em relação ao gênero. Embora no presente estudo não tenha sido constatado que as diferentes idades exerceram influência significante na severidade de má oclusão, Emrich et al.8 verificaram que para o grupo de crianças com idade entre 6 e 8 anos e para aquelas de 12 a 14 anos, a porcentagem de oclusão normal foi de 69% e 54% respectivamente. Encontraram 19% de Classe I no grupo de 6 a 8 anos e 30% no grupo de 12 a 14 anos; 11% de Classe II no grupo de 6 a 8 anos, comparado a 14% no grupo de 12 a 14 anos e 1% de Classe III em ambas as idades. Saturno22 também verificou diferença na manifestação de má oclusão em relação à idade, observando que o grupo de maior faixa etária apresentou maior severidade de má oclusão e, portanto, a maior necessidade de tratamento ortodôntico. Apesar do presente estudo demonstrar que a severidade de má oclusão não variou de forma significativa entre crianças estudantes de escolas públicas e particulares, Mansbridge13 observou que a prevalência de cárie variou para estes dois grupos, relacionando esta diferença a fatores associados ao tipo de dieta ingerido. As instalações e localização geográfica das escolas também foram consideradas por Silva Filho et al.26, os quais observaram que o índice de oclusão normal apresentou-se maior para a classe média-baixa e reduziu- se para a classe sócio-econômica baixa. Na classe média-baixa e baixa a porcentagem de má oclusão de Classe I também reduziu e aumentou respectivamente. Os autores relacionaram a diferença nesta incidência em função da perda precoce de dentes decíduos e permanentes, mais comum na população de baixa renda, já as má oclusões esqueléticas de Classe II e III não se mostraram sensíveis aos fatores sócio-econômicos. Alguns autores buscaram respostas relacionadas à influência da fluoretação da água de abastecimento público na ocorrência de má oclusão. Ast et al.4, verificaram que as crianças que receberam água fluoretada desde o nascimento apresentaram redução de má oclusão, resultado também encontrado por Almeida et al.1, Teixeira27, Rebello Júnior, Toledo20 e Grecco et al.,12 compararam a prevalência das anormalidades de oclusão em indivíduos residentes em área com presença de fluorose dental e indivíduos residentes em área com concentração ótima de flúor na água de abastecimento e, concluíram que o excesso de flúor na água de abastecimento não influenciou, significantemente, as taxas de prevalência das anormalidades de oclusão. Apesar da cidade de Araraquara apresentar água de abastecimento público fluoretada desde 1963, as crianças avaliadas apresentaram elevada porcentagem de má oclusão (85,92%). Sabendo que a utilização de flúor reduz a incidência de cárie e conseqüente perda de espaço e necessidade de extrações precoces, medidas preventivas educativas direcionadas ao esclarecimento da população devem ser instituídas para atuar na etiologia multifatorial da lesão de cárie, assim como, no desenvolvimento da má oclusão. Pôde-se constatar por meio do presente trabalho que a idade, gênero e o tipo de escola não exerceram influência na severidade da má oclusão, porém sabe-se que a hereditariedade constitui um fator relevante na sua etiologia, assim como a presença de hábitos nocivos, que levam a desvios da normalidade do sistema estomatognático. Araraquara / SP. It was used the Treatment Priority Index to establish the malocclusion severity. According with the obtained data, 85,92% of the children presented some type of occlusal abnormality. The results showed no statistical evidence that the sex, age and school have some significant effect in the severity of malocclusion. CONCLUSÃO Com base nas análises dos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1. A severidade da má oclusão não está relacionada com o gênero, idade e tipo de escola (pública ou particular). 