FLAMBAGEM TÉRMICA DE DUTOS SUJEITOS À PRESSÃO INTERNA Felipe Sant’Ana Castelpoggi Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador: Murilo Augusto Vaz Rio de Janeiro Março de 2012 FLAMBAGEM TÉRMICA DE DUTOS SUJEITOS À PRESSÃO INTERNA Felipe Sant’Ana Castelpoggi DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Murilo Augusto Vaz, Ph.D. ________________________________________________ Prof. Júlio Cesar Ramalho Cyrino, D.Sc. ________________________________________________ Profª. Lavínia Maria Sanábio Alves Borges, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2012 Castelpoggi, Felipe Sant’Ana Flambagem Térmica de Dutos Sujeitos à Pressão Interna / Felipe Sant’Ana Castelpoggi. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012 XII, 78p.:Il.; 29,7 cm. Orientador: Murilo Augusto Vaz Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2012. Referências Bibiográficas: p. 76-78. 1. Duto Pressurizado. 2. Flambagem Térmica. 3. Pós-Flambagem Térmica. I. Vaz, Murilo Augusto. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título. iii É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondose a derrota, do que formar fila com os podres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota. Theodoro Roosevelt A persistência é o caminho do êxito. Charles Chaplin Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo o caminho. Galileu Galilei Dedico esse trabalho aos meus pais, que me ensinaram a lutar pelos meus sonhos, Miriam Sant’Ana Castelpoggi e José Mauro Maggessi Castelpoggi e à minha Esposa, Juliana Pandini Castelpoggi iv AGRADECIMENTO Ao orientador e amigo, professor Murilo Augusto Vaz, meus agradecimentos pela paciência, por acreditar e apoiar o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus pais, Miriam Sant’ana Castelpoggi e José Mauro Maggessi Castelpoggi, pelo incentivo e apoio sempre com muito amor e carinho. À minha esposa Juliana Pandini Castelpoggi, pelo seu apoio, carinho, compreensão e pela força na fase final desta dissertação. À minha irmã Danusa Maria Sant’ana Castelpoggi que demonstra sincera felicidade por mais essa etapa vencida na minha vida. Aos meus amigos da Interocean Engenharia & Ship Management: Bruno Ávila, Cosme, Eduardo Craddock, Eduardo Peixoto, Genil, Jorge Poli, Julia, Larissa, Leonardo, Maxwell, Ney Rosa, Raphael, Ricardo Assis, Roberto e Thiago pelo incentivo e amizade. E em especial aos grandes professores: Adilson, Cesar Dinucci, Marcos Tadeu e Paulo Lemgruber, me ensinaram na pratica de inúmeros projetos, como ser um Engenheiro Naval. Ao gerente da Engenharia Naval da Petrobras, Gustavo, por permitir, e por muitas vezes facilitar, a continuação ininterrupta do mestrado, bem como meus companheiros de trabalho: Adelson, Andréia, Aratanha, Christino, Diego, Juliana, Leonardo, Luciano, Luizão, Marçal, Marco, Paulão, Rafaella, Ribeiro, Rodrigo (Amigão), Sibeli, Silvia, Tadeu, Teles e Werner, pelo incentivo e apoio. A todos os companheiros do Mestrado em Engenharia Oceânica do laboratório NEO (Núcleo de Estruturas Oceânicas): Aynor, Juan Carlos, Maximo, Miguel e Victor com quem pude manter importantes momentos de descontração e troca de conhecimentos. A todos os funcionários do laboratório NEO, em especial à Suely e Eliene. v E em especial pela ajuda, companheirismo, apoio e confiança aos amigos: Marcelo Caire, Nicolau Rizzo e Sylvio Correia. E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. vi Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) FLAMBAGEM TÉRMICA DE DUTOS SUJEITOS À PRESSÃO INTERNA Felipe Sant’ana Castelpoggi Março/2012 Orientador: Murilo Augusto Vaz Programa: Engenharia Oceânica Neste trabalho é estudado o comportamento estrutural de dutos rígidos do tipo parede simples, sujeitos a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme, que podem ser empregados no transporte de gás, na exportação de petróleo e em vários outros campos da indústria. Inicialmente é apresentada uma análise assumindo o duto como uma viga elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna, a um gradiente de temperatura e com extremidades bi-apoiadas impedidas de se deslocarem. Uma solução analítica para flambagem e pós-flambagem inicial é apresentada, um modelo em elementos finitos (MEF) é desenvolvido e uma comparação entre os modelos é realizada. Em seguida estuda-se a resposta do duto comportando-se como uma casca cilíndrica elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna, a um gradiente de temperatura e com extremidades bi-apoiadas impedidas de se deslocarem. Para tal uma solução analítica para a flambagem é apresentada, um modelo em elementos finitos (MEF) é desenvolvido e uma comparação entre os modelos é realizada. vii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) THERMAL BUCKLING OF PIPELINES SUBJECT TO INTERNAL PRESSURE Felipe Sant’ana Castelpoggi March/2012 Advisor: Murilo Augusto Vaz Department: Ocean Engineering This paper examines the structural behavior of a single wall rigid pipeline, subject to internal pressure and a uniform temperature gradient, which can be used to transport gas, to export oil and in several other fields of industry. Initially, it presents an analysis assuming the pipeline as an elastic slender beam, subject to internal pressure, a temperature gradient and with its two ends supported and prevented from moving. An analytical solution for buckling and initial post-buckling is presented, a finite element model (FEM) is developed and a comparison between the models is performed. Next, it is studied the response of the pipeline behaving like an elastic slender cylindrical shell, subject to internal pressure, a temperature gradient and with its two ends supported and prevented from moving. An analytical solution for the buckling is presented, a finite element model (FEM) is developed and a comparison between the models is performed. viii SUMÁRIO 1 2 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO .................................................................................... 1 1.1 Considerações Iniciais ............................................................................................. 1 1.2 Objetivo ................................................................................................................... 8 1.3 Revisão Bibliográfica ............................................................................................ 10 CAPÍTULO II - FLAMBAGEM E PÓS-FLAMBAGEM ELÁSTICA DE VIGA...... 14 2.1 Modelo Analítico ................................................................................................... 14 2.1.1 2.2 3 4 5 Solução Analítica............................................................................................ 21 Modelo Numérico .................................................................................................. 34 2.2.1 Modelo Numérico para Temperatura Crítica de Flambagem ......................... 34 2.2.2 Modelo Numérico de Pós-Flambagem ........................................................... 38 CAPÍTULO 3 - FLAMBAGEM DE CASCA .............................................................. 42 3.1 Modelo Analítico ................................................................................................... 43 3.2 Modelo Numérico .................................................................................................. 55 CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DE RESULTADOS .......................................................... 62 4.1 Flambagem e Pós-Flambagem Tipo Viga. ............................................................ 62 4.2 Flambagem Tipo Casca. ........................................................................................ 68 4.3 Interface Viga e Casca. .......................................................................................... 71 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................................................ 74 6 CAPÍTULO 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 76 ix ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1.1 – Sistema de produção submarina, [1]. ................................................................. 1 Figura 1.2 Duto flexível, [2]. .................................................................................................. 2 Figura 1.3 Duto pipe-in-pipe, [3]. .......................................................................................... 4 Figura 1.4 Duto sanduíche, [4]. .............................................................................................. 5 Figura 1.5 Duto de parede simples, [5]. ................................................................................. 6 Figura 1.6 Conceito de estabilidade do equilíbrio. (a) Estável. (b) Instável. (c) Neutro ou indiferente, [7]. ....................................................................................................................... 6 Figura 1.7 Instabilidade bifurcacional (coluna de Euler). ...................................................... 8 Figura 1.8 Viga sujeita à pressão interna e à temperatura ...................................................... 8 Figura 1.9 Casca cilíndrica sujeita à pressão interna e à temperatura. ................................... 9 Figura 2.1 Esquema do duto pressurizado, com uma variação de temperatura.................... 14 Figura 2.2 Seção transversal do duto. ................................................................................... 15 Figura 2.3 Elemento infinitesimal de duto deformado. ........................................................ 15 Figura 2.4 Duto sujeito à Pi e ∆T . ...................................................................................... 17 Figura 2.5 Malha utilizada no modelo de viga. .................................................................... 35 Figura 2.6 Sistema global de coordenadas utilizado no modelo. ......................................... 35 Figura 2.7 Modelo flambado como viga após atingir a temperatura crítica usando a função buckle. ................................................................................................................................... 38 Figura 2.8 Conector CONN2D2 ........................................................................................... 