O que é a Necessidade Metafísica?
Desidério Murcho
King’s College London
[email protected]
Resumo: Podemos distinguir três grupos de verdades necessárias: as necessidades lógicas, físicas e
metafísicas. No primeiro grupo estão verdades como «Se Sócrates é grego, é grego»; no segundo,
verdades como «Nenhum objecto viaja mais depressa do que a luz»; e no terceiro, verdades como
«A água é H2O». Há duas formas de definir os diferentes tipos de verdades necessárias: em termos
de mundos possíveis ou em termos de derivabilidade. Irei mostrar que estas duas formas de definir
os diferentes tipos de verdades necessárias enfrentam dificuldades importantes, nomeadamente
porque não são compatíveis com diferentes doutrinas filosóficas. De seguida, apresento uma forma
alternativa de definir os diferentes tipos de necessidades que não enfrenta as dificuldades apontadas.
Finalmente, mostro que este modo de definir os diferentes tipos de verdades necessárias nos ajuda a
compreender a natureza da necessidade metafísica e os obstáculos à sua compreensão.
Introdução
Podemos distinguir três grupos de verdades necessárias: as necessidades lógicas,
físicas e metafísicas. No primeiro grupo estão verdades como «Se Sócrates é grego, é
grego»; no segundo, verdades como «Nenhum objecto viaja mais depressa do que a
luz»; e no terceiro, verdades como «A água é H2O». Iremos incluir na necessidade
física outras necessidades naturais, como a necessidade biológica e a química. E
iremos falar em geral de necessidade lógica, incluindo nela a necessidade analítica e a
necessidade lógica estrita. Veremos depois a diferença entre estes dois tipos de
necessidades lógicas.
Precisamente porque a necessidade metafísica não é definível em termos
substanciais, é muito importante encontrar definições adequadas dos outros tipos de
necessidades. Pois é legítimo esperar que o contraste com as necessidades lógicas e
físicas ajude a compreender a misteriosa necessidade metafísica. Irei mostrar que há
duas formas de definir as necessidades lógicas e físicas que são inaceitáveis por vários
motivos e que constituem obstáculos poderosos a uma compreensão correcta da
necessidade metafísica.
Relações entre necessidades
Precisamos de compreender adequadamente as relações entre os diferentes tipos
de necessidades, o que podemos fazer com a ajuda do Diagrama 1:
Diagrama 1
Este diagrama sistematiza as relações entre os diferentes tipos de necessidade que
caracterizam as teorias essencialistas mais comuns. Assim, este tipo de teoria
essencialista defende que há necessidades físicas que não são necessidades
metafísicas. Por exemplo, apesar de ser fisicamente necessário que nenhum objecto
viaje mais depressa do que a luz, um essencialista poderá defender que este facto não
é metafisicamente necessário; em mundos possíveis com leis da física diferentes
talvez os objectos viajem mais depressa do que a luz. Por outro lado, há necessidades
metafísicas que não são necessidades lógicas, como a água ser H2O.
O Diagrama 2 sistematiza as mesmas relações, agora no que respeita à
possibilidade:
2
Diagrama 2
Assim, apesar de ser logicamente possível que a água seja CO2, tal não é
metafisicamente possível. E apesar de ser metafisicamente possível que um objecto
viaje mais depressa do que a luz, tal não é fisicamente possível.
Uma forma mais radical de essencialismo defende que tudo o que é fisicamente
necessário é metafisicamente necessário — isto é, defende que não há mundos
possíveis com leis da física diferentes das leis da física do mundo actual, e portanto
que em nenhum mundo possível há objectos que viajem mais depressa do que a luz.
Isto é equivalente a modificar o Diagrama 1, alargando o domínio da necessidade
metafísica de modo a coincidir com o domínio da necessidade física.
Uma forma de anti-essencialismo defende que tudo o que é logicamente possível é
metafisicamente possível, e portanto que a água poderia ser CO2. Isto é equivalente a
modificar o Diagrama 2, alargando o domínio da possibilidade metafísica de modo a
coincidir com o domínio da possibilidade lógica.
