UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO NAS CIÊNCIAS TATIANA RODRIGUES DA SILVA PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O ESTADO DA ARTE NA ANPED NACIONAL E SUL Ijuí/RS 2011 TATIANA RODRIGUES DA SILVA PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O ESTADO DA ARTE NA ANPED NACIONAL E SUL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação nas Ciências. Orientadora: Dra. Maria Cristina Pansera-de-Araújo Ijuí/RS 2011 Espaço para ficha catalográfica Ata de aprovação AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus pelo dom da vida e por sempre guiar meus passos. Agradeço a minha mãe Ivone e ao meu pai Getulio pelo incentivo, amor e carinho demonstrado e agradeço também por todos os ensinamentos, os quais me fizeram ser o que sou. A minha princesa Gabriela e ao meu esposo Darci, por dividir o tempo que tinham comigo, com meus estudos também, e pelo amor demonstrado ao longo de minha caminhada. Obrigada por fazerem parte da minha vida! A minha professora, orientadora Maria Cristina Pansera-de-Araújo, por toda dedicação, paciência, disponibilidade e incentivo ao trabalho realizado. Aos amigos verdadeiros que estiveram ao meu lado, apoiando nas horas de dificuldades e comemorando nos momentos de alegria. A todos os colegas e professores, pelo aprendizado adquirido e momentos vivenciados juntos, que com certeza ficarão marcados. RESUMO Na atualidade, Educação Ambiental (EA) é um tema pertinente e primordial, que vem sendo pesquisado em diferentes espaços educativos: formal e não formal. O modelo de desenvolvimento econômico, ao longo do tempo, desencadeou vários problemas ambientais, culturais e sociais, provocando a crise que conhecemos ou acreditamos conhecer. A degradação ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da desigualdade social são sinais eloqüentes desta crise. O estudo destas questões em sala de aula é importante para a preservação do planeta. Neste contexto, constituiuse o seguinte problema: os autores, as referências, os focos temáticos e as correntes de EA nos textos de pesquisa do eixo ou grupo de estudos de EA, nos congressos/seminários brasileiros de educação (Anped Nacional e Anped Sul) constituem um corpus teórico relevante e contribuem para o desenvolvimento deste tema na educação formal. A escolha destes eventos de Educação (Anped Nacional e Sul) - realizados em anos concomitantes (2004, 2006, 2008) - visou reconhecer num espaço de pesquisa em educação, o estado da arte e a participação de pesquisadores da área, após a criação do GT de EA, na Anped Nacional. Para tanto, buscou-se: investigar a procedência dos autores e as abordagens feitas; os autores mais citados nas bibliografias dos artigos dos eventos pesquisados; apresentar alguns excertos dos referenciais citados nos artigos de EA analisados; e verificar a contribuição para a pesquisa em EA e o desenvolvimento do tema. Realizou-se, desta forma, a leitura dos textos publicados no eixo ou grupo de estudo EA nos eventos citados. As análises foram realizadas nas tabelas e quadros sistematizadores, considerando eventos, anos de ocorrência, autores dos trabalhos, vinculação institucional e referências bibliográficas citadas. O referencial teóricometodológico utilizado apoiou-se na análise investigativa dos textos publicados nas três edições selecionadas de cada um. O trabalho desenvolvido revelou, entre outros aspectos, uma preocupação relevante em relação as questões ambientais, reforçando a necessidade da EA ser tratada de maneira interdisciplinar e permanente, dentro da escola e comunidade, na formação dos professores e estudantes. O conjunto destes resultados possibilitou identificar um corpus teórico na área de EA. Palavras-chave: Anped. Correntes de EA. Educação Ambiental. Formação de Professores. ABSTRACT Nowadays, Environmental Education (EE) is a pertinent and primordial topic, that has been researched in different educational spaces: formal and informal. The model of economic development, over time, triggered several environmental problems, cultural and social, leading to the crisis we know or believe to know. Environmental degradation, the risk of ecological collapse and the advancement of social inequality are eloquent signs of this crisis. The study of these issues in the classroom is important for preserving the planet. In this context, it was constituted the following problem: the authors, references, thematic focus and the current text in the EA's search axis or study group EA, conferences/seminars for Brazilian Education (ANPED - National and South Association of Postgraduate and Research in Education) which constitutes relevant theoretical corpus and contribute to the development of this theme in formal education. The choice of these Education events ( National and South ANPED) - held in concurrent years (2004, 2006, 2008) aims to recognize, in an area of research in education, the state of the art and the participation of researchers in the field, after the creation of GT in EA, the National ANPED. To this end, we sought to investigate the merits of the authors and made approaches, the authors who were most cited in the bibliographies in the studied events; present some excerpts from the references cited in the articles analyzed by EA, and verify the contribution to the research in EE and development of the theme. We conducted this way, the reading of the texts published on the axle or group of EA study cited in the events. Analyses were performed on the tables and charts systematizers considering events occurring years, authors, institutional affiliation and references. The theoretical and methodological framework was based on the investigative analysis of three papers published in selected issues of each. The work has revealed, among other things, a relevant concern in relation to environmental issues, pointing out the need for EA to be treated on an interdisciplinary way and standing within the school and community, the training of teachers and students. All these results enabled us to identify a theoretical base in the area of EA. Keywords: National Association of Postgraduate and Research in Education Currents de Environmental Education. Environmental Education. Teacher Training. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANPED SUL – Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul ANPED NACIONAL – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação COMAM – Conselho Municipal de Meio Ambiente EA – Educação Ambiental ECO-92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC – Ministério da Educação MMA – Ministério do Meio Ambiente ONU - Organização das Nações Unidas ONGs – Organização Não Governamental PCN - Documento elaborado pelo Ministério da Educação e Cultura, Parâmetros Curriculares Nacionais PDN - Plano Nacional de Desenvolvimento PNUMA - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento SEMAM – Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano SISMUMA – Sistema Municipal de Meio Ambiente o Meio Ambiente e LISTA DE QUADROS QUADRO 1................................................................................................................ 18 QUADRO 2................................................................................................................ 22 QUADRO 3................................................................................................................ 24 QUADRO 4................................................................................................................ 24 QUADRO 5................................................................................................................ 25 QUADRO 6................................................................................................................ 29 QUADRO 7................................................................................................................ 47 QUADRO 8................................................................................................................ 48 QUADRO 9................................................................................................................ 50 QUADRO 10.............................................................................................................. 51 QUADRO 11.............................................................................................................. 52 QUADRO 12.............................................................................................................. 53 QUADRO 13.............................................................................................................. 58 LISTA DE TABELAS TABELA 1.................................................................................................................. 42 TABELA 2.................................................................................................................. 43 TABELA 3.................................................................................................................. 44 TABELA 4.................................................................................................................. 46 TABELA 5.................................................................................................................. 55 TABELA 6.................................................................................................................. 60 SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 11 1 PROBLEMAS, PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: uma breve revisão .... 16 1.1 Problemas, Preservação e Questão Ambiental........................................................................ 16 1.2 Algumas Preocupações com a Educação Ambiental no Mundo e no Brasil......................... 21 1.3 Educação Ambiental no Currículo da Escola Brasileira segundo os PCN ........................... 28 2 O CAMINHO DA PESQUISA............................................................................................. 38 3 OS AUTORES E AS REFERÊNCIAS DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ANPED nacional E na anped sul ............................................................ 42 3.1 A EA nos Eventos da Anped Nacional e da Anped Sul .......................................................... 42 3.2 Referências Utilizadas pelos Autores dos trabalhos ............................................................... 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 64 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 67 ANEXOS .................................................................................................................................. 72 ANEXO I.................................................................................................................................. 73 ANEXO II ................................................................................................................................ 78 ANEXO III............................................................................................................................... 92 11 INTRODUÇÃO A Educação Ambiental (EA) passa a ser foco permanente de discussão nas últimas décadas do século XX, surge como uma nova forma de encarar o papel do ser humano no planeta. Havendo um forte apelo da sociedade para que ela realmente aconteça na prática, pois promove instrumentos para a construção de uma visão crítica, reforçando práticas e ações, voltadas para propostas pedagógicas centradas na conscientização, aumento de conhecimento, mudança de valores e comportamentos, sendo ao mesmo tempo crítica e inovadora (REIGOTA, 1998). Isto exige do ser humano uma convivência não exploratória do ambiente e das demais espécies de seres vivos que habitam o planeta terra. Esta discussão precisa ser focada pelo aluno como uma maneira de analisar criticamente a visão antropocêntrica de vivência na natureza, que tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e da vida. Isso nos remete a importância da socialização do ser humano com o ambiente, sendo necessário para que este continue seu processo na construção de valores, conforme salienta Loureiro (2000, p. 70) a escola, já que a mesma é considerada o espaço mais adequado, pois através dela transformarmos as mais diversas situações apresentadas, na busca de perspectivas de melhorar a gestão dos recursos naturais. Aquilo que se faz, se diz e valoriza na escola, tem uma forte representação como exemplo daquilo que se busca pela sociedade, pois o que contribui para a formação de cidadãos responsáveis precisa também ser aprendido na prática, no cotidiano escolar. Assim, Cascino (2000) afirma que a escola tem como função oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. Desta forma, torna-se fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais que colaborem para a construção de um ambiente saudável. 12 A EA precisa ser incorporada como uma prática inovadora em diferentes âmbitos. Ela surgiu como uma nova forma de encarar o papel do ser humano no mundo, auxiliando na busca de soluções que alteram ou subvertem a ordem vigente, propondo novos modelos de relacionamentos com a natureza, novos paradigmas e novos valores éticos. Esta aparece como um despertar de uma nova consciência solidária a um todo muito maior, havendo a necessidade de integrar conhecimentos, valores e capacidades que podem levar a comportamentos condizentes com este novo pensar. O homem, neste processo, salienta Cascino (2000), enquanto ser social está situado num contexto onde seus desejos nem sempre são possíveis de serem realizados, levando em consideração a interferência direta do meio onde vive, exigindo, desta forma, uma educação no sentido mais amplo do termo. Exige conhecimento da natureza, de suas possibilidades e limites, bem como deste ser humano, de suas especificidades e relações com a própria natureza. Exige competências para construir sem destruir, para criar o meio humano em harmonia com o meio natural. Analisando o comentado pelo autor, destacamos que a educação ambiental tem como objetivo primordial mudanças de mentalidade. Sua abordagem ecossistêmica confere-lhe uma visão mais ampla que conjuga a perspectiva ecológica, social, cultural e econômica, procurando estabelecer uma nova relação entre a humanidade e a natureza. De acordo com Torres et. al (2001), a maior dificuldade está no passo a ser dado para que todos os indivíduos e toda a sociedade partilhe da discussão e das tarefas que implicam numa saúde ambiental permanente, ou seja, as atividades humanas relacionadas ao ambiente tenham um cunho respeitoso e cuidadoso, para que eventos dramáticos tais como incêndios, enchentes, derramamento de óleo nos rios e oceanos não tenham conseqüências desastrosas, já que muitas vezes realizamos ocupações inadequadas do mesmo. Para complementar estas colocações, Cascino (2000) diz que a EA é hoje fundamental em todos os segmentos da sociedade, com o objetivo de garantir a possibilidade de uma melhor qualidade de vida, buscando a integração ser humano e meio ambiente. Salienta ainda que, para alcançar pleno êxito, a EA deve ser ministrada em escolas nos diversos níveis de formação, considerando o ambiente em sua totalidade. 13 Estes aspectos estavam presentes na elaboração dos PCN, em que, entre os temas transversais a serem tratados em sala de aula, está o meio ambiente. Percebe-se neste contexto a importância de incluir o tema transversal, meio ambiente, nos currículos escolares. Pois na sua abordagem é fundamental levar em consideração dois aspectos que são: os físicos e biológicos, e principalmente, o modo de integração do ser humano com a natureza por meio das relações, que este estabelece na sociedade no que diz respeito ao trabalho, a ciência, a arte e a tecnologia. (BRASIL, 1998, p.169). Lohn (2004) diz que a escola deve oferecer condições para que os fatos naturais e humanos, de modo criativo, permitam cultivar atitudes que possibilitem viver uma relação construtiva consigo mesmo e com seu meio ambiente, colaborando para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa. Na concepção de Jacobi (2000), ao nos referirmos à educação ambiental, podemos situar a mesma num contexto mais amplo, o da educação para a cidadania, configurando-se como elemento determinante para a consolidação de sujeitos cidadãos. Desta forma, sensibilizaremos alunos e professores para uma participação mais consciente no contexto da sociedade, questionando comportamentos, atitudes e valores, além de propor novas práticas. Práticas estas que precisam ser disseminadas à sociedade como um todo. Os espaços em que é possível verificar esta questão são amplos, mas efetivamente a escola é um lugar privilegiado para efetivar esta discussão e esta prática. Isto resulta num conjunto de questões que já foram pesquisadas no campo da EA e apresentadas em eventos científicos de Educação. Daí a questão de pesquisa constituiu-se no seguinte argumento: a maneira dos autores, referencias, focos temáticos e correntes de EA serem abordados nos textos de pesquisa do eixo ou grupo de estudos de EA, nos congressos/seminários brasileiros de educação (Anped Nacional e Anped Sul) constitui um corpus teórico relevante e contribui para o desenvolvimento deste tema na educação formal?. A partir desta questão elencamos os seguintes objetivos específicos: • Investigar a autoria, procedência dos autores e a incidência dos trabalhos de pesquisa em Educação Ambiental, nas edições dos 14 seminários/congressos de Educação: Anped Nacional e Anped Sul ocorridas nos mesmos anos (2004; 2006; 2008); • Identificar os autores mais citados nas bibliografias dos artigos dos eventos pesquisados e sua contribuição para a formação de um corpus teórico sobre EA; • Verificar, a partir da síntese das idéias das referências mais citadas, os fundamentos da pesquisa em EA apresentada nestes eventos; • Analisar as idéias dos referenciais nos artigos de EA, para a formação de um corpus teórico do conhecimento em EA; • Identificar as correntes ambientalistas abordadas nos trabalhos • Verificar os focos temáticos dos artigos e sua relação com as correntes de educação ambiental. No primeiro capítulo desta dissertação, há uma breve revisão sobre os problemas, preservação e educação ambiental, trazendo além de outras informações um cronograma que sintetiza a evolução das relações Sociedade Humana – Ambiente, bem como algumas preocupações com a educação ambiental no mundo e no Brasil, abordando também a educação ambiental no currículo da escola brasileira segundo os PCN, além de algumas idéias defendidas por autores que tratam de questões de educação e ambiente. Isto permite entender melhor como se chegou às discussões no campo da educação ambiental, facilitar ainda o acesso a alguns dados da escala histórica, fatos importantes de nossa história que contribuíram para a amplitude das pesquisas e das práticas utilizadas em nosso cotidiano, não somente no que diz respeito ao contexto escolar. O segundo capítulo apresenta o caminho percorrido para responder a questão proposta, em que a análise documental (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) possibilitou combinar os resultados dos estudos realizados anteriormente de forma independente, extraindo dos textos publicados uma nova conclusão. Este estudo apresenta três fases distintas: i) fase exploratória; ii) a delimitação do estudo e a coleta de dados; e, iii) a análise sistemática desses dados. Após a identificação e análise do material, constituiu-se o capitulo III que apresenta, analisa, sintetiza e discute os resultados obtidos dos artigos selecionados dentre aqueles apresentados nos congressos Anped Nacional e Anped Sul dos anos de 2004, 2006 e 2008, com destaque para a quantidade de trabalhos publicados nos 15 eventos estudados, a procedência dos autores por evento e instituição de ensino, as referências mais utilizadas com a síntese das obras mais citadas, que caracterizam o referencial teórico predominante. Por fim, algumas considerações a cerca dos dados levantados e das análises realizadas são apontadas para que possam servir como fonte de pesquisa para estudos futuros na busca de ampliar o conhecimento das questões relacionadas ao campo da educação ambiental. 