ESTRATÉGIAS DE UTILIZAÇÃO DE PASTAGEM DIFERIDA DE
Brachiaria Brizantha POR NOVILHAS NELORE
Danilo Ribeiro de Souza
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA - PPZ
CAMPUS DE ITAPETINGA
Estratégias de utilização de pastagem diferida de Brachiaria
Brizantha por novilhas nelore
Autor: Danilo Ribeiro de Souza
Orientador: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
Fevereiro de 2014
DANILO RIBEIRO DE SOUZA
Estratégias de utilização de pastagem diferida de Brachiaria
Brizantha por novilhas nelore
Tese apresentada à Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia / Campus de Itapetinga - BA,
como parte das exigências do Programa de Pósgraduação em Zootecnia, Área de Concentração em
Produção de Ruminantes, para obtenção do título de
“Doutor”.
Orientador: Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva
Co-orientador: Prof. D.Sc. Fabio Andrade Teixeira
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2014
636.085 Souza, Danilo Ribeiro de
S714e
Estratégias de utilização de pastagem diferida de Brachiaria Brizantha por
novilhas nelore. - Itapetinga: UESB, 2014.
42f.
Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia / Campus
de Itapetinga - BA, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação
em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes, para
obtenção do título de “Doutor”. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira
da Silva.
1. Novilha nelore - Brachiaria decumbens. 2. Pastagem diferida. 3.
Pastagem – Planejamento. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. II. Silva, Fabiano Ferreira da. III.
Título.
CDD(21): 636.085
Catalogação na fonte:
Adalice Gustavo da Silva – CRB/5-535
Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA
Índice Sistemático para Desdobramento por Assunto:
1. Novilha nelore - Brachiaria decumbens
2. Pastagem diferida
3. Pastagem – Planejamento
i
“Nunca use violência de nenhum tipo. Nunca ameace com violência
de nenhum modo. Nunca sequer tenha pensamentos violentos. Nunca
discuta, porque isto ataca a opinião do outro. Nunca critique, porque
isto ataca o ego do outro. E o seu sucesso está garantido.”
Mahatma Gandhi
ii
A Deus, que sempre guiará meus passos;
Aos meus pais, José Samuel de Souza e Valdenice Ribeiro de Souza, pelas pessoas
que são, exemplo para os filhos e pessoas que os conhecem, pelos quais sempre
procurarei espelhar durante a vida;
À minha namorada Lara Lago, pelo seu carinho, amor e felicidade;
Aos meus irmãos, Daniel e Daniele, que sempre apoiaram minha vinda e
caminhada no Curso de Zootecnia;
À minha “Dinda” Lindaura, pela dedicação e confiança sempre;
A toda minha família e amigos.
Dedico...
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Itapetinga, pela
oportunidade de continuidade da realização da minha formação profissional;
À FAPESB, por ter disponibilizado a bolsa de estudos;
Aos coordenadores, professores e funcionários do programa de Pós-graduação em
Zootecnia;
Ao Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva, pela oportunidade de desenvolver um trabalho,
desde a minha chegada em Itapetinga, possibilitando meu acesso ao conhecimento
científico, chegando até este momento e que irá render ainda mais. E, principalmente,
pela amizade, exemplo de pessoa e satisfação em disponibilizar seu conhecimento com
todos;
Ao professor Dr. Fabio Andrade Teixeira, pela co-orientação e pela grande amizade
construída durante o curso;
À Fazenda Boa Vista (NELORE 5M), na pessoa do empresário Misael Tavares Neto,
pelo fornecimento de seus animais e de suas instalações para a execução deste
trabalho;
Ao colaborador, Osmario (Ju), pela ajuda na parte de campo e amizade conquistada;
Ao amigo Aires Lima Rocha Neto, esta autarquia, pela grande amizade;
Aos amigos conquistados em Itapetinga: Saulo Cara de carneiro, Paulo Almeida
(Barrão), Diogo Careca, Vinicius e Lívia, Marcelo Mota, Daniel Fino, Lucas (Da veia),
Gonçalo, Dicastro, Da Jega, Gedel, Dionisio, Cani, Rodrigo, Eli e todas as demais
autarquias;
Aos amigos que deixei em SAJ com os quais sempre poderei contar;
A toda a galera que participou do experimento, que eu sei bem o quanto foi difícil,
complicado e divertido;
Ao Zé Queiroz, pela ajuda no laboratório;
Aos colegas de turma, que contribuíram muito nessa minha caminhada;
Aos funcionários da UESB;
A todo(a)s que passaram e passarão pela minha vida....
.
iv
BIOGRAFIA
DANILO RIBEIRO DE SOUZA, filho de José Samuel de Souza e Valdenice Ribeiro de
Souza, nasceu em 13 de fevereiro de 1982, em Santo Antônio de Jesus, Bahia.
Em 2002, iniciou o curso de graduação em Zootecnia na Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia, em Itapetinga-BA, finalizando o mesmo em 2007.
Em 2008, concluiu o curso de Especialização em Bovinocultura de Corte.
Em 2010, concluiu o curso de Pós-Graduação em Zootecnia – Mestrado
em Zootecnia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Concentração
em Produção de Ruminantes.
Em 27 de fevereiro de 2014, defendeu a presente tese.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................
vi
LISTA DE TABELAS.........................................................................................
vii
RESUMO..............................................................................................................
vii
ABSTRACT.........................................................................................................
ix
I - REFERENCIAL TEORICO..........................................................................
1. Introdução.........................................................................................................
2. Quando diferir as pastagens............................................................................
3. Utilização da pastagem diferida.....................................................................
4. Forrageiras indicadas para o diferimento da pastagem..............................
5. Principais estratégias de diferimento das pastagens....................................
6. Vantagens do diferimento das pastagens.......................................................
6.1 Desempenho dos animais...........................................................................
6.2 Pastagens....................................................................................................
6.3 Econômico...................................................................................................
7. Desvantagens do diferimento das pastagens..................................................
7.1 Desempenho dos animais...........................................................................
7.2 Pastagens....................................................................................................
7.3 Econômico...................................................................................................
01
01
02
03
04
04
06
06
07
08
08
08
09
09
II- OBJETIVOS GERAIS.................................................................................
10
III- MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................
11
IV- RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................
21
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................
35
VI- REFERÊNCIAS ...........................................................................................
36
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Croqui da área experimental..............................................................
12
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1TABELA 2TABELA 3TABELA 4TABELA 5TABELA 6TABELA 7TABELA 8-
TABELA 9-
TABELA 10-
TABELA 11-
TABELA 12-
TABELA 13-
TABELA 14TABELA 15-
Estratégias de diferimento de pastagens utilizadas nos trabalhos científicos
publicados no Brasil...................................................................................................
05
Precipitação (mm), Temperatura (ºC) máxima e mínima durante os meses
experimentais.............................................................................................................. 11
Distribuição dos animais nos piquetes experimentais................................................. 12
Composição dos ingredientes e bromatológica do concentrado experimental............ 13
Preço médio de venda da vaca gorda no ano de 2013 na praça comercial de
Itapetinga/BA, de insumos e serviços utilizados no experimento.............................. 19
Vida útil e valor de benfeitoria, máquinas, equipamentos, animal e terra.................. 19
Valor médio dos componentes morfológicos do capim Brachiaria brizantha cv.
Marandu diferido, submetidos a diferentes estratégias de utilização......................... 22
Disponibilidade de matéria seca total (MST), matéria seca da lâmina foliar
(MSLf), matéria seca do colmo (MSCol), matéria seca do material senescente
(MSMse), biomassa residual diária (BRD) e taxa de acúmulo diário (TAD) do
capim Brachiaria brizantha cv. Marandu diferido, submetidos a diferentes
estratégias de utilização.............................................................................................
24
Valores médios das percentagens de lâmina foliar (Lf), colmo (Col) e material
senescente (Mse) e relação folha/colmo, do capim Brachiaria brizantha cv.
Marandu diferido, submetidos a diferentes estratégias de utilização.......................... 25
Consumo médio diário de matéria seca do suplemento (CMSS), matéria seca da
forragem (CMSF), matéria seca total (CMST), fibra em detergente neutro da
forragem (CFDNF) e da fibra em detergente neutro total (CFDNT) de novilhas
Nelore submetidas a diferentes estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu................................................................................................ 26
Coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS), proteína bruta (CDPB),
fibra em detergente neutro (CDFDN), dos carboidratos não fibrosos (CDCNF) e
NDT, de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de utilização da
pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu......................................................... 27
Desempenho produtivo por animal e por hectare de novilhas Nelore submetidas a
diferentes estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv.
Marandu.....................................................................................................................
28
Número de estação alimentar por minuto, passos por minuto, bocados por minuto e
bocados por estação alimentar de novilhas Nelore submetidas a diferentes
estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu............. 29
Indicadores econômicos de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de
utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu................................... 31
Taxa interna de retorno mensal e valor presente líquido (VPL) sobre taxas de
retorno de 6, 10 e 12% anual de novilhas Nelore submetidas a diferentes
estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu............. 33
viii
RESUMO
SOUZA, Danilo Ribeiro de. Estrategias de utilização de pastagem diferida de
Brachiaria brizantha por novilhas Nelore. Itapetinga-BA: UESB, 2014. 42p (Tese –
Doutorado em Zootecnia – Produção de Ruminantes).
Objetivou-se com este estudo avaliar o efeito do uso escalonado de pastagens de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, sobre os aspectos quantitativo e qualitativo da
forragem, os efeitos causados ao consumo, digestibilidade, desempenho e
comportamento dos animais e o impacto econômico. O experimento foi desenvolvido
na Fazenda Boa Vista, localizada no município de Macarani, Estado da Bahia, entre os
meses de julho a outubro de 2010. O sistema foi implantado numa área de 27 hectares
(ha), dividida em piquetes. Foram utilizados 70 novilhas Nelore, com 15 meses e peso
corporal de 273 ± 5 kg. Os tratamentos consistiram em: T1- 90 dias de pastejo contínuo,
T2 - 45 dias de pastejo escalonado; e T3 - 30 dias de pastejo escalonado. O simples
escalonamento do uso de diferimento não foi capaz de modificar os valores nutritivos da
forragem (P>0,05). A disponibilidade em kg de MS.ha-1 e proporção de componentes
(lâmina foliar, colmo e material senescente) não foram afetadas pelas estratégias de
utilização das pastagens diferidas, causada pela aplicação de mesma oferta de forragem
entre os tratamentos. O consumo de matéria seca não foi afetado pelos tratamentos.
Provavelmente, a semelhança dos teores de FDNcp da dieta induziu ao semelhante
consumo de nutrientes, independente da estratégia de escalonamento do diferimento.
Não houve diferença significativa (P>0,05) para o coeficiente de digestibilidade dos
nutrientes. A semelhança nas condições da forragem e o mesmo nível de suplementação
proporcionou esta indiferença. O peso corporal final, ganho médio diário e ganho total
(GT) não foram influenciados (P>0,05) pelo uso do pasto diferido escalonado,
provavelmente em razão da inexistência de efeito deste fator sobre a massa de forragem
nas pastagens diferidas, nível de suplementação e lotação animal, características
intimamente correlacionadas ao desempenho de bovinos em pastagens, justificativas
estas que estão intrinsecamente relacionadas com os resultados relativos aos ganhos por
hectare, nos quais nenhuma das variáveis testadas obteve diferenças estatísticas.
Constatou-se que, para o número de estação alimentar por minuto, passos por minuto,
bocados por minuto e bocados por estação alimentar, não houve diferença significativa
(P>0,05) para os tratamentos. Analisando apenas os custos e retornos anuais, mostramos
que a pecuária gera lucro em todos os tratamentos, porém, como o VPL foi negativo
para todos os tratamentos, podemos afirmar que o investimento não deveria ser
realizado. O escalonamento do uso das pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu,
diferidas por 120 dias, não promoveu diferenças qualitativa e quantitativa na forragem.
