Poemas com Sol e Sons
PROJETO DE LEITURA
O livro reúne diversos poetas
latino-americanos, alguns já consagrados,
como Cecília Pisos, da Argentina, Ângela
Lago, do Brasil, Gabriela Mistral, do Chile,
e Humberto Ak’abal, da Guatemala. Eles
dedicam (ou dedicaram) sua vida não
apenas à arte literária, mas também à
ilustração, como Ricardo Azevedo e Ângela
Lago, ou à música, como Alberto Blanco, e
a maioria se destaca pela beleza e graça de
suas obras infantojuvenis.
Para saber mais sobre eles, siga a trilha das
notas musicais das páginas desta antologia
poética.
Poemas com Sol e Sons abarca uma
diversidade de textos poéticos e não se
limita a oferecer uma reunião de poemas; abre caminho para que os alunos
conheçam produções culturais de outros povos, favorecendo a ampliação de
horizontes e de percepção do mundo.
Trata-se de uma antologia poética que
evoca as singularidades de países do
continente latino-americano, repleto de
potencialidades, mas também de contradições e desigualdades sociais. Uma
antologia que nos dá conta do imponderável, da essência e da leveza ou dureza
das palavras. Uma antologia que permite nos reconhecermos e percebermos a
grandeza poética de nosso continente.
Uma antologia que fala aos olhos, aos
ouvidos e, principalmente, ao coração.
Uma antologia que nos mostra como é
A literatura, principalmente a poesia,
tem a força de criar uma ligação com
o sentimento humano, que propicia a
expansão da vida afetiva pelo mágico
poder de realizar a fusão da alma humana com a alma do mundo.
(Cida Ivas e Márcia Feldman)
(Carvalho e Mendonça [org.], 2006)
Ficha
Resenha
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Poesia latino-americana para meninas e meninos
, sim
.
Autor:
Palavras de poetas
da América Latina
para ler
coedição latino-americana
para cantar
para dizer.
Poemas, sim…
que sim
que são.
Título:
Poemas com Sol
e Sons
Aique Grupo Editor S.A. Argentina
Editora Melhoramentos Brasil
Farben Grupo Editorial Norma Costa Rica
Promoción Editorial Inca S.A. PEISA Peru
Grupo Editorial Norma S.A. Colômbia
CIDCLI México
Poesia latino-americana para meninas e meninos
Os autores
anamá Ediciones Nicarágua
Ediciones Huracán Porto Rico
Editora Taller República Dominicana
Ediciones Ekaré Venezuela, Chile
Ilustradores:
Vicky Ramos,
Daniel Villalobos, Álvaro Borrasé
Poemas com Sol e Sons - Capa CP 01ed05.indd 1
30 11 09 14:12:54
Formato:
21 x 21 cm
No de páginas:
72
Elaboração:
Sonia Maria Soares dos Reis
Quadro sinóptico
Gênero: poesia
Palavras-chave: poetas latino-americanos, Sol, sons
Tema transversal: pluralidade
cultural
Interdisciplinaridade: Língua
Portuguesa, Artes, Ciências
e Geografia
Indicação:
Leitor em
processo
a partir dos
8
anos
ensino
fundamental
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Conversa com o professor
possível trabalhar com a língua, em
situações vivas de linguagem, de forma
criativa e lúdica. Poemas com Sol e Sons
traz 78 textos de poetas de lugares diferentes, revelando o tanto que temos em
comum e o tanto que nos une, acima
das diversidades.
No livro, a poesia tem o poder de fundir
a alma humana com a alma do mundo:
Uma soneca
Numa soneca de verão
o passarinho ali cantou.
E o canto ficou pendurado
na rama do pé de limão.
Laura Devetach, Argentina (p. 6)
Tem pena, Senhor
Tem pena, Senhor
Tem carinho especial
com as pessoas muito lógicas,
muito práticas,
muito realistas,
que se irritam
com quem crê
no cavalinho azul.
Dom Hélder Câmara
(Abramovich, 1989)
É surpreendente constatar que a vida
cotidiana nem sempre esbanja suavidade, fantasia e sonho, caro(a) professor(a).
O mundo moderno é essencialmente
técnico e utilitário e, nesse contexto,
não sobra espaço para poesia.
