CONCEITUANDO CORRENTE E A RESISTÊNCIA ELÉTRICA POR MEIO DE SENSAÇÕES UTILIZANDO MATERIAIS DO DIA-A-DIA: UM EXPERIMENTO PARA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO. a Wagner Morrone*[[email protected]] Cláudia de Oliveira Lozada [[email protected]] c Luiz Henrique Amaral [[email protected]] d Mauro Sérgio Teixeira de Araújo [[email protected]] b a,b,c,d Universidade Cruzeiro do Sul – SP Resumo A maioria dos professores que atua com o ensino de Física freqüentemente aponta as deficiências de aprendizagem dos alunos, considerando a Física uma disciplina difícil de ser trabalhada, em um ambiente em que o docente necessita cada vez mais motivar e estimular os jovens adolescentes que integram o ensino médio ou superior. Esses professores argumentam como causa do baixo rendimento dos estudantes a insuficiência de materiais didáticos, de laboratórios equipados, principalmente nas escolas públicas de Ensino Médio, apontando ainda como outros fatores a falta de motivação e dedicação por parte dos aprendizes. Este cenário sugere a necessidade de ruptura com os atuais paradigmas educacionais, visando uma didática alternativa transformadora e que transponha a prática tradicional do educar, buscando assim criar um ambiente capaz de estimular a reflexão e motivar a participação interativa, que desperte o interesse dos alunos, que aguce suas curiosidades, que fortaleça o lúdico e o artístico, de modo a realçar os significados dos conteúdos abordados, orientando a construção do conhecimento implícito das Ciências. Dessa forma, neste trabalho é apresentada uma atividade experimental de Física, dirigida aos alunos da 3ª série do Ensino Médio, possibilitando aos mesmos que construíssem o conhecimento acerca de conceitos iniciais em Eletrodinâmica, tendo por base a realização de atividades que enfocam a analogia entre os fenômenos abordados e os sentidos e as sensações humanas. A atividade proposta permitiu transpor a simples aplicação de equações matemáticas para a resolução de uma situação problematizada ao facilitar a construção dos modelos matemáticos, contribuindo para a criação de conceitos, a análise e a aplicação de seus resultados. Palavras-chave: Ensino de Física, Física experimental, Aprendizagem Significativa, Analogia 1. Introdução A experimentação é considerada uma importante ferramenta de ensino, sendo defendida por diferentes pesquisadores que argumentam acerca de sua relevância tanto para o Ensino de Física quanto para propostas de formação de professores (Araújo, 2003; Castro, 1992; Heineck, 1999; Moraes, 2000; Ostermann, 2001). Além desses autores, Freitas e Furtado (2005: 1) destacam que: “A Física é uma ciência experimental e, como tal, deve estar apoiada em práticas experimentais, pois não existe ciência sem que se pratique ciência. Sendo assim, não se pode aceitar o seu ensino sem a “experimentação”, sem a pesquisa”. Também defendendo a experimentação, Carvalho e Gil-Peréz ressaltam que (apud Tomazello e Gurgel, 2000: 15-16): “É necessário ao professor saber que os alunos aprendem significativamente, e que isso exige que ele aproxime as atividades de aprendizagem das Ciências (introdução de conceitos, práticas de laboratório, resolução de problemas e outros) às características do trabalho científico. Os alunos necessitam compreender que os conhecimentos são respostas a questões, o que implica planejar a aprendizagem a partir de situações-problema de interesse dos alunos. É importante que o professor defina suas atividades coletivamente e integrada com outros docentes, imprimindo nas ações pedagógicas um caráter investigativo-criativo, de busca de solução de problemas”. Por sua vez, analisando a percepção dos professores, Maciel e Krause (1987) afirmam haver concordância entre os mesmos de que as experiências são fundamentais no processo de aprendizagem e que muitos conseguem conjugar a teoria da Física com a experimentalidade dos fenômenos físicos, resultando uma aprendizagem de permanente significado nos seus alunos, ainda que a maioria dos docentes encontre dificuldades em transpor as aulas teóricas para atividades