40 Figura 2.9 Modelo flambado como viga após atingir a temperatura crítica. ........................ 41 x Figura 3.1 Casca cilíndrica sujeita a pressão interna e temperatura com extremidades biapoiadas. ............................................................................................................................... 42 Figura 3.2 Coordenada geométrica, [11]. ............................................................................. 43 Figura 3.3 Forças em um elemento de casca, [11]. .............................................................. 44 Figura 3.4 Momentos em um elemento de casca, [11]. ........................................................ 44 Figura 3.5 Duto com uma pressão lateral e uma variação de temperatura, [11]. ................. 52 Figura 3.6 Malha utilizada no modelo de casca. .................................................................. 57 Figura 3.7 Sistema global de coordenadas utilizado no modelo. ......................................... 57 Figura 3.8 Coupling utilizado no modelo. ............................................................................ 59 Figura 3.9 Conector CONN3D2 ........................................................................................... 60 Figura 3.10 Modelo flambado como casca após atingir a temperatura crítica usando a função buckle. ....................................................................................................................... 61 Figura 4.1 Flambagem: Modelos numérico e analítico. ....................................................... 63 Figura 4.2 Coeficiente de esbeltez por temperatura crítica de flambagem. ......................... 64 Figura 4.3 Tensão de Von Mises por coeficiente de esbeltez .............................................. 65 Figura 4.4 pós-flambagem: Pressão interna e temperatura................................................... 65 Figura 4.5 Comprimento deformado por tensão de Von Mises. .......................................... 66 Figura 4.6 Deflexão máxima por temperatura. ..................................................................... 67 Figura 4.7 Deformadas no regime de pós-flambagem. ........................................................ 67 Figura 4.8 Flambagem de casca: Modelos numérico e analítico.......................................... 69 Figura 4.9 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, β = 150 . ................ 69 Figura 4.10 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, β = 200 . ............. 70 Figura 4.11 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, β = 250 . ............. 70 xi Figura 4.12 Fronteira entre casca e viga em relação os parâmetros λ2 e β ......................... 72 Figura 4.13 Fronteira entre casca e viga em relação os parâmetros ∆t e λ2 ....................... 73 ÍNDICE DE TABELA Tabela 2.1 Propriedades do material e da seção do duto ...................................................... 36 xii 1 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Iniciais Com o crescimento da indústria petrolífera, surgiu também a necessidade de aprofundar os estudos dos dutos, que são usados para o transporte de vários tipos de fluidos, como o petróleo, fluido de completação, água de injeção, gases (para gaslift ou injeção) e produtos químicos, como mostrado na Figura 1.1, geralmente trabalhando à alta pressão. Risers Gaslift Flowlines Figura 1.1 – Sistema de produção submarina, [1]. Para o transporte destes fluidos os dutos podem ser classificados de duas maneiras, risers e flowlines. Os risers são utilizados para o escoamento vertical de fluidos onde a 1 resposta dinâmica deve ser considerada no seu dimensionamento. Os flowlines são usados para dutos em aplicações estáticas, normalmente assentados no leito marinho. Exemplos podem ser vistos na Figura 1.1. Os risers e flowlines podem ser divididos em dois grupos, os dutos flexíveis e os dutos rígidos, como descritos abaixo. Dutos Flexíveis Duto flexível é uma estrutura compósita tubular, consolidada pela disposição concêntrica de várias camadas cilíndricas de diferentes materiais metálicos e poliméricos como mostrado na Figura 1.2. Suas principais características são: Alta resistência à tração; bom isolamento térmico; baixa rigidez à flexão e, por isso, passível de enrolamento em carretéis sem emendas, podendo ser facilmente instalado e reaproveitado; e exibe desempenho satisfatório sob diversas condições de operações. Figura 1.2 Duto flexível, [2]. Dutos Rígidos: Dutos rígidos podem ser considerados elementos tubulares esbeltos confeccionados em aço, podendo, em alguns casos muito específicos, ser de titânio. São classificados como 2 rígidos, pois possuem maior resistência à deflexão que os dutos flexíveis. Quando comparados aos flexíveis, os dutos rígidos possuem um menor custo e são capazes de resistir a altas pressões, o que os tornam interessantes para utilização em águas profundas e ultra-profundas. Porém, são mais suscetíveis à falha por fadiga quando submetidos a carregamentos cíclicos devido às ondas, aos movimentos da unidade flutuante e à ação da corrente marinha. Os dutos rígidos podem ser nomeados de acordo com o produto transportado. São chamados de oleoduto aqueles utilizados para transporte de óleo cru, ou para exportação de óleo tratado; gasodutos são usados para injeção, gas-lift, ou mesmo para exportação de gás; aqueduto para transporte de água tratada para injeção; além dos dutos utilizados para transporte de produtos químicos como inibidores de compostos parafínicos e hidratos. Os dutos rígidos também podem ser divididos em três tipos: • Duto Pipe-in-Pipe: Os dutos pipe-in-pipe são compostos por dois tubos de aço montados concentricamente com o espaço anular preenchido ou não por um material com boas propriedades de isolamento térmico, conforme a Figura 1.3. O objetivo deste tipo de duto é aumentar a capacidade de isolamento térmico para evitar problemas de escoamento por perdas térmicas. O aumento de capacidade de isolamento é necessário para evitar problemas de fluxo por bloqueamento do espaço interno do duto, por formação de “hidratos” ou “parafinas” em condições específicas de pressão, temperatura e fase dos fluidos transportados 3 Figura 1.3 Duto pipe-in-pipe, [3]. • Duto sanduíche: Sua geometria é muito similar ao do sistema pipe-in-pipe, porém, a diferença reside no fato de a camada anular ser preenchida por uma camada sólida com função estrutural, seja de polímero ou de material cerâmico. Outro aspecto que difere esta classe de dutos com o conceito pipe-in-pipe é a função que a camada anular desempenhará em serviço: Enquanto na concepção pipe-in-pipe, a função da camada anular é exclusivamente isolar termicamente os hidrocarbonetos do meio externo, na concepção duto sanduiche, o objetivo primário desta camada é contribuir na resistência estrutural do duto como um todo e ao mesmo tempo fornecer um isolamento térmico satisfatório. Outra característica importante para os dutos sanduíches (vide Figura 1.4) é a seleção de materiais anulares de baixa densidade, essencialmente abaixo da densidade da água do mar, reduzindo o peso submerso da linha e facilitando o processo de instalação através de embarcações de lançamento. 4 Figura 1.4 Duto sanduíche, [4]. • Duto de parede simples: Diferente dos dutos pipe-in-pipe e sanduíche, esta concepção é composta de uma única parede de aço (como mostrado na Figura 1.5) com a função única de resistir aos carregamentos impostos. Com isso, devido ao aumento da profundidade, o peso por unidade de comprimento aumenta muito e fica mais difícil sua aplicação em águas ultraprofundas. Outro aspecto negativo é a necessidade de uma camada isolante para evitar a formação de “hidratos” ou “parafinas”. 5 Figura 1.5 Duto de parede simples, [5]. Todos esses dutos, quando sujeitos a condições ambientais e de operação, podem sofrer algum tipo de instabilidade estrutural. Segundo os conceitos baseados em REIS E CAMOTIM [6] a noção de estabilidade sempre é associada ao conceito de equilíbrio, e é utilizada para classificar a “configuração de equilíbrio”. Admite-se que uma estrutura sujeita a uma força externa exibe uma configuração de equilíbrio caracterizada pelos valores dos deslocamentos dos seus pontos, cuja estabilidade pode ser avaliada através do comportamento da estrutura após sofrer uma perturbação. A estabilidade do equilíbrio é facilmente visualizada através de um problema clássico. A Figura 1.6 mostra uma esfera rígida, sujeita ao peso próprio e em repouso. A Figura 1.6 (a) demonstra o equilíbrio estável, já a Figura 1.6 (b) representa o equilíbrio instável e por sua vez a Figura 1.6 (c) o equilíbrio neutro ou indiferente. Figura 1.6 Conceito de estabilidade do equilíbrio. (a) Estável. (b) Instável. (c) Neutro ou indiferente, [7]. 6 O projeto de estrutura não se baseia somente no conceito de segurança à resistência e deformação de seus elementos, principalmente em estruturas “esbeltas”. É fundamental considerar fenômenos que envolvem o conceito de estabilidade estrutural, seja da estrutura completa ou de elementos individuais. Esse fenômeno de instabilidade estrutural é conhecido de forma geral como “flambagem”, independente da natureza e do tipo de estrutura (barras, placas, cascas, etc.). Instabilidade pode surgir pela ocorrência de uma bifurcação de equilíbrio (instabilidade bifurcacional) ou pela ocorrência de um ponto limite (instabilidade por snapthrough). Nesse trabalho será tratado da instabilidade estrutural tipo bifurcacional que tem as seguintes características: • Uma trajetória de equilíbrio fundamental (linear ou não-linear), conhecida também por caminho primário, que se inicia na origem do diagrama cargadeslocamento. • Uma trajetória de equilíbrio de pós-flambagem (caminho secundário) que não passa pela origem do diagrama carga-deslocamento. • Um ponto de bifurcação que corresponde à interseção das duas trajetórias e no qual as configurações de equilíbrio da trajetória fundamental passam de estáveis para instáveis. O exemplo mais simples de instabilidade por bifurcação é a flambagem elástica de uma viga perfeita, bi-rotulada, sujeita à compressão axial, como pode ser visto na Figura 1.7. 7 Figura 1.7 Instabilidade bifurcacional (coluna de Euler). 