0 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS MARIA DO SOCORRO DE FRANÇA SILVA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO 2-NITRATO-1,3-DIBUTOXIPROPANO (NDBP) SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR JOÃO PESSOA – PB 2012 1 MARIA DO SOCORRO DE FRANÇA SILVA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO 2-NITRATO-1,3-DIBUTOXIPROPANO (NDBP) SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Centro de Ciências da Saúde da UFPB, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Área de concentração: Farmacologia. Orientador: Prof. Dr. Valdir de Andrade Braga Co-orientador: Prof. Dr. Isac Almeida de Medeiros JOÃO PESSOA – PB 2012 2 S586a Silva, Maria do Socorro de França. Avaliação dos efeitos do 2-nitrato-1,3dibutoxipropano (NDBP) sobre o sistema cardiovascular / Maria do Socorro de França Silva.-João Pessoa, 2012. 150f. : il. Orientador: Valdir de Andrade Braga Co-orientador: Isac Almeida de Medeiros Tese (Doutorado) – UFPB/CCS 1. Produtos Naturais. 2. Óxido nítrico – tolerância. 3. Controle autonômico. 4. Hipotensão. 5. Bradicardia. UFPB/BC 547.9(043) CDU: 3 MARIA DO SOCORRO DE FRANÇA SILVA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO 2-NITRATO-1,3-DIBUTOXIPROPANO (NDBP) SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR Aprovado em 03 de agosto de 2012. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Prof. Dr. Valdir de Andrade Braga Universidade Federal da Paraíba Orientador ______________________________________________ Prof. Dr. Demetrius Antônio Machado de Araújo Universidade Federal da Paraíba Examinador interno ______________________________________________ Profa. Dra. Sandra Rodrigues Mascarenhas Universidade Federal da Paraíba Examinador interno ______________________________________________ Prof. Dr. Luís Carlos Reis Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Examinador externo ______________________________________________ Prof. Dr. Deoclecio Alves Chianca Júnior Universidade Federal de Ouro Preto Examinador externo 4 Dedicatória 5 A minha querida mãe, Iraci Cordeiro, a quem devo tudo o que sou! 6 Agradecimentos 7 A Deus pelo dom da vida! Pelo amor que me inspira a todo instante e pela presença insubstituível de todas as pessoas com as quais Ele me presenteou. Ao meu orientador, Prof. Valdir de Andrade Braga, pela disposição em ensinar com paciência e competência, sempre me apoiando e incentivando. Não poderia ter tido melhor exemplo de professor e pesquisador! Ao professor Isac Almeida de Medeiros, quem primeiro me recebeu em seu laboratório, possibilitando-me ingressar no mundo da pesquisa. Ao professor Demétrius Antônio Machado de Araújo, por me abrir as portas do seu laboratório com prontidão e solicitude. Aos professores da banca de qualificação e defesa, pois contribuíram significativamente para melhorar este trabalho. Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos por fazerem parte da minha formação profissional. Ao professor Petrônio Filgueiras de Athayde Filho e seu aluno Alexsandro Fernandes dos Santos, pela substância cedida e cooperação ao longo deste trabalho. A coordenação do PPGPNSB, na pessoa da profa. Dra. Fátima Agra, pelo incentivo constante à realização de um trabalho com qualidade. Aos funcionários do Programa, meus agradecimentos. A José Crispim pela amizade, força e disposição em ajudar, sempre quando necessário. A Luís Cordeiro da Silva e Adriano Cordeiro pelo trabalho realizado no biotério, dando-nos suporte para trabalhar. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) por possibilitar a realização desta pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pelo suporte técnico e financeiro. A todas as pessoas que fazem o Laboratório de Fisiologia Cardiovascular e Controle Neural da Pressão Arterial, em especial a Matheus Monteiro, Leônidas Júnior e Thyago Queiroz pelo envolvimento neste trabalho. A minha mãe e meus irmãos pelo auxílio e incentivo em todos os momentos, das mais variadas formas. Divido essa conquista com vocês! Ao meu namorado, Daniel Falcão, por estar sempre comigo, me aconselhando e auxiliando nos momentos mais necessários. Você tem sido muito importante para essa conquista! A Melissa Negro Luciano, pela preciosa amizade e ajuda na elaboração desse trabalho! Com você aprendi muito e sou grata por isso! E a Milena Ramos pela força e ajuda nessa etapa final! A colaboração e o companheirismo de vocês duas são muito importantes para mim! 8 “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Albert Einstein 9 Resumo 10 Avaliação dos efeitos do 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP) sobre o sistema cardiovascular. FRANÇA-SILVA, MS. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, UFPB (2012). RESUMO Relatos prévios demonstraram que o 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP), um nitrato orgânico sintetizado a partir da glicerina, induziu vasodilatação em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato mediante a ativação da via NO-GMPcPKG, bem como dos canais para K+ e, adicionalmente, causou hipotensão e bradicardia em ratos normotensos não-anestesiados. O estudo atual teve como objetivo investigar os efeitos do NDBP sobre o sistema cardiovascular em ratos, avaliando a liberação de NO eliciada pelo NDBP em células musculares lisas vasculares, a capacidade do NDBP induzir tolerância ao vasorrelaxamento e o efeito da administração aguda do composto sobre o controle autonômico de animais normotensos e hipertensos, por meio de abordagens in vitro e in vivo. Nos experimentos bioquímicos foi utilizada a cultura de células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR) e, nos experimentos farmacológicos foram utilizados ratos Wistar ou ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY). Foi observado que o NDBP causou um aumento concentração-dependente nos níveis de NO em CMLAR. Além disso, não houve alteração no efeito vasodilatador do NDBP quando os anéis de artéria mesentérica foram previamente expostos ao NDBP, nas concentrações de 10 µM ou 100 µM, sugerindo que o nitrato orgânico em estudo não induziu tolerância. Nos experimentos in vivo, foi constatado que a pressão média basal dos animais espontaneamente hipertensos foi significantemente maior que a do grupo normotenso. A administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) induziu uma resposta bifásica: hipotensão e bradicardia seguidas de hipertensão e taquicardia, em ratos SHR e WKY. O bloqueio dos receptores muscarínicos pela atropina (2 mg/kg) atenuou a bradicardia induzida pelo NDBP (15 mg/kg), reduzindo também a hipotensão em WKY e SHR. Entretanto, a resposta pressora ao composto foi potencializada. A secção bilateral do nervo vago praticamente aboliu a bradicardia em WKY e SHR. Adicionalmente o hexametônio (30 mg/kg), um bloqueador nicotínico ganglionar, reduziu tanto a bradicardia quanto a resposta pressora em ambos os grupos. A administração do azul de metileno (4 mg/kg), um bloqueador da ciclase de guanilil solúvel (CGs), atenuou as repostas hipotensora e bradicárdica induzida pelo NDBP (15 mg/kg) em ratos WKY. Evento similar aconteceu nos animais SHR. Esses resultados sugerem que o NDBP libera NO em CMLAR, sendo incapaz de induzir tolerância ao seu efeito vasorrelaxante, entretanto, os efeitos cardiovasculares do NDBP são mediados, principalmente, pela ação central do composto, resultando em alterações na função autonômica de ratos normotensos e espontaneamente hipertensos. Palavras-chave: Óxido nítrico. Tolerância. Controle autonômico. Hipotensão. Bradicardia. 11 Abstract 12 Evaluation of effects of the 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP) on cardiovascular system. FRANÇA-SILVA, MS. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, UFPB (2012). ABSTRACT Previous studies have shown that the 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP), an organic nitrate synthesized from glycerin, induced vasorelaxation in mesenteric artery of rats through activation of the NO-cGMP-PKG pathway and K+ channels, in addition, caused hypotension and bradycardia in normotensive conscious rats. The current research aimed to investigate the effects of the NDBP on cardiovascular system in rats, evaluating the NO release in rat smooth muscle cell culture, the ability of NDBP to induce tolerance to vasodilatation and the effect of the acute administration of the compound on autonomic control of blood pressure and heart rate of normotensive and hypertensive rats, using in vitro and in vivo approaches. For biochemical determination aortic rat smooth muscle cell culture (ARSMC) was used and the pharmacological experiments were developed using Wistar rats or spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rats. The NDBP caused concentration-dependent increases in NO levels in ARSMC. In addition, NDBP produced no change in the vasorelaxation induced by the NDBP when the rings were pre-incubated with the NDBP (10 µM or 100 µM), suggesting that the NDBP did not induce tolerance. In vivo experiments, SHR rats were significantly hypertensive compared with WKY rats. The acute administration of the NDBP (1, 5, 10, 15 and 20 mg/kg, i.v.) caused a biphasic response: hypotension and bradycardia followed by hypertension and tachycardia in WKY and SHR rats. The blockade of muscarinic receptors with atropine (2 mg/kg) blunted the bradycardia induced by NDBP (15 mg/kg) and reduced the hypotension in WKY and SHR. However, the pressor response to the compound was potentiated. Furthermore, vagotomy almost abolished the bradycardia in WKY and SHR. Moreover, hexamethonium (30 mg/kg), a nicotinic ganglionic blocker, reduced both bradycardia and pressor response in WKY and SHR. The administration of methylene blue (4 mg/kg), a soluble guanylyl cyclase (sGC) blocker, attenuated the hypotension and bradycardia induced by the NDBP (15 mg/kg) in WKY. Similar event occurred in SHR animals. In conclusion, the NDBP releases NO in ARSMC, and was unable to induce tolerance to its vasorelaxant effect, however, the cardiovascular effects of NDBP are mainly mediated by the central action of the compound, resulting in changes on autonomic function of spontaneously hypertensive and normotensive rats. Key-words: Nitric oxide. Tolerance. Autonomic control. Hypotension. Bradycardia. 13 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação esquemática da ação do óxido nítrico na célula muscular lisa vascular.................................................................... 27 Figura 2: Representação esquemática da ação do NO como neuromodulador............................................................................. 28 Figura 3: Estrutura química de alguns doadores de NO.............................. Figura 4: Estrutura química dos principais nitratos orgânicos..................... Figura 5: Estrutura química do 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP)........ 37 Figura 6: Representação esquemática do protocolo experimental para a avaliação da habilidade do NDBP induzir tolerância em anéis de artéria mesentérica de rato...................................................... 46 Representação esquemática do protocolo experimental para a avaliação do efeito da administração aguda do NDBP sobre a PA e a FC..................................................................................... 48 Representação esquemática do protocolo experimental para a administração do NDBP (15 mg/kg) em ratos SHR e WKY nãoanestesiados antes e após diferentes bloqueios......................... 50 Figura 7: Figura 8: Figura 9: Figura 10: Figura 11: Figura 12: Figura 13: Efeito do NDBP (10-6 M, 3x10-5 M, 10-4 M) ou NPS (10-7 M) sobre os níveis de NO expressos como fluorescência relativa em CMLAR, usando o DAF-2DA.................................................. 33 34 52 Fluorescência basal emitida por DAF e pela adição do nitroprussiato de sódio em CMLAR (A). Fluorescência basal emitida pela adição do NPS ou NDBP, 10-6 M (B); NPS ou NDBP, 3X10-5 M (C); NPS ou NDBP 10-4 M em CMLAR.......... 53 Efeito do NDBP e NTG nas concentrações de 10 -6 M ou 10-4 M sobre o nível de NO expresso como fluorescência relativa em CMLAR, usando o DAF-2DA........................................................ 54 Fluorescência basal emitida por DAF e fluorescência emitida pela adição de diferentes concentrações de nitroglicerina (NTG) em CMLAR................................................................................... Traçado representativo do efeito induzido pelo NDBP (10-8 – 10-4 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato pré-contraídos com FEN (10 M), sem exposição prévia ao NDBP (A), após a incubação prévia com o NDBP (10 M) (B), e grupo controle (C)......................................................................... 55 56 14 Figura 14: Figura 15: Figura 16: Figura 17: Figura 18: Figura 19: Figura 20: Figura 21: Figura 22: Figura 23: Efeito vasorrelaxante do NDBP (10-8 – 10-4 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato submetidos à incubação prévia com o NDBP (10 µM) comparado ao grupo que não sofreu incubação prévia e ao controle (veículo)........................................................................................ 57 Traçado representativo do efeito induzido pelo NDBP (10-8 – 10-4 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato pré-contraídos com FEN (10 M), sem exposição prévia ao NDBP (A), após a incubação prévia com o NDBP (100 M) (B), e grupo controle (C)...................................................................... 58 Efeito vasorrelaxante do NDBP (10-8 – 10-4 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato submetidos à incubação prévia com o NDBP (100 µM) comparado ao grupo que não sofreu incubação prévia e ao controle (veículo)........................................................................................ 59 Traçado representativo ilustrando a pressão arterial pulsátil (PAP), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY)................................................ 60 Valores basais de pressão arterial média e frequência cardíaca em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR)........................................................................ 61 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC após a administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) nãoanestesiados................................................................................ 62 Efeito da administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) sobre a PAM e FC em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) não-anestesiados................................................... 63 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC após a administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) não-anestesiados......................................................................... Efeito da administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) sobre a PAM e FC em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) não-anestesiados........................................... Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após a atropina (2 mg/kg)............................................................. 64 65 66 15 Figura 24: Figura 25: Figura 26: Figura 27: Figura 28: Figura 29: Figura 30: Figura 31: Figura 32: Figura 33: Figura 34: Figura 35: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após a atropina (2 mg/kg)............................................................. 67 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após a atropina (2 mg/kg)...................................................................................... 68 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após a atropina (2 mg/kg)........................................................................ 69 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após vagotomia............................................................................ 70 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após vagotomia............................................................................ 71 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após vagotomia..................................................................................... 72 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após vagotomia..................................................................................... 73 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o hexametônio (30 mg/kg)................................................... 74 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após o hexametônio (30 mg/kg)............................................................... 75 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o hexametônio (30 mg/kg)................................................... 76 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após o hexametônio (30 mg/kg)............................................................... 77 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg)............................................... 78 16 Figura 36: Figura 37: Figura 38: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg)........................................................................ 79 Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg)............................................... 80 Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg)................................................................... 81 17 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Composição da solução nutritiva de Tyrode............................... 42 Quadro 2: Composição da solução PBS...................................................... 42 18 LISTA DE ABREVIATURAS ACh Acetilcolina ALDHm Aldeído desidrogenase mitocondrial AMB Núcleo ambíguos ATP Trifosfato de adenosina bpm Batimentos por minuto CaV Canal de cálcio operado por voltagem CGs Ciclase de guanilil solúvel CE50 Concentração molar de um agonista que produz 50% do efeito máximo do referido agonista CMLAR Células musculares lisas de aorta de rato DAF Diaminofluoresceína DAF-2DA Diacetato de 4,5-diaminofluoresceína DAF-2T Triazolo-diaminofluoresceína DC Débito cardíaco DMEM Meio de cultura de Eagle modificado por Dubelcco DMV Núcleo dorsal motor do vago ECA Enzima conversora de angiotensina Emáx Efeito máximo eNOS Sintase do óxido nítrico endotelial EROs Espécies reativas de oxigênio FACS Separador de células ativado por fluorescência FC Frequência cardíaca FEN Cloridrato de L (-) fenilefrina GABA Ácido gama-aminobutírico GMPc Monofosfato de guanosina cíclico GSNO S-nitroso-glutationa GTP Trifosfato de guanosina iNOS Sintase do óxido nítrico induzível ISDN Dinitrato de isossorbida ISMN Mononitrato de isossorbida MAPKs Proteínas cinases ativadas por mitógenos 19 MLKC Cinase da cadeia leve da miosina NADPH Fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina NDBP 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano nNOS Sintase do óxido nítrico neuronal NO Óxido nítrico NOS Sintase do óxido nítrico NPS Nitroprussiato de sódio NTG Nitroglicerina NTS Núcleo do trato solitário OMS Organização Mundial da Saúde PA Pressão arterial PAD Pressão arterial diastólica PAM Pressão arterial média PAP Pressão arterial pulsátil PAS Pressão arterial sistólica PBS Tampão fosfato salina pD2 Logaritmo negativo na base 10 da CE50 de um agonista (- Log CE50) PETN Tetranitrato de pentaeritritol PKG Proteína cinase dependente de guanina PMCA Cá2+-ATPase da membrana plasmática PVN Núcleo paraventricular do hipotálamo RVLM Núcleo rostral ventrolateral do bulbo RVPT Resistência vascular periférica total SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia SERCA Cá2+-ATPase do retículo endosarcoplasmático SFB Soro fetal bovino SFO Órgão subfornicial SHR Ratos espontaneamente hipertensos SNA Sistema Nervoso Autonômico SNC Sistema Nervoso Central SRAA Sistema renina-angiotensina-aldosterona WKY Ratos normotensos Wistar Kyoto As abreviaturas e símbolos citados no trabalho que não constem nesta relação, encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas. 20 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 23 1.1 Considerações gerais sobre pressão arterial.................................... 