Parece hoje ponto assente que defender a escola pública passa também por debatê-la. Não basta afirmarmos querer uma escola publica universal, que “promova a igualdade de oportunidades e a continuidade dos percursos a todos, encarada como um bem comum a que todos tenham acesso em condições de igualdade e justiça social” é preciso discutirmos o que não foi conseguido até hoje e as medidas a tomar para tornar efectiva a defesa descola pública. Neste início de ano, com a visibilidade dada pela comunicação social ao problema das colocações de professores, reforçou-se uma imagem extremamente negativa da escola pública – a imagem de uma escola pública mal gerida, desorganizada, sem professores e sem aulas em contraste com uma escola privada “sobre rodas”. Mesmo pensando que esta imagem não corresponderá de todo à realidade, a verdade é que a escola pública que hoje temos se distancia muito da que gostaríamos de ter. Que escola pública defendemos afinal? Que aspectos queremos debater e alterar? Que propostas concretas temos? O que opomos à livre concorrência? O centralismo do estado? Mais descentralização e autonomia? Como? Até onde deve ir a autonomia nas escolas públicas? (até à contratação de professores?, até à escolha dos alunos? na definição dos seus projectos em função dos alunos? na organização de apoios? actividades extra-curriculares? na gestão de fundos? na aquisição de fundos?). Até onde deve ir o papel do estado no que respeita aos privados? Aceitamos os contratos de associação? Sempre? Nunca? Em determinadas condições? Aceitamos os cheques ensino? Qual o papel das famílias? Como se avalia a escola e as escolas? E para quê? (Para seriar? Para seleccionar? Para detectar problemas e aplicar medidas?) Com que meios podem contar as escolas públicas? Adelina Precatado