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PLANTAS UTILIZADAS EM FITOMAGIA NA CIDADE DE LIMOEIRO1
Raquel Ribeiro de Souza2; Ivan Coelho Dantas; Luciana Costa Sobrinha3; Thiago Pereira Chaves4
RESUMO: As religiões afro-brasileiras como o Candomblé e a Umbanda têm como uma das
formas de curandeirismo o uso da fitomagia, na qual é retirada das plantas uma espécie de “força”
que provoca a cura de malefícios e protege os usuários sejam filhos de fé ou procuradores de defesa
espiritual. Essa pesquisa objetivou catalogar as plantas utilizadas na fitomagia na cidade de
Limoeiro. O método utilizado foi exploratório, em pesquisa qualitativa e quantitativa realizada in
loco nos oito terreiros de Umbanda e Candomblé regularmente cadastrados na Federação
Pernambucana. Constatou-se que mesmo sendo considerados pais e mães de santo se dizem na
maioria pertencente a religião católica. Informaram que estão sob a orientação de oito guias
espirituais e relacionaram 29 plantas que servem de auxilio nas obrigações espirituais e 15 para cura
de enfermidades. Conclui-se que precisa de estudo mais aprofundado para maior conhecimento da
fitomagia entre os adeptos da Umbanda e Candomblé.
Unitermos: afro-brasileira, umbanda, candomblé.
PLANTS USED IN RITUAL IN THE CITY OF LIMOEIRO
SUMMARY: The Afro-Brazilian religions such asCandomblé and Umbanda use ritual with plants
as a form of shamanism, in whichthey extract a kind of "force" from the plants that cures harm
andprotects the users which has faith or looks for spiritual defense. This studyaimed to describe the
plants used on this kind of ritual in the city of Limoeiro.The method used was exploratory,
qualitative and quantitative researchconducted in loco in eight Umbanda and Candomblé places
regularlyregistered in Pernambuco Federation. It was found that even they beingconsidered experts
in this kind of ritual most of them say they are catholic.They reported to be under the guidance of
eight spiritual guides and related 29plants that serve as aid in the spiritual obligations and 15 for the
cure ofdiseases. We conclude that it’s necessary further study to better understandingthis kind of
rituals using plants in Umbanda and Candomblé.
Uniterms: african-Brazilian Umbanda, Candomblé
INTRODUÇÃO:
Através dos tempos, o Homem, em sua busca pelos caminhos da Magia, usa as folhas, as ervas e
as raízes como meio de obter a cura de enfermidades (Farelli, 1994).
É conhecida a importância dos vegetais nos rituais afro-brasileiros, tanto o valor simbólico das
ervas no contexto geral das religiões de influência africana, como também o efeito que as mesmas
causam àqueles que delas se utilizam individual ou coletivamente (...) (Gomes, 2006)
Manter símbolos desse passado em seus rituais é manter o contato histórico com um passado
que não pode deixar de existir, pois, se assim o for, perderá também o ritual, o continuo religioso a
sua função social e mística.
1
Trabalho apresentado para obtenção do grau de Licenciatura em Biologia da primeira autora. 1 Trabalho apresentado
para obtenção do grau de Licenciatura em Biologia da primeira autora. 2Biologa;; 3Prof.. Farmacêutico, Departamento
de Biologia, CCBS/UEPB, Campina Grande, PB, Brasil , [email protected]; 3 Graduada em Letras com habilitação
em língua inglesa pela Universidade Federal de Campina Grande e Graduada em Licenciatura e Bacharelado em
Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba, E-mail: [email protected]; 4Biólogo,
mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental UEPB: [email protected]
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Um caboclo se remete à mata, à floresta, aos banhos de ervas, à linguagem indígena, e a uma
série de símbolos que o identifique com a cultura indígena brasileira. Para que possamos entender o
desempenho dos vegetais dentro desses ambientes religiosos, devemos nos ater àquilo que
chamamos de espiritualidade.