Assim como o consumo e a digestibilidade não foram afetadas por esta técnica. Não
houve influência nos ganhos zootécnicos a nível individual ou por área, resultando,
assim, que economicamente a estratégia de utilização do diferimento de pastagem para
novilhas de corte suplementadas com 0,3% do PC deve ser bem analisada, para evitar
prejuízos futuros.
Palavras-chave: pasto, novilhas, planejamento.
________________________
*Orientador: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc. UFV, e Co-orientador: Fabio Andrade Teixeira D.Sc. UFV.
ix
ABSTRACT
SOUZA, Danilo Ribeiro de. Strategies for the use of deferred Brachiaria brizantha
for heifers. Itapetinga-BA: UESB, 2014. 42p (Thesis - Doctor of Animal Science Ruminant Production).
The objective of this scientific experiment to evaluate the effect of the stepped use of
Brachiaria brizantha. Palisade, on the quantitative and qualitative aspects of the forage,
the effects caused to the intake, digestibility , performance and behavior of animals and
the economic impact. The experiment was conducted at Boa Vista Farm, in the
municipality of Macarani, State of Bahia, between the months of july to october 2010.
The system was deployed in an area of 27 hectares (ha), divided into paddocks. 70
Nelore heifers, 15 months and body weight of 273 ± 5 kg were used. The treatments
consisted of T1-90 days of continuous grazing, T2-45 days of grazing scaled and T3 -30
days of grazing scaled. The simple scaling of the use of deferral was not able to modify
the nutritional value of forage (P>0.05). The availability of DM.ha kg-1 and proportion
of components (leaf blade, stem and senescent materials ) were not affected by the
strategies of utilization of deferred grazing, caused by the application of the same
herbage allowance between treatments. The dry matter intake was not affected by
treatments probably the similarity of the contents of NDF diet induced a similar nutrient
intake, independent of the scheduling strategy of deferral. There was no significant
difference (P>0.05) for the coefficient of digestibility of nutrients . The similarity in the
conditions of material and the same level of supplementation provided this indifference.
The final body weight, average daily gain and total gain were not affected (P>0.05) by
the use of pasture deferred scaled, probably because of the lack of effect of this factor
on the mass of forage in deferred pastures, level of supplementation and stocking rate,
characteristics closely correlated to the performance of cattle pastures , justification that
these are intrinsically related to the results of earnings per hectare where any of the
tested variables obtained statistical differences. It was found that for number of feeding
stations per minute , steps per minute , per minute bits and pieces feeding station there
was no significant difference (P>0.05) for treatments. Analyzing only the annual costs
and returns, we show that livestock production generates income in all treatments,
however as the net present value was negative for all treatments and can say that the
investment should not be done. The escalation of the use of Brachiaria brizantha.
Marandu deferred for 120 days did not promote qualitative and quantitative differences
in the forage. As the intake and digestibility were not affected by this technique. There
was no influence on zootechnical individually or area gains resulting so economically
utilization strategy of deferring grazing for beef heifers supplemented with 0.3% of the
BW should be well analyzed to prevent future losses.
Keywords: pasture, heifers, planning.
________________________
* Adviser: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc. UFV, e Co- adviser: Fabio Andrade Teixeira D.Sc. UFV.
1
I - REFERENCIAL TEÓRICO
1. Introdução
A produção pecuária nos trópicos é altamente correlacionada com a produção
forrageira ao longo das estações climáticas. Durante a primavera e verão, ocorre um
crescimento e, consequentemente, maior produção de forragem, enquanto que, durante
o outono e inverno, este crescimento é diminuto, contribuindo, assim, para que a
quantidade de forragem acumulada decresça. Dentro deste sistema, os ganhos de peso
dos bovinos acompanham estas oscilações, sendo que o agravante produtivo ocorre
justamente durante o período seco.
O diferimento das pastagens é uma tecnologia que minimiza os efeitos negativos
da sazonalidade de produção durante o período seco. Esta técnica consiste em reservar a
pastagem durante o período das águas para utilização durante o período de baixa
produção forrageira, com isso, a escassez, que é comum nessa época, pode ser
suprimida e os animais não perderão peso por conta da falta de forragem. Entretanto,
requer uma atenção especial do pecuarista e pode ter um impacto econômico positivo
para a propriedade, caracteriza-se como uma técnica de nível intermediário de
aplicabilidade.
O uso da tecnologia do diferimento de pasto, ao final do período das águas, é
opção para reservar forragem para o período de seca. Além disso, o diferimento
constitui uma salvaguarda conservativa, garantindo sementeamento, fortalecimento das
reservas nutritivas e sistema radicular para o período de rebrota pós-dormência. Vários
autores mostraram que à medida que se aumenta o período de vedação, há acréscimos
no acúmulo de massa de forragem e decréscimos no seu valor nutritivo (EUCLIDES et
al., 1990; COSTA et al., 1998; LEITE et al., 1998). Assim, para conciliar maior
produção com melhor qualidade, baseados em resultados de experimentos conduzidos
em parcelas, Euclides & Queiroz (2000) recomendaram a vedação e a utilização
escalonadas das pastagens.
Segundo Gomide (1997), em pastagens na fase de crescimento, após o
perfilhamento inicial, instalam-se os processos fisiológicos de alongamento do colmo,
intensificação da senescência de folhas e diminuição da área foliar. Se o pasto não for
utilizado, o contínuo aumento do rendimento forrageiro, em virtude principalmente do
2
alongamento dos colmos, resulta em crescente aumento da proporção de colmos e
diminuição da relação folha/colmo na biomassa da pastagem.
O controle do período de diferimento, além de afetar a produção de forragem,
também pode modificar a estrutura do pasto diferido, caracterizada pela massa de seus
componentes morfológicos (SANTOS et al., 2009). O conhecimento dessa modificação
é fundamental, pois permite entender e inferir, por exemplo, os efeitos do período de
diferimento sobre a persistência, a composição morfológica e o valor nutritivo do pasto
diferido. A prática de vedação é fundamental para se manter uma boa disponibilidade de
matéria seca e formação de liteiras, bem como a sua taxa de decomposição, o que afeta
significativamente a manutenção da pastagem; é o que afirmaram Abreu et al. (2004).
Santos et al. (2009) afirmaram que pastagens diferidas por maior período foram
caracterizadas por maior massa de forragem morta, como resultado da intensificação do
processo de senescência, comum durante o desenvolvimento de pastos mantidos por
longo período de rebrotação. O valor nutritivo do pasto diferido também pode restringir
o desempenho de bovinos, uma vez que, nesses pastos, geralmente, os teores de fibra
são elevados e os percentuais de proteína bruta e a digestibilidade da matéria seca são
baixos (EUCLIDES et al., 1990).
2. Quando diferir as pastagens
Segundo Santos et al. (2009), para cada forrageira e região do país, existe um
período mais apropriado para manter o pasto diferido. Contudo, características como
temperaturas mínimas inferiores a 15ºC e o déficit hídrico, que determinam a redução
do crescimento das gramíneas tropicais, não podem ser esquecidas pelos técnicos, e
ainda as variações na condição do clima entre diferentes anos influenciam a produção
de forragem diferida.
Martha Junior et al. (2003) sugeriram como regra prática efetuar a vedação da
pastagem com cerca de 30 a 40 dias de antecedência da expressão do fator climático
mais limitante ao crescimento da planta forrageira na região, como a ocorrência de
baixas temperaturas mínimas e a baixa pluviosidade.
A época em que o pasto será vedado tem relação diretamente proporcional à
quantidade e qualidade da matéria seca (MS) produzida, e estrutura, que afetam o
consumo e o desempenho dos animais. Pastagens diferidas por longo período possuem
alta produção de MS, de baixo valor nutritivo. Por outro lado, menor período de
diferimento pode determinar baixa produção de MS por unidade de área.
3
Martha Junior et al. (2003) sugerem que antecipar a época de vedação da
pastagem reduz, sensivelmente, o período de utilização da área vedada no verão,
enquanto o retardamento do diferimento da pastagem determina o acúmulo insuficiente
de forragem, diminuindo os benefícios do diferimento.
Euclides et al. (1990), considerando a região do Cerrado, sugerem que pastagens
de braquiárias sejam vedadas em fevereiro para utilização na primeira metade do
período seco (junho/julho) e no final de fevereiro/início de março para uso na segunda
metade do período seco (julho/setembro). Dessa maneira, o pasto fica vedado por
períodos de 90 a 150 dias, conforme estratégia adotada na fazenda.
Costa et al. (1993), trabalhando com Brachiaria brizantha em Porto Velho-RO e
utilizando três épocas de vedação (fevereiro, março e abril), obtiveram resultados que
definem a viabilidade da vedação de pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu no
final do período chuvoso. Sendo que a vedação em abril com utilizações em junho e
julho proporcionou forragens com maiores teores de PB, entretanto, os maiores
rendimentos de MS foram obtidos com a vedação em fevereiro e utilização em agosto e
setembro, sendo os maiores coeficientes de digestibilidade "in vitro" da matéria seca
(DIVMS) obtidos com a vedação em março ou abril e utilização em junho. Finalmente,
objetivando conciliar o rendimento de matéria seca (MS) com a obtenção de forragem
de boa qualidade, os autores recomendaram a vedação em fevereiro para utilização em
junho e julho, e vedação em março para utilização em agosto e setembro, para pastagens
nas condições edafoclimáticas de Porto Velho.
3.
Utilização da pastagem diferida
A utilização do pasto diferido ocorre na época do ano de maior escassez de
forragem em uma região. Assim, o início do diferimento determinará a duração do
crescimento do pasto, influenciando na sua produção, qualidade e estrutura, afetando a
produção animal. A utilização deve ser de acordo com o momento em que diferiu a
pastagem. Ou seja, se a pastagem foi diferida no início do verão, no momento do uso
haverá menor percentual de forragem verde, elevada massa de forragem influenciando
na senescência da planta, e ainda, devido ao longo período que a pastagem é submetida
a altas temperaturas, ocorre redução no valor nutritivo da mesma.
Segundo Bueno et al. (2000), visando à conciliação da produção de matéria seca
e valor nutritivo da Brachiaria brizantha cv. Marandu, a vedação da pastagem no início
de março, para seu uso durante o período das secas, preferencialmente em julho,
apresentou-se como a mais adequada. Sendo assim, o uso do pasto diferido deve ser
4
feito de forma sincronizada com o momento que foi diferido, buscando um equilíbrio
entre as variáveis que influenciam este manejo, sempre avaliando a disponibilidade de
forragem e a capacidade de crescimento desta durante o período que ficara diferido.
4.
Forrageiras indicadas para diferimento das pastagens
A escolha da espécie forrageira adequada para o diferimento é fundamental para
obter o retorno produtivo que se espera desta técnica. É importante que exista um
equilíbrio entre produção e valor nutricional da forragem.
Características das forrageiras para diferir:
1. Boa capacidade de acúmulo de MS durante o final das águas e início do inverno;
2. Manutenção do valor nutritivo durante o crescimento.
Contudo, em se tratando de Brasil, onde o gênero Brachiaria é o mais difundido
e utilizado, têm-se prevalecido estudos referentes à esta forrageira. Segundo Pizarro et
al. (1996), as gramíneas do gênero Brachiaria acumulam de 77 a 90% da produção total
de MS durante o período das águas. Porém, apresentam uma melhor manutenção do
valor nutricional durante o período de diferimento e utilização.
Medidas de manejo que resultam em aumento da massa de lâmina foliar verde e
diminuição da massa de colmo morto no pasto, como redução da duração do período de
diferimento da pastagem (SANTOS et al., 2009) e uso de gramíneas com maior duração
de vida da folha durante o fim do verão e início do outono, são adequadas quando o
objetivo é melhorar o valor nutritivo do pasto diferido.