1.2 Controle a curto prazo da PA – Papel do Sistema Nervoso 23 Autonômico........................................................................................ 24 1.3 Óxido nítrico (NO).............................................................................. 26 1.4 Hipertensão........................................................................................ 30 1.5 Doadores de NO................................................................................ 32 1.6 Nitratos orgânicos.............................................................................. 34 1.7 Considerações sobre o 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP).......... 36 2 OBJETIVOS..................................................................................... 39 2.1 Objetivo geral..................................................................................... 39 2.2 Objetivos específicos......................................................................... 39 3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................. 41 3.1 Animais............................................................................................ 41 3.2 Substâncias-teste.............................................................................. 41 3.3 Drogas utilizadas............................................................................... 41 3.4 Soluções nutritivas............................................................................. 42 3.5 Cateteres vasculares......................................................................... 43 3.6 Ensaios bioquímicos in vitro........................................................ 43 Medida da produção intracelular de NO em células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR).............................................................. 3.7 43 Cultura primária de CMLAR.................................................... 43 Incubação do DAF-2DA e protocolos experimentais.............. 44 Ensaios farmacológicos in vitro..................................................... 45 Avaliação da habilidade do NDBP em induzir tolerância ao vasorrelaxamento............................................................................ 45 Preparações de anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato normotenso................................................................. 45 21 Verificação da presença do endotélio funcional...................... 45 Avaliação da atividade vasorrelaxante do NDBP sobre tecido vascular previamente exposto ao composto................ 3.8 46 Ensaios farmacológicos in vivo................................................................................ 47 Efeitos do NDBP sobre o controle autonômico de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e seus controles normotensos Wistar Kyoto (WKY)................................................. 47 Implantação dos cateteres vasculares.................................................. 47 Registro da PA e FC............................................................... 47 Avaliação do efeito da administração aguda do NDBP sobre a PA e a FC em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY) não-anestesiados.......... 48 Avaliação da influência do bloqueio parassimpático na resposta induzida pelo NDBP................................................. 49 Avaliação da influência da vagotomia na resposta induzida pelo NDBP......................................................................... 49 Avaliação da influência do bloqueio ganglionar na resposta induzida pelo NDBP................................................................ 49 Avaliação da influência do bloqueio da ciclase de guanilil solúvel nos efeitos cardiovasculares induzidos pelo NDBP.................................................................................. 49 3.9 Análise estatística............................................................................ 50 4 RESULTADOS.................................................................................. 4.1 Produção de óxido nítrico intracelular em cultura de células 52 musculares lisas de rato................................................................... 52 4.2 Avaliação da tolerância elucidada pelo NDBP in vitro................ 56 4.3 Efeitos do NDBP sobre o controle autonômico de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e seus controles normotensos (WKY)........................................................................ 60 Efeitos do NDBP sobre a pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC) em ratos não-anestesiados.............................. 60 22 Efeitos do NDBP após bloqueio parassimpático..................... 66 Efeitos do NDBP após vagotomia........................................... 70 Efeitos do NDBP após bloqueio ganglionar............................ 74 Efeito do NDBP sobre a PA e a FC após bloqueio da ciclase de guanilil solúvel (CGs)......................................................... 78 5 DISCUSSÃO...................................................................................... 83 6 CONCLUSÕES.................................................................................. 91 7 PERSPECTIVAS............................................................................... 93 REFERÊNCIAS................................................................................. 95 APÊNDICE A – Artigos sobre o NDBP.............................................. 113 ANEXO A – Parecer do CEPA.......................................................... 148 23 Introdução 24 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações gerais sobre a pressão arterial A pressão arterial (PA) corresponde ao produto do débito cardíaco (DC) pela resistência vascular periférica total (RVPT). O DC é influenciado pelo volume diastólico final, pela contratilidade miocárdica e pela frequência cardíaca. O volume diastólico final é o volume que chega à câmara ventricular antes da contração, sendo determinado pelo volume sanguíneo e tônus muscular venoso que determinam a pressão venosa. A RVPT, por sua vez, é o resultado de modificações tensionais no músculo liso vascular (GUYENET, 2006). A pressão arterial é classificada em pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). A pressão sistólica é o maior valor de pressão mensurado durante um ciclo cardíaco, sendo a pressão na artéria após o sangue ter sido ejetado do ventrículo esquerdo durante a sístole. Já a pressão diastólica é a menor pressão arterial medida durante o ciclo cardíaco, sendo a pressão na artéria durante o relaxamento ventricular quando nenhum sangue é ejetado. A diferença entre pressão arterial sistólica e pressão diastólica consiste na pressão de pulso, que reflete o volume de sangue ejetado em cada batimento cardíaco, ou seja, o volume sistólico (CONSTANZO, 2006). A partir desses valores de pressão, obtém-se a pressão arterial média (PAM), pressão em um ciclo cardíaco completo, que é calculada pela soma da pressão diastólica a um terço da pressão pulsátil. Desse modo, a PAM sofre maior influência da pressão diastólica que diminui ao longo da árvore arterial, direcionando o fluxo sanguíneo. O processo aterosclerótico, a redução da complacência arterial ou o aumento do volume sanguíneo elevam a pressão arterial sistólica, pulsátil e média, contribuindo para a instalação da hipertensão (CONSTANZO, 2006). Essas alterações no sistema cardiovascular resultam do desequilíbrio entre os diversos mecanismos que regulam a pressão arterial. A regulação da pressão arterial ocorre pela ação integrada do sistema cardiovascular com os sistemas neural, renal e endócrino, sendo o resultado de atividades que operam a curto e longo prazo (CAMPAGNOLE-SANTOS; HAIBARA, 2001). 25 O controle da PA a curto prazo é modulado por mecanismos neurais de controle caracterizados por promoverem ajustes rápidos de pressão arterial e de frequência cardíaca. Dentre os mecanismos neurais mais importantes para o controle da pressão arterial destacam-se o reflexo cardiopulmonar, o quimiorreflexo e o barorreflexo. O controle da pressão arterial a longo prazo é determinado pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) (COLEMAN, 1980; DAMPNEY et al, 2002). E, paralelamente, o endotélio vascular também influencia a pressão arterial por meio contracturantes, da como produção de substâncias prostaglandinas, vasoativas, tromboxanos e sejam endotelina, elas ou vasodilatadoras como as prostaciclinas e o óxido nítrico (NO) (BATLOUNI, 2001). A desregulação nesses mecanismos de controle da pressão arterial está relacionada com o desenvolvimento da hipertensão. 1.2 Controle a curto prazo da PA – Papel do Sistema Nervoso Autonômico Os mecanismos neurais de controle da PA resultam em alterações apropriadas do débito cardíaco, da resistência periférica e do retorno venoso por meio de mecanismos reflexos. Esta ação reflexa dá-se via sistema nervoso autonômico (SNA) por meio de suas divisões simpática e parassimpática, e envolve receptores, aferências, centros de integração, eferências e efetores, além da liberação de diferentes hormônios. Receptores ao longo do sistema cardiovascular captam as perturbações na PA e emitem sinais elétricos que são conduzidos pelas fibras aferentes até o sistema nervoso central (SNC), a partir deste, a resposta é gerada e transmitida pelas vias eferentes até os órgãos efetores (COLEMAN, 1980; DAMPNEY, 1994). No SNC, os neurônios formam redes integradas em regiões distintas envolvidas com a regulação da pressão arterial. As áreas envolvidas com a modulação simpática da PA incluem o órgão subfornicial (SFO), o núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN) e o bulbo ventrolateral rostral (RVLM). Por outro lado, as principais regiões envolvidas com a regulação parassimpática da PA são o núcleo dorsal motor do vago (DMV) e o núcleo ambíguo (AMB) (FENG et al, 2002). As divisões simpática e parassimpática do SNA são compostas de neurônios pré-ganglionares colinérgicos, localizados dentro do SNC que inervam os gânglios simpáticos para- ou pré-vertebrais; e de glândulas como a adrenal ou redes 26 ganglionares de complexidade diversa como a rede cardíaca, localizadas fora do SNC. Os gânglios periféricos contêm os neurônios motores, denominados neurônios ganglionares, que controlam o músculo liso e outros órgãos viscerais. Os neurônios ganglionares simpáticos que controlam os alvos cardiovasculares são principalmente noradrenérgicos (BLESSING, 1997; LOEWY; SPYER, 1990). Nesse sentido, o controle autonômico da pressão arterial opera através de neurônios pré-ganglionares simpáticos e parassimpáticos que liberam acetilcolina, responsável por atuar sobre os receptores nicotínicos pós-ganglionares; neurônios pós-ganglionares parassimpáticos que liberam acetilcolina para atuar em receptores muscarínicos no coração; e neurônios pós-ganglionares simpáticos, os quais liberam principalmente noradrenalina e inervam o coração, vasos sanguíneos, rins e glândula adrenal. O nervo vago é responsável pela inervação parassimpática de praticamente todos os órgãos abaixo do pescoço, incluindo o coração. Já a inervação simpática envolve diversos nervos, como o nervo simpático renal, lombar, dentre outros (HANG, 2005; GUYENET, 2006). Antagonistas dos receptores nicotínicos da acetilcolina atuam como bloqueadores ganglionares, impedindo a transmissão parassimpática e simpática à periferia. Em 1950 essas drogas foram introduzidas no tratamento da hipertensão, por sua ação simpatolítica, sendo a mecamilamina a primeira a ser utilizada, seguida do hexametônio, mas que tiveram o uso proibido devido a sérios efeitos colaterais (SHYTLE et al, 2002). Atualmente o único bloqueador ganglionar utilizado como antihipertensivo é o trimetafan, e o hexametônio tem uso restrito em animais como ferramenta farmacológica, sobretudo na avaliação do SNA (MURPHY, 1995). Outras ferramentas farmacológicas utilizadas no estudo da atividade autonômica incluem a atropina, antagonista competitivo dos receptores muscarínicos da acetilcolina; o propranolol, antagonista dos receptores β-adrenérgicos; o prazosin, antagonista dos receptores α-adrenérgicos, dentre outras drogas (LEE et al, 2008; PATTERSON; O’HAGAN, 2002; KWAN et al, 2003; MURPHY, 1995; YAMADA et al, 2011). Alguns procedimentos como a secção de nervos parassimpáticos e simpáticos também fornecem importantes informações sobre o funcionamento do sistema nervoso autonômico. A acetilcolina, noradrenalina e adrenalina são os principais neurotransmissores que operam no SNA, entretanto tem sido demonstrado que outros neurotransmissores tais como o glutamato, ATP, serotonina, GABA, 27 neuropeptídeo Y e o óxido nítrico, desempenham papel importante nas mudanças autonômicas via ativação de áreas neurais regulatórias da função cardiovascular como o núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN), o núcleo do trato solitário (NTS) e o RVLM, em resposta a ativação de reflexos cardiovasculares (BRAGA et al, 2006; CRUZ et al, 2008; FRANCHINI; KRIEGER, 1993; MAUAD; MACHADO, 1998; PATON et al, 2008; REDDY et al., 2007). 1.3 Óxido nítrico (NO) O NO, primeiramente descrito como o fator relaxante derivado do endotélio, é uma molécula gasosa, inorgânica e incolor que constitui um dos mais importantes mediadores de processos intra e extracelular. Ele é produzido pela ação da enzima sintase do NO, da qual há três isoformas: a sintase do NO endotelial (eNOS), sintase do NO neuronal (nNOS), ambas constitutivas; e a sintase do NO induzível (iNOS), envolvida em processos inflamatórios (BONAVENTURA et al, 2006; DUSSE et al, 2003; MAEDA et al, 2004). O NO é o primeiro mensageiro na via de sinalização NO/GMPc/PKG, iniciando a cascata de reações de fosforilação em que cada passo é enzimaticamente amplificado, processo crítico para geração de efeitos fisiológicos. A L-arginina é oxidada gerando L-citrulina e NO pela ação da NOS, que por sua vez transfere elétrons do fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina (NADPH), via flavinas (flavina-adenina-dinucleotídeo e flavina-mononucleotídeo) do seu domínio carboxiterminal redutase, para o grupo heme no domínio oxigenase aminoterminal. Essa reação requer o cofator tetrahidrobiopterina (BH4) e diversos mecanismos de ativação (FORSTERMANN; SESSA, 2012; FRANCIS et al, 2010). Nas células endoteliais, o NO é formado pela isoforma endotelial da sintase do NO, a eNOS, também denominada NOS III, ativada principalmente pelo complexo Ca+2/Calmodulina ou outras proteínas como a Akt (FÖRSTERMANN et al, 1995; GATH; RADI; AUGUSTO, 1996). Após ser produzido no endotélio, o NO atua nas células musculares lisas vasculares, tendo como principal alvo a enzima ciclase de guanilil solúvel (CGs). Ao se ligar a CGs, esta muda de conformação tornando-se ativa e convertendo o trifosfato de guanosina (GTP) em monofosfato de guanosina cíclico (GMPc). O GMPc atua em diversos alvos, tais como fosfodiesterases, canais iônicos, proteínas 28 cinases dependentes de GMPc (PKG), e proteínas cinases ativadas por mitógenos (MAPKs) (ARCHER et al, 1994; CORNWELL et al, 1991). A PKG promove a fosforilação da cinase da cadeia leve da miosina (MLCK), ocasionando sua inativação (CORNWELL et al, 1991); da bomba de Ca2+ do retículo endosarcoplasmático (SERCA), ativando-a e acelerando a recaptação de Ca2+ para os estoques intracelulares (CORNWELL et al, 1991); da bomba de cálcio da membrana plasmática (PMCA), favorecendo o efluxo desse íon; do trocador Na+/Ca2+, promovendo sua ativação; e dos canais para K+ da membrana plasmática, promovendo sua abertura, o que gera hiperpolarização nas células musculares lisas com fechamento dos canais para Ca2+ sensíveis à voltagem. Esses eventos resultam na diminuição da [Ca+2]i e posterior vasorrelaxamento com redução da resistência vascular periférica, conforme ilustrado na Figura 1 (FURCHGOTT, 1983; HILGERS; WEBB, 2005; IRVINE; FAVALORO; KEMP-HARPER, 2003; VANHOUTTE; BOULANGER, 1995). Figura 1: Representação esquemática da ação do óxido nítrico na célula muscular lisa vascular. Cav: Canal de cálcio operado por voltagem. CGs: ciclase de guanilil solúvel. GMPc: monofosfato de guanosina cíclico. GTP: trifosfato de guanosina. MLCK: cinase da cadeia leve de miosina. NO: óxido nítrico. PKG: proteína cinase dependente de guanina. SERCA: bomba de cálcio do retículo 2+ endosarcoplasmático. PMCA: Ca -ATPase da membrana plasmática. 29 Além disso, vários autores apresentaram evidências de que o relaxamento vascular induzido pelo NO pode ocorrer por mecanismo independente do GMPc, mediante a ativação direta dos canais para K + (BOLOTINA et al, 1994; MISTRY; GARLAND, 1998; PLANE et al, 1996). Tem sido descrito como outra ação do NO a sua interação com grupos tióis para formar compostos S-nitrosilados que modulam a atividade desses canais (BROILLET, 1999). Desse modo, o NO reduz a resistência vascular periférica, desempenhando grande papel no controle do tônus vascular e da pressão arterial. Entretanto, o óxido nítrico também atua pela via GMPC-PKG como um neuromodulador do SNC. Assim as ações cardiovasculares desta molécula não são restritas a efeitos diretos nos vasos sanguíneos, mas compreendem efeitos em todo o substrato neural que contribui para a geração da atividade nervosa autonômica (BREDT et al, 1990; GARTHWAITE et al, 1988). O NO modula a liberação de neurotransmissores como mostrado na Figura 2, influenciando a transmissão da atividade autonômica para órgãos alvo via medula espinhal, junções ganglionares e neuromusculares, interferindo na descarga simpática e parassimpática à periferia (SCHMITT e DIRSCH, 2009; ZANZINGER, 1999). Figura 2: Representação esquemática da ação do NO como neuromodulador. Adaptado de Barreto; Correia; Muscará (2005). CGs: ciclase de guanilil solúvel. GMPc: monofosfato de guanosina cíclico. GTP: trifosfato de guanosina. GLUT: glutamato. NO: óxido nítrico. NOS: sintase do óxido nítrico. NT: neurotransmissores. PKG: proteína cinase dependente de guanina. R NMDA: receptor de glutamato tipo NMDA. 30 Abordagens experimentais revelaram que a interação do glutamato com o óxido nítrico no NTS influencia os reflexos cardiovasculares, o que foi embasado pela evidência da co-localização das isoformas eNOS e nNOS com o glutamato nesse núcleo (DUN et al., 1994; KROWICKI et al., 1997; LIN et al., 1998, 2007). A modulação glutamatérgica também é realizada pelo NO na região caudal ventrolateral do bulbo (CVLM) (ZANZINGER et al, 1997). Atuando em sítios neurais, específicos, o NO revela efeitos cardiovasculares muitas vezes opostos. Estudos demonstraram que a produção de NO pela eNOS no NTS induz hipotensão e bradicardia em ratos não-anestesiados (SAKAI et al., 2000; HIROOKA et al., 2001, 2003). Por outro lado, autores afirmam que o NO derivado da eNOS exerce efeitos estimulatórios no NTS (LIN, 2009). Kishi et al (2001) constataram que a superexpressão da eNOS no RVLM reduz a pressão arterial e a atividade nervosa simpática direcionada à periferia. Por outro lado, a superexpressão da iNOS nesse núcleo causa hipertensão e simpatoexcitação devido ao aumento do estresse oxidativo (KIMURA et al, 2005). As respostas cardiovasculares diferentes podem ser atribuídas a diferentes quantidades de NO produzido, o que também foi relatado por Chan et al (2001) e Morimoto et al (2000). Horn et al (1994) relataram a ação do NO sobre a liberação de neurotransmissores, tanto inibitórios quanto excitatórios, no PVN, como o aspartato, o glutamato e o ácido gama-aminobutírico (GABA) em ratos, o que ratifica o papel dual do óxido nítrico no sistema nervoso autonômico e a necessidade de maiores investigações. Além de efeitos vasculares e neurais, o NO atua diretamente no coração. Relatos da literatura apontam a produção de NO pelas três isoformas da NOS nas células endoteliais, varicosidades simpáticas, fibras pós-ganglionares parassimpáticas e nos próprios cardiomiócitos, regulando a função cardíaca. O NO apresenta efeito inotrópico positivo quando em baixa quantidade e inotrópico negativo quando se encontra em alta quantidade. Adicionalmente, apresenta cronotropismo negativo e atenua a sinalização β-adrenérgica em vários modelos animais (HERRING; PATTERSON, 2001; BALLIGAND et al, 1995). Devido às ações periféricas do NO na regulação do tônus vascular, adicionadas à complexa interação do NO com funções autonômicas para a modulação da pressão sanguínea e frequência cardíaca, mudanças patofisiológicas 31 na síntese e metabolismo desta molécula podem ter consequências diretas na pressão arterial, acarretando doenças cardiovasculares, dentre elas a hipertensão, sendo o NO, um potencial alvo terapêutico para o tratamento dessa enfermidade (RAJAPAKSE; MATTSON, 2009; ZANZINGER, 1999). 