O PIBID NA FORMAÇAO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA Alice Stephanie Tapia Sartori1 Cássia Aline Schuck2 Nereu Estanislau Burin3 RESUMO O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) é um programa do Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), cujo objetivo maior é o incentivo à formação de professores para a educação básica e a elevação da qualidade da escola pública. O projeto PIBID na área de Matemática foi executado pelo Curso de Matemática da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) em quatro escolas da rede pública de Florianópolis-SC que apresentavam baixo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Os participantes foram alunos do curso de Licenciatura em Matemática que, inseridos no cotidiano das escolas da rede pública, planejaram e participaram de experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, e que buscaram a superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem. O projeto oportunizou aos licenciandos momentos de incentivo, prática e reflexão de sua escolha profissional. Também foram desenvolvidas, ao longo de dois anos (2009-2010), atividades de monitoria e capacitação para a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), obtendo resultados positivos, o que estimulou o interesse dos alunos das escolas públicas pela Matemática. Palavras chave: Bolsa de iniciação à docência. Matemática. Ensino-aprendizagem. Formação de professores. 1. INTRODUÇÃO O trabalho que os licenciandos em Matemática da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) desenvolveram em quatro escolas da rede pública de Florianópolis, em Santa Catarina, através do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) trouxe muitos ganhos a toda comunidade escolar. Neste artigo vamos comentar algumas experiências vivenciadas pelos bolsistas do programa. 1 Estudante do curso Licenciatura em Matemática, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. [email protected] 2 Estudante do curso Licenciatura em Matemática, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. [email protected] 3 Coordenador do PIBID Matemática, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. [email protected] O PIBID, em dois anos (2009 – 2010) de vigência, buscou: Valorizar o magistério como atividade profissional, estimulando a formação de professores para a educação básica, em especial para a segunda fase do Ensino Fundamental e o Ensino Médio; Contribuir com a integração entre os cursos de Licenciatura da UFSC e aumentar o nível de articulação entre estes e as escolas da rede pública de Educação Básica; Aprimorar a qualidade das ações acadêmicas direcionadas à formação inicial nos cursos de Licenciatura da UFSC, de forma a favorecer a criatividade do futuro professor e incentivar uma prática docente de caráter inovador; Propiciar aos alunos dos cursos de Licenciatura da UFSC, futuros professores, vivência de experiências que auxiliem o entendimento do funcionamento da realidade escolar e em escolhas futuras relacionadas às metodologias a serem utilizadas em sala de aula e no relacionamento professor-aluno; Contribuir para a formação continuada dos professores das escolas de Educação Básica envolvidos no Programa. Iniciado em março de 2009, o programa contou com doze licenciandos e quatro professores supervisores, um em cada escola, empenhados em fortalecer a escola pública como espaço de formação e promover a necessária articulação da universidade com as redes públicas de ensino. Os licenciandos tinham o objetivo de compreender a relação entre a matemática que é estudada na universidade e a matemática escolar, tendo maior contato com o ambiente profissional, além de buscar incentivo e prática da criatividade no trabalho docente. Já os professores tinham a finalidade de supervisionar os bolsistas, buscando concomitantemente novas metodologias, tecnologias e práticas docentes. 2. CAMINHOS TRILHADOS As escolas estaduais de Florianópolis-SC contempladas com o PIBID foram as que obtiveram um IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) abaixo do requerido pelo governo. São elas: 1. Escola de Educação Básica Intendente José Fernandes, localizada na Rodovia João Gualberto Soares, 324. Ingleses do Rio Vermelho, Florianópolis – SC; 2. Escola de Educação Básica Lauro Müller, localizada na Rua Marechal Guilherme, 134. Centro, Florianópolis – SC; 3. Escola de Educação Básica Lúcia do Livramento Mayvorme, localizada na Rua General Vieira da Rosa, 1050. Centro, Florianópolis – SC; 4. Escola de Educação Básica Professor Aníbal Nunes Pires, localizada na Rua Irmã Bonavita, 240. Capoeiras, Florianópolis – SC. Nos dois anos de vigência (2009 – 2010) foram realizadas atividades como: Curiosidades e jogos matemáticos como recurso didático; Elaboração de materiais instrucionais (Laboratório de Matemática); Elaboração de sequências didáticas: papel e lápis e/ou programas computacionais; Estudo do livro didático utilizado na escola e planejamento do professor; Monitoria (reforço); Oficinas com professores de Matemática da escola; Oficinas de problemas: papel e lápis e/ou programas computacionais; Treinamento para a OBMEP e ENEM. A atividade de monitoria foi uma ponte entre o professor e o aluno, pois auxiliou a compreensão dos conteúdos matemáticos. Em geral, os estudantes tendem a construir barreiras quando se trata da relação entre a dificuldade de abstrair o conteúdo e a didática do professor, e este é um momento de pensar em novas metodologias, auxiliando na aprendizagem dos conteúdos vistos em sala de aula. Nos projetos de monitoria desenvolvidos no