ALVO DUMBLEDORE A carta de Hogwarts Todos estariam de péssimo humor naquela manhã se não fosse a chegada da coruja tão esperada. Mais ou menos às 6:00 da manhã algumas batidas na janela despertaram o irmão mais velho. Ele olhou pela janela e ali viu uma coruja de penas castanhas com um envelope pardo endereçado com letras verde-esmeralda amarrado na perna. Ele abriu o envelope mais que imediatamente e leu: Prezado Senhor Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, Temos o prazer de informar que V.S.a tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários. O ano letivo começa no dia primeiro de setembro, estamos aguardando sua coruja até 31 de julho no mais tardar. Alvo praticamente pulou de alegria e gritou sua mãe. A Senhora Dumbledore acordou espantada com os gritos de seu filho, mas assim que abriu os olhos já sabia do que se tratava toda aquela algazarra. Alvo havia recebido sua carta de Hogwarts. Kendra, como se chamava, tinha cabelos levemente ruivos e olhos azuis, era uma mulher alta e disposta para sua idade. Toda a casa já estava acordada às 6:05 da manhã e os irmãos de Alvo um tanto quanto sonolentos. Kendra já sabia que não haveria como discutir então combinou de levar seus filhos ao Beco Diagonal no mesmo dia. Todos entraram na lareira um por um e se encontraram no Caldeirão Furado. O lugar não era dos mais chiques, mas havia um ar mágico totalmente contagiante. Depois de algum tempo rondando o Beco Diagonal, só faltava comprar a varinha de Alvo. Eles se dirigiram ao Olivaras para comprá-la. 1 Olivaras Ao abrir a porta um sininho tocou, mas não era um tilintar qualquer, havia um toque misterioso naquele som, o mesmo toque misterioso que havia na loja. Depois de baixar um pouco a guarda, Alvo começou a reparar na loja. Ela era quase toda ocupada por estantes que iam do chão até o teto, que devia ter uns três metros de altura. As estantes, por sua vez, estavam lotadas de pequenas caixinhas que aparentemente guardavam varinhas. A loja era mal iluminada, por isso, Alvo não percebeu a repentina aproximação do Senhor Olivaras e se assustou ao ouvir uma voz rouca perguntar: – No que posso ajudar? O Senhor está procurando uma varinha, presumo. Alvo fez que sim com a cabeça. – Bom, então vamos testar algumas. Depois de muitas varinhas testadas, finalmente uma reagiu bem ao toque de Alvo. Mas o Senhor Olivaras não queria de jeito nenhum abrir mão daquela varinha. – Se não está disposto a vendê-la, então por que me deu para testar? – Alvo falou num tom de voz irritado. – Ó meu jovem, não tinha como adivinhar que essa varinha te escolheria! Ninguém a conquista nos últimos duzentos anos. Dumbledore ficou boquiaberto. Por que aquela varinha havia escolhido ele? Dentre tantos outros bruxos muito mais conhecidos e importantes, a varinha havia escolhido a ele? Será que existia algum motivo realmente convincente, ou ele tinha tido muita sorte mesmo? Mas isso não seria possível, as varinhas escolhiam os bruxos de um jeito que poucas pessoas sabiam como. – A partir desse dia sei que posso esperar grandes feitos do senhor...? – Dumbledore. – Dumbledore? Esse nome não me é estranho. Alvo sentiu a tristeza batendo em seu peito. Deve ter deixado transparecer porque logo depois o Senhor Olivaras perguntou: – Disse algo que não deveria, meu caro? 2 – Não! – Alvo falou pouco convincente. – Mas vai deixar ou não eu levar minha varinha? – Vou, mas gostaria de receber mais respeito da sua parte! Alvo se calou e reprimiu sua vontade de se queixar da indecisão do Senhor Olivaras. – Ela vai custar um pouco caro, já que é tão valiosa. Acho que seis galeões bastam. – Aqui está – disse Alvo, um pouco relutante em dar ao velho toda a quantia que lhe restava, pois estava pretendendo comprar também uma coruja. Alvo saiu da loja e se juntou à sua família. – Bom, agora só falta uma parada – disse Kendra. – Uma parada? Mas já compramos tudo! Kendra repreendeu com um sorriso, seu filho havia caído em sua armadilha. – É surpresa, mas aposto que você vai gostar... Eles se dirigiram ao Caldeirão Furado, pois a Senhora Dumbledore pretendia fazer uma surpresa, portanto, Alvo não poderia ver onde ela estava indo. Kendra deixou todos em um quarto e foi comprar o presente de Alvo. Pouco depois, Ariana viu sua mãe voltando e chamou Alvo. Ela estava com alguma coisa na mão que parecia um pouco pesada. O menino analisou a coisa na mão de Kendra minuciosamente e percebeu do que se tratava o embrulho. A coruja – É UMA CORUJA! MAMÃE ME COMPROU UMA CORUJA! NÃO ACREDITO! DE ONDE ELA TIROU DINHEIRO PRA ISSO? AH, NÃO IMPORTA, EU TENHO UMA CORUJA! Alvo desceu a escadaria correndo com um sorriso estampado na cara. – Minha nossa! Você é um tremendo estraga prazeres sabia? Já descobriu qual é a surpresa! – Desculpa, mas eu não pude evitar. Estava um pouco óbvio aquele pacote na sua mão, sabe. 3 – Tome aqui! O menino praticamente arrancou a gaiola das mãos de Kendra, que abriu um largo sorriso. – Mãe, ela é linda! A coruja era branca e com olhos azuis muito intensos que emanavam inteligência. – É uma fêmea, a dona da loja disse que as corujas fêmeas são mais carinhosas e inteligentes. O menino fez um muxoxo de desaprovação. Como sua mãe poderia