1.4 Hipertensão A hipertensão é um estado alterado da saúde no qual a pressão arterial do sangue está acima dos valores considerados normais. Um indivíduo é considerado hipertenso se apresentar valores de PA sistólica ≥ 140 mmHg e∕ou de PA diastólica ≥ 90 mmHg em medidas de consultório. O diagnóstico deverá ser sempre validado por medidas repetidas, em condições ideais, em, pelo menos, três ocasiões (FIGUEIREDO et al, 2009; MANCIA et al, 2007). Dados de mais de 194 países revelaram que um em cada três adultos no mundo inteiro tem pressão arterial elevada, uma condição que provoca cerca de metade de todas as mortes por derrame cerebral e doenças cardíacas. Tal característica se faz mais evidente em países de baixa e média renda. Em alguns países africanos, metade da população adulta tem pressão arterial elevada, onde a maioria permanece sem diagnóstico, apesar de que, muitos casos poderiam ser tratados com medicamentos de baixo custo, o que reduziria significativamente o risco de morte e invalidez por doença cardíaca e/ou derrames. Em países de renda alta, o diagnóstico, muitas vezes precoce, e tratamento generalizado de baixo custo com medicamentos surtiram efeito, reduzindo significativamente a pressão arterial média nessa população, contribuindo assim para uma redução nas mortes por doenças relacionadas ao sistema cardiovascular (CAIN; KHALIL, 2002; WHO, 2012). No Brasil, a hipertensão arterial atinge cerca de 30 % da população, chegando a mais de 50 % nos indivíduos com idade entre 60 e 69 anos e mais de 75 % naqueles acima dos 70 anos, sendo um dos principais fatores de risco associado à mortalidade no país (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Na hipertensão são descritas anormalidades funcionais e morfológicas no coração, músculo liso vascular e no endotélio, além de anormalidades intrínsecas na função renal (COLEMAM et al, 1975; FOLKOW, 1982). Estas disfunções incluem aumento da relação parede versus luz das artérias e da resistência periférica, 32 aumento da quantidade da massa cardíaca e muscular lisa, diminuição da complacência venosa e aumento da vasoconstrição com redução da vasodilatação, tanto dependente como independente do endotélio vascular (FOLKOW, 1982; SAFAR et al, 1981). Alterações endoteliais com elevação na síntese de substâncias contraturantes e espécies reativas de oxigênio, bem como a formação ou atividade reduzida de substâncias vasodilatadoras como o óxido nítrico (NO) estão envolvidas na patogênese da hipertensão (MARÍN; RODRIGUES-MARTINEZ, 1997; SMITH et al, 2004). Além disso, estudos relacionam a participação do aumento da atividade simpática e a redução da atividade parassimpática à patogênese da hipertensão (FLORAS et al, 1992; IRIGOYEN et al, 2005; WYSS, 1993). Esses fenômenos estão bastante relacionados com a disfunção dos reflexos cardiovasculares que modulam a atividade autonômica sobre a pressão arterial e frequência cardíaca (DALL'AGO et al, 1999). Estudos apontam para uma significativa atenuação na sensibilidade do barorreflexo, tanto em animais quanto em pacientes com hipertensão e o grau de atenuação tem correlação importante com a severidade da hipertensão (ECKBERG, 1979; GRASSI; MANCIA, 1994). Evidências experimentais em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) indicam que entre nove e quatorze semanas de idade, o ganho do barorreflexo diminui progressivamente devido às alterações correspondentes ao intervalo de FC, confirmando a associação entre hipertensão, hiperatividade simpática e disfunção barorreflexa (DALL'AGO et al, 1999; FLORAS et al, 1988). Tanto a hiperatividade simpática quanto o mau funcionamento do barorreflexo e outros reflexos cardiovasculares são eventos influenciados pelo estresse oxidativo (BRAGA et al, 2011a; BRAGA et al, 2011b; NUNES et al, 2010), o qual pode ser reduzido pelo aumento na biodisponibilidade do NO, demonstrando mais um papel benéfico desta molécula. Nesse contexto, as drogas que mimetizam o papel desta molécula no organismo, os doadores de NO, podem apresentar efeitos benéficos frente ao processo hipertensivo. 33 1.5 Doadores de NO Os doadores de NO são compostos capazes de liberar NO quando aplicados em sistemas biológicos, reproduzindo a resposta do NO endógeno ou o substituindo em situações de deficiência (FEELISCH, 1998). Esses compostos geralmente apresentam um grupo nitroso funcional em sua molécula fornecendo o NO em condições in vivo e in vitro (BATES et al, 1991). O modo de liberação de NO difere significativamente entre as classes de doadores, bem como a sua reatividade química. Alguns doadores liberam NO de forma espontânea ou não-enzimática, enquanto outros requerem catálise enzimática para liberá-lo, outros ainda requerem a interação com tióis, ácidos ou metais, reações de oxidação ou redução para liberarem esta molécula (ACHIKE et al., 2003). Um doador de NO atualmente utilizado na clínica é o nitroprussiato de sódio (NPS) (Figura 3), um complexo inorgânico com grupo ferroso, administrado para reduzir rapidamente a pressão arterial em pacientes com crises hipertensivas, sendo também o fármaco de escolha em estudos pré-clínicos e clínicos, reconhecido como padrão na vasodilatação independente do endotélio. O mecanismo de liberação de NO a partir do NPS em tecidos biológicos não ocorre de forma espontânea e necessita de moléculas teciduais específicas, tais como a cisteína e a glutationa, que contêm grupos sulfidril em sua estrutura, além de requerer a irradiação pela luz ou redução de elétrons (BUTLER; MEGSON, 2002; FEELISCH, 1998; GROSSI; D’ANGELO, 2005). A principal limitação do uso do NPS é a liberação de cianeto (CN-), que causa toxicidade celular pronunciada (ARNOLD; LONGNECKER; EPSTEIN, 1984; WANG et al, 2002). Os diazeniodiolatos, conhecidos como NONOatos (DEA/NO, Figura 3), são doadores de NO que apresentam um grupo diolato [N(O-)N=O] ligado a um nucleófilo, geralmente aminas primárias ou secundárias, via um átomo de nitrogênio (MARAGOS et al., 1991). Estes liberam NO espontaneamente e, por isso, são atrativos para estudos experimentais, uma vez que sua decomposição não depende de tióis ou quaisquer tecidos biológicos. Exercem atividade vasorrelaxante e apresentam efeitos benéficos na prevenção de trombos e lesões vasculares, entretanto, não são utilizados na clínica (KAVDIA et al., 2003; KAUL et al, 2000; MORLEY; KEEFER, 1993; MILLER; MEGSON, 2007). 34 Os S-nitrosotióis (RSNO) são compostos que contém um grupo nitroso ligado ao enxofre de um grupo tiol. Muitos deles são sintetizados, mas outros podem ocorrer naturalmente, como a S-nitroso-glutationa (GSNO, Figura 3). Esses compostos são derivados de aminoácidos, peptídeos e proteínas e funcionam como estoques de NO, que pode ser liberado quando requeridos (STAMLER et al., 1992). Vários fatores liberam NO dos S-nitrosotióis, incluindo luz, calor, metais de transição, superóxidos, tióis adjacentes e enzimas, tais como xantina oxidase, superóxido dismutase e diversas desidrogenases (AL-SA’DONI; FERRO, 2000; BUTLER et al., 1998; LIU L et al., 2001). Figura 3: Estrutura química de alguns doadores de NO (MILLER; MEGSON, 2007). As oximas liberam NO de modo espontâneo ou por meio de enzimas dependentes da NADPH; e por fim, os nitratos orgânicos, liberam NO por mecanismos não-enzimáticos, incluindo hidrólise e nitrosação, reações com tióis, luz e aquecimento, ou ainda via ação enzimática. Enzimas citosólicas, microssomais ou ligadas à membrana são envolvidas na metabolização dos nitratos orgânicos (FEELISCH, 1998; WANG et al, 2002). 35 1.6 Nitratos orgânicos Os nitratos orgânicos são ésteres de ácido nítrico de álcoois mono- ou polihídricos (CSONT; FERDINANDY, 2005). Descobertos há mais de um século, esses compostos são os doadores de NO mais conhecidos e comumente utilizados na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, sendo capazes de reduzir a pré-carga e pós-carga. Os principais constituintes dessa classe incluem o trinitrato de gliceril, também conhecido por nitroglicerina (NTG); o mononitrato de isossorbida (ISMN); dinitrato de isossorbida (ISDN) e o tetranitrato de pentaeritritol (PETN), apresentados na Figura 4 (KOJDA et al, 1995; MILLER ; MEGSON, 2007). Figura 4: Estrutura química dos principais nitratos orgânicos (MILLER; MEGSON, 2007). A nitroglicerina é o protótipo desse grupo e, a aldeído desidrogenase mitocondrial (ALDHm) foi identificada como a principal enzima envolvida na biotransformação desse nitrato orgânico a 1,2-gliceril-dinitrato e NO2. A atividade da ALDHm exerce papel central no vasorelaxamento induzido por NTG in vitro e hipotensão in vivo e, a presença de inibidores dessa enzima cessa o vasorelaxamento, da mesma forma que a produção de 1,2-gliceril-dinitrato (CHEN et al., 2002; SYDOW et al., 2004; ZHANG et al., 2004). A NTG é usada principalmente para aliviar a dor aguda associada à angina, ela melhora o suprimento sanguíneo e o descompasso entre a demanda de oxigênio e abastecimento nas áreas isquêmicas é rapidamente aliviado. Através dos mesmos 36 efeitos hemodinâmicos, a NTG e outros nitratos orgânicos como o dinitrato de isossorbida (ISDN) e o mononitrato de isossorbida (ISMN) melhoraram consideravelmente a função ventricular esquerda em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e, a hipertensão pulmonar. Apresentam efeitos favoráveis sobre o remodelamento do ventrículo esquerdo após o infarto do miocárdio, bem como sobre a incidência de isquemia silenciosa (MÜNZEL et al, 2011; SKVARIL, 2000). Estudos mostram que a administração de nitratos orgânicos é capaz de amenizar a elevação da pressão arterial e melhorar alterações morfológicas e funcionais do sistema cardiovascular em diversos modelos de hipertensão como a hipertensão deficiente de NO, genética ou dependente de sal (BARROS et al, 2002; TÖRÖK, 2008). Os nitratos orgânicos também são sugeridos como terapia adjuvante aos inibidores da ECA no tratamento da hipertensão (ELKAYAM, 1996; FUNG, 1993; BODE-BÖGER, 2005) Oliver et al (2010) demonstraram que a administração oral do ISMN reduziu significativamente a pressão arterial em pacientes com hipertensão resistente e a combinação desse nitrato com o inibidor de fosfodiesterases, sildenafil, promoveu uma redução adicional da pressão arterial. Estudos em animais mostram que o PETN é associado a efeitos benéficos contra aterosclerose em coelhos hiperlipidêmicos e à melhora da disfunção endotelial no diabetes pela redução do estresse oxidativo (SCHUHMACHER et al, 2011). Todos os benefícios contra doenças cardiovasculares desempenhados pelos nitratos orgânicos resultam, principalmente, do relaxamento das células musculares lisas vasculares mediante a liberação de NO. Entretanto, a terapia a longo prazo com essas drogas resulta no rápido desenvolvimento de tolerância, limitando sua eficácia (GOYAL et al, 2006; KLEMENSKA; BERESEWICZ, 2009; YURTSEVEN et al, 2003). O desenvolvimento de tolerância ao nitrato caracteriza-se pela redução do seu efeito vasodilatador ou a necessidade de doses mais altas após o uso contínuo, configurando um fator limitante dessas drogas. Esse fenômeno pode apresentar várias causas: depleção intracelular de grupos sulfidrilas, alvos do NO; redução da atividade das enzimas envolvidas com a biotransformação dos nitratos; mecanismos vasoconstritores; ou elevação das espécies reativas de oxigênio (EROs) que 37 inativam enzimas envolvidas na liberação de NO (KLEMENSKA; BERESEWICZ, 2009; THADANI, 1997). A partir da década de 80, abordagens experimentais revelaram que os nitratos NTG, ISDN, ISMN e PETN induzem tolerância, sendo este último em menor proporção (FINK; BASSENGE, 1997; JURT et al, 2001). A redução da atividade da enzima ALDHm e a elevação das EROs são as principais causas de tolerância induzida por essas drogas (DAIBER et al, 2004). Além disso, o processo de tolerância está associada ao surgimento de modificações deletérias como a disfunção endotelial e o aumento ativação simpática (KLEMENSKA; BERESEWICZ, 2009; THADANI, 1997; FUNG, 2004; FUNG, 1992). Diante dessa problemática, a descoberta e a síntese de novos nitratos orgânicos incapazes de induzir tolerância tornam-se bastante relevante para o tratamento de desordens cardiovasculares, incluindo a hipertensão. Recentemente, o nosso grupo de pesquisa apresentou os efeitos de um novo nitrato orgânico, o 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP) (Figura 5), obtido a partir da glicerina, um subproduto da rota de produção do biodiesel (SANTOS, 2009). 1.7 Considerações sobre o 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP) Atualmente o mundo está vivendo o que se chama "Era dos Biocombustíveis", devido à preocupação com o meio ambiente e o potencial econômico dessas fontes energéticas (SANTOS, 2009). Entre os biocombustíveis, destaca-se o biodiesel como uma interessante alternativa e, sua produção tem aumentado nos últimos anos, no entanto, uma preocupação importante é como lidar com a grande quantidade de subprodutos gerados durante a sua rota de produção. Um subproduto importante da rota de produção de biodiesel é a glicerina. Cada 90 m3 de biodiesel produzido são acompanhados por 10 m 3 de glicerina pura, o que implica um excedente desse material, com grande queda de preços e problemas ambientais resultantes de seu acúmulo na natureza. O consumo deste volume extra de glicerina desafia várias indústrias para a sua aplicação em larga escala, inclusive no desenvolvimento de drogas para o tratamento de doenças cardiovasculares (KIRK-OTHMER, 2007). 38 Nesse contexto, a partir da glicerina foi sintetizado o 2-nitrato-1,3dibutoxipropano (NDBP). Este produto apresenta peso molecular de 249,304; fórmula molecular C11H23NO5; e fórmula estrutural mostrada a seguir: Figura 5: Estrutura química do 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP). Estudos in vivo demonstraram que o NDBP apresentou efeito hipotensor e bradicárdico de maneira dose-dependente em ratos normotensos não-anestesiados. Abordagens in vitro revelaram que o NDBP exerceu atividade vasorrelaxante em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato e esse efeito possivelmente envolveu a liberação de NO em meio fisiológico com posterior ativação da via NOGMPc-PKG, bem como canais para K+ (FRANÇA-SILVA, 2010), demonstrando atividades promissoras do NDBP sobre o sistema cardiovascular. Entretanto, estudos relacionados à tolerância medicamentosa induzida pelo NDBP não foram realizados. Esses estudos são extremamente necessários para a obtenção de um nitrato orgânico mais eficaz que os já existentes. Além disso, a evidência de que a hipertensão pode estar associada a alterações no sistema nervoso autonômico, e o fato de que o NO pode exercer influência direta sobre o controle autonômico da pressão arterial, reduzindo os efeitos deletérios de hipertensão, justificam a necessidade de avaliar os efeitos do NDBP, como um doador de NO, no balanço autonômico de ratos espontaneamente hipertensos (SHR), e seus controles normotensos Wistar Kyoto (WKY). 39 Objetivos 40 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar os efeitos do 2-nitrato-1,3-dibutoxipropano (NDBP) sobre o sistema cardiovascular de ratos normotensos e hipertensos por meio de abordagens in vitro e in vivo. 2.2 Objetivos específicos Abordagens in vitro Avaliar a produção de óxido nítrico pelo NDBP em cultura de células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR); Verificar se o NDBP induz tolerância em preparações de artéria mesentérica cranial isolada de rato; Abordagens in vivo Caracterizar os efeitos da administração aguda do NDBP sobre a pressão arterial e frequência cardíaca em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR) não- anestesiados; Avaliar a influência da administração aguda do NDBP no balanço autonômico sobre a pressão arterial e frequência cardíaca de animais WKY e SHR. 41 Material e métodos 42 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Animais Foram utilizados ratos Wistar nos experimentos in vitro e, ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e seus controles normotensos Wistar Kyoto (WKY) nos experimentos in vivo. Todos os animais foram provenientes do Biotério Prof. Thomas George, do Centro de Biotecnologia da UFPB. Esses animais pesaram entre 250 e 300 g e tinham idade entre 12 e 14 semanas. Eles foram mantidos sob condições controladas de temperatura (21 ± 1 ºC) e ciclo claro-escuro de 12 horas (das 6 às 18 horas), com livre acesso à água e ração (Labina®, Purina). Todos os experimentos desenvolvidos neste estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal do CBIOTEC/UFPB, sob parecer nº 0209/10 (Anexo). 3.2 Substância-teste O NDBP foi obtido por síntese orgânica a partir da glicerina (SANTOS et al, 2009), e cedido ao projeto pelo laboratório do Prof. Dr. Petrônio Filgueiras de Athayde Filho, do Departamento de Química da UFPB. Para a realização dos protocolos experimentais in vitro, imediatamente antes dos experimentos, o NDBP foi solubilizado em cremofor na proporção de 1:1 e diluído em água destilada para a concentração de 10 -1 M; ou em solução salina (0,9%) para a concentração de 20 mg/ml, nos experimentos in vivo. Em seguida foram diluídos novamente para a concentração ou dose desejada, de acordo com a necessidade de cada protocolo experimental. 3.3 Drogas utilizadas Durante a realização dos experimentos foram utilizadas as seguintes substâncias: azul de metileno; brometo de hexametônio; cloridrato de acetilcolina (ACh); cloridrato de L(-) fenilefrina (FEN); cremofor; sulfato de atropina, todos obtidos da Sigma-Aldrich (EUA); diacetato de 4,5-diaminofluoresceína (DAF-2DA) obtido da Calbiochem (São Paulo, SP, Brasil); cetamina e xilazina, obtidas da Fort 43 Dodge; e sal sódico de heparina, obtido da Roche. As drogas utilizadas nos experimentos in vitro foram dissolvidas em água destilada e as utilizadas nos protocolos in vivo foram dissolvidas em salina. 