2. Medidas preventivas devem ser empreendidas em razão da alta porcentagem de má oclusão encontrada (85,92%). AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro à este trabalho. Abstract The present study was done to investigate the correlation between sex, age, school and severity of malocclusion in 930 children, 612 year old, being 48,06% males and 51,94% females, students of public and private schools from 60 Malocclusion. Age Groups. Preventive Orthodontics. Key words: R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 57-61, mar./abr. 2003 REFERÊNCIAS 1 - ALMEIDA, R. R. et al. Influência da fluoretação na prevalência de más oclusões. Estomatol Cult, Bauru, v. 4, p. 35-42, 1970. 2 - ALTEMUS, L. A. 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Cristovão Colombo, 777 apto 102 Centro Araraquara-SP CEP: 14801-200 E-mail: [email protected] R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 57-61, mar./abr. 2003 61 <faltando> Artigo de Divulgação Dispositivos Intrabucais Fixos para Correção da Relação Molar de Classe II Fixed Intraoral Appliances for Correction of Class II Molar Relationship Resumo Denise Murcia Macedo A correção da relação molar de Classe II é prática comum na clínica ortodôntica, fazendo-se necessária a distalização dos molares superiores, acompanhada ou não de alterações ortopédicas. A partir dos anos 70, diversos autores começaram a desenvolver aparatologia capaz de conseguir a distalização dos molares em quantidades de movimento até então difíceis de serem conseguidas com a tração extrabucal, buscando a máxima eficiência no mínimo intervalo de tempo, com pouca ou nenhuma colaboração do paciente. O objetivo deste trabalho foi revisar dispositivos que são usados para correção da relação molar de Classe II, os quais fossem intrabucais, mais estéticos, e fixos, para diminuir a necessidade de colaboração do paciente durante o tratamento. Destes, destacaram-se os Magnetos, o Jasper Jumper, o Pêndulo de Hilgers, o Jones Jig e o Distal Jet. INTRODUÇÃO Angle3 ao elaborar sua classificação, tomou como referência os primeiros molares superiores, por acreditar ser sempre ideal a sua posição. Com o advento das telerradiografias e conseqüentes estudos cefalométricos, podese observar que nem sempre estavam localizados corretamente, podendo estar mesial ou distalmente deslocados. Sendo a correção das maloclusões de Classe II de Angle prática comum na clínica ortodôntica40,50, muitas vezes faz-se necessária a distalização dos molares superiores, sem alterações ortopédicas, uma vez que a maxila pode estar numa posição neutra ou até retruída47. Desde o início da Ortodontia, o método mais utilizado para se conseguir a relação molar ideal era por meio do uso da ancoragem extrabucal, dispositivo esse que além de permitir a distalização dos molares, também direciona o crescimento. Levando-se em consideração que a adolescência é o momento ideal para o tratamento ortodôntico, apesar de ser um período onde a colaboração é especialmente difícil2, não se pode prever qual paciente seria colaborador4. O sucesso do tratamento ortodôntico está ligado não somente à execução de uma técnica primorosa, mas também ao nível de cooperação existente, Denise Murcia Macedo * Luís Antônio de Arruda Aidar ** Palavras-chave: Classe II. Aparelhos intra-bucais fixos. * Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Associação dos Cirurgiões Dentistas de Santos e São Vicente (ACDSSV). Estagiária na Disciplina de Ortodontia na Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). ** Professor Titular na Disciplina de Ortodontia na Faculdade de Odontologia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Associação dos Cirurgiões Dentistas de Santos e São Vicente (ACDSSV). Pós-Graduando (Doutorado) em Ciências da Saúde - Área de Concentração Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM). R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 63-72, mar./abr. 2003 63 FIGURA 1 - Sistema de distalização de molares39. a) Magnetos; b) Fio seccionado; c) Cursor deslizante; d) Tubo do extrabucal no primeiro molar. podendo a porcentagem de não colaboração atingir até a 80% em alguns estudos2. Devido a esses fatores, a partir dos anos 70, diversos autores começaram a desenvolver aparatologia capaz de conseguir distalização dos molares em quantidades de movimento até então difíceis de serem conseguidas com a tração extrabucal. Apesar