1.2 Objetivo Neste trabalho serão estudados os dutos rígidos do tipo parede simples sujeitos a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura. Primeiramente será feita uma análise global, onde se considera o duto como uma viga, e em seguida será realizada uma análise local, onde o duto é modelado com uma casca cilíndrica. No capítulo 2, o duto será tratado como uma viga elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme, com extremidades bi-apoiadas e fixas conforme mostra a Figura 1.8. As seguintes etapas serão desenvolvidas: Y P P X L Figura 1.8 Viga sujeita à pressão interna e à temperatura 1. Formulação e solução analítica usando o método de perturbação para a flambagem e pós-flambagem inicial. As equações para estas soluções apresentarão uma relação entre a temperatura e a pressão interna, que por sua 8 vez é regida basicamente por parâmetros de natureza geométrica, como espessura, raio e comprimento e pelo coeficiente de Poisson. 2. Formulação numérica utilizando o programa ABAQUS, versão 6.5. Com este modelo numérico será encontrada a temperatura crítica de flambagem e o comportamento de pós-flambagem do duto. Para o problema descrito acima, será demonstrado, no capítulo citado, que tanto a pressão interna quanto o gradiente de temperatura geram forças compressivas de flambagem, ou seja, ambos os parâmetros contribuem para a instabilidade da viga. No capítulo 3, o duto será tratado como uma casca cilíndrica elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme, com extremidades biapoiadas e fixas conforme apresentado na Figura 1.9. As seguintes etapas serão desenvolvidas: Figura 1.9 Casca cilíndrica sujeita à pressão interna e à temperatura. 1. Descrição e desenvolvimento da solução analítica para flambagem proposta por JONES [11], que levará a uma solução que relaciona a temperatura crítica e pressão interna crítica de flambagem. 2. Formulação numérica utilizando o programa ABAQUS versão 6.5. Com este modelo numérico será possível encontrar a solução para a temperatura crítica 9 de flambagem (autovalor) e o autovetor do problema de instabilidade da casca cilíndrica. No capítulo 4, serão apresentadas as análises dos resultados, primeiramente para flambagem e pós-flambagem do tipo viga onde serão comparadas as soluções para os modelos numéricos e analíticos, em seguida para a flambagem do tipo casca, onde também será feita uma comparação entre os modelos numérico e analítico, e finalizando o capítulo a fronteira entre a flambagem tipo viga e tipo casca, ou seja, dado alguns parâmetros geométrico e do material será possível determinar previamente o tipo de flambagem do duto. Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões e sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros. 1.3 Revisão Bibliográfica A análise de elementos estruturais como vigas e colunas é baseada nos princípios da mecânica. Estes princípios foram fundamentalmente desenvolvidos no período de 1638– 1788. Neste período a teoria de corpos rígidos foi desenvolvida em proximidade com o desenvolvimento de técnicas matemáticas, tais como as equações diferenciais, de acordo com TIMOSHENKO [8]. A análise de viga teve seu início com GALILEO GALILEI que apresentou tensões em vigas com seção transversal retangular, bem como descreveu analiticamente a flexão de vigas elásticas. Em seguida, ROBERT HOOKE, considerando apenas flexão pura, conseguiu obter experimentalmente a relação linear entre tensões e deformações. Já JAMES BERNOULLI considerou o problema com grandes deformações e, fazendo algumas simplificações, assumiu que as seções transversais inicialmente planas permaneciam planas após a deformação e demonstrou que a curvatura de uma viga é proporcional ao momento fletor. Em seguida, LEONARD EULER encontrou as equações diferenciais que regem o fenômeno de deflexão de vigas. ANTOINE PARENT foi o 10 primeiro cientista a desenvolver a distribuição de tensões em uma viga e correlacionou-a com o momento fletor. Já SAINT-VENANT foi o cientista que mais contribuiu para o desenvolvimento da elasticidade. Um de seus principais trabalhos foi o desenvolvimento da teoria de flexão e torção e também contribuiu para o desenvolvimento da teoria de deformações (vide CAIRE [9]). Antes de 1930, os problemas de flambagem eram associados apenas com colunas de edifícios e chapas de casco de navios. Na década de 30, devido à estrutura externa dos aviões, houve um incentivo para desenvolver as análises de flambagem de casca. Mais recentemente devido a mísseis, aviões espaciais e plataformas de perfuração de poços de petróleo, serviu como incentivo para inúmeras análises complexas de flambagens de placas, vigas e casca. TIMOSHENKO E GERE [10] publicaram o livro theory of elastic stability que foi a primeira e mais importante referência no assunto. Porém, devido à data da publicação muitos assuntos contemporâneos não foram tratados (Vide JONES [11]). Outros importantes autores contribuíram com o tema de casca cilíndricas como: TIMOSHENKO e KREIGER [12], BRUSH e ALMROTH [13], GOULD [14] e JONES [11], um resumo do trabalho de cada um destes autores será apresentado mais adiante. A seguir são apresentados trabalhos que tratam da análise, projeto e características gerais de dutos pressurizados, fornecendo base sólida para o desenvolvimento desta dissertação. Uma intensa pesquisa sobre dutos sujeitos à pressão interna foi realizada e dividida em duas partes, são elas: • Na primeira parte pesquisou-se a flambagem e a pós-flambagem global, do tipo viga, de um duto sujeito á pressão interna e a um gradiente de temperatura: PALMER e BALDRY [15] determinaram a carga crítica de flambagem de um duto pressurizado, conforme a equação (1.1), engastado nas duas extremidades, bem como realizaram um experimento onde foi encontrada uma relação entre a pressão interna e a 11 deflexão lateral. Os resultados apresentados por PALMER e BALDRY [15] estão em concordância com os apresentados neste trabalho. Picrt = 2π 2 EDT /(1 − 2υ) L2 (1.1) Onde E, D, T, L e υ são, respectivamente, o módulo de elasticidade, o diâmetro, a espessura, o comprimento e o coeficiente de Poisson. TANG et al [16] estudaram a instabilidade estática bi-dimensional analiticamente e experimentalmente, bem como as oscilações naturais. TANG et al [16] compararam os resultados analíticos e experimentais para uma melhor compreensão da influência da pressão interna na flambagem e pós-flambagem. MASSA et al [17] estudaram a freqüência natural de um pipeline sujeito à pressão interna através de um modelo de elementos finitos e uma comparação com uma ensaio experimental foi feito. Esta freqüência natural também foi comparada com uma fórmula sugerida pelo DNV. • Na segunda parte pesquisou-se, a flambagem, do tipo casca, de um duto cilíndrico, sujeito à pressão interna e a um gradiente de temperatura. Após uma intensa pesquisa foram encontrados os seguintes estudos: TIMOSHENKO e GERE [10] demonstraram as soluções de flambagem para diversas configurações de carregamento para um duto de parede fina como: Pressão axial e pressão lateral externa. Eles também realizaram um ensaio experimental para determinar a carga crítica de flambagem, do tipo casca, de um duto cilíndrico com um carregamento axial. Este foi o primeiro livro publicado tratando de placas, anéis e cascas cilíndricas, vide JONES [11]. TIMOSHENKO e KREIGER [12] apresentaram as equações para uma casca cilíndrica e alguns exemplos onde esses cilindros são utilizados. 12 HUTCHINSON [18] deduziu as equações para a carga crítica de flambagem de uma casca cilíndrica sujeita à pressão interna e a carregamento axial. BRUSH e ALMROTH [13] encontraram a solução para uma casca cilíndrica submetida a diferentes carregamentos como: Pressão lateral uniforme, compressão axial, momento torcional e um carregamento combinado com pressão lateral e compressão axial. GOULD [14] deduziu as equações de uma casca cilíndrica sujeita à pressão interna e a um gradiente de temperatura, e calculou a carga crítica de flambagem do tipo casca, para o cilindro sob um carregamento axial. FONSECA et al [19] fizeram uma comparação entre um modelo em elementos finitos e um ensaio experimental, numa casca cilíndrica sob compressão, um critério para impossibilitar a flambagem em colunas foi analisado. JONES [11] fez um estudo completo sobre flambagem abordando vários objetos em diferentes carregamentos, inclusive chegou à equação para a temperatura crítica de flambagem em uma casca cilíndrica sujeita a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura. A formulação analítica proposta por ele servirá de base para esta dissertação. KYRIAKIDES e CORONA [20] apresentaram um experimento de uma casca cilindro com cargas combinadas de compressão axial e pressão interna. Uma fórmula para pressão normalizada é apresentada além de gráficos comparando o experimento com a análise numérica. A proposta desta tese é desenvolver modelos analíticos e numéricos para viga e casca, com a finalidade de obter a solução de flambagem e pós-flambagem de um duto quando sujeito a uma pressão interna e a uma variação de temperatura. O material será considerado como linear elástico. A viga e a casca serão consideradas esbeltas. 13 2 CAPÍTULO II - FLAMBAGEM E PÓS-FLAMBAGEM ELÁSTICA DE VIGA Neste capítulo o duto será assumido uma viga elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme. Esses dois carregamentos geram cargas compressivas de flambagem, o que será demonstrado ao longo do capítulo. Uma formulação e uma solução analítica para flambagem e pós-flambagem inicial do duto com extremidades bi-apoiadas e fixas serão apresentadas, bem como um modelo numérico será desenvolvido servindo de base para comparação entre os modelos. 