3.4 Soluções nutritivas Nos protocolos in vitro foram utilizadas soluções nutritivas (pH = 7,4) aeradas com mistura carbogênia (95% de O2 e 5% de CO2) e mantidas a 37º C. Na preparação das soluções foram utilizados os seguintes sais: cloreto de sódio (NaCl), cloreto de potássio (KCl), cloreto de cálcio (CaCl2), cloreto de magnésio (MgCl2), fosfato de sódio (NaH2PO4), bicarbonato de sódio (NaHCO3) e glicose (C6H12O6) (SIGMA), cuja composição em milimolar (mM) é descrita no Quadro 1. Substância Concentração (mM) NaCl 158,3 KCl 4,0 CaCl2 2,0 MgCl2 1,05 NaH2PO4 0,42 NaHCO3 10,0 Glicose 5,6 Quadro 1: Composição da solução nutritiva de Tyrode (TANAKA et al, 1999). Em outra série de experimentos foi utilizada a solução de tampão fosfato salina, conhecida como PBS, composta de cloreto de sódio (NaCl), cloreto de potássio (KCl), fosfato de potássio (KH2PO4) e fosfato dissódico (Na2HPO4), cuja composição em milimolar (mM) é descrita no Quadro a seguir. Substância Concentração (mM) NaCl 137,0 KCl 2,7 KH2PO4 4,17 Na2HPO4 4,3 Quadro 2: Composição da solução PBS. 44 3.5 Cateteres vasculares Na confecção dos cateteres para os protocolos in vivo, foram utilizados tubos de polietileno PE-10 (diâmetro interno e externo de 0,28 - 0,61 mm, respectivamente) de 3 cm de comprimento para o cateter arterial e 2,5 cm para o cateter venoso, soldados por aquecimento a tubos de polietileno PE-50 (diâmetro interno e externo de 0,58 - 0,96 mm, respectivamente) de 22 cm. Antes da canulação, os cateteres foram preenchidos com solução salina (0,9%) + 500 UI de heparina e a extremidade PE-50 de cada cateter foi obstruída com pino de metal. 3.6 Ensaios bioquímicos in vitro Medida da produção intracelular de NO em células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR) O estudo bioquímico utilizando técnicas de citometria de fluxo/ Separador de Células Ativado por Fluorescência (Citômetro FACS Calibur®, Becton Dickinson, San Jose, CA, EUA) foi desenvolvido em colaboração com a Profª. Drª. Lia Sumie Nakao, no Setor de Ciências Biológicas, Centro Politécnico, UFPR, Curitiba-PR. Cultura primária de CMLAR Após a remoção da aorta torácica de ratos, esta foi transferida para PBS estéril onde os tecidos conjuntivo e adiposo foram removidos. Em seguida, o PBS foi trocado e a aorta seccionada em pequenos fragmentos de aproximadamente 5 mm. Com a parte interna voltada pra baixo, os fragmentos foram colocados em placas de 24 poços com inibidores de crescimento para fibroblastos. Sobre cada fragmento foi depositado 50 μL de DMEM suplementado com 20% de soro fetal bovino (SFB) e antibióticos (penicilina e estreptomicina), como descrito previamente por Kojima et al (1998). Em dias alternados, o meio foi trocado até as células atingirem confluência de 90% e, após a confluência desejada, as células foram lavadas com PBS e ressuspensas por tripsina (0,2% por 5 minutos em estufa de CO2). A suspensão obtida foi coletada em tubos estéreis e centrifugada (5 minutos a 45 2000 rpm). O sobrenadante foi desprezado e adicionou-se DMEM suplementado com SFB (10%) mais antibióticos ao “pellet”, o qual foi transferido para novas placas de cultura celular. Incubação do DAF-2DA e protocolos experimentais As CMLAR em confluência foram lavadas com PBS e mantidas em DMEM sem SFB para os experimentos. DAF-DA (10 μM) foi adicionado e incubado por 5 minutos 37ºC. Em seguida, adicionaram-se as substâncias-teste, que foram incubadas por 30 minutos a 37 ºC. As células foram lavadas com PBS e tratadas com tripsina (0,2% em DMEM) por 2 minutos para que fossem desprendidas do assoalho da placa de 24 poços (P-24). Logo após a confirmação do desprendimento das células por microscopia óptica (Microscópio invertido Olympus, aumento de 400x), adicionou-se DMEM suplementado com SFB a 5% para reduzir a ação da tripsina frente às células. A seguinte sequência foi repetida por duas vezes: centrifugação (2000 rpm por 5 minutos), remoção do sobrenadante e lavagem com PBS. As suspensões de CMLAR (~106 células/mL) em PBS foram imediatamente levadas ao Citômetro para quantificar a fluorescência (excitação: 490 nm e emissão: 530 nm) do interior das células (XIAO et al., 2006), sendo analisadas 10.000 células. A biodisponibilidade de NO nas CMLAR foi quantificada por exposição das amostras biológicas ao NDBP (10-6 M, 3x10-5 M, 10-4 M), ou ainda ao nitroprussiato de sódio (NPS, 10-7 M) ou nitroglicerina (NTG, 10-6 M ou 10-4 M), os controles positivos, após pré-incubação com o DAF-2DA. A fluorescência nessas células foi produzida pela oxidação do DAF-DA em sua forma fluorescente verde, DAF-2T, e os sinais foram obtidos em histogramas de frequência. Desse modo, foi possível detectar a concentração de NO sem estimulação (fluorescência basal), ou seja, na presença do DAF sozinho e, as mudanças na concentração intracelular de óxido nítrico após o tratamento com o NDBP, NTG ou NPS foram expressas como a razão entre a fluorescência após os tratamentos (F) e a fluorescência basal (F0): F/F0. Todos os tratamentos foram realizados em triplicatas de amostras biológicas. 46 3.7 Ensaios farmacológicos in vitro Avaliação da habilidade do NDBP em induzir tolerância ao vasorrelaxamento Preparações de anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato normotenso Os ratos foram eutanasiados e, por meio de uma incisão no abdome do animal, a artéria mesentérica cranial foi identificada, removida e imediatamente transferida para a solução de Tyrode, onde o vaso foi dissecado e seccionado em anéis (1 - 2 mm de comprimento). Os anéis tiveram o endotélio removido por atrito mecânico entre as paredes internas do vaso e uma haste de metal. Cada anel foi imerso em cubas contendo solução de Tyrode, a 37º C, gaseificada com uma mistura de 95% de O2 e 5% de CO2 (carbogênio), para manter o pH relativamente constante entre 7,2 e 7,4. Em seguida, os anéis foram suspensos verticalmente por linhas de algodão fixadas a um transdutor de força (DATAQ®, 2008, Insight, Brasil) e submetidos à tensão basal de aproximadamente 0,75 g, durante 60 minutos para estabilização. Durante este período a solução do banho foi trocada a cada 15 minutos, para prevenir a interferência de metabólitos e a linha de base ajustada quando necessário (ALTURA; ALTURA, 1970). Mudanças na tensão isométrica foram captadas pelo sistema de aquisição (WinDaq/XL, DI 148-U, Insight, Brasil). Verificação da presença do endotélio funcional A presença de endotélio funcional foi verificada pelo relaxamento dos anéis pré-contraídos com fenilefrina (FEN,10 M) após adição de 10 M de acetilcolina (ACh). Os anéis com relaxamento superior a 80% sobre a pré-contração com FEN foram considerados com endotélio funcional (E+). Já os anéis com relaxamento inferior a 10%, foram considerados sem endotélio funcional (E-) (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Para esse estudo foram utilizados apenas anéis sem endotélio funcional. Os demais foram descartados. 47 Avaliação da atividade vasorrelaxante do NDBP sobre tecido vascular previamente exposto ao composto O protocolo de avaliação da tolerância induzida pelo NDBP foi realizado de acordo com Daiber et al (2004). Após um período de estabilização de 60 minutos e posterior verificação do endotélio funcional, o NDBP (10 µM ou 100 µM) foi adicionado ao banho e incubado por 30 minutos. Após este período os anéis foram lavados e submetidos a um segundo período de estabilização, semelhante ao anterior. Em seguida, induziu-se uma contração com FEN (10 M) e concentrações crescentes do NDBP (10-8, 3 x 10-8, 10-7, 3 x 10-7, 10-6, 3 x 10-6, 10-5, 3 x 10-5 e 10-4 M), foram aplicadas de maneira cumulativa para a obtenção de uma curva concentração-resposta (Figura 7). O relaxamento foi expresso como percentagem reversa da contração induzida pela FEN. Após a obtenção das curvas concentraçãoresposta, foram calculados os valores de pD2 (-log da CE50) e Emáx (efeito máximo) das curvas individuais. O relaxamento induzido pelo NDBP em anéis pré-incubados com o composto foi comparado com o relaxamento dos anéis que não sofreram exposição prévia ao NDBP. Em outro grupo, os anéis foram incubados apenas com o cremofor (10 µM ou 100 µM) e o mesmo veículo foi administrado cumulativamente nas mesmas doses utilizadas do NDBP (10-8 a 10-4 M) após a contração com FEN (Grupo controle). Figura 6: Representação esquemática do protocolo experimental para a avaliação da habilidade do NDBP induzir tolerância em anéis de artéria mesentérica de rato. 48 3.8 Ensaios farmacológicos in vivo Efeitos do NDBP sobre o controle autonômico de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY) Implantação dos cateteres vasculares Um dia antes dos experimentos foi realizada a implantação dos cateteres vasculares (canulação). Os animais foram anestesiados com cetamina (75 mg/kg, i.p.) e xilazina (10 mg/kg, i.p.). Em seguida, foram colocados em decúbito dorsal em uma prancha cirúrgica. Uma pequena incisão na região inguinal foi realizada, separando a musculatura para localização do feixe vasculonervoso femoral. A seguir, artéria e veia femorais foram dissecadas e expostas. A extremidade PE-10 do cateter arterial foi introduzida em direção à aorta abdominal, via artéria femoral, para registro dos parâmetros cardiovasculares e em direção à veia cava caudal, por meio da veia femoral, para administração das drogas. Uma vez implantadas, as cânulas foram exteriorizadas na região escapular dorsal do rato e fixadas com linha de sutura. Após a cirurgia, os animais foram acondicionados em gaiolas individuais mantidas sob condições de temperatura, luminosidade e níveis de ruído controlados e receberam água e ração ad libitum, durante 24 horas para recuperação. Registro da pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC) Os registros da pressão arterial e da frequência cardíaca foram realizados em animais não-anestesiados no dia seguinte à canulação. A cânula arterial, previamente heparinizada, foi conectada a um transdutor de pressão (Modelo BRPL2, World Precision Instruments, Sarasota, FL, EUA) acoplado a um amplificador e conectado a um sistema de aquisição de dados (PowerLab, ADInstruments, Unit 13, 22 Lexington Drive, BELLA VISTA, NSW, AUSTRALIA). O software de aquisição e análise de dados foi o Chart 5.0. Esse equipamento de aquisição permite o registro simultâneo da pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, pressão arterial média e frequência cardíaca. 49 Avaliação do efeito da administração aguda do NDBP sobre a PA e a FC em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY) não-anestesiados Após 24 horas da implantação dos cateteres vasculares, os animais foram mantidos em aclimatação por um período de 30 minutos para estabilização dos parâmetros cardiovasculares, em seguida, doses do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg) foram administradas aleatoriamente por via intravenosa e as alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca foram avaliadas, conforme o protocolo esquematizado na Figura 7. Figura 7: Representação esquemática do protocolo experimental para a avaliação do efeito da administração aguda do NDBP sobre a PA e a FC. Os valores de pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) foram computados antes (valores da linha de base) e imediatamente após a administração de NDBP e suas variações calculadas por meio da seguinte fórmula: ΔPAM = PAMposterior – PAManterior Onde: PAM = Variação dos valores de pressão arterial média (PAM) PAMposterior = PAM após a administração do NDBP PAManterior = PAM antes da administração do NDBP O mesmo cálculo foi realizado para os valores de FC. Nos experimentos subsequentes, o NDBP foi administrado na dose de 15 mg/kg. 50 Avaliação da influência do bloqueio parassimpático na resposta induzida pelo NDBP A fim de investigar a contribuição da atividade parassimpática nas respostas induzidas pelo NDBP, a atropina (2 mg/kg), um antagonista dos receptores muscarínicos (LEE et al, 2008), foi administrado por via intravenosa em ratos SHR e WKY, e o efeito do NDBP foi avaliado antes e após o bloqueio. Avaliação da influência da vagotomia na resposta induzida pelo NDBP Em outra série de experimentos, após anestesia com cetamina (75 mg/kg, i.p.) e xilazina (10 mg/kg, i.p.), os ratos SHR e WKY foram submetidos à secção bilateral do nervo vago, procedimento também denominado vagotomia e, as respostas ao NDBP foram avaliadas antes e após este procedimento cirúrgico. Avaliação da influência do bloqueio ganglionar na resposta induzida pelo NDBP No intuito de avaliar o efeito do NDBP sobre a atividade simpática dos animais SHR e WKY, foi administrado o hexametônio (30 mg/kg, i.v.), um bloqueador nicotínico ganglionar (SHYTLE et al, 2002). O NDBP foi administrado antes e após a utilização dessa ferramenta farmacológica e as respostas cardiovasculares foram comparadas. Avaliação da influência do bloqueio da ciclase de guanilil solúvel (CGs) nos efeitos cardiovasculares induzidos pelo NDBP Para investigar a participação da CGs nos efeitos cardiovasculares in vivo do NDBP, o azul de metileno (4 mg/kg, i.v.), bloqueador da ciclase de guanilil solúvel (CGs), foi injetado in bolus nos animais SHR e WKY não-anestesiados. As respostas ao NDBP antes e após esse bloqueio foram comparadas. 51 Todos os protocolos experimentais in vivo com os diferentes bloqueios estão representados na Figura 8. Figura 8: Representação esquemática do protocolo experimental para a administração do NDBP (15 mg/kg) em ratos SHR e WKY não-anestesiados antes e após diferentes bloqueios. 3.9 Análise estatística Os dados foram expressos como média ± e.p.m. e foram consideradas diferenças significativas quando p<0,05. Nos experimentos farmacológicos in vitro, o valor de efeito máximo EMáx foi considerado como a resposta vasorrelaxante máxima do NDBP à fenilefrina (FEN). As curvas foram obtidas por regressão não-linear, por meio da qual obteve-se também o pD2. As análises estatísticas, quando apropriadas, foram realizadas pelo teste t Student, ANOVA “Two-way” seguida de pós-teste de Bonferroni ou ANOVA “Oneway” seguida do pós-teste de Tuckey e, sendo utilizado o programa GraphPad Prism, versão 5.0. Os gráficos de histograma da citometria por fluxo foram analisados pelo software WinMDI 2.9, utilizando o GraphPad Prism 5.0. 52 Resultados 53 4 RESULTADOS 4.1 Produção de óxido nítrico intracelular em cultura de células musculares lisas de rato Em células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR), o NDBP (10 -6 M, 3x10-5 M e 10-4 M) foi capaz de aumentar a fluorescência relativa após a incubação com o DAF-2DA (% fluorescência = 22.0 ± 1.2; 37.9 ± 4.0; 75.8 ± 9.5, respectivamente, n = 4, p<0,05), da mesma forma que o nitroprussiato de sódio, 10 -7 M (% fluorescência = 24.3 ± 1.8), o controle positivo, demonstrando a produção intracelular de óxido nítrico (Figura 9). O tratamento com o cremofor (veículo) não alterou a fluorescência basal emitida pelo DAF (dados não mostrados). 100 Fluorescência ( %) * 80 60 * 40 * * 20 PS 10 M -7 M N P B D N N D B N P D 3 B x P 10 10 -4 M -5 M 10 -6 0 -6 -5 -4 -7 Figura 9: Efeito do NDBP (10 M, 3x10 M, 10 M) ou NPS (10 M) sobre os níveis de NO 6 expressos como fluorescência relativa em CMLAR ( 10 /ml) usando o DAF-2DA. Dados representativos de quatro experimentos em triplicata. A produção basal foi zerada e a diferença foi colocada como percentagem da fluorescência nos diferentes tratamentos. Valores expressos como média ± e.p.m. *p<0,05 versus fluorescência basal. A Figura 10 apresenta um traçado representativo ilustrando o aumento da fluorescência emitida por DAF causado pelo NDBP em comparação com o nitroprussiato de sódio (NPS) em CMLAR. 54 A B C D Figura 10: Fluorescência basal emitida por DAF, e pela adição do NPS em CMLAR (A). -6 -5 Fluorescência basal emitida pela adição do NPS ou NDBP, 10 M (B); NPS ou NDBP, 3 x 10 M (C); -4 NPS ou NDBP, 10 M (D) em CMLAR. 55 Não houve diferença estatística entre a produção de óxido nítrico induzida pelo NDBP e a induzida pela nitroglicerina (NTG), um nitrato orgânico também utilizado na clínica e que pertence a mesma classe química do NDBP, tanto na concentração de 10-6 M (22.0 ± 1,2 versus 42.5 ± 11.3, respectivamente) quanto na concentração de 10-4 M (75.8±9.5 versus 105.7 ± 12.9) (Figura 11). A 150 Fluorescência ( %) n.s. 100 * 50 * 0 NDBP 10-6 M NTG 10-6 M B n. s. Fluorescência ( %) 150 * 100 * 50 0 NDBP 10-4 M NTG 10-4 M -6 -4 Figura 11: Efeito do NDBP e NTG nas concentrações de 10 M (A) ou 10 M (B) sobre os níveis de 6 NO expressos como fluorescência relativa em CMLAR ( 10 /ml) usando o DAF-2DA. Dados representativos de quatro experimentos em triplicata. A produção basal foi zerada e a diferença foi considerada como percentagem da fluorescência nos diferentes tratamentos. Valores expressos como média ± e.p.m. *p<0,05 versus fluorescência basal; n. s. – não significante. 56 A Figura 12 apresenta um traçado representativo ilustrando o aumento da fluorescência emitida por DAF causado pela NTG (10 -6 M, 3 x 10-5 M e 10-4 M) e em comparação com a produção basal. Figura 12: Fluorescência basal emitida por DAF e fluorescência emitida pela adição de diferentes concentrações de nitroglicerina (NTG) em CMLAR. 57 4.2 Avaliação da tolerância elucidada pelo NDBP in vitro A Figura 13 apresenta os traçados representativos do efeito induzido pelo NDBP ou cremofor em artéria mesentérica. São mostrados os seguintes grupos: (A) Grupo FEN, no qual foram adicionadas concentrações cumulativas do NDBP (10 -8 – 10-4 M) após contração induzida por FEN (10 µM), sem incubação prévia; (B) Grupo FEN + NDBP, no qual os anéis foram incubados com o NDBP (10 M) antes da contração com FEN (10 µM); e (C) Grupo Controle, no qual apenas o veículo (cremofor, 10 M) foi incubado e, adicionado cumulativamente (10-8 – 10-4 M) após contração induzida por FEN (10 µM). A B C -8 -4 Figura 13: Traçado representativo do efeito induzido pelo NDBP (10 – 10 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato pré-contraídos com FEN (10 M), sem exposição prévia ao NDBP (A), após a incubação prévia com o NDBP (10 M) (B), e grupo controle (C). 58 O NDBP quando adicionado ao banho de maneira cumulativa (10 -8 – 10-4 M), promoveu vasorrelaxamento concentração-dependente em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato pré-contraídos com FEN, independente do endotélio funcional (Emáx = 111 4%; pD2 = 5,8 0,06). A exposição prévia dos anéis ao NDBP (10 µM) não alterou a resposta vasorrelaxante induzida pela adição cumulativa do composto (Emáx = 113 1%; pD2 = 6,0 0,04). O cremofor não induziu quaisquer efeitos significativos em preparações controle, como pode ser visualizado na Figura 14. Relaxamento (%) 0 Cremofor (10 M) 25 FEN 50 FEN + NDBP (10 M) 75 100 125 150 -8 -7 -6 -5 -4 Log [NDBP] M -8 -4 Figura 14: Efeito vasorrelaxante do NDBP (10 – 10 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato submetidos à incubação prévia com o NDBP (10 µM), comparado ao grupo que não sofreu incubação prévia e ao controle (veículo). Os pontos na figura representam a média de 7 experimentos e as linhas verticais indicam o e.p.m. 59 A Figura 15 apresenta os traçados representativos do efeito induzido pelo NDBP ou cremofor, ambos na concentração de 100 µM, em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato, nos seguintes grupos: (A) Grupo FEN; (B) Grupo FEN + NDBP; e (C) Grupo Controle. A B C -8 -4 Figura 15: Traçado representativo do efeito induzido pelo NDBP (10 – 10 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato pré-contraídos com FEN (10 M), sem exposição prévia ao NDBP (A), após a incubação prévia com o NDBP (100 M) (B), e grupo controle (C). 