Dom Hélder, na oração poética, dialoga com o Senhor e invoca a compaixão
àqueles que sempre buscam, em tudo,
utilidade. Pede clemência pelas pessoas
que só valorizam conhecimentos práticos e não creem no “cavalinho azul”. O
texto revela a crença de muitos: ler poesia não serve para nada, não é um ato
importante! O autor aponta, assim, para
uma perda da capacidade de fruição estética e, consequentemente, da sensibilidade estética.
A você, professor(a), cabe muitas
vezes a tarefa de recuperar o “valor da
leitura poética”, e sua trajetória profissional, tecida com saberes e experiências, vai determinar o lugar da leitura e
da literatura na vida de seus alunos.
Promover a leitura depende de coerência e sensibilidade. Por isso, não basta
circular diversos tipos de texto na escola; é necessário aparelhar os alunos para
sua recepção, oferecendo-lhes a oportunidade de conviver com os bens culturais (cinema, música, teatro, pintura,
literatura) e, dessa forma, assegurando-lhes um repertório de experiências estéticas, pois o estar no mundo “como indivíduos que somos é mediado por uma
rede intricada e plural de linguagens”,
conforme salienta Santaella (1998).
O que mais importa é que os alunos
possam perceber as infinitas experiências de vida na prosa, no jornal, na publicidade, no teatro, na melodia, nos
poemas com Sol e sons...
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>>
Monarquia
Os reis
estão por cima.
Do trono não descem
nem a golpe de malho.
Por isso
eu só gosto
dos reis
do baralho.
José Luis Díaz Granados, Colômbia (p. 24)
Ao reunir textos de poetas de diferentes países, o livro Poemas com Sol e
Sons comprova que a poesia é uma criação artística por excelência e deve ser
apreciada, preferencialmente, por seu
valor literário e, também, aponta que o
mundo poético, como quer Vygotsky,
é tecido pela matéria verbal, pela linguagem. As palavras, dessa maneira, além
de representar realidades, revelam-se
como realidade visual (plástica) e sonora
na imaginação dos leitores.
Lição de Gramática
Eu estou, você está,
e ela está, e ele também;
e todos os que estavam estiveram
e estão muito bem.
Estamos, estaremos
nós; ela e ele
estarão lado a lado, e eu, que estive,
estarei.
E, se acaso estivesse
alguém que não tenha estado
naquela vez,
bem-vindo!, porque estar é o que
importa
– e que todos estejam.
David Chericián, Cuba (p. 33)
Poemas com Sol e Sons é um agradabilíssimo convite para que todos estejam
antenados à palavra poética, “porque
estar é o que importa”.
O LIVRO NA SALA DE AULA
Preparando a leitura
O momento da sensibilização
– Selecione CDs de canções infantojuvenis que dialoguem com os textos
de Poemas com Sol e Sons. Procure
chamar a atenção para os títulos das
músicas – os títulos muitas vezes podem despertar o interesse dos alunos, levando-os à leitura.
– Sugerimos os CDs Canções de Brincar
e Canções Curiosas, produzidos por
Sandra Peres e Paulo Tatit. A dupla
também gravou o álbum em espanhol
Canciones Curiosas. Comente com
os alunos que esse CD foi produzido
entre São Paulo (Brasil) e Buenos Aires (Argentina) e todos os intérpretes
infantis são argentinos ou colombianos. (Para saber mais, acesse www.
palavracantada.com.br/final/quemsomos.aspx.)
– Mostre a capa dos CDs e leia o nome
das canções. Convide-os, primeiro, a
ouvir “Ora bolas”, do álbum Canções
de Brincar, e, em seguida, a cantá-la.
Ora bolas (Palavra Cantada)
Oi, oi, oi... olha aquela bola,
A bola pula bem no pé, no pé do menino
Quem é esse menino? Esse menino é meu
vizinho
Onde ele mora? Mora lá naquela casa
Onde está a casa? A casa tá na rua
Onde está a rua? Tá dentro da cidade
Onde está a cidade? Tá do lado da floresta
Onde está a floresta? A floresta é no Brasil
Onde está o Brasil?
Tá na América do Sul, no continente
americano,
cercado de oceano e das terras mais
distantes de todo o planeta
E como é o planeta?