A espiritualidade, todavia, tem uma relação com a religiosidade, visto que esta permite ao
homem disciplinar suas ideias sobre o intangível universo de seus pensamentos voltados ao
sagrado, obedecendo a doutrinas e regras. E são essas doutrinas e regras que dão sustentação aos
sistemas de crença que congregam adeptos para, unidos pelos mesmos anseios e princípios,
desempenharem um papel social além da participação restrita, no ambiente religioso (Camargo,
2006).
Diante destes dois conceitos, poderemos discutir o porquê da presença das plantas nas mais
diferentes situações ritualísticas dos sistemas de crença de origem e influência africana no Brasil. É
neste ambiente religioso, que a espiritualidade e a religiosidade, somadas aos poderes da
mediunidade que permitem aos seres humanos a comunicação com o sobrenatural. E é nesta
comunicação, em contato com as entidades invocadas, que adeptos espíritas vão buscar as soluções
para os problemas que os afligem (Camargo, 2006).
A presença das plantas nos rituais religiosos de origem e influência africana é primordial,
visto que as religiões (Umbanda, candomblé), tais como conhecemos hoje, não poderiam existir
sem elas. As folhas estão presentes nos banhos, nas bebidas rituais, nas comidas votivas, nos
remédios, nas cremações em incensórios, cachimbos, cigarros e charutos, nos ritos de iniciação,
assim como em oferendas.
São muitas as espécies botânicas envolvidas por estes sistemas de crença, que nos levam a
um questionamento sobre o porquê da escolha de cada uma delas e qual sua relação com os papéis
que desempenham dentro dos rituais (Camargo, 2005).
Essa pesquisa teve como objetivo Catalogar as plantas utilizadas na fitomagia na cidade de
Limoeiro - PE. relacionar as plantas e suas atividades na fitomagia; determinar as plantas
catalogadas em nome popular, linguagem afro – brasileira, família e espécie; verificar o uso místico
e terapêutico das plantas utilizadas e identificar as entidades espirituais, linha de ação e as plantas
citadas em cada ritual.
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi realizada em 20(vinte) terreiros de Umbanda e Candomblé junto a 2 (dois)
pais e 18(dezoito) mães–de–santo no período de 27 de maio a 30 de junho de 2009, nos seus
respectivos terreiros que funcionam ativamente no agreste de Pernambuco, na cidade de Limoeiro.
O estudo foi exploratório, a pesquisa realizada in loco nos terreiros de Umbanda e
Candomblé sendo todos regularmente cadastrados na Federação Pernambucana. Sendo por sua vez
qualitativa e quantitativa a medida que foi organizado um questionário visando a situação sócio –
econômica dos entrevistados.
Localização e Caracterização da Área Pesquisada
A cidade de Limoeiro localiza-se a uma latitude 07º52'29" sul e a uma longitude 35º27'01"
oeste, estando a uma altitude de 138 metros acima do nível do mar. Sua religião varia entre católica,
evangélica, espírita kardecista e umbandista. Crescente também a presença das Testemunhas de
Jeová, tendo na cidade varias congregações, as quais se reúnem nos chamados Salão do Reino,
alguns deles recém inaugurados (Wikipédia, 2009).
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Fonte: Mapas do Brasil
Amostra
Foi escolhida através de indicação por parte dos Pais e Mãe-de-santo a Comunidade afro –
brasileira da cidade de Limoeiro/PE que fica no agreste setentrional. Parte do material vegetal foi
utilizada para confecção de exsicata que foi depositada no Herbário da ACAM/UEPB .
Instrumento de Coleta de Dados
Foi permitido o registro de fotos assim como a visualização de cultos nos referidos terreiros.
Foi utilizado um questionário sócio – econômico (Anexo I), respondido pelos pais e mães de
santo. E outro questionário (Anexo II) sobre as plantas utilizadas nos rituais.
Análise dos Dados
Após a coleta de dados, os mesmo foram adicionados ao Excel for Windows 2007, para
confecções dos gráficos (Figuras) e as tabelas foram confeccionadas no Word for Windows 2007.