60 Não houve alteração nos valores de efeito máximo (Emáx) e potência (pD2) do composto entre o grupo FEN (Emáx = 111 4%; pD2 = 5,8 previamente exposto ao NDBP, 100 µM (Emáx = 111 0,06) e o grupo 6%; pD2 = 5,8 0,07), indicando que o NDBP não induziu tolerância nessas condições experimentais. O cremofor (100 µM) também não demonstrou alterações no Grupo Controle (Figura 16). Relaxamento (%) 0 25 Cremofor (100 M) 50 FEN 75 FEN + NDBP (100 M) 100 125 150 -8 -7 -6 -5 -4 Log [NDBP] M -8 -4 Figura 16: Efeito vasorrelaxante do NDBP (10 – 10 M) em anéis de artéria mesentérica cranial isolada de rato submetidos à incubação prévia com o NDBP (100 µM), comparado ao grupo que não sofreu incubação prévia e ao controle (veículo). Os pontos na figura representam a média de 7 experimentos e as linhas verticais indicam o e.p.m. 61 4.3 Efeitos do NDBP sobre o controle autonômico de ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e seus controles normotensos (WKY) Efeitos do NDBP sobre a pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC) em ratos não-anestesiados A Figura 17 apresenta um traçado representativo de um animal WKY e SHR, ilustrando a pressão arterial pulsátil (PAP), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) basais. WKY SHR Figura 17: Traçado representativo ilustrando a pressão arterial pulsátil (PAP), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY). 62 A pressão arterial média basal dos animais espontaneamente hipertensos e seus controles normotensos foi de 165 ± 5 mmHg e 105 ± 7 mmHg, respectivamente (p < 0,0001). Não houve diferença significativa na frequência cardíaca entre os grupos SHR e WKY (339 ± 18 e 359 ± 19, respectivamente), como pode ser visualizado na Figura 18. 200 * PAM ( mmHg) 150 100 50 0 WKY SHR 400 FC ( bpm) 300 200 100 0 WKY SHR Figura 18: Valores basais de pressão arterial média e frequência cardíaca em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR). Valores expressos como média e.p.m. *p< 0,0001 versus WKY, n = 6, cada. 63 A Figura 19 mostra o traçado representativo de um animal do grupo normotenso Wistar Kyoto, ilustrando as variações na PAP, PAM e FC após a administração de diferentes doses do NDBP ou cremofor por via intravenosa. Figura 19: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC após a administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) nãoanestesiados. As setas denotam o momento da administração do NDBP nas doses indicadas. A administração do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) causou hipotensão (-4 ± 2, -21 ± 6, -54 ± 6, -62 ± 10, -76 ± 8 mmHg) e bradicardia (1 ± 5, -70 ± 26, -248 ± 10, -240 ± 25, -301 ± 29 bpm), seguidas de hipertensão (5 ± 2, 4 ± 1, 6 ± 2, 5 ± 2, 12 ± 3 mmHg) e taquicardia (25 ± 4, 11 ± 10, 55 ± 19, 46 ± 9, 76 ± 16 bpm) de maneira dose-dependente em ratos WKY (n = 6), como pode ser visualizado na Figura 20. A administração do cremofor (20 mg/kg) ou salina não alterou os parâmetros cardiovasculares desses animais. Os valores foram expressos como variação de pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) antes (valores da linha de base) e após a administração do NDBP. 64 50 PAM ( mmHg) 0 -50 -100 C re m of or m g/ kg 20 m g/ kg 15 10 m g/ kg g/ kg m 5 1 m g/ kg -150 200 FC ( bpm) 0 -200 of or re m C g/ kg m 20 g/ kg m 15 10 m g/ kg g/ kg m 5 1 m g/ kg -400 Resposta primária ao NDBP Resposta secundária ao NDBP Figura 20: Efeito da administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) sobre a PAM e FC em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) não-anestesiados. Valores expressos como média e.p.m. (n = 6). 65 Em animais espontaneamente hipertensos (SHR, n=6), as respostas hipotensora (-8 ± 1, -20 ± 5, -86 ± 4, -95 ± 5, -118 ± 3 mmHg) e bradicárdica (9 ± 8, 125 ± 37, -252 ± 10, -269 ± 16, -309 ± 18 bpm, n=6) foram mais acentuadas em comparação ao grupo WKY, bem como a hipertensão (9 ± 2, 15 ± 3, 50 ± 5, 57 ± 4, 60 ± 8 mmHg) e taquicardia (30 ± 10, 45 ± 9, 49 ± 11, 76 ± 15, 110 ± 19 bpm), como pode ser visualizado na Figura 22. A Figura 21 apresenta o traçado representativo do grupo SHR após a administração do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i. v.). Figura 21: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC após a administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) nãoanestesiados. 66 100 PAM ( mmHg) 50 0 -50 -100 of or re m C g/ kg m 20 g/ kg m 15 g/ kg 10 m g/ kg m 5 1 m g/ kg -150 200 FC ( bpm) 0 -200 re m of or C m g/ kg 20 m g/ kg 15 m g/ kg 10 g/ kg m 5 1 m g/ kg -400 Resposta primária ao NDBP Resposta secundária ao NDBP Figura 22: Efeito da administração aguda do NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg, i.v.) sobre a PAM e FC em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) não-anestesiados. Valores expressos como média e.p.m. (n = 6). 67 A partir desses resultados, a dose de 15 mg/kg foi escolhida para os experimentos subsequentes. A resposta ao NDBP antes de todos os bloqueios utilizados foram referidas nas figuras como NDBP controle. Efeitos do NDBP após bloqueio parassimpático As Figuras 23 e 24 apresentam os traçados representativos de animais WKY e SHR, respectivamente, ilustrando as mudanças nos parâmetros cardiovasculares na ausência e presença da atropina (2 mg/kg). O bloqueio dos receptores muscarínicos com atropina (2 mg/kg) atenuou a bradicardia induzida pelo NDBP (15 mg/kg) em ratos WKY (-265 ± 25 versus -48 ± 7 bpm, n = 6, p<0,05) e SHR (-255 ± 9 versus -25 ± 10 bpm, p<0,05, n=6). A hipotensão também foi atenuada em WKY (-75 ± 9 versus -12 ± 3 mmHg, p < 0,05) e SHR (-101 ± 6 versus -7 ± 2 mmHg, p < 0,05). Entretanto, a resposta pressora ao composto foi potencializada em ambos os grupos (35 ± 7 versus 65 ± 4 mmHg em WKY; 33 ± 10 versus 82 ± 6 mmHg em SHR; p<0,05) como mostrado nas Figuras 25 e 26. Figura 23: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após a atropina (2 mg/kg). 68 Figura 24: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após a atropina (2 mg/kg). 69 100 PAM ( mmHg) 50 0 * -50 -100 -150 100 FC ( bpm) 0 -100 * -200 -300 -400 NDBP controle NDBP após atropina Figura 25: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após a atropina (2 mg/kg). *p<0,05 versus resposta hipotensora e bradicárdica controle; versus resposta pressora controle, (n = 6). 70 150 PAM ( mmHg) 100 50 0 * -50 -100 -150 100 FC ( bpm) 0 * -100 -200 -300 NDBP controle NDBP após atropina Figura 26: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após a atropina (2 mg/kg). *p<0,05 versus resposta hipotensora e bradicárdica controle; versus resposta pressora controle, (n = 6). 71 Efeitos do NDBP após vagotomia As Figuras 27 e 28 apresentam os traçados de animais representativos do grupo WKY e SHR, respectivamente, ilustrando as alterações na PAP, PAM e FC induzidas pelo NDBP antes após a vagotomia. Foi observado que a secção bilateral do nervo vago praticamente aboliu a bradicardia em WKY (-136 ± 8 versus -17 ± 2 bpm, n=5, p<0,05) e SHR (-141 ± 9 versus -8 ± 2 bpm, n=6, p<0,05). Após este procedimento cirúrgico, a resposta hipotensora também foi atenuada em ratos SHR (-66 ± 8 versus -34±11 mmHg, p<0,05) da mesma forma que em animais WKY (-59 ± 11 versus -35 ± 9 mmHg, p<0,05) (Figuras 29 e 30). Figura 27: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após vagotomia. 72 Figura 28: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após vagotomia. 73 0 -20 PAM ( mmHg) * -40 -60 -80 -100 0 * * FC ( bpm) -50 -100 -150 NDBP Controle NDBPapós vagotomia - 0 seg NDBP após vagotomia - 80 seg Figura 29: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após vagotomia. *p<0,05 versus resposta controle, (n = 5). 74 50 PAM ( mmHg) * 0 -50 * -100 50 * 0 FC ( bpm) * -50 -100 -150 -200 NDBP Controle NDBP após vagotomia - 0 seg NDBP após vagotomia - 50 seg Figura 30: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após vagotomia. *p<0,05 versus resposta hipotensora e bradicárdica controle; versus resposta inicial à vagotomia, (n = 6). 75 Efeitos do NDBP após bloqueio ganglionar A Figura 31 ilustra as alterações na PAP, PAM e FC de um animal representativo do grupo WKY no qual o NDBP foi administrado antes e após o hexametônio (30 mg/kg). Em ratos WKY, o bloqueio nicotínico ganglionar com hexametônio (30 mg/kg, i.v.) aboliu tanto a resposta bradicárdica (-278 ± 23 versus 48 ± 3 bpm, n = 6, p<0,05) quanto a resposta pressora (28 ± 8 versus -9 ± 5 mmHg, p<0,05) e taquicárdica (74 ± 16 versus -41 ± 12 bpm, p<0,05), induzida pelo NDBP (15 mg/kg), como pode ser verificado na Figura 32. Figura 31: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o hexametônio (30 mg/kg). 76 100 PAM ( mmHg) 50 0 -50 * * -100 -150 200 100 FC ( bpm) 0 -100 * * -200 -300 -400 NDBP Controle NDBP após Hexametônio Figura 32: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após o hexametônio (30 mg/kg). *p<0,05 versus resposta hipotensora e bradicárdica controle; versus respostas pressora e taquicárdica controle, (n = 6). 77 As respostas pressora e bradicárdica induzidas pelo NDBP (15 mg/kg) também foram praticamente abolidas em ratos espontaneamente hipertensos (42 ± 7 versus -19 ± 8 mmHg; -285 ± 16 versus -27 ± 19 bpm, respectivamente, n=5; p<0,05), como apontam as Figuras 33 e 34. Figura 33: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o hexametônio (30 mg/kg). 78 100 PAM ( mmHg) 50 0 -50 * * -100 -150 100 FC ( bpm) 0 -100 * -200 -300 -400 NDBP Controle NDBP após Hexametônio Figura 34: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após o hexametônio (30 mg/kg). *p<0,05 versus resposta hipotensora e bradicárdica controle; versus resposta pressora controle, (n = 5). 79 Efeito do NDBP sobre a PA e a FC após bloqueio da ciclase de guanilil solúvel (CGs) A Figura 35 apresenta o traçado de um animal representativo WKY, ilustrando as alterações nos parâmetros cardiovasculares induzidas pelo NDBP antes e após a administração do azul de metileno. Pode-se observar que a administração in bolus do azul de metileno (4 mg/kg, i.v.), um inibidor da ciclase de guanilil solúvel, atenuou as respostas hipotensora (-82 ± 6 versus -57 ± 7 mmHg, p<0,05) e bradicárdica (-322 ± 14 versus -272 ± 11 bpm, n = 6, p< 0.05) do NDBP em animais WKY (Figura 36). Figura 35: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos WKY induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg). 80 PAM ( mmHg) 0 -50 * -100 0 FC ( bpm) -100 -200 -300 * -400 NDBP controle NDBP após azul de metileno Figura 36: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg). *p<0,05 versus resposta controle, (n = 6). 81 Em animais SHR foram observados resultados similares com relação à hipotensão (-95 ± 8 versus -70 ± 4 mmHg, p<0,05) e bradicardia (-291 ± 12 versus 235 ± 6 bpm, p<0,05, n=5) (Figuras 37 e 38). Em ambos os grupos, não houve alterações na resposta secundária ao NDBP, caracterizadas por hipertensão e taquicardia. Figura 37: Traçado representativo ilustrando as mudanças na PAP, PAM e FC em ratos SHR induzidas pelo NDBP (15 mg/kg, i.v.) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg). 82 PAM ( mmHg) 0 -50 * -100 0 FC ( bpm) -100 -200 * -300 -400 NDBP Controle NDBP após azul de metileno Figura 38: Efeito da administração aguda do NDBP (15 mg/kg, i.v.) em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) antes e após o azul de metileno (4 mg/kg). *p<0,05 versus resposta controle, (n = 5). 83 Discussão 84 5 DISCUSSÃO A partir dos resultados obtidos, pôde-se observar que o NDBP apresentou cinética de liberação de NO similar à nitroglicerina em CMLAR e não induziu tolerância em preparações de artéria mesentérica isolada de rato normotenso. Além disso, a infusão intravenosa aguda do NDBP provocou hipotensão e bradicardia seguidas de hipertensão e taquicardia de maneira dose-dependente. A hipotensão e bradicardia foram atenuadas pelo bloqueio da atividade vagal no coração ao passo que a hipertensão e taquicardia foram abolidas após bloqueio nicotínico ganglionar em ratos normotensos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR). Em estudo anterior (FRANÇA-SILVA, 2010), foi demonstrado que o NDBP promoveu o relaxamento de anéis de artéria mesentérica cranial isolada de ratos normotensos, e esse efeito possivelmente envolveu a liberação de NO com ativação da via NO-GMPc-PKG e ativação dos canais para K+. No presente estudo, através de dosagens bioquímicas foi constatada a liberação de NO induzida pelo NDBP em células musculares lisas de aorta de rato (CMLAR), corroborando com os resultados funcionais previamente encontrados. Pôde-se observar um aumento da fluorescência nas células incubadas com diferentes concentrações do NDBP, da mesma forma que nas células tratadas com o nitroprussiato de sódio (NPS) ou nitroglicerina (NTG). A liberação de NO pela NTG em células vasculares já havia sido demonstrada em estudos anteriores por métodos indiretos. Diversos autores demonstraram a produção de NO a partir da NTG em células musculares lisas de aorta de rato pelo método de quantificação de nitrito (MISKO et al, 1993; SAKO et al, 1998; SALVEMINI et al, 1993; WEBER et al; 1996). Feelisch; Kelm (1991) demonstraram a produção de NO a partir da NTG e do ISDN, mediante a conversão de HBO2 em MetHb induzida por esse gás, tanto as células endoteliais quanto as células musculares lisas de aorta de porco e rato apresentaram produção semelhante de NO por esses nitratos orgânicos. Kurz et al (1993), mediram a . geração de NO em artéria carótida de cão, por quimioluminescência, utilizando o N 2. A determinação da fluorescência emitida pelo DAF na presença de NO, método adotado no atual estudo, permite a evidência direta do NO sob condições fisiológicas por citometria de fluxo, sendo um método mais adequado em termos de 85 viabilidade e seletividade experimental (NAVARRO-ANTOLIN; LAMAS, 2001). O diacetato-4,5-diaminofluoresceína (DAF-2DA), a forma permeável à membrana, entra na célula e sofre a ação de esterases intracelulares para gerar o DAF-2, as aminas do DAF-2 são reduzidas pelo NO, levando ao aumento da fluorescência dependente da concentração desta molécula (KOJIMA et al, 1998). Dessa maneira, pôde-se detectar diretamente o NO liberado pelo NDBP e observou-se que a cinética de liberação de NO pelo nitrato em estudo foi semelhante à apresentada pela nitroglicerina (NTG), sugerindo que nessas condições experimentais, o composto em estudo apresenta a mesma eficácia em liberar NO que o nitrato orgânico disponível atualmente no mercado. Convém mencionar, entretanto, que a nitroglicerina e outros nitratos orgânicos utilizados na clínica, induzem tolerância, efeito caracterizado pela redução na biotransformação dos nitratos em meio fisiológico, redução da ativação da ciclase de guanilil solúvel (CGs) e consequente redução da resposta vasorrelaxante induzida pelos mesmos (BENNETT et al, 1988). A fim de investigar a capacidade do NDBP em induzir tolerância ao relaxamento de artéria mesentérica, foram realizados experimentos nos quais a preparação foi exposta por um longo período de tempo a concentrações diferentes do NDBP e, em seguida foi avaliado se o tecido vascular desenvolveu tolerância ao composto. Nas condições experimentais adotadas, observou-se que os anéis, nos quais o NDBP foi previamente incubado, apresentaram vasorrelaxamento em resposta à adição cumulativa desse composto (NDBP, 10 -8 M – 10-4 M) similar aos anéis que não foram pré-expostos ao nitrato, sugerindo que o NDBP não induz tolerância vascular. Além disso, foi observado que o cremofor não induziu quaisquer efeitos nos anéis onde ele foi administrado isoladamente. Em contrapartida, estudos anteriores sobre a NTG e o PETN mostraram que esses compostos induzem tolerância ao vasorrelaxamento de artérias mesentérica, femoral e aorta, sendo a principal causa, o aumento nos níveis intracelulares de EROs, que inibem a ação da enzima ALDHm, envolvida na biotransformação dos mesmos. A depleção dos grupos sulfidrilas também é referida como causa da tolerância causada por esses nitratos (DAIBER et al, 2004; IRVINE et al, 2011; NAKANO et al, 2004). Adicionalmente, o mononitrato de isossorbida (ISMN) apresentou tolerância à vasodilatação de artéria mesentérica cranial isolada de rato (Stepanović-Petrović et al, 2004). O dinitrato de isossorbida (ISDN) também 86 apresentou tolerância, mas em menor proporção quando comparado ao ISMN e a NTG (RADDINO et al, 2010). Esses dados apontam uma vantagem do NDBP em relação a outros nitratos orgânicos utilizados na clínica (AHLNER et al, 1987; AHLNER et al, 1988; DAIBER et al, 2004), e faz do NDBP uma possível estratégia terapêutica para o tratamento de desordens cardiovasculares tratadas com doadores de NO, como a angina, isquemia e até mesmo a hipertensão. Após a confirmação da liberação de NO pelo NDBP e verificada a ausência de tolerância, buscou-se investigar o significado fisiológico do efeito induzido pelo NDBP no controle autonômico de animais espontaneamente hipertensos e seus controles normotensos. Ratos espontaneamente hipertensos (SHR) constituem um modelo de hipertensão amplamente utilizado em estudos científicos por apresentar características fenotípicas semelhantes às observadas na hipertensão essencial humana (PINTO et al, 1998). Esse modelo está associado com aumento da resistência vascular periférica, hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, entre outras desordens (FAZAN Jr et al, 2001). Além disso, a atividade nervosa simpática é significativamente maior nos ratos espontaneamente hipertensos do que em normotensos Wistar-Kyoto (WKY) e os baixos níveis de NO contribuem para o desenvolvimento e manutenção desse modelo de hipertensão. Portanto, animais SHR foram escolhidos para investigar os efeitos do NDBP na atividade autonômica e frente ao processo hipertensivo (WYMANN et al 2003; PORTALUPPI et al, 2004). Inicialmente, a administração de NDBP em ratos SHR e WKY causou uma hipotensão associada à bradicardia, ao contrário de taquicardia reflexa como observado na administração de outros doadores de NO, tais como o nitroprussiato de sódio (NPS) e a nitroglicerina (NTG) (CAPUTI et al., 1980; NEEDLEMAN, 1976). Diante do efeito observado, utilizou-se a atropina (2 mg/kg), a fim de avaliar a participação da atividade parassimpática na resposta induzida pelo NDBP (LEE et al., 2008). A administração aguda de atropina reduziu a bradicardia confirmando o bloqueio dos receptores muscarínicos no coração, além de atenuar a hipotensão elucidada pelo NDBP, sugerindo que o NDBP reduz a pressão arterial média, principalmente pela redução do débito cardíaco. Contrariamente ao resultado do presente estudo, relatos anteriores demonstraram que os doadores de NO induzem 87 relaxamento do músculo liso vascular e esse efeito é o responsável por promover a hipotensão em ratos (MUNHOZ et al, 2012; PAULO et al, 2012). A ação bradicárdica de determinados compostos pode ocorrer por mecanismos que aumentam a atividade parassimpática ou diminuem a atividade simpática diretamente no coração ou pela atuação em áreas neurais envolvidas com a regulação autonômica. É bastante relatada a influência direta de doadores de óxido nítrico em terminações nervosas vagais cardíacas, o NO liberado atua mediante a ativação da ciclase de guanilil solúvel (CGs), estimulando a liberação de acetilcolina e, por outro lado, reduzindo a liberação de noradrenalina a partir das terminações simpáticas (HERRING; PATERSON, 2001; WANG et al, 2007). Paralelamente, evidências apontam para a atuação do NO em sítios específicos do sistema nervoso central (SNC), aumentando a atividade parassimpática direcionada ao coração, via NO-GMPc com posterior bradicardia, a qual por sua vez mascara a taquicardia reflexa à hipotensão (FLETCHER et al, 2006; KISHI et al, 2001). Nesse contexto, a fim de avaliar se a bradicardia induzida pelo NDBP ocorria por uma ação direta do composto no coração ou devido a sua atuação no SNC, foi realizada a vagotomia nos animais WKY e SHR. A secção bilateral do vago pôde ser visualizada pela elevação instantânea na frequência cardíaca dos animais, uma vez que a atividade parassimpática direcionada ao coração foi bloqueada. Este procedimento praticamente aboliu a bradicardia induzida pelo NDBP, demonstrando que a redução da frequência cardíaca provocada pelo composto ocorre