caloroso e fraternal reservado aos participantes da
Conferência, facto que foi de enorme»troportáncia para o bom desenrolar do
trabalho. Ao mesmo tempo, a Conferência não pode deixar de salientar os
Infatigávei. esforços despendidos pelo ecretário Provincial e Governador de Cabo
Delga. do, Cmarada Raiundo'Pachinuapa, para que fossem criadas as condiçes
que per. muram o decorrer dos t lhos da Conferêncl, de uma forma impecável,
assim como a sua valosa partipação nesta.
Esta declaraçã final,ao vada unimemente pelos Deleados à Conferênca Nacional
de nfor
e Propaganda e adoptada como documento de base pera o trabalho do
sector na Repblica Popular de M*ýambique.
Lamflmo-lo num a~*lo trabalho de Infonrm Eduear,
Mebilizar o Organmzar o Peve.
Viva a FRELIMO;
Viva o Povo Moçambicano unido do Boum ao Maputo;
Viva a Repblica Popula de Moçambique;
Viva a 1." C0nferêci Nac9àgA do D. L P.;.
A luta 0coitéas
ESTA DEINIÇÃO NÃO SERVE DE NADA SE NÃO A PUSERMOS EM
PRAITICA
Após a leitura da resolução geral, no termo dos trabalhos, o Secretário de
Informação e Propaganda da FRELIMO proferiu o seguinte discurso:
.hegámos ao fim dos nos#os trabalhos. Durante 5 dias estivemos reunidos a
díscutir, A tentar encontrar soluções para os problemas da Informação e
Propagauda no nos'o pais. São problemas importantes, porque a 1. e P. e um
apndice do combate. Durante toda a luta armada nós tivemos ocasiã-t«) de
conttatar essa realidade, e. «Igora. na ovas. fae de ret'OllaIrução nacional. .. 11tsmário também que nós
tenhanios ideian claras, e-omo organriar, como realizar a acção da Mformação e
propaganda no nosso país. Nós discutimos problemas muito especfieo.
formulámos orientäróes.. tomknmo4 decisões. Parece p>o. tanto que o nosso
trabalho terminou, no entanto te esti,ermos bem Ponscienes da .os-n realidade -e
do nosso trabalho no veremOs que d*1o10 apenas uni peqitenilto passo no
trabalho - fue mmporia realizar no "teroe da
1. e P. e que se não estivermo. crnecientes disso, epse passo não nos levará a
nada. Tomar deci.sões, formular resoluções, discutir. é fácil. principalmente
numa 'ituacao como a nossa em que
temos um partido de vanguarda com uma linha poíitira e ideológica comum,
correcta, portanto temos mima base de di.scu,âão que per. oite' rhegarmos a
eonclu-, óens comuns e correctas, portanto chegar a essas conclu-ões ó fácil o que
é difícil e pó-las em aplicação, no no,-o Cao concreto, nõs definimo- aqui lma estrutura. mas rsa definiçâo pura e simples não serve de nada.
se nós não a pusermos emu prática, e pôr em prática essa estrutura e nuís tarefa
muito difícil. Desde logo. pela falta dl quadro, que nós temo, quer quadros
técnicos quer quadros políticos,. e. muito mais ainda. falta de quadros " tA.nicopolíticos ou político-técnicos. Nisto encottraremo., muita, dificuldades na
implementaçàí de-ta resolução sobre as evmfrltrau.
Devemos estar consciÚente$ disso e não esperarnimos ue.
«TEMPO» n.o 270 - pdg. 61
pelo facto de ter sido definida uma estrutura. o problema da 1. o 1'. está
praticamente resolvido, porque sabemos, que muitos desses maradas que berão
colocadoa nessas responsabilidades que nós definimos, não t na experiência e a
sua formação não lhes permite abarcar, de forma completa, integral, iodo o
processo revolucionário designadanente tio sector da 1. e P. e há outro aspecto
que também temos de salientar. Durante a lei. tura dos relatórios constatamos
que, da parte de certas delegações, havia a tendência para s. queixarem da falta de
quadros, de material, de meios para realizarem com eficácia o trabalho de 1 e P.
Esta é uma atitude muito errada. Quem raciocina e age ou reage dessa maneira
mostra que não tem nenhuma compreensão da realidade em que nós vivemos.