experimentais. Neste contexto, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1999: 12) estabelece que dentre as competências e habilidades a serem desenvolvidas o aluno deve interpretar e criticar resultados a partir de experimentos e demonstrações, sugerindo assim a experimentação como uma das metodologias a serem utilizadas em Física. Entretanto, em que pese à valorização dada às atividades práticas, Violin (s.d.) relata que a maior dificuldade dos professores recém formados está no fato de não acreditarem ser possível programar atividades experimentais em sala de aula comum, com materiais de simples aquisição, uma vez que sempre trabalharam com materiais sofisticados em salas especiais. Além disso, destaca-se que os professores que não possuem formação específica provavelmente nunca vivenciaram uma atividade experimental, de modo que não basta sugerir ao professor que realize atividades experimentais, sendo necessário formá- lo sobre como fazê- lo. Neste sentido, este trabalho visa proporcionar aos professores de Física um exemplo de uso de materiais didáticos em uma atividade demonstrativa experimental, classificada segundo Araújo e Abib (2003) como de observação aberta, que permite o aprofundamento dos conceitos envolvidos além de discussões sobre a condução e a resistência elétrica empregando-se uma analogia entre os sentidos e as sensações humanas. Para tanto, utiliza-se material do cotidiano, acessível e de baixo custo, tais como canudos de plástico e copos descartáveis com água, sendo possível tornar o ambiente ainda mais agradável utilizando-se pequenas embalagens com refrigerantes e afins. Dessa maneira, o experimento tem por objetivo a análise das cargas elétricas em movimento e de seus efeitos ao atravessarem os condutores, permitindo a realização de uma aula dinâmica e envolvente e que pode ser desenvolvida em qualquer espaço. A sua aplicação pode permitir o desenvolvimento de modelos mentais pelos alunos alem da construção de modelos matemáticos, sendo altamente significativa para quem já conhece quanto para aqueles que não dominam os tópicos abordados, facilitando a aprendizagem (Ausubel, 1980). 2. Experimento para conceituação da corrente e da resistência elétrica em condutores baseado em sensações O experimento desenvolvido neste trabalho foi realizado em quatro salas de aula em agosto de 2006, envolvendo 115 alunos pertencentes a uma escola particular de São Paulo. A atividade foi gravada, filmada e fotografada, e teve como objetivo abordar alguns tópicos que compõem o conteúdo programado de Física Clássica na área de Eletrodinâmica, visando o estudo das cargas elétricas em movimento e seus efeitos ao atravessarem os condutores elétricos, sendo utilizados três canudos finos de refrigerante, três canudos de bitola grossa e um copo descartável com água, que pode ser substituído por embalagens com sucos e refrigerantes. As etapas experimentais constituem-se primeiramente em conceituar o deslocamento de elétrons livres em um meio condutor, fluxo este, deno minado de corrente elétrica. Para isso, supõe-se que o copo com água ou as embalagens com sucos refrigerantes e afins, seja um reservatório de energia elétrica (uma bateria, uma pilha ou uma fonte de alimentação) e o canudo plástico o meio condutor. Os 115 alunos participantes foram orientados a simular o papel do gerador, sugando o liquido com o canudo fino, vivenciando assim uma situação análoga ao do campo elétrico que movimentam os elétrons livres pelo meio condutor, deslocamento de cargas que constitui a corrente elétrica. Emendando dois canudos de mesma bitola, acoplando um dentro do outro, proporcionou-se aos discentes a percepção do aumento da dificuldade da passagem do liquido em relação à primeira situação, fato idêntico quando é aumentado o comprimento do meio condutor. Ampliando-se o acoplamento para três canudos finos, a percepção da resistência se evidencia. Nesta fase experimental o professor que conduzia e orientava as atividades, primeiro autor deste trabalho, já estava de posse de argumentos para iniciar a conceituação junto aos alunos