devido à ação neural do NDBP, estimulando a liberação de acetilcolina pelo nervo vago. A vagotomia também reduziu a hipotensão devido à reversão da bradicardia, confirmando a capacidade do nitrato em diminuir o débito cardíaco. Esse resultado é ratificado por diversos estudos que apontam a participação do NO na modulação da atividade vagal em regiões do sistema nervoso central, chamadas de núcleos vagais, como o núcleo dorsal motor do nervo vago (DMV), o núcleo ambíguo (AMB) e o núcleo do trato solitário (NTS) (FENG et al, 2002; ESTEVES, 2000; BABIC, 2008). A ação a nível central do NDBP pode ser viabilizada pelo fato do composto ser lipofílico e provavelmente atravessar a barreira hematoencefálica do animal. O NDBP além de induzir hipotensão e bradicardia também foi capaz de elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca em uma resposta secundária bem característica do composto, a qual foi maior em animais hipertensos quando comparada aos normotensos. Uma vez avaliada a participação da atividade 88 parassimpática no efeito induzido pelo NDBP, buscou-se investigar o envolvimento da atividade simpática na ação do mesmo e, para isso foi utilizado o hexametônio. O bloqueio nicotínico ganglionar com o hexametônio atenuou consideravelmente a bradicardia, confirmando os resultados obtidos com a vagotomia, além de bloquear a hipertensão e taquicardia, como apresentado nas Figuras 32 e 34. Esses efeitos secundários à administração do NDBP são, pois atribuídos à estimulação da descarga simpática aos vasos e ao coração. A dose utilizada do hexametônio (30 mg/kg) é bastante relatada em estudos cardiovasculares como eficaz em bloquear os receptores nicotínicos ganglionares, impedindo assim a transmissão simpática e parassimpática à periferia (WANG et al, 2010; ZHANG et al, 2008). A efetividade do bloqueio autonômico foi constatada pelo declínio da pressão arterial sem aumento reflexo na frequência cardíaca. A resposta acentuada em animais espontaneamente hipertensos possivelmente ocorreu devido à hiperatividade simpática encontrada nesse grupo de animais aliada ao efeito próprio do composto. O NDBP elevou a atividade simpática em animais SHR e WKY possivelmente por atuar de maneira direta em áreas centrais envolvidas com a modulação simpática da pressão arterial. Entretanto, estudos locais em áreas específicas do SNC como o órgão subfornicial (SFO), o núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN) ou o bulbo rostral ventrolateral do bulbo (RVLM) devem ser realizados para responder a esses questionamentos. É evidente a existência de contradições no que diz respeito ao efeito do NO em áreas centrais envolvidas na regulação da pressão arterial. Enquanto diversos estudos apontam para a elevação da atividade parassimpática mediada por esta molécula, outras pesquisas demonstram que o NO é capaz de aumentar a atividade simpática, o que pode ser ratificado pela capacidade do NO em aumentar a liberação de neurotransmissores tanto excitatórios, como o glutamato, quanto inibitórios, como o GABA (HORN et al, 1994; WANG et al, 2006). Esses relatos contraditórios acerca do papel do NO em áreas do SNC são justificados pela diferença entre as regiões onde o mesmo pode atuar, pela quantidade de NO produzido ou liberado, pela isoforma da enzima sintase de NO (NOS), ou ainda pelo modelo animal avaliado (CHOATE; PATERSON, 1999; GUO et al, 2009; KIMURA et al, 2005; KISHI et al, 2001). 89 Observou-se ainda uma resposta hipotensora residual do NDBP na presença do hexametônio, a qual pode ser atribuída ao efeito vasodilatador induzido pelo composto. A administração in bolus do azul de metileno, um bloqueador da ciclase de guanilil solúvel (CGs), que por sua vez constitui o principal alvo do NO, causou pequena atenuação na hipotensão induzida pelo NDBP em ambos os grupos, como demonstrado nas figuras 36 e 38. Esses dados confirmam os relatos de Feelisch; Noack (1987), os quais afirmaram que a liberação de NO por nitratos orgânicos é suprimida pelo azul de metileno, e essa inibição reduz a vasodilatação mediada por esses compostos e consequentemente seu efeito hipotensor. Outros estudos demonstraram que o azul de metileno é capaz de atenuar o vasorrelaxamento, como também a hipotensão induzidos por outros doadores de NO como o NPS, corroborando com os resultados encontrados (WEI et al., 1992; WANG et al, 1995; CRESTANI et al, 2008). O azul de metileno interfere diretamente com a ciclase de guanilil solúvel (GRUETTER et al, 1981; IGNARRO; KADOWITZ, 1985; GRYGLEWSKI et al, 1992) via oxidação do centro heme da enzima (MARTIN et al., 1985; TSAI et al., 1983), reduzindo os níveis de GMPc e assim o efeito mediado pelo NO (MARSHALL et al., 1988; WOLIN et al., 1990). A dose de azul de metileno utilizada foi baseada em estudos realizados por Takano et al (2007) e Wang et al (1995). Entretanto, esse bloqueador apresenta pouca seletividade pela CGs, podendo atuar sobre a NOS; sobre canais de Na+ sensíveis a voltagem; canais de K+ sensíveis ao Ca2+; além de receptores e transportadores na membrana plasmática (OZ et al, 2011). Esse fato justifica, pelo menos em parte, a pequena redução no efeito do NDBP induzida pelo azul de metileno. Vale ressaltar ainda que a inibição da CGs causada pelo azul de metileno é reversível, além disso, a sua administração in bolus e não por infusão contínua, aliada ao fato do composto ser hidrofílico, o que dificulta sua passagem pela barreira hematoencefálica, sugere que a inibição mediada pelo azul de metileno provavelmente ficou restrita à periferia, não inibindo os efeitos centrais induzidos pelo NDBP, como seria esperado, uma vez que o NO também atua em áreas do SNC pela ativação da via CGs/GMPc/PKG (GARTHWAITE et al, 1988; ZANZINGER; CZACHURSKI; SELLER, 1997; ZANZINGER, 1999). 90 Dessa maneira, o azul de metileno inibiu a vasodilatação in vivo provocada pelo NDBP, reduzindo a hipotensão residual apresentada pelo composto e, confirmando a contribuição do vasorrelaxamento induzido pelo NDBP além da redução do débito cardíaco para produzir queda na pressão arterial. Diante do exposto, foi relatado pela primeira vez que um doador de NO, o NDBP, induz hipotensão devido à redução do débito cardíaco por estimulação vagal direta e, concomitantemente, atua provocando uma resposta pressora associada à taquicardia por estimulação da descarga simpática à periferia. Desse modo, os efeitos cardiovasculares do NDBP ocorrem principalmente por sua ação a nível central, na modulação do balanço autonômico sobre a pressão arterial e a frequência cardíaca de ratos normotensos (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR) e, em menor proporção por seu efeito vasorrelaxante para provocar hipotensão. As descobertas obtidas sobre o efeito do NDBP no controle autonômico, aliadas ao fato do NDBP não induzir tolerância em preparações vasculares de artéria mesentérica, encorajam novos estudos para ampliar o conhecimento acerca do efeito anti-hipertensivo do composto, o que poderá possibilitar avanços em outros ensaios pré-clínicos e clínicos, considerando que os nitratos orgânicos utilizados atualmente na clínica apresentam tolerância e outros efeitos indesejáveis, quando utilizados no tratamento da hipertensão. 91 Conclusões 92 6 CONCLUSÕES O NDBP libera NO em células musculares lisas de aorta de rato; O NDBP não induz tolerância vascular em preparações de artéria mesentérica de rato; A administração aguda do NDBP induz uma resposta bifásica, caracterizada por hipotensão e bradicardia, seguidas de hipertensão e taquicardia em ratos espontaneamente hipertensos (SHR) e normotensos Wistar Kyoto (WKY) não-anestesiados; A hipotensão é mediada, em parte, pela redução do débito cardíaco devido à estimulação direta da atividade vagal direcionada ao coração; A resposta pressora associada à taquicardia ocorre, pelo menos em parte, por estimulação da descarga simpática à periferia mediada pelo composto, a qual é maior em ratos espontaneamente hipertensos (SHR). As respostas cardiovasculares do NDBP são majoritariamente resultantes da ação do composto a nível central ao invés de seu efeito vasorrelaxante periférico. . 93 Perspectivas 94 7 PERSPECTIVAS O fato de o NDBP apresentar a mesma cinética de liberação de NO que a nitroglicerina, nitrato orgânico bastante utilizado na clínica sem, no entanto, causar tolerância, efeito comum para essa classe de doadores de NO, faz desse composto uma alternativa potencial para o controle ou tratamento da hipertensão e outras desordens cardiovasculares, tornando possível a geração de um produto melhor que os já existentes. Para isso, entretanto, é necessária a realização de outros estudos pré-clínicos e clínicos a fim de complementar o conhecimento sobre as diversas propriedades do composto. A ação dual do NDBP em áreas do SNC envolvidas com a regulação da pressão arterial amplia a compreensão sobre o mecanismo de ação dos doadores de NO, possibilitando avanços científicos relacionados ao papel do NO na modulação autonômica dos parâmetros cardiovasculares. 95 Referências 96 REFERÊNCIAS ACHIKE, F.; KWAN, C.Y. Nitric oxide, Human diseases and Herbal Products that affect the nitric oxide signalling Pathway. Clinical Experimental Pharmacology and Physiology, v.30, p.605-615. 2003. AHLNER, J.; AXELSSON, K. L.; EKSTRAM-LJUSEGREN, M.; FRIEDMAN, R. L.; GRUNDSTROM N.; KARLSSON, J. O.; ANDERSSON, R.G. Relaxation of bovine mesenteric artery induced by glyceryl trinitrate is attenuated by pertussis toxin. Pharmacology & Toxicology, v. 62, p. 155– 158, 1988. AHLNER, J.; AXELSSON K. L.; EKSTAM, L. J.; USEGREN, M.; GRUNDSTROM, N.; ANDERSSON, R. G. Demonstration of a high affinity component of glyceryl trinitrate induced vasodilation in the bovine mesenteric artery. 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Box 5009, 58.051-970 Joao Department of Chemistry, Federal University of Paraı́ba, Joa~ o Pessoa, PB, Brazil c Department of Pathology, Federal University of Paraná, Curitiba, PR, Brazil b a r t i c l e i n f o a b s t r a c t Article history: Received 5 April 2012 Received in revised form 19 June 2012 Accepted 20 June 2012 Available online 14 July 2012 The reduced availability of nitric oxide (NO) is associated with cardiovascular diseases. Therefore, NO donors such as organic nitrates are useful for the treatment of these disorders. The 2-nitrate-1,3dibuthoxypropan (NDBP) is an organic nitrate synthesized from glycerin, which the pharmacological effects have not been investigated. In this study we evaluated the vasorelaxant effect induced by NDBP in superior mesenteric artery from rats. In phenylephrine pre-contracted artery rings, NDBP (10 8– 10 4 M) elicited concentration-dependent and endothelium-independent relaxation, which were attenuated by hydroxocobalamin-HDX (30 mM), a NO extracellular scavenger, and 1-H-[1,2,4] oxadiazolo [4,3-a] quinoxalin-1-one-ODQ (10 mM), an inhibitor of soluble guanylyl cyclase (sGC). In addition, the NDBP-induced relaxation was reduced by non-selective K þ channels blocker KCl (20 mM) or selective K þ channels blockers such as tetraethylammonium-TEA (BKCa, 1 mM), charybdotoxin-ChTX (BKCa, 100 nM), glibenclamide (KATP, 1 mM) and 4-aminopyridine-4-AP (KV, 1 mM). In preparations with ODQ (10 mM) plus TEA (1 mM), the response was virtually abolished. In rat smooth muscle cells culture, NDBP (10 6–10 4 M) caused concentration-dependent increases in NO levels. These findings suggest that NDBP causes vasorelaxation through NO generation and activation of the sCG/cGMP/PKG pathway. & 2012 Elsevier B.V. All rights reserved. Keywords: Organic nitrate Nitric oxide Vasorelaxation 1. Introduction The nitric oxide (NO) is an important molecule in the modulation of cardiovascular function (Shapoval, 2004). One of its actions consists of vascular tone regulation by direct vascular smooth muscle cells relaxation via activation of soluble guanylyl cyclase (Schmitt and Dirsch, 2009). The vascular tone in turn, is one of the major determinants of blood flow resistance, playing important role in blood pressure regulation (Jackson, 2000). Therefore, dysregulation of the vascular tone contributes to the generation and maintenance of some cardiovascular diseases, which have been linked to decreased NO availability (Nassem, 2005). The mechanisms underlying the vasorelaxation elicited by NO involve activation of guanylate cyclase (sGC), increasing intracellular levels of cyclic guanosine monophosphate (cGMP) (Archer et al., 1994), resulting in activation of protein kinase G (PKG), which is an enzyme responsible for the phosphorylation $ This work has been funded by ‘‘Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico – CNPq‘‘ grant number 304718/2011-4. n Corresponding author. Tel./fax: þ 55 83 32167511. E-mail address: [email protected] (V.A. Braga). 1 These authors are joint last authors. 0014-2999/$ - see front matter & 2012 Elsevier B.V. All rights reserved. http://dx.doi.org/10.1016/j.ejphar.2012.06.043 of several proteins involved on vasorelaxation (McDonald and Murad, 1996). Among the targets for PKG, the vascular smooth muscle K þ channels significantly contribute to vascular tone regulation and their opening results in cell hyperpolarization or repolarization due to K þ efflux, followed by subsequent closing of voltage-dependent Ca2 þ channels, decreasing the intracellular level of Ca2 þ leading to vasodilatation (Archer et al., 1994; Gurney, 1994; Haddy et al., 2006; Lovren and Triggle, 1998; Sand et al., 2006). Nevertheless, several studies documented that NO may act by a cGMP-independent mechanism, through direct activation of K þ channels also resulting in vascular relaxation (Bolotina et al. 1994; Mistry and Garland, 1998; Plane et al., 1996). Due to the role of NO in vascular tone regulation, a decrease in its bioavailability is associated with several cardiovascular diseases (Nassem, 2005), such as hypertension and coronary disease. In this context, potential NO donors, that mimic the role of endogenous NO when applied to biological systems, have presented beneficial effects on these disorders. The organic nitrovasodilators, such as glyceril trinitrate and amyl nitrite, currently used in clinical practice, induce vascular smooth muscle cells relaxation, improving blood supply and thereby presenting a beneficial effect against angina pectoris, pulmonary hypertension, M.S. Franc- a-Silva et al. / European Journal of Pharmacology 690 (2012) 170–175 cardiac ischemia, thrombus formation, among other disorders due likely to NO release (Goyal et al., 2006; Yurtseven et al., 2003). Considering the importance of these compounds in treating cardiovascular diseases, the efforts employed to the discovery and synthesis of novel NO donors, including organic nitrates, from different sources is justified. Therefore, the aim of the present study was to evaluate the vasorelaxant effect of a glycerin-derived newly synthesized organic nitrate, the 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP) (Fig. 1), on vascular smooth muscle cells of rats and to unravel the underlying mechanisms involved in its vasorelaxant effect. 2. Material and methods 171 and sodium chloride, according to Fig. 2B. and 3. Obtaining of 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan: by nitration of 1,3-diether-propan2-ol was originated a compound called 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP) (Fig. 2C). 2.2. Preparation of the NDBP The NDBP was dissolved in a mixture of distilled water and chremophor and diluted to the desired concentrations with distilled water. In functional studies, the final concentration of cremophor never exceeded 0.01% in the bath and had no effect when tested in control preparations (data not shown). 2.1. Synthesis of the 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP) 2.3. Animals According to Santos (2009), NDBP was synthesized at the Department of Chemistry at the Federal University of Paraiba. Its synthesis was divided in three steps: 1. Obtaining haloydrin: haloydrin(1,3-dichlorine-propan-2-ol) was obtained by reaction between glycerin and hydrochloric acid (HCl) dry in a reaction with 70% yield (Fig. 2A). 2. Obtaining 1,3-diether-propan-2-ol:haloydrin was added dropwise into a solution of sodium alkoxide, this obtained by reaction between metallic sodium and anhydrous alcohol. As a product we obtained 1,3-diether-propan-2-ol Male Wistar rats (250–300 g), housed under controlled conditions of temperature (2171 1C) and lighting cycle (lights on: 06:00–18:00 h) with water and food (Labinas, PURINA, Brazil) ad libitum, were used in all experiments. Experiments were conducted in accordance with the Institutional Animal Care and Use Committee of the Biotechnology Center–Federal University of Paraı́ba (CEPA 0310X09). 2.4. Drugs Fig. 1. Structural formula of NDBP. Phenylephrine chloride, acetylcholine chloride, 1-H-[1,2,4] oxadiazolo–[4,3-a] quinoxalin-1-one (ODQ), tetraethylammoniumchloride (TEA), charybdotoxin (ChTX), 4-aminopyridine (4-AP) and glibenclamide were obtained from Sigma-Aldrich (Sa~ o Paulo, SP, Brazil). Hydroxocobalamin (HDX) was obtained from Bristol-Myers Squibb (Sa~ o Paulo, SP, Brasil), and Diaminofluorescein diacetate (DAF-2 DA) from Calbiochems (Sa~ o Paulo, SP, Brasil). ODQ and glibenclamide were dissolved in DMSO. All other compounds were dissolved in distilled water. The composition of the Tyrode’s solution used was (mM): NaCl, 158.3; KCl, 4.0; CaCl2, 2.0; MgCl2, 1.05; NaH2PO4, 0.42; NaHCO3, 10.0; and glucose, 5.6. In depolarizing Tyrode’s solution with KCl (20 mM), the concentration of Na þ was isosmotically adjusted. Fig. 2. Synthetic route of 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan (NDBP). 172 M.S. Franc- a-Silva et al. / European Journal of Pharmacology 690 (2012) 170–175 2.5. Evaluation of the vasorelaxant effect induced by NDPB in vitro After euthanasia, the superior mesenteric artery was isolated, placed in Tyrode’s solution and dissected in order to make it free of adhering tissue. In endothelium-denuded experiments, endothelium was removed by rubbing the intimal surface of the vessels. Rings with 1–2 mm were obtained and placed in physiological Tyrode’s solution, maintained to 37 1C, gassed with carbogenic mixture (95% O2 and 5% CO2) and kept at pH 7.4. All preparations were stabilized under a resting tension of 0.75 g for 1 h. The solution was replaced every 15 min in order to prevent the accumulation of metabolites. The force of contraction was isometrically recorded by a force transducer (Miobath-4, WPI, Sarasota, FL, USA) coupled to an amplifier-recorder (Miobath-4, WPI, Sarasota, FL, USA) and to a computer equipped with an analog-to-digital converter board as described earlier. The presence of functional endothelium was assessed by the ability of acetylcholine (10 mM) to induce more than 80% relaxation of vessels pre-contracted with phenylephrine (10 mM). Less than 10% of relaxation to acetylcholine was taken as evidence that the vessel segments were functionally denuded of endothelium. The preparations were exposed to: (a) hydroxycobalamin (30 mM), a NO scavenger (Kruszyna et al., 1998); (b) ODQ (10 mM), a soluble guanylyl cyclase inhibitor (Garthwaite et al., 1995); (c) KCl (20 mM), a modulator of potassium efflux (Campbell et al., 1996); and (d) selective blockers for large condutance calcium-sensitive potassium channel (TEA, 1 mM and ChTX, 100 nM), ATP-sensitive potassium channel (glibenclamide, 1 mM), and voltage-operated potassium channel (4-AP, 1 mM) (Adaramoye and Medeiros, 2009; Berg, 2002; Huang and Kwok, 1997; Mombouli and Vanhoutte, 1997). These inhibitors were added 30 min before the application of phenylephrine. In the tonic phase of the contraction, NDBP (10 8–10 4 M) was cumulatively added to preparations until a maximum response to the drug accumulation was observed as indicated by a plateau response (approximately 3–5 min). Inhibition was calculated by comparing the response elicited by NDBP in the absence and presence of inhibitors or antagonists in the preparation. (10 mM) for the highest concentration used. Statistical analyses were performed by Student t-test, two-way ANOVA followed by Bonferroni’s post-test, or one-way ANOVA with Tukey’s post-test when appropriate, using a GraphPad Prism& software version 5.0 (GraphPad Software Inc., La Jolla, CA, USA). Significance was considered when Po0.05. 