de existirem diversos dispositivos para distalização de molares superiores, foi de interesse pesquisar aparelhos intrabucais, mais estéticos, e fixos, que não necessitassem da colaboração do paciente para se conseguir resultados satisfatórios, como os Magnetos, Jasper Jumper, Pêndulo de Hilgers, Jones Jig e Distal Jet. Com a finalidade de trazer alguma contribuição ao estudo, foi realizada uma revisão da literatura. REVISÃO DA LITERATURA Para efeito de melhor compreensão, a revisão da literatura foi dividida quanto aos tipos de aparelhos utilizados para a distalização e a aplicabilidade dos mesmos na clínica ortodôntica. Magnetos Magnetos são dispositivos formados por ligas metálicas que podem ser constituídas por diversos metais, comumente usados para movimentação dentária, tracionamento de dentes inclusos, expansões maxilares e para efeitos ortopédicos. 64 FIGURA 2 - Aspecto clínico dos Magnetos em posição (gentileza do Prof. Dr. Luciano da Silva Carvalho). FIGURA 3 - Vista oclusal da distalização conseguida, em uso unilateral (gentileza do Prof. Dr. Luciano da Silva Carvalho). Seu primeiro uso em Ortodontia foi em 1953 na Holanda por Crefcouer24, apresentando casos de Classe II tratados com Magnetos incorporados em aparelhos removíveis, tendo obtido sucesso razoável em vários casos tratados. Os pesquisadores deste dispositivo desenvolveram experimentos laboratoriais, in vitro e in vivo, como Esformes et al.29, Sandler et al.53, Linder-Aronson et al.43, Von Fraunhofer et al.59, Bondemark et al.12, Bondemark14, Blechman e Steger7, onde constataram pouca ou nenhuma citotoxidade12,14,25,53 no seu uso, estando relacionadas aos produtos de corrosão liberados por magnetos descobertos7,12,25,26,43. Além disso, foi encontrado estímulo da osteogênese pela ação dos campos magnéticos7. Nos experimentos clínicos, autores como Blechman6, Gianelly et al.34, Gianelly et al.35, Dean27, Itoh et al.39, Bondemark e Kurol9, Bondemark e Kurol8, Bondemark et al.11, Steger e Blechman56, Bondemark e Kurol10 e Darendeliler et al.25 utilizaram os magnetos para tracionamento de dentes27, aplicações ortopédicas6, 27 e na distalização de molares8,9,10,11,25,34,35, 39,56,59 (Fig. 1, 2 e 3), muitas vezes comparando-os com o uso de molas superelásticas de Níquel-Titânio (NiTi)10, 11, 25. de força flexível pode ser usado simultaneamente com outras aparatologias fixas (Fig. 4, 5, 6 e 7). Idealizado por J. J. Jasper, promove efeitos basicamente dentoalveolares, con-forme foi constatado por Cope et al.23, Welland e Bantleon60, Mills e Mcculloch48, Garcia et al.32, e Stucki e Ingervall57, exigindo uso de arcos retangulares e controle de torque com o objetivo de funcionar como uma unidade de ancoragem, para minimizar movimentos indesejados. Em algumas situações, Blackwood III5 e Jasper e McNamara Jr.,40 usaram Barras Transpalatinas (BTP) e Arco Lingual como reforço de ancoragem. Jasper Jumper Comparado ao Aparelho Herbst16,32,40,60, sendo porém de instalação mais simples, esse módulo Pêndulo de Hilgers Hilgers38, buscando alternativas para tratamento de Classe II sem a necessidade de colaboração do paciente, elaborou um aparelho que utilizava um Botão de Nance como ancoragem dentomucossuportada e base para inserções de molas de fios TMA1, o qual chamou de “Pendulum” (Pêndulo). Criou ainda uma derivação do Pêndulo, acrescentando um parafuso expansor no meio do Botão de acrílico quando a maxila necessitar de expansão, chamando-o de “Pend- X” (Pendex) - (Fig. 8A, B). Sua ativação seria feita antes de sua instalação na boca, levando as molas de fio de TMA a uma posição paralela à rafe mediana. Após sua cimentação, foram colocadas nos tubos linguais com o auxílio de um alicate Weingart (Fig. 9, 10, 11, 12). R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 63-72, mar./abr. 2003 FIGURA 4 - Variações na instalação do Jasper Jumper: A) Instalação padrão preconizado; B) Utilização de arco auxiliar; C) Instalação em Dentição Mista. FIGURA 5 - Jasper Jumper instalado lado direito (Profª. Lia Cristina Cazarini Ribeiro). FIGURA 6 - Jasper Jumper instalado vista frontal (Profª. Lia