O planeta é uma bola que rebola lá no céu
Álbum Canções de Brincar
– Promova a interlocução entre os
alunos e a canção “Ora bolas”. Preserve o ludismo no contato dos leitores com a música. Deixe-os perceber a sonoridade das palavras. Chame a atenção deles para o jogo de
perguntas (Quem? Onde? Como?)
e respostas, para a estrutura paralelística do texto (mesma frase se repete várias vezes) e para o tom de
informalidade do diálogo que os
compositores estabelecem com os
ouvintes.
Veja que os artistas – Edith Derdyk e
Paulo Tatit – apoiam-se na ideia da articulação entre objetos, seres, lugares,
estabelecendo inter-relações entre esses elementos (do mais específico para
o mais abrangente), por meio de encadeamentos: bola, menino, vizinho, casa,
rua, cidade, floresta, Brasil, continente
americano, planeta. Nesse sentido, o
leitor-ouvinte é conduzido do espaço
mais imediato, mais concreto, ao espaço
geográfico, mais abstrato – o planeta –,
e pode, dessa maneira, construir referenciais de localização.
O texto musical permite que o aluno
encontre seu lugar, seja capaz de tomar
posse de sua história, porque a arte lê
a existência, lê o real e a fantasia. No
texto, ele se reconhece. Isso é o mais
importante!
Intertextualidade
– Traga o globo terrestre para a sala.
Identifique a imagem poética “o
planeta é uma bola” e converse com
os alunos sobre isso.
– Localize o continente americano no
globo. Veja com os alunos quais países fazem parte desse continente e
anote os nomes na lousa.
– M ostre-lhes “onde” se localiza o
Brasil dentro do continente. Que
países são seus vizinhos? O que o
Brasil tem em comum com esses
países? O que os torna irmãos? O
que os torna diferentes?
– Volte à música. Peça aos alunos que
se coloquem no lugar de meninos de
outras nacionalidades (cubanos, argentinos, chilenos etc.) e refaçam a
letra substituindo o nome do país e,
às vezes, da América (do Norte ou
Central, em vez de do Sul), de acordo
com a lista dos nomes na lousa. Ex.:
“...Onde está a floresta? A
floresta é no México / Onde
está o México? / Tá na América Central, no continente
americano...”.
Na trilha da canção: bem à vontade, num exercício de “memória puxa
memória”, incentive os alunos a se lembrar de poemas, acalantos, canções de
roda ouvidos em casa, na casa dos avós,
tios... Faça uma sessão de textos de raízes populares.
o livro na sala de aula
Trabalhando a leitura
A hora e a vez do livro
– Apresente o livro “Poemas com Sol
e Sons aos alunos. Mostre-o aberto.
Fale sobre a capa, o miolo, a disposição dos poemas nas páginas, salientando que tudo foi idealizado por artistas gráficos para tornar o livro um
objeto estético, agradável de ser lido.
Comente sobre a importância das
ilustrações e mostre que essa obra
integra, em sua tessitura, múltiplas
linguagens. As ilustrações agregam
ritmo, contraste, dinâmica, direção à
obra e são compatíveis com os temas
dos poemas – ora subjetivas (p. 49,
59), ora simbólicas (p. 23), ora poéticas (p. 31, 55), ora fantasiosas (p. 11)
–, ou seja, são ilustrações pertinentes
ao conteúdo.
– Leia alguns poemas em voz alta com
ritmo, entonação! Chame a atenção
para o jogo poético, que estimula
um sem-número de sensações:
• Visuais (imagens plásticas, translúcidas, co- • Olfativas (cheiros, perfumes): “Sempre soloridas e outras): “Um gomo de laranja / é
nhando rumo ao mar, / como uma canção
uma lua encantada; um gomo de laranja /
de prata, / vai cantando em seus cristais /
é uma diminuta gargalhada” (p. 41); “...O
desde a noite até a alvorada; / vem carrechão negro, / opala, opala, / é rubro-negro,
gado de pássaros, / vem cheirando à mon/ olhar, olhar” (p. 20). Táteis (textura, aspetanha, / sempre sonhando rumo ao mar, /
reza, maciez etc.): “A lua / roça a água. /
caminho que nunca acaba!” (p. 56).