Acabamo, de -air de uma guerra que durou der anos e que deixou o ,Posso P aí na
mniséeia. Temo« agora de fazer face a uma multidão de prohlemao. timuito, do.
quai sã,o prioritários em relacão ã 1. e P. Temo. :delc logo. o proIlena da defesa.
pelo facto lde termo, ganho i luta <de termos derrotado o colonialismio
portnunmé í-s.o nào sizifica que liqnidámos 'todo- os nos.m, i<íiwigos. Estano.
rodeadi,. de ininigo poder, ssssinn, quIe só esperamn iia oportunidade paru
saltarem, sobre nós e teutari'm d#ítruirení o processo rei ,,llle'ií,a erio ci urso ent
|lOe:lnibiqluc, e aquilo que
esta a acontecer ei, ingola eles querel tUie ;4.oiteça também em lhaçanI iie. E
ao nenior sinal de fraqueza da nossa parte saltarão s5bire nós. tentando conseguir
*o que estão a realizar em Angola, e se ,ão o fazem é 'porque nós somos fortes,
porque' eatamos unidos. estaaios conscientes das nossas responsabilidades, st a tu
o s mobilizados e eles sabe,, que se tentassem es-a aventura o nosso pOvo. que
lutou dez anos. seria capaz de os derrolar, mas isso não significa que nós
desçuremos a nossa defesa. Temos outro sector igualmente prioritário.
O colonialismo deixou o nosso país nu, a situação desgraçada no que respeita à
educação e este é um sector importantíssimo. Mesmo para apoio, a L, se as
pessoas não sabem ler e escrever será muito difícil reali. zar-se com eficácia uni
trabalho de informação e propaganda. 11á outros sectores conto a saúde. É
necessário este sector, pois sem saúde o povo não pode trabalhar e seni trabalhar o
pai,' não we de envolve. Temos a agricultura, a produçào, a indústria. de cujo
desenvolvimentu depende o progresso do nosso pai. e temos de sair da fase de
produição empírica. primitiva, para a produção avançada e moderna. Em sulha.
existem uma série de realizações que is nosso estado tenm de efectuar e p3tra ms
quais precisa de dispender verbas, portanto os camaradas que dizem que
não podem trabalhar, porque
não têm material facilmente obtido, isso significa que eles não tém consciência do
mundo en, que vivem. Nós, durante a guerra seguimos sempre 9 princípio de nos
basearmos nas nossas próprias forças, e foi assim que, partindo do nada,
baseando-nos nas próprias forças, fomos capazes de crescer e nos constituímoa
àunuma organização imensa e poderosa que derrotou o poderoso colonia. libmo
português e o isuperialismno que estava por deIrás dele. É e,'sa linha de
orientação que nos deve guiar nesta nova fase, também na I. e' P. Fu sei que há
difictldades nas províncias, várias dificuldades nos distritos, em toda a parte, e
ainda mais ao nível das localidades e circulos e ainda háverá maiores nas aldeias
comiiais, mas não devemos esperar que o governo forneça os materiais que nós
necessitamos para realizar o nosso trabalho. ou os meios hu manos. Devemos i e n
ia r basear-nos naquilo que nós possuímos, no lugar do irabalbo. Esta deve r a
nossa oríentação e. -6 a!aim é que oós podemos au ançar iaste sector e em todos
os outros sectores, de modo geral. Por isso. quando sairmos daqui, nós devemos
sair conscientes de que. para que esta Conferência seja frutuosa, te,ios de lançarnos num irabalho ímuito grande em cumaprimento, em realização dauilo que
decidimws aqui. E.
ao fazer isso não vamos fi. car à espera que o Partido ou o Governo nos mande
máquinas, ou nos mande jor. nais de parede com vidro, devemos tentar trabalhar
na base daquilo que possuímos, no lugar onde estamos, e se fizermos isso. se
souberr»os mobilizar devidamente o nosso povo para apoiar esse tra. balho,
apoiar e particípar nesse trabalho de 1. e P.. ve. remos, que as dificuldades afinal
não são tão grandes e podem ser superadas.
Acho que a Conferência foi de facto um sucesso porque somos capazes de discutir
todos os pontos em proftndidade e traçar linhas correctas. Devemos felicitar-nos
de qualquer forma pela maneira como a conferência decorre,. Existiu sempre
entre nós um espírito de unidade, de amisade. camarada. gero, que é baseada em
larga medida numa identidade ideológica, que é neeessário referir, e que facilitou
e per. mitiu esse clima, o qual cli. ma por sua vez tornou possível o sucesso da
conferên. ela. Por isso, vamos sair daqui e enga:jamo-ntm no trabalho. )evemos, t
a n b é m, agradecer à população .de Cabo Delgado em particular à de Macomia.