da passagem das cargas elétrica pelo condutor, bem como o sentido da corrente e uma idéia acerca da resistência elétrica. Ao repetir as etapas do experimento, agora utilizando os canudos de maior bitola, os mesmos resultados foram obtidos com a percepção de maior facilidade de passagem da água pelos sistemas hidráulicos constituídos, analogamente ao que se verifica na passagem das cargas que constitui a corrente elétrica. Uma vez que a facilidade de passagem do liquido foi percebida por meio da sensação de maior intensidade de seu fluxo, conseqüência de maior diâmetro do tubo, trabalhou-se discursivamente com os alunos para que esses desenvolvessem o conceito da passagem das cargas elétricas efetuando uma relação com a quantidade do liquido que passa pela tubulação e que atravessa a secção do condutor em relação ao tempo de passagem, permitindo assim conceituar a intensidade da corrente (i), obtendo-se subsídios para levar os alunos à construção de um modelo matemático cuja representação do fenômeno segue a equação: i = ∆Q ∆t Nesta expressão, i é a intensidade da corrente elétrica,¦ ∆Q¦ é a quantidade de carga, correspondente ao produto ¦ n.e¦ , ou seja, número de elétrons pelo valor da carga elementar 1,602.10 –19 C e ? t é o tempo em que o fenômeno ocorre, conceitos já estabelecidos anteriormente no estudo da Eletrostática. A segunda etapa deste experimento buscou salientar a percepção da dificuldade da passagem do liquido comparando-se a utilização de um canudo fino com outro de bitola maior, dois canudos de bitola fina em relação a dois grossos e, por fim, quando o canal condutor era formado por três canudos de cada espessura, atividade esta que permitiu aos estudantes associarem a proporcionalidade de maior ou menor resistência de passagem do liquido em relação ao fluxo do líquido pelos condutores, conceituando as situações inversas, ou seja, quanto maior a resistência, menor a intensidade de líquido fluindo e vice- versa. Desta forma procurou-se salientar que fato semelhante ocorre para a corrente elétrica, sendo a associação feita em termos da percepção individual dos estudantes envolvidos, possibilitando que eles desenvolvam o significado de resistência elétrica como medida da dificuldade que as cargas elétricas encontram para atravessar um determinado condutor, além de fortalecer os conhecimentos de intensidade já experimentado na primeira etapa da atividade, levando-os a concluírem e a construírem um segundo modelo matemático cuja representação segue a equação: V = R ⋅i Nesta expressão V é a diferença de potencial ou tensão elétrica, R é a resistência elétrica e i é a intensidade da corrente elétrica, conceituando desta forma a 1ª Lei de OHM. Desse modo, também foi possível constatar pela percepção narrada pelos alunos que cada bitola de canudo apresenta uma resistência diferente, de modo que o menor diâmetro corresponde à maior resistência à passagem do líquido. Portanto, os canudos apresentam uma resistência própria, característica do seu diâmetro e comprimento, da mesma forma que os condutores elétricos homogêneos de secção transversal constante, nos quais a resistência elétrica é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente a área de sua secção transversal, dependendo ainda do material de que é feito. Representando matematicamente R para a resistência elétrica, ? para a resistividade elétrica do meio condutor, L para o comprimento do condutor e A para a área da secção reta, foi elaborado junto aos alunos o modelo matemático: R= ρL A Desta forma, os alunos participantes das atividades experimentais puderam construir o modelo matemático relacionado com a 2ª Lei de OHM. A terceira etapa experimental repete alguns procedimentos da primeira, porém tendo por objetivo permitir que os estudantes percebam o efeito da soma das resistências quando associadas em série. Nesta etapa os alunos foram estimulados a darem maior atenção as suas percepções e aos conhecimentos adquiridos nas etapas anteriores, sendo orientados a sugarem o líquido com um canudo fino, vivenciando uma situação análoga à passagem das cargas que