2.1 Modelo Analítico A Figura 2.1 apresenta as configurações inicial e de flambagem de um duto pressurizado submetido a uma variação de temperatura, onde (X, Y ) representam as coordenadas cartesianas da linha neutra da viga. P é a carga compressiva que surge nos apoios das extremidades, (L, L* ) e (S, S* ) são respectivamente os comprimentos e arco de comprimento inicial e deformado do duto. Y EI * dS P P X dS L Figura 2.1 Esquema do duto pressurizado, com uma variação de temperatura. A Figura 2.2 apresenta a seção de um duto com raio médio r e espessura t onde r >> t, portanto serão usadas as relações para dutos de paredes esbeltas que são válidas para 14 r / t ≥ 10 . O raio e a espessura não são alterados quando a pressão interna ( Pi ) e a temperatura ( ∆T ) são aplicadas ao duto. t Pi 2r Figura 2.2 Seção transversal do duto. A Figura 2.3 mostra um elemento infinitesimal do duto deformado, onde M é o momento fletor e θ é o ângulo com o eixo X . M+dM P dS* dY P θ θ M dX Figura 2.3 Elemento infinitesimal de duto deformado. Compatibilidade Geométrica Aplicando relações geométricas no elemento infinitesimal do duto deformado dS* conforme mostrado na Figura 2.3 tem-se: dX = cos θ dS* (2.1a) 15 dY = sin θ dS* (2.1b) Onde S* é o comprimento do arco deformado e θ é o ângulo entre a tangente à curva deformada e o eixo X . Definição de Curvatura Segundo BEER e JOHNSTON [20] a curvatura Κ é definida como. dθ =Κ dS* (2.1c) Equilíbrio de Forças e Momentos Na direção X o equilíbrio de forças resulta numa carga P ao longo do duto, já na direção Y as cargas não são consideradas. dP =0 dS* (2.1d) dM = P.senθ dS* (2.1e) Relações Constitutivas Relações constitutivas dadas pela Lei de Hooke, assumindo materiais homogêneos, linearmente elásticos e considerando o estado de flexão pura, resultam em: 16 M = −EI Κ (2.1f) Com isso, substituindo a equação (2.1f) em (2.1e) tem-se: EI. dK = −P.senθ dS* (2.1g) Onde E é o módulo de Young e I é a inércia da área seccional para um duto esbelto. Relação da Deformação Para um elemento infinitesimal, a deformação linear da linha neutra ε a é definida como a razão entre o comprimento deformado e o comprimento inicial. dS 1 = * 1+ ε a dS (2.2a) Quando um duto é submetido a uma pressão interna Pi e a uma variação de temperatura ∆T , este tende a expandir-se, e conseqüentemente, uma força compressiva P surge caso o movimento de expansão seja restringido como mostrado na Figura 2.4. Figura 2.4 Duto sujeito à Utilizando a lei de Hooke generalizada: 17 Pi e ∆T . εa = 1 .[σ a − υσ θ ] + α∆T E (2.2b) A tensão de membrana σ θ é dada por: r t (2.2c) r P cos θ − 2t 2πrt (2.2d) σ θ = Pi E a tensão de axial σ a é dada por: σ a = Pi Onde os termos relacionados à pressão interna ( Pi ) são as tensões para um cilindro de parede fina, conforme POPOV [22]. Já no termo para força compressiva ( P ) a tensão é calculada como a razão entre a força compressiva e sua área de aplicação. Com isso, a deformação total sofrida pelo duto é dada pela relação: εa = 1 Pi .r P cosθ Pi .r.υ . − − + α.E.∆T E 2.t 2.π.r.t t (2.2e) Supondo que o deslocamento axial seja zero ( ε a = 0 ) na equação (2.2e) encontra-se o valor para a força de reação no apoio (P), que é sempre de natureza compressiva independente dos valores da temperatura e da pressão interna: P cos θ = 2πrt Pi r1 − υ + Eα ∆T t2 18 (2.2f) Então substituindo a equação (2.2f) em (2.2d), tem-se: r σ a = Pi υ − Eα∆T t (2.2g) Com isso é possível notar que a tensão de membrana ( σ θ ) é sempre trativa (equação (2.2c)) e a tensão axial ( σ a ) (equação (2.2g)) pode ser trativa ou compressiva. Equações diferenciais Determinam-se assim seis equações diferenciais: dX = cos θ dS* (2.2h) dY = sin θ dS* (2.2i) dθ =K dS* (2.2j) dS 1 = * (1 + ε a ) dS (2.2l) dK 1 = − P sin θ * EI dS (2.2m) dP =0 dS* (2.2n) Condições de Contorno Oito condições de contorno devem ser especificadas, quatro para cada extremidade: 19 X(0) = 0 (2.3a) Y(0) = 0 (2.3b) Κ(0) = 0 (2.3c) S(0) = 0 (2.3d) X(L* ) − L = 0 (2.3e) Y(L* ) = 0 (2.3f) Κ(L* ) = 0 (2.3g) S(L* ) − L = 0 (2.3h) Adimensionalização de Variáveis Para permitir generalização dos resultados, as variáveis são adimensionalizadas conforme as seguintes relações: L* = l* L , S = s .L , X = x .L , Y = y .L , S* = s * .L , Κ = κ/ L, λ2 = 2.L2 / r 2 , β = r/t, P = p.E.I / L2 , Pi = p i .E e ∆T = ∆t / λ2 α ; Conseqüentemente as equações de governo se transformam em: dx = cos θ ds * (2.4a) dy = sin θ ds * (2.4b) dθ =κ ds * (2.4c) ds 1 = * (1 + ε a ) ds (2.4d) 20 dκ = −p sin θ ds * (2.4e) dp =0 ds * (2.4f) E a deformação axial torna-se: εa = 1 λ2 2 1 − p. cos θ + p i .β.λ .( 2 − υ) + ∆t (2.5) Onde λ é a razão de esbeltez do duto e β é a relação entre o raio e a espessura do duto. As condições de contorno se tornam: x (0 ) = 0 (2.6a) y(0) = 0 (2.6b) κ(0) = 0 (2.6c) s(0) = 0 (2.6d) x (l * ) − 1 = 0 (2.6e) y( l * ) = 0 (2.6f) κ (l * ) = 0 (2.6g) s (l * ) − 1 = 0 (2.6h) 2.1.1 Solução Analítica Supondo que a estrutura sofra apenas pequenas deformações, pode-se utilizar o método da perturbação para resolver o problema analiticamente, expandindo as variáveis em função de um parâmetro de perturbação. 21 Introdução ao Método da Perturbação Conforme descrito em NAYFEH [23], este método busca uma solução aproximada de uma equação diferencial, por exemplo, y ,, + ay , + by = 0 na forma: N y( x; ψ ) = ∑ ψ i y i ( x ) + O(ψ N +1 ) i=0 (2.7) Onde y é expandido em uma série de potências de ψ e y i são funções que dependem de x, mas são independentes do parâmetro da perturbação ψ . Uma seqüência de ψ n formada por potências de ψ é um exemplo de uma seqüência assintótica. Uma expansão como a da equação (2.7), onde o erro é da ordem do primeiro termo negligenciado, é chamada de expansão assintótica (aproximação de primeira ordem). Se n termos são apresentados, esta será chamada de uma aproximação de ordem n . Estas também são chamadas de expansões assintóticas de Poincaré. A solução da equação diferencial é obtida resolvendo-se seqüencialmente as equações de governo em termos proporcionais a cada potência de ψ ( ψ 0 , ψ 1 , ψ 2 ..., ψ n ), aplicando-se as condições de contorno nas equações para assim encontrar os termos obtidos com a expansão assintótica. Expansão das Variáveis Sendo ψ o parâmetro da perturbação, as expansões das variáveis x (s * ) , y(s * ) , κ(s * ) , p , p i , ∆T e ε a são mostradas abaixo, onde os termos de ordem maior que ψ 3 foram desconsiderados. x (s * ) = s * + ψ 2 x 1 (s * ) 22 (2.8a) y(s * ) = ψ y 0 (s * ) + ψ 3 y1 (s * ) (2.8b) θ(s * ) = ψ θ 0 (s * ) + ψ 3 θ1 (s * ) (2.8c) κ (s * ) = ψ κ 0 (s * ) + ψ 3 κ 1 (s * ) (2.8d) p = a 0 + ψ 2 a1 (2.8e) p i = b 0 + ψ 2 b1 (2.8f) ( ) ε = ε 0 + ψ 2 ε1 s * (2.8g) ∆t = c 0 + ψ 2 c1 (2.8h) Através da expansão da serie de Taylor pode-se determinar as funções seno e cosseno como sendo: senθ ≅ θ − θ3 3! (2.8i) cos θ ≅ 1 − θ2 2! (2.8j) Substituindo (2.8c) nas expansões de seno e cosseno: 3 θ0 + ... senθ ≅ ψθ 0 + ψ θ1 − 6 3 cos θ ≅ 1 − ψ 2 θ0 2 + ... 2 (2.9a) (2.9b) Substituindo as Equações (2.8a), (2.8b), (2.8c), (2.9a) e (2.9b) na equação (2.4e) e sabendo que dκ d 2 θ , desprezando-se os termos proporcionais a ψ 5 , chega-se a: = ds * ds *2 23 ψ 2 3 d 2 θ0 θ 30 3 d θ0 ψ + ψ = − a ψθ − a θ 1 − a + a θ 0 0 0 0 1 0 *2 *2 6 ds ds (2.10) Solução Seqüencial Das equações (2.4a), (2.9b) e da derivada em relação à s* da equação (2.8a), tem-se: 2 dx 2 dx 1 2 θ0 = 1 + ψ = 1 − ψ 2 ds * ds * (2.11a) e, portanto: s* θ 2 0 x 1(s*) = − ∫ 0 2 ds * (2.11b) Das equações (2.4b), (2.9a) e da derivada em relação à s* da equação (2.8b), tem-se: 3 θ 0 dy 0 dy 3 dy1 3 = ψ + ψ = ψθ + ψ θ − 0 1 6 ds * ds * ds * (2.12a) Logo: dy 0 = θ0 ds * dy1 ds * = θ1 − θ0 6 (2.12b) 3 (2.12c) 24 Solução de Primeira Ordem Separando da equação (2.10) os termos que são multiplicados pelo termo de primeira ordem da perturbação ( ψ 1 ) verifica-se que: d3y0 ds *3 + a0 dy 0 ds * (2.13a) =0 Derivando esta equação chega-se a: d 4 y0 d 2 y0 + a =0 0 ds *4 ds *2 (2.13b) A solução clássica para a linha elástica do duto nesta situação é: π s* y 0 (s * ) = sin * l (2.14) Substituindo a equação (2.14), e suas derivadas em (2.13b), encontra-se a 0 que é: π a0 = * l 2 (2.15) Já Substituindo na equação (2.5) os valores de (2.8e), (2.8f), (2.8h) e (2.9b) é obtido: 2 ε(s *) = ε 0 + ψ 2 ε11 + ψ 2 ε12 25 θ0 2 (2.16) Onde: ε0 = β.λ2 .(0.5 − υ).b 0 − a 0 + c 0 λ2 (2.17) ε 11 = β.λ2 .(0.5 − υ).b1 − a 1 + c1 λ2 (2.18) ε 12 = a0 (2.19) λ2 A partir da equação (2.4d) sabe-se que: [ ds ≅ ds * 1 − ε(s * ) ] (2.20a) Aplicando a equação (2.16) em (2.20a) e integrando esta de s * = 0 até s * = l * tem-se: ( ) 1 = l * − ε 0 + ψ 2 ε 11 l * − ε 12 (l * − 1) (2.20b) O termo ε 0 é igualado à zero, encontrando-se assim os valores de b 0 e c 0 : b0 = a 0 − c0 β.λ2 .(0,5 − υ) (2.21) Com isso tem-se uma relação entre os primeiros termos das equações (2.8e) e (2.8f), pois a 0 , λ, β e υ são termos conhecidos da equação (2.21). Mais adiante será demonstrado que esta é a equação da temperatura crítica e pressão crítica de flambagem. 26 Solução de Segunda Ordem Separando da equação (2.10) os termos que são multiplicados pelo parâmetro de terceira ordem da perturbação ( ψ 3 ), verifica-se que: d 2 θ1 ds *2 + a 0θ1 = −a1θ0 + a 0 θ0 3 6 (2.22a) θ0 2 dθ 0 2 ds * (2.22b) Derivando-se a equação (2.22a) obtém-se: d 3 θ1 ds *3 + a0 dθ1 ds * = − a1 dθ 0 ds * + a0 Substituindo a equação (2.14) e suas derivadas em (2.22b), é obtida uma equação diferencial para y1(s*). Após algumas simplificações, chega-se a seguinte equação: 2 4 πs * d 4 y1 d 2 y1 π -1 π + a 0 = + a 1 sin * ds *4 ds *2 l * 8 l * l 6 - 9 π 3πs * + * sin * 8 l l (2.22c) Contemplando sua expansão de primeira ordem verifica-se que a solução cresceria indefinidamente, para evitar esta solução o primeiro termo do lado direito da equação (2.22c) é igualado a zero, com isso esta equação torna-se: 6 3πs * d 4 y1 d 2 y1 9 π * + a 0 1= − sin 8 l* ds *4 ds *2 l Encontrando-se assim o valor da a 1 : 27 (2.22d) 1 π a1 = * 8l 4 (2.23) A solução particular para a equação (2.22d) é: 3πs * y1 (s * ) = D sin * l (2.24) Substituindo-se (2.24) e suas derivadas em (2.22d) encontra-se o valor de D que é: 1 π D = . * 64 l 2 (2.25) Desenvolvendo-se a equação (2.20b) com a alteração (2.21) é obtido a relação entre b1 e c 1 : 2 1 π b 1 = c 1 + a 1 + * λ 2 − a 0 4l ( ). β.λ .