DISCURSO
DE ABERTURA
A sessão de abertura da Conferência estiveràm presentes além do Secretário do
DJ.P. e Ministro da Informação, camarada Jorge Rebelo, o Secretário a
Governador da Província de Cabo Delgado, camard Raimundo Pachimapa, a o
Ministro da Educação o Cultura, camarada Graça Simbin.,
Nesta sessão, o Secretário do D.I.P. fez na análise do papel da Informação e
Propaganda durante o portdo da Luta Armada e da tarefa que lhe cabe na fase
actual da Rovolução, estabeoleceu prioridade o transmitiu orlontações para a
realização dos trabalhos que se iriam iniciar. Dada a sua importêncla, publicamos
na íntegra o disure do Scretário do DJ.P.:
CAMARADAS:
Vamos iniciar hoje os trabalhos da Conferência Nacional 'do Departamento de
Informação e Propaganda da FRELIMO.
«TEMPOõ n.o 270 - pdg. 62
Realizamos esta Conferência numa Província que nos pode oferecer muito em
termos de experiência de luta. Foi aqui de facto, e neste mesmo distrito, a poucos
quilómetros de Macomia, em
Chai, que se travou em 25 de Setembro de 1964 o primeiro combate da luta de
libertação nacional, o combate que ateou a fogueira .que marcou o coieoço do fim
do colonialismo no nosso país.
É talvez útil, para termos uma ideia do desenvolvimento da luta nesta região,
contarmós algumas das acções militares levadas a cabo pelos nossos combatentes.
Assim, por exemplo, o comunicado de guerra número 9, emitido pelo
Departamento de Informação e Propaganda em Janeiro de 1965, hi portanto quase
11 anos, relatava o seguinte:
<«No dia 31 de Dezembro de 1964 os nossos guerrilbeiros atacaram o inimigo na
área do régulo fHIWYA, em Macomia.
Neste ataque foram mortos oito soldados portugueses.
.Egm 3 dejaneiro ,de 1965, os combatentes da FRE;LIMO mantaram uma
em,boscada a 15 quilómetros do posto administrativo de CHAI, em Macomia. Como resultado
morreram cinco soldados portugueses e fo r a m capturadas as suas armas.
-Dois dias mais tarde, em
5 de Janeiro, o chefe de posto de Chai enviou dois soldados moçambicanos para
procurarem os guerrilheiros da FRELIMO. Depois de receberm a ordem, os
soldados -partiram do posto mas com uma intenção diferente: em vez de
denunciarem a presença dasIforças da FRELIMO, eles entregaram-se às
populações. Foram recebidos pelo Secretário da FRELIMO dessa localidade, que
os levou até à nossa base. Esses, dois soldados juntaram-se ás fileiras da
FRELIMO, com as suas armas e munições.
Quando viu que eles não regressavam, o chefe de posto enviou mais dois
soldados. Um destes fugiu quando se confrontou com as nossas
forças, . o outro foi morto
-Em 7 de Janeiro de 1965
os nossos militantes atacaram o' posto administmtívo de Chai, matando o chefe do
posto e dois agentes, e capturando vário material de guerra.
Também a título de Oxempio, um comunicado de tipo diferente, s o b r e
atrocidades dos portugueses:
-No dia 20 de, Fevereiro
de 1965 o administrador de Macomia no distrito de Cabo Delgado enviou
emissários avisando as
* populações de que deviam voltar para as suas povoações, porque todos os pretos
encontrados no mato seriam mortos. Pelo contrário, os que voltassem não seriam
perseguidos.
Alguns elementos das populações deixaram-se enganar pelos portugueses e
regressaram às povoações.
No dia 22 de Fevereiro, grupos de soldados portugueses foram enviados a todas as
povoações onde prenderam todos os habitantes, levando-os depois de- camião,
para uma das povoações principais. Meteram os presos numa das palhotas e
pegaram-se fogo, ao mesmo tempo que lançavam rajadas de metralhadora contra
a palhota. Os únicos sobreviventes foram uma mulher e o seu filho de 4 meses,
gravemente queimados.»