RESULTADO E DISCUSSÃO:
A tabela 01 indica o percentual das religiões citadas pelos entrevistados com maior número
para a religião católica, verificando que 25% assumem pertencerem a religião espírita. No Brasil, o
termo "espiritismo" é historicamente utilizado como designação por algumas casas e associações
das religiôes afro-brasileira, e seus membros e frequentadores definem-se como "espíritas".
TABELA 01: Frequência e percentual da religião considerada pelos pais e mães de Santo.
RELIGIÃO
FREQUENCIA
PERCENTUAL
15
75
Católico
0
0
Evangélico
5
25
Espírita
95
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Gomes et al (2008), observa-se que há uma certa confusão entre os seguidores da religião
afro-brasileira, em definir qual a sua verdadeira religião. Acredita-se que esta dificuldade se dê
devido ao sincretismo religioso que se formou, ao misturar as crenças da religião católica do Brasil,
com os rituais das religiões africanas trazidas pelos negros durante o período da escravidão.
Verifica-se que 60% dos babalorixás e ialorixás entrevistados têm ou tiveram vinculo com a
religião católica.
Segundo o recenseamento de 2000, apenas 0,3% da população brasileira adulta declaram-se
pertencentes a uma das religiões afro-brasileiras, o que corresponde a pouco mais de 470 mil
seguidores, embora pesquisas feitas com metodologia mais precisa indicam valores maiores, da
ordem de pelo menos o dobro das cifras encontradas pelo censo (Pierucci e Prandi, 1996).
Segundo Teixeira (1999), “o candomblé pode ser definido como uma manifestação religiosa
resultante da reelaboração das várias visões de mundo e ethos provenientes das múltiplas etnias
africanas”, além do ethos e visão de mundo de europeus e índios. Por exemplo, na formação do
candomblé ketú, objeto deste estudo, os povos “jeje, em Salvador, teriam adotado a hierarquia
sacerdotal, os ritos e a mitologia dos nagôs”, além de algumas contribuições absorvidas do
catolicismo, embora sob a hegemonia do sistema religioso nagô.
O catolicismo está muito ligado as religiões afro-brasileira, esse fato é histórico embora
ligados a perseguições como relata Sá Junior (2004).
Não é possível deixar de registrar, ainda sobre a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas ou
Padre Malagrida, a lembrança que ele traz à tona sobre a igreja católica medieval e moderna.
O relato não deixa de ser uma resposta às acusações que os macumbeiros e umbandistas
sofrem da igreja, que os trata como atrasados, bárbaros e incivilizados, logo aquém de poder
ocupar um espaço no progressista mundo da república. Ao lembrar o passado inquisitorial e
das fogueiras católicas, a mensagem ganha um caráter acusatório. Ele traz à tona práticas
que, por certo, seriam identificadas com os adjetivos acima imputados aos adeptos da
Macumba e Umbanda.
Como mostra a figura 01, dentre os oito guias espirituais os mais citados estão Xangô,
Ogum e Zé Pelintra com 15% cada e o maior percentual ficou para Pomba-gira com 30%. Barros
(2007) observa que cada um destes espaços “naturais” ou de “natureza construída” estão
relacionados a um grupo de ou “guias”: a mata dos caboclos; a cachoeira de Oxum e das caboclas
do rio; a praia de Iemanjá, marinheiros e sereias; o cemitério de Obaluaiê e a determinado grupo de
exus; a encruzilhada dos exus e das pombas-gira; a rua de exus, pombas-gira e malandros.
Pomba-gira
Zé Pelintra
15%
Ogum
10%
15%
5%
5%
15%
Oxum
15%
5%
30%
Xangô
Iansã
Exu
Orixalá
FIGURA 01: Percentual dos Guias Espirituais dos Pais e Mães de Santo.
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Como destaca Melo et all (2001) com o Centro aberto, ele começou a receber seus Guias, e
não recebia com frequência sua Pomba-Gira. Com o passar do tempo, ele começou a perceber a
força espiritual feminina que precisava vir para lhe ajudar, e ajudar ao próximo com sua força,
normalmente, os guias que dão consultas (Preto velhos, Exus e Caboclos) são os mais atuantes em
um terreiro, fazendo com que essas sessões demorem mais que os rituais, e os Guias eram
classificados em 7 linhas: a Linha de Iemanjá, Linha de Xangô, Linha de Oxóssi, Linha de Ogum,
Linha de Pretos – Velhos, Linha de Criança e Linha de Exu.