3. Results 3.1. Effect induced by NDBP in arteries pre-contracted with phenylephrine Administration of glycerin-derived organic nitrate, NDBP (10 8–10 4 M), produced concentration-dependent vasorelaxation in phenylephrine pre-contracted superior mesenteric artery rings isolated from rats in the presence of functional endothelium (pD2 ¼5.85 70.10; ME¼ 89.573.4%, n ¼6). In addition, removal of endothelium did not alter the response induced by the compound (pD2 ¼5.99 70.06; ME¼105.4 72.7%, n ¼6) (Fig. 3). 3.2. Effect of the NO scavenger and soluble guanylyl-cyclase inhibitor on the relaxation induced by NDBP In endothelium denuded mesenteric rings pre-treated with hydroxocobalamin (30 mM), NDBP-induced relaxation was significantly attenuated with reduction of pD2 values, from 5.99 7 0.06–5.3970.12, Po0.05, n ¼6. The maximum effect (ME) also 2.6. Measurements of intracellular NO production in aortic rat smooth muscle cells culture Rat vascular smooth muscular cells (VSMC) line were grown in 24-well plates on the F12 medium and supplemented with 10% fetal bovine serum and antibiotics (penicillin and streptomycin) as previous described (Kojima et al., 1998). Samples were then washed twice with phosphate-buffered saline containing bovine serum albumin and analyzed with 10.000 cells per sample by flow cytometry using the FACSCalibur equipment (Becton Dickinson, San Jose, CA, USA). Bioavailability of NO in VSMC line was quantified by exposing the biological samples to NDBP (10 6, 3 10 5 M, 10 4 M) or to glyceril trinitrate (GTN), the positive control, for 30 min after pre-incubation with DAF-2 DA (10 mM) for 5 min at 37 1C. The DAF-2 DA is a fluorescent indicator that enables the direct detection of NO under physiological conditions by flow cytometry (Navarro-Antolin and Lamas, 2001). We have detected the concentration of NO release without stimulation (basal fluorescence) and changes in intracellular NO concentration after treatments with NDBP or GTN were expressed as ratio between fluorescence after treatments (F) and basal fluorescence (F0): F/F0. Treatments were performed in biological triplicate. Values were expressed as mean7S.E.M. and analyzed by a WinMDI software version 2.9. 2.7. Statistical analysis Data were expressed as mean 7S.E.M. The maximum effect was considered as the maximum response to phenylephrine Fig. 3. Concentration-response curves of NDBP (10 8–10 4) in rat mesenteric artery rings (n¼ 6). The vasorelaxant effect is expressed as a percentage of relaxation in phenylephrine-induced contraction. Intact endothelium (K), Denuded endothelium (J). Fig. 4. Effect of hydroxocobalamin (30 mM) (n¼6) (~) and ODQ (10 mM) (n ¼7) (’) on NDBP-induced relaxation in phenylephrine-contracted mesenteric artery rings (n ¼6). Values are means7 S.E.M. *P o0.05 using two way ANOVA followed by Bonferroni’s post test. M.S. Franc- a-Silva et al. / European Journal of Pharmacology 690 (2012) 170–175 173 Fig. 5. A. Effect of KCl 20 mM (~) on NDBP-induced relaxation in phenylephrine-contracted mesenteric artery rings (n ¼9); Effects of TEA 1 mM (~) in B; ChTX 100 nM (~) in C; 4-AP 1 mM (~) in D, and glibenclamide 1 mM (~) in E on NDBP-induced relaxation in phenylephrine-contracted mesenteric artery rings (n ¼6). Values are means7 S.E.M. *P o 0.05 using two way ANOVA followed by Bonferroni’s post test. was reduced (from 105.472.7%–62.8714.9%, Po0.05, n ¼6). In addition, in the presence of ODQ (10 mM), the response evoked for NDBP was almost abolished (ME: from 105.472.7% to 15.27 9.2%, Po0.05) (Fig. 4). 3.3. Effect of K þ channels blockers and the combination of ODQ and K þ channel blocker on the relaxation induced by the NDBP Pretreatment with KCl (20 mM), a K þ efflux modulator, significantly attenuated the vasorelaxant response of NDBP. As a result, KCl (20 mM) shifted to the right the concentrationresponse curve (pD2: 5.14 7 0.13, n¼ 9, Po0.05) and reduced the maximum effect to 70.6715.1% (Fig. 5A). Last but not the least, the vasorelaxant responses induced by increasing concentrations of NDBP (10 8–10 4 M) were also significantly rightward shifted, when incubated with TEA (BKCa blocker, 1 mM) (pD2 ¼5.58 70.16, p ¼0.045, n ¼6) and 4-aminopyridine (KV blocker, 1 mM) (pD2 ¼5.59 70.05, p ¼0.48, n ¼6) (Fig. 5B e 5E). The ChTX (BKCa blocker, 100 nM) was able to attenuate the NDBP-induced vasodilatation reducing the pD2 values to 5.35 70.07, Po0.05, n¼ 6 and maximum effect to 76.76 74.67%, Po0.05, n¼6, as showed in Fig. 5C. The same was found in the presence of glibenclamide (KATP blocker, 1 mM) Fig. 6. Effect of ODQ (~) (10 mM) (n¼ 7) and ODQ (10 mM) plus TEA (1 mM) (n¼6) (B) on NDBP-induced relaxation in phenylephrine-contracted mesenteric artery rings (n¼6). Values are means 7S.E.M. *P o0.05 using two way ANOVA followed by Bonferroni’s post test. (pD2 ¼5.43 70.08, Po0.05, n ¼6; ME¼78.28 74.67%, Po0.05, n¼ 6) (Fig. 5D). Moreover, the combination of TEA (1 mM) and ODQ (10 mM), produced the same effect as when ODQ was administered alone, eliciting the maximum effect of 6.37 3.6% and 15.279.2%, respectively, n ¼6 (Fig. 6). 174 M.S. Franc- a-Silva et al. / European Journal of Pharmacology 690 (2012) 170–175 Fig. 7. NO generation in vascular smooth muscle cells (106/ml) estimated using Diaminofluorescein diacetate (DAF-2DA). Bar graph showing the effects of glyceryl trinitrate (GTN, 10 6 10 4 M) as positive control and NDBP (10 6–10 4 M) on NO levels expressed as relative fluorescence in aortic rat vascular smooth muscle cells. These data are representative of 3 separate experiments in triplicate, the production baseline was zeroed and the difference was plotted as percentage of fluorescence in different treatments. P o 0.05 * versus basal fluorescence; # versus NDBP (10 6 M) and NDBP (3 10 5 M). Values are shown as mean 7S.E.M. 3.4. Measurements of intracellular NO production after treatment with NDBP Based on our observations in isolated vessel preparations, we quantified the bioavailability of NO using flow cytometry analysis by quantifying the relative fluorescent using DAF2-DA, which increases in proportion to the amount of NO released in the vascular smooth muscle cells. Therefore, in vascular smooth muscle cells line, NDBP (10 6 M, 3 10 5 M and 10 4 M) was able to increase the relative fluorescence (22.071.2; 37.974.0; 75.879.5; D% fluorescence, n¼3), suggesting the production of NO in the culture medium compared to its control (Fig. 7), corroborating the results obtained in functional studies. There was no statistical difference between NO production of NDBP and to that elucidated by GTN (NDBP, 10 6 M: 22.071,2 versus GTN, 10 6 M: 42.5711.3; and NDBP, 10 4 M: 75.879.5 versus GTN, 10 4 M: 105.7712.9). 4. Discussion The major finding of this work was that the organic nitrate NDBP, induces vasorelaxation in rat superior mesenteric artery rings through NO release and subsequently activation of the NO-GMPc pathway and K þ channels activation. Relaxing substances synthesized and released by endothelial layer are involved in the mechanisms of relaxation in vascular smooth muscle cells. Among those substances is NO, the main vasodilator produced by endothelium. In addition, relaxation can also be induced by exogenous NO, obtained from NO donors. These compounds are able to relax the vessels in a endotheliumindependent fashion. In this context, our data pointed out that NDBP relaxed the pre-contracted rat mesenteric rings independent of the endothelium. Based on this observation and supported by the fact that organic nitrates have a history of acting as NO donors, we investigated a possible involvement of the NO-pathway in the mechanisms underlying NDBP-induced vasorelaxation. Based on our findings showing that hydroxocobalamin (30 mM) attenuated the vasorelaxation of NDBP (Fig. 4), we demonstrated that NO plays a role in the vasodilatation induced by the tested compound. In addition, in the presence of the soluble guanylate cyclase inhibitor, ODQ, the NDBP-induced relaxant response was almost abolished (Fig. 4), further suggesting that the vasorelaxation elicited by NDBP involves NO release and NO/cGMP pathway activation. It has been widely reported that organics nitrates cause vasorelaxation via activation of the soluble guanylyl cyclase (sGC) by NO, which in turn dose-dependently increases the levels of cGMP, demonstrating that NO is the effector molecule released by the nitrovasodilator, being responsible for causing vasorelaxation. Furthermore, the accumulation of cGMP leads to activation of protein kinases such as PKG. Among the downstream effectors of PKG for vasorelaxation, K þ channels play an important role in the regulation of smooth muscle contractility and vascular tone, being determinant for the homeostasis of blood pressure. On the other hand, NO can induce vasodilatation by cGMP-independent mechanism throughout direct action on K þ channels (Bolotina et al., 1994; Mistry and Garland, 1998; Plane et al., 1996). In order to investigate whether NDBP-induced vasodilatation through the NO release could involve the participation of K þ channels, we incubated some preparations with KCl (20 mM), which promotes partial blockade of K þ efflux, reducing the relaxation mediated by the opening of K þ channels (Gurney, 1994). As a result, increasing the concentration of extracellular K þ from 4 mM to 20 mM significantly altered the vasorelaxant response induced by NDBP and reduced the maximum effect, suggesting that hyperpolarizing mechanisms mediated by the opening of K þ channels are part of the effect induced by the compound. Last but not the least, the vasorelaxant responses induced by increasing concentrations of NDBP (10 8–10 4 M) were also significantly rightward shifted, when incubated with tetraethylammonium (TEA, 1 mM), calcium sensitive K þ channel blocker (ME ¼87.975.8%, Po0.05, n ¼6), as illustrated in Fig. 4. The concentration of TEA employed in our studies (1 mM) is known for selectively blocking the large conductance Ca2 þ sensitive K þ channels (Archer et al., 1994). Previous studies indicate that NO and NO donors activate these channels by cGMP-dependent protein kinases, by a direct modulation, or by combining these two mechanisms (Archer et al., 1994; Bolotina et al., 1994). In support to our data, several studies have demonstrated the activation of BKCa by NO or different NO donors in others vascular tissues, such as pulmonary and cerebral arteries (Bialecki and Stinson-Fisher, 1995; Hempelmann et al., 2001). There is controversy if TEA 1 mM is selective for BKCa, therefore we used charybdotoxin (ChTX, 100 nM), a BKCa blocker, which is more selective than TEA, and the vasorelaxation remained attenuated, confirming the participation of BKCa in the effect induced by NDBP. In addition to the BKCa channels, it has been reported that NO hyperpolarizes the membrane through the activation of ATPsensitive K þ channels (KATP) in coronary arteries of humans, causing vasorelaxation (Farouque et al., 2004). In our experiments, after administration of the well known highly selective ATP-sensitive K þ channels blocker, glibenclamide, the NDBPinduced vasodilatation was significantly attenuated (Fig. 4), suggesting the involvement of KATP channels in the vasorelaxant effect produced by the compound. Our data are in accordance to results reported by Garland and McPherson (1992). However, Meisheri et al. (1993) reported that glibenclamide did not affect the relaxation mediated by sodium nitroprusside and NOC-7 in rat isolated aorta, suggesting that KATP channels do not play a role in the vasorelaxation mediated by NO donors in aorta. These divergences could be explained by differences among the NO donors used, methods employed as well as the vascular tissue evaluated. It has been reported that NO also modulate the activity of voltage-sensitive K þ channels (Archer et al., 1994). The 4-aminopyridine, a selective blocker of these K þ channels, significantly rightward shifted the curve concentration-response to NDBP on mesenteric artery rings, confirming the modulation of these K þ channels by the NO released from NDBP (Fig. 4). The M.S. Franc- a-Silva et al. / European Journal of Pharmacology 690 (2012) 170–175 vasorelaxation elicited by others NO donors such as DEA-NONOate also was attenuated by K þ channel blocker 4-aminopyridine (4-AP) in rat basilar arteries (Sampson et al., 2001). Among those K þ channels involved in the response mediated by NDBP, the BKCa and KATP appeared to be the most important ones, since the blockade with charybdotoxin or glibenclamide, respectively, caused the significant effect in attenuating the vasorelaxant response elicited by the NDBP, being equivalent to the attenuation produced by the non-selective blockade with KCl (20 mM). It is important to report that the involvement of K þ channels in the NDBP-induced vasorelaxation seems to be, mainly, dependent of soluble guanylate cyclase activation, since the administration of ODQ virtually abolished the relaxing effect induced by the compound. However, residual vasodilatation found in preparations with ODQ alone was reduced when incubated with ODQ and TEA together, suggesting a direct action of NO in K þ channels. Corroborating the functional data, it was observed that the NDBP presents kinetics of NO release in vascular smooth muscle cells similar to glyceryl trinitrate (GTN), an organic nitrate widely known with structure suchlike to NDBP and used in the clinics. Although we have not tested the vasorelaxation effect induced by glycerin trynitrate, glycerin was used as a positive control for measuring NO in vascular smooth muscle cells. A series of elegant studies performed by Miller et al. (2008) aiming to measure NO release during GTN-induced relaxation reported that GNT was able to induce relaxation independent on NO release. However, in that case, authors may have succeed in measuring GTN-derived NO at lower doses because NO was very diluted in the organ bath. In our study, NO was directly measure at cell culture level, been much more sensitive and precise. We believe that, although the potency of NDBP was smaller than that reported for GTN, both NDBP and GTN are able to induce vasodilation via NO production/release. Furthermore, the in vivo implications of NDBP organic nitrate as well as its ability to induce tolerance are under investigation. 5. Conclusion In summary, here we suggest the NDBP as a new NO generator. In support of this concept, under our experimental conditions, NDBP was able to induce relaxation in rat mesenteric rings preconstricted with phenylephrine via NO release and activation of the sGC/cGMP pathway, with participation of K þ channels. It has also released NO in vascular smooth muscle cell culture. These data seem to be exciting, being the NDBP a possible alternative for cardiovascular diseases treatment; however, several studies regarding the metabolism of the compound, tolerance and physiological significance of the vasorelaxant activity of NDBP awaits further investigation before it can be used in clinical trials. Acknowledgments The authors are grateful to José Crispim Duarte and collaborators for technical assistance and Matheus Morais de Oliveira Monteiro for proof reading the final version of the manuscript. This work has been funded by Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico - CNPq grant number 304718/ 2011-4. References Adaramoye, O.A., Medeiros, I.A., 2009. Endothelium-independent vasodilation induced by kolaviron, a biflavonoid complex from Garcinia kola seeds, in rat superior mesenteric arteries. J. Smooth Muscle Res. 45 (1), 39–53. 175 Archer, S.L., Huang, J.M., Hampl, V., Nelson, D.P., Shultz, P.J., Weir, K., 1994. 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Effect of glyceril trinitrate inhalation on patients with pulmonary hypertension undergoing mitral valve replacement surgery. Anesthesiology 99, 855–858. *Manuscript 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 The new nitric oxide donor 2-nitrate-1,3-dibuthoxypropan alters autonomic function in spontaneously hypertensive rats Maria S. França-Silva1, Matheus M. O. Monteiro1, Thyago M. Queiroz1, Alexsandro F. Santos2, Petrônio F. Athayde-Filho2 and Valdir A. Braga1 1 Biotechnology Center, Federal University of Paraíba, João Pessoa, PB, Brazil; 2 Department of Chemistry, Federal University of Paraíba, João Pessoa, PB, Brazil. Running head: NDBP and autonomic control in hypertension Corresponding author: Valdir de Andrade Braga, DVM PhD Biotechnology Center, Federal University of Paraiba P.O. Box 5009, 58.051-970, João Pessoa, PB, Brazil. E-mail: [email protected] Phone: (55) 83 3216-7511 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 ABSTRACT Previously, we found that the nitrate synthesized from glycerin, 2-nitrate-1,3dibuthoxypropan (NDBP), increased NO levels in rat aortic smooth muscle cells, inducing vasorelaxation in mesenteric artery. However, its effects on blood pressure and heart rate as well as on autonomic function were not investigated. This study evaluated the action of NDBP on these cardiovascular parameters in spontaneously hypertensive (SHR) and Wistar Kyoto (WKY) rats. We found that NDBP causes a biphasic response: hypotension and bradycardia followed by hypertension and tachycardia in WKY and SHR rats. Atropine (2 mg/kg) blunted the hypotension induced by NDBP (15 mg/kg) in WKY and SHR (-75±9 vs -12±3 mmHg, n=6; -101±6 vs -7±2 bpm, n=6; respectively, p<0,05) and the pressor response to the compound was potentiated. Furthermore, vagotomy reduced the bradycardia in WKY and SHR (-136±8 vs -17±2, n=4, p<0.05; 141±9 vs -8±2, n=6, p<0.05). Moreover, hexamethonium (30 mg/kg) reduced both bradycardia (-278±23 vs -48±3 in WKY; -285±16 vs -27±19 in SHR, n=4; p<0.05) and pressor response (28±8 vs -9±5-WKY, n=6; 42±7 vs -19±8-SHR, n=5; p<0.05). In addition, administration of methylene blue (4 mg/kg) attenuated the hypotensive and bradycardic responses to the NDBP in all groups. In conclusion, NDBP induces bradycardia by direct vagal stimulation and pressor response by increasing sympathetic outflow to the periphery. Keywords: nitric oxide, hypertension, bradycardia, autonomic function 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 1. Introduction Hypertension is a multifactorial disorder, which in a majority of cases is a result of changes in several mechanisms that regulate the blood pressure. Studies suggest that changes in reflex control of blood pressure are involved in the development and maintenance of hypertension (Smith et al., 2004). Endothelial alterations with enhanced generation of contractile substances, reactive oxygen species and reduced formation or activity of nitric oxide (NO) also may be involved in the pathogenesis of hypertension (Marín and Rodrigues-Martinez, 1997). NO is an important molecule in the modulation of cardiovascular function participating in the maintenance of normal vascular tonus and as a neuromodulator, interfering in the sympathetic and parasympathetic outflow to the periphery (Schmitt and Dirsch, 2009; Zanzinger, 1999). The beneficial role of NO against the establishment or maintenance of cardiovascular diseases is classically related in the literature; therefore the NO is a potential therapeutic target in hypertension (Rajapakse et al., 2009). In this context, drugs which mimic the role of this molecule in the body such as NO donors are known to act in the treatment of hypertension. Recently, our research group showed the effects of a new NO donor, the 2-nitrate-1,3dibuthoxupropan (NDBP) (Fig. 1), which has similar kinect to other NO donors such as nytroglicerin and sodium nitroprusside. Furthermore, NDBP presented potent vasorelaxant activity in normotensive rats (Franca-Silva et al, 2012). However their effects on blood pressure and heart rate has not been investigated. 