programa, procurou-se estabelecer as mudanças individuais, com o objetivo de se atingir o equilíbrio de todos os alunos em relação aos conteúdos matemáticos, possibilitando assim avanços em relação à aprendizagem dessa disciplina. Quando há compreensão dos conteúdos matemáticos elementares, como as operações básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão, desenvolve-se a curiosidade intelectual criando a confiança de que os alunos necessitam para seguir em frente na busca de novas descobertas, instigando o senso crítico e a autonomia. Neste sentido, muitos alunos precisam de atendimento individualizado, e este é um dos objetivos nesta atividade de monitoria ou reforço. O apoio individualizado também aos alunos com déficits de audição e/ou atenção, alunos hiperativos e com dificuldades de aprendizagem fez com que os bolsistas e professores se unissem em busca de alternativas de ensino, refletindo e pesquisando sobre cada caso, tornando-se esta uma ocasião em que os bolsistas puderam observar a necessidade de buscar diferentes motivações para estes alunos. Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Como o programa estimula novas práticas docentes, os bolsistas procuraram através de jogos e curiosidades matemáticas alternativas para motivar a aprendizagem, desenvolvendo a autoconfiança, organização, concentração, raciocínio lógico-dedutivo e o senso cooperativo. A ideia trouxe significativos resultados, pois aumentou o número de alunos participantes e a satisfação com o programa era explicita. Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático. Assim como as saídas de campo oportunizam aos alunos experiências extraclasse. 3. METAS ATINGIDAS Os trabalhos realizados pelos bolsistas do PIBID, nas escolas estaduais contempladas pelo programa, são motivos de orgulho. Muitas melhorias foram constatadas na comunidade escolar e na formação dos alunos bolsistas (licenciandos). Para os alunos da escola, o programa foi importante porque, segundo os que participaram, consideraram que o hábito de ir às aulas de monitoria fez com que melhorassem a compreensão dos conteúdos apresentados pelo professor e consequentemente as suas notas. Todos os alunos que participaram das monitorias passaram a interagir mais em sala de aula, pois perceberam que as dificuldades em Matemática são sanadas com facilidade, basta se empenhar para compreender os conteúdos. Essas mudanças são facilmente notadas pelos professores, pais e pelos próprios alunos, por meio de depoimentos dos mesmos. Os alunos tiveram a oportunidade de assistir aulas mais atraentes, envolvendo jogos matemáticos (Figura 1) como, por exemplo, Torre de Hanói, Xadrez, Pentacubo, O jogo das Damas, Quarto, entre outros, que ajudam a estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Em 2010 oportunizamos a eles uma visita a UFSC e em especial a SEPEX (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) (Figura 2), onde observaram diversas pesquisas em andamento e projetos de extensão como o PIBID. Figura 2 Visita a SEPEX (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) Figura 1 Jogos Matemáticos Para a escola, o programa fez com que seus professores tivessem a oportunidade de serem agentes de formação e consequentemente houve a atualização dos mesmos, além de os alunos melhorarem seu desempenho nas provas nacionais (Olimpíada Brasileira de Matemática, Prova Brasil e ENEM). Para os bolsistas, os ganhos foram de extrema importância para a formação acadêmica, pois observaram como o processo de ensino-aprendizagem da Matemática acontece realmente, tendo contato com os conteúdos trabalhados em cada ano escolar e as dificuldades mais recorrentes, além de fazer as ligações entre a teoria e a prática. Desta forma, quando forem atuar em sala de aula, estarão mais bem preparados para a atividade docente, sendo profissionais reflexivos e pesquisadores. Para o professor supervisor, auxiliar o trabalho dos bolsistas se constituiu em uma constante busca e atualização de novas metodologias, tecnologias e práticas docentes. Para o curso de Licenciatura em Matemática foi uma excelente ocasião de diminuir o distanciamento com a realidade escolar, pois sempre se questionou esse fato. Assim, esses futuros professores estarão colocando em prática o conhecimento matemático juntamente com a prática reflexiva de ser professor. Isso propiciou ao curso, que é o formador de futuros profissionais, que, se necessário, reformule sua maneira de ensinar buscando atender aos anseios que a sociedade tanto espera na melhoria da qualidade do ensino oferecido pela Escola Pública. Nos depoimentos colhidos de alunos, professores e coordenadores da escola, constata-se que o projeto, sem dúvida alguma, tem melhorado consideravelmente o desempenho dos alunos na disciplina da Matemática. Observa-se que os alunos da escola pública têm sanado suas dúvidas com êxito durante a realização das atividades propostas pelo PIBID. Com a aprovação do projeto para 2012 -2013, renovamos nossas esperanças e nossos ideais, buscaremos a partir de agora, com um número maior de bolsistas e escolas contempladas, aprimorar e inovar nossas atividades, para trazer novamente uma experiência positiva e avançada na busca de nossos objetivos educacionais. Pois só conseguimos alcançar nossos objetivos de pouco em pouco, considerando que é de poucos que fazemos muito. Portanto o desejo de todos os envolvidos no programa é de continuar lutando por uma educação de qualidade, aperfeiçoando cada vez mais nossas capacidades, e encontrando soluções que sejam viáveis e possíveis a cada dia que nos é imposto um novo desafio.