16 1 PROBLEMAS, PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA BREVE REVISÃO Neste capítulo serão tratadas questões relacionadas ao meio ambiente bem como questões que envolvem a EA, dentre elas, os problemas e a preservação ambientais, as definições de meio ambiente segundo alguns autores da área, além de alguns fatos históricos ocorridos em torno destas questões, abordando também eventos, legislação e organização do tratamento do foco de estudo ao longo do tempo, no mundo e no Brasil. A influência destes aspectos na constituição dos PCN e sua repercussão no currículo escolar. 1.1 Problemas, Preservação e Questão Ambiental O documento que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil, define o termo meio ambiente como, “um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (1981, p. 27). Esta definição é ampla, uma vez que abrange tudo que tem e permite vida, mas como nas demais, o homem não é citado claramente. Pela legislação estadual, cada estado brasileiro tem a sua própria conceituação de meio ambiente. Algumas definições têm um caráter um pouco menos biológico do que esta da Política Nacional do Meio Ambiente: embora não citem explicitamente o homem, abrem um espaço para suas interações, à medida que mencionam os seres vivos e os recursos naturais (CASTRO, 1996). O estudo da Política Nacional do Meio Ambiente e dos trabalhos de Castro, acima citado, possibilitou afirmar que o meio ambiente, assim entendido, tem o componente humano como integrante, assim como as florestas, as matas, animais, rios, solos e o ar. E, tem sido alvo das mais variadas ações humanas e, muitas vezes, de uma forma catastrófica, provocando degradação dos recursos naturais e dos ecossistemas. Paralelamente a isto, tem-se adotado uma gestão ambiental que 17 se limita somente a reagir perante os problemas já instalados, frutos da destruição e poluição da natureza e dos seus recursos naturais. Para o autor Castro (1996), um meio ambiente equilibrado e autossustentável tem merecido atenção especial em recentes foros de discussão em várias partes do mundo, onde se procura harmonizar cada vez mais o relacionamento do homem com o ambiente através de legislações ambientais. Com a revolução industrial, que teve seu início na Inglaterra no século XVIII e rapidamente se espalhou por outros recantos do planeta, houve o aumento no crescimento econômico, abrindo perspectivas de maior geração de riqueza que, por sua vez, traria prosperidade e melhor qualidade de vida (DIAS, 2007). Concomitantemente a este crescimento econômico, os problemas ambientais que afetam o planeta estão cada vez mais presentes, inclusive através dos meios de comunicação, que invadem os lares de milhões de pessoas e criam expectativas sociais, que apontam para a necessidade de superação urgente dessa então chamada, crise ecológica. Consumir respeitando o meio ambiente é uma tendência irreversível e que crescerá de forma significativa com o passar dos anos, pois tem uma relação direta com os problemas ecológicos que só fazem aumentar. Santos comenta: Muitos planejamentos ambientais são fracos em modelos ecológicos, alguns fortes em modelos econômicos, e todos tratam a dimensão política por um caminho demasiadamente simples, comumente linear. Apesar de a avaliação multidisciplinar ser sempre aconselhada, na prática é mais comum que a engenharia e perspectivas econômicas dominem e que regulamentos administrativos rígidos em todos os níveis impeçam o manejo do todo. (...) No Brasil, com a velocidade de mudanças políticas, o planejamento ambiental deve ter agilidade de resposta, porém quase sempre para áreas extremamente complexas e deficientes de informações (SANTOS, 2004, p. 29). Considerando ainda as mudanças necessárias em toda a sociedade no que tange o meio ambiente, Dias (2007, p. 57) faz algumas considerações, comentando que a alternativa primordial é sim uma profunda mudança em toda a sociedade, nos valores sociais, nos padrões de consumo, na adoção de tecnologias verdes, implantação da gestão ambiental em todo processo produtivo, etc. Partindo das abordagens feitas sobre meio ambiente, com o objetivo de facilitar o acesso a alguns dados da escala histórica, podendo ainda permitir uma melhor visão da evolução da compreensão da realidade ambiental, apresenta-se no 18 quadro 1, a cronografia sintetizada da evolução das relações sociedade humana – ambiente, a partir de Dias (1998); Franco (2010); Copetti (2005); Oliveira (2002). QUADRO 1: Cronografia sintetizada da evolução das relações sociedade humana – ambiente 1500 a 1514 Ordenações Afonsinas – Brasil nasceu sob o império das Ordenações Afonsinas, editadas em 1446 consolidando a legislação da época, desde Afonso II a Afonso V. 1500 Comercialização do Pau-Brasil 1521 a 1602 Ordenações Manuelinas - Na distribuição das matérias, seguem a do código anterior, alterando somente a ordem dos títulos, artigos e parágrafos. Esta foi determinada pela existência de vultoso número de leis e atos modificadores das Ordenações Afonsinas. 1542 Primeira Carta Régia do Brasil - estabelecia normas disciplinares para o corte de madeira e determinava punições para o abuso. 1603 a 1720 Ordenações Filipinas - Essas ordenações objetivaram a atualização das inúmeras regras esparsas editadas no período de 1521 a 1600, não produzindo grandes alterações nas fontes subsidiárias exceto transformações de cunho formal. O Brasil viveu, portanto, sob três ordenações que foram consideradas grandes codificações da época, além das cartas dos Donatários, dos governadores e dos ouvidores. Essas ordenações não eram códigos no sentido atual, mas compilações de leis, atos e costumes. 1827 Carta de Lei de Outubro, do Império, delegava poderes aos juízes de Paz das Províncias para a fiscalização das matas. 1850 Dom Pedro II editava a Lei nº 601, proibindo a exploração florestal em terras descobertas, que foi ignorada, na época. 1859 Biólogo Ernst Haeckel propôs o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre espécies e o seu meio ambiente. 1872 No Brasil, Princesa Isabel autorizava o funcionamento da Primeira Empresa Privada especializada em corte de Madeira. 1875 O ciclo econômico do Pau-Brasil encerrou-se. 1891 A Constituição Brasileira promulgada não tratava de qualquer questão ligada à preservação de nossas matas. Foi criada no Acre pelo Decreto 8.843, uma reserva florestal com 2,8 milhões de hectares, sendo que até hoje não foi implantada. 1896 Criação do Primeiro Parque no Brasil: Parque Estadual da Cidade de São Paulo. 1920 O Pau-Brasil foi extinto. Na época, segundo Epitácio Pessoa, o Brasil era único país a não possuir Código Florestal. 1934 O Decreto 23.793 transformava em Lei o anteprojeto do Código Florestal de 1931. Foi criada a 1º Unidade de Conservação do Brasil, o Parque Nacional do Itatiaia. Neste ano, foi realizada a 1º Conferência Brasileira de Proteção a Natureza. 1939 Criação do Parque Nacional do Iguaçu, pelo Decreto 1.035/39, em 10 de janeiro, é o único implantado até o momento. 1947 Fundada, na Suíça, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). 1958 Criada a Fundação Brasileira para Conservação da Natureza (FBCN). 1959 A ONU e a IUCN definiram “preservação” como o “uso racional do meio ambiente a fim de alcançar a mais elevada qualidade de vida para a humanidade. 1960 Rachel Carson, cientista norte-americana, na década de 1960, publicou Primavera Silenciosa, que foi o estopim para um novo e poderoso movimento social que alterou o 19 curso da História. 1970 Iniciado o Projeto Grande Carajás, com a construção de novecentos Km de ferrovia e a Hidrelétrica de Tucuruí com 890.000 Km2 da região amazônica, com graves consequências ambientais. 1972 Fundada Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural). 1972 Criação do Programa das Nações Unidas para meio ambiente. Foi feita nesse ano a 1º Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil. 1975 Lançado Programa Internacional de EA (PIEA). 1976 SEMA, a Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF) e Fundação Universidade de Brasília (FUB) realizaram Curso de Extensão para profissionais do Ensino de 1º Grau – Ecologia. 1977 A disciplina de Ciências Ambientais é obrigatória nos cursos de Engenharia nas Universidades Brasileiras. Realizou-se nesse ano o Projeto de Ciências Ambientais para o 1º Grau. 1978 Nos cursos de Engenharia Sanitária inserem-se as matérias de Saneamento Básico e Saneamento Ambiental. criado no Rio Grande do Sul o Projeto Natureza (1978-1985). 1981 Pela Lei nº 6938 de 31 de agosto, o Presidente João Figueiredo, sancionou a Lei que dispunha sobre a Política Nacional do meio ambiente. 1986 Conselho Nacional de Meio Ambiente aprova resolução 001/86. 1987 Plenário do Conselho Federal de Educação (MEC) aprovou a conclusão da Câmara de Ensino a respeito do parecer 226/87. 1989 Em fevereiro, dia 22 pela Lei 7735 criou-se o IBAMA. 1991 Portaria 678 do MEC (14/05/91), resolve que os Sistemas de Ensino em todas as instâncias, níveis e modalidades contemplem, nos seus currículos, entre outros, os temas/conteúdos referentes à EA. Na Portaria 2421 do MEC (21/11/91), institui em caráter permanente, um grupo de trabalho para a EA. 1992 O IBAMA criou os Núcleos de Educação Ambiental (NEA). 1993 Portaria 773 do MEC (10/05/93) instituiu o Grupo de Trabalho em caráter permanente para EA. 1997 O MEC divulga os novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – A dimensão ambiental é incorporada como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. 3ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas – Kyoto, Japão – Elaboração do texto denominado Protocolo de Kyoto, submetido à ratificação pelos países do mundo. 1999 Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. 1999 A OMS anuncia que o estresse é a doença que mais mata pessoas em todo o mundo. EA no ensino formal deve abranger: ed. Infantil, fundamental, médio, superior, especial, EJA e ensino profissionalizante de instituições públicas e privadas. 2005 V Congresso Ibero-Americano de EA – Joinville – SC. 2006 Viva a Mata 2006 - A Vale Verde participou do evento que reuniu cerca de 60 mil pessoas no Parque do Ibirapuera em São Paulo, divulgando os projetos e atividades, além de distribuir material educacional para os visitantes. 2007 Congresso Mundial de EA – África do Sul. 2008 10º Congresso Florestal Estadual e o 1º Seminário Mercosul da Cadeia Madeira, este evento possibilitou ao público gaúcho visualizar uma dimensão do projeto que começou a ser construído em 1968. O objetivo deste encontro é a construção de um espaço para apresentação dos avanços tecnológicos, trabalhos e estudos de casos, na área de silvicultura e 20 florestas para o desenvolvimento sustentável das comunidades. Fonte: Dias (1998); Franco (2010); Copetti (2005); Oliveira (2002) / http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=801&class=14. Acesso em 19 de janeiro de 2011. Analisando o exposto no quadro acima, podemos dizer que o trato com o ambiente é diverso ao longo do tempo, como demonstram as Ordenações, e posteriormente, a preocupação maior com o tema ambiental e em seguida com a EA, que se configuram a partir da década de 1960 com o Livro da escritora Raquel Carson – Primavera Silenciosa, e com a Conferência de Estocolmo em 1972 e seus desdobramentos. Estas preocupações geraram a criação da Lei de EA, que acaba repercutindo nos conceitos de EA adotados no Brasil. Neste contexto, apresentamos a seguir a definição de EA para o Ministério do Meio Ambiente é: um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação, que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros. (http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=573&class=21) Já segundo Gonçalves (1990), A Educação Ambiental não deve ser entendida como um tipo especial de educação. Trata-se de um processo longo e contínuo de aprendizagem de uma filosofia de trabalho participativo em que todos: família (escola e comunidade), devem estar envolvidos. O processo de aprendizagem de que trata a Educação Ambiental não pode ficar restrito, exclusivamente, à transmissão de conhecimentos, à herança cultural do povo a geração mais nova ou a simples preocupação com a formulação integral do educando, inserido em seu contexto social. Deve ser um processo de aprendizagem centrado no aluno, gradativo, contínuo e respeitador de sua cultura e de sua comunidade. Deve ser um processo crítico, criativo e político, com preocupação de transmitir conhecimentos a partir da discussão e avaliação crítica dos problemas comunitários e também da avaliação feita pelo aluno, de sua realidade individual e social nas comunidades em que vive. (http://www.rio.rj.gov.br/multirio/cime/CE09/CE09_012.html). A discussão sobre EA surgiu em meados da década de 1960, mas, acentuouse a partir de 1972, concomitantemente com diversos outros movimentos sociais que questionavam o modo de vida da sociedade moderna, como reforça Menezes (2002), [...]a questão ambiental ocupa um espaço muito importante no contexto da globalização, sendo de caráter emergencial, é reconhecido pelos governos, empresas, entidades comunitárias, igrejas, ONG’s, Universidades e outros seguimentos sociais. (http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3496) 21 A autora comenta ainda que: “a questão ambiental é particularizada para cada região e cada contexto” (MENEZES, 2002, p.11), onde só ocorrerá uma mudança com a efetiva participação da comunidade nas discussões em estudo. Participação esta que não pode ser compreendida como uma mera possibilidade de se colher opiniões da comunidade, muitas vezes, distantes da realidade de vida e dos problemas mais importantes que rodeiam o grupo estudado, pois a comunidade terá que desenvolver através da compreensão das diferentes experiências de vida e do respeito mútuo, uma ação realmente em grupo, colocando em prática o que foi assumido fazer, para contribuir efetivamente com a questão ambiental que acomete o mundo. (http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3496). Mediante o exposto, percebe-se a necessidade de compreender o significado dos conceitos de questão ambiental e de educação ambiental, conceito este, existente desde o ano de 1972. O item a seguir aborda alguns aspectos da história da constituição destes conceitos. 1.2 Algumas Preocupações com a Educação Ambiental no Mundo e no Brasil A percepção da importância da preservação ambiental por parte da humanidade ocorreu de forma lenta. A preocupação com o meio ambiente, desencadeada pelo livro de Raquel Carson (1962), culminou, a partir da década de 70, com a Conferência de Estocolmo (1972), que abordou esta questão e estabeleceu uma visão mais ampla quanto a preservação e melhoria do ambiente em que vivemos, para todos os seres vivos, inclusive os seres humanos (DIAS, 1998). Para Barbieri (1997), a Conferência de Estocolmo teve como eixo central alertar a humanidade sobre as conseqüências do atual desenvolvimento econômico na estrutura do ambiente, no que diz respeito à qualidade e a preservação da vida. Houve a instituição de programas direcionados à EA, orientando o cidadão sobre as mudanças ambientais realmente necessárias, oferecendo um plano de ação global. Esta conferência ocasionou ainda, várias divergências entre os países presentes no evento, tornando-se um marco histórico nas políticas internacionais. 22 A existência de conflitos entre os países desenvolvidos e não desenvolvidos acontecera porque cada um estava preocupado somente com a sua realidade em específico, isolada do todo. (BARBIERI, 1997, p.117). [...] a conferência de Estocolmo causou grande impacto no que se refere a questão ambiental a nível global. “O seu lema – Uma TERRA SÓ – ressalta a necessidade de se criar novas estratégias para tratar dos problemas do planeta”. (BARBIERI, 1997, p.129). Percebe-se, através das abordagens feitas por alguns autores, que muitas questões são significativas no que se refere EA, como está sintetizado no quadro 2, referenciado em Dias (1998). QUADRO 2: Conjunto de abordagens da EA 1. a consciência, o conhecimento, o comportamento, as habilidades e, desta forma, integrar o homem a participar deste processo. Resumindo, busca-se uma sintonia que insira o homem na sociedade, interagindo em todos os aspectos que o rodeiam. Segundo a Conferência Intergovernamental realizada em Tibilise, no período de 14 a 26 de outubro de 1977, os princípios básicos da EA,são: 2. Considerar o meio ambiente em sua totalidade, isto é, em seus aspectos naturais pelo homem (político, social, econômico, cientifico – tecnológico, histórico-cultural, moral e estético); 3. Constituir um processo contínuo e permanente, através de todas as fases do ensino formal e nãoformal; 4. Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; 5. Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional, e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas; 6. Concentrar-se nas condições ambientais atuais, tendo em conta também a perspectiva histórica; 7. Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional, e internacional, para prevenir e resolver os problemas ambientais; 8. Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e de crescimento; 9. Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; 10. Destacar a complexidade de problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas; 11. E por fim, utilizar-se de diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos, para adquirir e comunicar conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências. Fonte: DIAS, 1998, p. 98 Ao mudar seu comportamento em relação ao meio em que vive e ao respeito a todas as formas de vida, o homem de alguma forma está utilizando-se da educação ambiental. No entanto, esta mudança de comportamento só acontecerá realmente através de uma mudança de valores individuais, os quais contribuem para a transformação da humanidade, para, desta forma gerar então, ações na formação de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada, que possa, através do esforço de cada um, gerar mudanças na qualidade de vida de todos, ou seja, da humanidade. “No Brasil, a história da EA acompanha a trajetória da humanidade e dos principais acontecimentos e catástrofes causadas pelo homem contra o mesmo ambiente em que habita”. (DUVOISIN, 2002, p.19). 23 O Brasil foi um dos países que sempre defendeu o desenvolvimento econômico, sem cuidar dos problemas ambientais. Em 1972, preocupado com uma política desenvolvimentista, o governo brasileiro só visava credibilidade frente ao mercado. Com a industrialização, houve a expansão das fronteiras agrícolas e dos distritos minerais em áreas de ecossistemas frágeis como a Floresta Amazônica, que sempre foi explorada de forma desastrosa, desrespeitando a população que lá habitava (índios, garimpeiros e outros), constituindo um enorme desperdício, sob o ponto de vista dos recursos naturais. A preocupação com o meio ambiente não existia. (DIAS, 1998, p. 79). O autor supracitado salienta ainda que, no Brasil, nas décadas de 70 e 80, ocorreram as primeiras preocupações com a EA, em que, modificando a consciência mundial sobre este tema, automaticamente, os seres humanos acabariam por mudar a consciência de cada cidadão brasileiro, na busca de uma maior atenção às políticas da EA. Desde então, começa a proliferação de associações, entidades e organizações sem fins lucrativos voltadas para esta área, bem como as discussões para ampliar os currículos escolares do ensino fundamental, incluindo este tema enquanto disciplina básica ou de fato como um tema transversal. Quanto à consciência sobre os limites dos recursos ambientais, pode-se afirmar que se intensificou no período entre 1975 e 1979. A primeira iniciativa do Brasil em relação à questão ambiental foi a explícita no II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), que declara de modo categórico: “(...) não é válida qualquer colocação que limite o acesso dos países subdesenvolvidos ao estágio de sociedade industrializada, sob pretexto de conter o avanço da poluição mundial”. (BARBIERI, 1997, p. 78). Acreditamos que só geramos mudanças a partir do momento em que conseguimos ampliar conceitos básicos. No Brasil, a primeira mudança regimental aparece na aprovação da Lei 6.938/81, que trata da instituição da Política Nacional do Meio Ambiente. Já a Constituição de 1988 estabeleceu a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino. No encontro nacional de Políticas e metodologias para a EA, promovido pelo MEC e SEMAM, ocorrido em Brasília em 1991, os participantes sugeriram propostas, sintetizadas no quadro 3. 24 QUADRO 3: Propostas do encontro Nacional de Políticas e Metodologia de EA (MEC e SEMAM) 1ª Quanto à capacitação dos recursos Humanos: ● definição de um conjunto de medidas de vida em todas as instâncias com foco voltado à conservação; ● que a EA seja contínua e direcionada para uma visão multi, inter e transdisciplinar; ● quanto aos níveis e modalidades de ensino, que a EA seja dirigida a todos eles. 2ª Quanto ao Material Didático: ● que este seja produzido tanto para as escolas quanto para a comunidade em geral; ● que este material didático seja produzido pelos Estados e municípios; ● quanto a sua produção, que os conteúdos programáticos curriculares sejam elaborados por professores em conjunto com técnicos de instituições governamentais. 3ª Quanto às formas de trabalho na comunidade e na escola: ● comunidade e escola fornecerão subsídios visando incluir as questões ambientais nos planos estaduais; ● no aspecto proteção ambiental, escola e comunidade possuem o mesmo objetivo, o de integração; ● e por fim, que o professor sinta e se sensibilize como sendo o principal agente promotor de EA. Fonte: MEC E SEMAM – 1991, p. 39 Também se torna importante, neste contexto, o Encontro Técnico da EA da Região Sul (1992), no Distrito Federal, onde, segundo Dias (1998), destacaram-se as conclusões, sintetizadas no quadro 4. QUADRO 4: Conclusões sintetizadas do Encontro Técnico da EA da Região Sul(1992) ● primeiramente, que seja criado um grupo de trabalho de EA interinstitucional e interdisciplinar nas Secretarias de Educação dos Estados, através de exigências do MEC, já que a EA no Brasil está prevista na Constituição Federal de 1988, artigo 225, Cap VI. ● e em segundo, que o grupo de trabalho da EA da Secretaria de Educação tenha como providência 1ª, a adequação curricular para inserção de EA interdisciplinarmente. ● e por fim, que daí se estabeleçam critérios para apoiar programas de EA. Fonte: Dias(1998) Estas recomendações generalizaram-se, o mundo viu-se diante de uma nova realidade, a necessidade de buscar soluções imediatas para recuperação do meio ambiente. Assim, vinte anos depois da Conferência de Estocolmo, em 1992, no Rio de Janeiro, salienta Dias (1998), aconteceram dois eventos importantíssimos: a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 25 (CNUMAD), que reuniu representantes de 178 países, incluindo cerca de 100 chefes de estado; e, o Fórum Global das ONG’s (Organizações não-governamentais), conhecido como ECO-92. Neste sentido, Barbieri (2001, p. 57) chama a atenção de que: Pode se dizer que a CNUMAD iniciou um novo ciclo de conferências sobre desenvolvimento e meio ambiente no âmbito da ONU, destacando-se, entre outras, a Conferência sobre Direitos Humanos realizada em Viena em 1993; A conferência sobre população e desenvolvimento social (Copenhague), sobre mudanças climáticas (Berlim) e sobre a mulher (Pequim), todas realizadas em 1995, e sobre assentamentos urbanos (Habitat II) realizada em Istambul em 1996 e outras. Este novo ciclo de conferências objetiva implementar os tratados e convenções produzidos pela CNUMAD, bem como aprofundar os temas tratados nesta Conferência. Ainda, segundo o autor mencionado (Barbieri, 2001, p. 59), na CNUMAD ocorreu a aprovação de vários documentos. O principal deles foi a Agenda 21, [...] um programa de ação que serve como uma espécie de guia para a humanidade, no sentido de ter uma direção para o desenvolvimento que não prejudique o mesmo ambiente e que proporcione qualidade de vida à população para, desta forma, haver equilíbrio entre o social e o econômico. O mesmo autor, ainda, salienta que “a Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo de preparar o mundo para os desafios do próximo século”. Outro evento, considerado um marco histórico, foi a Conferência de JomtienTailândia, em março de 1990, chamada de “Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, onde, governos, agências internacionais, ONG’s, e vários profissionais do âmbito educacional realizaram a renovação de compromissos com a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos. Convém salientar também, os princípios e objetivos da Educação Ambiental no Brasil, expressos na Lei 9795/99, que rege as ações desenvolvidas na área. QUADRO 5: Princípios e objetivos da Educação Ambiental expressos na Lei 9795/99 LEI 9795/1999 Princípios e objetivos da EA ● Que se tenha um enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; ●Que haja uma concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a sua interdependência entre o meio natural, o meio socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; ● Que se respeite e considere o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinariedade; 26 ● Foco na vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; ● Garantia de continuidade e permanência do processo educativo; ● Quanto à avaliação do processo educativo, que este seja permanente e crítico; ● Que se tenha uma abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; ● Que haja reconhecimento e respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. ● Que se desenvolva uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo vários aspectos, tais como: ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; ● Que se priorize a garantia de democratização das informações ambientais; ● Quanto à consciência crítica sobre a problemática ambiental e social, que se estimule e fortaleça; ● Entendendo-se a defesa ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania, que haja incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente; ● Estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, da igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; ● Que entre a ciência e a tecnologia se fomente e fortaleça a integração; ● Como fundamento do futuro da humanidade que se fortaleça a cidadania, autodeterminação dos povos e a solidariedade. Fonte: Lei 9795/99 Na operacionalização da EA, a legislação estabelece que “na escola fundamental, implante-se uma prática educativa integrada, contínua e permanente”. Analisando através deste entendimento, podem-se afastar as idéias da configuração de uma disciplina específica, independente e isolada. (TORRES et. al., 2001, p. 91) No entanto, para que o educador do ensino fundamental tenha condições de trabalhar este tema, numa efetiva concretização dos objetivos gerais desta dimensão educativa, urge a necessidade de reorganizar as atividades de ensino, pesquisa e extensão, de forma a possibilitar maior entrelaçamento entre unidades e departamentos objetivando à consolidação da interdisciplinaridade. Portanto, “tornase essencial que a Universidade pense como um todo voltado para o ambiente em suas múltiplas dimensões”, afirma Menezes (2002, p. 54). Pois, será este aluno universitário que estará em sala de aula atuando como professor ou formador de opinião. “Agir localmente e pensar globalmente, este é o lema ecológico da Educação Ambiental”. (GUIMARÃES, 2000, p.39). Esse agir e este pensar andam juntos, pois constituem a práxis da EA que atua consciente da globalidade que existe e age sincronicamente no global, superando a separação entre o local e o global, entre o indivíduo e a natureza, alcançando uma consciência planetária que não é apenas compreender, mas também se sentir e agir integrado a esta relação: ser humano e natureza; adquirindo assim, uma cidadania planetária. 27 Ainda segundo Guimarães (2000), a EA traz em seus objetivos gerais uma ampliação da consciência individual para uma consciência coletiva. Não só uma consciência de uma categoria social ou até mesmo de toda a humanidade, mas a ampliação para uma consciência planetária, comprometida com a melhoria da qualidade do ambiente. Entende-se aqui que uma melhor qualidade da vida humana, está intrinsecamente relacionada a um ambiente equilibrado, tanto a nível local quanto global. Neste mesmo contexto, Sato (2002) salienta que o indivíduo não é somente uma parte, ele é também a natureza, onde o ser humano talvez, seja a possibilidade de a natureza se perceber conscientemente. No entanto, a ampliação da consciência deste indivíduo não passa pela perda da consciência individual e suas possibilidades de atuação, mas incorpora valores e atitudes de união, de solidariedade, de cooperação da vida como um todo em seu dinâmico equilíbrio planetário. Ou seja, adquire simultaneamente uma consciência plena de integração ser humano/natureza como algo único. Seguindo Guimarães(2000) e Sato(2002), acreditamos que através de nós, seres humanos e cidadãos, a realidade que se apresenta atualmente possa ser melhorada, a começar pelos bancos escolares, no qual os alunos começarão a ter uma visão do ambiente de forma ampliada. Torna-se essencial o envolvimento de todos os sujeitos que compõe nossa sociedade na realização de atividades no campo ambiental, que propiciem mudanças de atitudes frente ao mesmo. Convém salientar que foi somente na década de 90, que as discussões sobre EA se intensificaram realmente no que diz respeito as leis e decretos, em que se abriu caminho para que algumas medidas fossem tomadas pelos órgãos públicos. Quanto à legislação ambiental brasileira, Krasilchik (1980, p.179) já salientava “que tem sido considerada como uma das mais completas e avançadas do mundo, mas, infelizmente, observa-se que o seu descumprimento acontece na mesma proporção”, talvez pela crença de que a simples presença do respaldo legal seja suficiente, reforçando através de nossas ações de que as transformações que temos tentado são superficiais e limitadas, ainda mais no que se refere a observação sistemática nas salas de aula, onde revela que a maioria dos professores ainda se limita a transmitir informações. Precisamos uma visão sistêmica aliada ao pensamento complexo, pois somente a reforma do pensamento poderá levar a um pensamento dentro de um 28 contexto planetário, um pensamento complexo. Para Morin (2002), o pensamento complexo vem ao encontro da crise paradigmática e é capaz de levar-nos a distinguir as partes sem separá-las do todo. Isso significa que o método da complexidade nos direciona para uma visão integrada das questões ambientais sem fragmentá-las. É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. É preciso substituir um pensamento disjuntivo e redutor por um pensamento do complexo, no sentido originário do termo complexus que é tecido junto. (MORIN, 2002, p. 89). Desta forma, apresento o conceito ambiental defendido, formulado a partir das leituras feitas principalmente a partir do autor Loureiro (2005), em que a EA é uma possibilidade de mudança, de formação de consciência sobre uma relação dinamicamente equilibrada da sociedade humana com a natureza, quebrando a visão cartesiana e consumista vigente, que se resume ao desenvolvimento a qualquer custo. Mediante o exposto por Guimarães(2000), Sato(2002), Menezes(2002), Barbieri(1997 e 2001) e Dias(1998), acreditamos ser importante, ainda, rever os objetivos da EA nos PCN (1998) quanto a esta realidade, uma vez que esta discussão faz parte do currículo escolar a partir do ensino fundamental. 1.3 Educação Ambiental no Currículo da Escola Brasileira segundo os PCN Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados com a intenção de subsidiar o projeto educativo das escolas e contribuem para a formação de professores. O eixo estrutural que sustenta esta reorientação curricular é a formação para a cidadania e a aproximação da escola com os problemas contemporâneos mundiais, regionais e locais. E, segundo Castro, é um documento ministerial em [...]que houve a inserção pedagógica da EA para todo o território nacional, documento este editado após a reforma educacional de 1996 com referência para a qualidade da formação oferecida pela escola brasileira (CASTRO, 2000, p. 78). Castro (2000, p. 79) continua reforçando que neste documento, ocorre ênfase na “perspectiva ambiental como um modo de ver o mundo em que se evidenciam as 29 inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e na manutenção da vida”, perspectiva que vincula esse modo a princípios de dignidade do ser humano, de participação, de co-responsabilidade, de solidariedade e de equidade. No entanto, a despeito da polêmica conceitual discutida pelos diferentes autores é preciso avançar em vários âmbitos, iniciando pelo papel da escola, atribuído pelos PCN [...] a escola fundamental deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fatos naturais e humanos relacionadas à temática ambiental, desenvolva suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais que lhe permitam viver numa relação construtiva consigo mesma e com seu meio. (BRASIL, 1997, p. 53). Relação esta que implica numa colaboração para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa, no que se refere principalmente à proteção e preservação da vida no planeta, onde a mesma possa garantir realmente sua prosperidade, tanto em abundância quanto em diversidade. Segundo os PCN (BRASIL, 1997), o quadro 6 traz os objetivos da EA para o ensino fundamental nas escolas brasileiras: QUADRO 6: Objetivos da EA (PCN – 1997) PCN (1997) Objetivos da EA para o ensino fundamental ● Primeiramente agir de modo integrado e sistêmico, conhecendo e compreendendo as noções básicas relacionadas ao meio ambiente. ● Se faz necessário adotar posturas variadas tanto na escola, em casa e na comunidade, posturas estas que levem os alunos a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis. ● Através da observação e análise crítica dos fatos e situações do ponto de vista realmente ambiental, reconhecer de fato a necessidade e as oportunidades de atuar de modo reativo e propositivo com foco voltado a garantir uma boa qualidade de vida através de um meio ambiente saudável. ● Através dos diversos fenômenos naturais perceber os encadeamentos e relações de causa-efeito, que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico). Utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente diante das condições ambientais do meio onde vive. ● Interar-se de alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem, e através desta interação ter-se-á o domínio destes procedimentos para aplicá-los no dia a dia, compreendendo sua necessidade. ● Como