Poderia tentar explicar em que consiste o curso e os objetivos que visa
alcançar — até porque também já o fiz, foi muito interessante e deu-me
grande prazer —, mas pareceu-me mais esclarecedor deixar aqui o
depoimento da Sara Ribeiro Mendes, que o frequentou no ultimo ano. Ana
Prata
“O Prazer do Texto” – Curso de 2011/2012
Entre Outubro de 2011 e Maio deste ano, encontrei-me entre os onze
participantes do curso “O Prazer do Texto”, coordenado pelo actor Carlos
Paulo no teatro d’A Comuna.
Sendo um grupo pequeno, com o espírito do Carlos Paulo e todo o ambiente
d’A Comuna, conseguimos realizar um trabalho que considero bastante
interessante. Começámos por realizar exercícios que nos permitiram
conhecer melhor, a nós próprios e aos outros – desde cenas de improviso,
passando por exercício de confiança no outro e, até, tentar estabelecer
comunicação sonora, uma con ersa n o verbal, sem nos movimentarmos e
de olhos fechados. Este último foi um dos exercícios que achei mais
interessantes e um dos em que mais dificuldade tive, pois pude ouvir como
os meus colegas tentavam estabelecer um sistema de troca de sons
similares, na tentativa de perceber como comunicar; mas, assim que ouvi
alguém trautear uma música, das minhas favoritas, consegui criar uma
comunicação. Este exercício, bem como outros em que não era permitido
usar a visão, deu-me a oportunidade de perceber o quão dependentes
estamos de um só sentido e do quanto precisamos de trabalhar todos os
outros.
A segunda etapa da viagem consistiu em exercícios de respiração e de
colocação de oz. engraçado como uns exercícios aparentemente simples
se podem tornar um desafio – “afinal, não coloco a voz e não respiro como
de ia”. Um dos objecti os do curso , precisamente, ajudar-nos a usar as
cordas vocais correctamente e o nosso aparelho respiratório de forma mais
eficaz.
Quando o Carlos Paulo pediu a cada um que escolhesse um poema, sem
dizer para que fim, a curiosidade começou a pairar no ar... Após uma breve
conversa sobre cada um dos poemas, descobrimos que deveríamos criar
uma espécie de diálogo entre eles, isto é, teríamos de formar um texto
coerente com partes de todos os poemas. Na última fase do curso
trabalhámos os textos que criámos, tentando utilizar as ferramentas que
fomos exercitando ao longo do curso – como colocar a voz, como respirar e
como trabalhar melhor em conjunto. Não nos limitámos a ler o texto –
trabalhámo-lo de forma a tentar explorar as várias vertentes possíveis de
cada verso – mas colocámos questões como estas: será possível ler de
forma jocosa todo um texto que, sendo coerente, apresenta cores tão
diversas?; E com fúria?; E com tristeza?
De todo este trabalho nasceu o que foi apresentado na nossa Faculdade no
dia 24 de Maio de 2012, terminando, assim, o nosso tempo como aprendizes
passageiros n’A Comuna, um local de trabalho, diversão, conversa e
descontracção. Terminaram as visitas semanais àquele espaço, uma já boa
rotina. Sim, terminou mas, com certeza não terminou o prazer pelo texto...
Sara Ribeiro Mendes, no 002446
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