Benedito (2006) descreve o Exu é Seu Zé Pelintra, como um sujeito de terno branco, gravata
vermelha, cravo na lapela, chapéu caído na testa. Oferecendo conselhos de amor ou resultados de
jogos de azar, como loteria e bicho, Seu Zé ajuda seus consulentes menos favorecidos a resolver os
problemas mais contumazes: os de caráter financeiro ou afetivos. Mas Zé Pelintra é bem mais do
que o malandro que sempre se apresenta nas giras de exu.
Em parceria com Tranca Ruas, Zé Pelintra redimensiona a gira de exu, ao contrário do
ambiente soturno e obscuro da gira tradicional, Seu Zé traz consigo um novo elemento performático
ao ambiente umbandista, na medida em que incorpora os valores sociais mais comuns às classes
menos favorecidas.
A Tabela 02, verifica-se que foram citadas 29 plantas, atribuídas aos Orixás, a freqüência em
que as plantas foram citadas, seu nome popular e nome científico, observa-se que uma mesma
planta é utilizada por vários orixás.
TABELA 02: Frequência das Plantas atribuídas aos Orixás com nome popular e nome cientifico
Orixás
Nome popular
Nome cientifico
Frequência
Exú
Arruda
Ruta graveolens
7
Aticum
Annona sp
5
Capim-navalha
Não identificada
17
Coça-coça
Não identificada
3
Maliça
Mimosa sensitiva
12
Mulungu
Erythrina velutina
10
Urtiga-branca
Urtica dioica
18
Ogum
Espada-de-sào-jorge Sansevieria trifasciata
13
Mangueira
Mangifera indica
11
Cajarana
Spondias cytherea
6
Colônia
Alpinia speciosa
8
Oddé
Quebra-pedra
Phyllanthus niruri
20
Colônia
Alpinia speciosa
7
Macaça
Aeolanthus suaveolens
3
Malva-rosa
Pelargonium graveolens
9
Manjericão
Ocimum Basilicum
14
Erva-santa
Mentha Piperita
12
Vassoura-de-botão
Spermacoce verticillata
11
Iansã
Mangueira
Mangifera indica
18
Macaça
Aeolanthus suaveolens
20
Lacre
Vismia guianensis
6
Erva-santa
Mentha Piperita
17
Continua
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Continua
Xangô
Pitangueira
Colônia
Urtiga-vermelha
Romã
Carrasco
Stenocalyx michelli
Alpinia speciosa
Urtica urens
Punica granatum
Quercus coccifera
20
20
20
20
17
Malva-rosa
Folha-da-fortuna
Manjericão-menino
Pelargonium graveolens
Kalanchöe blossfeldiana
Ocimum minimum
15
20
3
Manjericão-graúdo
Erva-santa
Alecrim
Gorfe-azul
Malva-rosa
Ocimum Basilicum
Mentha Piperita
Rosmarinus officinalis
Não identificada
Pelargonium graveolens
19
3
20
20
4
Tapete-de-orixalá
Pinha
Corona-branca
Alecrim
Eucalipto
Colônia
Golfe-branco
Tetradenia reparia
Annona squamosa
Bryophyllum calycinum
Rosmarinus officinalis
Eucalyptus citriodora
Alpinia speciosa
Não identificada
10
5
20
20
20
16
3
Manjericão-menino
Malva-rosa
Erva-doce
Colônia
Ocimum minimum
Pelargonium graveolens
Pimpinella anisum
Alpinia speciosa
17
12
9
4
Carrasco
Laranjeira
Colônia
Manjericão
Erva-santa
Quercus coccifera
Citrus aurantium
Alpinia speciosa
Ocimum Basilicum
Mentha Piperita
20
13
11
10
3
Figueira
Golfe-roxo
Mata-pasto
Manjericão-graúdo
Jambeiro-roxo
Erva-santa
Ficus sp
Não identificada
Senna occidentalis
Ocimum Basilicum
Eugenia malaccensis
Mentha Piperita
7
5
1
16
20
19
Oxum
Iemanjá
Orixalá
Ibeje
Obaluaê
Nana
Uso Místico das Ervas
O ato de enunciação ritual da encantação interfere, nestas culturas, tanto nos resultados
decorrentes das práticas (medicinais ou mágicas) quanto no próprio nome atribuído às plantas,
uma vez que os parâmetros de nomeação não obedecem, nestes grupos, aos mesmos códigos
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da ciência moderna. Embora Ossain seja a divindade “dona das ervas”, a quem se pede permissão
para colhê-las, cada orixá tem suas plantas específicas, o que remete a um complexo sistema
classificatório das plantas utilizadas ritual e medicinalmente (Oliveira, 2008)..