temos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural, há a necessidade de adotar posturas de respeito, percebendo, apreciando e valorizando a diversidade natural e sociocultural. ● Identificar-se como parte integrante da natureza percebendo os processos pessoais como elementos fundamentais para uma atuação criativa, responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente. Fonte: PCN (BRASIL,1997, p.75). Nos PCN (BRASIL, 1997, p. 75), para desenvolver um trabalho adequado junto dos alunos, o tema Meio Ambiente traz consigo a necessidade de aquisição de 30 conhecimento por parte da escola, para que a mesma possa envolver não só as diferentes turmas e séries, mas também a comunidade escolar como um todo. Junto disto, a política nacional de EA exige a preparação da escola para trabalhar este tema, aberta a busca de novas metodologias que envolvam o professor, o aluno e a comunidade escolar. Isto significa dizer que os professores deverão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo de construção e de população do conhecimento é intermitente. A política nacional de EA, em nosso país, abre espaço para definições próprias, de caráter nacional, regional e local. Em razão de distintas esferas administrativas, estas normas se apresentam de forma difusa, ainda que possam ser convergentes. (TORRES et al. 2001, p. 98). Na esfera Federal, existe uma Câmara Técnica de educação Ambiental que integra o conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, o qual faz parte do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, como seu órgão consultivo e deliberativo. Ela é presidida pela Coordenação geral de EA – COES, que integra a Secretaria do Ensino Fundamental do Ministério de Educação. Com tal estrutura, articulam-se as definições políticas e as ações estratégicas oficiais da EA na esfera federal, sob a égide da Lei 9.95/99. Segundo Martineli (2004, p. 35), [...] essa Lei que institui a Política Nacional de EA, deve integrar os processos por meio dos quais o individuo e a sociedade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Neste sentido, a legislação referente a Política Nacional de EA justificou a presença da EA em todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja em sua condição formal ou não formal (TORRES, et al., 2001). Percebemos, que a legislação ambiental é profícua e traz informações claras de como deveríamos agir nas mais diversas situações e esferas. No entanto, é fundamental, criar meios para que todos tenham acesso a esta normativa e tomem as atitudes necessárias na relação com o ambiente. Atitudes estas que permita clarear as situações que se apresentam no atual contexto ambiental e permitam tomadas de decisão efetivas para mudar este quadro. E, neste contexto, a educação básica assume um papel essencial e extremamente relevante. 31 A motivação normativa para a revitalização curricular da escola fundamental deriva da reforma educacional instituída pela Lei 9394/96, que fixou as diretrizes e bases para a educação nacional. Em seu artigo 12, a Lei determina que: [...] cabe aos estabelecimentos de ensino elaborar e executar a sua proposta pedagógica. Ainda que esta autonomia seja relativa, pois que a União estabelece, em colaboração com os estados, o distrito federal e os municípios, competências e diretrizes para a educação básica, de modo a nortear os currículos e os conteúdos mínimos que lhe correspondem, pode, a escola, singularizar a sua organização pedagógica. (GAVIDIA, 1998, p. 52-55) Ao falarmos sobre a Educação Ambiental nos currículos das escolas, temos uma realidade que precisa ser considerada no que se refere às dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar em relação a trabalhar este tema de forma interdisciplinar, permitindo ao aluno analisar de forma crítica e criativa a realidade apresentada no que tangem as questões ambientais. (BRASIL, 1997, p. 76). “As oportunidades oferecidas ao sistema escolar brasileiro para se apropriar da temática da EA têm ocorrido com frequência e intensidade, e testemunha-se uma resposta docente incontestavelmente positiva neste sentido.” (TORRES et al., 2001, p. 63). No entanto, a despeito da visível adesão ideológica, dificuldades concretas se interpõem no cotidiano escolar que quer se comprometer com a transposição metodológica que os temas transversais exigem. Desta forma, chega-se a conclusão de que cada escola deve ter sua metodologia de trabalho para a EA. Cada uma deve encontrar estratégias para vencer as dificuldades que existem e ter cautela de forma que tudo se faça de forma experimental. Que se instale uma “memória ambiental” que sirva de fonte de inspiração docente. (GAVIDIA, 1998, p. 52-55). Guimarães (2000, p. 23-26) faz considerações quanto a forma de trabalhar estes temas, salientando que: A inserção da EA supõe uma ruptura que não se restringe à substituição de “conteúdos duros” de programas disciplinares, nem à superação de uma suposta desintegração, de um suposto artificialismo e de uma inevitável sensação de esterilidade de conteúdos formais tradicionalmente objetivados pelo processo de escolarização. 32 O autor enfatiza ainda, que um dos princípios da EA, é a interdisciplinaridade que, necessariamente precisa “aplicar o enfoque interdisciplinar aproveitando o conteúdo de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental”. (2000, p.26) Seguindo neste contexto, Costa (2002) faz suas considerações colocando que, em nossa sociedade, atribuímos à escola a função de desenvolver certos conhecimentos tidos como básicos: a leitura, a matemática, conceitos das ciências, da geografia e da história. Considera-se que esses conhecimentos são úteis para que as pessoas possam ingressar no mundo do trabalho e executar a sua cidadania, ou seja, participar das decisões sobre o destino de seu país, exigir seus direitos e cumprir seus deveres. É sabido que os seres humanos precisam desenvolver novos valores e novos comportamentos, o que exige uma reflexão crítica e criativa sobre a práxis humana, e isto se faz competência da Educação Ambiental. Guimarães (1998) complementa ainda que, durante a última década, muitos países iniciaram trabalhos no campo da Educação, a fim de aperfeiçoar a partir da análise das necessidades e problemas, métodos e estratégias de uma educação que correspondam aos princípios e objetivos da EA. Desta forma, torna-se importante abordar o que cabe ao Poder Público: “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente”. (Constituição Brasileira, 1988 – cap.VI, art. 255, parágrafo 1º, item VI.) A criação de leis e regulamentos mostra que o homem percebeu a necessidade de repensar o seu modelo de crescimento econômico e de desenvolvimento social. De acordo com a Constituição Brasileira(1988), “a Educação Ambiental utiliza-se da didática da reflexão-ação-reflexão: os homens devem refletir sobre sua realidade, desenvolver a consciência e se tornarem capazes de agir conscientemente sobre a realidade”. Segundo Paulo Freire (1980), todo o indivíduo, ao começar a refletir sobre seu mundo, realiza um exercício de conscientização, que é conseqüência do ato de ação-reflexão intermediada pela práxis. No Congresso de Moscou (1987), foi declarado que a EA deveria preocuparse com a promoção da conscientização, transmissão de informações, estabelecendo certos critérios e orientando para a resolução de problemas. Mas, para que isso 33 aconteça, necessitamos de atividades de sala de aula e de campo, com ações orientadas em projetos e em processos, com a participação efetiva do aluno, participação esta que o leve a desenvolver a autoconfiança e o comprometimento social com a proteção ambiental, sendo estes trabalhos implementados de modo interdisciplinar. Gonçalves (1990, p. 92) no trabalho intitulado “A Educação Ambiental e o Ensino Básico” apresenta algumas definições entre as quais destacamos a seguinte: A EA não deve ser entendida como um tipo especial.(de educação) Trata-se de um processo longo e contínuo de aprendizagem, de uma filosofia de trabalho participativo em que todos, família, escola e comunidade devem estar envolvidos. Um processo de aprendizagem centrado também no aluno de forma gradativa, contínua e respeitadora de sua cultura e da comunidade em que vive. Percebemos, então, que o homem já se deu conta de que é preciso repensar vários conceitos mesmo com regulamentações escritas e divulgadas, mas que o foco principal é colocá-los em prática de forma consciente. Viola faz algumas considerações relevantes a respeito, [...] O profissional necessita além de um conhecimento geral das políticas sociais, que permite estabelecer este intercâmbio da população com os diferentes órgãos executores das mesmas, conhecer as políticas públicas a nível local, para poder instrumentalizar toda a população a exercer ações em parceria e que estas de fato, sejam desenvolvidas em conjunto (população, escola e governo), resguardando a autonomia popular (VIOLA, 1995, p. 43). E, Guimarães (1998) enfatiza que o educador carece de um trabalho intensamente integrado entre ser humano e ambiente e, portanto, é natureza e não está fora dela. Nesta mesma linha de raciocínio, Dias (1998) salienta que a EA precisa ser entendida num sentido amplo, podendo ajudar o professor a enfrentar esses desafios. Em primeiro lugar, porque os problemas ambientais dizem respeito às relações entre o homem e a natureza, e seu estudo facilita a integração entre as diferentes matérias trabalhadas em sala de aula. Enfim, a EA pode propiciar um maior contato da escola com o espaço e a comunidade, facilitando a interligação entre a realidade local, regional e mundial. Para conseguir que os alunos aprendam e que estes conhecimentos escolares sejam realmente úteis, o professor tem que enfrentar alguns desafios, como tornar esses conteúdos curriculares interessantes, aproximando-os de questões atuais e da vivência dos alunos. Nas escolas, 34 devido ao empenho de alguns docentes, a temática ambiental, de alguma forma já foi incorporada. Porém, os livros didáticos continuam torturando professores e alunos com a enfadonha e ineficiente abordagem das Ciências Biológicas, referente a Ecologia. Há ainda uma grande carência de recursos institucionais para a EA no Brasil. (DIAS, 1998, p.45). Guerra (1998) faz ressalvas quanto aos materiais didáticos a serem utilizados pelos professores e conseqüentemente pelos alunos, em que os assuntos precisam estar adequados ao contexto no qual estão inseridos. Além disso, outro ponto importante refere-se a produção e disponibilidade do material didático na escola. Para tanto, Guerra (1998, p.38), ainda, salienta os seguintes aspectos para a produção do material: i) necessidade de que os materiais didáticos sejam elaborados com conteúdos programáticos curriculares, por professores em conjunto e não de forma individual, com técnicas de Instituições governamentais e Organizações não-governamentais, sendo estes de acordo com a realidade regional; ii) sua produção esteja a cargo dos estados e municípios; iii) este material seja produzido tanto para as escolas quanto para a comunidade na qual estão inseridos; iv) haja repasse de recursos da esfera federal para os Estados e municípios poderem produzir o material e desencadear as ações. Se acreditarmos que a escola deve formar cidadãos que participem das decisões sobre o destino da sociedade, nela devemos combater a atitude de passividade diante dos problemas. Neste sentido, é importante que o professor (cidadão), e a escola, enquanto instituição educativa, realizem algum tipo de ação em defesa do meio ambiente e da vida da população. Estas ações podem até ser pequenas diante da força dos responsáveis pela destruição, entretanto, elas servem para mostrar aos alunos algo que pode ser feito para alterar a situação existente. Vale a pena enfatizar de que o tema Educação Ambiental se coloca na estrutura curricular como um tema transversal definido pelos PCN. Ele representa o ponto de partida das aprendizagens, passível de ser entendido como eixo de vivência escolar. Sua virtualidade, com certeza, inspira um desenho absolutamente novo e dinâmico para o currículo escolar no futuro, dentro de um conceito de globalidade. (TORRES et al., 2001). Para Martinelli (2004), o tema transversal apresenta-se como um instrumento de uma cultura sob tensão contínua. É importante entender que, embora o espaço dos temas transversais invada o espaço das disciplinas, os mesmos não são substituídos pelas disciplinas, nem as substituem. A EA não se equipara a qualquer 35 outra disciplina ou a mais de uma, mas também, ela não existe independentemente de uma sustentação disciplinar. Os temas transversais são amplos o bastante para traduzir as preocupações da sociedade de hoje, são urgentes e estão presentes sob várias formas na vida cotidiana e servem para o debate, à crítica, ao posicionamento, ao engajamento, à prática, enfim, de ações ambientalmente corretas. Ainda segundo Martineli (2004), a efetivação da EA, bem como dos paradigmas emergentes – pensamento sistêmico, gestão/manejo integrado de recursos, sustentabilidade de desenvolvimento, teoria da complexidade - estão a exigir uma mudança de foco para certos conceitos. Um deles é a interdisciplinaridade. “A necessidade da interdisciplinaridade na escola corresponde à necessidade de modelos de análise mais potentes do que os fornecidos pela estrutura fragmentada do saber, para fazer frente à realidade cada vez mais complexa” (MARTINELI, 2004, p.54), desta forma não podemos deixar de falar sobre globalização. Este termo é definido por Torres et al (2001,p.39) como currículo integrado ou currículo globalizado, próximo da interdisciplinaridade, pressupondo uma [...]integração de campos de conhecimento e experiência que facilite uma compreensão mais reflexiva e crítica da realidade, valorizando não só dimensões centradas nos conteúdos culturais, senão também no domínio dos processos necessários para o conhecimento concreto e, ao mesmo tempo, a compreensão de como se elabora, produz e transforma o conhecimento, assim como as dimensões éticas inerentes a essa tarefa. Segundo Dias (1998), a partir do termo multidisciplinaridade, foram as teorias psicológicas que forneceram argumentos a seu favor. Ganhando assim urgência na elaboração de problemas reais e complexos que se apresentam e que as disciplinas complexas não querem resolver. “Há níveis de interdisciplinaridade, desde o mais pragmático e temporal, passando por níveis intermediários, até chegar à autêntica interação recíproca e construtiva entre duas ou mais disciplinas, constituindo assim o que Dias (1998, p. 57) chama de interdisciplinaridade unificadora”. Este conceito tem como foco o aluno e não o professor, [...] diz-se que um curso interdisciplinar é aquele onde, mais do que simples comunicação entre os professores de áreas diversas, existem entre os alunos essas trocas mais reais de significados e procedimentos, edificando o referido marco teórico comum, com a intenção de tornar o ensino- 36 aprendizagem menos estanque, mais dinâmico, integrado, integrador e baseado na realidade. De qualquer forma, não há ainda um modelo estabelecido de prática interdisciplinar ou linha de ação definida e questionamentos que se deve haver, afirma Martinelli (2004), pois o que há é uma construção da práxis que possuem algumas características da interdisciplinaridade. Partindo deste pressuposto, o autor afirma que a interdisciplinaridade e a transversalidade são abordagens que, dependendo dos autores analisados confundem-se, e cujas diferenças não estão definitivamente estabelecidas. É certo que para ambas é possível utilizar a perspectiva meta-disciplinar, como uma ferramenta capaz de estabelecer uma visão a partir da qual se possa organizar o currículo escolar. “Um modo eficaz de trabalhar a transversalidade na escola é trabalhar em torno de um problema real, mesmo dentro da estrutura de disciplina, de modo que em todas haja conjugação de esforços na resolução do problema”. (DIAS, 1998, p. 39). A determinação desse problema não deve ser de responsabilidade apenas do professor, devendo o aluno ser chamado a participar. A partir do sucesso desse tipo de iniciativa, abrem-se caminhos para toda a prática educativa. Mediante o exposto por Dias (1998) e Martinelli (2004), percebe-se o quanto é importante a organização do currículo escolar, pois é através dele que se desenvolvem os conteúdos a serem trabalhados com os alunos, que além de abrir caminhos para a prática educativa, valorizam tanto o professor quanto o aluno no âmbito escolar. Ambos são responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem. Se, portanto, pensarmos nos temas transversais dos currículos, a EA, como vem sendo abordada nos textos, passa a ser uma questão de referência que pode ser melhor compreendida na análise das pesquisas em EA nos eventos. Os inúmeros espaços de publicação da Pesquisa em EA, entre os quais os eventos específicos do campo vem sendo analisados, em consequência da recente produção científica brasileira. Neste sentido, as contribuições de Kawasaki et al (2009), Avanzi, Carvalho & Ferraro Jr. (2009), que procuraram sistematizar o material disponibilizado em eventos tais como Encontro Paranaense de Educação Ambiental (EPEA), Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (ANPPAS), são significativas. A tese de Lorenzetti (2008) e as publicações de Lorenzetti & Delizoicov (2007) e Megid Neto (2009) ao analisarem 37 a produção acadêmica sobre EA, no Brasil, também contribuíram para a compreensão do estado da arte das pesquisas neste campo.. Kawasaki et al (2009) ressaltam a importância da produção da pesquisa em EA, com poucos espaços para compartilhar os conhecimentos produzidos pelos pesquisadores nesta área, e, defendem que a criação de mecanismos de socialização destes conhecimentos contribui para a ampliação das iniciativas de EA. Avanzi, Carvalho e Ferraro Jr, bem como Lorenzetti. & Delizoicov (2009, p.80) compartilham das mesmas idéias quando abordam que nas últimas décadas a EA tem traçado um caminho de constituição de um campo político-pedagógico e acadêmico no país. E, pode ser compreendido como um processo instável e contraditório, pois a EA está envolvida com várias áreas do conhecimento, criando uma inter-relação, com base para a sua ação educativa ambiental entre diferentes orientações políticas e referenciais teórico-metodológicos. Megid Neto (2009, p.98) salienta que a EA, no Brasil evoluiu, pois houve uma expansão rápida e intensa dos cursos de formação profissional em áreas diretas ou afins vinculadas a ela ou a temática ambiental em geral. Nestes cursos, são abordadas as questões ambientais, sua dinâmica de transformação, de degradação, a sustentabilidade, entre outros aspectos importantes. Desta forma, afirma Megid Neto (2009, p.98), os cidadãos possuem a possibilidade de conhecer mais sobre este determinado campo do conhecimento, ou seja, a EA, além de saber como podem avançar neste campo, especialmente com foco voltado ao desenvolvimento do estado presente. Por meio do exposto, criou-se uma questão importante a ser observada, em que é ressaltado o professor como detentor de um papel crucial junto aos seus alunos - ser educador ambiental ao abordar estas questões de maneira mais efetiva. 