GESTOR DEVE TER DIFERENTES ESTILOS
O que mais falta aos líderes cariocas, na opinião dos entrevistados ouvidos pela pesquisa
da Unicarioca, é habilidade para lidar com pessoas (23%), direcionamento e controle (21%), justiça
nos julgamentos (19%), iniciativa (16%) e ainda real capacidade de influenciar sua equipe (15%).
Características que, segundo Ylana Miller, professora do Ibmec/RJ e sócia-diretora da
Yluminarh, podem chegar a ser responsáveis por uma troca de emprego:
— Muitas vezes, quando uma pessoa pede demissão, ela pede demissão do chefe, e não da
empresa. O papel do líder impacta cada vez mais não apenas na produtividade, mas também na
retenção de talentos.
O que passa, também, pela responsabilidade da empresa, que deve treinar seus líderes
para corresponder às expectativas — cada vez mais altas — dos funcionários, alertam
especialistas.
— Enquanto, na Era Industrial as máquinas eram o centro do negócio, hoje, na Era do
Conhecimento, as pessoas são os meios para alavancar e sustentar o crescimento das empresas.
As organizações devem desenvolver seus líderes para que eles estimulem ao máximo o potencial
criativo e de inovação das equipes — destaca Jalme Pereira, coordenador da pesquisa da
Unicarioca, cujos resultados, segundo ele, apontam para estas necessidades de desenvolver
competências comportamentais.
Resiliência, adaptabilidade e flexibilidade
Pereira lembra, porém, que é preciso que cada companhia encontre a melhor forma de
promover treinamentos e desenvolver a liderança:
— Não existe uma receita mágica. Cada empresa tem suas peculiaridades, que devem ser
consideradas na tomada de decisão.
Afinal, a discussão entre qual é o “mix” ideal entre competências comportamentais e
técnicas para cargos de gestão é um dilema, lembra José Rezende, professor da pós-graduação em
Administração da Unigranrio.
— A melhor prática é ter alguém que veja estrategicamente o estilo de liderança
necessário a cada momento — afirma Rezende, acrescentando que, para tal, a característica mais
necessária é a resiliência. — É a palavra da moda, não porque é bonita, mas porque é mesmo
necessária. Ser resiliente significa ter noção exata de até onde se pode alongar a aplicação de um
recurso, método, prática etc. sem que aquilo deforme a organização, as equipes ou os indivíduos.
Vivemos em crise e em estresse, portanto precisamos saber alongar e desalongar...
À resiliência, Ylana MIller acrescenta mais duas habilidades essenciais ao líder
contemporâneo: flexibilidade e adaptabilidade.
— Hoje em dia, com mais multinacionais vindo para o Brasil, aparecem questões
relacionadas às culturas diferentes. É comum o líder se deparar com perfis totalmente distintos
dos brasileiros com os quais ele vai ter que negociar e se comunicar — afirma Ylana.
Apesar de a pesquisa apontar quais são as falhas do líder carioca, também mostra que
muitos estão no caminho certo, diz Jalme Pereira.
— O líder está na direção certa, usando estilos diferentes para contextos diferentes, apesar
da predominância do estilo mais autocrático. Mas ainda há um bom caminho para percorrer, visto
que os respondentes citam a necessidade deste líder desenvolver competências comportamentais
e de relacionamento.
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