5. Principais estratégias de diferimento das pastagens
Em função da espécie forrageira, características do solo e clima da região, além
de particularidades da propriedade pecuária, são necessárias estratégias distintas para o
período e uso do pasto diferido.
A estratégia de diferimento da pastagem baseia-se, dentre outros fatores, no
acúmulo de forragem, possível de ser obtido no terço final do ciclo do crescimento de
verão. Nesse período, dois processos ocorrem: o crescimento e o desenvolvimento
(incluindo a senescência), que influenciam a composição morfológica da forragem
(HODGSON, 1990). Dessa forma, o controle do período de diferimento além de afetar a
produção de forragem, também pode modificar a estrutura do pasto diferido,
caracterizada pela massa de seus componentes morfológicos (SANTOS et al., 2009).
As estratégias de diferimento podem ser divididas das seguintes formas:
5
1. Diferimento único e utilização única: toda a área é diferida em um único momento e
utilizada durante todo o período seco;
2. Diferimento escalonado e utilização única: a área é diferida paulatinamente e
utilizada durante todo o período seco;
3. Diferimento único e utilização escalonada: toda a área é diferida em um único
momento e utilizada paulatinamente durante o período seco;
4. Diferimento escalonado e utilização escalonada: a área é diferida paulatinamente e
utilizada também paulatinamente durante o período seco.
Vários trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos em pastagens no período
seco, avaliando diversos fatores. O uso desta tecnologia utilizada nas pesquisas
realizadas no Brasil está apresentado na Tabela 1.
Tabela 1- Estratégias de diferimento de pastagens utilizadas nos trabalhos científicos publicados no
Brasil
Autor
Mateus et al. (2011)
Estratégia de diferimento
Único e utilização única
Forragem
B. brizantha cv. Marandu
Schio et al. (2011)
Único e utilização única
B. brizantha cv. Marandu
Santos et al. (2010)
Escalonado e utilização única
B. decumbens cv. Basilik
Kling de Moraes et al. (2009)
Único e utilização única
B. decumbens cv. Basilik
Santos et al. (2009)
Escalonado e utilização única
B. decumbens cv. Basilik
Itavo et al. (2007)
Único e utilização única
B. brizantha cv. Marandu
Kling de Moraes et al. (2006)
Único e utilização única
B.brizantha cv. Marandu
Kling de Moraes et al. (2005)
Único e utilização única
B. decumbens cv. Basilik
Baião et al. (2004)
Único e utilização única
B.brizantha cv. Marandu
Santos et al. (2004)
Único e utilização única
B. decumbens cv. Basilik
Canto et al. (2002)
Único e utilização única
P.maximum cv. Tanzânia
Paulino et al. (2002)
Único e utilização única
B.decumbens cv. Basilik
Santos et al. (2002)
Único e utilização única
B.decumbens cv. Basilik
Bueno et al. (2000)
Escalonado e utilização escalonada
B.brizantha cv. Marandu
Costa et al. (1999)
Escalonado e utilização escalonada
P.maximum cv. Tobiatã
O uso variado das estratégias de diferimento e da forragem, com uma
predominância do gênero Brachiarias, e que não foram alvos das avaliações, podem
influenciar o resultado final dos trabalhos.
Independente das estratégias utilizadas, o manejo do pastejo da área, antes do
diferimento, influencia na qualidade nutricional, quando os animais tiverem acesso.
Deverá ocorrer um pastejo intensivo antes do diferimento para que os animais
6
consumam as forragens velhas, de baixa qualidade, além de rebaixar, permitindo a
penetração de luz, induzindo a rebrota e o lançamento de novos perfilhos.
6. Vantagens do diferimento das pastagens
A principal vantagem da técnica estudada é de que com a elevada
disponibilidade de forragem, o animal seleciona partes mais nutritivas do pasto,
resultando em níveis mais elevados de desempenho, porém, o diferimento de pasto é
uma opção para reservar forragem para o período de seca, constituindo ainda uma
salvaguarda conservativa, garantindo sementeamento, fortalecimento das reservas
nutritivas e sistema radicular para o período de rebrota pós-dormência.
Os técnicos e pesquisadores devem estar atentos ao beneficio indireto para a
pastagem, porque a cobertura do solo permite a recuperação da área foliar e, ainda, a
maior quantidade de matéria orgânica no solo implica na recuperação das raízes,
contribuindo para a persistência das pastagens, sobrevivência dos animais e aumento da
taxa de lotação.
6.1. Desempenho dos animais
Matejouvsky e Sanson (1995) observaram, em pastagens diferidas, que maior
proporção de verde resulta em maior degradabilidade e permite maior consumo
voluntário, quando os animais são suplementados, proporcionando respostas positivas
no desempenho animal.
Paulino (1999) apresentou resultados com pastagens vedadas de Brachiaria
brizantha, com disponibilidade de forragem de 3.200 e 1.400 kg.ha-1, no início e final
do período seco, respectivamente, taxa de lotação de 1,4 UA, resultando em ganho
médio diário de 66 g.dia-1 e ganho de peso total de 30 kg.ha-1.
Já Santos et al. (2004) apresentaram resultados em que a pastagem foi vedada e
avaliada sob pastejo contínuo durante a seca, com disponibilidade de forragem de 7.568
kg.ha-1, com lotação de 0,75 UA.ha-1, permitindo a manutenção dos animais e moderado
ganho de peso durante a seca, com média de 104 g.dia-1.
Santos et al. (2009), na região de Viçosa, observaram que o desempenho de
bovinos em recria mantidos em pastagens diferidas é melhor quando o pasto adubado e
suplementado de Brachiaria decumbens cv. Basilisk é diferido por cerca de 70 dias e
utilizado a partir do início do mês de julho.
7
Ítavo et al. (2006), trabalhando em pastagens de Brachiaria brizantha diferidas
por 60 dias, observaram 1,05 kg.dia-1 de ganho médio diário (GMD) para machos
castrados com alta lotação (2,04 UA.ha-1) e 1,12 kg.dia-1 para os animais em baixa
lotação (1,03 UA), durante um período de 120 dias (seca).
Em pastagens diferidas exclusivamente os ganhos são moderados, entretanto, ao
fornecer suplementos, estes tendem a elevar-se. Contudo, ainda é uma alternativa por
permitir, pelo menos, a manutenção do peso, pois normalmente nesta época os animais
estariam perdendo peso.
6.2. Pastagem
Santos et al. (2004) verificaram que o diferimento de sete meses da pastagem de
Brachiaria decumbens proporcionou altas disponibilidades de forragem total, forragem
verde e morta, antes do período de pastejo. A prática de vedação é fundamental para se
manter uma boa disponibilidade de matéria seca e formação de liteiras, bem como na
sua taxa de decomposição, o que afeta significativamente a manutenção da pastagem; é
o que afirmam Abreu et al. (2004).
Ydoyaga et al. (2006), testando métodos de recuperação de pastagens de
Brachiaria decumbens Stapf. no Agreste Pernambucano, observaram que o diferimento
da pastagem por 138 dias no período chuvoso propicia sua recuperação, principalmente
quando associado à adubação nitrogenada e fosfatada.
Segundo Abreu et al. (2004), a prática de vedação é fundamental para se manter
uma boa disponibilidade de matéria seca e formação de liteiras, bem como na sua taxa
de decomposição, o que afeta significativamente a manutenção da pastagem. O
diferimento tem por objetivo permitir que as espécies mais palatáveis se recuperem e
aumentem a sua capacidade de competição com espécies menos desejadas.
Em pastagens nativas, o diferimento é adotado para revigorar a cobertura vegetal
e permitir que as espécies de maior aceitação pelo animal aumentem sua capacidade de
competição, por meio do aumento da área de coroa e da maior produção de sementes
(MARASCHIN, 1994).
6.3. Econômico
O diferimento é uma técnica de baixo investimento, com custos mínimos,
bastando apenas cercar a área e realizar o descanso. Essa estratégia de manejo por
dispensar os investimentos de elevado custo, normalmente associada com a conservação
8
de forragens (máquinas, implementos e estruturas de armazenagem), tem, nos custos de
produção reduzidos, sua principal vantagem.
Santos e Bernadi (2005) realizaram a simulação para determinar os limites da
estratégia de diferimento da pastagem quanto à taxa de lotação. Pela simulação, a taxa
de lotação potencial no Brasil Central seria de 1,24; 1,55 e 1,86 UA.ha-1, enquanto na
região Norte seria de 1,78; 2,23 e 2,68 UA.ha-1 para solos de baixa fertilidade,
respectivamente. Considerando que a taxa de lotação média no Brasil é de 0,6 UA.ha -1,
o diferimento da pastagem constitui tecnologia promissora para aumentar a capacidade
de suporte das pastagens e ganhos econômicos da atividade.
Ítavo et al. (2007) recomendaram a terminação de bovinos em pastagens
diferidas com suplementação proteico-energética no período seco, como prática
economicamente viável
7. Desvantagens do diferimento das pastagens
O diferimento de pastagem é uma tecnologia simples, de baixo investimento,
proporcionando um melhor aproveitamento da pastagem produzida. Apresenta a
desvantagem de ser uma sobra de pasto, massa seca, de baixo valor nutricional, sendo,
portanto, aproveitada apenas com o uso de uma suplementação.
Corsi (1986) afirmou que o diferimento da pastagem tem a desvantagem de não
possibilitar grandes mudanças nas taxas de lotação das pastagens, uma vez que a vigor
da rebrota durante o período seco é limitado por fatores ambientais.
7.1. Desempenho dos animais
Segundo Stobbs (1973), as características estruturais do pasto afetam o tamanho
do bocado, o número de bocado por unidade de tempo, o tempo de pastejo e,
finalmente, o consumo e desempenho animal. O desempenho de ganho de peso dos
animais é influenciado negativamente pela disponibilidade de forragem morta,
permitindo apenas manutenção de pequeno ganho de peso dos animais, durante esse
período.
Santos et al. (2004) verificaram que o prolongamento do período de pastejo em
condições desfavoráveis à rebrota das plantas forrageiras, provavelmente, contribuiu
para o baixo desempenho dos animais, a despeito da forragem acumulada durante o
diferimento.
9
7.2. Pastagem
Santos et al. (2009) afirmam que pastagens diferidas por maior período foram
caracterizadas por maior massa de forragem morta, como resultado da intensificação do
processo de senescência, comum durante o desenvolvimento de pastos mantidos por
longo período de rebrotação. O valor nutritivo do pasto diferido também pode restringir
o desempenho de bovinos, uma vez que, nesses pastos, geralmente os teores de fibra são
elevadas e os percentuais de proteína bruta e a digestibilidade da matéria seca são
baixos (EUCLIDES et al., 1990).
Santos et al. (2004) constataram acamamento do capim, ocorrido em função da
altura atingida pelas plantas forrageiras, e que foi acentuado pela ação dos animais
durante o período de pastejo. De acordo com Parsons et al. (1983), longos períodos de
crescimento comprometem a produção líquida de forragem, por intensificarem tanto as
perdas por senescência quanto as perdas respiratórias de carbono.
Conforme Leite & Euclides (1994), pastagens com baixa disponibilidade de
folhas verdes e alta de caule e material morto são, normalmente, pouco consumidas,
podendo implicar em baixa produtividade dos animais nessas condições, o que resulta
em crescente aumento da proporção de colmos e diminuição da relação folha/colmo na
biomassa da pastagem.
Euclides et al. (1990) afirmam que o diferimento de uma forrageira leva ao
acúmulo de colmo maduro e material morto e decréscimo na disponibilidade de folhas,
com consequente diminuição do consumo e desempenho animal.