38 2 O CAMINHO DA PESQUISA O caminho percorrido para responder a questão proposta foi uma análise documental (LÜDKE; ANDRÉ, 1986), que possibilitou combinar os resultados dos estudos realizados de forma independente, extraindo dos textos publicados uma nova conclusão. As vantagens para o uso de documentos na pesquisa decorrem dos registros (Anais de eventos, por exemplo) constituírem-se em uma fonte poderosa de evidências, que fundamentam as afirmações do pesquisador. Representam uma fonte natural de informação contextualizada e não-reativa, permitindo a obtenção de dados quando o acesso ao sujeito é impraticável ou quando a interação com ele pode alterar seu comportamento ou ponto de vista. O desenvolvimento constituiu-se de três fases distintas: i) fase exploratória, juntamente com a definição do tema de pesquisa, ocorreu a seleção dos eventos na área da educação, com estudos no campo da EA, optando-se pela Anped Nacional e Sul,ocorridas simultaneamente nos anos de 2004, 2006 e 2008 ; ii) a delimitação do estudo e a coleta de dados, com a seleção dos textos do campo da EA; e iii) análise sistemática dos artigos para organizar os dados coletados que foram sistematizados em tabelas e quadros, que propiciaram elucidar a questão pesquisa e responder aos objetivos propostos. Assim, os artigos contidos nos Anais da Anped Nacional, que ocorre anualmente, e da Anped Sul, a cada dois anos, constituíram em importantes documentos, que expressam diversos aspectos da pesquisa em Educação no Brasil, entre os quais a Educação Ambiental (EA), objeto de estudo deste trabalho. Os Anais dos eventos de Pesquisa em Educação: 27ª, 29ª e 31ª ANPED NACIONAL (Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação) e da V, VI e VII ANPED SUL (Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul) que ocorreram, respectivamente, nos anos de 2004, 2006 e 2008, a partir da criação do GT (grupo de Trabalho) de EA na Anped Nacional, foram 39 analisados. Nestes eventos são apresentados trabalhos de pesquisa em educação desenvolvidos nos Programas de Pós-Graduação em Educação do Brasil. A Anped Nacional teve sua fundação em 1976, com a finalidade de desenvolver e consolidar o ensino de pós-graduação e da pesquisa na área da Educação no Brasil, tornando-se um fórum de referência para o acompanhamento da produção brasileira no campo educacional, por meio de debates das questões científicas, sociais e políticas. (www.anped.org.br, acesso em 15/07/2010). A Anped Sul (Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul) teve seu início em 1990, mas somente a partir de 1996, estruturou-se com coordenação geral e a realização alternada dos eventos, uma vez a cada dois anos, num dos estados da região sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ações conjuntas para o desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação em educação vem sendo efetivadas visando o debate na comunidade acadêmica, com docentes, discentes e pesquisadores. Os Anais da Anped Sul estavam gravados em CD-ROM, e os da Nacional foram acessados diretamente na página da associação (www.anped.org.br). O estudo ocorreu a partir da localização dos documentos, considerando os títulos e as palavras-chave que permitissem reconhecer as pesquisas em Educação Ambiental publicadas nos referidos eventos. A Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2007) foi utilizada para categorizar os artigos segundo as autorias, as referências, as correntes da EA e os focos temáticos, em função de sua característica dialógica, permitindo ao pesquisador vivenciar um “processo integrado de aprender, comunicar e interferir em discursos” (MORAES e GALIAZZI, 2007, p.111). Essa análise é estruturada nas seguintes etapas: unitarização fragmentação dos textos elaborados por meio das compreensões dos trabalhos, emergindo assim, unidades de significado; categorias temáticas - as unidades de significado são agrupadas segundo suas semelhanças semânticas; comunicação elaboraram-se textos descritivos e interpretativos acerca das categorias temáticas. Portanto, a leitura minuciosa destes trabalhos propiciou observar: a autoria, procedência dos autores, os autores mais referenciados com quais obras, além de evidenciar as principais idéias destes mesmos autores que circularam nos artigos selecionados para análise; as correntes de EA (Sauvé, 2005) a que estão afiliados e, os focos temáticos adaptado de Megid Neto (1998). 40 A identificação dos autores, da sua procedência e dos referenciais utilizados contribuiu para a compreensão da constituição do corpus teórico-referência da EA, nestes eventos. As correntes ambientalistas foram observadas a partir de Sauvé (2005): i) naturalista: reconstruir uma ligação com a natureza; ii) conservacionista/recursista: desenvolver habilidades relativas à gestão ambiental; iii) resolutiva: desenvolver habilidades de resolução de problemas, do diagnóstico para a ação; iv) sistêmica: desenvolver o pensamento sistêmico através da análise e síntese para uma visão global; v) científica: desenvolver as habilidades relativas à experiência científica; vi) humanística: conhecer seu meio de vida e conhecer-se melhor em relação à ele; vii) moral/ética: desenvolver valores, um sistema ético; viii) holística: desenvolve as múltiplas dimensões de seu ser em interação com o conjunto de dimensões do meio ambiente; ix) biorregionalista: desenvolver competências em ecodesenvolvimento comunitário, local ou regional; x) práxica: utiliza a estratégia da pesquisa-ação e desenvolve competências de reflexão; xi) crítica: atenção à desconstrução das realidades socioambientais visando transformar o que causa problemas; xii) feminista: integrar valores feministas à relação com o meio ambiente; xiii) etnográfica: reconhecer a estreita ligação entre natureza e cultura; xiv) ecoeducação - propõe a construção de uma melhor relação com o mundo; e xv) sustentabilidade ou projeto de desenvolvimento sustentável: promover um desenvolvimento econômico respeitoso dos aspectos sociais e do ambiente. Os focos temáticos relacionados para analisar os trabalhos foram: I) formação de professores: inicial e/ou continuada avaliação da prática pedagógica em processos de formação em serviço, etc; II) proposta e/ou material didático: avaliação de materiais ou recursos didáticos utilizados no Ensino; III) currículos e programas: diretrizes atribuídos à grade curricular das séries, princípios, parâmetros curriculares, discussões sobre o papel da escola, avaliação/discussão de projetos educacionais, etc; IV) ensino-prendizagem: o que e como se ensina em conjunto com a produção de textos e materiais ; e V) EA não formal. Estas análises permitiram identificar os autores, as referências e os resultados encontrados que contribuirão com as pesquisas acadêmicas para a qualificação da educação ambiental, nos diversos espaços formais. 41 Nos últimos dois números da REVIPEA (Revista Pesquisa em Educação Ambiental), encontramos os artigos de Isabel Cristina de Moura Carvalho e Letícia Schmidt bem como o artigo de Jorge Megid Neto, que abordam sobre o estado da arte das pesquisas sobre EA apresentados em eventos. Os nossos resultados foram construídos numa análise que considerou outros aspectos e serão apresentados a seguir. 42 3 OS AUTORES E AS REFERÊNCIAS DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ANPED NACIONAL E NA ANPED SUL Neste capítulo, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos pela análise dos artigos selecionados dentre aqueles apresentados nos congressos Anped Nacional e Anped Sul dos anos de 2004, 2006 e 2008, com destaque para a quantidade de trabalhos publicados nos eventos estudados, a procedência dos autores por evento e instituição de ensino, as referências mais utilizadas com a síntese das obras mais citadas, que caracterizam o referencial teórico predominante. 3.1 A EA nos Eventos da Anped Nacional e da Anped Sul Para perceber a evolução das pesquisas sobre Educação Ambiental em dois eventos nacionais de educação (Anped Nacional e Anped Sul), que aconteceram, nos mesmos anos, foi realizada uma síntese sobre a distribuição dos trabalhos com enfoque neste tema (tabela 1). Nos anais dos respectivos seminários, foram publicados um total de 2587 trabalhos, dentre estes, apenas 108 são da área da EA, inscritos no eixo temático (ET), grupo de trabalho (GT) ou grupo de estudo (GE). TABELA 1: Distribuição dos trabalhos com enfoque em Educação Ambiental, selecionados em relação ao total de publicações nos eventos Anped Nacional e Anped Sul, nos anos de 2004, 2006 e 2008. Ano Evento Trabalhos Publicados Trabalhos de Educação Ambiental Nº % 5,03 2004 V ANPED SUL 556 28 2004 27 ANPED NACIONAL 304 13 4,27 2006 VI ANPED SUL 531 19 3,57 2006 29 ANPED NACIONAL 332 13 3,91 2008 VII ANPED SUL 535 23 4,29 2008 31 ANPED NACIONAL 329 12 3,64 Total 2587 108 4,17% Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Observa-se uma incidência similar nos dois eventos em cada um dos anos: em 2004, a freqüência ficou ao redor de 4,5%; já em 2006, ocorreu um decréscimo 43 (cerca de 3,5%), mas, em 2008, houve uma aumento (4,29%), na Anped Sul e uma redução (3,64%) na Anped Nacional. Tanto na Anped Nacional quanto na Anped Sul, a preocupação com a educação também se reflete na área específica de Educação Ambiental, que no período analisado não se manteve constante, sofrendo uma diminuição importante ao longo dos três anos analisados. As razões para esta diminuição não estão muito claras, mas poderiam ser consequência, dentre outros fatores, da: i) consolidação da área, que envolve um número pequeno de pesquisadores; ou, ii) ocorrência de eventos específicos de EA, no mesmo período, por exemplo,: 2004 – V Fórum Brasileiro de EA em Goiânia-Goiás; 2005 – III EPEA - Encontro de Pesquisa em EA (Ribeirão Preto-SP); 2006 – V Congresso Ibero-americano de EA (Joinville – SC); 2007 – IV EPEA – Encontro de Pesquisa em EA (Rio Claro-SP). Para conhecer os autores, que tiveram dois ou mais trabalhos apresentados nos eventos analisados, elaboramos uma síntese mostrada na tabela 2. TABELA 2: Distribuição dos autores com dois ou mais trabalhos. nas Anped Nacional e Sul de 2004, 2006 e 2008 AUTOR AS 2004 AS 2006 AS 2008 NA 2004 AN 2006 AN 2008 Total 1 1 1 1 4 1 3 1 João Batista de Albuquerque Figueiredo UECE 2 Maria Lúcia de Amorim Soares UNISO 1 1 3 Maria de Lourdes Spazziani CUML 1 1 2 4 Leiri Valentin UNESP 1 1 2 5 Martha Tristão FURG 1 6 Maria do Carmo Galiazzi FURG 3 7 José Vicente de Freitas FURG 3 8 Débora Pereira Laurino FURG 1 2 3 9 Elisabeth Maria Foschiera UPF 1 1 2 10 Mara Rejane Osório Dutra FURG 1 1 2 11 Fátima Elizabeti Marcomim UNISUL 1 1 2 12 Valdo Mover Barcelos UFSM 1 1 2 1 1 2 1 5 3 Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Apenas 12 autores atenderam este critério, mas nenhum deles participou dos 6 eventos ininterruptamente. Cinco apresentaram três trabalhos ou mais: João Batista Figueiredo participou de 4 eventos diferentes com um artigo em cada um deles; já, José Vicente Freitas participou de um único evento com três artigos; por 44 sua vez, Débora Pereira Laurino participou de dois eventos: um com 2 trabalhos e o outro com apenas um; Maria Lúcia Soares e Maria do Carmo Galiazzi expuseram suas pesquisas em três eventos. Esta última autora sobressai-se em outro sentido também: pelo número total de artigos apresentados, (cinco) em três eventos. Considerando o caráter nacional e regional dos eventos, chama a atenção que oito dos autores são da região sul, três da região sudeste e um da nordeste. Parece que a maioria dos pesquisadores em EA provém de universidades da região sul e sudeste. Na tabela 3, a instituição dos autores dos trabalhos, por evento, é mostrada: são 40 instituições diferentes. Os pesquisadores da FURG (Fundação Universidade de Rio Grande) participaram de cinco eventos, com 21 trabalhos; e, os da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), em quatro, com oito trabalhos. A FURG possuía na época dos eventos selecionados Mestrado em EA e estava encaminhando o projeto de doutorado, o que pode justificar esta quantidade de artigos. Observa-se, ainda, que apenas quatro instituições possuem número igual ou superior a quatro apresentações de trabalhos. Autores de onze instituições têm três trabalhos apresentados, enquanto vinte delas tiveram apenas um. TABELA 3: Procedência dos Autores dos Artigos de Educação Ambiental, por Evento e Instituição, nas Anped Nacional e Anped Sul de 2004, 2006 e 2008. * IES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 CEFET-RS CUML FAETEC FIP FSP FURG PUC - RJ PUC – RS UCS UECE UEMG UERJ UERN UFC UFES UFPel UFPR UFRGS UFRJ UFRN UFSC UFSCar UFSM UFU UFPA ULBRA UNC AS 2004 1 AN 2004 AS 2006 1 AN 2006 AS 2008 AN 2008 1 1 9 1 1 - 9 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 - TOTAL 1 2 1 1 1 21 1 1 1 1 1 3 1 2 3 3 3 4 1 1 3 1 8 2 1 1 1 45 * IES 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 UNESA UNESP UNICENTRO-PR UNIFMU UNIJUI UNINILTON LINS UNISO UNISUL UNIVALI UE PONTA GROSSA-PR UNOESC UPF USP SEM MENÇAO AS 2004 1 1 AN 2004 1 1 AS 2006 AN 2006 1 1 AS 2008 AN 2008 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 2 1 TOTAL 2 3 1 2 1 1 4 3 3 1 3 3 3 5 Legenda: AS-Anped Sul; A N–Anped Nacional; * Instituição de Ensino Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Contatou-se, ainda, que os autores provinham de 29 universidades públicas, sejam federais ou estaduais e de 10 universidades particulares. É interessante perceber que os autores de 5 trabalhos não identificaram a vinculação a alguma instituição, seja privada, pública ou não governamental. 3.2 Referências Utilizadas pelos Autores dos trabalhos A tabela 4 apresenta os autores referenciados, independente da obra, em cinco artigos ou mais e que constituíram um conjunto de documentos (corpus teórico) importante na organização e discussão das pesquisas em EA. Evidenciouse que o enfoque Educação Ambiental, no contexto dos eventos de pesquisa em Educação, no Brasil, tem 21 autores que podem ser considerados como referência. Muitos dos estudos estão fundamentados em documentos oficiais brasileiros, tais como os parâmetros curriculares nacionais (PCNS) para o ensino fundamental e as orientações curriculares para o ensino médio (OCNEM BRASIL/MEC/SEF); as recomendações do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL/MMA) e do Ministério de Ciência e Tecnologia (BRASIL/MCT) para a área, visto que esboçam sugestões de como estabelecer um novo diálogo entre o ser humano e a natureza, a partir de uma EA que garanta uma vida de qualidade a todos. 46 TABELA 4: Autores referenciados nos artigos selecionados da Anped Nacional e da Anped Sul dos anos de 2004, 2006 e 2008 e o número de citações encontradas. Nº Referência 1 6 7 8 9 10 11 12 13 Freire, Paulo (1975, 1977, 1979, 1980, 1981, 1983, 1987, 1988, 1992, 1994, 1996, 1997, 1999, 2000, 2003, 2004) Reigota, Marcos (1987, 1991, 1994, 1995, 1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002) Brasil (1997, 1997a,1998, 998a, 1999, 2000, 2000a, 2001, 2007) Carvalho, Isabel C. M. (2001, 2002, 2004) Morin, Edgar (1979, 1987, 1995, 1996, 1997, 1995, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2005, 2005a) Guimarães, Mauro L. (1995, 2000, 2001, 2004) Leff, Enrique (1994, 1998, 1999, 2000, 2001, 2003) Loureiro, Carlos Frederico Bernardo (2000, 2002, 2004, 2005, 2006, 2007) Maturana, Humberto (1998, 2000, 2004) Brandao, Carlos R. (1981, 1987, 1990, 1994, 1995, 1998, 1999, 2005) Layrargues, Philippe Pomier (1999, 2002, 2004) Paz, Octávio (1984, 1994, 1996, 1999) Capra, Fritjof (1982, 1989, 1991, 1996, 2000, 2001, 2002) 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Santos, Boaventura de Souza (1989, 1995, 1996, 1997, 2000, 2002, 2003, 2005) Sato, Michéle ( 2002, 2005 ) Moscovici, Serge (1975, 1978, 1984) Vygotsky, Lev S. (1988, 1989, 1993, 2001) Santos, Milton (1985, 1987, 1990, 1993, 1994, 1996, 1998, 2002) Jacobi, Pedro R. (1998, 2000, 2003, 2005) Novicki, Victor (1998, 2002, 2003, 2007) Fleuri, Reinaldo Matias (2001, 2003, 2008 ) Gadotti, Moacir ( 2001, 2003 ) Deleuze, Gilles (1977,1988, 1991, 1992, 1995, 2006a, 2006b, 2006c) Oliveira, Manfredo Araújo de (1997) 2 3 4 5 *Nº Citações 51 49 43 26 22 18 17 17 16 15 14 14 12 12 13 11 11 8 7 7 7 6 5 5 Legenda: *Autores referenciados/citados nas pesquisas, no mínimo cinco vezes. Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Dos autores referência: Reigota (49x), Isabel de Carvalho (26x), Guimarães (18x); Loureiro (17x); Leff (17x); Layargues (14x); Sato (13x) e Jacobi (7x) são Educadores Ambientais e tem expandido o campo no Brasil, nos últimos anos. No quadro 4, constam as obras de cada um destes autores utilizadas nos artigos. É possível identificar um número pequeno de obras, mas em diferentes edições, o que confirma a formação de um corpus teórico sobre EA. Os/as autores/as referenciados/as com maior frequência no conjunto de trabalhos dos encontros de 2006 e 2008 são: Isabel C. M. Carvalho (7 trabalhos), Mauro Guimarães (5), Carlos F. B. Loureiro (4), Marcos Sorrentino (3) e Philippe P. Layrargues (3). Esses/as autores/as têm sido apontados/as como referência a uma abordagem crítica e emancipatória da EA. A análise do quadro 7 mostra que algumas obras dos educadores ambientais foram referência para os diversos estudos e possibilita perceber a formação de um grupo de pesquisadores da área construindo um referencial de análise e de motivação para a pesquisa. 