Rói / com suaves dentes / as flores de loto
/ das serpentes” (p. 8); “As folhinhas fres- • Gustativas (sabor, paladar): “Lua de açúcas / da hortelã / com lua e estrelas. / Eram
car, / Lua encantada. Que alegria vê-la /
as amigas / do regador, / dos vaga-lumes
detrás da minha janela, / vestida de noiva,
/ e das borboletas. / Conheciam as mãos
/ de noiva e tão bela!...” (p. 52); “ ...vai
secas da vovó; / conheciam as horas / de
deixando nos céus / uma longa cauda de
sombra serena / e eram muito felizes / com
chuva / que derrama / serpentinas coloria lua nova. / As folhinhas frescas / da hordas / e luzes de fruta / sobre o teto acaratelã,/ com lua e estrelas...” (p. 30).
melado / da Terra” (p. 54).
• Auditivas (música, sonoridade etc.): “Uma
palavra / palavriteira / se despalavrava / pela
escada velha. / Pobre palavra! / Se apalavrou
/ palabrincando / cada degrau. / Caiu sentada / a palazangada e / se despalabrochou
/ flor de pancada. / Despalavra / pala botão
/ ontem palavra / hoje palavrão” (p. 7).
E tantas outras sensações. Incentive os alunos
a ler os textos e, em seguida, converse sobre as
sensações e/ou impressões que eles tiveram.
– O poema “Festa”, de Excilia Saldaña (p.
34), faz referências a diversos estilos de dança, ritmos e instrumentos musicais. Traga
para a sala de aula CDs com esses estilos e
faça uma sessão musical.
FIQUE POR DENTRO
Explorando a leitura
– Mostre aos alunos que o poema
reúne danças populares de vários
países (rumba, mambo, sapateado,
guaracha etc.). Algumas desapareceram, mas a maioria modificou-se
ao longo do tempo.
Por exemplo, a guaracha (termo que
significa “bailador” em dialeto guanche,
das Ilhas Canárias), no que se refere ao
aspecto musical, era divulgada por trovadores cubanos nas ruas e praças públicas. Eles expressavam uma crítica mordaz à situação política vigente, acompanhados de um coro. Por seu espírito
burlesco, a guaracha passou das praças
públicas e ruas para o teatro e espetáculos circenses. Sua principal característica
é a apresentação de um diálogo entre o
vocalista e o coro, o qual vai evoluindo
até a seção rítmica de “rumba”.
– Agora é a vez de “ir a festas e dançar”. Elabore uma coreografia à
moda latino-americana. Crie o “figurino” apropriado para interpretar
o mesmo poema e dançar ao ritmo
escolhido.
Algumas palavras
Só se tece a poesia quando o coração
vem morar na ponta dos nossos dedos.
A mão segura a caneta e pela sua ponta
fina e frágil ela deixa vazar o essencial.
Por ser assim, a poesia é breve como
asas e penas, mas nos leva para muito
depois dos ares...
(Bartolomeu Campos de Queirós)
A poesia nos leva ao Chile, a Gabriela Mistral, poetisa que obteve o Prêmio
Nobel de Literatura em 1954.
– É hora da poesia-canto! Leia com
os alunos “A rata” (p. 21), da Gabriela Mistral, e, à maneira da Palavra Cantada, peça-lhes que criem
um arranjo musical para o poema,
acompanhados de voz e instrumento
musical.
Atenção: oriente-os a pesquisar sobre
instrumentos musicais típicos do Chile
para adequar o arranjo à cultura chilena
e/ou fazer instrumentos musicais populares de origem indígena e africana que
muito influenciaram os ritmos latino-americanos.
O livro nos leva a três grandes artistas da literatura brasileira: Ângela Lago,
Marina Colasanti e Ricardo Azevedo.
– Leia para os alunos os poemas “Lição de biologia” (p. 12), de Ricardo
Azevedo, “O gato” (p. 15), de Marina Colasanti, e “ABC doido” (p. 16),
de Ângela Lago. Deixe-os sorver as
poesias devagarzinho...
– Incentive-os a trocar experiências
pessoais: qual dos textos é o preferido de cada um? Por quê? Com qual
eles mais se identificaram? Permita
que comentem livremente.
– Confeccione um grande painel com
o título “A poesia nos leva para muito depois dos ares...”. Divida-o em
quatro seções:
1.“Brincando com as palavras”, à semelhança de “ABC doido” e de “Lição de biologia”.
2.“Perfil dos poetas”, com a biografia e
fotografia dos três artistas brasileiros.