conviver com ele há 11 anos e concordar com uma coisa dessas? Alvo teve uma tarde bastante tediosa, pois ainda faltava um mês para ir para Hogwarts. Na realidade ele ficou o resto do dia de bobeira, teve apenas uma breve conversa com seu irmão: – Como foi lá na Olivaras? Alvo contou tudo que tinha acontecido, inclusive suas dúvidas sobre ser o bruxo certo para aquela varinha. – Então quer dizer que o homem não queria te vender a varinha? – disse Aberforth desconfiado. – É. Por quê? – Você não acha isso estranho? – Um pouco, mas dizem que depois de uma varinha te escolher, nenhuma servirá tão bem quanto a primeira. Eu não gostaria de ter uma varinha que não fosse a primeira que conquistei. Sem contar que o Sr. Olivaras disse que nenhum bruxo conquista a confiança dessa varinha faz duzentos anos. – Você não acha que isso está lhe subindo muito à cabeça? – Ah! Deixa disso! – Crianças desçam para lanchar! ! ! – Espero que você ouça a voz da razão, Alvo. O que Aberforth havia falado não parou de martelar na cabeça de Alvo pelos próximos dias. Aquilo realmente fazia sentido. 4 Primeiro de setembro No dia primeiro de setembro a casa estava muito agitada, de um modo até imprudente. Pois não seria nada agradável um trouxa se aproximar e ver pela janela uma senhora muito atarefada levitando vestes de bruxo e livros de feitiçaria para dentro de um malão enorme e próxima dela, uma coruja piando a plenos pulmões. Ao terminar suas tarefas, Kendra levou todos para fora onde um táxi já os esperava. O motorista arregalou os olhos ao ver o tamanho do malão e a coruja de Alvo que ainda não parara de piar. Ele nada disse, apenas contentou-se em levar aquela estranha família para a estação King’s Cross. Ao embarcar na estação Alvo fez uma careta de decepção. Não havia gostado muito do lugar que ansiara durante um mês ver, não se parecia nem um pouco com a Plataforma 9 ¾ que ele imaginara. Mas afinal como poderia se parecer? Eles ainda não estavam realmente na plataforma. – Mãe, tem certeza que estamos no lugar certo? Aqui não parece com um lugar que bruxos frequentariam, tem coisas que eu nem sei pra que servem! – É porque ainda estamos na parte trouxa da estação, entende? A plataforma 9 ¾ fica ali – Kendra falou apontando para uma coluna localizada entre as plataformas nove e dez. – Mãe, você está doida? Não tem nada ali! – Confia em mim! É só andar na direção dessa coluna e quando se der conta, vai estar olhando para o Expresso de Hogwarts. E não se esqueça de disfarçar, está bem? Não podemos deixar os trouxas te verem atravessando uma coluna e desaparecendo. Você vai primeiro e depois vamos eu, Ariana e Aberfoth. Alvo engoliu em seco deu uma breve olhada em volta, os trouxas pareciam demasiado absortos em seus compromissos para reparar nele. Um pouco hesitante foi andando em direção à coluna bem devagar, para evitar bater muito forte e fechou os olhos esperando o impacto que na verdade não viria. – Ai! Seu maluco, vê se olha por onde anda! – disse um menino com um tom de voz irritadiço. – Foi mal! Fica calmo, eu nem bati forte! 5 O garoto simplesmente virou as costas e saiu batendo pé. Logo atrás de Alvo estava sua família, sua mãe andava num passo apressado, pois faltavam apenas três minutos para o trem partir. Foi então que Alvo finalmente começou a reparar no que estava ao seu redor: havia uma placa com pelo menos uns três metros de altura onde estava escrito “O Expresso de Hogwarts”. O trem em si era uma obra de arte, grande e vermelho vivo de um jeito que não dava para saber como os trouxas nem suspeitavam da existência dele. Como era possível não repararem num enorme trem vermelho? Será que os trilhos que o trem percorria estavam enfeitiçados e a própria locomotiva também? Alvo mal teve tempo de achar um vagão vazio e já estava sentado em um banco do trem dando adeus a sua família. – Olá! – disseram um menino e uma menina em uníssono. – Podemos sentar aqui? – ainda falando ao mesmo tempo. – Podem... A menina tinha pele morena e cabelos castanho-claros até os cotovelos e ondulados, seus olhos eram verdes e inteligentes. O menino era idêntico a ela tirando o tamanho do cabelo, e ela tinha feições mais delicadas. – Vocês sempre falam ao mesmo tempo? – Não... – Ás vezes nós... – Completamos as frases... – Um do outro. – Isso é um pouco estranho, sabem... Os gêmeos sorriram. – Estamos acostumados... – A ouvir isso. – Qual é o seu nome? – disseram em uníssono. – Alvo Dumbledore. Os gêmeos se entreolharam. – Também acho – disse a menina. – Acha o quê? – Deixa... – ela começou. – Pra lá – ele terminou. – Tá bem. – Mas não estava nada bem. – Como se chamam? 6 – Emma. – Rupert. – Finalmente! Alguma coisa que não falam ao mesmo tempo! – Alvo falou rindo. – Bom, ia ficar meio confuso, não acha? E no geral, as damas primeiro. Era um pouco irritante conversar com duas pessoas que completavam as frases um do outro, mas fora isso, os gêmeos eram muito engraçados. Eles pareciam ter algum tipo de conexão, e riam-se da cara confusa que Alvo fazia toda vez que diziam algo sem sentido, mas que aparentemente fazia sentido para eles. Conversaram a viagem inteira, o que não era pouco, e ao desembarcarem estavam torcendo para ficarem na mesma casa. 7