Cremos que com a descrição destes combates e massacres s ã o suficientes para
nos darem o clima da guerra, das dificuldades e sofrimentos por que durante 10
anos passou a população desta região e ;em geral de todas as zonas de guerra. E
indica-nos também o seu espírito de coragem e determinação, a maneira'como
foram temperados e forjados pela luta. Escolhemos uma zona há muito libertada
para lugar da nossa Conferência, porque e stam o s conscientes de que-este
espírito e esta experiência irão influenciar positivamente e contribuir para o
sucesso dos nossos trabalhos.
Põe-se. agora a questão de saber qual a razão de, ser desta Conferência.
Nós viemos discutir problemas da Informação e Propaganda. Concretamente,'
viemos estudar qual o papel que cabe à Informação e Propaganda na nova fase
que estamos a viver e,, principalmente, determinar os métodos correctos de o
concretizar na prátitica, a todos os níveis e em todos os domínios: Político,
Ideológico e de Organização. Para isso; esta reunião terá de ser uma ampla troca
de-experiéncias sobre a forma como situações e problemas noVos surgidos em todo o
País est6o sendo enfrentados' e solucionados. Só assim poderemos examinar e
definir com clareza as, Mlações entre a Informação e Propaganda e o
desenvolvimento acelerado da revolução no actual contexto Histórico do nosso
Pais.
Esse contexto Histórico é o segui~:
a) O p o vo moçambicapo,
depois de uma luta armada de 10 anos sob q direcção da FRELIMO, derrotou o
colonialismo p o r t u guês, conquistOu a sua independénçia, e constituiu-se em
República
Popular.~
'b) O povo moçambicaio sob a direcção de FRÉLIMO está engajado na tarefa de
consolidar a independOlcia recentemente conquistada, estenider o poder popular
democrático a todo o país,
e intensificar as actividades de retonstr'ção nacional.
c) As forças reaccionárias,
preocupadas, e em certos círculos mesmo desesperadas, com o progresso da
nossa revolução - tentam por todos os meios no interior e do exterior do
nosso país, minar
nosso desenv lvimento, através de acções de sabotagem, de infiltração de agentes
a vários níveis nas nossas estruturfl5 de tentativa s de intimidação d a s
populações (como o ilíustra o exemplo recente das canetas com explosivos
lançadas em Moçambique) e atrai s a i n d a de subversão exemplificada por
grupos religiosos que lançam palavras de ordem contra a FRELI MO e o poder
popular.
São estas as caractersticas principais da nova fase que nós vivemos em
Moçambique." Torna-se assim necessário definir qual o papel que a Informação e
Propaganda devem desempenhar neste con-' texto actual, _quer dizer, que papel
devem desempenhar a Informação e Propaganda na realização dos objectivos da
FRELIMO, para responder às exigências da fase presente do nosso processo
revolucionário.
Antes, porém, devemos anal i s a r, embora brevemente, o nosso trabalho
>pássado neste sector. Para sabermos donde viemos. Porque aquilo que'somos
hoje, em todos ós aspectos, e aquilo que seremos amanhã, tem raízes no nosso passado.
O -Departamento de Informação: e Prooagande foi criado logo que se estruturou a
FRE.IMQ, como um dos ramos importantes da Organização. Foi-lhe fixada como
tarefa fundamental, m o b ilizar o nosso 'povo e a opinião pública internacional
para apoio á luta de libertação nacional.
Para a realização deste objectivo, teve o Departamento de Informação e
Propaganda de traçar uma estratégia que naturalmente estava d e p e ndente da
realidade concreta do nosso pais.
Esta realidéde caracterizava-se por uma altíssima percentagem de pessocs ee neo
sabiam ler n.ii escl*er, principalmente (nas zona, rurais. Por uma ausência quae
total de meios técnicos e materiais. Por uma escassez quase absoluta de quadros
da informação. E, durante muitos anos, até à vitória da linha revolucionária em
1970, por uma lute interna, no seio da FRELIMO, entre duas linhas opostas: e
esta situação impedia que se pudesse dar á informação e propaganda um conteúdo
claro e correcto.