Definições em termos de mundos possíveis
Podemos tentar definir a necessidade física e lógica em termos de mundos
possíveis, do seguinte modo:
1.
p é uma necessidade lógica se, e só se, p é verdadeira em todos os mundos possíveis nos quais
as leis da lógica obtêm.
2.
p é uma necessidade física se, e só se, p é verdadeira em todos os mundos possíveis nos quais
as leis da física obtêm.
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Este tipo de definições é usado por Anna Sherratt (Sherratt, 2001). Contra este
tipo de definições levanta-se o argumento das necessidades lógicas indesejadas. Há
duas versões deste argumento, consoante se aplica à necessidade física ou à
necessidade analítica.
1. O argumento das necessidades lógicas indesejadas aplicado à necessidade
física — Um filósofo pode defender que tanto as leis da física como as leis da lógica
obtêm em todos os mundos possíveis, isto é, que tanto é verdade em todos os mundos
possíveis que nenhum objecto viaja mais depressa do que a luz como é verdade em
todos os mundos possíveis que 2 + 2 = 4. Dadas as definições apresentadas, este
filósofo terá de aceitar que todas as necessidades físicas são necessidades lógicas, o
que é inaceitável. Defender que as leis da física obtêm em todos os mundos possíveis
não é defender que as leis da física são leis da lógica. Claro que se pode defender as
definições apresentadas sustentando que é a teoria filosófica que afirma que as leis da
física são verdadeiras em todos os mundos possíveis que é deficiente. Mas esta defesa
não nos leva muito longe, pois as definições dos diferentes tipos de necessidade
devem ser tanto quanto possível compatíveis com os diferentes tipos de teorias
modais substanciais — e é possível apresentar definições nas quais faça sentido dizer
que tanto as leis da física como da lógica são verdadeiras em todos os mundos
possíveis, sem que isso implique que as necessidades físicas são necessidades lógicas.
2. O argumento das necessidades lógicas indesejadas aplicado à necessidade
analítica — Estritamente falando, uma verdade como “Nenhum solteiro é casado”
não é uma verdade lógica. Mas podemos transformá-la numa verdade lógica
substituindo sinónimos por sinónimos, o que nos permitirá obter a verdade lógica
“Nenhum não casado é casado”. Podemos assim distinguir a necessidade lógica
estrita, puramente formal, da necessidade analítica, mais abrangente. Podemos por
isso dizer que uma frase como “Nenhum solteiro é casado” é uma necessidade
analítica, mas não uma necessidade lógica estrita. Ora, qualquer filósofo quererá dizer
que apesar de a existência de solteiros casados, estritamente falando, não ser uma
impossibilidade lógica, tal não é todavia realmente possível — não há qualquer
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mundo possível com solteiros casados. Isto significa que se definirmos “logicamente
necessário” e “analiticamente necessário” em termos de mundos possíveis, todas as
necessidades lógicas serão por definição necessidades analíticas e vice-versa, porque
todas serão verdadeiras nos mesmos mundos possíveis. Ora, é falso que todas as
necessidades analíticas sejam necessidades lógicas estritas. Assim, as definições em
termos de mundos possíveis impedem-nos de distinguir as necessidades analíticas das
lógicas. A resposta a este problema poderá ser afirmar que há realmente mundos
possíveis com solteiros casados, mas que esses mundos são meramente possíveis num
sentido logicamente estrito. Mas a ideia de que há mundos possíveis com solteiros
casados não é aceitável por mais liberais que sejamos no que respeita ao casamento.
Definições em termos de derivabilidade
Podemos tentar definir a necessidade física e lógica em termos de derivabilidade,
do seguinte modo:
1.
p é uma necessidade lógica se, e só se, p é derivável das leis da lógica.
2.
p é uma necessidade física se, e só se, p é derivável das leis da física.