O ato de enunciação ritual da encantação interfere, nestas culturas, tanto nos resultados
decorrentes das práticas (medicinais ou mágicas) quanto no próprio nome atribuído às plantas, uma
vez que os parâmetros de nomeação não obedecem, nestes grupos, aos mesmos códigos da ciência
moderna.
Embora Ossain seja a divindade “dona das ervas”, a quem se pede permissão para colhê-las,
cada orixá tem suas plantas específicas, o que remete a um complexo sistema classificatório das
plantas utilizadas ritual e medicinalmente.
Na Tabela 03 verifica-se o uso místico das plantas onde observou-se que as foram citadas
29 plantas, para o uso nas obrigações no terreiro, e indicações nos diversos tratamentos dos
participantes:
TABELA 03: Plantas com seus respectivos usos místicos.
Plantas
Uso místico
Espada-de- são- Jorge
usado no banho para limpeza do filho de
Ogum antes de fazer a obrigação, ou seja, dar
axé ao filho
Quebra- Pedra
usada no banho dos filhos de Oddé, limpando
o filho para receber o axé
Macassá
é usado para preparar o amassi
Manjericão miúdo, graúdo, golfe azul e figo
ervas que servem para os filhos de Iemanjá
para banho de limpeza
Vassoura-de-botão
é usado nos banhos de limpeza para os filhos
de Orixalá e Oddé
Matapasto, jambo roxo, laranja comum e
é usado para banho de limpeza quando eles
baía, golfe roxo
vão dar obrigação ao seu santo (espécie de
sacrifício)
Cajá e cajarana
servem como banho d limpeza e lavagem dos
depósitos dos santos
Tapete de orixalá, alecrim, golfe branco,
são usadas para banho de limpeza dos filhos
folha de pinha e de fortuna, corona branca
de Orixalá além de servir para aguar as casas
e o próprio terreiro
Maliça, urtiga, capim navalha
são batidas nos pés d Exu e são usadas como
amassi para lavar os ibás (depósitos) não são
usadas para o banho.
Aticum, arruda, mulungu
são usadas para banho de descargas para tirar
maus fluidos e maus olhados
Lacre, manga espada
são usadas como amassi para banhos de
limpeza dos filhos de Iansã e para lavar os
depósitos
Carrasco, folha de pitanga e de romã
serve para banho de limpeza quando os filhos
estão com algum atrapalho advindo de
punição dos seus orixás
O ato de enunciação ritual da encantação interfere, nestas culturas, tanto nos resultados
decorrentes das práticas (medicinais ou mágicas) quanto no próprio nome atribuído às plantas, uma
vez que os parâmetros de nomeação não obedecem, nestes grupos, aos mesmos códigos da ciência
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moderna. Os elementos de distinção entre atos mágicos e atos religiosos são os agentes que efetuam
um ou outro ritual e a escolha dos lugares onde estes devem acontecer. No caso das práticas
brasileiras, considera-se que existe uma alternância destes elementos de distinção, sem regras
rígidas: o mesmo agente pode efetuar ora um ritual mais litúrgico, ora um ritual mais ligado a
práticas mágico-simbólicas, e essa alternância também é pertinente quando se trata dos locais em
que as práticas acontecem, podendo ocorrer em espaços sacralizados pelas religiões envolvidas ou
acontecer em ambientes não litúrgicos, no cotidiano e em espaços comuns (Oliveira, 2008).