E no entanto, a dxperiência ia mostrando o valor deste sector: nas zonas em que
foi possível realizar uma actividade Intensa de informação e propaganda antes de.
começara luta armada - esta conheceu sucessos i ediatos. Pelo contrário, onde e
quando tal não foi possível, os nossos combatentes tiveram muitas vezes de
enfrentar a indiferença e mesmo a hostilidade das populações, durante séculos
submetidos a uma intensa propaganda colonialista. O mesmo quanto ao exterior:
um apoio internacional considerável perdia-se, porque não éramos capazes de
fazer chegar às fontes de apoio potencial as noticias sobre a nossa luta.
Face a essa situação concreta, que, pela grande percentagem de' a n a 1 fabetismo,
desaconselhava o uso em grande escala de textos escritos, planificámos a
elaboração de documentos, um, boletim nacional «A, VOZ DA REVOLUÇÃO»,
e panfletos, destinados não á massa do povo mas aos quadros, e dentre estes
principalmente a o s Comissários ~Políticos. Eram' basicamente textos de apoio
ao trabalho que os Comissários Políticos realizavam j u n t o das populações sendo.eIes quem nesta fase desempenhou o papel principal na mobiliza"ção das
populações, pela comunicação oral. Difundimos o uso de desenhos, cartazes,
fotografias, de fácil compreensão. O acento, porém por razões evidentes foi dado à rádio, que pela sua natureza
específica entra em t o d a s as portas, dentro 'Mesmo do reduto inimigo o mais
fortificado.
Não foi, porém, tão eficaz este meio quanto poderia ter sido, devido ao facto de as
populações em regra não terem aparelho de rádio: fazia-se a escuta colectiva, mas
mesmo esta exige que se possua pelo menos um rádio.
Esta situação não se modificou muito- com a indqpendéncia. É certo que os me~e
materiais e técnicos e humanos de que dispomos são grandemente superiores com
a nossa tomada do poder. Mas o analfabetismo não se pode eliminar de um dia
para o outro, não temos mais aparelhos de rádio, do que possuíamos então, e o
preço doé jornais é proibitivo para ol populações.
'No entanto, novas perspee, tivas, novas possibilidades se desenham na nossa
realidade: e são estas possibilidades precisamente que nós temos de descobrir ou
criar.
O ponto de partida continua o mesmo: Como durante a luta armada de libertação,
a informação e propaganda conservam a mesma importância. Porque, para
reconstruirmos o nosso pais temos de mobilizar todos os nossos recursos
-e entre estes recursos, o mais importante á sem dúvida alguma o homem, a sua
determinação, a sua vontade, a sua, capacidade. Ora, a mobilização do homem
requer um trabalho adequado de informação e propaganda. A edíficação do poder
p o p u l a r democrático exige como condição, que o p o v o esteja consciente dos
seus direitos e deveres, das tarefas que deve realizar, orgulhoso da sua cultura e
da sua personalidade, ciente da sua soberania. E isso é também conseguido
através da informação e propaganda, que, nesta perspectiva, deverá informar e
formar politicamente, mobilizar, educar, contribuir para as,-transformações em
curso.
Além do mesmo ponto de partida, os nossos objectivos e princípios c ontinuam'
os mesmos. Assim, a Informação e Propaganda destinam-se a servir o povo. Esta
é uma afirmação que todos repetem, sem se preocuparem em regra em saber como
cóncretizá-la na prática. Muitos de nós, principalmente no sector da Imprensa,
estamos ainda ligados consciente ou i n c o n scientemente ao sistema capitalista,
o n de os jornais são propriedade privada, um instrumento de lucro, para fornecer
informações aos ricos
<TEMPO» n.9 270 - pdg. 63
sobre assuntos que interessam só' aos ricos, um instrumento de engano e
embrutecimento das massas trabalhadoras.
Também principalmente no que diz respeito a certa Imprensa, atitudes que vão da
confusão ideológica ao oportunismo mais descarado, dão origem a posições de
radicalismo pequeno-burguês e, de ultra esquerdismo que nada têm a ver co m a
realidade concreta 01o nosso povo e da nossa revolução. Consciente ou
inconscientemente assumido, isto facilita ou abre caminho a manobras
reaccionárias, ao lançar a confusão e a agitação em sectores determinados do
nosso Pais
Infiltrada por concepções capitalistas ou totalmente desenraizadas das realidades,
esta.é uma informação que não interessa ao povo nem à revolução.