Este tipo de definições é usado por Bob Hale (Hale, 1996), Jonathan Lowe (Lowe,
1998) e Nathan Salmon (Salmon, 1989). Contra este tipo de definições levanta-se uma
vez mais uma versão do argumento das necessidades lógicas indesejadas.
1. O argumento das necessidades lógicas indesejadas que resultam da
derivabilidade vácua — Uma dada proposição p é derivável de um certo conjunto de
premissas Γ se, e só se, não há qualquer maneira de as premissas Γ serem todas
verdadeiras e a conclusão falsa. Ora, se p é necessariamente verdadeira, não há
qualquer maneira de ser falsa. O que significa que p é derivável de qualquer conjunto
Γ de premissas. Logo, p será também derivável das leis da lógica. O que significa que
qualquer proposição que seja verdadeira em todos os mundos possíveis será uma
necessidade lógica — o que é falso. Por exemplo, um filósofo que defenda que as leis
da física são verdadeiras em todos os mundos possíveis, não é um filósofo que
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defende que as leis da física são logicamente necessárias. Em conclusão, as definições
em termos de derivabilidade são deficientes; na melhor das hipóteses, poderão
funcionar apenas no caso de aceitarmos doutrinas modais substanciais, como a
existência de mundos possíveis com leis da física diferentes. Mas uma definição que
não é neutra quanto a questões substanciais é uma má definição — é como definir
“aborto” como “assassínio de inocentes”: uma mera falácia.
Além do problema das necessidades lógicas indesejadas, ambas as definições
propostas sofrem de um problema mais simples: não há leis da metafísica, nem da
analiticidade. Assim, quaisquer definições em termos de domínios de leis serão
incompletas porque não poderão incluir a necessidade metafísica — que é
precisamente o que queremos esclarecer.
Uma proposta de definição
A minha forma alternativa de definir os diferentes tipos de necessidades e
possibilidades é a seguinte:
p é fisicamente necessária se, e só se, p for derivável das leis da física.
p é fisicamente possível se, e só se, não-p não for derivável das leis da física.
p é logicamente necessária (estritamente) se, e só se, p for uma verdade lógica.
p é logicamente possível (estritamente) se, e só se, não-p não for uma verdade lógica.
p é analiticamente necessária se, e só se, p for uma verdade analítica.
p é analiticamente possível se, e só se, não-p não for uma verdade analítica.
p é metafisicamente necessária se, e só se, p for verdadeira em todos os mundos possíveis.
p é metafisicamente possível se, e só se, p for verdadeira num mundo possível.
Estas definições têm duas vantagens. A primeira é a sua neutralidade. Estas
definições são compatíveis com as principais teorias modais substanciais. Tanto
podemos defender que há mundos possíveis com leis da física diferentes das nossas,
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como que não há mundos possíveis com leis da física diferentes das nossas. Tanto
podemos defender que as verdades lógicas são verdadeiras em todos os mundos
possíveis, como podemos defender que as verdades lógicas não são verdadeiras em
alguns mundos possíveis.
A segunda vantagem é o facto de permitirem compreender melhor a natureza da
necessidade metafísica. A definição apresentada não reduz a necessidade metafísica a
algo não modal. A necessidade metafísica é apenas a verdade em todos os mundos
possíveis, e a verdade em todos os mundos possíveis é em si um conceito modal. Mas
as definições de necessidade lógica e física são reduções bem sucedidas. A
necessidade lógica é reduzida à verdade lógica; e a necessidade física é reduzida à
derivabilidade a partir das leis da física. Esta assimetria é saudável, pois reflecte a
natureza dos diferentes conceitos de necessidade em causa. Falar de necessidade
lógica é apenas uma maneira de falar; falar de necessidade física é apenas uma
maneira de falar; mas falar de necessidade metafísica não é apenas uma maneira de
falar que possa substituir-se por outra maneira de falar que não seja modal. Um dos
problemas das definições que criticámos é precisamente o facto de darem a ideia
errada de que a necessidade metafísica está a par dos outros tipos de necessidades — é
algo que podemos reduzir a conceitos não modais.