7.3. Econômico
Outro fator é a questão que se refere ao planejamento do diferimento, uma vez
que categorias animais deverão ser alocadas, de forma a se obter “espaço” nas áreas de
pastagens, que permanecerão “ociosas” por um período de tempo, impactando
negativamente no sistema, pois, por este momento, não estarão produzindo renda à
atividade. Sendo que, durante este período, poderia estar sendo feito um subpastejo,
com alguma categoria mais leve.
10
II – OBJETIVOS GERAIS
O estudo dos fatores condicionantes das diferentes estratégias da utilização do
pasto diferido e do pastejo sobre a produção forrageira e o desempenho dos animais
pode resultar na recomendação de manejos eficientes para o período seco do ano,
incrementando ganhos econômicos ao sistema de produção bovina a pasto. Assim,
realizou-se este trabalho com o objetivo de avaliar a produção forrageira e a
produtividade animal em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu diferidas,
sobre três estratégias de escalonamento de utilização de pastos durante o período seco
do ano.
.
11
III - MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na Fazenda Boa Vista, localizada no município
de Macarani, Estado da Bahia, entre os meses de julho a outubro de 2010. A etapa de
campo foi implantada numa área de 27 hectares (ha), formadas de Brachiaria brizantha
cultivar Marandu. Os piquetes foram diferidos em 01 de abril de 2010, após o manejo
tradicional da fazenda, e os pastos permaneceram diferidos até julho de 2010.
O experimento iniciou no dia 22 de julho de 2010 e finalizou no dia 16 de
outubro do mesmo ano, no período seco, sendo composto por três períodos de 28 dias
entre os meses de julho, agosto, setembro e outubro, perfazendo 86 dias de experimento.
Através de pluviômetro, foram obtidos os dados de precipitação, e do termômetro
digital foram feitos os registros de temperatura máxima e mínima, durante os meses de
experimento no campo (Tabela 2).
Tabela 2 - Precipitação (mm), Temperatura (ºC) máxima e mínima durante os meses experimentais.
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Precipitação (mm)
36,2
13,9
16,7
40,6
107,41
Temp. Máxima (°C)
26
24
26
28
-
Temp. Minima (°C)
15
15
16
18
-
1
Precipitação acumulada
Foram estudadas as estratégias de utilização do pasto diferido, cujos tratamentos
consistiram em:
Pastejo contínuo – utilização do pasto diferido durante 90 dias do período seco de
forma contínua;
Pastejo escalonado 1 – utilização do pasto diferido durante 45 dias do período seco de
forma escalonada;
Pastejo escalonado 2 – utilização do pasto diferido durante 30 dias do período seco de
forma escalonada.
Utilizou-se 71 novilhas da raça Nelore, com 15 meses de idade e peso corporal
(PC) médio de 273 ± 5 kg, distribuídas de acordo com a disponibilidade da forragem no
período inicial, garantindo uma oferta de forragem de 8 kg de MS/100 Kg de PC.
Os animais foram distribuídos inicialmente da seguinte forma (Tabela 3):
12
Tabela 3 – Distribuição dos animais nos piquetes experimentais.
Tratamento
Contínuo
Escalonado 1
Escalonado 2
Piquetes
Quantidade
Piquetes
Quantidade
Piquetes
Quantidade
A1
11 novilhas
B1
09 novilhas
C1
10 novilhas
A2
06 novilhas
B2
08 novilhas
C2
07novilhas
A3
08 novilhas
B3
06 novilhas
C3
06 novilhas
Total
25 novilhas
Total
23 novilhas
Total
23 novilhas
A área experimental de 27 ha foi dividida em nove módulos de três hectares,
cada tratamento possuía três módulos. No tratamento de pastejo contínuo, os piquetes
não possuíram subdivisões, enquanto no pastejo escalonado 1, os módulos foram
subdivididos em dois piquetes de 1,5 ha; e no pastejo escalonado 2, os módulos foram
subdivididos em três piquetes de 1,0 ha. Na figura 1 está apresentado o croqui da área
experimental.
C2.1
C2.2
C2.3
A2
B1.1
C3.1
C3.2
B3.1
B3.2
B2.2
B2.1
B1.2
C3.3
A1
C1.3
C1.2
C1.1
A3
Figura 1 - Croqui da área experimental.
A suplementação foi fornecida uma vez ao dia, às 10 horas da manhã, em cocho
coletivo, não coberto, de 8 metros de comprimento com acesso duplo, disponibilizando
uma metragem linear de 64 cm por novilha e localizado a 15m da fonte de água, na
proporção de 0,3% do peso corporal, balanceado para conter nutrientes suficientes, para
atender às exigências de ganhos de 0,500 Kg.dia-1, segundo o NRC (1996). Todos os
animais tiveram livre acesso à água e suplemento múltiplo.
13
Na Tabela 4 estão apresentadas as proporções dos ingredientes e a composição
bromatológica da mistura utilizada.
Tabela 4 – Proporção dos ingredientes e composição bromatológica do concentrado experimental
Concentrado
Ingredientes
% da matéria seca
Milho grão moído
66,00
Farelo de soja
26,00
Ureia + SA1
5,00
2
2,52
Sal mineral
Calcário calcítico
0,35
Fosfato bicálcio
0,17
Composição bromatológica
Matéria seca
95,00
Proteína Bruta
30,00
NDT
70,00
FDN
32,00
EE
3,50
CNF
42,40
Cinzas
8,10
1
Mistura composta por nove partes de ureia e uma parte de sulfato de amônia (SA). 2Mistura mineral contendo 233
g de Ca/kg, 80 g de P/kg, 5 g de Mg/kg, 48 g de Na/kg, 25 mg de Co/kg, 380 mg de Cu/kg, 25 mg de I/kg, 1080
mg de Mn/kg, 3,75 mg de Se/kg, 1722 mg de Zn/kg.
Os animais foram pesados no início e fim do período experimental, após jejum
total de 12 horas, e também foram feitas pesagens intermediárias sem jejum a cada 28
dias para ajuste de carga animal nos piquetes e do suplemento fornecido.
A pastagem foi avaliada nos instantes do pré-pastejo e pós-pastejo, para
avaliação da disponibilidade de MS, dos componentes Lâmina Foliar Verde (LFV),
Colmo + Bainha Verde (CBV), Material Morto + Senescente (MSM) e coleta de
amostras para avaliações laboratoriais. A cada 28 dias, foram avaliadas a
disponibilidade de MS nas pastagens, para ajuste da lotação animal nos piquetes.
Em cada piquete foram tomadas 40 amostras visuais dos escores 1, 2 e 3, sendo
que cada escore correspondente à produção baixa, média e alta de massa da forragem,
respectivamente. Em conjunto, nos piquetes também foram coletadas 12 amostras com
um quadrado de 0,5 m2, lançado ao acaso, segundo a metodologia descrita por Mc
Meniman (1997), na qual para cada escore foram coletadas quatro amostras por piquete.
14
Foi realizada a coleta do pasto através do pastejo simulado, observando o pastejo das
novilhas e, posteriormente, coletando o pasto no extrato consumido, simulando o
material ingerido pelo animal.
As estimativas de biomassa residual diária de matéria seca (BRD) foram
realizadas nos piquetes, conforme o método de dupla amostragem (WILM et al., 1994).
Antes do corte, foi estimado visualmente a MS da biomassa da amostra. Utilizando-se
os valores das amostras cortadas e estimadas visualmente, foi calculada a biomassa de
forragem expressa em kg.ha-1 pela equação proposta por Gardner (1986).
A estimativa da taxa de acúmulo diário de MS (TAD) foi realizada através da
equação proposta por Campbell (1966):
TADj = (Gi-Fi-1)/n;
Em que TADj é igual à taxa de acúmulo de MS diária no período j, em kg de
MS/ha/dia; Gi é igual à MS dentro das gaiolas no instante i, em kg de MS/ha/dia; Fi-1é
igual à MS fora da gaiola no instante i-1 , em kg de MS/ha/dia; n é igual ao número de
dias no período j.
A taxa de lotação (TL) foi calculada considerando a unidade animal (UA) como
sendo 450 kg de PC, utilizando-se a seguinte fórmula:
TL = (UAt) / área;
Em que: TL é igual à taxa de lotação, em UA/ha; UAt é igual à unidade animal
total; área é igual à área experimental total, em ha.
As amostras coletadas, conforme a metodologia da dupla amostragem, foram
fracionadas em duas subamostras (50%), sendo uma para determinação do teor de MS e
composição bromatológica, e outra para determinação botânica da Lâmina Foliar Verde
(LFV), Colmo + Bainha Verde (CBV) e Material Morto + Senescente (MSM), dos quais
foram obtidos o peso seco individual e o percentual de cada um deles. Os cálculos de
LFV.ha-1, CBV.ha-1e MSM.ha-1 foram obtidos do percentual de LFV, CBV e MSM,
multiplicado pela biomassa na pastagem em cada data de coleta.
As amostras foram secas em estufas de ventilação forçada de ar a 65°C, por 72
horas, e processadas em moinho tipo Willey, com peneira de malha de 1 mm. Os teores
de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente
ácido (FDA) e cinza foram obtidas conforme metodologias descritas pela AOAC
(1990). O teor de FDN, corrigido para cinzas e proteínas, foi realizado segundo
recomendações de Mertens (2002).
15
Em razão da presença de ureia nas dietas, os CNF foram calculados como
proposto por Hall (2000):
CNF =100 - [(%PB-%PB ureia + %ureia) + %FDNcp + %EE + % MM]
Em que, CNF = carboidratos não fibrosos; %PB = porcentagem de proteína
bruta; %PB ureia = porcentagem de proteína bruta oriunda da ureia; %ureia =
porcentagem de ureia; %FDNcp = porcentagem de fibra em detergente neutro (corrigida
para cinzas e proteína); %EE = porcentagem de extrato etéreo e %MM = porcentagem
de matéria mineral.
O NDT das dietas foi calculado, segundo equação proposta pelo NRC (2001):
NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD.
Em que, PBD, EED, FDNcpD e CNFD significam, respectivamente, proteína
bruta digestível, extrato etéreo digestível, fibra em detergente neutro (corrigida para
cinzas e proteína) digestível e carboidratos não-fibrosos digestíveis.
O consumo de matéria seca do suplemento (CMSS) foi estimado com o auxílio
do indicador dióxido de titânio, segundo metodologia utilizada por Titgemeyer et al.
(1997). Utilizou-se 10 gramas do indicador dióxido de titânio por animal/dia
diretamente no cocho, misturado ao concentrado, durante 12 dias consecutivos, segundo
procedimento descrito por Valadares Filho et al. (2006). Os sete primeiros dias foram
destinados à adaptação e regulação do fluxo de excreção do indicador e os cinco dias
restantes para coleta das fezes. O procedimento destinado à mensuração da
digestibilidade dos nutrientes começaram no 45º dia do período experimental,
estendendo-se por onze dias, quando os animais já estavam adaptados à dieta.
A determinação da concentração do dióxido de titânio foi feita da seguinte
forma, uma amostra de 0,5 g de fezes foi digerida, por 2 horas, em temperatura de
400ºC, em tubos para determinação de proteína (micro KJELDAHL). Após a digestão,
10 mL de H2O2 (30%) foram adicionados lentamente ao material do tubo, transferido
para um béquer e completado com água destilada até 100 mL. Logo após esse
procedimento, o material do béquer foi transferido para balões de 100 mL e foi
adicionados mais 3 gotas de H2O2 (30%). Na digestão foram utilizados 15 mL de ácido
sulfúrico e 5 g da mistura digestora para proteína (macro KJELDAHL). Uma curva
padrão foi preparada com 0, 2, 4, 6, 8 e 10 mg de dióxido de titânio e as leituras foram
realizadas em espectrofotômetro de absorção atômica, com comprimento de onda de
410 nm, no Laboratório de Nutrição Animal do DZO/UFV/MG .