Consolidar a nossa independência e Unidade, estender o Poder Popular,
intensificar a reconstrução Nacional, denunciar as manobras do inimigo no
interior e exterior do País e persistir no Internacionalismo militante contra o
capitalismo, o neocolonialismo e o imperialismo, estes continuam a ser os nossos
objectivos e princípios. Para os assumirmos e interiorizar, teremos que eliminar
por completo as reminiscências das ideias capitalistas e burguesas do
colonialismo. Muitas são evidentes. Outras não. A sua destruição só será possível
através de um trabalho persistente, através do nosso engajamento total na
revolução.
Para nós, os jornais devem ser um instrumento para a informação, educação,
mobilização e organização do povo. E este é outro aspecto importante: é no povo
que devemos ir buscar a informação, as ideias, - porque é nele que encontramos a
experiência-e o conhecimento, e é para ele que escrevemos.
Por outro lado, temos de acabar com o preconceito de que só alguns é que sabem
e podem escrever para os jornais, eliminar o complexo de que é preciso ser-se
instruído ou ter qualidades especiais para escrever. Devemos criar a possibilidade
de todos poderem escrever - porque todos têm alguma coisa a dizer: e é através da
criação de uma grande rede de correspondentos que nós seremos capazes #e
cobrir todo o pais e tornar os nossos órgãos de informação uma expressão das
aspirações do nosso povo.
O escritor profissional, por outro lado, o elemento dos órgãos de informação, tem
de subordinar-se à disciplina e orientação da FRELIMO, quer quanto ao conteúdo
quer
quanto à forma. O que aparece nos nossos jornais ou na rádionão pode nunca ser
deslgado de causo da Revolução.
É evidente que esta exigência não tem um carácter opressivo. Não se trata aqui de
matar -a iniciativa pessoal, a inclinação, a fantasia do escritor. -Mas :é necessário
que aquilo que é publicado se enquadre na linha'de orientação do Partido. E não
se pen se que desta maneira a lPl4<dade de Imprensa está a ser negada. Pelo
contrário, onde essa liberdade não existe é precisamente nos regimes capitalistas,
onde o escritor só pode escrever aquilo que lhe é determinado pelo editor dono do
jornal, ou o que lhe é imposto ,pelo gosto decadente do público burguês designadamente temas como a pornografia e a violência gratuita, os únicos que
«pagam». A imprensa só é livre quando libertada da deturpação imposta pela
concorrência capitalista, quando é das massas, pelas massas e para as massas
populares.
O que escrever?. Nós temos uma fonte inesgotável de experiências que é a luta
exaltanta passada e- presente. Trata-se portanto de divulgar'estas experiências a
todo o povo, torná-las património das massas, para as habilitar a assumir e realizar
melhor as suas tarefas. Escrever sobre a nossa vida diária, as nossas realizações,
as nossas dificuldades, factos e realidades. Utilizar exemplos e modelos vivos,
concretos. Mas para isso é preciso ir ao povo, é preciso vir do povo.
CAMARADAS:
Devemos sair desta Conferência com ideias claras e directrizes correctas sobre
como trabalharmos.
Neste momento no nosso pais, há uma acção descoordenada no sector do trabalho
que é o nosso, que é resultado de falta de planificação, de directrizes e de
estruturas. E para resolvermos os nossos problemas e estarmos à altura de
produzir o que se espera de nós, temos de nos debruçar em profundidade sobre os
vários pontos da agenda.
Desde logo, as estruturas. A falta de uma estrutura a nível nacional é a grande
responsável das nossas falhas. Uma estrutura que cubra todo o nosso pais, e
permita canalizar todas as situações dentro dos princípios e do esquema do
centralismo democrático. Uma estrutura simples, operativa, que nos permita ao
mesmo tempo controlar todos os órgãos de informação. Usemos a experiência das
zonas libertadas, e dos outros órgãos do Partido.
N e s s a estrutura devemos tomar como elemento central as aldeias comunais.
Durante a luta armada, principalmente no início, uma das grandes dificuldades da
Informação foi o facto de as populações viverem dispersas. Na sequência do
movimento que visa a organização do nosso povo em aldeias comunais, competenos criar nessas aldeia§ um sistema que assegure uma difusão porrecta do linha
política da FRELIMO. O trabalho está grandemente facilitado pela concentração
das populações '- e devemos tirar a maior vantagem possível deste facto. Ao
mesmo tempo, usarmos a informação e propaganda para promover esse
movimento comunal.