constituem a corrente elétrica por uma resistência elétrica. Posteriormente, emendando dois canudos de mesma bitola e acoplando um dentro do outro, proporcionou-se aos discentes a percepção da dificuldade da passagem do liquido em relação à primeira situação, fato idêntico ao da intensidade de corrente elétrica quando é aumentado o numero de resistências em uma associação em série. Ampliando-se o acoplamento para três canudos finos, a percepção da soma das resistências foi evidenciada. Ao repetir as etapas do experimento, agora utilizando os canudos de maior bitola, os mesmos resultados foram obtidos, criando-se condições para que os alunos tivessem a percepção de maior facilidade de passagem do liquido comparado com a situação semelhante aos canudos finos, assim como a percepção de maior dificuldade quando o sistema hidráulico for aumentado pelo acoplamento de um numero maior de canudos, analogamente ao que se verifica na corrente elétrica. Desse modo, a análise das percepções discutidas em sala de aula permite que os estudantes compreendam o efeito da soma de resistências de menor valor. Esta etapa experimental permitiu a obtenção de subsídios para levar os alunos à construção de um novo modelo matemático para a soma de resistores associados em série, cuja representação segue a equação: R eq = R1 + R 2 + . . . + R n A quarta e ultima etapa experimental teve como objetivo permitir a percepção do valor da resistência equivalente em uma associação de duas ou mais resistências quando associadas em paralelo. Neste sentido, os participantes foram orientados a sugar o liquido com um canudo fino, a seguir com dois canudos, lado a lado, e novamente com três e quatro canudos também dispostos lado a lado. Como complemento, sugere-se que essa atividade seja repetida utilizando canudos de maior bitola, podendo ser utilizados ainda canudos finos e grossos misturados. Analisando as percepções dos alunos verificou-se que houve unanimidade em afirmar que em qualquer das etapas a intensidade da passagem do liquido foi mais intensa que nas situações anteriores, pois houve diminuição da resistência, situação que é análoga à passagem das cargas elétrica quando da associação em paralelo de resistores de valores idênticos ou diferentes. Diferentemente das anteriores, esta etapa experimental não permite aos aprendizes a construção dos modelos matemáticos utilizados para atender o formalismo necessário para o cálculo da resistência equivalente, mas possibilita trabalhar através das percepções das sensações os conhecimentos prévios adquiridos nas etapas anteriores, facilitando o entendimento do resultado da situação problematizada, que pode ser resolvida formalmente pela aplicação do modelo matemático que segue: 1 1 1 1 = + + ... + REq R1 R2 Rn Para uma associação com duas resistências em paralelo pode-se escrever: Req = R1 × R2 R1 + R2 3. Análise dos resultados obtidos O experimento foi desenvolvido em quatro aulas, sendo uma aula para cada atividade prática, tendo sido aplicado a 115 alunos de quatro salas do 3º ano do Ensino Médio de uma escola particular de São Paulo, em agosto de 2006 com o objetivo de atender o conteúdo programado para o bimestre, ou seja, conceituar um tópico da Física Clássica na área da Eletrodinâmica. A etapa inicial foi caracterizada pelo diagnostico dos conhecimentos prévios dos alunos, enquanto na etapa seguinte da investigação foram realizadas avaliações para medir o grau dos conhecimentos adquiridos após a aplicação das fases experimentais. Através de um questionário com perguntas abertas e fechadas, procurou-se identificar os conhecimentos prévios referente ao assunto abordado, e o número de alunos que fazem o curso pré-vestibular concomitantemente com a ultima série do Ensino Médio, e desses quantos já haviam estudado Eletrodinâmica. Os estudantes foram orientados a informarem com a frase “não sei” as questões cuja resposta estava fora da sua área de conhecimento, uma vez que o conteúdo não havia sido ministrado. 