16
Para estimativa voluntária do consumo de volumoso, foi utilizado o indicador
interno FDN indigestível (FDNi), obtido após incubação ruminal por 240 horas
(CASALI, 2009), de 0,5 gramas de amostras de alimentos (forragem, concentrado) e
fezes, utilizando sacos de tecidos não tecidos (TNT), gramatura 100 (100 g.m²), 5 x 5
cm. O material remanescente da incubação foi submetido à extração com detergente
neutro, lavados com água quente e acetona, secos e pesados (MERTENS, 2002) para
quantificação dos teores de FDNi.
A digestibilidade aparente total e o consumo de matéria seca dos nutrientes do
pasto e suplemento foram estimados a partir da produção fecal, verificada com auxílio
de óxido crômico (Cr2O3), como indicador externo, e da fibra em detergente neutro
indigestível (FDNi), como indicador interno. Para esta avaliação, foram selecionadas
seis novilhas de cada tratamento, foi fornecida uma dose diária de dez gramas de óxido
crômico durante onze dias por via oral, sendo que, os seis primeiros dias constituíram o
período de adaptação dos animais ao manejo e a estabilização da excreção de cromo nas
fezes, e nos cinco dias restantes, às 10h, era feita a coleta de aproximadamente 300g de
fezes, diretamente da ampola retal do animal, sendo que, neste momento, também foi
administrada a dose diária do indicador. As amostras coletadas foram compostas com
base no peso seco ao ar, separadas por tratamento e por período, as quais posteriormente
foram analisadas quanto aos teores de cromo, em espectrofotômetro de absorção
atômica, conforme metodologia descrita por Willians et al. (1962). A determinação da
produção fecal foi feita conforme a equação abaixo:
PF = OF / COF;
Em que, PF é a produção fecal diária (g/dia); OF, óxido crômico fornecido
(g/dia) e COF é a concentração de óxido crômico nas fezes (g/gMS).
O CMS foi obtido através da seguinte equação:
CMS = { [ ( PF * CIFZ ) – IS ] / CIFR }+ CMSS;
Em que, CMS é o consumo de MS (kg/dia); PF é a produção fecal (kg/dia);
CIFZ, concentração do indicador presente nas fezes (kg/kg); IS é o indicador presente
no suplemento (kg/dia); CIFR é a concentração do indicador presente na forragem
(kg/kg) e o CMSS é o consumo de MS do suplemento (kg/dia).
Baseado na metodologia de Penning & Hooper (1985), foram realizados os
testes de pastejo, divididos em duas sessões, com duração de 45 minutos, utilizando
dois animais testes de cada tratamento, no início da manhã, às 6:00 horas, foram
monitorados por avaliadores treinados, por meio da contagem do número de estações
17
alimentares escolhidas, do número de passos dados pelos animais, do número de
bocados e do tempo de alimentação.
Uma estação alimentar foi definida como o semicírculo hipotético disponível em
frente ao animal, que pode ser alcançado sem que seja necessário mover as patas
dianteiras. Os passos foram contados utilizando-se como critério a movimentação das
patas dianteiras, enquanto que o tempo de alimentação foi computado como o período
efetivo de captura da forragem, desconsiderando os períodos de deslocamento e
procura, pois, quando o animal efetuou deslocamento por um período maior que seis
segundos, sem ingestão de forragem, os cronômetros foram desligados. Ao final dos
primeiros 45 minutos, os avaliadores começaram a avaliar o segundo animal.
Os sistemas de produção foram diferenciados pelo tipo de utilização do pasto
diferido, nos quais os ganhos de peso foram diferenciados pelos índices tecnológicos
que serviram para a estruturação dos modelos. As análises de viabilidade econômica
foram realizadas após a coleta dos dados e avaliação do desempenho produtivo
biológico do experimento, sobretudo, os consumos de suplemento e os ganhos de peso
médios diários referentes aos três tratamentos.
As informações necessárias para a elaboração deste trabalho e composição dos
custos, bem como os dados utilizados (preços, vida útil etc.) foram coletados junto aos
produtores rurais, técnicos de extensão rural, estabelecimentos comerciais da região e
órgãos oficiais de estatística da pecuária do Governo Estadual e Federal, sendo realizada
uma média de preços do ano de 2013. Foram consideradas, para avaliação do custo de
produção, as metodologias de custo operacionais utilizada pelo IPEA (MATSUNAGA
et al., 1976).
Os indicadores da viabilidade econômica dos tipos de diferimentos analisados
foram: peso corporal inicial; peso corporal final; área de pastagens por tratamento;
ganho de peso médio diário; consumo de suplemento (consumo de suplemento por
animal/dia multiplicado pelos animais de cada tratamento e pelos dias do período de
suplementação); preço dos suplementos; número de animais; custo do suplemento por
animal (consumo, em kg/número de animais/91 dias, multiplicado pelo preço, de acordo
a SEAGRI, 2013); mão de obra, medicamentos, manutenção de cercas; custo total por
animal; preço médio da carne (média de preços da @ da vaca gorda de acordo o Cepea,
2013); renda bruta por animal (preço médio da carne vendida, em R$/kg, multiplicado
pela produção, kg/número de animais/91 dias); custo total da produção de carne por
animal (em R$/animal/91 dias); preço de aquisição da @ da vaca, média de preços da @
18
da vaca gorda de acordo o Cepea (2013); capital investido/91 dias (somatório do custo
total, em R$/91 dias + compra da vaca, em R$/91 dias); retorno da aplicação na
caderneta de poupança com taxa líquida de 6,00% ao ano (capital investido, em
R$/ha/91 dias, multiplicado por 4,00%);
A depreciação de benfeitorias, máquinas, equipamentos e animais de serviço
foram estimados pelo método linear de cotas fixas, com valor final igual a zero. Para a
remuneração do capital, utilizou-se a taxa de juro real de 6% ao ano.
Utilizaram-se, para efeito de estudo da análise econômica, dois indicadores
econômicos: o VPL (valor presente líquido) e a TIR (taxa interna de retorno). A
expressão para cálculo do VPL é a seguinte:
Em que, VPL = valor presente líquido; VF = valor do fluxo líquido (diferença
entre entradas e saídas); n = número de fluxos; r = taxa de desconto; t = período de
análise (i = 1, 2, 3...).
No cálculo do VPL, aplicaram-se três taxas de desconto sobre o fluxo líquido
mensal de cada sistema de produção. As taxas adotadas foram 6, 10 e 12% ao ano.
Para a TIR, segundo os critérios de aceitação, quanto maior for o resultado
obtido no projeto, maior será a atratividade para sua implantação. Assim, a TIR é o
valor de r que iguala a zero a expressão:
Em que, VF = fluxos de caixa líquido (0, 1, 2, 3,...,n); r = taxa de desconto.
Para cálculo da TIR e do VPL, fez-se uma simulação de um ano para estudo de
características econômicas, sendo computada, assim, a depreciação de benfeitorias e
máquinas neste período.
19
Na tabela 5, estão apresentados os preços médios da vaca gorda no ano de 2013
na praça comercial de Itapetinga/BA e de insumos e serviços utilizados no experimento.
Tabela 5 - Preço médio da vaca gorda no ano de 2013 na praça comercial de Itapetinga/BA e de insumos
e serviços utilizados no experimento.
Produto
Carne
Concentrado
Brachiaria brizantha
Vermífugo
Vacina
Mão-de-obra (diária)
Outros
Unidade
@ da vaca gorda
kg de matéria seca
kg de matéria seca
6 mL
2 doses (Aftosa e C. sintomático)
Diária
-
Preço unitário (R$)
95,00
0,65
0,05
0,90
2,10
35,00
0,30
Na tabela 6, estão apresentados de forma detalhada, os dados sobre preços de
insumos e serviços, a vida útil e o valor de benfeitoria máquinas e equipamentos, animal
de serviço e terra, utilizados no experimento.
Tabela 6 - Vida útil e valor de benfeitoria, máquinas, equipamentos, animal e terra.
Produto
Novilhas
Balança de
curral 1500 kg
Balança
pequena 50 kg
Arreios
dos
animais
Cercas
Cochos
Utilidades
de pequeno
valor
Animal de
serviço –
Eqüino
Curral
capacidade
de 70
animais
Terra com
pasto
Capital
fixo
investido
(R$)
Contínuo
Quant.
Valor
utilizada total (R$)
Tratamento
Escalonado 1
Quant.
Valor total
utilizada
(R$)
Escalonado 2
Quant.
Valor total
utilizada
(R$)
Vida
útil
(dias)
-
Valor
unit. (R$)
855,00
25
21.375,00
25
21.375,00
25
21.375,00
10950
8.000,00
1 unid.
8.000,00
1 unid.
8.000,00
1 unid.
8.000,00
3650
100,00
1 unid.
100,00
1 unid.
100,00
1 unid.
100,00
1095
600,00
1 unid.
600,00
1 unid.
600,00
1 unid.
600,00
10950
730
13,38
50,00
800 m
13 unid.
10.704,00
650
900 m
12 unid.
12.042,00
650,00
1000 m
11 unid.
13.380,00
650,00
730
53,00
-
53,00
-
53,00
-
53,00
5475
1.000,00
1 unid.
1.000,00
1 unid.
1.000,00
1 unid.
1.000,00
10950
11.200,00
1 unid.
11.200,00
1 unid.
11.200,00
1 unid.
11.200,00
5.000,00
9 ha
45.000,00
9 ha
45.000,00
9 ha
45.000,00
-
-
98.682,00
-
100.020,00
-
101.358,00
-
20
Todas as análises estatísticas foram realizadas por intermédio do programa
computacional SAEG (RIBEIRO JR., 2001). Os dados foram interpretados,
estatisticamente, em delineamento inteiramente casualizado, usando teste de Tukey e
adotando-se o nível de 5% de probabilidade.
21
IV- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de MS para os componentes da Brachiaria brizantha cv. Marandu não
diferiram (P>0,05) como apresentados na Tabela 7, tanto nas avaliações pré-pastejo
quanto nas pós-pastejo. No pré-pastejo, a compreensão para este resultado pode ser
entendida, pois todos os tratamentos foram vedados na mesma data. Entretanto, ao final
das avaliações, os resultados podem ser compreendidos em função do uso da pastagem
com as mesmas pressões de pastejo nos três tratamentos testados. O resultado está
abaixo do valor de 93,3% de MS no início do uso do pasto diferido encontrado por
Pereira et al. (2008), para o início de utilização do pasto diferido, que foi de 48,3% para
a amostra composta, que engloba as folhas, colmo e material senescente.
Não houve diferença (P>0,05) para os teores de PB de todos os componentes da
forragem, tanto ao início quanto ao final das avaliações. Para o material composto, o
valor de 4,3% e 5,8% para o pré e pós-pastejo das avaliações, respectivamente, estão de
acordo com o esperado para o período seco do ano e espécie forrageira. Segundo
Lazzarini et al. (2009), as gramíneas tropicais apresentam baixo valor nutritivo e teor
proteico inferior ao valor mínimo de 7,0% para que os microrganismos tenham
condições de utilizar os substratos energéticos fibrosos da forragem ingerida.
Os teores de PB indicaram uma melhoria da qualidade do pasto consumido no
momento pós-pastejo, que ocorreu no mês de outubro, resultado este decorrente da
precipitação ocorrida durante este período (Tabela 2). As folhas são os componentes de
melhor valor nutricional entre as partes da forragem, como mostra o resultado na Tabela
5, não ocorrendo diferença estatística (P>0,05) entre os tratamentos tanto no pré-pastejo
quanto no pós-pastejo, desde que se permita uma oferta de forragem na qual os animais
selecionem o consumo de folhas e que recebam uma suplementação proteica. Espera-se
que os ganhos dos animais sejam superiores às médias históricas encontradas para a
época do ano.