Uso Medicinal
Na Tabela 04, verifica-se o nome popular, nome cientifico, parte usada da planta e as
indicações terapêuticas destas plantas, foram citadas 15 plantas, as indicações foram diversificadas,
recomendaram para problemas renais, dores diversas, febre, tosse, diarréia e problemas do
estômago.
TABELA 04: Plantas, parte usada e utilidade.
Nome popular Nome cientifico
Carambola
Averrhoa carambola L
Quebra-pedra
Phyllanthus niruri L.
Lacre
Vismia guianensis (Aubl.) Pers,
Colônia
Alpinia speciosa Schum
Eucalipto
Eucalyptus citriodora Hook
Malva-rosa
Pelargonium graveolens Airt.
Parte usada
Folha
Parte aérea
Folha
Folha
Folha
Macaça
Aeollanthus suaveolens Mart
Folha
Romã
Pitangueira
Corona-branca
Laranjeira
Punica granatum L.
Eugenia uniflora Linn.
Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers.
Citrus aurantium L.
Fruto
Folha
Folha
Folha
Arruda
Mulungu
Mata-pasto
Vassoura-debotão
Ruta graveolens L.
Erythrina vellutina Wild
Senna
Spermacoce
verticillata
G.F.W.. Meyer
Folha
Casca
Raiz
(L.)
Utilidade
Problemas renais
Problemas renais
Problemas renais
Febre
Febre
Dor de barriga, comida
que ofende
Dores
no
coração
(angina)
Dor na garganta
Diarréia
Gastrite
Acalma os nervos e
para dormi.
Dores intestinais
Tosse
Tosse
Estômago
Comparando com a pesquisa realizada por Gomes et al (2008), foi catalogadas 101 plantas,
apenas 21 recebem a denominação em iorubá. Este desconhecimento por parte dos babalorixás e
ialorixás ocorre, talvez, porque, além de antiga, a língua iorubana é oral e esta oralidade pode ter
sofrido significativas perdas no decorrer dos tempos.
O orixá Obá é cultuado, mas segundo relatos de pais de santo ele se encontra em um estágio
mais avançado podendo não mais incorporar nos seus filhos e sendo apenas citado nas giras e cultos
realizados pelos terreiros de Candomblé.
No que se refere a Egum, poucos são os pais de santo que o cultua, uma vez que se trata de
babalorixás e ialorixás que não fazem mais parte deste plano espiritual, ou seja, já faleceram e agora
vem à terra como “ventos” que ficam por baixo de roupas especiais e que têm uma babalaô
preparado para recebê-los. Entre os entrevistados apenas um revelou em conversa que existia em
seu terreiro um lugar especial e isolado no qual cultuava os Eguns e que poucos sabiam da
100
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existência da mesma, este entrevistado preferiu manter oculta a citação deste lugar na entrevista
realizada com ele.
O uso racional das plantas obedece a regras que distinguem duas utilizações terapêuticas, a
religiosa e a medicinal , sendo que no primeiro caso a ação é simbólica e no segundo é efetiva,
participante . A relação das plantas com este ou aquele orixá, as ligações dos orixás com as várias
partes do corpo humano (anatomia mística), ou as virtudes intrínsecas das plantas e ervas utilizadas
podem interferir na seleção das mesmas para uso ritual ou medicinal.
CONCLUSÃO
Ao termino da pesquisa foram catalogadas 29 plantas atribuídas a diversos orixás, a maioria
dos entrevistados se dizem católicos e trabalham com 11 entidades espirituais e linhas. Para fins
terapêuticos foram citadas 15 plantas e quanto ao uso místico observou-se que foram citadas 29
plantas usadas nas obrigações no terreiro.
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Download

plantas utilizadas em fitomagia