3.“O melhor de Poemas com Sol e
Sons”, com a seleção de poemas do
livro de acordo com a preferência dos
alunos.
4.“Mais uma leitura”, dedicada à arte
visual, com ilustrações dos alunos associadas ao conteúdo dos textos da
terceira seção.
Outras palavras
Magia de primavera
– Bom dia, Joaninha.
– Bom dia, Caracol.
– Passou o amor pela tua casa?
– Pela minha casa? Não senhor!
– Eu vivo sozinha num cogumelo.
– Eu, sozinho embaixo duma flor.
– Que lindo! Que lindo dia!
– Que lindo com tanto sol!
– Primavera está chegando!
– Primavera? Já chegou!
– Adeus, Joaninha querida.
– Adeus, Caracol, col, col
Heriberto Tejo, Espanha (p. 51)
– Leia para os alunos o poema “Magia de primavera”, de Heriberto Tejo
(p. 51), com pausas, sublinhando o
importante, para que eles possam
curtir cada passagem, cada estrofe,
cada mudança.
– Converse com os alunos sobre:
• suas vivências com animais, insetos,
aves;
• suas relações diretas com elementos
da natureza: o vento, a chuva, o ar, o
sol, a flor (elementos de sentido metaforicamente poético).
– A partir da conversa sobre o tema,
proponha a elaboração de um álbum
com recorte e colagem de gravuras
(fotos) de animais e insetos mais comuns no Brasil.
Novas trilhas: as atividades propostas
a seguir devem ser adaptadas de acordo
com o horizonte de experiências (conhecimentos prévios) dos alunos.
As escolas públicas do Brasil recebem
do MEC/FNDE acervos de livros do PNBE
para a promoção da leitura e, também,
outros materiais, como a revista Ciência
Hoje das Crianças; em geral, as particulares possuem essa publicação na biblioteca. Destinada a jovens leitores, ela traz
diversos assuntos de interesse pedagógico. Toda edição dedica uma seção aos
animais em extinção, intitulada “Galeria
de bichos ameaçados”, por exemplo:
PROCURA-SE!
Nome popular: joão-de-barba-grisalha.
Nome científico: Synallaxis kollari.
Tamanho: 15,5 cm.
Local onde é encontrado: no
Estado de Roraima, extremo norte da
Amazônia.
Hábitat: matas de galeria, ao longo
dos rios Uraricoera e Tacutu, dentro de
savanas amazônicas.
Motivo da busca: animal ameaçado
de extinção.
(Ciência Hoje das Crianças, SBPC, ano 21, n.
191, p. 13-16, jun. 2008.)
–M
ostre aos alunos vários exemplos
dessa seção (ou afixe modelos em
cartaz) nas revistas existentes na escola. Posteriormente, sugira que criem
uma “Galeria de bichos ameaçados”
ou “Galeria de insetos ameaçados”,
à maneira da seção da Ciência Hoje
das Crianças.
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• O que mais chamou a atenção deles?
Do que mais gostaram?
• Como vivem os personagens de Vida
de Inseto?
• A que família pertencem?
• Alimentam-se de quê?
• Quais são seus predadores? Como se
protegem?
– Divida a turma em dois grupos e peça
que confeccionem cartazes sobre a
vida da joaninha e do caracol, inseto
e molusco respectivamente, personagens do poema “Magia de primavera”, de acordo com o modelo:
Vida de Inseto
Nome popular: joaninha
Nome científico/família:
Habitat (onde vive?):
Coloração:
Cadeia alimentar (alimenta-se de
quê?):
Função no ecossistema (que
papel cumpre no meio ambiente/
controle biológico?):
Prepare-se para entrar na vida dos insetos mais divertidos e coloridos que o cinema já viu.
No Filme Vida de Inseto, da Disney / Pixar, Flik é uma pequena formiga com
grandes ideias!
Desta vez sua missão é proteger a colheita da Ilha das Formigas contra o ataque
dos cruéis gafanhotos. E, para defender
sua colônia, o nosso herói contará com a
ajuda de certos guerreiros. Estes, porém,
são na verdade um grupo de insetos circenses meio arruinados... Será que Flik e
seus amigos vão conseguir se livrar dos
seus terríveis inimigos?
© Disney Enterprises, Inc.