Não houve diferença significativa (P>0,05) para os teores de FDNcp em
nenhuma das avaliações e componentes avaliados, como observado na Tabela 7. Santos
et al. (2004) encontraram os valores de 80,9% e 82,92% de FDNcp para a Brachiaria
decumbens nos meses de julho e outubro, respectivamente. Valores estes semelhantes
aos encontrados neste trabalho, que foram de 81,43% e 79,90% da FDNcp, também
para os meses de julho e outubro, respectivamente.
22
Tabela 7 – Valor médio dos componentes morfológicos do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu
diferido, submetidos a diferentes estratégias de utilização.
Composta
MS
PB
FDNcp
FDA
LIG
EE
Cinzas
CNF
Pré-pastejo
1*
2*
48,9
49,7
3,9
4,2
82,0
81,0
54,7
57,2
8,0
7,5
1,5
1,7
6,2
6,6
9,0
8,1
MS
PB
FDNcp
FDA
LIG
EE
Cinzas
CNF
1
35,2
7,1
80,9
46,1
6,5
1,8
6,4
16,2
MS
PB
FDNcp
FDA
LIG
EE
Cinzas
CNF
1
38,6
3,3
79,9
58,5
12,6
1,3
4,7
4,3
3*
46,3
4,8
81,3
57,7
8,7
1,7
6,6
7,4
Pré-pastejo
2
3
37,7 37,3
7,6
7,2
79,0 81,2
47,1 49,5
6,2
6,1
1,9
1,8
6,6
6,8
15,4 15,8
Pré-pastejo
2
3
39,4 41,0
3,6
3,3
81,0 80,4
58,7 58,8
11,4 11,4
1,4
1,4
4,3
4,0
4,4
5,0
CV
16,45
16,67
2,40
3,71
13,17
16,98
14,81
10,47
CV
9,21
10,28
2,34
6,53
29,39
27,42
5,17
7,59
P
0,8638
0,3592
0,6979
0,2514
0,4544
0,5313
0,8270
0,1527
Folha
P
0,6456
0,6887
0,3387
0,4351
0,9648
0,9696
0,4936
0,7207
Colmo
1
35,4
5,9
80,6
61,7
6,2
1,4
9,6
11,0
Pós-pastejo
2
3
34,6
33,3
5,8
5,7
79,1
80,0
61,7
67,3
5,7
5,7
1,6
1,6
11,0
5,7
10,0
8,8
Pós-pastejo
1
2
35,6
31,9
9,0
8,6
73,3
73,7
56,4
54,1
4,3
4,5
2,4
2,1
6,5
6,5
15,0
15,7
CV
P
1
8,15
0,6726
29,6
14,73
0,7574
4,9
2,29
0,7272
84,7
2,89
0,9841
68,4
13,39
0,5534
9,5
15,47
0,9267
0,8
22,98
0,7048
5,5
26,13
0,7568
7,8
Material senescente
Pós-pastejo
2
35,7
4,3
85,0
65,6
9,3
1,3
5,3
8,0
3
34,3
8,7
75,5
55,3
4,7
2,1
6,4
15,7
3
35,9
3,7
84,5
67,0
9,2
1,2
7,3
6,8
CV
6,30
20,05
5,87
5,3
13,5
22,6
33,4
20,8
P
0,5313
0,1589
0,2569
0,1468
0,6815
0,7086
0,1460
0,3394
CV
7,42
8,10
2,71
3,88
10,37
28,60
7,21
7,01
P
0,2776
0,7149
0,4643
0,4885
0,5974
0,7858
0,9600
0,6655
CV
11,92
16,37
3,42
7,15
7,36
34,98
28,4
27,8
Pré-pastejo
Pós-pastejo
1
2
3
CV
P
1
2
3
CV
MS
73,1 72,7 78,4
11,42
0,6791
36,5
38,9 36,8
8,65
PB
2,5
2,7
3,0
25,75
0,6275
3,0
3,0
3,2
14,39
FDNcp 87,2 87,4 85,0
4,34
0,7048
89,5
85,2 88,4
4,06
FDA
61,0 60,7 61,6
12,04
0,9861
68,4
64,7 67,6
4,4
LIG
24,5 15,6 23,0
49,05
0,5557
16,9
12,3 20,0
42,30
EE
0,85
1,2
1,2
40,96
0,5520
1,2
1,3
1,7
46,37
Cinzas
7,2
6,5
7,1
8,67
0,3056
10,
7,6
8,8
29,55
CNF
7,8
8,0
7,0
18,40
0,6297
8,5
11,7
9,9
28,9
*1- pastejo contínuo; 2-pastejo diferido 1; 3-pastejo diferido 2
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
P
0,1748
0,1740
0,9744
0,7872
0,8427
0,2718
0,3506
0,7568
P
0,6249
0,8491
0,3746
0,3312
0,4431
0,6887
0,3950
0,4583
Conforme apresentado por Silva et al. (2009), as composições bromatológicas
das Brachiaria no período seco, sob pastejo, apresentam altos teores de FDNcp, com
média de 74,50%. Os valores encontrados neste estudo foram superiores às médias
encontradas pelos autores, mostrando que a qualidade da forragem utilizada no presente
experimento estava abaixo do necessário para proporcionar ganhos elevados aos
23
animais, pois a concentração de FDNcp na dieta está correlacionada com o CMS em
razão da fermentação mais lenta e de maior tempo de permanência no rúmen.
Os níveis de FDA, LIG, EE, CINZAS e CNF não variaram estatisticamente
(P>0,05) entre os componentes da forragem em nenhum dos tratamentos estudados,
reflexo de que o simples uso de táticas de utilização ao uso do diferimento não é capaz
de modificar a composição bromatológica da forragem. Em pastejo, o animal seleciona
as partes mais nutritivas das forragens, recusando ingerir as inferiores, causando uma
decrescente queda na qualidade e, como consequência, o pasto disponível ao final do
período de diferimento é uma combinação da rebrota, que é muito baixa nesta época e
da forragem recusada.
A produção de matéria seca (MS) da Brachiaria brizantha cv. Marandu não
variou com a utilização dos diferentes manejos do pasto diferido (P>0,05), conforme
dados da Tabela 8, na qual se verificou uma disponibilidade média de 7.050 kg de MS.
ha-1 e de 4.645 kg de MS. ha-1 para o pré e pós-pastejo das avaliações, respectivamente.
Bueno et al. (2000), Euclides et al. (2007) e Santos et al. (2010) observaram que
o maior modificador na produção de massa forrageira foram as épocas em que se
iniciou o diferimento. Como no presente trabalho, o diferimento foi realizado num
único momento para os três tratamentos testados, esta semelhança na produção
forrageira era esperada. Para qualquer momento do período experimental, as
disponibilidades de forragem total e verde sempre estiveram acima dos 3.000 kg.ha-1,
valores abaixo deste irá influenciar negativamente e reduzir o consumo de matéria seca
(CMS) pelos animais mantidos em pastagem (MINSON, 1990).
Para a produção de MS.ha-1, tanto de Lf, Col e Mse, não se observou diferença
(P>0,05) para nenhum dos tratamentos testados, tanto no pré-pastejo, instante este em
que a pastagem ainda não sofreu o efeito do pastejo, quanto no pós-pastejo das
avaliações. Esse fato se deve a mesma carga animal e pressão de pastejo aplicada nos
piquetes, onde a oferta de forragem (OF) utilizada foi de 8%, para todos os tratamentos,
proporcionando condições de igualdade para selecionar os componentes da dieta.
24
Tabela 8 – Disponibilidade de matéria seca total (MST), matéria seca da lamina foliar (MSLf), matéria
seca do colmo (MSCol), matéria seca do material senescente (MSMse), biomassa residual diária (BRD)
e taxa de acúmulo diário (TAD) do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu diferido, submetidos a
diferentes estratégias de utilização.
Tratamento
Contínuo
Escalonado 1
Escalonado 2
CV
P
Pré Pastejo
Disp. de MST (kg/ha de MS)
7.008
7.369
6.769
18,37 0,8524
Disp. de MSLf(kg/ha de MS)
3.296
3.422
3.051
20,93 0,8012
Disp. de MSCol(kg/ha de MS)
2.491
2.704
2.530
18,37 0,8459
Disp. MSMse(kg/ha de MS)
1.221
1.243
1.188
13,19 0,9142
Pós-pastejo
Disp. de MST (kg.ha-1 de MS)
4.869
4.394
4.672
14,40 0,6979
Disp. de MSLf(kg.ha-1 de MS)
928
852
927
16,16 0,7728
Disp. de MSCol(kg.ha-1 de MS)
1.895
1.571
1.766
29,53 0,7513
Disp. de MSMse(kg.ha-1 de MS)
2.046
1.935
1.978
14,73 0,8984
BRD (kg de MS/ha/dia)
60,12
60,32
64,56
17,89 0,9123
TAD (kg MS/ha/dia)
10,90
12,78
11,84
20,76 0,8765
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
Não houve diferença (P>0,05) para a BRD e TAD (Tabela 7). Observa-se que os
valores encontrados não permitiram um acréscimo significativo da massa forrageira em
nenhum dos tratamentos. Comportamento este que não foi suficiente para acrescentar
maior suporte de carga, mesmo nos tratamentos em que o pastejo foi fracionado e que
tiveram mais dias de descanso. Fagundes et al. (2005) encontraram o valor de 9,7 kg
MS/ha/dia, para a TAD, próximo à média do presente trabalho, que foi de 11,84 kg
MS/ha/dia. Os autores consideraram que o efeito da estação do ano influencia nestes
resultados, pois na época seca é quando a água, luz e temperatura são limitantes para os
processos de formação, desenvolvimento e favorecimento da senescência da forrageira.
A componente Lf inicialmente foi a estrutura de maior disponibilidade na
pastagem (Tabela 8), tendo uma produção média de 3.256,33 kg.ha-1 e, ao final do
período experimental, este componente passou a ser o de menor quantidade na
pastagem, tendo em média 902,33 kg.ha-1, refletindo o efeito do pastejo seletivo.
As variações nos componentes morfológicos relacionam-se não apenas com a
menor rebrota e a senescência natural da Brachiaria brizantha cv. Marandu,
adicionando-se ainda a este evento o déficit hídrico durante esta época do ano, mas
também ao processo de pastejo, uma vez que os animais selecionam folhas,
evidenciados pelo desaparecimento da MS da folha que saiu do valor inicial de 3.296
kg.ha-1 para o valor de 928 kg.ha-1, tendo uma redução de 72%.
As porcentagens de Lf, Col e Mse não foram influenciados (P>0,05) pelos
tratamentos de manejo do pasto diferido, nos quais a proporção de Lf diminuiu de
45,7%, no início da avaliação, no final de julho, para 19% no final de outubro, quando
25
terminaram as avaliações, enquanto que a de MSMse elevou de 17% para 42,7% e a
porcentagem de Col durante todo o período esteve próxima com valores de 36,3%
inicial para 37% no final. A baixa TAD e a seletividade de pastejo das novilhas pelas
partes mais nutritivas da forragem contribuíram para estes resultados (Tabela 9),
influenciando na redução da massa de folha verde ao final das avaliações da pastagem e
aumento da proporção de material senescente.
Tabela 9 – Valores médios das percentagens de lâmina foliar (Lf), colmo (Col) e material senescente
(Mse) e relação folha/colmo, do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu diferido, submetidos a
diferentes estratégias de utilização.