(01,5 − υ) (2.26) 2 Com isso tem-se uma relação entre os segundos termos das equações (2.8e) e (2.8f), pois a 0 , a 1 , λ, β, l * e υ são termos conhecidos da equação (2.26). Para chegar-se nas equações da temperatura e pressão interna para a pós-flambagem, falta apenas encontrar a solução do parâmetro de perturbação, que será apresentado a seguir. Solução do Parâmetro da Perturbação Derivando-se a equação (2.8a) em relação à s * obtém-se: 28 θ0 2 * ds 0 2 l* dx = ds * − ψ 2 ∫ (2.27a) Integrando-se a equação (2.27a) de s * = 0 até s * = l * , e acordo com as condições iniciais do problema obtém-se: θ0 2 * ds 0 2 l* 1 − 0 = l* − ψ 2 ∫ (2.27b) Aplicando a primeira derivada da equação (2.14) verifica-se que: 2 θ0 2 * 1 π * ds = * l ∫ 4l 0 2 l* (2.28) Retornando este valor em (2.27b) encontra-se uma expressão para ψ : l* -1 l* ψ = 4 * l π 2 2 (2.29) É possível observar na equação (2.29) que o parâmetro de perturbação é controlado exclusivamente pelo comprimento deformado, logo todos os termos ( ψ , a 0 , a 1 , b 0 , b1 , c 0 e c1 ) necessários para a solução da pós-flambagem já foram determinados. Solução Geral da Pressão Interna e temperatura Finalmente, substituindo-se as equações (2.15), (2.23), (2.21), (2.26) e (2.29) em (2.8a-h) tem-se: 29 π p= * l 2 (l * − 1) .1 + 2.l * π 2 1 p i = * − c 0 . 2 + l β.λ .(0.5 − υ) 2 2 4 l * -1 l * 1 π 1 π + 4 * .c1 + * + * 8l 4l l π 2 π 2 1 λ − . * 2 l β.λ .(0,5 − υ) (2.30a) (2.30b) Onde c 0 e c1 são termos de temperatura da equação (2.8h), no próximo tópico será possível observar que o termo c 0 é a temperatura crítica de flambagem. No capítulo 4 serão apresentados os resultados de pós-flambagem oriundos da equação (2.30b) Solução da Pressão Interna e Temperatura Crítica de Flambagem Com isso fazendo l * = 1 nas equações (2.30a-b) encontra-se a carga crítica, e a relação entre à pressão interna crítica e a temperatura crítica de flambagem: p cr = π 2 (2.30c) p icr β.λ2 .(0.5 − υ) + ∆t cr = π 2 (2.30d) Na equação (2.30d) é possível notar que a pressão interna crítica e a temperatura crítica de flambagem mantêm uma relação linear e dependem dos parâmetros β, λ que são basicamente de origem geométrica e de υ. No capítulo 4 serão apresentados os resultados relativos à temperatura crítica e a pressão interna crítica de flambagem, para tal será utilizada a equação (2.30d). 30 Tensão de Von Mises para a Flambagem. É importante estabelecer um critério para limitar as análises ao regime linear elástico. Nesta dissertação a tensão de Von Mises, em uma forma adimensional, será utilizada para comparação à tensão de escoamento do material. As equações das tensões de membrana e axial (2.2c-d) quando normalizadas pelo módulo de elasticidade, resultam nas equações adimensionais: σθ = p iβ E (2.31a) σa ∆t = pi β υ − 2 E λ (2.31b) σθ = σa = Porém substituindo a equação (2.30d) em (2.31a) chega-se em: σθ = π 2 − ∆t cr λ2 .(0,5 − υ) (2.32a) E substituindo a equação (2.30d) em (2.31b), tem-se σa = π 2 υ − 0,5 ∆t cr λ2 .(0,5 − υ) (2.32b) Com isso aplicando o critério de Von Mises conforme BEER e JOHNSTON [21]. 31 2 2 σ vm = (σ a − σ a σ θ + σ θ ) (2.32c) Substituindo as equações (2.32a-b) em (2.32c) resulta no critério de tensão para a flambagem: σ vm π2 1 2 = 2 υ2 − υ + 1 + 3∆t cr − 6π∆t cr 2 λ .(0.5 − υ) 2.λ .(0.5 − υ) (2.33) Tensão de Von Mises para a Pós-Flambagem. Porém a equação (2.31b) é válida até a carga crítica de flambagem, pois se esta carga continuar aumentando a viga irá fletir, aparecendo assim uma tensão de flexão: σ flex = EKYmax (2.34a) Com isso, normalizando-se a tensão de flexão, chega-se á: σ flex = k 2 λ (2.34b) Logo a tensão axial de pós-flambagem será: σ a = p i βυ − ∆t k 2 − λ λ2 (2.34c) Logo, substituindo a equação (2.8f) em (2.31a) chega-se na tensão de membrana normalizada: 32 ( ) σ θ = b 0 + ψ 2 b1 β (2.35a) Os termos b 0 , b1 e β são conhecidos na equação (2.35a). E substituindo em (2.34c) as equações (2.8f-h) e fazendo s * = 1 / 2 em (2.8d) tem-se a tensão axial normalizada com o efeito da flexão: ( σa = b 0 + ψ 2 (c b )β υ − 1 0 ) ( ( ) ( )) + ψ 2 c 1 ψk 0 s * + ψ 3 k 1 s * − λ λ2 2 (2.35b) Os termos b 0 , b1 , β, a 0 , a 1 , λ, θ 0 , k 0 , k 1 e ψ da equação (2.35b) são conhecidos. Aplicando-se Von Mises, equação (2.32c), conforme BEER e JOHNSTON [21] encontra-se um critério de tensão para o duto em pós-flambagem. Com isso dois critérios de tensão foram determinados o primeiro é válido até a carga crítica de flambagem e o segundo passa a ser válido na pós-flambagem onde o efeito da flexão é incorporado. No capitulo 4 serão apresentados resultados que demonstram claramente se o duto está sofrendo deformações elásticas ou plásticas. Conclusão Sobre o Modelo Analítico. Nesta primeira parte do capítulo 2, assumindo o duto como uma viga elástica, esbelta sujeita a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme e usando o método de perturbação foi possível determinar: 1. Uma relação entre a temperatura crítica de flambagem e a pressão interna crítica de flambagem. 2. Equação de pós-flambagem que relaciona temperatura e pressão interna. E aplicando-se a tensão Von Mises foi possível determinar os seguintes critérios: 33 1. Um critério de tensão válido até a temperatura e pressão interna crítica de flambagem. 2. Um critério de tensão válido para a pós-flambagem. Além do mais, resultados para a flambagem e pós-flambagem serão apresentados no capítulo 4. 2.2 Modelo Numérico 2.2.1 Modelo Numérico para Temperatura Crítica de Flambagem Um modelo não-linear baseado no MEF foi desenvolvido para simular a temperatura crítica de flambagem de um duto (assumido seu comportamento como de uma viga) esbelto, sujeito a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura e com extremidades bi-apoiadas e fixas. Neste tópico serão descritas as seguintes etapas: 1. Geração dos nós dos elementos. 2. Geração dos elementos. 3. Definição das propriedades do material e seção do duto. 4. Condições de contorno. 5. Aplicação dos passos de carga. Objetiva-se desenvolver uma modelagem numérica que represente “exatamente” o problema analítico apresentado na primeira parte do capítulo 2. Geração dos Nós dos Elementos Um estudo de sensibilidade de malha foi feito, porém o modelo não apresentou diferenças significativas no resultado e nem no tempo da análise com as diferentes malhas, 34 logo utilizou-se a malha com dimensão global aproximada de 15 milímetros conforme Figura 2.5. Figura 2.5 Malha utilizada no modelo de viga. O ABAQUS permite que sejam usadas coordenadas, cartesianas, cilíndricas ou esféricas. No modelo proposto será usado o sistema cartesiano conforme Figura 2.6. Y Z X Figura 2.6 Sistema global de coordenadas utilizado no modelo. Geração dos Elementos Após os nós terem sido criados, os mesmos são unidos formando os elementos de duto. O elemento selecionado para representar o duto é o PIPE21, elemento de viga com três graus de liberdade (dois de deslocamento e um de rotação) por nó. O elemento 1 é definido ligando os nós 1 e 2, o elemento 2 é definido ligando os nós 2 e 3 e assim sucessivamente, formando assim um duto com N elementos. O elemento PIPE21 é baseado 35 na teoria de Timoshenko, que permitem deformações por cisalhamento. Porém na prática, os efeitos de cisalhamento são relevantes para estrutura espessas no caso de estruturas finas a teoria de Timoshenko se aproxima da formulação de Euler-Bernoulli, onde as deformações por cisalhamento não são consideradas. Propriedades do material e seção do duto Na Tabela 2.1 estão apresentadas as propriedades do material e a seção transversal do duto. Os parâmetros, raio (r), espessura (t), pressão interna (Pi) e comprimento (L), que estão apresentados na Tabela 2.1 não têm um valores específicos pois variam de acordo com a análise desejada. Tabela 2.1 Propriedades do material e da seção do duto Parâmetros Módulo de elasticidade (E) Coeficiente de expansão térmica (α) Coeficiente de Poisson (ν) Raio Externo do duto (r) Espessura da parede (t) Pressão interna (Pi) Comprimento do duto (L) Valor 2.1E+11 1.10E-05 0.3 r t Pi L Unidade Pa 1/°c m m Pa m Condição de contorno. Os nós que representam as extremidades do duto são apoiados, ou seja, ele é impedido de deslocar-se nas três direções, porém sua rotação é permitida. Com isso: 1. Quando o duto é exposto a uma expansão térmica, surge uma força compressiva. 2. Devido ao duto estar tamponado a pressão interna tende a expandir o duto, surgindo assim uma força reativa de compressão. 36 Logo, o duto tende a expandir-se devido à pressão interna e à temperatura. Como fisicamente isso não é permitido, tendo em vista que as condições de contorno assumidas são fixas, surgem forças compressivas nos apoios. Aplicação dos passos de carga O modelo foi construído com dois passos de carregamento, são eles: 1. No primeiro passo aplica-se a pressão interna sob forma de uma função rampa, ou seja, sua magnitude varia linearmente durante a aplicação do passo de carga de um valor inicial nulo até o valor especificado no carregamento. 2. No segundo passo utilizou-se a função buckle, contemplada na biblioteca do ABAQUS onde são permitidas no máximo 30 interações. A função buckle consiste em encontrar os autovalores e autovetores, chegando à temperatura crítica de flambagem, como mostra a Figura 2.7. Com os dois passos aplicados a temperatura crítica e o modo de flambagem são encontrados conforme Figura 2.7. 37 Figura 2.7 Modelo flambado como viga após atingir a temperatura crítica usando a função buckle. 2.2.2 Modelo Numérico de Pós-Flambagem Um modelo não-linear baseado no MEF foi desenvolvido para simular a pós-flambagem de um duto (assumido seu comportamento como de uma viga) esbelto, sujeito a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura e com extremidades bi-apoiados e fixas. Neste tópico serão descritas apenas as seguintes etapas: 1. Condição de contorno. 2. Aplicação dos passos de carga. As outras etapas são as mesmas descritas anteriormente para a flambagem. Estas duas etapas serão escritas juntas para sua melhor compreensão. Condição de contorno e passos de carga. O modelo foi construído com três passos de cargas que serão demonstrados a seguir; 38 • Primeiro passo de carga. Neste passo o duto tamponado é submetido a uma pressão interna e uma pequena força na direção lateral Y conforme Figura 2.6, para introduzir uma imperfeição geométrica e permitir a progressão da pós-flambagem do duto nos passos seguintes. Neste passo as cargas são aplicadas sob forma de uma função rampa, ou seja, sua magnitude varia linearmente durante a aplicação do passo de carga de um valor inicial nulo até o valor especificado no carregamento. As condições de contorno nesse passo são: 1. Em X = 0 as o duto é apoiado, ou seja, as rotações nas três direções são permitidas e o deslocamento é restringido. 