O resultado apresentado por Sherratt constitui uma redução ao absurdo não
intencionada do tipo de definições que critico, baseadas em domínios de leis. No
artigo “Are the Laws of Logic Necessary or Contingent?” Anna Sherratt mostra que,
definindo os diferentes tipos de necessidades em termos de domínios de leis, a
questão de saber se as leis da lógica são necessárias ou contingentes não recebe uma
resposta interessante em qualquer caso: a resposta é sempre trivial. Mas sem dúvida
que não é trivial afirmar que as verdades da lógica obtêm em todos os mundos
possíveis, ou que não obtêm em alguns mundos possíveis. Contudo, não podemos
compreender estas afirmações se não compreendermos que o que estamos a perguntar
é se as verdades lógicas são ou não metafisicamente necessárias, entendendo a
necessidade metafísica como um tipo diferente de necessidade.
O resultado de Sherratt não é difícil de duplicar no caso das leis da física. Serão as
leis da física necessárias ou contingentes? Se não dispomos de um conceito claro de
necessidade metafísica, nenhuma resposta é informativa. Pois é trivial que as leis da
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física são fisicamente necessárias; e é trivial que não são logicamente necessárias. O
que dá sentido à pergunta é a necessidade metafísica: nós queremos saber se as leis da
física obtêm em todos os mundos possíveis, ou se há mundos possíveis com leis da
física diferentes. E esta é uma questão que faz tudo o sentido e cuja resposta, negativa
ou positiva, não é trivial.
Nathan Salmon defende no artigo “The Logic of What Might Have Been”
algumas ideias que são também o resultado de definir as diferentes necessidades em
termos de domínios de leis. Para Salmon há mundos possíveis com solteiros casados
— mas esses mundos não são analiticamente possíveis, são apenas possíveis num
sentido lógico estrito. E há mundos em que a água não é H2O — mas esses mundos
não são metafisicamente possíveis, são apenas logicamente possíveis. Estas ideias
estranhas resultam de uma má definição dos diferentes tipos de necessidades. Temos
de pensar que há mundos possíveis com solteiros casados se acharmos que a
necessidade analítica e a necessidade lógica se definem em termos de derivabilidade a
partir de domínios de leis — pois a forma de fugir ao problema da derivabilidade
vácua é afirmar que há uma maneira de os solteiros serem casados (e assim as
necessidades lógicas estritas já não são necessidades analíticas). Mas o resultado é
inaceitável. As definições que proponho não têm este tipo de resultado inaceitável.
As definições em termos de domínios de leis dão a falsa ideia de que todos os
tipos de necessidade estão a par no sentido em que todas as necessidades são
redutíveis a domínios não modais de leis. Ora, isto impede uma correcta compreensão
da natureza da necessidade metafísica, que além de não ser redutível a domínios não
modais de leis, tem uma característica muito diferente dos outros domínios de
necessidades e possibilidades. A modalidade metafísica é, por definição, absoluta, ao
passo que as outras modalidades não o são. (O que eu entendo por “modalidade
absoluta” e “relativa” é diferente do que Bob Hale entende e poderemos falar das
diferenças mais tarde.) O importante é compreender o seguinte: se dizemos que algo é
metafisicamente necessário, queremos dizer que é verdadeiro em todos os mundos
possíveis — trata-se de um tipo de necessidade irrestrita. E se dizemos que algo é
metafisicamente possível, queremos dizer que é verdadeiro em alguns mundos
possíveis. O mesmo não acontece com outros tipos de necessidade e possibilidade.
Por exemplo, apesar de ser logicamente possível que a água seja CO2, ou que haja
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solteiros casados, não se segue daí que há mundos possíveis em que a água é CO2 ou
em que há solteiros casados — intuitivamente, porque tais estados de coisas não são
“realmente” possíveis, apesar de a lógica não tem poder para provar que tais estados
de coisas são impossíveis. Do mesmo modo, a lógica não tem poder para provar que é
falso que a neve é verde, mas daí não se segue que a neve seja verde.