47 QUADRO 7: Lista das obras dos autores de Educação Ambiental citados cinco vezes ou mais nas referências dos artigos selecionados nos Anais da Anped Nacional e da Anped Sul dos anos de 2004, 2006 e 2008 Autor REIGOTA, Marcos 6 obras CARVALHO, Isabel C.M. 4 obras GUIMARÃES, Mauro L. 3 obras LOUREIRO, Carlos.F.B. 7 obras LEFF, Enrique 5 obras LAYRARGUES, Philippe P. 3 obras Referências A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós-moderna. SP:Cortez, 1999, 2002, ; Meio Ambiente e Representação Social.SP:Cortez, 1994, 1995, 1998;; Educação ambiental: fragmentos de sua história no Brasil. In: BARCELOS. Valdo; NOAL, Fernando; REIGOTA, Marcos (orgs). Tendências da Educação Ambiental Brasileira. Santa Cruz do Sul : EDUNISC,1998, O que é educação ambiental. SP: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos 1996, 2001, Fundamentos teóricos para a realização da Educação Ambiental popular. Brasília, ano 10, nº49, 1991; Educação Ambiental: Compromisso Político e Competência Técnica. In: Philippi Jr A e Pelicioni MCF (editores). Educação Ambiental: desenvolvimento de cursos e projetos. SP: Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. NISAM: Signus Editora, 2000; Educação Ambiental: nomes e endereçamento da educação: In:___Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasíli:MMA, 2004, p.13-24; A invenção ecológica: sentidos e trajetórias da educação ambiental no Brasil.2,Ed. Porto Alegre,RS: Editora da FURGS, 2002; A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da Educação Ambiental no Brasil. POA: UFRGS,2001. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez,2004. Educação Ambiental: no consenso um embate?SP, Campinas: Papirus, 2000. Educação ambiental crítica. In: LAYRARGUES,P.P.(org) Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília:MMA,2004; A dimensão ambiental na educação. Campinas, SP: Papirus, 1995; Educação ambiental e a gestão para a sustentabilidade. In: SANTOS, J.E.dos; SATO,M. A contribuição da educação ambiental à esperança de pandora.São Carlos: RIMA,2001; A questão ambiental no pensamento crítico: natureza, trabalho e educação.RJ: Quartet, 2007; Trajetória e fundamentos da educação ambiental. SP: Cortez, 2004;Educação Ambiental e Movimentos Sociais na Construção da Cidadania Planetária: teoria social e questão ambiental: pressupostos a uma práxis(org). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 3.ed.SP:Cortez, 2005; Teoria Social e Questão Ambiental: pressupostos a uma práxis.(org) Sociedade e meio ambiente: a educação em debate.2.ed.SP:Cortez, 2002, 2000; Educação Ambiental e “teorias críticas”.In: Guimarães, M.(org) Caminhos da educação ambiental: da forma à ação.Campinas, SP: Papirus, 2006; Epistemologia ambiental. SP: Cortez, 2001; A complexidade ambiental.SP: Cortez,2003;”Sociologia y ambiente: Formación socioeconómica, racionalidad ambiental y tranformaciones del conocimiento”, em LEFF, E.(coord.) Ciências sociales y formación ambiental. Barcelona: GEDISA/CIIHUNAM/PNUMA, 1994; Saber ambiental: sustentabilidad, racionalidad, complejidad, poder. Siglo XXI/CEIIH_UNAM/PNUMA, 1998; Complexidad ambiental. Mécico:Siglo XXI, 2000; A resolução de problemas ambientais locais deve ser um tema-gerador ou a atividade-fim da educação ambiental? In:REIGOTA, M.(org) Verde Cotidiano: o meio ambiente em discussão. RJ:DP&A, 1999 / 2001; Apresentação (re)Conhecendo a Educação Ambiental Brasileira. In_(coord).Identidades da educação ambiental brasileira.Brasília:MMA/DEA,2004; Quem disse que a educação ambiental é ideologicamente neutra? Uma análise sobre a reciclagem das latas de alumínio. In. SAUVÉ,L; SATO, M;ORELLANA, I (orgs). Textos escolhidos em educação ambiental.V.1, Montreal. Lês Publications ERE-UQAM,2002; SATO, Michele 3 obras Educação ambiental. São Carlos. Rima, 2002.66p; Reflexos das cores amazônicas no mosaico da educação ambiental. Brasília: WWF, Brasil, 2002; Pelo prazer fenomenológico de um não texto. In: GUIMARÃES, Mauro (org) Caminhos da Educação Ambiental: da forma à ação Campinas, Papirus, 2006. Debatendo os desafios da educação ambiental.Texto do I Congresso de Educação Ambiental Pró-Mar de Dentro. Rio Grande: FURG, 2001. JACOBI, Pedro 4 obras Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, Mar 2003; Educação ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educ.Pesqui, Ago2005;Educação, Meio Ambiente e Cidadania-Reflexões e experiências. SP:SMA, 1998; Políticas Sociais e Ampliação da Cidadania.RJ:FGV Editora, 2000; Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Estes autores contribuíram e contribuem significativamente na constituição de um discurso sobre a questão ambiental e a educação ambiental, principalmente, quando se debate sobre o tema, realizando indagações e trazendo abordagens, interesses, objetivos e valores atribuídos a elas. No quadro 8, são expostas algumas idéias destes educadores ambientais. 48 QUADRO 8: Algumas idéias dos Educadores Ambientais referenciados nos artigos selecionados nos Anais da Anped Nacional e Anped Sul, dos anos de 2004, 2006 e 2008 REIGOTA, M.A O que é educação ambiental. São Paulo:Brasiliense, 2001; 1994 CARVALHO, I.C.M. Educação Ambiental: nomes e endereçamento da educação. In:___Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2004, p.13-24 CARVALHO, I.C.M.Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2004a.p.256 LOUREIRO,C.F.B.EA e “teorías críticas”. In: Guimarães, M.(org) Caminhos da EA: da forma à ação. Campinas, SP: Papirus, 2006 p.5186 LOUREIRO, C.F.B.(org)…[et al]. A questão ambiental no pensamento crítico: natureza, trabalho e ducação. R. janeiro:Quartet, 2007. GUIMARÃES, M. EA: no consenso um embate? SP, Campinas: Papirus, 2000. GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. Campinas, SP: Papirus, 1995 – (Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico) LEFF, E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2001. LAYRARGUES, Philippe. A resolução de problemas ambientais locais deve ser um tema-gerador ou a atividade-fim da educação ambiental? In:REIGOTA, M.(org) Verde Cotidiano: o meio ambiente em discussão. RJ:DP&A, 1999 / 2001 SATO, Michele. Educação ambiental. São Carlos. Rima, 2002.66p JACOBI, Pedro. Educação ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educ.Pesqui, Ago2005 Extrapolar o saber disciplinar e proporcionar entendimento sobre ser cidadão é papel da escola, assim, é fundamental entender a EA como educação política, reivindicando e preparando os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza. [...] A escola é um dos locais privilegiados para a realização da EA, desde que dê oportunidade à criatividade, enfatizando a importância do estudo do meio ambiente onde vive o aluno, procurando assim levantar os principais problemas da comunidade, buscando as possibilidades concretas para a sua solução. Um tipo de subjetividade orientada por sensibilidades solidárias com o meio social e ambiental, modelo para a formação de indivíduos e grupos sociais capazes de identificar, problematizar e agir em relação às questões socioambientais, tendo como horizontes uma ética preocupada com a justiça ambiental.”(p.20) A EA se constitui em grande desafio para além da aprendizagem comportamental, engajando-se na construção de uma cultura cidadã, na formação de atitudes ecológicas e de um sentido de responsabilidade ética e social, considerando a solidariedade e a justiça ambiental indispensáveis a uma sociedade justa e ambientalmente orientada. Mais do que comportamentos isolados, constituem-se um processo de amadurecimento de valores e visões mais permanentes (2004a, p.256) Para a tradição crítica não cabe [...] discutir conservação sem considerar os processos sociais que levaram ao atual quadro de esgotamento e extinção; falar em mudanças de comportamentos sem pensar como cada indivíduo vive, seu contexto e suas possibilidades concretas de fazer escolhas; defender uma forma de pensar a natureza, ignorando como cada civilização, cada sociedade e cada comunidade interagiam nela e definiam representações sobre ela; como produziam, geravam cultura e estilos de vida e como isso se da hoje. “Não há como abandonar certos progressos do pensamento social: suas ausências voltam a ofuscar fenômenos já desvendados. Talvez seja mais prudente revisitá-los, reinterpretá-los, desembaraçá-los e livrá-los de deformações agregadas por usos apressados e pragmáticos no século mais destrutivo da história. Isso evita o desperdício e o descarte.(p.78) Trata-se de uma educação ambiental crítica que propicia condições para o exercício da cidadania, para o desenvolvimento de ações políticas tanto na esfera pública como privada, posto que visa a transformação da realidade. Nessa concepção, as categorias desenvolvimento sustentável, meio ambiente e educação ambiental articulam-se na perspectiva de ampliação da qualidade de vida e de superação da exclusão social. “O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios ambientais.”(p.12) O processo educacional transmitirá e difundirá os princípios e valores das diferentes visões e propostas para alcançar a sustentabilidade. A educação ambiental implica um processo de conscientização sobre os processos socioambientais emergentes, que mobilizam a participação dos cidadãos na tomada de decisões, junto com a transformação dos métodos de pesquisa e formação, a partir de uma ótica holística e enfoques interdisciplinares.(p.253) O autor fala da resolução de problemas ambientais locais, o qual, para ele, é carregado de um valor altamente positivo, pois foge da tendência desmobilizadora da percepção dos problemas globais, distantes da realidade local, e parte do princípio de que é indispensável que o cidadão participe da organização e gestão do seu ambiente e da vida cotidiana (p.134). Pois, a EA pode possibilitar a busca de soluções para os problemas ambientais. Faz ressalvas quanto ao processo educativo no que diz respeito a importância das reuniões ou fóruns de discussão com a comunidade escolar, os quais podem possibilitar a problematização crítica e a participação efetiva desta, na tão desejada transformação das políticas públicas, contribuindo significativamente para uma nova forma de pensar o mundo. (2002, p.24) Refere-se ao contexto epistemológico da educação ambiental, o qual permite um conhecimento aberto, processual e reflexivo, a partir de uma articulação complexa e multirreferencial, o que propicia reflexões sobre o surgimento e a difusão da EA como dimensão educativa.(2005,p. 246) Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. 49 Loureiro comenta que no atual quadro ambiental, em que falar de conservação é fato, o importante é o que está ocorrendo com as diversas espécies de seres vivos, que estão em extinção e esgotamento, o que resulta da não conservação do ambiente. Aborda ainda, o trabalho com o indivíduo em sua realidade, para posteriormente, falar em mudança de atitude. Para Guimarães, a EA não pode estar desconectada do todo, ou seja, todo cidadão está inserido num contexto, que suscita mudanças de atitudes responsáveis, considerando a integração a sua realidade. Leff aproxima-se de Guimarães ao preconizar o enfoque interdisciplinar para a EA na tomada de decisão consciente pelo cidadão, para que este possa contribuir na humanização das relações homem-natureza. Já, Marcos Reigota defende que a escola é um ambiente privilegiado e singular, que sofre interferência do ambiente onde vivem os alunos. Isabel de Carvalho corrobora com estas idéias, no que diz respeito ao desafio enfrentado no campo da EA. Enfatiza a importância da formação de sujeitos conscientes, críticos, amadurecidos, quanto a valores e visões reais o sujeito ecológico. Os autores: Isabel C. M. Carvalho (7 trabalhos), Mauro Guimarães (5), Carlos F. B. Loureiro (4), Marcos Sorrentino (3) e Philippe P. Layrargues (3) têm sido apontados como referência a uma abordagem crítica e emancipatória da EA. Layrargues enfatiza ainda, as ações locais para resolver os problemas ambientais. Freire (51x), Brandão (15) e Gadotti (6x) são referência na pesquisa em Educação e contribuem para a compreensão dos aspectos relativos às maneiras de desenvolver os trabalhos educativos na área ambiental. No quadro 6, encontra-se a lista das obras de Paulo Freire, Carlos Brandão e Moacir Gadotti utilizadas pelos autores dos artigos. Freire incentiva a autonomia dos sujeitos ao tornarem-se autores de sua aprendizagem, de sua produção intelectual e do trabalho coletivo. No trabalho coletivo, o autor enfatiza que a colaboração é fundamental para a educação que liberta o sujeito das amarras impostas pelos dominadores, em especial na EA, que discute o sistema de produção e a relação sociedade humana e natureza. Freire preconiza a mudança pela educação, o que também é esperado da EA, como mostrado nas referências em que ele é citado. Este autor faz contribuições importantes quanto a formação docente aliada a reflexão sobre a prática educativa, defendendo a ética, a autonomia dos educandos. 50 Salienta ainda que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.47), reconhecendo no educador o papel crucial no ensinar a pensar, a ser um sujeito crítico, autônomo, consciente de suas ações. QUADRO 9 : Lista das obras de Paulo Freire, Brandão e Gadotti citadas como referências dos artigos selecionados, nos Anais da Anped Nacional e Anped Sul, dos anos de 2004, 2006 e 2008 Autor FREIRE, Paulo 13 obras BRANDÃO, Carlos R. 5 obras GADOTTI, Moacir Referências Pedagogia do oprimido. RJ: Paz e Terra, 1974/13ed, 1983, 1975, 1987; Extensão ou Comunicação? Trad.Rosisca D. de Oliveira. 10ed. RJ: Paz e Terra, 1992; Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.SP: Paz e Terra, 1996, 2004, 1977; Educação na Cidade.4.ed. SP: Cortez, 2000; Pedagogia da esperança. Um reencontro com a Pedagogia do oprimido. SP:Paz e Terra,1999, 1994; Educação como prática de liberdade.RJ,RJ:Paz e Terra, 1967/24 ed.2000;;A educação na cidade.SP:Cortez,1991; Educação e Mudança.Trad. Moacir Gadotti e Lilian Lopes Martin – RJ:Paz e Terra,1979;Pedagogia da autonomia. RJ: Paz e Terra, 2003; Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a fazê-la melhor através da ação.In:Brandão, Carlos Rodrigues. Pesquisa Participante. SP:Brasiliense, 1981; Espaço e Método.SP: Nobel, 1985; Somos as águas puras. Campinas, SP:Papirus, 1994; Pesquisa participante. 3ªed.SP:Brasiliense, 1981, 1990; Repensando a pesquisa participante.SP: Brasiliense, 1999, 1987; As flores de abril: movimentos sociais e educação ambiental. Campinas, SP: Autores Associados, 2005 (Coleção Educação Contemporânea; Memória Sertão.SP:Cone Sul/Ed. UNIUBE, 1998;O que é educação.33.ed.SP: Brasiliense, 1995; Pedagogia da terra.São Paulo: Peirópolis, 2000. Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. O quadro 9 mostra algumas ideias-síntese das obras de Freire, Brandão e Gadotti, que circularam nos artigos selecionados e reforçam as afirmações feitas anteriormente. Observa-se que Paulo Freire evidencia o fortalecimento do papel da educação na construção de uma sociedade preocupada com as questões ligadas a EA, onde o sujeito seja crítico e informado para compreender as situações apresentadas e, nelas interferir de modo qualificado. Por sua vez, Brandão traz, ainda, considerações sobre a construção de valores, enfatizando que somente o próprio indivíduo é capaz de despertar valores em si. E que o mesmo terá que passar por inúmeras e diferentes situações para que possa realmente se tornar um cidadão consciente, crítico, atuante na sociedade, o que para a EA é de suma importância. Freire(2004), Brandão(1981) e Gadotti(2000) comungam das mesmas idéias ao abordar a construção de uma sociedade mais consciente de seus atos, na mudança da forma de pensar dos indivíduos que a constituem. Despertando neste 51 indivíduo valores internos que sejam compartilhados entre os demais, na busca de novas formas de atuação no ambiente. QUADRO 10: Algumas idéias de Freire, Brandão e Gadotti circulantes nos artigos selecionados nos Anais da Anped Nacional e Anped Sul, dos anos de 2004, 2006 e 2008 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004 FREIRE, Paulo. Educação na cidade. 4.ed.São Paulo: Cortez 2000 BRANDÃO, C. R. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 1981. GADOTTI, M. Pedagogia da terra, São Paulo: Peirópolis, 2000. Há um sinal dos tempos, entre outros, que me assusta: a insistência com que, em nome da democracia, da liberdade e da eficácia, se vem asfixiando a própria liberdade e, por extensão, a criatividade e o gosto da aventura do espírito, [...]. Um estado refinado de estranheza, de “autodemissão” da mente, do corpo consciente, de conformismo do indivíduo, da acomodação diante das situações consideradas fatalisticamente como imutáveis. (p.113) Para que haja uma construção de uma sociedade ambientalmente justa, é necessário fortalecer o papel da EA nos espaços não formais, onde o sujeito, ao compartilhar da ação coletiva de mudança da sociedade, também estará se transformando. Em suma, u m processo de EA que vá além da dicotomia (2000, p. 75) Não há somente um tipo de educação, questiona qual é a finalidade da mesma, ele conclui ainda que a educação está atrelada a diversos interesses, inclusive no que se refere a política e a economia. E que, para que haja uma construção de valores o indivíduo necessita submeter-se a diversas situações da vida diária, para que ele desperte em si valores como respeito, amor, sinceridade, entre outros. E somente o próprio do individuo tem o poder de despertar estes valores em si. A EA deve induzir a novas formas de conduta dos indivíduos, a mudanças na forma de pensar sua conduta, bem como estar disposto a modificar sua maneira de pensar, pois tão importante quanto mudar a forma de agir é saber como fazemos isso, ou, que caminho seguir que viabilize novas formas de atuar no planeta. Fonte: Silva, Tatiana R. da & Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. As obras dos outros 12 autores mais referenciados estão listadas no quadro 11. Em sua maioria, preocupam-se com a formação da consciência do cidadão participativo, responsável e crítico, fundamentados na interação estreita entre teoria e prática, apontando para a transformação da realidade. Moscovici chama a atenção quanto a função das representações sociais na gênese dos comportamentos sociais, reforçando a idéia de que elas produzem e determinam os comportamentos. Em suma, trata-se de uma modalidade de conhecimento subjetiva, que tem como função a elaboração e a comunicação entre os seres humanos (1978). Victor Novicki tece comentários quanto ao homem ser sujeito e objeto de sua própria existência e questiona sobre a consciência deste homem quanto a ser naturalmente humano ou humanamente natural. O autor faz estes questionamentos como um desafio a mudar a lógica da construção do conhecimento, para que o ensino desenvolva capacidades de desencadear as transformações e enfrentá-las (2007, p.135). 