2. Em X = L o duto é livre para se deslocar apenas em X conforme Figura 2.6 e suas rotações nas três direções são permitidas. Assim quando o duto é pressurizado ele é livre para expandir-se na direção X passando a ter um comprimento total de L + ∆L , onde ∆L é a parte expandida do duto. • Segundo passo de carga. Neste passo utilizando-se um conector do tipo CONN2D2 como mostrado na Figura 2.8, força-se o duto a ter deslocamento zero, ou seja, ao duto é imposto um deslocamento de ∆L na direção de X, levando o duto a retornar ao comprimento original L. Em seguida, na posição X = L , a condição de contorno foi alterada passando a não ser mais permitido o deslocamento da direção X, ou seja, as rotações nas três direções são permitidas e os deslocamentos são restringidos. Logo, neste passo de carga a pressão interna gera uma carga reativa compressiva. Com isso, dependendo de sua magnitude três situações podem ocorrer: 39 1. A pressão interna não é suficiente para gerar carga reativa compressiva que leve o duto a flambar. 2. A carga reativa compressiva devido a pressão interna é suficiente para chegar na carga crítica de flambagem. 3. A pressão interna gera uma carga reativa compressiva, suficiente para atingir a carga crítica de flambagem e chegar ao regime de pós-flambagem. Figura 2.8 Conector CONN2D2 • Terceiro passo de carga. Neste passo de carga acrescenta-se a temperatura que aumenta uniformemente até atingir a magnitude determinada. Desta forma a combinação da temperatura com a pressão interna pode levar a três hipóteses: 1. Não alcança a carga crítica de flambagem. 40 2. Chega exatamente na carga crítica de flambagem, que é o objetivo do modelo anterior, mas que também pode ser feito com o modelo em questão. 3. Passa da carga crítica de flambagem, ou seja, chega-se ao regime de pósflambagem, que é objetivo desde modelo, conforme ilustrado na Figura 2.9. Figura 2.9 Modelo flambado como viga após atingir a temperatura crítica. Conclusão do Modelo Numérico. Nesta segunda parte do capítulo 2 foi possível criar dois modelos que representam tanto a flambagem como a pós-flambagem. No capítulo 4 serão apresentados os resultados das simulações de flambagem e pós-flambagem obtidos numericamente, que foram realizados para uma série de parâmetros geométricos. Ainda no capítulo 4 esses resultados serão comparados aos resultados do modelo analítico a partir das equações encontradas na primeira parte do capítulo 2. 41 3 CAPÍTULO 3 - FLAMBAGEM DE CASCA Neste capítulo o duto será assumido como uma casca cilíndrica elástica, esbelta, sujeita a uma pressão interna ( Pi ) e a um gradiente de temperatura ( ∆T ) uniforme, com extremidades bi-apoiadas e fixas conforme Figura 3.1. Figura 3.1 Casca cilíndrica sujeita a pressão interna e temperatura com extremidades bi-apoiadas. Ao longo do capítulo serão apresentados dois modelos para determinar a carga crítica de flambagem, são eles: 1. Modelo analítico desenvolvido por JONES [11]. 2. Modelo numérico utilizando o programa ABAQUS versão 6.5. No decorrer da apresentação do modelo analítico desenvolvido por JONES [11], será demonstrado que a pressão interna devido ao efeito de membrana gera na direção axial apenas forças reativas de tração ou compressão, conforme discutido no capítulo 2. No capítulo 4 será apresentada uma comparação entre os modelos analíticos e numéricos. 42 3.1 Modelo Analítico Para uma melhor compreensão do problema de casca cilíndrica nesta primeira parte do capítulo 3 serão apresentadas as equações desenvolvidas por JONES [11] que levam à equação de equilíbrio de uma casca cilíndrica. E posteriormente será apresentada a equação que relaciona a temperatura crítica e a pressão interna crítica. Descrição da equação de equilíbrio de uma casca cilíndrica segundo JONES[11] Para determinar a equação de equilíbrio de uma casca cilíndrica foi utilizado o seguinte sistema de referências: • Geometria de uma casca cilíndrica circular, Figura 3.2. Figura 3.2 Coordenada geométrica, [11]. Onde os domínios de X, Y e Z são respectivamente ( 0 , L ), ( 0 , 2 π ) e ( 0 , r ) 43 • Direção das forças na casca cilíndrica circular, Figura 3.3. Figura 3.3 Forças em um elemento de casca, [11]. • Direção dos momentos na casca cilíndrica circular, Figura 3.4. Figura 3.4 Momentos em um elemento de casca, [11]. Com os sistemas de referência determinados o desenvolvimento da teoria pode ser iniciado. Segundo a teoria de elasticidade as tensões σ x , σ y , τ xy (tensões normais e tensão cisalhante) são descritas em função das deformações ε x , ε x , γ xy , como mostrado na equação (3.1). 44 E (ε x + υ ε y ) 1− ν2 E (ε y + υ ε x ) σy = 1− ν2 E τ xy = γ xy 2(1 + υ) σx = (3.1) Porém, ε x , ε x , γ xy são as deformações em um ponto qualquer da chapa ou casca, mas para este estudo será usada como referência a superfície média, logo estas deformações nestas referências são: ε x = εx + z κ x ε y = εy + z κ y (3.2) γ xy = γ xy + z κ xy Onde ε x , ε y e γ xy são as deformações na superfície média da casca e κ x , κ y e κ xy são as curvaturas na superfície média da casca, que podem ser escritas em função dos respectivos deslocamentos, equação (3.3), e z é a coordenada da espessura a partir da superfície média (hipótese de casca adotada), conforme LOVE [24]. κ x = − w xx κ y = − w yy (3.3) κ xy = −2 w xy Onde ( )x , ( )y , ( )xx , ( )yy e ( )xy são as diferenciais com respeito à respectiva coordenada variável. Portanto a equação (3.1) pode ser escrita em função das deformações dos pontos médios conforme a equação (3.4). 45 E (ε x + z κ x + υ(ε y + z κ y ) ) 1− ν2 E (ε y + z κ y + υ (ε x + z κ x )) σy = 1− ν2 E (γ xy + z κ xy ) τ xy = 2(1 + υ) σx = (3.4) As deformações ε x , ε x , γ xy podem ser expressas através dos deslocamentos conforme a equação (3.5). 1 2 wx 2 w 1 ε y = u y + + w 2y r 2 γ xy = v x + v y + w x w y εx = u x + (3.5) A energia potencial de deformação (U) pode ser escrita conforme a equação (3.6). U= 1 t/2 2 2 2 ∫∫ ∫− t / 2 σ x + σ y − 2 υ σ x σ y + (1 + υ) τ xy dz dx dy 2E [ [ ] ] (3.6) Porém, a energia potencial de deformação ( U ) é a soma da energia potencial de deformação de membrana ( U m ) com a energia potencial de deformação de flexão ( U b ). Substituindo (3.5) em (3.6) é possível determinar U m e U b , como mostrado nas equações (3.7) e (3.8), respectivamente. Um = Ub = Et 1− υ 2 2 ε + ε y2 + 2 υ ε x ε y + γ xy 2 ∫∫ x 2 2 (1 − υ ) dx dy Et 3 2 2 2 ∫∫ w xx + w yy + 2 υ w xx w yy + 2(1 − υ) w xy dx dy 2 4(1 − υ 2 ) [ ] 46 (3.7) (3.8) A energia potencial da força externa é composta de quatro partes: 1. A energia potencial de força externa devido à força lateral. Ω p = + ∫∫ p w dx dy (3.9) 2. A energia potencial de força externa devido às forças na superfície. Ω F = − ∫ (N x u + N yx v )dy (3.10) 3. A energia potencial de força externa devido aos momentos. Ω M = + ∫ M x w x dy (3.11) 4. A energia potencial de força externa devido aos esforços cortantes. Ω K = − ∫ K x w dy (3.12) A energia potencial total (V), equação (3.13), é a soma da energia potencial de deformação mais a energia potencial de força externa. V = Um + Ub + Ωp + ΩF + ΩM + Ωk (3.13) E pode ser representada pelo funcional (F), que é mostrado na equação (3.14) do cálculo variacional. 47 V = ∫∫ F(u , u x , u y , v, v x , v y , w , w x , w y , w xx , w yy , w xy ) (3.14) R Das equações (3.5), (3.7), (3.8), (3.9), (3.10), (3.11) e (3.12) tem-se: F= 2 A 1 2 w 1 2 1 2 w 1 2 u x + w x + v y + + w y + 2υ u x + w x v y + + w y + 2 2 r 2 2 r 2 D 2 A 1 − υ 2 2 (v x + u y + w x w y ) + w xx + w yy + 2 υ w xx w yy + 2(1 − υ)w xy + pw 2 2 2 [ (3.15) ] Onde A é a rigidez extensional e D é a rigidez de flexão. A= D= Et 1− ν2 Et 3 12 1 − ν 2 ( (3.16a) (3.16b) ) De acordo com o princípio da energia potencial mínima, as equações de equilíbrio podem ser obtidas fazendo δV = 0 . ∂F ∂ ∂F − ∂u ∂x ∂u x ∂ ∂F − ∂y ∂u y =0 (3.17a) ∂F ∂ ∂F − ∂v ∂x ∂v x ∂ ∂F − ∂y ∂v y =0 (3.17b) 48 ∂F ∂ ∂F − ∂w ∂x ∂w x ∂ ∂F − ∂y ∂w y + ∂ ∂F 2 ∂x ∂w xx ∂ + 2 ∂y ∂F ∂w yy + ∂ ∂F ∂x∂y ∂w xy =0 (3.17c) Resolvendo as equações (3.17a-c) chega-se nas equações diferenciais de equilíbrio estático (3.18a-c) para u, v e w. ∂ 1 2 w 1 2 1 − υ ∂ (v x + u y + w x w y ) = 0 u x + w x + υ v y + + w y + ∂x 2 r 2 2 ∂x (3.18a) 1− υ ∂ (v x + u y + w x w y ) + ∂ v y + w + 1 w 2y + υ u x + 1 w 2x = 0 2 ∂x ∂y r 2 2 (3.18b) w 1 1 A v y + + w 2y + υ u x + w 2x / r + p + r 2 2 −A ∂ 1 2 w 1 2 1 − υ w y (v x , u y , w x w y ) w x u x + w x + υ v y + + w y + ∂x 2 r 2 2 ∂ w 1 1 1 − υ − A w y v y + + w 2y + υ u x + w 2x + w x (v x , u y , w x w y ) ∂y r 2 2 2 (3.18c) ∂2 ∂2 ∂2 + D 2 ( w xx + υw yy ) + 2(1 − υ) w xy + 2 (w yy + υw xx ) = 0 ∂x∂y ∂y ∂x Integrando as equações (3.4) em relação à z determinam-se os esforços N x , N y , N xy conforme equação (3.19a). N x = ∫− t / 2 σ x dz = A(ε x + υ ε y ) t/2 N y = ∫− t / 2 σ x dz = A(ε y + υ ε x ) t/2 t/2 N xy = ∫− t / 2 τ xy dz = 1− υ Aγ xy 2 49 (3.19a) Multiplicando as equações (3.4) por z e integrando em relação à z determinam-se os momentos M x , M y , M xy conforme equação (3.19b). M x = ∫− t / 2 σ x z dz = D (κ x + υκ y ) t/2 M y = ∫− t / 2 σ x z dz = D (κ y + υκ x ) t/2 t/2 M xy = ∫− t / 2 τ xy z dz = (3.19b) 1− υ D κ xy 2 Com isso as equações de equilíbrio (3.18a-c) podem ser escritas em função das forças (3.19a) e momentos (3.19b). ∂N x ∂N xy + =0 ∂x ∂y ∂N xy ∂x + ∂N y ∂y =0 ∂ 2 M xy ∂ 2 M y Ny ∂ 2M x + 2 + + N y w xx + N y w yy + 2 N xy w xy − =p 2 2 ∂x∂y r ∂x ∂y (3.20a) (3.20b) (3.20c) Aplicando o método de Donnell, as equações (3.20a-c) tornam-se: r∇ 4 u = −υ ∂3w ∂3w + ∂x 3 ∂x∂y 2 r∇ 4 u = −(2 + υ) ∂3w ∂3w + ∂x 2 ∂y ∂y 3 50 (3.21a) (3.21b) D∇ 8 w + Et ∂ 4 w − ∇ 4 ( N x w xx + N y w yy + 2 N xy w xy ) = 0 2 4 r ∂x (3.21c) Onde: ∇4 = ∇8 = ∂4 ∂4 ∂4 + 2 + ∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4 ∂8 ∂8 ∂8 ∂8 ∂8 + 4 + 6 + 4 + ∂x 8 ∂x 6 ∂y 2 ∂x 4 ∂y 4 ∂x 2 ∂y 6 ∂y 8 (3.21d) (3.21e) Chega-se assim na equação geral de equilíbrio para uma casca cilíndrica, que será usada para determinar a carga crítica de flambagem ao longo deste capítulo. Equação da carga crítica de flambagem segundo JONES [11]. JONES [11], ao longo de seu livro, encontrou a carga crítica de flambagem para casca cilíndrica submetida a diversos carregamentos: 1. Carga axial. 2. Pressão lateral. 3. Pressão hidrostática. 4. Momento torcional. 