Resumo Introdução Aumentar de forma sustentável o consumo de fruta e legumes nas crianças é uma preocupação crescente de saúde pública. Para combater o baixo consumo de hortofrutícolas em crianças, vários projectos e políticas alimentares têm vindo a ser implementadas um pouco por todo o mundo. O Regime de Fruta Escolar (RFE) é um Programa, instituído pela Comissão Europeia e tem como principal objectivo criar hábitos de alimentação saudável nas crianças, aumentando assim de forma sustentável a proporção de fruta e legumes no regime alimentar das crianças. Objectivo Avaliar o impacto do Programa do Regime de Fruta Escolar a curto prazo no consumo de fruta por parte das crianças do Município de Braga. Metodologia Este estudo transversal avaliou 148 crianças de ambos os sexos pertencentes ao 1.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico de Escolas públicas do Município de Braga. Os dados foram recolhidos usando uma matriz de consumo semanal de fruta a ser preenchida pelos pais e uma lista de verificação para avaliar a composição da merenda escolar das crianças. Foram realizadas duas avaliações, uma antes e outra depois da implementação do RFE, em Novembro de 2010 e Janeiro de 2011, respectivamente. A análise estatística dos dados foi feita recorrendo ao programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0. Resultados Verificou-se um aumento significativo (p=0,001) do consumo de fruta ao longo da semana após a implementação do Programa. Constatou-se um aumento do consumo de fruta após a implementação do Programa do Regime de Fruta Escolar com significado estatístico apenas nos dias de distribuição de fruta na escola: terças-feiras (p <0,001) e quintas-feiras (p <0,001). As crianças do sexo feminino apresentarem um consumo de fruta superior às do sexo masculino. Em relação aos lanches escolares, verificou-se que apenas uma pequena percentagem de crianças (23%) tinham fruta presente no lanche e após a implementação do Programa, diminuiu para 19%. Discussões Os resultados do presente estudo estão em concordância com os resultados obtidos noutros estudos semelhantes. Programas de promoção do consumo de hortofrutícolas têm-se revelado eficientes a curto prazo, sobretudo quando a fruta é distribuída gratuitamente às crianças em ambiente escolar. No que concerne às merendas escolares, a baixa percentagem de alunos que apresentavam fruta como componente do lanche escolar foi também reportado em outros estudos realizados noutros países, como é o caso da Austrália, onde apenas 29% das crianças levavam fruta para consumir na Escola. Conclusões Pode-se concluir que o Programa RFE enquadra-se bem dentro da estrutura da escola e pode ser um componente eficaz numa abordagem multifacetada para melhorar os hábitos alimentares das crianças em idade escolar. Intervenções posteriores precisam de ir além do ambiente escolar para que se consiga ultrapassar os diversos obstáculos que limitam a escola a melhorar os hábitos alimentares das crianças. Palavras-Chave Regime de Fruta Escolar; Fruta; Crianças; Escola; Alimentação