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 The evidence that hypertension is associated with changes in autonomic nervous system and the fact that NO may exert a direct influence on autonomic control of blood pressure, reducing the deleterious effect of hypertension, led us to evaluate the effects of the NO donor, NDBP, on the autonomic balance of spontaneously hypertensive rats (SHR), and its control normotensive Kyoto rats (WKY). 2. Material and Methods 2.1. Animals Male Wistar Kyoto and Spontaneously Hypertensive Rats (250-300 g), housed under controlled conditions of temperature (21 1ºC) and lighting cycle (lights on: 06:00-18:00 h) with water and food (Labina®, PURINA, Brazil) ad libitum were used in all experiments. All the experimental procedures were conducted in accordance with the Institutional Animal Care and Use Committee of the Federal University of Paraiba (CEPA 030910). 2.2. NDBP preparation NDBP was dissolved in a mixture of saline solution and chremophor and diluted to the desired concentrations with saline solution as previously described (Franca-Silva et al, 2012). 2.3. Surgical procedures and protocols Intra-aortic blood pressure was recorded using the technique described by Braga (2010). Briefly, under ketamine (75 mg/kg, i.p.) and xylazine (10 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 mg/kg, i.p.) anesthesia, rats were fitted with polyethylene catheters inserted into the lower abdominal aorta and inferior vena cava through left femoral artery and vein, respectively. Both catheters were filled with heparinized saline, tunneled subcutaneously, exteriorized and sutured at the dorsal surface of the neck. Twenty-four hours after surgical procedures, experiments were performed in conscious rats. The arterial catheter was connected to a pre-calibrated pressure transducer coupled to an acquisition system (PowerLab, ADInstruments, Unit 13, 22 Lexington Drive, BELLA VISTA, NSW, AUSTRALIA) connected to a computer installed with Chart 5.0 software. 2.4. Assessment of cardiovascular effects of NDBP One day after surgical procedures, the blood pressure and heart rate were evaluated after the randomly administration of different doses of NDBP (1, 5, 10, 15 and 20 mg/kg, i.v.) in conscious rats. 2.5. Evaluation of parasympathetic activity on NDBP-induced responses In order to investigate the contribution of parasympathetic activity on the hypotension induced by NDBP, atropine (2 mg/kg, i.v.), a muscarinic blocker, was injected in normotensive and hypertensive rats, and the effect of NDBP was evaluated before and after (15 min) the blockade. In other set of experiments, WKY and SHR rats were submitted to vagotomy and responses to NDBP were evaluated before and after this surgical procedure. 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 2.6. Evaluation of sympathetic activity on the NDBP-induced responses In order to investigate the effect of NDBP on the sympathetic activity, the organic nitrate was administered 15 minutes before and after ganglionic blockade with hexamethonium (30 mg/kg, i.v.) in WKY and SHR rats. 2.7 Evaluation of the participation of the nitric oxide in the NDBP-mediated cardiovascular effects To investigate the effect of NDBP on the NO availability, the in vivo effects of NDBP was assessed blocking soluble guanylyl cyclase (CGs), an intermediate of the NO pathway, with intravenous administration of methylene blue (4.1 mg/kg, in bolus) in WKY and SHR conscious rats. 2.7. Statistical analysis Data are expressed as the mean ± SEM. When appropriate, the significance of differences was determined using one-way ANOVA following Bonferroni’s post test with GraphPad Prism version 5.0 (GraphPad Software, La Jolla, CA, USA). A P-value < 0.05 was considered significant. 3. Results 3.1. NDBP induces biphasic response in conscious rats Spontaneously hypertensive rats were significantly hypertensive compared with WKY rats (165.8 ± 5.6 vs 105.8 ± 7.8 mmHg, n=6, p<0.05, respectively). The Figure 2 (A and B) shows representative tracings from spontaneously hypertensive rats and normotensive Wistar Kyoto illustrating the 7 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 changes in these parameters after administration of NDBP. From these results, the dose of NDBP (15 mg/kg) was chosen to perform the following protocols. Administration of NDBP (1, 5, 10, 15 e 20 mg/kg) elicited a dose-dependent hypotension (-4±2, -21±6, -54±6, -62±10, -76±8 mmHg, n=6) and bradycardia, except in the first dose (1±5, -70±26, -248±10, -240±25, -301±29 bpm) followed by hypertension (5±2, 4±1, 6±2, 5±2, 12±3 mmHg) and tachycardia (25±4, 11±10, 55±19, 40±9, 76±16 b.p.m.) in normotensive Kyoto (WKY) rats as illustrated in figure 3A. Interestingly, in spontaneously hypertensive rats, the hypotensive (-8±1, -20±5, -86±4,-95±5, -118±3 mmHg, n=6) and bradycardic (9±8, -125±37, -252±10, -269±16, -309±18 b.p.m., n=6) responses exhibited a significant higher when compared to WKY rats. This increase was also found in hypertension (9±2, 15±3, 50±5, 57±4, 60±8 mmHg) and tachycardic (30±10, 45±9, 49±11, 76±15, 110±19 b.p.m.) responses (Figure 3B). 3.2. NDBP acts by stimulation of parasympathetic activity Acute administration of atropine (2 mg/kg) blunted the hypotension induced by NDBP (15 mg/kg) in WKY (-75±9 mmHg vs -12±3 mmHg; n=6) as well as in SHR rats (-101±6 vs -7±2 bpm, n=6), and the pressor response to the compound was potentiated (35±7 vs 65±4 mmHg-WKY; 33±10 vs 82±6 mmHgSHR; p<0.05) as shown in Figure 4 e 5. To further investigate the parasympathetic activity induced by NDBP, using a different experimental protocol, vagotomy was performed. Representative tracings from WKY and SHR rats show changes in blood pressure and heart rate elicited by NDBP before and after vagotomy are shown 8 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 in Figure 6. Interestingly, vagotomy produced a reduction in the NDBP-induced bradycardia in both WKY (-136±8 vs -17±2 b.p.m., n=4, p<0.05) and SHR rats (-141±9 vs -8±2 b.p.m., n=6, p<0.05). After vagotomy, the hypotensive response was attenuated in SHR (-66±8 vs -34±11mmHg) as well as WKY animals (-59±11 vs -35±9 mmHg) as shown in Figure 7. 3.3. NDBP increases sympathetic activity In order to investigate the effects of NDBP on sympathetic activity, acute administration of hexamethonium (30 mg/kg, i.v.) produced inhibition of the NDBP induced pressor response (28±8 vs -9±5 mmHg - WKY, n=6; 42±7 vs -19±8 mmHg - SHR, n=5; p<0.05). In relation to HR, there was a reduction in bradycardia in both animal models (-278±23 vs -48±3 b.p.m.-WKY; -285±16 vs 27±19 b.p.m.-SHR, n=4; p<0.05). The remaining hypotension (-23±3 and 13±10 mmHg, in WKY and SHR rats, respectively) can be attributed to the vascular effect elicited by NDBP (Fig. 8 e 9) as described previously (FrancaSilva et al, 2012). 3.4 NDBP induces NO release in vivo To evaluate the nitric oxide release in the response induced by administration of NDBP (15 mg/kg, i.v.), the hypotension and bradycardic responses were analyzed before and after acute infusion of soluble guanylyl cyclase inhibitor, methylene blue (4 mg/kg). Representative tracings are presented in figure 10. In WKY rats both hypotension and bradycardic effects were reduced (-82±6 vs -57±7 mmHg, n=6 and -322±14 vs -272±11 b.p.m., 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 n=6, respectively, p<0.05). Similar results were found in SHR regarding hypotensive (-95±8 vs -70±4 mmHg, p<0.05, n=2) and bradycardic effect (291±12 vs -235±6 b.p.m., p<0.05, n=5) as illustrated in Figure 11. 4. Discussion The main findings of the present study were that acute intravenous infusion of NDBP, a NO donor, evoked hypotensive and bradycardic effects followed by hypertension and tachycardia. The hypotension seems to be, at least in part, mediated by decreasing cardiac output due to direct stimulation of vagal activity. The secondary response occurs by sympathetic activation that is more exacerbated in spontaneously hypertensive rats, showing the dual effects of NDBP on central nervous system. Spontaneously hypertensive rats are widely used as animal model for studying essential hypertension in humans, because these animals have phenotypic characteristics similar to those observed in human essential hypertension (Pinto et al, 1998). This model is associated with increased periphery vascular resistance, cardiac hypertrophy, heart failure, among other pathologies (Fazan Jr et al., 2001). In addition, the sympathetic nerve activity is significantly increased in relation with their normotensive controls, the WistarKyoto (WKY) rats. Furthermore, NO levels contribute to the development and maintenance of hypertension in this model (Wymann et al. 2003; Portaluppi et al., 2004). Thus, SHR were chosen as a model to investigate the effect of the NO donor NDBP on the autonomic nervous system. 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Initially, the administration of NDBP in SHR and WKY rats induced hypotension associated with bradycardia, instead of reflex tachycardia as observed in other NO donors such as sodium nitroprusside (SNP) (Caputi et al., 1980, Botelho-Ono et al, 2011, Guimarães et al, 2012). To evaluate the bradycardic effect induced by our organic nitrate, atropine (2 mg/kg) was used to probe the cardiac parasympathetic system (Lee et al., 2008). Acute administration of atropine was able to decrease the hypotensive response; it suggests that NDBP reduced the mean blood pressure mainly by reducing the cardiac output in addition to its well-known effect on the smooth muscle in the periphery (Franca-Silva et al). The bradycardia was virtually abolished after bilateral vagal section, suggesting that the bradycardia induced by NDBP is due to release of acetylcholine from the vagus nerve. The vagotomy also reduced the hypotension due to elimination of the bradycardia, confirming the ability of the nitrate to decline the cardiac output. Interestingly, Jia et al. (1994) have found that 8 days after left cervical vagotomy, NO synthesis (NOS) activity was markedly enhanced in some vagal nuclei, i.e., the dorsal motor nucleus of vagus nerve (DMV), the nucleus ambiguus (AMB) and the nucleus tractus solitarii (NTS) (Feng et al., 2002). Furthermore, histological studies show that vagal afferents to the NTS containing NOS and vagal activity decrease the NOS immunoreactivity (Iwase et al. 1998; Lin, 2007) and this has also been found in many nuclei of neurons within the medulla oblongata that sends projections to the NTS (Esteves, 2000; Babic, 2008), which suggests that NO generated inside NTS may modulate vagal afferent integration. 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 In addition, Choate and Paterson (1999) found that exogenous NO decreased baroreceptor activity and inhibited chronotropic responses, rather than chronotropism which generally occurs. On the other hand, studies confirmed the positive chronotropic response to NO donors, due to the release of noradrenaline from sympathetic nerves (Choate and Paterson, 1999). The residual outcome hypotensive and bradycardic is attributed to vasorelaxant effect elicited by NDBP, that was reduced by soluble guanylyl cyclase blocker, methylene blue. The NO exerts vasorelaxation via activation of guanylate cyclase, increasing intracellular levels of cyclic guanosine monophosphate (cGMP), resulting in activation of protein kinase G (PKG), a peptide responsible for the phosphorylation of several proteins involved on vasorelaxation (McDonald and Murad, 1996; Archer et al., 2004). This effect can lead to reduction in blood pressure, being attenuated by the blockage of the NO pathway. However the concentration of methylene blue used was not enough to block the entire response induced by NDBP. Several findings report that the NO acts in brain sites, reducing the sympathetic tone and increased parasympathetic activity directly to heart with posterior bradycardia that mask the reflex tachycardia (Fletcher et al., 2006; Kishi et al., 2001; Rugerri et al., 2000). However, in our experimental procedures, NDBP caused, in a second moment, a hypertensive and tachycardic effects that were blocked after pretreatment with hexamehtonium, showing that NDBP induces increases sympathetic outflow to periphery. Here we report for the first time that a NO donor, NDBP, induces hypotension due reduction in cardiac output by direct vagal stimulation. 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Concomitantly, the NO donor acts influencing pressor response associated with tachycardia by stimulation of sympathetic outflow to the periphery. These responses seem to depend on the central action of the compound. Our findings may encourage new studies to advance the understanding of the antihypertensive effects elicited by NDBP, which will help to advance the field towards clinical trials, considering that currently used organic nitrates n the clinic are not effective in the treatment of hypertension. 5. Acknowledgments The authors are grateful to José Crispim Duarte for technical assistance in experimental procedures. 13 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Figure legends Fig. 1. Structural formula of NDBP. Fig. 2. Representative tracings from spontaneously hypertensive rat (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rat illustrating the changes in pulse arterial pressure (PAP, mmHg), mean arterial pressure (MAP, mmHg), and heart rate (HR, b.p.m.) in response to administration of different doses of the NDBP (black arrows). Fig.3. Effect of NDBP on mean arterial pressure (MAP, mmHg) and heart rate (HR, b.p.m.) in spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rats. Values are means ± S.E.M. Fig. 4. Representative tracings from spontaneously hypertensive rat (SHR) (A) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) (B) illustrating the changes in pulse arterial pressure (PAP, mmHg), mean arterial pressure (MAP, mmHg), and heart rate (HR, b.p.m.) in response to administration of NDBP before and after administration i.v. atropine (black arrows). Fig. 5. Effect of NDBP (15 mg/kg) before and after blockade with atropine (2 mg/kg) in spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rats. Values are means ± S.E.M, p<0.05. 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 Fig. 6. Representative tracings from spontaneously hypertensive rat (SHR) (A) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) (B) illustrating the changes in pulse arterial pressure (PAP, mmHg), mean arterial pressure (MAP, mmHg), and heart rate (HR, b.p.m.) in response to administration of NDBP before and after vagotomy. Fig. 7. Effect of NDBP (15 mg/kg) before and after vagotomy in spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) ats. Values are means ± S.E.M, p<0.05. Fig. 8. Representative tracings from spontaneously hypertensive rat (SHR). (A) and normotensive Wistar Kyoto rat (WKY). (B) illustrating the changes in pulse arterial pressure (PAP, mmHg), mean arterial pressure (MAP, mmHg), and heart rate (HR, b.p.m.) in response to administration of NDBP before and after administration of hexamethonium (black arrows). Fig. 9. Effect of NDBP (15 mg/kg) before and after blockade with hexamethonium (30 mg/kg) in spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rats. Values are means ± S.E.M, p<0.05. Fig. 10. Representative tracings from spontaneously hypertensive rat (SHR). (A) and normotensive Wistar Kyoto (WKY). (B) illustrating the changes in pulse arterial pressure (PAP, mmHg), mean arterial pressure (MAP, mm Hg), and 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 heart rate (HR, b.p.m.) in response to administration of NDBP before and after administration of methylene blue (black arrows). Fig. 11. Effect of NDBP (15 mg/kg) before and after acute infusion of methylene blue (4 mg/kg) in spontaneously hypertensive (SHR) and normotensive Wistar Kyoto (WKY) rats. Values are means ± S.E.M, p<0.05. 16 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 References Archer, S.L., Huang, J.M., Hamp,l V., Nelson, D.P., Shultz, P.J., Weir, K., 1994. Nitric oxide and cGMP cause vasorelaxation by activation of a charybdotoxin-sensitive K channel by cGMP-dependent protein kinase. P Natl Acad Sci USA. 91, 7583–7587. Babic, T., Oliveira C.V., Ciriello, J. 2008. Collateral axonal projections from rostral ventromedial medullary nitric oxide synthase containing neurons to brainstem autonomic sites. Brain Res, 1211, 44-56. Botelho-Ono, M.S., Pina, H.V., Sousa, K.H., Nunes, F.C., Medeiros, I.A., Braga, V.A., 2011. Acute superoxide scavenging restores depressed baroreflex sensitivity in renovascular hypertensive rats. Auton Neurosci, 159(1-2):38-44. Braga, V.A. 2010. 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Figure 1-11 H3 C NO2 O O O H3 C Figure 1 1 mg/kg 5 mg/kg 10 mg/kg 15 mg/kg 20 mg/kg PAP (mmHg) 150 0 MAP (mmHg) 150 0 HR (bpm) 600 0 0 Figure 2A 1 min 1 mg/kg 5 mg/kg 10 mg/kg 15 mg/kg 20 mg/kg PAP (mmHg) 250 0 MAP (mmHg) 250 0 HR (bpm) 650 0 0 Figure 2B 1 min 20 15 10 5 1 g/ kg g/ kg Figure 3A 20 15 10 g/ kg m g/ kg m g/ kg m g/ kg m 0 5 -150 g/ kg m HR (bpm) -50 1 g/ kg m g/ kg m g/ kg m m m MAP (mmHg) 200 50 0 -200 -100 -400 Figure 3B 20 15 m g/ kg m g/ kg m g/ kg g/ kg m -150 5 g/ kg m HR (bpm) -50 1 g/ kg m g/ kg m g/ kg m g/ kg m g/ kg m 0 10 20 15 10 5 1 MAP (mmHg) 100 200 50 0 -200 -100 -400 NDBP NDBP PAP (mmHg) 230 0 MAP (mmHg) 230 HR (bpm) 0 600 0 Atropine 0 Figure 4A 1 min NDBP NDBP PAP (mmHg) 280 MAP (mmHg) 0 280 0 HR (bpm) 600 0 0 Atropine Figure 4B 1 min WKY SHR 150 100 NDBP control -50 NDBP after atropine * MAP (mmHg) MAP (mmHg) 50 0 * 100 NDBP control 50 NDBP after atropine 0 * -50 -100 -100 -150 -150 100 100 -100 -200 0 * HR (bpm) HR (bpm) 0 -100 -200 -300 -300 -400 -400 Figure 5 * NDBP Vagotomy NDBP PAP (mmHg) 200 0 MAP (mmHg) 200 0 HR (bpm) 400 0 0 Figure 6A 1 min NDBP Vagotomy NDBP PAP (mmHg) 200 0 MAP (mmHg) 200 HR (bpm) 0 400 0 0 Figure 6B 1 min SHR WKY 50 MAP (mmHg) -25 * Control Vagotomy - time 0 Vagotomy - time 80 s -50 MAP (mmHg) 0 * 0 Control Vagotomy - time 0 Vagotomy - time 80 s -50 * -75 -100 -100 50 0 * * * 0 -100 * HR (bpm) HR (bpm) -50 -50 -100 -150 -150 -200 -200 Figure 7 NDBP hexamethonium NDBP PAP (mmHg) 250 0 MAP (mmHg) 250 0 HR (bpm) 650 0 0 Figure 8A 20 s NDBP hexamethonium NDBP PAP (mmHg) 300 0 MAP (mmHg) 300 0 HR (bpm) 650 0 0 Figure 8B 20 s SHR WKY NDBP Control 100 100 NDBP after hexamethonium * * MAP (mmHg) MAP (mmHg) -50 NDBP after hexamethonium 50 50 0 NDBP Control 0 -50 * -100 -100 -150 -150 200 100 100 0 -100 * * HR (bpm) HR (bpm) 0 -100 -200 -200 -300 -300 -400 -400 Figure 9 * * HR MAP PAP Methylene blue Figure 10A HR MAP PAP Methylene blue Figure 10B SHR WKY 0 NDBP Control NDBP after methylene blue NDBP Control NDBP after methylene blue MAP mmHg MAP mmHg 0 -50 * -50 * -100 -100 0 0 -100 NDBP control NDBP after methylene blue -200 HR (bpm) HR (bpm) -100 NDBP control NDBP after methylene blue -200 -300 -300 * -400 -400 Figure 11 *