– Outra atividade interessante: traga
para a sala de aula o vídeo Vida de
Inseto e proponha uma sessão aos
alunos. Depois de assistirem ao filme, converse com os alunos:
REFERENCIAL TEÓRICO
10
No Dicionário Michaelis, a palavra
leitura (do latim medievo lectura) significa ação ou efeito de ler, mas também
ato de olhar e tomar conhecimento da
indicação de um instrumento de medição
ou de quaisquer sinais que indiquem
medidas ou aos quais se atribui alguma significação. O verbete “leitura“
da Enciclopédia Einaudi assinala que o
termo leitura não remete a um conceito
e sim a um conjunto de práticas que
regem as formas de utilização que a
sociedade, particularmente através da
instituição escolar, faz dele. Leitura é,
pois, conforme acentuam Barthes e
Compagnon nessa enciclopédia, uma
palavra de significado vago, deslizante, que é preciso ocupar “por meio
de sondagens sucessivas e diversas”,
segundo os muitos fios que tecem sua
trama.
Apesar do questionamento ao conceito fechado de leitura, vale refletir um
pouco sobre a etimologia da palavra
ler, do latim legere, que pode nos ajudar a compreender um pouco melhor
essa prática. Numa primeira instância
ler significava contar, enumerar letras;
numa segunda, significava colher, e,
por último, roubar. Observe-se que em
sua raiz a palavra já traduz pelo menos
três maneiras, não excludentes, de se
fazer leitura. Na primeira, soletramos,
repetimos fonemas, agrupando-os em
sílabas, palavras e frases. É o primeiro
ato da leitura, o primeiro estágio,
correspondente à alfabetização. Já
no segundo momento, o verbo colher implica a ideia de algo pronto,
correspondendo a uma tradicional interpretação de texto, em que se busca
um sentido predeterminado. Ao leitor
caberia apenas descobrir que sentido o
autor quis dar a seu texto. Ele colheria
o sentido como se colhe uma laranja
no pé. Nesse tipo de leitura é que se
busca sobretudo a mensagem do texto, seu tema. Aparentemente, o leitor
não teria poder algum, a não ser o de
traduzir o sentido que estaria pronto
no texto. Entretanto, o texto não se
apresenta ao leitor senão como uma
proposta de produção de sentido, que
pode ou não ser aceita. Trata-se de um
pacto de leitura que constitui o que
denominamos interação leitor/texto.
Há ainda uma terceira instância,
correspondente ao verbo roubar, que
traz uma ideia de subversão, de clandestinidade. Não se rouba algo com
conhecimento e autorização do proprietário, logo essa leitura do texto
vai se construir à revelia do autor, ou
melhor, vai acrescentar ao texto outros
sentidos, a partir de sinais que nele
estão presentes, mesmo que o autor
não tivesse consciência disso. Nesse
tipo de leitura, o leitor tem mais poder
e vai, como diz Umberto Eco, construir
suas próprias trilhas no texto/bosque.
Considerando a ideia de leitura como
transgressão, De Certeau também compara o leitor a um viajante:
Bem longe de serem escritores, fundadores de um lugar próprio, herdeiros
dos lavradores de antanho – mas, sobre
o solo da linguagem, cavadores de poços e construtores de casa –, os leitores
são viajantes; eles circulam sobre terras
de outrem, caçam, furtivamente, como
nômades através de campos que não
escreveram, arrebatam os bens do Egito
para com eles se regalar.
Como se vê, embora não tenha um
sentido fixo, a palavra carrega significações que nos levam a encarar “sondagens sucessivas e diversas”.
(Paulino, Graça e outros. Tipos de Textos,
Modos de Leitura. Belo Horizonte: Formato,
2001, p. 11-13.)
Referências bibliográficas
Abramovich, Fanny. Literatura Infantil
– Gostosuras e bobices. São Paulo:
Scipione, 1989.
Carvalho, Maria Angélica Freire de;
Mendonça, Rosa Helena (Orgs.). Práticas de Leitura e Escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil; Instituto C&A. Nos Caminhos
da Literatura. São Paulo: Peirópolis,
2008.
Santaella, Lúcia; Noth, Winfried. Imagem – Cognição, semiótica, mídia. São
Paulo: Iluminuras, 1998.
Tatit, Paulo; Peres, Sandra. Canções
Curiosas. Coleção Palavra Cantada.
São Paulo, 1998.
11
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