5. Pressão lateral com um gradiente de temperatura. Para esta dissertação será usado como base o modelo de casca com carregamento de pressão lateral com um gradiente de temperatura e em seguida será modificada para o objetivo da dissertação que é pressão interna. 51 A solução da equação (3.21c) para um duto bi-apoiado, sujeito à pressão lateral e à variação de temperatura conforme a Figura 3.5, onde o termo cortante é zero ( N xy = 0 ), com a condição de contorno (3.22), pode ser escrita na forma da equação (3.23): Figura 3.5 Duto com uma pressão lateral e uma variação de temperatura, [11]. δw (0) = δw (L) = 0 D∇ 8 w + Et ∂ 4 w − ∇ 4 ( N x w xx + N y w yy ) = 0 2 4 r ∂x (3.22) (3.23) Que é a equação de equilíbrio para um duto sujeito a pressão lateral e uma variação de temperatura. Usando o deslocamento de flambagem, com amplitudes independentes, equação (3.24), é possível encontrar a solução da equação (3.23): ~ sen m π x sen ny δw = w = w L r (3.24) Substituindo a equação (3.24) em (3.23) é possível encontrar a solução para a carga crítica de flambagem que relaciona a pressão lateral e a temperatura crítica de flambagem de um duto sujeito a uma pressão lateral e um gradiente de temperatura, conforme apresentado nas equações a seguir. 52 2 2 2T12 T13 T23 − T11T232 − T22 T132 mπ n Nx + N = T + y 33 T11T22 − T122 r L (3.25a) Onde: 2 mπ 1 − ν n T11 = A A + 2 L r T12 = 2 (3.25b) 1 + ν mπ n A 2 L r (3.25c) ν mπ T13 = A r L (3.25d) 1 n T23 = A r r (3.25e) 2 1 − ν mπ n T22 = A + A 2 L r 2 2 2 4 mπ 4 mπ n n A T23 = + 2 + + 2 L r r r L (3.25f) (3.25g) Porém, JONES [11] diz, após encontrar as equações (3.25a-g), que esta equação também é válida para dutos sob pressão interna tendo apenas que mudar a direção de aplicação da pressão. Ou seja, a pressão lateral (p) é igual à pressão interna ( p i ) só alterando-se o sinal ( p = − p i ). Isto é possível, pois foi usada a teoria de casca fina, com 53 isso a equação (3.32a) pode ser usada para ambos os casos. Inclusive, JONES [11] apresenta gráficos demonstrando tal afirmação. Com isso, conforme descrito no capítulo 2: σ y = Pi r t r σ x = Pi υ − Eα∆t t (3.24) (3.25) Podendo ser expresso em termos de unidade de comprimento: Ny = σy t (3.26) Nx = σx t (3.27) Substituindo as equações (3.24) e (3.25) em (3.26) e (3.27) respectivamente, tem-se: N y = Pi r (3.28) N x = Pi r υ − E t α∆t (3.29) Com isso substituindo as equações (3.28) e (3.29) em (3.25a) chega-se na relação entre a pressão interna crítica a temperatura crítica de flambagem de uma casca cilíndrica 54 sujeita a pressão interna e um gradiente de temperatura, conforme apresentado na equação a seguir. 2 2 2 2T12 T13 T23 − T11T232 − T22 T132 mπ mπ n Eαt∆T − υ P r − P r = T + i i 33 T11T22 − T122 L L r (3.30) Conclusão do Modelo Analítico. Nesta primeira parte do capítulo 3, usando as equações desenvolvidas por JONES [11], foi possível determinar a equação de equilíbrio de uma casca cilíndrica e encontrar a relação entre a pressão interna crítica e a temperatura crítica de flambagem de uma casca cilíndrica elástica, esbelta, sujeita a uma pressão lateral e a um gradiente de temperatura. 3.2 Modelo Numérico Um modelo não-linear baseado no MEF foi desenvolvido para simular a temperatura crítica de flambagem de um duto (assumido seu comportamento como de uma casca) esbelto, sujeito a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura e com extremidades bi-apoiadas e fixas. Neste tópico serão descritas as seguintes etapas: 1. Geração dos nós dos elementos. 2. Geração dos elementos. 3. Condição de contorno e passos de carga. A descrição das propriedades do material e seção do duto foi suprimida deste capítulo, pois já foi definida no capítulo 2 55 Geração dos Nós dos Elementos Para o modelo foi realizado um estudo de sensibilidade de malha, três diferentes dimensões globais de malhas foram utilizadas, ou seja, o duto foi divido em pequenos pedaços com as seguintes dimensões: • 10 milímetros. A temperatura crítica de flambagem, quando comparada com a solução analítica, teve uma diferença apenas na segunda casa decimal, porém para isso o tempo computacional foi relativamente alto. • 15 milímetros. Nesta malha o resultado foi muito bom também, mas ainda com um tempo computacional elevado. • 20 milímetros. Já para esta simulação de malha o tempo computacional foi relativamente menor com a mesma precisão no resultado das malhas anteriores, por isso esta foi a malha adota para o modelo, conforme Figura 3.6. 56 Figura 3.6 Malha utilizada no modelo de casca. O ABAQUS permite que sejam usadas coordenadas, cartesianas, cilíndricas ou esféricas, No modelo proposto será usado o sistema cartesiano, conforme mostra a Figura 3.7. Y X Z Figura 3.7 Sistema global de coordenadas utilizado no modelo. 57 Geração dos Elementos Após os nós terem sido criados, os mesmos são unidos formando os elementos de casca. O elemento selecionado para representar o duto é o S4R, elemento de casca com seis graus de liberdade (três de deslocamento e três de rotação) por nó. Condição de contorno e passos de carga. No modelo criado à expansão radial em Z = 0 e Z = L , ou seja, os extremos do cilindro não acompanham a parte central do mesmo, ou seja o raio em seus extremos e diferente do raio ao longo de seu comprimento. O modelo foi construído com três passos de cargas que serão demonstrados a seguir; • Primeiro passo de carga. Neste passo o duto é submetido a uma pressão interna e uma força axial concentrada na direção Z conforme mostrado na Figura 3.7, a pressão interna e a força axial são aplicadas sob forma de rampa, ou seja, sua magnitude varia linearmente durante a aplicação do passo de carga de um valor inicial nulo até o valor especificado no carregamento. Neste passo não são permitidas não-linearidades geométricas e o número de incrementos é limitado a 100 passos de carga. Esta força axial concentrada tem como finalidade representar a pressão interna na tampa da casca cilíndrica, para isso foi necessário criar um coupling Figura 3.8, que tem como finalidade representar todos os graus de liberdade da extremidade do duto em um único ponto gerando assim um único ponto de aplicação da força axial. 58 Figura 3.8 Coupling utilizado no modelo. As condições de contorno nesse passo são: 1. Em Z = 0 o duto é apoiado, ou seja, as rotações nas três direções são permitidas e o deslocamento é restringido. 2. Em Z = L o duto é livre para se deslocar apenas em Z, conforme Figura 3.7, e suas rotações nas três direções são permitidas. Assim devido ao efeito de membrana, quando o duto é pressurizado, em Z = L ele é livre para contrair-se na direção Z, passando a ter um comprimento total de L − ∆L , onde ∆L é a parte comprimida do duto. • Segundo passo de carga. Neste passo, utilizando-se um conector do tipo CONN3D2 como mostrado na Figura 3.9, o duto foi obrigado a retornar à sua posição inicial, voltando a ter deslocamento zero, ou seja, o duto teve um deslocamento de mais ∆L na direção de Z, levando o duto a ter o comprimento original L. Em seguida, na posição Z = L , a condição de contorno foi alterada passando a ser apoiada, ou seja, as rotações nas três direções são permitidas e os 59 deslocamentos são restringidos. Com isso, gera-se uma força de tração no cilindro, ou seja, conclui-se então que a casca cilíndrica não flamba devido a uma pressão interna. Figura 3.9 Conector CONN3D2 • Terceiro passo de carga. Neste passo utilizou-se a função buckle, contemplada na biblioteca do ABAQUS, onde não é necessário incluir não-linearidades geométricas e são permitidas no máximo 3000 interações. A função buckle consiste em resolver um problema de autovalor e autovetor como mostra a Figura 3.10. 60 Figura 3.10 Modelo flambado como casca após atingir a temperatura crítica usando a função buckle. Conclusão do Modelo Numérico. Na segunda parte do capítulo 3 foi possível criar um modelo que representasse a flambagem de uma casca cilíndrica sujeita à pressão interna e a um gradiente de temperatura. Para este modelo não será realizada uma análise de pós-flambagem. Com isso, no capítulo 4, serão apresentados os resultados das simulações de flambagem obtidos numericamente, que foram realizados para uma série de parâmetros geométricos. Ainda no capítulo 4 esses resultados serão comparados aos resultados do modelo analítico, para uma casca cilíndrica, apresentada na primeira parte do capítulo 3. 61 4 CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DE RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos a partir dos modelos descritos nos capítulos 2 e 3. Estes resultados serão apresentados na seguinte ordem: 1. Flambagem e pós-flambagem para o modelo de viga. 2. Flambagem para o modelo de casca. 3. Fronteira entre os modelos de viga e de casca. 4.1 Flambagem e Pós-Flambagem Tipo Viga. Para a flambagem tipo viga é possível notar na equação (2.30d) que a relação entre a pressão interna crítica e a temperatura crítica é linear e inversamente proporcional, ou seja, quanto maior a pressão interna, menor é a temperatura crítica de flambagem. Portanto, a partir dos modelos desenvolvidos no capítulo 2 alguns resultados serão discutidos. Usando a equação (2.30d) e o modelo numérico de viga descrito no capítulo 2 é possível plotar um gráfico (Figura 4.1) que mostra a relação entre a pressão interna crítica e a temperatura crítica de flambagem para diferentes relações de raio e espessura ( β ) e coeficiente de esbeltez λ . Ainda na Figura 4.1 é possível observar a validade do modelo numérico, pois nota-se a concordância dos resultados. 62 9.9 9.8 Analítico Numérico Numérico Numérico 9.7 9.6 9.5 9.4 ∆tcrit 9.3 9.2 β , 9.1 λ 2 120 , 13889 9.0 100 , 20000 8.9 8.8 8.7 75 , 35556 8.6 8.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 -6 pi x (10 ) Figura 4.1 Flambagem: Modelos numérico e analítico. Usando a equação (2.30d) foi possível obter um gráfico da temperatura crítica de flambagem em função do coeficiente de esbeltez, para um duto com pressão interna adimensional 4,76 x 10 −7 , como era de se esperar quanto maior o índice de esbeltez (maior o comprimento), menor a temperatura crítica de flambagem, conforme apresentado na Figura 4.2. Na Figura 4.2, usando a equação (2.33) para um aço com a tensão de escoamento adimensional de 2,3 x 10 −3 ( σ vm = 2,3 x 10 −3 ), é possível determinar a fronteira entre os regimes, plástico e elástico. 