52 QUADRO 11: Lista das obras de autores citados cinco vezes ou mais, nas referências dos artigos selecionados nos Anais da Anped Nacional e Sul, dos anos de 2004, 2006 e 2008 Autor Referências CAPRA, Fritjof 3 obras The turning Point: Science, Society and the Rising Culture.Glasgow:Harper Collins: 1982; A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.Trad.N.R.Eicgemberg. SP: Cultrix, 2001, 1996; O ponto de mutação. Trad.A.Cabral.SP: Cultrix,2000, 1989; Pertencendo ao universo: exploração nas fronteiras da ciência e da espiritualidade. SP:Cultrix, 1991; Diferença e repetição.RJ: Graal, 2ed., 2006a; Lógica do sentido.SP: Perspectiva, 2006b ; A ilha deserta.SP: Iluminuras, 2006c ; Foucault. SP:Brasiliense, 1988; Conversações. SP: Ed.34, 1992; Kafka – Por uma literatura menor. RJ: Imago, 1977; Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. SP: Editora 34, 1995(Coleção Trans.) O Método: a natureza da natureza. 3ed. Portugal: Publicações Europa-América Ltda, 1997, 2003; O Método 6: ética. POA: Sulina, 2005a. Introdução ao pensamento complexo. POA:Sulina,2005; O Método 1: a natureza da natureza.Trad.M.G.Bragança.Portugal:Publicações Europa – América,1987; Os sete sabres necessários à educação do futuro. Trad.C.E.F.Silva e J.Sawya. SP: Cortez,2001, 2000; Por uma reforma do pensamento.In:Alfredo PENA-VEJA & Elimar P.do Nascimento. O pensar complexo:Edgar Morin e crise da modernidade. RJ:Garamond, 1999; O enigma do homem:para uma nova antropologia. 2ª Ed.RJ:Zahar, 1979;KERN,Anne Brigitte. Terra Pâtria. POA: RS, Sulina, 1995; Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. SP:Cortez, 2002; Introdución al pensamiento complejo. Bracelona: GEDISA, 1998; O problema epistemológico da complexidade. 2.ed. Portugal:Publicações Europa-América, 1996; Emoções e linguagem na educação e na política. Trad. José Fernandes C.Forte. BH-MG:Editora UFMG, 1998; e ZOLLER,G.V. Amar e Brincar:fundamentos esquecidos do humano. SP: PalasAthena, 2004; REZEPKA, S. Formação humana e capacitação.Tradução Jaime A.Clasen-Petrópolis, RJ:Vozes,2000; Da ciência moderna ao novo senso comum. IN: A crítica da razão ondolente: contra o desperdício da experiência. Para um novo senso comum: a ciência. O direito e a polític na transição paradigmática. Vol.1.5ed.SP:Cortez, 2005; Um discurso sobre as ciências.SP:Cortez,2003; Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. RJ: Civilização Brasileira, 2005; Democratizar a democracia – os caminhos da democracia participativa.RJ: Civilização Brasileira,2002. A critica da razão indolente. SP: Cortez, 2000; Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidadse. SP:Cortez, 1996, 1997, 1995; Introdução à uma ciência pósmoderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989; Técnica, espaço, tempo(globalização e meio técnico-científico-informacional). SP:HUCITEC, 1994; O espaço do cidadão. 4ed.SP: Nobel, 1998, 1987; A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. SP:HUCITEC,1996; A metrópole:modernização, involução e segmentação. In:VALLADARES, L. e PRETECEILLE, E. Reestruturação urbana:tendências e desafios. RJ: Nobel,1990; Metamorfoses do espaço habitado. 3ªed. SP: HUCITEC, 1994;A natureza do espaço.SP:Edusp,2002; Psicologia Pedagógica.SP:Martins Fontes,2001; A Formação Social da Mente.São Paulo:Martins Fontes,1993; El desarrollo de los procesos superiores. Barcelona: Crítica-Grijalbo, 1988; Pensamento e linguagem. SP: Martins Fontes, 1989; DELEUZE, Gilles 5 obras MORIN, Edgar 12 obras MATURANA, Humberto 3 obras SANTOS, Boaventura de Souza 7 obras SANTOS, Milton 7 obras VYGOTSKI, Lev S. 4 obras MOSCOVICI, Serge NOVICKI, Victor FLEURI, Reinaldo Matias OLIVEIRA, Manfredo A. de PAZ, Octávio A representação social da psicanálise. Rio de janeiro: Zahar, 1978. Práxis: problematizando consciência e participação na educação ambiental brasileira. In: LOUREIRO, Carlos Frederico B. (org.) A questão ambiental no pensamento crítico: natureza, trabalho e ducação.Rio de Janeiro: Quartet, 2007. Reinventar o Presente, pois o amanhã se faz na transformação do hoje. São Paulo: Ufc, 2008; Educação Intercultural mediações necessárias. São Paulo: Dp & A, 2003; Educar para Quê? São Paulo: Cortez, 2001 Sobre a Fundamentação. São Paulo: Edipucs, 1997. Itinerário.México. Fondo de Cultura Econômica, 1994; Transblanco.São Paulo: Siciliano, 1994; Pasión crítica. Barcelona. Seix barral, 1984; Vislumbres da Índia. Um Diálogo com a condição humana.São Paulo. Câmara Brasileira do Livro. Mandarim, 1999; A dupla chama. Amor e Erotismo.São Paulo. Siciliano, 1994.Signos em rotação. São Paulo. Perspectiva, 1996. Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. O poeta e ensaísta Octávio Paz (1994) afirma em seus trabalhos, que o mundo pode ser visto como um texto, desafiando-nos a pensar nas múltiplas possibilidades de relacionamento e representações deste mundo. O autor reforça 53 ainda a idéia de que os sentimentos dos fatos ocorridos no cotidiano compõem um mundo inusitado a cada instante, podendo levar ao encontro das verdades com as quais não imaginávamos nos deparar. Ao falar sobre EA, o autor enfatiza que o sistema educativo está sendo cada vez mais questionado, em especial em relação ao diálogo e à reflexão, focados na construção de caminhos que possibilitem a construção de instrumentos educativos à sociedade. Fleuri (2002) acompanha a mesma linha de pensamento dos autores anteriormente citados, pois acredita na necessidade de entender as peculiaridades de cada cultura, para interagirmos de forma adequada com ela, voltados a potencialização dos processos de aprendizagem, em que a teoria e a prática se tornem indissociáveis. Já Oliveira (1997), parte da perspectiva de uma EA crítica e transformadora da sociedade, aponta os mais variados espaços sociais para além da escola, os quais contribuem consideravelmente como espaço formativo. Morin, por sua vez, defende a construção de um novo paradigma, em que o aluno seja um sujeito crítico, consciente de suas ações, detentor de um pensamento complexo, capaz de interagir com as diversas disciplinas. Enquanto Maturana, faz considerações sobre a valorização do sujeito, que possui uma essência, é ético, capaz de resistir as diversidades existentes, um cidadão atuante. É possível perceber que cada um dos autores contribuiu para fundamentar as pesquisas de EA, mesmo que poucas obras tenham sido citadas. A fim de compreender estas contribuições, trazemos no quadro 9 a síntese das principais idéias que circularam nos artigos a partir destes autores. QUADRO 12: Sínteses das idéias de Morin, Maturana, Capra, Deleuze, Vygotsky, Santos (Miltom e Boaventura), referenciadas artigos analisados* Referência Síntese BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEMT, 1999. (http://portal.mec.gov.br/seb/arquiv os/pdf/CienciasNatureza.pdf. Acesso 18 junho/ 2008. MORIN, E; KERN, Anne Brigitte. Terra Pâtria. P Alegre: RS, Sulina, 1995. A forma mais direta e natural de se convocarem temáticas interdisciplinares é simplesmente examinar o objeto de estudo disciplinar em seu contexto real, não fora dele. [...] Essa articulação interdisciplinar, promovida por um aprendizado com contexto, não deve ser vista como um produto suplementar a ser oferecido eventualmente se der tempo, porque sem ela o conhecimento desenvolvido pelo aluno estará fragmentado e será ineficaz. A concepção de aprendizagem como processo de produção subjetivo de saberes e significados requer uma reforma do ensino e a reorganização dos saberes e conhecimentos a fim de proporcionar um pensamento complexo capaz de ligar disciplinas, pois o pensar não deve ficar restrito a filósofos e cientistas e sim retroagir consciências e orientar o viver de todos nós. 54 MORIN, E. O método II: a vida da vida. 2.ed. Portugal: Publicações Europa-América, 1980. MATURANA, R.H. Emoções e linguagem na educação e na política. Trad. José Fernandes C. Forte. Belo Horizonte, MG: Ed. UFMG, 1998 CAPRA, Fritjof O ponto de mutação.Trad.A. Cabral. São Paulo: Cultrix, 2000. DELEUZE, Gilles Mil Platôs, vol.1. Rio de Janeiro: Ed.34, 1995 VYGOTSKI, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo:Martins Fontes, 1993. SANTOS, Miltom. A metrópole: modernização, involução e segmentação. In: VALLADARES, L. e PRETECEILLE, E. Reestruturação urbana: tendências e desafios. Rio de Janeiro: Nobel, 1990. SANTOS, Boaventura de Souza Da ciência moderna ao novo senso comum.In.___A crítica da razão ondolente: contra o desperdício da experiência. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. Vol.1.5.ed. São Paulo: Cortez, 2005. P. 1-117. Para que seja possível enxergar a complexidade da questão socioambiental é necessária uma abordagem que leve em consideração o sujeito na construção do objeto, uma vez que, nos marcos do pensamento ocidental, sujeito e objeto, natureza e sociedade são termos que, ainda, se excluem. Neste contexto, percebe-se que a educação ambiental delineia caminhos que se aproximam de nova configuração teórica e metodológica e que venham ao encontro de um novo paradigma. Faz-se necessário considerar como indispensável a valorização do outro como legítimo outro, que se humaniza nas relações efetivas, sendo considerado um fator essencial e indissociável de uma perspectiva eco-relacional, capaz de contribuir para um mundo solidário, preparado para resistir à conjuntura crítica em que vivemos. O autor ressalta que para entender os problemas do mundo é necessário ver de forma ampla todo o contexto onde o ser humano está inserido.Pois a sensibilização dos alunos quanto aos problemas do planeta é fundamental para que uma atividade pedagógica possa proporcionar a contextualização e encaminhar a reflexão e a ação em EA. Segundo o autor ainda, a consciência ecológica é dada pelo conhecimento e pela intuição linear da realidade. Sendo a compreensão o caminho para a mudança da visão de mundo, para a quebra de certos paradigmas. Para o autor os resultados atribuídos a natureza e à EA fazem parte do resultado de um processo de construção social, o qual deve estar incorporado ao cotidiano escolar (p.37). Vygotsky afirma que tomar consciência de uma idéia ou percepção sobre algo tornase primordial para o avanço ou até para a transformação da sua significação e interfere diretamente na construção da identidade de cada indivíduo. Pois torna-se possível a construção de uma teoria de ensino e aprendizagem a partir das relações estabelecidas com o outro e com os diferentes espaços culturais do entorno.(p.93/99) Miltom Santos faz considerações quanto a interpretação naturalista da cidade, onde confunde-se pobreza com deteriorização ambiental, igualando a crise social e econômica à crise ambiental, e muitas vezes se culpa o cidadão, que é a vítima do processo. Portanto, torna-se necessário analisar a real situação a ser analisada, para daí se tirar conclusões e através delas realizar um trabalho de EA. Santos fala da produção do conhecimento em EA e formação de professores através de uma pesquisa acadêmica, afirmando que a mesma pode funcionar de duas maneiras: uma delas é o professor ser tomado como objeto pelo pesquisador, desvinculado de seu próprio contexto; e a outra maneira e a pesquisa em EA com os professores, privilegiando a co-construção do conhecimento nas interações que se dá em comunidade, ou seja, valorizando o meio onde vive.(p.81) Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. As sínteses da idéias dos autores citados mostram a diversidade de contribuições e, ao mesmo tempo, expressam um discurso afinado em que a preocupação maior é com a formação crítica dos sujeitos. Nas sínteses dos referenciais dos 23 autores mais citados, nota-se a preocupação quanto a formação do cidadão consciente em relação às questões socioambientais. Todos os autores, de alguma forma abordam a importância da construção de uma sociedade ambientalmente justa. Mencionam também que a escola se constitui num espaço tempo privilegiado para a tematização, discussão e análise das questões relativas a conceitualização, competências, habilidades, procedimentos e valores significativos para uma vida de maior qualidade, conforme Reigota (2001) e Carvalho (2004). O tema EA discutido nestes eventos, tratam da questão ambiental na educação de forma ampla, estabelecendo discussões com autores das mais diversas áreas, embora os 108 textos estejam no eixo/grupo de estudo da educação 55 ambiental, tanto os autores destes textos quanto das bibliografias utilizadas provem de diversos campos. Eles subsidiam os leitores com conhecimentos relativos às questões ambientais, inclusive sugerindo alternativas para que a educação ambiental realmente aconteça em nossa sociedade. Os documentos do MEC consideram que a EA não pode ser trabalhada desconectada do todo, já que professor, aluno e comunidade precisam estar juntos, em busca de um objetivo único, de aprendizado contínuo, contextualizado e interdisciplinar. Diante do exposto, podemos afirmar com Loureiro (1995, p. 91-92) que [...] a simples percepção e sensibilização para as questões ambientais, voltadas simplesmente para sua resolução, não expressam aumento qualitativo da consciência e do exercício de cidadania ecológica das pessoas, mas que são processos coletivos de conscientização quanto às questões ambientais voltadas para a sociedade, onde através de procedimentos educacionais e culturais, e por meio da construção de bases materiais que permitam sua concretização, pela ação democrática no Estado-Nação, teremos a ação individual e coletiva nos movimentos sociais e através da Educação Ambiental, o que com certeza evidencia a relevância desta ação. Por isso, é fundamental a realização de mais estudos que demonstrem de maneira mais adequada como sensibilizar os sujeitos para as mudanças no trato com o ambiente. É interessante ainda reconhecer as correntes ambientalistas predominantes nestes estudos (Sauvé,2005) que permitem identificar a EA preconizada no Brasil. Na tabela 5, consta a distribuição dos artigos selecionados, segundo esta proposta. TABELA 05: Distribuição dos artigos selecionados segundo as correntes ambientalistas evento/n. nat Com Re sis ca hum mor hol bio pra cri Fem 1 1 1 2 4 3 5 7 2 etn eco sus total - 2 1 28 2 - 2 2 13 1 19 s trab. em EA V anped sul / 28 1 1 27 anped nacional / 13 VI anped sul / 19 29 anped nacional / 13 VII anped sul / 23 31 anped nacional / 12 2 2 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 3 2 3 4 - 3 1 1 1 1 2 - 3 2 4 1 1 6 - 2 2 1 4 - 3 2 13 1 23 12 56 Total 4 1 1 7 4 2 6 16 9 13 25 0 3 12 5 108 * Legenda: naturalista(nat); conservacionista/recursista(con); resolutiva(res); sistêmica(sis); científica(ca); humanista(hum); moral/ética(mor); holística(hol); biorregionalista(bio); práxica(pra); crítica(cri); feminista(fem); etnográfica(etn); ecoeducação(eco); sustentabilidade(sus). Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. A corrente predominante nos textos apresentados nos eventos pesquisados é a crítica (25x), que é focada na transformação de realidades, incluindo a realidade educacional. Podemos clarear as premissas desta corrente através do exposto. A educação ambiental que se inscreve numa perspectiva sociocrítica (socially critical environmental education) convida os participantes a entrar em um processo de pesquisa em relação as suas próprias atividades de educação ambiental (...). É preciso considerar particularmente as rupturas entre o que o prático pensa que faz e o que na realidade faz e entre o que os participantes querem fazer e o que podem fazer em seu contexto de intervenção específica. O prático deve se comprometer neste questionamento, porque a busca de soluções válidas passa pela análise das relações entre a teoria e a prática. (...) A reflexão crítica deve abranger igualmente as premissas e valores que fundam as políticas educacionais, as estruturas organizacionais e as práticas em aula. O prático pode desenvolver, através deste enfoque crítico das realidades do meio, sua própria teoria da educação ambiental. (ROBOTTOM; HART, 1993, p.24 apud SATO; CARVALHO, 2005, p.32): Destacamos ainda outras correntes que caracterizam 10 ou mais textos dos 108 selecionados: a corrente Holística (16x), a corrente Práxica (13x) e a corrente Ecoeducação (12x). A corrente holística foca o “desenvolvimento global da pessoa em relação ao seu meio ambiente”, “o que leva a um conhecimento orgânico do mundo e a um atuar participativo no e com o ambiente”, segundo Sauvé (2005, p. 27). Ou seja, nós, seres humanos precisamos primeiro aprender a nos comprometermos com os seres, com a natureza, aprender a ser ativo na participação dos fenômenos que encontramos para que possamos trabalhar de maneira criativa e harmônica, colaborando com o meio ambiente. Dentre os textos selecionados, destacamos o texto: Da Evolução da Concepção de Natureza e de Homem na Ambiência de uma Educação Ambiental Crítica da autora Maria Lucia de Amorim Soares (Anped Nacional/2008), em que a autora aborda questões relacionadas a corrente crítica afirmando que a EA está desafiada a mudar a lógica de sua construção do conhecimento, para que o seu ensino possa voltar-se para a compreensão e o desempenho em um mundo em transformação, estimular a criatividade e a 57 inventabilidade, desenvolver a capacidade transformações e enfrentá-las. (p. 12) de desencadear as A autora faz observações ainda, sobre a atividade docente, que esta deve “voltar-se a transformar a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas, principalmente, que esteja voltada a formar pessoas cidadãs”. (p.12). Formar pessoas cidadãs, na perspectiva da EA crítica, é formar sujeitos ecológicos, como a posição adotada por Carvalho (2004, p. 13), isto é: Um tipo de subjetividade orientada por sensibilidades solidárias com o meio social e ambiental, modelo para a formação de indivíduos e grupos sociais capazes de identificar, problematizar e agir em relação às questões socioambientais, tendo como horizonte uma ética preocupada com a justiça ambiental. A ênfase da corrente Práxica “está na aprendizagem na ação, pela ação e para a melhora desta”.