3.1. Levantamento de conceitos prévios O conjunto de questões que compunha o instrumento utilizado para levantamento dos conceitos prévios dos alunos é reproduzido a baixo: Freqüenta algum curso pré-vestibular? ( ) Sim ( ) Não. Se sim, quando iniciou? Já estudou os circuitos elétricos? Que aspectos foram estudados? Se não, quando pretende fazê- lo? 1 - O que é Eletrodinâmica? 2 - O que é um meio condutor? 3 - Como a corrente elétrica se movimenta? 4 - O que é resistência elétrica? 5 - O que significa intensidade de corrente elétrica? 6 - O que significa a representação: 7 - O que significa a representação: A partir das respostas dos 115 alunos constatou-se que: • 51,30 % - 59 alunos informaram que pretendem iniciar o curso pré-vestibular neste 2ºsemestre, • 10,43 % - 12 alunos iniciaram os estudos em julho 2006, e somente 2 tiveram contato com conteúdos de Eletrodinâmica. No que se refere às demais questão, foram obtidas respostas que permitiram elaborar o quadro abaixo com os percentuais de alunos que responderam corretamente às questões. Constata-se que o nível de acerto na maioria das questões é bastante pequeno, uma vez que apenas a questão 2 apresentou um percentual de acerto próximo de 46 %, indicando que a maioria dos estudantes não possuía conhecimentos prévios expressivos com relação aos conceitos que lhes foram perguntados. Conhecimentos Prévios 115 Alunos pesquisados 46,1% 53 50 % 40 30 10% 12 20 1,7% 2 10 2,6% 3 1,7% 2 3 4 Questões nº 1,7% 2 3,5% 4 0 1 2 5 6 7 3.2. Levantamento de dados para verificação de aprendizagem conceitual Na segunda etapa da investigação, após a construção do conhecimento individual de cada aluno em cada fase do desenvolvimento experimental, foi aplicada uma avaliação composta de perguntas dissertativas e exercícios para o cálculo da resistência equivalente em um circuito em série e outro em paralelo, procurando identificar quão significativo foi à aprendizagem. Apresentamos nos quadros abaixo as respostas às questões aplicadas inicialmente que apresenta o número de alunos que acertaram cada uma das questões propostas, bem como os percentuais correspondentes. Nº Alunos X Acertos após a atividade experimental 115 Alunos Pesquisados 100,0 % 80,0 60,0 62,6% 72 68,7% 79 80% 92 83,5% 96 98,3% 113 99,1% 114 73,9% 85 40,0 20,0 0,0 1 2 3 4 Questões nº 5 6 7 Comparando os percentuais de respostas certas obtidas antes do desenvolvimento das atividades experimentais e que configuram os conhecimentos prévios dos alunos com os valores obtidos após a realização destas atividades, constata-se uma ampliação no nível de conhecimento altamente significativa, conforme se verifica na tabela abaixo. RESULTADOS % PARA 115 ALUNOS PESQUISADOS 1 Questões 2 1,7 46,1 Conhecimentos Prévios (% de acerto) Conhecimento após as atividades (% de acerto) 3 2,6 4 5 1,7 10,4 6 7 1,7 3,5 62,6 68,7 80,0 83,5 73,9 98,3 99,1 Como forma de obter outros indícios de que houve de fato aprendizagem dos conceitos abordados, foram propostas outras seis questões, reproduzidas abaixo, realizadas na segunda fase desta investigação. 8 - Que modelo matemático podemos construir para representar a 1ª Lei de OHM? 9 - Explique e justifique a sua equação para a 1ª Lei de Ohm. 10 - Que modelo matemático podemos construir para representar a 2ª Lei de OHM? 11 - Explique e justifique a sua equação para a 2ª Lei de Ohm. 12 – Complete, com valores de sua preferência e calcule a resistência equivalente da associação em série, apresente e explique o seu formalismo. ____Ω ____Ω ____Ω 13 – Complete, com valores de sua preferência e calcule a resistência equivalente da associação mista, apresente e explique o seu formalismo. R2 = ___Ω R1= 4 Ω R3 = ___Ω A análise das respostas dos estudantes possibilitou a elaboração do quadro abaixo, que mostra claramente um elevado nível de acerto das questões propostas, permitindo concluir que os aprendizes foram alem dos objetivos iniciais traçados. Porcentagem de Acertos para Questões de 8 à 9 115 Alunos Pesquisados 100,0 % 98,0 96,0 94,8% 72 94,8% 79 8 9 95,7% 96 94,0 98,3% 113 98,3% 113 12 13 93,9% 85 92,0 90,0 10 11 Questões nº Cabe destacar que a escola pesquisada aplica bimestralmente uma avaliação própria sobre o conteúdo