63 9.86 pi=4.76E-07 Regime Plástico 9.85 Regime Elástico ∆tcrit 9.84 9.83 β 75 9.82 100 120 9.81 9.80 2x10 3 4x10 3 3 6x10 λ 3 8x10 10 4 2 Figura 4.2 Coeficiente de esbeltez por temperatura crítica de flambagem. Com base nas equações (2.33) plotou-se um gráfico (Figura 4.3) que relaciona a tensão de Von Mises e o coeficiente de esbeltez. É notável que quanto maior o comprimento do duto menor é a tensão de Von Mises. Para este gráfico usou-se um aço com a tensão de escoamento adimensional de 2,3 x 10 −3 ( σ vm = 2,3 x 10 −3 ) e foi possível determinar a fronteira entre os regimes, plástico e elástico. 64 0.010 0.009 Regime Plástico 0.008 Regime Elástico 0.007 β=100 σvm 0.006 0.005 0.004 0.003 Tensão de escoamento 0.002 0.001 0.000 10 3 10 λ 4 10 5 2 Figura 4.3 Tensão de Von Mises por coeficiente de esbeltez A Figura 4.4 foi criada a partir da equação (2.30b) de pós-flambagem que relaciona e temperatura e a pressão interna. Observa-se que o comportamento linear na relação p i − ∆t é mantido no regime de pós-flambagem. 10.0 β=100 λ=2000 9.5 ∆t 9.0 8.5 * l 1.000 1.005 1.010 1.015 8.0 7.5 0 1 2 3 4 5 pi x (10-6) Figura 4.4 pós-flambagem: Pressão interna e temperatura. 65 Ainda para a pós-flambagem, usando as equações (2.35a-b), foi possível relacionar a tensão de Von Mises com o comprimento deformado ( l * ) para diferentes valores de β conforme mostra a Figura 4.5. Para esta gráfico usou-se o mesmo aço das figuras anteriores, e foi possível determinar a fronteira entre os regimes, plástico e elástico. Nota-se que quanto maior o comprimento deformado maior é a tensão de Von Mises. 0.005 0.004 0.003 σvm= 2.27E-03 σVM Reg. Plástico 0.002 Reg. Elástico 2 β , λ 120 , 13889 100 , 20000 75 , 35556 0.001 0.000 1.000 1.001 1.002 1.003 1.004 1.005 1.006 * l Figura 4.5 Comprimento deformado por tensão de Von Mises. Usando os modelos, analítico e numérico foi possível plotar o gráfico de pósflambagem da deflexão máxima em função da temperatura (Figura 4.6), para diferentes valores de β e λ , a temperatura foi normalizada a partir da temperatura crítica de flambagem ( ∆t crit ) e, como esperado, após atingir a ∆t crit a viga sofre uma instabilidade. Ainda na Figura 4.6 é possível notar a concordância entre os modelos, pois após atingirem a ∆t crit os resultados encontrados se mostraram satisfatórios. 66 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 Analítico ∆t / ∆tcr 0.8 Numérico 0.7 2 β , λ 75 , 35556 100 , 20000 120 , 13889 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 -3 Ymax x (10 ) Figura 4.6 Deflexão máxima por temperatura. Usando as equações (2.8a-b) e o modelo numérico foi possível plotar a deformada para diferentes valores do comprimento deformado ( l * ), e como era esperado quanto maior l * maior é a deflexão, conforme mostra a Figura 4.7. Numérico Analítico 0.10 * l 1.001 1.0025 1.004 1.005 1.021 0.08 Y 0.06 β=100 λ=2000 0.04 0.02 0.00 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 X Figura 4.7 Deformadas no regime de pós-flambagem. 67 1.0 4.2 Flambagem Tipo Casca. Como ocorrido com o modelo de viga, para a flambagem tipo casca é possível notar na equação (3.30) uma relação linear, mas no caso de casca a relação é diretamente proporcional entre a pressão interna crítica e a temperatura crítica. Ou seja, quanto maior a pressão interna, maior é a temperatura crítica de flambagem, logo é possível concluir que a pressão interna ajuda a impedir a flambagem. Portanto, a partir dos modelos desenvolvidos no capítulo 3 alguns resultados serão discutidos. A equação (3.32a) é função de dois parâmetros n e m, então, para encontrar a solução foi necessário desenvolver uma planilha em Excel utilizando a ferramenta solver, disponível na biblioteca do mesmo. Esta planilha tinha como função procurar o valor de n e m de forma a minimizar a temperatura para um dado valor de pressão interna previamente determinada. Durante a procura do valor de n e m para diferentes valores de pressão interna observou-se que n era sempre igual a 1 (um). Usando a equação (3.32a) (com a função solver) e o modelo numérico de casca descrito no capítulo 3 é possível plotar um gráfico (Figura 4.8) que mostra uma relação entre a pressão interna crítica e a temperatura crítica de flambagem para diferentes relações de raio e espessura ( β ). Ainda na Figura 4.8 é possível observar a validade do modelo numérico, pois nota-se que os resultados quando comparado com o modelo analítico tiveram seus resultados dentro do esperado. 68 0.40 0.35 Analítico Numérico b , l 0.30 250 , 32 200 , 50 ∆t 0.25 150 , 89 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 -6 pi x (10 ) Figura 4.8 Flambagem de casca: Modelos numérico e analítico. Para os gráficos abaixo (Figuras Figura 4.9 a Figura 4.11), estão apresentados os autovetores dos modelos analítico e numérico apresentando ótimos resultados. Vale ressaltar que nas extremidades da casca ( X = 0 e X = 1 ), não existem efeitos de membrana, apenas os efeitos de flexão, de caráter local. E que o modo de flambagem da direção X (m) diminui à medida que β aumenta. 1.0 Analitico Numerico b= 150 l= 89 0.5 w m = 15 0.0 -0.5 -1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 X Figura 4.9 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, 69 β = 150 . 1.0 Analitico Numerico b= 200 l= 50 0.5 w m = 14 0.0 -0.5 -1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 X Figura 4.10 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, 1.0 β = 200 . Analitico Numerico b= 250 l= 32 0.5 w m = 13 0.0 -0.5 -1.0 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 X Figura 4.11 Autovetores comparando os modelos analítico e numérico, 70 β = 250 . 4.3 Interface Viga e Casca. Nesta parte será tratada a fronteira entre os modelos de casca e viga. Na Figura 4.12 estão representadas as fronteiras para diferentes valores de pressões internas, variando os parâmetros λ2 e β . Para obter esse gráfico (Figura 4.12) foi necessário criar novamente um solver em uma planilha Excel, porém desta vez usou-se o seguinte procedimento: 1. Determinam-se os parâmetros: Raio, espessura, pressão interna, comprimento, n e m. 2. Em seguida, calcula-se a temperatura crítica de flambagem para casca usando a equação (3.30) com os dados acima. 3. Com os mesmos dados, calcula-se a temperatura crítica de flambagem para viga usando a equação (2.30d). 4. E, por último, faz-se um solver variar n e m com as seguintes restrições: l mínimo e a temperatura crítica de flambagem para casca e viga têm que ser iguais. Com o raio e a espessura determinada encontra-se o valor de β e com o raio e o l mínimo calculado pelo solver determina-se λ2 , com isso é possível obter a fronteira entre viga e casca ponto a ponto para diferentes pressões internas, como mostra a Figura 4.12. 71 800 pi 700 0 -7 4,8 x 10 -6 1,4 x 10 -6 2,4 x 10 -6 4,8 x 10 -6 9,5 x 10 -5 4,8 x 10 600 500 CASCA λ 2 400 300 200 VIGA 100 0 50 100 150 200 250 300 β Figura 4.12 Fronteira entre casca e viga em relação os parâmetros λ2 e β . Para o gráfico abaixo (Figura 4.13), foram usadas as equações (2.30b) e (3.30) que relacionam pressão interna e temperatura críticas de flambagem, com isso foi possível determinar, para diferentes valores de λ2 , se o duto irá flambar como casca ou como viga. Na Figura 4.13 a linha vermelha mostra a temperatura crítica de flambagem em função do coeficiente de esbeltez, nota-se que a linha vermelha é o menor valor de temperatura, no ponto, entre os modelos de casca e viga. Ou seja, de λ2 = 0 até o ponto de fronteira marcado na figura o duto irá flambar como casca (temperatura crítica de flambagem é menor para casca), do ponto de fronteira em diante o duto irá flambar como viga (temperatura crítica de flambagem como viga é menor). 72 Casca Viga 45 40 β = 150 -7 pi= 4,8 x 10 35 ∆tcrit 30 25 20 Ponto de fronteira entre viga e casca 15 10 5 0 0.0 2.0x10 2 2 4.0x10 6.0x10 2 λ² 8.0x10 2 3 1.0x10 3 1.2x10 1.4x10 3 Figura 4.13 Fronteira entre casca e viga em relação os parâmetros ∆t e 73 λ2 . 5 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS O objetivo deste trabalho foi estudar a flambagem do tipo casca e do tipo viga de um duto elástico, esbelto, sujeito a uma pressão interna e a um gradiente de temperatura uniforme, com extremidades bi-apoiadas e fixas. Primeiramente, encontrou-se analiticamente a equação de flambagem e de pósflambagem do tipo viga, e desenvolveu-se um modelo numérico que representasse o modelo analítico. Uma comparação entre os modelos foi realizada encontrando-se ótimos resultados. Posteriormente, desenvolveram-se as equações analíticas de flambagem do tipo casca baseado em JONES [11] e um modelo numérico que representasse o modelo analítico foi criado. Uma comparação entre as soluções analítica e numérica foram feitas, obtendo-se ótimos resultados validando assim o modelo numérico. E para finalizar foi feito um mapeamento da fronteira entre a flambagem de viga e casca, possibilitando pré-estabelecer se irá ocorrer uma flambagem tipo casca ou tipo viga, a partir de parâmetros geométricos apenas. Os resultados foram apresentados em gráficos adimensionais e normalizados em função da razão de esbeltez ( λ2 ), da razão entre o raio e a espessura ( β ) e da pressão interna Pi , possibilitando, assim, apresentar um gama de resultados para diferentes valores de λ2 , β e Pi . As temperaturas críticas de flambagem encontradas para os dois modelos (casca e viga) foram relativamente baixas, não alterando as propriedades do material. 74 Como sugestão para trabalhos futuros: 1. Utilizar um modelo numérico que represente simultaneamente a flambagem do tipo casca e do tipo viga, e que possa determinar a região de transição observando os dois tipos de flambagem. 2. Realizar ensaios experimentais. 3. Incluir flambagem plástica. 75 6 CAPÍTULO 6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] http://boelly.multiply.com/journal, acessado em fevereiro de 2012. [2] RUBIN, A., Gudme, J., "Qualification of Steel Wire for Flexible Pipes", In: 61st Annual Conference & Exposition - Corrosion, NAC Expo 2006, paper n° 06149 , March 12-16, San Diego, Califórnia, USA, 2006. [3] http://www.itp-interpipe.com/products/subsea-cryogenic-pipelines/subseacryogenic-pipelines.php, acessado em fevereiro de 2012. 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