Pastagens para produção de ovinos
Autores: Laís Ribeiro - Zootecnista formada pela Unesp de Botucatu e Murilo Saraiva
Guimarães - Consultor da Campo – S/A, Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ
– USP Mestre em Ciência Animal e Pastagem pela ESALQ- USP.
A criação de ovinos no Brasil vem crescendo significativamente nos últimos anos, e o
principal sistema de alimentação escolhido é a pastagem. Os ovinos são muito
exigentes nutricionalmente e necessitam de uma forragem de boa qualidade, por isso
é de extrema importância conhecer as características da alimentação oferecida para
os animais, já que a nutrição é o principal fator que auxilia no crescimento deles.
A utilização da pastagem como fonte primária de energia na dieta de animais
ruminantes apresenta grandes vantagens econômicas para o desenvolvimento da
ovinocultura, entretanto, são necessários a escolha correta da forrageira, o
conhecimento do quanto a forrageira atende as exigências dos animais, e também o
correto manejo dessas pastagens (Silva Sobrinho, 2001). Os ovinos são muito
seletivos e escolhem partes específicas da forragem para pastejar, rejeitando as
partes mais fibrosas e de menor valor nutritivo, tem também preferência por pastagens
mais baixas e são de hábito gregário, ou seja, sempre estão em grupo. Portanto as
que mais se encaixam serão aquelas forragens de menor porte e que possuam boa
capacidade de rebrota.
Uma estratégia de manejo de pastagens que está sendo muito utilizada e que quando
bem usada busca respeitar a fisiologia da planta forrageira visando a perenidade do
sistema é o pastejo rotacionado, pois garante o tempo correto de repouso do capim
resultando em boa rebrota até que os animais iniciem outro ciclo de pastejo. No
entanto, não há uma forragem certa para ser utilizada. A escolha da forragem depende
do sistema de produção, das condições climáticas, entre outras características. Devido
essas características, as forrageiras mais indicadas para o pastejo de ovinos seriam
aquelas de hábito mais prostradas, como Coast Cross, Estrela, Tifton (Do Gênero
Cynodon), Pangola (do gênero Digitaria), Pensacola (do gênero Paspalum). Essas
forrageiras estão mais adequedas ao uso pelos ovinos, com boa aceitabilidade e
atende as exigências dos animais. Porém a maioria dessas gramíneas tem
propagação por muda, e se torna mais caro e dificil sua formação para pastejo.
O capim Coastcross possui uma boa produção de matéria seca, excelente valor
nutritivo, e, acima de tudo, pode ser utilizado como pastagem, feno, ou silagem.
Carnevalli & Silva (1999) citado por Carnevalli et al.,2001, trabalhando com Coastcross
pastejado por ovinos, observaram uma amplitude anual das taxas de acúmulo de
matéria seca de 30 a 90 kg/ha/dia de MS e uma produção anual média estimada em
23 toneladas de MS/ha. Já Vilela & Alvim (1996) citado por Carnevalli et al., 2001,
obtiveram 20 t/ha/ano de MS de Coastcross submetido ao pastejo por vacas leiteiras.
A grama estrela se destaca no sistema de produção devido ao fácil estabelecimento,
elevado potencial de produção de biomassa e alta palatabilidade. A formação de
pastagem de grama estrela é por mudas, e embora haja produção de sementes
viáveis, a quantidade produzida é muito baixa inviabilizando essa forma de
propagação. Possui boa persistência, alta produção de forragem, entre 12 a 17
toneladas de MS/ha, além altos de teores de proteína bruta.
O capim Tifton 85 se destaca dentre as forrageiras tropicais pela boa capacidade de
cobertura de solo e produção de massa de forragem, alta digestibilidade e alta
produtividade com produções anuais na faixa de 18 a 25 toneldas de MS/ha.
Caracteriza-se como uma planta perene, estolonífera e também rizomatosa que gera
uma boa resistência a seca, ao frio, e suportam rebaixamento superior em relação a
outras espécies. Pode ser utilizado para pastejo ou fenação em decorrência da boa
relação folha/colmo que possui. Uma desvantagem do Tífton 85 é o custo de
implantação inicial, sendo que as pastagens dessa forrageira são formadas por
mudas.