programado, composta por 10 questões do tipo teste, elaborada por profissionais contratados por disciplina e supervisionados pela administração escolar. Esta avaliação é aplicada para todas as classes e séries, tendo por norma abordar questões semelhantes às encontradas nos vestibulares públicos realizados nos últimos dois anos. Uma vez que o tópico do bimestre foi Eletrodinâmica, os 115 alunos das quatro salas foram avaliados pelo sistema de avaliação da escola, sendo orientados a apresentarem o formalismo para justificar suas respostas, sendo obtidas as porcentagens de acerto conforme o mostra o gráfico abaixo. Porcentagem de alunos por intervalo de notas 115 Alunos Pesquisados 50,0 35,7% 41 % 40,0 30,0 22,6% 26 21,7% 25 20,0 10,0 0,0 % de acerto 100% 1 Nota 10 90% 2 9 80% 83 11,3% 13 70% 47 7% 8 1,7% 2 60% 65 50% 56 Nota no Intervalo - (%) Esses resultados obtidos na avaliação formulada pela própria escola e baseado em questões de vestibulares públicos constituem elementos complementares que permitem verificar a eficiência do método utilizado neste trabalho, uma vez que: a) 98,3 % dos alunos obtiveram nesta avaliação notas suficientes para a sua aprovação no bimestre, ou seja, superiores a 5,0. b) 58,3 % dos alunos apresentaram rendimento de no mínimo 90 % de acerto nas questões. 4. Considerações finais. Na investigação aqui apresentada procurou-se desenvolver um experimento significativo, dinâmico, versátil e permite várias abordagens sobre o tema Eletrodinâmica, empregando material de baixíssimo custo e fácil acesso, entendendo que suas variações e desmembramentos pode auxiliar a aprendizagem em Física, promovendo nos estudantes interesse e participação no seu desenvolvimento. Esta proposta de atividade já fora aplicada em uma oficina para capacitação de 18 professores que possuíam atribuição de aulas de Física na rede pública estadual da cidade de São Paulo, que relataram inicialmente não conhecer essa atividade. Ao final da oficina, quando solicitado que colocassem espontaneamente em uma folha de papel as suas impressões, fomos gratificados com a constatação do elevado grau de satisfação dos professores por terem participado de um experimento que realmente poderiam realizar em suas salas de aulas, sendo sugeridos outros encontros semelhantes. Neste trabalho o objetivo foi realizar o experimento em uma escola da rede particular da cidade de São Paulo, envolvendo 115 alunos pertencentes a quatro salas de aula, visando atender o conteúdo programado para o terceiro bimestre 2006 de modo que os estudantes pudessem construir o conhecimento acerca de conceitos iniciais em Eletrodinâmica. Esta proposta de ensino corrobora com a necessidade de mudanças nos paradigmas educacionais, pois visa transpor praticas tradicionais ao criar um ambiente que tende a estimular a reflexão e motivar a participação dos alunos, despertando seu interesse. Assim, além de aguçar sua curiosidade, contribui para mudar o comportamento e atitudes dos aprendizes em sala de aula e principalmente orientar a construção do conhecimento. A analogia entre os tópicos abordados e os sentidos e as sensações humanas oportunizada pela realização do experimento proposto proporcionou a possibilidade da construção do conhecimento pelos próprios alunos, tendo sido utilizado um procedimento que permitiu transpor a aplicação de uma equação matemática para a resolução de uma situação problematizada, facilitando a construção dos modelos matemáticos relacionados aos conceitos abordados. A aprendizagem conceitual demonstrada pelos resultados observados tanto no questionário de pós-teste aplicado nesta investigação quanto na avaliação interna da escola indica que os alunos ampliaram significativamente seu nível de compreensão acerca dos conceitos trabalhados em sala, empregando sentido a estes conceitos e permitindo a aplicação na solução das questões apresentadas, bem como na análise dos resultados obtidos, de modo que os objetivos centrais deste trabalho puderam ser alcançados. 5. Referências Bibliográficas : ARAÚJO, M. S. 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