Tratamento
Continuo
Escalonado 1
Escalonado 2
CV
P
Pré Pastejo
Lamina Foliar (%)
47
46
44
3,38
0,3340
Colmo Verde (%)
35
37
37
3,07
0,2289
Material Senescente (%)
17
17
17
7,16
0,7728
Relação LF:CV
1,2
1,2
1,2
12,90
0,9543
Pós Pastejo
Lamina Foliar (%)
19
19
20
18,31
0,9841
Colmo Verde (%)
38
35
38
20,27
0,8830
Material Senescente (%)
42
44
42
10,50
0,8638
Relação LF:CV
0,5
0,5
0,5
15,76
0,2334
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
Santos et al. (2010) afirmaram que durante o período de diferimento ocorre
aumento nas massas de colmo verde e de forragem morta e menor relação lâmina foliar
verde:colmo nos pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Esse fato pode ser
observado na Tabela 9, na qual a relação folha:colmo inicial partiu do patamar de 1,2:1
para a relação de 0,5:1, mostrando que também, para o Brachiaria brizantha cv.
Marandu submetida ao diferimento e sofrendo pastejo, estas relações se modificam de
forma negativa ao final dos períodos de pastejo na época seca, independentemente do
escalonamento ou não desta pastagem.
Não houve efeito significativo (P>0,05) para o consumo de matéria seca do
suplemento (CMSS), tanto em kg.dia-1 quanto em % PC (Tabela 8); a quantidade
fornecida foi de 0,3% do PC para todos os tratamentos. Entretanto, os valores
apresentados na Tabela 8, diferentes do fornecido, podem ser explicados pela
superestimação do indicador. O fornecimento do suplemento tem como função
proporcionar um maior consumo de matéria seca da forragem (CMSF), devido a
melhorias no ambiente ruminal, pela inclusão de amônia ruminal, através da inclusão de
nitrogênio não proteico (NNP) e proteína verdadeira, ocasionando uma melhoria na
26
capacidade de degradação da fibra pelos microrganismos celuloliticos, elevando, assim,
a capacidade de consumo de forragem.
Tabela 10 – Consumo médio diário de matéria seca do suplemento (CMSS), matéria seca da forragem
(CMSF), matéria seca total (CMST), fibra em detergente neutro da forragem (CFDNF) e da fibra em
detergente neutro total (CFDNT) de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de utilização da
pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Tratamento
Continuo
Escalonado 1
Escalonado 2
CV
P
Kg.dia-1
CMSS
0,799
1,093
1,121
34,08
0,1698
CMSF
5,65
5,68
6,02
22,72
0,7333
CMST
6,50
6,75
7,11
22,80
0,6630
CPB
% Peso Corporal
CMSS
0,28
0,38
0,37
32,57
0,2772
CMSF
1,82
1,96
1,96
20,78
0,7283
CMST
2,25
2,30
2,30
21,00
0,5726
CFDNF
1,55
1,45
1,45
19,70
0,7219
CFDNT
1,65
1,57
1,56
19,30
0,8485
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
Para o CMSF e CMST em kg.dia-1 e % PC (Tabela 10), não houve diferença
(P>0,05). Os valores encontrados estão conforme as informações relatadas na literatura
para a categoria, raça, forragem e época do ano. Provavelmente, a semelhança dos
teores de FDNcp (Tabela 7) dos pastos induziu ao semelhante consumo de nutrientes,
independente da estratégia de escalonamento do diferimento. Schio et al. (2011),
trabalhando também com Brachiaria brizantha cv. Marandu e novilhas de mesma
idade, peso e genética às do presente experimento, recebendo ainda 0,25% do PC em
suplemento, encontraram o valor de 2,3% do PC de CMST. Valor este próximo aos
2,28% do PC de CMST médio encontrado no presente trabalho.
O CFDNF e CFDNT não variaram entre os tratamentos (P>0,05), como reflexo
da verossimilhança qualitativa e quantitativa da forragem (Tabela 7 e 8), oferta de
forragem, carga animal e suplementação fornecida. Como esperado, o consumo dos
nutrientes da dieta, em quilogramas por dia e porcentagem do peso corporal, seguiram
mesma tendência, pois o consumo de suplemento foi fixo (0,3% do PC das novilhas) e
ainda as condições de pastagem foram semelhantes, como pode ser observado na Tabela
6.
Segundo Gontijo Neto et al. (2006), em estudos com forrageiras tropicais,
encontram-se com frequência valores para consumo de FDN acima de 1,2% do PV,
confirmando a necessidade de validação ou determinação deste índice para condições
tropicais. Na literatura nacional, a média para o consumo de FDN em relação ao peso
27
corporal foi de 1,6% (SOUZA et al., 2012), valor semelhante encontrado no presente
trabalho, assim como os teores de FDN da forragem (Tabela 7) acima de 80%,
conferindo, assim, credibilidade e validando a afirmativa de subestimação dos valores
de consumo de FDN para pastagens tropicais.
Não houve diferença significativa (P>0,05) para o coeficiente de digestibilidade
da matéria seca (CDMS). A semelhança nas condições da forragem e o mesmo nível de
suplementação proporcionou esta igualdade de resultados. Entretanto, quando a
digestibilidade apresenta-se em patamares abaixo de 50%, devido à baixa qualidade da
forragem, pode comprometer o desempenho animal, que, pelos dados apresentados na
Tabela 11, a digestibilidade média da MS foi de 59,3%. Schio et al. (2011) encontraram
o valor médio de 50,82% de CDMS, o valor encontrado não limitou a capacidade de
produção das novilhas.
Tabela 11 – Coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS), proteína bruta (CDPB), fibra em
detergente neutro (CDFDN), dos carboidratos não fibrosos (CDCNF) e NDT, de novilhas Nelore
submetidas a diferentes estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Tratamento
Digestibilidade (%)
Contínuo
Escalonado 1
Escalonado 2
CV
P
CDMS
60,3
57,2
60,4
8,3
0,1855
CDFDN
57,1
53,5
56,4
8,5
0,1684
CDPB
73,3
68,3
70,9
10,7
0,3577
CDCNF
76,0
77,0
80,0
10,0
0,1413
NDT
57,5
55,3
59,0
8,9
0,1469
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
O escalonamento do uso da pastagem diferida não promoveu diferença
estatística (P>0,05) para a digestibilidade da fibra em detergente neutro (CDFDN).
Provavelmente, em função do nível de suplementação e semelhanças bromatológicas da
forragem para os distintos tratamentos, permitiu uma igualdade de ingestão dos
nutrientes ocasionando a igualdade na CDFDN. Por outro lado, pode-se afirmar que,
para todos os tratamentos, houve um efeito associativo positivo do suplemento, pois em
momento algum a digestibilidade foi comprometida.
Não houve diferença (P>0,05) para os coeficientes de digestibilidade da proteína
bruta (CDPB), com valores médios de 70,83%, respectivamente, possivelmente, devido
a uma oferta de forragem, que permitiu a seleção das partes mais nutritivas da forragem
pelos animais e níveis de suplementação semelhante, permitindo uma semelhança nos
teores de nutrientes ingeridos. Corroborando estes resultados, Sales et al. (2008),
testando níveis de concentrado, estimaram a digestibilidade aparente total máxima de
63,22% da PB com 0,832 kg de NDT na dieta.
28
Não houve diferença (P>0,05) para o CDCNF (Tabela 11). O valor médio de
77,7% para o CDCNF foi inferior aos de Moraes et al., 2009; Sales et al., 2008; Oliveira
et al., 2008 e Acedo et al., 2007, que foram, respectivamente, de 85,10; 87,27; 89,17 e
87,70%, fato que parece estar associado ao nível de suplementação, com reduzida
participação de concentrado, principalmente, com grãos ricos em amido, que possuem
teores maiores de carboidratos não estruturais e permitindo uma igualdade entre os
tratamentos quanto ao consumo e digestibilidade dos carboidratos estruturais, que são
menos digestíveis.
O peso corporal final (PCF), ganho médio diário (GMD) e ganho total (GT) não
foram influenciados (P>0,05) pelo uso do pasto diferido escalonado, provavelmente em
razão da inexistência de efeito deste fator sobre a massa de forragem nas pastagens
diferidas, nível de suplementação e lotação animal. Características intimamente
correlacionadas ao desempenho de bovinos em pastagens, justificativo estas que estão
intrinsecamente relacionadas com os resultados relativos aos ganhos por hectare, nos
quais nenhuma das variáveis testadas obteve diferenças (P>0,05), como exposto na
Tabela 12.
Tabela 12 – Desempenho produtivo por animal e por hectare de novilhas Nelore submetidas a diferentes
estratégias de utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Contínuo
Peso corporal inicial (Kg)
Peso corporal final (Kg)
Ganho médio diário (Kg)
Ganho peso total (Kg)
272,6
312,8
0,446
38,52
Peso por hectare inicial (Kg)
Peso por hectare final (Kg)
Ganho de peso por hectare (Kg)
Taxa de lotação inicial (UA/Ha)
Taxa de lotação final (UA/Ha)
Acréscimo na taxa de lotação (UA/ha)
757,2
868,9
111,7
1,7
1,9
0,2
Tratamento
Escalonado 1
Escalonado 2
Desempenho por animal
273,4
273,8
309,2
321,2
0,417
0,500
35,86
43,00
Desempenho por hectare
698,6
668,7
790,2
773,8
91,6
105,1
1,6
1,5
1,8
1,7
0,2
0,2
CV
P
9,27
33,94
33,90
0,8567
0,1953
0,1974
27,61
33,13
27,61
33,13
0,8567
0,7649
0,8567
0,7649
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
Euclides et al. (1990) afirmaram que o diferimento de uma forrageira leva ao
acúmulo de colmo maduro e material morto e decréscimo na disponibilidade de folhas,
com consequente diminuição do consumo e desempenho animal. Entretanto, ao
adicionar um suplemento que permita um incremento de N para a microbiota ruminal e
especificamente a bactérias celuloliticas, ocorrerá um acréscimo no consumo e,
29
consequentemente, no desempenho dos animais, sendo assim, por si só a prática do
diferimento não é responsável por maiores ganhos produtivo.
O desempenho das novilhas mantidas nas três estratégias de uso da pastagem
diferida foi alcançado, uma vez que a suplementação de 0,3% do PC utilizada neste
trabalho foi formulada para que os animais expressassem desempenho médio de 0,500
kg.dia-1. Entretanto, apesar da queda na massa de forragem durante todo o período do
uso das pastagens, apresentaram valores superiores ao limite de 2.000 kg de MS.ha-1 ,
indicando, assim, que a disponibilidade de forragem não limitou o consumo e o
desempenho animal.
Para o número de estações alimentares por minuto, não houve diferença
significativa (P>0,05) para os tratamentos (Tabela 13). Como a disponibilidade de
forragem foi semelhante para todos os tratamentos, possibilitando à mesma condição de
colher as forragens entre todos os animais testados, o que permite inferir que as novilhas
optaram por pastejo em patch o mais próximo possível entre eles, onde não houve um
favorecimento para mudanças de estação alimentar, devido à boa disponibilidade de
forragem. Os valores de 2,42 estações alimentares por minuto foram semelhantes aos
encontrados por Teixeira et al. (2011) para o tratamento de 100 kg de nitrogênio.ha-1
que foi de 2,2.
Tabela 13 – Número de estação alimentar por minuto, passos por minuto, bocados por minuto e
bocados por estação alimentar de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de utilização
da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Estação alimentar por minuto
Passos por minuto
Bocados por minuto
Bocados por estação alimentar
Contínuo
2,54
9,0
21,9
9,0
Tratamento
Escalonado 1
2,14
6,0
18,8
13,0
Escalonado 2
2,58
9,0
18,8
8,0
CV
39,32
33,26
30,60
38,16
P
0,8027
0,9345
0,0821
0,1286
Médias seguidas por letras distintas na linha diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05)
Os passos por minuto não foram afetados significativamente (P>0,05), cujos
valores médios foram de oito passos por minuto. A semelhança ocorreu pela
semelhança na disponibilidade de forragem em todos os piquetes. Este valor esteve
muito acima do encontrado por Palhano et al. (2006), que relataram maior número de
passos nas maiores alturas de dossel e oferta de forragem, que variaram de 1,6 a 2,9
passos da menor para a maior altura estudada.