Eis as definições de modalidades absolutas e relativas:
Se p é absolutamente necessária, então p é necessária — p é verdadeira em todos os mundos
possíveis.
Se p é absolutamente possível, então p é possível — p é verdadeira em alguns mundos
possíveis.
Se p é relativamente necessária, não se segue que p é necessária — não se segue que p é
verdadeira em todos os mundos possíveis.
Se p é relativamente possível, não se segue que p é possível — não se segue que p é verdadeira
em alguns mundos possíveis1.
Se pensarmos que a necessidade metafísica está a par das outras necessidades
porque todas se definem do mesmo modo, não compreendemos a diferença
fundamental que as separa. A possibilidade lógica, por exemplo, não é absoluta; e a
necessidade física também não. Isto significa que do facto de algo ser logicamente
possível não se segue que haja um mundo possível em que isso é o caso; e do facto de
algo ser fisicamente necessário não se segue que isso é verdade em todos os mundos
possíveis. Mas se algo é metafisicamente possível, há um mundo possível em que isso
é o caso; e se é metafisicamente necessário, isso é o caso em todos os mundos
possíveis. Contudo, se definirmos todas as necessidades e possibilidades em termos de
domínios de leis, esta diferença fundamental perde-se. Nas definições que proponho,
1
O contraste compreende-se melhor com símbolos. Necessidade absoluta: AbsQ p → Qp. Necessidade
relativa: ¬(RelQ p → Qp). Esta fórmula é equivalente a Rel Q p ∧ ◊ ¬p, o que significa que ser
relativamente necessário que p é consistente com ser possível que não p — por exemplo, ser
fisicamente necessário que nenhum objecto viaja mais depressa do que a luz é consistente com ser
metafisicamente possível que alguns objectos viajem mais depressa do que a luz. A necessidade
relativa não deve ser entendida da seguinte forma: RelQ p → ¬Qp. Esta definição é equivalente a RelQ
p → ◊¬p; ora, apesar de intuitivamente a necessidade física ser relativa, não queremos afirmar que,
dado que é fisicamente necessário que Sócrates é idêntico a Sócrates, há um mundo possível em que
Sócrates não é Sócrates.
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esta diferença fundamental está claramente presente, pois a necessidade metafísica é a
única definida em termos da totalidade de mundos possíveis.
Em conclusão, definir todos os tipos de necessidades em termos de domínios de
leis, usando mundos possíveis ou derivabilidade, é um caminho seguro para a
confusão conceptual. Quando seguimos este caminho, a necessidade metafísica surgenos como algo misterioso, pois escapa sempre a qualquer tentativa de definição em
termos de domínios de leis. Contudo, se tivermos à nossa disposição definições
adequadas dos diferentes tipos de necessidades podemos compreender melhor a
necessidade metafísica, ainda que não possamos reduzi-la a algo mais simples. Mas
nem tudo é susceptível de definições redutoras. A necessidade metafísica é
implicitamente definida através do contraste com os outros tipos de necessidades
susceptíveis de redução, e descrevendo algumas das suas propriedades mais
importantes, das quais destaquei o seu carácter absoluto. As definições que proponho
permitem fazer ambas as coisas e por isso defendo que são superiores às definições
em termos de domínios de leis2.
Desidério Murcho
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Referências
Hale, Bob (1996) “Absolute Necessities”, Philosophical Perspectives, 10.
Lowe, E.J. (1998) The Possibility of Metaphysics, Clarendon Press, Oxford.
Salmon, Nathan (1989) “The Logic of What Might Have Been”, The Philosophical
Review, Vol. XCVIII, no. 1.
Sherratt, Anna (2001) “Are the Laws of Logic Necessary or Contingent?”,
Proceedings of the Aristotelian Society, Vol. 101, no. 3.
2
Agradeço os comentários de Charles Travis, que me ajudaram a clarificar a definição de necessidade
relativa e o apoio de M. S. Lourenço.
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