A gramínea Pensacola é originária da Argentina e está bem adaptada a climas
temperados, por isso no Brasil é mais difundida na região sul do país. É uma gramínea
perene, possui rizomas curtos e grossos, com facilidade de ocupar bem todo o terreno,
com uma produção anual de 8 a 10 toneladas de MS/ha. Sua implantação pode ser
feita por sementes, o que reduz significativamente os custos. A germinação da
semente pode ser um pouco lenta devido ao tegumento duro e por possuir um estado
de dormência, podendo haver inicialmente alta infestação de plantas daninhas.
Em regiões de clima mais ameno como o sul do Brasil, pode usar as forrageiras
anuais de inverno como a Aveia Preta (Avena Strígosa) ou Azevém (Lolium
multzflorum), para a nutrição de ovinos e eles respondem muito bem a essas
forrageiras, tendo boa aceitabilidade e ganho de peso.
No Brasil as gramíneas forrageiras predominante nos sistemas pastoris são aquelas
pertencentes ao Gênero Brachiaria, que ocupam cerca de 75% dos 100 milhões de
hectares das pastagens cultivadas, sendo mais utilizadas e conhecidas as espécies
Brachiaria decumbens (cultivar Basilisk) e Brachiaria brizantha (cultivar Marandu).
Porém elas apresentam baixo valor nutritivo – o que limita sua utilização, além do
problema de fotossensibilização, principalmente nos animais mais jovens. Mas, com o
correto manejo, esse problema pode ser minimizado e os animais que nunca
pastejaram a braquiária podem passar por um processo de adaptação ao pastejo
dessa gramínea.
A Brachiaria possui exigência média em solos, adaptando-se tanto em solos argilosos
quanto nos arenosos e áreas tropicais úmidas com estação seca de 4 a 5 meses. Não
consegue uma boa associação com leguminosas devido ao hábito de crescimento
prostrado, que impede o crescimento de outras forrageiras, e se propaga por mudas
ou sementes. A brachiaria produz cerca de 15 a 20 toneladas de MS/ha/ano, e a
variação da produção depende de fatores que são responsáveis pelo seu crescimento
e desenvolvimento como clima, adubação, umidade do solo, entre outros.
Outra espécie forrageira que pode ser utilizada para a nutrição dos ovinos é a do
gênero Panicum, como o capim Aruana que possui uma altura adequada para o
pastejo dos ovinos, propagação por semente e boa capacidade de rebrota. Esta
também é uma boa alternativa a ser utilizada na criação de ovinos no Brasil. Mas não
se pode fugir da ideia de um correto manejo para atingir o sucesso da produção.
Gramíneas dos gêneros Panicum (como Aruana, Áries, Massai e Tanzânia) têm
apresentado capacidade de suporte e valor nutritivo bastante elevado, sendo
recomendados para sistemas intensivos de produção de ovinos (Brâncio et al., 2003).
Outro fator a ser considerado é a estacionalidade na produção das plantas forrageiras,
resultado da menor luminosidade, temperatura e chuva, durante o inverno, resultando
em forragem de baixa produção e qualidade, insuficientes para atender as exigências
dos animais. Nesse momento é necessário optar por alternativas para alimentar os
animais como a conservação de forragem sob a forma de feno e silagem, o uso de
gramíneas de inverno, e o diferimento. Embora todas as espécies anteriormente
mencionadas apresentem potencial para uso como pastagens para ovinos, não se
deve esquecer a importância do manejo correto da planta forrageira e do animal para
se atingir o sucesso da produção.
Referências Bibliográficas
ANDRADE et al. Grama-estrela-roxa: Gramínea forrageira para diversificação de
pastagem no Acre. Rio Branco: Embrapa Acre, 83 p, 2009.
BRÂNCIO, P.A.; EUCLIDES, V.P.B., NASCIMENTO JÚNIOR, D. et al. Avaliação de
três cultivares de Panicum maximum Jacq. sob pastejo: Disponibilidade de forragem,
altura do resíduo pós-pastejo e participação de folhas, colmos e material morto.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.1, p.55-63, 2003.
CARNEVALLI, R.A. et al. Desempenho de ovinos e respostas de pastagem de Coast
Cross submetidos a regime de desfolha sob lotação contínua. Disponivel
em:http://www.scielo.br/pdf/pab/v36n6/a10v36n6.pdf. Acesso em 10 out. 2013.
SILVA SOBRINHO A.G. Aspectos quantitativos e qualitativos da produção de carne
ovina. A produção animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: Fundação de Estudos
Agrários “Luiz de Queiroz”, 2001. P. 425-446.
Fonte: Sociedade Rural Brasileira
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