30
Segundo Prache & Roguet (1996), em condições de maior disponibilidade de
forragem, os animais caminham mais entre estações alimentares sucessivas,
aumentando o número de estações alimentares visitadas, em comparação às situações de
menores ofertas. Este comportamento pode ser justificado pelas elevadas massas de
bocado em situação de oferta abundante, assim, de acordo com Carvalho et al. (1999), o
animal pode ser mais seletivo sem perder a eficiência no deslocamento, pois este
procura a próxima estação mastigando o último bocado, otimizando seu tempo. A
consequência é que essa estratégia permite ao animal avaliar melhor o ambiente
alimentar disponível, dispensando mais tempo para a procura de melhores sítios de
pastejo (ROGUET et al., 1998).
Segundo Rego et al. (2006), uma das estratégias utilizadas pelo animal quando
ocorre redução na ingestão por bocado, decorrente das condições desfavoráveis da
pastagem, é aumentar a taxa de bocados (bocados por minuto), justificando o
acontecido nas pastagens diferidas testadas neste experimento, no qual o número médio
de bocados por minuto foi de 19,83, não diferindo significativamente (P>0,05) entre os
tratamentos. Valor este que foi muito superior ao encontrado por Teixeira (2010), Vries
et al. (1999) e Palhano et al.(2006).
A quantidade de bocados por estação alimentar não diferiu estatisticamente
(P>0,05), quando as novilhas realizaram em média, 10 bocados em cada estação, que,
segundo os autores Prache & Peyraud (1997), é de grande influência as características
estruturais e qualitativas da planta para manipular estas mudanças comportamentais na
ingestão da forragem. Baggio et al. (2009), avaliando novilhos em pastagem de azevémanual e aveia-preta, inferiram que o aumento na massa de material senescente
influenciou a diminuição do número de bocados por estação alimentar, trazendo
dificuldade na seleção da dieta dentro de uma mesma estação alimentar nos pastos de
maior altura, considerando que as lâminas foliares encontraram entremeadas na grande
quantidade de material morto, resultando em maior intervalo de tempo de um bocado a
outro.
Na Tabela 14 estão apresentados a renda bruta (RB), custo operacional efetivo
(COE), custo operacional total (COT), custo total, lucro de produção por novilha e
demais indicadores econômicos, submetidas às três diferentes estratégias de utilização
da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu diferidas.
31
A RB foi favorável para todos os tratamentos, uma vez que os ganhos não
diferenciaram (Tabela 12), sendo então que, ao considerar tais valores, as divisões para
usar o pasto diferido não se fazem necessárias.
Tabela 14 - Indicadores econômicos de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de
utilização da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Indicador econômico
(R$/animal)
Preço
(R$)
1 - Renda Bruta (RB)
1.1 - Venda de Novilhas
6,33
2 – Custo
2.1 – Custo Operacional Efetivo (COE)
2.1.1 Mão-de-obra (Diária)
35,00
2.1.2 Suplemento (kg/MS)
0,65
2.1.3 Brachiaria
0,06
2.1.4 Medicamentos
2.1.5 Reparo de benfeitorias
2.1.6 Reparo de máqu. e equ.2
Subtotal
2.2 – Custo operacional total (COT)
2.2.1 – Custo operacional efetivo
2.2.2 – Depreciação de benfeitorias
2.2.3 – Depreciação de máqu. e equ.3
Subtotal
2.3 – Custo total (CT)
2.3.1 – Custo operacional total
2.3.2 – Juros sobre capital
investido
Subtotal
Custo total por animal
Custo total por kg de carne
Margem bruta
Margem líquida
Lucro total/animal/dia
Lucro unitário/kg de carne
Custo operacional efetivo/Custo total
Custo operacional efetivo/Renda Bruta
Gasto com alimentação/COE
Gasto com alimentação/COT
Gasto com concentrado/RB
Contínuo
Tratamento
Escalonado 1
Escalonado 2
Qt.1
0,454
Valor
2,87
Qt.1
0,454
Valor
2,87
Qt.1
0,454
Valor
2,87
0,02
1,00
5,78
0,70
0,65
0,35
0,06
0,10
0,05
1,91
0,02
1,00
5,78
0,70
0,65
0,35
0,06
0,10
0,05
1,91
0,02
1,00
5,78
0,70
0,65
0,35
0,06
0,10
0,05
1,91
R$
R$
R$
R$
R$
R$
%
%
%
%
%
1,91
0,05
0,01
1,97
1,91
0,05
0,01
1,97
1,91
0,05
0,01
1,97
1,97
0,27
1,97
0,27
1,97
0,28
2,24
2,24
2,25
2,24
4,93
0,96
0,90
0,63
1,40
85,30
66,55
52,35
50,80
22,64
2,24
4,93
0,96
0,90
0,63
1,40
85,30
66,55
52,35
50,80
22,64
2,25
4,95
0,96
0,90
0,62
1,36
84,88
66,55
52,35
50,81
22,64
1
Quantidade; 2Reparo de máquinas e equipamentos; 3Depreciação de máquinas e equipamentos.
Seguindo a tendência da RB, os COE sofreram influências das variáveis que o
compõe, principalmente da dieta, uma vez que os gastos com medicamentos, mão de
obra, reparos e custeios são fixos para todos os tratamentos. Sendo assim, como a dieta
foi o maior responsável pelos custos (50,81%), e como não houve diferença no consumo
de suplemento e de forragem, os valores foram semelhantes entre todos os tratamentos.
32
Estes resultados mostram o quanto um fornecimento em igual quantidade de
concentrado e igualitária oferta de forragem aos animais, bem como o uso de pastagem
diferida, independente do escalonamento, os custos operacionais efetivos serão
semelhantes. Segundo Costa et al. (2011), o valor do custo operacional efetivo (COE)
demonstra quanto de recurso o sistema de produção necessita para cobrir as despesas
em curto e a longo prazo, principalmente, quando se pretende iniciar e manter a
atividade no sistema pecuário.
O tratamento do pastejo contínuo e escalonamento 1 da pastagem diferida
apresentaram um menor custo por animal ao dia, no valor de R$ 2,24, resultando, assim,
no menor valor para o custo por quilo de carne (R$ 4,93), proporcionando, assim,
R$0,63 de lucro total por animal ao dia.
Os animais do tratamento de 30 dias foram o que apresentaram os maiores
custos totais, e como os ganhos de peso foram semelhantes aos dos demais tratamentos,
os custos de produção foram maiores em R$ 0,01 ao dia, o que de imediato parece um
pequeno valor, porém, quando avalia em um espaço de tempo e maiores números de
animais, este valor se torna em um montante significativo, refletindo em menores
lucros. O valor dos custos totais foram mais elevados no tratamento escalonado 2, por
causa do capital fixo investido ter sido elevado, devido ao uso de maior quantidade
linear das cercas, para proporcionar as divisões de pastagem.
Segundo Araújo et al. (2012), os economistas têm como referência relacionar
valores positivos da margem bruta (MB) ao investimento como rentável, a curto prazo
de tempo; já valores positivos da margem líquida (ML) relaciona o investimento como
rentável a longo prazo de tempo; por fim, valores positivos do lucro total (LT) relaciona
o investimento como competitivo, sendo ideal para melhor definir a viabilidade do
sistema de produção.
Entretanto, vale ressaltar que, para todos os tratamentos, os valores de MB, a
ML e o LT apresentaram efeito positivo para o sistema de recria de novilhas em pastejo
diferido no período da seca, com suplementação de 0,3% do PC. Esta resposta positiva
foi encontrada devido ao bom ganho de peso das novilhas para o período seco, preço da
venda de R$ 95,00 por arroba e, principalmente, devido à participação do suplemento
em apenas 0,3% do peso corporal da dieta, uma vez que a nutrição foi responsável por
alta nos custos.
33
Analisando apenas os custos e retornos anuais, nota-se que a pecuária gera lucro
em todos os tratamentos. Entretanto, isso não significa que o investimento necessário
para realizar a atividade seja atraente financeiramente.
A taxa interna de retorno ao mês (Tabela 15), das estratégias de diferimento de
pastejo contínuo, escalonado 1 e 2 apresentaram taxas positivas de 0,33%; 0,32% e
0,32%, respectivamente. Esta resposta encontrada foi em função do GMD; e o CT, para
produção de 1 kg de carne, foi inferior ao custo de venda de 1 kg de carne.
Segundo Silva et al. (2010), a taxa de retorno mensal da atividade foi de 3,58%
para o grupo que recebeu sal mineral, e de 1,13; -1,43 e -3,21%, respectivamente, para
os grupos sob suplementação nos níveis 0,3; 0,6 e 0,9% do peso corporal. Os autores
justificaram a maior taxa de retorno para os animais que receberam suplemento
contendo apenas sal mineral em comparação aos suplementos de alto nível de consumo
(0,3; 0,6 e 0,9% do peso corporal), pela alta oferta de forragem (26,6%) e
disponibilidade de folhas, proporcionando bons ganhos de peso (0,40 kg/dia) aos
animais que receberam suplemento contendo apenas sal mineral e também menor custo
com suplementação.
Tabela 15 - Taxa interna de retorno mensal e valor presente líquido (VPL) sobre taxas de retorno de 6,
10 e 12% anual de novilhas Nelore submetidas a diferentes estratégias de utilização da pastagem de
Brachiaria brizantha cv. Marandu.
Indicador econômico (R$/ano)
Taxa interna de retorno (%/mês)
Valor presente líquido – 6%
Valor presente líquido – 10%
Valor presente líquido – 12%
Contínuo
0,33
-R$ 2.069,33
-R$ 5.948,82
-R$ 7.869,76
Tratamento
Escalonado 1
0,32
-R$ 2.193,76
-R$ 6.123,03
-R$ 8.068,60
Escalonado 2
0,32
-R$ 2.318,19
-R$ 6.297,24
-R$ 8.267,45
A oportunidade de aplicar em atividades financeiras que teriam 6, 10 e 12% ao
ano foi mais interessante, quando comparados aos ganhos ocorridos no presente
trabalho para todos os tratamentos, com valores negativos para todas as taxas, pois
quando o VPL é negativo, o investimento está sendo remunerado a uma taxa de retorno
(TIR) inferior ao custo de capital.
No cenário base, consideramos os custos de todos os investimentos necessários
para estabelecer uma fazenda (terra, pasto, equipamentos, infraestrutura etc), porém, de
forma prática pode-se diminuir alguns custos inclusos no caso base, por exemplo, o
custo da compra da terra, caso a mesma tenha sido herdada, ou se considerarmos a
valorização que foi excluída dos cálculos.
34
Como o VPL foi negativo, para todos os tratamentos, pode-se afirmar que o
investimento não deveria ser realizado, porém, como terra e gado são investimentos
seguros, de baixo risco - importante fator a ser considerado nas décadas de instabilidade
macroeconômica pelas quais o Brasil passou.
35
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da estratégia do escalonamento da utilização da pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu diferidas por 112 dias não se faz necessário, uma vez que a
simples partição não foi suficiente para incrementar diferenças qualitativa e quantitativa
na massa forrageira.
A escalonagem do pasto não permitiu incrementos no consumo e na
digestibilidade dos nutrientes, os ganhos zootécnicos e financeiros não foram atrativos
para que se façam uso do escalonamento da pastagem diferida com oferta de forragem
de 8% do PC, durante o período seco, para novilhas Nelore suplementadas com 0,3% do
PC.
36
VI - REFERÊNCIAS
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Danilo Ribeiro de Souza