TV COMUNITÁRIA E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: UMA RELAÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DE COMPORTAMENTOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS Hércules Silva Moreira (UMC) * Moacir Wuo (PUC/UMC) ** Entender o comportamento da audiência sempre foi um dos principais desafios de uma emissora ou canal de televisão. Mesmo as grandes emissoras de TV ainda encontram dificuldade para entender o que o telespectador quer ver em sua grade de programação, afinal a TV é um veículo que vem disputando espaço com outras mídias; por isso, sua renovação é fundamental, mas para isso é necessário entendê-la. O ponto de partida é a análise da linguagem audiovisual e sua interação com a audiência, a partir do caso mogiano com a Nova TV Comunitária. Também não podemos falar em comportamento e audiência sem antes mencionar a Psicologia, afinal é a ciência que estuda o comportamento do ser humano. Mas, quando falamos em Psicologia, sabemos que ela abrange uma série de ramificações e, a partir daí, temos a Psicologia Social como base para entender o comportamento da audiência de TV. Moscovici (2000) afirma que a teoria das representações sociais específicas, como cognições coletivas são produzidas e transformadas por meio da comunicação. Nessa perspectiva, toda a interação humana pressupõe cognição-coletiva, ou seja, representações sociais. A partir disso, entender a relação entre TV Comunitária e representações sociais passa a ser fundamental uma vez que, elas são resultantes da interação social, pelo que são comuns a um determinado grupo de indivíduos. * Professor do curso de Comunicação Social da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC-SP); Mestrando em Políticas Públicas na linha de pesquisa Políticas Culturais: Diversidade e Cidadania (UMC-SP); MBA em Comunicação e Marketing (UNICSUL-SP); Pós-graduado em Comunicação Televisiva (UNIBAN-SP); Graduado em Jornalismo (UNICSUL-SP). E-mail: [email protected] ** Doutor em Psicologia (PUC); Professor titular do Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). E-mail: [email protected] 1 Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2179-9636, Ano 4, número 15, agosto de 2014. www.faceq.edu.br/regs Sabemos que a comunicação comunitária acontece por meio de ferramentas midiáticas, voltadas para a comunidade. Ela surgiu através da necessidade de democratizar a informação, ampliando assim o debate entre comunicação, educação e comunidade. É de conhecimento, também, a importância que a mídia tem na sociedade e o impacto que ela causa nas pessoas. Dessa forma, podemos afirmar que a mídia é uma grande responsável na construção de representações sociais dos indivíduos. Segundo Moscovici (2000) os indivíduos são confrontados com uma grande variedade de conhecimentos especializados em parte dos grupos a que pertencem. Cada indivíduo deve fazer a sua seleção em um mercado aberto de representações. Avaliando o comportamento da audiência por meio de pesquisa prévia já iniciada com telespectadores da Nova TV Comunitária de Mogi das Cruzes, percebe-se que as pessoas são influenciadas a ponto de mudarem suas preferências e comportamentos. Durante entrevista, notamos que alguns políticos, de tanto aparecerem nos programas do canal comunitário, tornaram-se populares entre as pessoas, independentemente de partido. A partir de suas opiniões, preferências etc., a audiência acaba por “eleger” como sendo uma pessoa culta e que está preocupada com a comunidade. Surgem aí, as primeiras representações sociais dos políticos que participam assiduamente da programação da Nova TV Comunitária de Mogi das Cruzes (lembrando que isso é possível graças ao poder que a mídia, no caso a TV, tem na vida dessas pessoas). Antes de finalizar é essencial compreender de que forma ocorrem as representações sociais; afinal, de acordo com Moscovici (2000) a mídia exerce a função de mediadora entre o universo reificado e o universo consensual e, como tal, possibilita que as teorias sejam socializadas, transportadas para o senso comum. Entretanto, isso não se constitui em mera transmissão de informações, mas em uma forma de ressignificação, em que a mensagem vai sendo alterada e recebendo sentidos novos, a partir de normas e valores coletivos, dando margem ao surgimento de uma outra teoria – a representação social – que servirá de guia para as práticas humanas. 2 Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2179-9636, Ano 4, número 15, agosto de 2014. www.faceq.edu.br/regs REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDI Agência de Notícias dos Direitos da Infância. Mídia e Políticas Públicas de Comunicação. Disponível em: <http://www.andi.org.br/sites/default/files/midia%20e%20ppcom_ppc.pdf>. Acesso em 15 de junho de 2013. MOSCOVICI, S. Social Representations. Explorations in Social Psychology. Cambridge, UK: Polity Press, 2000 HÖIJER, Birgitta. Social Representations Theory - A New Theory for Media Research. Nordicom Review 32 (2011) 2, pp. 3-16. VALA, J.; MONTEIRO, M. B. Psicologia Social. Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. 3 Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2179-9636, Ano 4, número 15, agosto de 2014. www.faceq.edu.br/regs