COLÉGIO SÃO PAULO Prof. Eliane Waller Disciplina: Português Aluno _________________________________ n.º ____ Turma: 231 Série: 3ª. Data ____ / ____ /2014 ATIVIDADE No. 01 TEXTO I YES, NÓS FALAMOS ENGLISH Palavras inglesas viram moda no Brasil, onde nem o português as pessoas conseguem falar direito João da Silva teve um dia estressante. Enfrentou um rush danado e chegou atrasado ao meeting com o sales manager da empresa onde trabalha. Antes do workshop com o expert em top marketing, foi servido um brunch, mas a comida era muito light para sua fome. À tarde, plugou-se na rede e conseguiu dar um download em alguns softwares que precisava para preparar seu paper do dia seguinte. Deletou uns tantos arquivos, pegou sua pick-up e seguiu para o point onde estava marcada uma happy hour. Mais tarde, no flat, ligou para o delivery e traçou um milk-shake e um hamburger, enquanto assistia ao Non Stop, na MTV. À noite, pôs sua camisa mais fashion, comprada num sale do shopping, e foi assistir a Shine no cinema. Voltou para o apart-hotel a tempo de ver um pedaço do seu talk-show preferido na TV. Para o fictício João da Silva, assim como para muitos brasileiros, a língua portuguesa já não basta para descrever ou compreender o cotidiano. Cercado por anúncios de TV em inglês, músicas em inglês no rádio, cartazes (outdoors) em inglês nas ruas, expressões inglesas no trabalho, pratos em inglês nos cardápios, o brasileiro é quase um estrangeiro em sua própria terra. As grandes cadeias de alimentação espalham suas placas de fast food ou delivery pelas ruas das cidades. A publicidade adora usar palavras em inglês em seus slogans, como se pode ver pelos casos da Nike (Just do it), do Citibank (The Citi never sleeps) ou da Wella (Perfectly you). Recentemente, uma conhecida marca de chocolates estampou: “Páscoa by Kopenhagen”. Nos shoppings, as lojas de roupas não fazem liquidação, fazem sale. Nem dão descontos de 30% – são 30% off. Em São Paulo, uma placa esclarece que a churrascaria está open today (aberta hoje). [...] SCALZO, Fernanda. In www.veja.com. TEXTO II Um dia de espantos, hoje. Conversando com uma rapariga em flor, estudante, queixase ela da dificuldade da língua portuguesa, espanto-me: - Mas como pode ser tão difícil uma língua em que você está conversando comigo há dez minutos com toda facilidade? Ela ficou espantada. QUINTANA, Mário. Caderno H. São Paulo: Editora Globo,1995. 1. (1,0) A matéria da revista Veja questiona o uso da língua estrangeira no cotidiano do brasileiro. Explique a estratégia utilizada pela autora para a demonstração desse fato. 2. (1,0) Segundo a ideia que se depreende da fala de Mário Quintana, diga o que seria “falar bem”, na linguagem cotidiana. 3. (1,0) A pequena crônica reflete a suposta dificuldade da Língua Portuguesa. Indique possíveis motivos que poderiam fazer do padrão culto da língua uma dificuldade para os brasileiros. 1 TEXTO III 4. (1,0) Explique por que Calvin afirma que ele e a mãe falam “línguas” diferentes. Justifique sua resposta usando elementos do texto da tira. 5. (1,0) Transcreva da tira um termo que possa representar um exemplo do uso da modalidade coloquial. A nota a seguir faz uma crítica ao estrangeirismo presente na Língua Portuguesa: TEXTO IV OX TAIL É A... Esta onda de estrangeirismo às vezes leva seus autores ao ridículo. Veja só. O restaurante Mr. Ôpi, do Centro do Rio, no cardápio de sexta passada, oferecia “Ox tail”. Sabe o que é? A nossa popular rabada. GÓIS, Ancelmo. O Globo, 05/03/04. 6. (1,0) Considerando os comentários do jornalista, explique em que se baseia a crítica da nota. A seguir apresentam-se duas manchetes de jornais do Rio de Janeiro, do mesmo dia. A primeira trata da absolvição do fazendeiro acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang; a outra fala a respeito da troca tiros entre policiais e bandidos em favelas do Leme: STF E GOVERNO REAGEM À ABSOLVIÇÃO DE FAZENDEIRO [O Globo] BICHO PEGA GERAL NA BABILÔNIA [Meia Hora] 7. (1,0) Considerando a natureza dos dois jornais e o público-alvo a que se destinam, explique a diferença de registro linguístico empregado em cada uma das manchetes. 8. (1,0) Reescreva a manchete do Jornal Meia Hora, adequando-a ao padrão formal da língua. TEXTO V NOTÍCIA DE JORNAL Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 2 O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa - não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão. Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. São Paulo: Record, 1984. 9. (1,0) A repetição da estrutura verbal “morreu de fome” é expressiva na construção do texto. Explique o efeito expressivo que essa repetição ganha no contexto da crônica. 10. (1,0) A crônica é um gênero textual que pode ora se basear no humor, no fato pitoresco, ora no sentimentalismo, a chamada crônica lírica, ainda que ambas vertentes se apoiem no prosaico, no cotidiano. Determine como se constrói a vertente do fazer literário desta crônica. 3