• 82 Valor Sábado, domingo e segunda-feira, 28, 29 e30 de novembrn de 2015 Empresas Infraestrutura Impasse mantém mercado de curto prazo travado Energia CamilaMala De São Paulo Ogoverno e as empresas do setor elétrico estão correndo contra o tempo para resolver a situação do mercado de curto prazo, que permanece travado, com uma liquidação de R$ 4,2 bilhões aberta referente à setembro e um atraso considerável jã na contabilização das contas de outubro. Sem uma solução para o impasse, as empresas que têm posição credora no mercado - como a Petrobras, que controla diversas termelétrlcas-estão deixando de receber montantes elevados, afetando seu fluxo de caixa.A expectativa é que o mercado só poderá serdestravado com uma adesão significativa das empresas à repactuação do risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) proposta pelo governo. O atraso na aprovação da MP 688, porém, colocou mais um obstãcuJo para essa questão, que tem de ser resolvida até o fim do ano. Se a MP não for sancionada logo, a normalização do mercado de curto prazo pode ficar para 2016. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) decidiu suspender a liquidação de setembro depois de receber liminares das associações que representam geradores eólicos, termelétricos, a biomassa e comercializadores. Esses geradores são credores no mercado de curto prazo e não são diretamente afetados pelo GSF. No entanto, a inadimplência causada pelas Liminares das hidrelétricas fez com que os associados deixassem de receber os créditos a que teriam direito. As associações, que representam aproximadamente 90% de todos os credores no mercado de curto prazo, conseguiram liminares pedindo prioridade no recebimento dos créditos. Como a CCEE só contabilizou R$ 1,2 bilhão dos R$ 4,2 bilhões devidos, não tinha créditos suficiente para cumprir todas as liminares e pagar todos os que pediram prioridade. Enquanto a repactuação do GSF não chega, o mercado permanece travado. Os R$ 3 bilhões de inadimplência da liquidação de setembro- que não chegou a ser concluída - incluem remanescentes das liquidações anteriores. Agentes do setor calculam uma inadimplência extra de mais de R$1 bilhão entre outubro e dezembro desse ano como resultado das li.minares, se forem mantidas. Isso significará mais de R$ 5 bilhões deixando de entrar no caixa das geradoras credoras. "Esse tempo é muito doloroso para os ténnicos. Se não tivermos uma solução no curto prazo, a própria produção de energia das centrais tennelétricas pode vir a ser comprometida", afinnou Alexandre Kingston, advogado do escritório Schmidt, Lourenço e Kingston, que representa a Abraget, associação das tennelétricas. Isso acontece pois essas usinas têm gastos altos com comp1·a de combustíveis para geração de energia. Os representantes das empresas propuseram que a CCEE rateasse proporcionalmente entre eles o que foi arrecadado. A câmara, porém, se recusou, alegando que isso não irma cumprir as decisões judiciais. As associações voltaram ãjustiça pedindo que a CCEE fosse obrigada a cumprir as decisões. No entanto, para uma fonte a par das negociações, as liquidações só serão normalizadas se houver uma adesão dos geradores à repactuação do GSF. Quando a Aneel aprovou a proposta de nota técnica sobre as regras para a repactuação do risco, estabeleceu como data mãxirna para a adesão o dia 4 de dezembro. O atraso na aprovação da MP 688, porém, postergou lambém a publicação da normativa da Aneel. Na hipótese mais otimisla, a agência poderá votar a normativa na sua reunião de amanhã. Com isso, não haverá tempo hábil para que a data seja mantida. "Se a nonnativa for publicada na quarta-feira, o processo serã muito exíguo. Aprobabilidade de manutenção da data é muito pequena, e as empresas poderão impugnar legitimamente pois são cãlculos complexos", afirmou Rcnata Martins, advogada do setor regula tório do Siqueira Castro Advogados. Enquanto a regra do GSF não sai, a postura mais adequada para as empresas é aguardar e manter as li minares, completou.