As ideias erradas, o individualismo, o estilo estereotipado, o elitismo, o
dogmatismo e o ultra-esquerdismo têm de desaparecer para sempre dos nossos
órgãos de informação. Compreender e conhecer os anseios, aspirações,
difiçuldades e vitórias das massas trabalhadoras do nosso País é o caminho a
seguir e, portanto, a primeira tarefa do jornalista. O conhecimento concreto da
realidade só é possível através al uma fusão com o povo - sobre quem e para
quem escreve.
Ao escrever, o jornalista terá que partir da realidade e da análise dos factos é não
de definições. Informar e contribuir para formar as massas significa,
primeiramente, informar-se e formar-se com as massas. Digamos que isto deverá
ser preocupação não só do jornalista como de todos os responsáveis pela
Informação e Propaganda a todos os
níveis de estrutura do Partido, e em todo o País.
Temos.depois de estudar a questão das relações e articulação entre as estruturas
do Departamento de Informação e Propaganda e do Ministério da Informação. A
falta de uma definição correcta tem levantado conflitos, nas províncias.
Temos de analisar em detalhe cada um dos órgãos de informação, a sua situação,
a sua eficiência, a adequação ou não da sua actividade à linha política da
FRELIMO. Como fazer com que o Partido esteja presente na Rádio, no Cinema,
nas Livrarias e Bibliotecas.
Não existe hoje nenhum programa da FRELIMO na Rádio com palavras de ordem
ou comentários. Trata-se de um recuo em relação ao tempo da luta armada, em
que haviam dois programas da FRELIMO diariamente, de uma hora cada,
transmitidos através da Rádio TMaenia e Rádio Zambia.
O Cinema está a sujar o
nosso país - os filmes mais repugnantes sã o trazidos a Moçambique por
exibidores sem escrúpulos cuja ú n i c a preocupação é. obterem lucros à custa da
alienação e corrupção da. nossa juvenf ude.
0 livro não desempenha a sua função - são livros estrangeiros aos nossos
princípios os que são trazidos, igualmente alienatórios. Os livreiros continuam a
ser meros comerciantes. Como vamos ler num relatório apresentado pelo Instituto
do Livro e do Disco recentemente criado, «assiste-se à exposição amalgamada de
livros de sexo o política e de romances cor-de-rosa, vêem-se por todo o lado
jornais e revistas que apenas satisfazem o desejo de uma minoria, além de
propegandearem princípios imperialistas».
O mesmo se diga quanto aos discos. «Os editores de discos continuam a funcionar
como se não tivessem responsabilidades perante o país,
-e continuam impávidos e serenos a produziros discos de que o país não necessita,
,aqueles que se podem dispensar por serem perniciosos à formação do * Homem
Novo que se pretende implantar em Moçambique».
Mas o cinema, o livro, a imprensa não são ainda verdadeiros instrumentos de
informação de massas no nosso País. O cartaz, o desenho, a descrição oral, a
caricatura e, principalmente, o jornal de parede são meios que as ,nossas
dificuldades presentes transformam em outras tantas importantes formas de
informação, formação e mobilização política. O síu uso, a intensificação do seu
uso a todos os níveis, beneficiando agora da experiência colectiva de todo o Pais,
ocupará uma parte importante das nossas discussões e debates nesta reunião.
Teremos em conta, ao fazê-lo, que também na Informação e Propaganda
deveremos estar prontos a contar com as próprias forças e que há obstáculos
intransponíveis para o processo revolucionário em curso.
É esta em traços largos a situação no nosso país. É um quadro pouco brilhante ~mas que pode e deve ser rapidamente melhorado. É esta precisamente a nossa
tarefa nesta Conferência. Esta é uma reunião do Partido, ao qual compete orientar
toda a nação dado .que, como diz a nossa Constituição: «A FRELIMO é a força
dirigente do Estado e da Sociedade». Vamos começar os trabalhos, conscientes de
que é grande a noséo responsabilidade.
A LUTA CONTINUA!
«TEMPO» n.o 270 pdg. 64
o
mundo
mais perto
A Deta liga Moçambique com o mundo. Carreiras regulares para a Europa
Serviço impecável. A Deta é uma das dez primeiras companhias de aviação afi
liadas na VATA.
DTA
LINHAS AÉREAS DE MOÇAMBIQUE
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