Cristina Cazarini Ribeiro). FIGURA 7 - Jasper Jumper instalado - lado esquerdo (Profª. Lia Cristina Cazarini Ribeiro). Como critérios de diagnóstico, indicou seu uso especialmente em pacientes que não tivessem alterações no sentido vertical, sendo que para dolicofaciais foi recomendada mecanoterapia com extrações, tração extrabucal alta e BTPs. Em casos onde havia necessidade de grandes distalizações e não estavam indicadas extrações de pré-molares, indicou a extração dos segundos molares, deixando que os terceiros molares ocupassem os seus lugares na arcada. Rondeau51 além de descrever seus componentes e suas funções, citou as indicações e contra-indicações, vantagens e desvantagens (Quadro. 1). Modificações à técnica original foram introduzidas por Snodgrass55 - (Fig. 13, 14, 15, 16 e 17), Martins et al.45, Byloff e Darendeliler18, Byloff et al.17 e Wong et al.62. Ghosh e Nanda33 avaliaram os efeitos do aparelho sobre os molares, pré-molares e incisivos, determinando-se as mudanças nos tecidos moles, dentários e esqueléticos. A erupção dos segundos molares superiores teve efeito mínimo na distalização dos primeiros molares. O aumento da altura facial anterior foi maior nos pacientes com ângulo do Plano Mandibular-Frankfurt mais altos. Morganti49 descreveu a construção do aparelho, sua instalação, remoção e manutenção dos espaços. Concluiu tratar-se de uma excelente técnica, pela série de vantagens encontradas: movimentos distais dos molares superiores em 3 ou 4 meses, juntamente com expansão maxilar, com boa tolerância e com pouca necessidade de colaboração do paciente. Figueiredo et al.,30 descreveram o aparelho Pêndulo/Pendex como um auxiliar na correção das más oclusões de Classe II quando essas são devidas a um comprometimento dentoalveolar e não esquelético, conseguindo distalizar molares num período de 3 a 4 meses, além de permitir correção de molares rotacionados e expansões maxilares, quando necessárias. FIGURA 8 - Os aparelhos A) Pêndulo e B) Pendex. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 63-72, mar./abr. 2003 65 FIGURA 9 - Molas do Pêndulo ativadas. FIGURA 10 - Inserção das molas do Pêndulo nos tubos linguais. FIGURA 11 - Distalização conseguida pelo Pêndulo e manutenção dos resultados através de um botão de Nance. FIGURA 12 - Molas do Pêndulo instaladas para distalização dos Segundos Molares. FIGURA 13 - Pendex modificado, com apoio soldado nas bandas dos Primeiros Molares, para aumentar estabilidade. FIGURA 14 - Corte do apoio, após a disjunção palatina, através de alta rotação no Pendex modificado. FIGURA 15 - Ativação unilateral do Pendex modificado. FIGURA 16 - Distalização obtida. FIGURA 17 - Manutenção dos resultados obtidos. QUADRO 1 INDICAÇÕES CONTRA-INDICAÇÕES • Perfil reto e suporte do lábio superior adequado; • Perfil retrognata e suporte labial inadequado; • ATM normal e correta relação côndilo–fossa; • Sinais e/ou sintomas de disfunção da ATM; • Maxila e mandíbula normais; • Maxila normal e mandíbula retrognata; • Padrões braquicefálicos; • Mordida aberta dentária e esqueletal; • Altura facial inferior normal; • Excesso de altura facial inferior; • Relação molar de Classe II • Padrões dolicocefálicos; • Colaboração do paciente deficiente. • Classe I ou III dentária; • Inclinação distal dos Molares superiores. VANTAGENS DESVANTAGENS • Conforto; • Torque ou rotações no molar, se não for corretamente ativado; • Uso contínuo; • Irritação tecidual abaixo do acrílico, entretanto sem descontinuar • Não houve problemas ao comer e falar. o uso. Jones Jig Jones e White41 apresentaram a seqüência clínica para instalação de um dispositivo por eles desenvolvido para tratamento de más oclusões 66 de Classe II, simétricas ou assimétricas, através da distalização dos molares superiores em um curto período de tempo, sem a necessidade de colaboração do paciente. Esse foi denominado “Jones Jig” (Fig. 18). Auxiliado por uma unidade de ancoragem representada por um Botão de Nance modificado, era capaz de levar molares superiores R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 8, n. 2, p. 63-72, mar./abr. 2003