(Sauvé, 2005, p. 29) Esta corrente está focada na pesquisaação, objetivando sempre o envolvimento de todos os diversos atores de determinada situação a ser trabalhada. Ela colabora para que todos sejam agentes de transformação da situação apresentada ou que poderá vir a ser. O texto: A educação ambiental no parque: uma experiência de pesquisa e formação de educadores ambientais de Gedalva Teresinha Ribeiro Filipini et al (Anped Sul 2008), evidencia a perspectiva da corrente práxica. A inserção da dimensão ambiental na escola e, por conseguinte, a inerente e necessária formação de professores, é o núcleo central da problemática desta pesquisa, das indagações que pleiteamos para este trabalho e das opções metodológicas realizadas. A realidade nos indaga, na mesma medida que indagamos a realidade.(p. 2) Nesta abordagem, Boaventura de Souza Santos (2003) sugere que todo o conhecimento é sempre autoconhecimento. Afirma que nossos questionamentos não são neutros, assim como, “cada método é uma linguagem, e a realidade responde na língua em que perguntada”. (SANTOS, 2003, p.77-78). Já Ecoeducação preocupa-se com a perspectiva educacional da EA, no que diz respeito a aproveitar a relação com o meio ambiente aliada ao desenvolvimento pessoal, para que a partir disso possamos atuar de forma significativa e responsável no contexto educacional e que tenhamos também capacidade de construir uma melhor relação com o mundo. (SAUVÉ, 2005, p. 41-42) 58 Seguindo esta perspectiva, destacamos o comentário feito por José Geraldo Pedrosa em seu texto: A Natureza e o Homem no Livro Didático de Ciências: Educação ou Pseudo-Educação (Anped Nacional 2006), em que destaca o “diálogo com a idéia de natureza presente no livro didático de ciências pode ter seu início pela cultura da compartimentalização” (p. 3). E, Marcos Reigota (2002, p. 39) faz ressalvas quanto ao livro didático, falando de sua estrutura, conforme segue: a estrutura ainda disciplinar do livro didático dos anos iniciais, em que o mesmo traz noções sobre fragmentos de natureza: o solo, o ar, a água, os seres vivos, caracterizando-os como uma abordagem conservacionista que geralmente se confunde com a atitude conformista, insistindo sempre na necessidade de preservar a natureza, despolitizando a questão e se revelando incapaz de entender a relação natureza-sociedade. Quanto às demais correntes, destacamos alguns excertos dos textos apresentados no quadro 13. QUADRO 13: Excertos de alguns textos apresentados nos eventos da Anped Sul e Anped Nacional dos anos de 2004, 2006 e 2008 Corrente/ Seminário Científica/ Anped Nacional 2004 Autor e Título do texto Excerto SOARES, Maria L. de Amorim Educação Ambiental Escolar: A problemática das mudanças climáticas nas aulas de geografia Este texto partiu de duas premissas, a primeira vê a necessidade de aprofundamento da discussão sobre o aumento da temperatura do planeta com base no princípio da responsabilidade comum, com base na ética do dever, necessária reflexão sobre qual modelo adotar diante das alterações no clima; e a segunda, diz respeito aos problemas decorrentes da ação social e às formas pelas quais se produz o espaço geográfico com especificidade para os ecossistemas, atmosfera e hidrosfera, bem como a existência de calor excessivo em alguns lugares, a escassez de água potável e enchentes ao mesmo tempo. (p.2) As autoras abordam o rápido e contínuo desenvolvimento das cidades, onde começou a surgir alguns problemas relacionados à questão ambiental, principalmente em relação à qualidade, quantidade e destino do lixo produzido. Salientam de que este lixo pode propiciar o desenvolvimento de fatores ecológicos que passam a constituir parte integrante da estrutura epidemiológica de algumas doenças. Por isso o lixo precisa ser coletado e depositado em locais adequados bem como o processo de coleta que deve ser conduzido por profissionais capacitados. (p 1) Os pressupostos conceituais do texto trazem o fato de que educar é propiciar condições de possibilitar a construção de singularidades, é fazer emergir cidadãos conscientes de seu lugar no mundo(p.5). Pois, segundo Paulo Freire, 1996, p.52, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Onde através da EA os indivíduos tenham novas formas de conduta. Este texto aborda questões relacionadas a segurança alimentar como um tema que vem preocupando os educadores, não somente com foco voltado a fome zero, mas, também com o tipo de alimento que o ser humanos tem em sua alimentação cotidiana. Este “parte do pressuposto de que a questão alimentar é um processo pedagógico de construção do conhecimento, de hábitos e de atitudes realizado durante o período escolar”(p.1). A autora comenta do que implica este tema, que vai desde a aquisição da merenda escolar até os problemas políticos-econômicos mundiais. Este artigo aborda a importância da EA como ferramenta para o desenvolvimento sustentável, em especial na área turística, bem Conservacionista /Recursista / Anped Nacional 2004 NUNES, Ana Luiza Borges de Paula. CUNHA, Ana Maria de Oliveira O papel das representações sociais nas atitudes preventivas de coletores de lixo, em relação as enteroparasitoses Humanista/ Anped Sul 2004 ARAÚJO, Marcia Santiago de. LAURINO, Débora Pereira. Construindo conceitos no ensino médio para atuar no ambiente Sistêmica/ Anped Sul 2006 FOSCHIERA, Elisabeth Maria. Segurança alimentar: Um desafio aos educadores ambientais Sustentável/ Anped Sul 2006 PECIAR, Paola As contribuições da educação 59 ambiental na sustentabilidade busca pela Resolutiva/ Anped Sul 2008 BALDIN, Nelma. GRAMKOW, Nilsa. “Histórias de vida”: Novas ações para a educação e para a história ambiental. Etnográfica/ Anped Sul 2008 BRUM, Ana Lúcia G Telles. Lixo no chão onde está a solução? Holística/ Anped Nacional 2006 VALENTIN, Leiri. SANTANA, Luiz Carlos. Projetos de educação ambiental no contexto escolar: mapeando possibilidades Moral/Ética / Anped Nacional 2006 LACERDA, Ana Braga. Educação ambiental pelos caminhos da ética complexa e da transdisciplinaridade Biorregionalista/ Anped Nacional 2008 BATISTA, Maria do Socorro da Silva. FRANÇA, Magna. A gestão descentralizada da educação ambiental no município de Mossoró/RN: participação e autonomia Naturalista / Anped Sul 2008 MENGHINI, Fernanda Barbosa. GUERRA, Antonio Fernando Silveira. Trilhas interpretativas:caminhos para a educação ambiental como suas implicações na formação superior destes profissionais que estarão atuando neste ramo de atividade(p 1-3), contribuindo na formação de sujeitos conscientes das suas responsabilidades para com os recursos naturais, bem como à compreensão do tema de EA e do turismo sustentável.(p.4-5) Este artigo traz os resultados obtidos através de um estudo de um projeto de pesquisa em EA e gestão comunitária de um plano Diretor de Recursos Hídricos – Rio do Braço – SC. Neste trabalho desenvolveram-se ações técnicas, teóricas, metodológicas voltadas à coleta de informações sobre a história de vida da população que vivia lá e também, bem como os problemas ambientais que possuíam. A partir desses dados se sugeriu alternativas e encaminhamentos para a solução dos problemas levantados.(p.1-3) Este texto deu ênfase a cultura das pessoas envolvidas quanto a produção de lixo numa dada comunidade de Porto Alegre-RS. Dados foram levantados juntamente com um grupo de alunos de uma determinada escola com o objetivo de fazer uma reflexão sobre os problemas causados pelo lixo na comunidade, bem como de provocar uma mudança de conduta nos alunos a partir do conhecimento que será adquirido através do envolvimento destes com o referido projeto. (p.1-5) “Pela natureza interdisciplinar, desenvolver projetos de EA, parece se constituir numa proposta pedagógica muito interessante. A EA é globalizadora e articuladora, trazendo para a escola um universo de significações, que envolvam questões presentes no cotidiano, na vida, nas relações entre a sociedade e a natureza.” Este artigo salienta a importância de uma formação continuada e abrangente, focando sempre numa visão global, que não envolva somente os presentes nos bancos escolares e que se mostre as diversas faces da EA.”(p. 1-16) A vida nas sociedades contemporâneas são permeadas por interesses, o que a torna cada vez mais complexa. Há constante conflitos de interesses que se divergem entre crenças e valores.(p.1) Este artigo aborda questões quanto a mudança significativa sobre a atitude das pessoas, despertando a crença em um progresso ilimitado a ser alcançado com o crescimento econômico e tecnológico.(p.4) Salienta também a importância que a EA possui quanto ao processo educativo de formação e transformação pessoal, social e antropológico.(p.5) Este estudo tratou da análise das políticas públicas de educação ambiental, focando as diretrizes formuladas a partir da déc de 70, buscando identificar como a gestão da EA do municio de Mossoró/RN se articula com as diretrizes da Política Nacional de EA(PNEA), bem como os limites e as possibilidades para a implementação de tais diretrizes nesse campo.(p.1) As autoras adotaram o pressuposto de que o fato da educação não possuir uma dimensão estanque, dissociada da vida social, a mesma não pode ser compreendida fora do contexto em que surge e no qual se desenvolve.(p.2) Neste texto como o que aborda a corrente naturalista, é defendido a educação ao ar livre, enfatizando que o aprendizado se torna mais eficaz quando realizado desta forma. Considera que os ambientes maturais propiciam um melhor aprendizado na construção de valores e para o desenvolvimento de atitudes e ações efetivas.(p.2) As trilhas foram utilizadas como instrumento para reflexão sobre os problemas socioambientais existentes nos locais visitados, servindo como estratégia de ensino e de sensibilização para as práticas em EA nas escolas e em espaços naturais. Essas trilhas foram consideradas interpretativas quando os recursos existentes durante o percursos foram traduzidos aos visitantes, com o objetivo de leválos a questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados relacionados ao tema a ser estudo.(p.2-6) Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Das 15 correntes de EA, observou-se que a corrente feminista não foi identificada nos trabalhos selecionados. Mediante as abordagens trazidas pelas correntes em EA (Sauvé, Lucie) e para que seja alcançada algumas das premissas 60 das diversas correntes, é imprescindível que haja uma tomada de decisão consciente quanto as escolhas a serem realizadas, quanto ao tipo de interação e integração com o ambiente desejado. Pois, as mesmas podem contribuir significativamente ao contexto educacional, servindo como uma proposta teórica para a fomentação de discussões críticas, uma vez que, a EA está em construção, principalmente no que diz respeito ao seu campo teórico, e que cada pessoa e/ou grupo possui formas diversificadas de tratar suas práticas cotidianas. A sistematização dos artigos quanto aos focos temáticos (MEGID NETO, 1998) é imprescindível, pois possibilita compreender como a pesquisa na área tornase um referencial que se refletirá nas escolhas da conduta na educação formal. O grande número de trabalhos de EA não formal permitiu o reconhecimento de um novo foco temático (Tabela 06). TABELA 6 – Focos temáticos apresentados nos artigos selecionados, de 2004, 2006 e 2008 Foco TemaTico /Evento 27 ANPED NACIONAL V ANPED SUL 29 ANPED NACIONAL VI ANPED SUL 31 ANPED NACIONAL VII ANPED SUL TOTAL Formação de Professores Currículos e Programas Nº Ensinoaprendizagem Outros ( EA não formal) Nº Proposta e/ou material didático Nº Total Nº Nº Nº 1 3 3 6 - 13 11 4 4 6 3 28 3 4 2 2 2 13 7 2 3 6 1 19 7 1 1 2 1 12 9 38 4 18 4 17 4 26 2 9 23 108 Fonte: Silva, Tatiana R. da e Pansera-de-Araújo, Maria Cristina pesquisa de mestrado “Pesquisas em Educação Ambiental na Anped Sul e Anped Nacional” dos anos de 2004, 2006 e 2008. Se a Anped Sul apresenta mais trabalhos sobre EA que a Nacional, não é apenas quanto aos focos temáticos que se sobressai. A Formação de professores está presente em 38 artigos (35,18%), mostrando uma preocupação expressiva com a preparação deste profissional da educação, desde sua formação inicial até a continuada, que atuará em sala de aula, trabalhando aspectos ligados a educação ambiental. Este foco temático pôde ser observado no texto apresentado, na Anped Sul(2008), por Angélica Góis Muller Morales, intitulado “Processo de Institucionalização da Educação Ambiental: 61 Tendências, Correntes e Concepções”, que destaca o processo formativo estabelecido pela educação ambiental, tanto na constituição de grupos de discussões, quanto nos questionamentos em torno de concepções mais solidárias ao diálogo de saberes, que reflitam a relação sociedade e natureza, e que busquem contribuir para a formação de sujeitos capazes de pensar e agir criticamente na sociedade. (p.14) O Ensino e aprendizagem é o foco de 26 (24,07%) artigos sobre EA, de maneira que as abordagens realizadas enfatizam que há uma preocupação com esta questão tanto em sala de aula quanto fora dela. O ensino e a aprendizagem só acontecem quando os alunos conseguem elaborar uma ligação com o objeto da aprendizagem, que os auxilia a tomar atitudes conscientes das necessidades socialmente existentes na sua formação (Gomes, et al, 2006). E, precisam ser compreendidos na sua amplitude para estabelecer estratégias que realmente avancem no conhecimento produzido sobre o tema. Salientamos, ainda que a educação ambiental, formal e não-formal, no seu aspecto de educação política, jamais pode perder de vista seus inúmeros e complexos desafios com relação a uma concepção de natureza e homem, que considera os aspectos sociais, históricos e políticos. Como a educação é formação humana, um processo de apropriação do saber, a EA precisa transcender o modo conservador de observar a problemática ambiental, e modificar o ensino, de modo que imprima novas compreensões e desempenho, em um mundo em constante transformação, estimulando a criatividade. Estas observações foram colocadas por Maria Lucia de Amorim Soares, na Anped Nacional (2008) em seu texto: Da Evolução da Concepção de Natureza e de Homem na Ambiência de uma Educação Ambiental Crítica (p. 3-12). O foco temático, Propostas Didáticas e/ou Material Didático (18 trabalhos 16,66%), com a finalidade de melhorar o ensino e a aprendizagem, salienta a importância da escolha e organização de conteúdos, conceitos, materiais didáticos, bem como experiências didáticas, que estão articuladas com a realidade vivida pelos alunos, ou seja, de acordo com o contexto em que estão inseridos. Guerra (1998) já chamava a atenção para a perspectiva que de nada adianta abordarmos questões ambientais em sala de aula, se não forem contextualizadas, pois toda a comunidade escolar precisa ter consciência do quanto é importante a ação de cada um, para contribuir com o todo. 62 Quanto a organização e escolha dos conteúdos a serem trabalhados com os alunos, Valdo Barcelos (Anped Sul/2006) teceu comentários quanto a reinvenção dos textos apresentados. Partindo desta idéia, acredita-se na construção e reconstrução de representações, através do diálogo e da reflexão, com vistas a busca de alternativas para a EA na escola, construindo novas formas de pensar, agir e de viver no planeta, pois o sistema educacional está cada vez mais sendo questionado quanto aos meios que utilizará para que o ensino e a aprendizagem aconteçam. (p.4-6 / A “Escritura” Do Mundo em Octávio Paz: uma Alternativa Pedagógica em Educação Ambiental). O foco currículo e programas (17 trabalhos/15,74 %) evidencia a tematização do currículo em que a EA deve ser abordada, segundo os PCN, como um tema transversal e por alguns autores como uma disciplina ou como conjunto de conteúdos. Elisabeth Maria Foschiera, em seu artigo apresentado na Anped Sul 2008: Pressupostos Metodológicos para Educação Ambiental e Educação de Jovens e Adultos (EJA): Aproximações, Contribuições e Dificuldades na Implementação, ressalta que tanto o EJA como a EA nos remetem a flexibilização na organização curricular, uma vez que procuram contemplar atividades interdisciplinares e a leitura da realidade local e regional (p.6). Expõe ainda que, por este viés, o currículo precisa ser construído com base em temáticas vindas do cotidiano dos alunos, permitindo discussão e ampliação dos saberes já construídos, bem como da organização e da sistematização dos conhecimentos elaborados. O foco temático Outros ou EA não formal (09), por sua vez, abrangeu aspectos diferentes daqueles já sistematizados, como por exemplo, EA realizada em espaços não formais, como: fábricas, associações de bairro, igrejas, entre outros, e, com apenas um ou dois artigos apresentados por subitem. Além disso, vários estudos vêm sendo realizados na perspectiva de avaliar os eventos, entre os quais os de: Carvalho e Letícia Schmidt (2008), que mostram a variação dos temas de pesquisa em EA na ANPED, ANPPAS e EPEA de 2001 a 2006. Os artigos focaram, na sua maioria, os espaços formais de ensino e a formação de professores foi uma constante, como o obtido nesta pesquisa. Ainda nesta perspectiva de avaliar as pesquisas em eventos, Avanzi, Carvalho e Ferraro Jr (2009) contribuem com a questão considerando as pesquisas apresentadas no GT Ambiente, Sociedade e Educação, da ANPPAS. Os resultados mostraram que os autores referenciados com mais freqüência foram: Isabel C.M. Carvalho, Mauro 63 Guimarães, Carlos F.B. Loureiro e Philippe P. Layrargues, que também foram identificados nos estudos realizados nesta dissertação. Já, Carvalho (2009) pondera algumas considerações sobre questões relacionadas a configuração do campo de pesquisa em EA, sobretudo sobre a condição de pesquisador/a ao produzir a pesquisa. É interessante para a autora, analisar o contexto das produções sobre a pesquisa em EA. Ela faz observações quanto ao forte interesse dos trabalhos em EA na educação formal, e questiona se realmente estes estão agregando valor as pesquisa desenvolvidas nesta área. Megid Neto (2009), por sua vez, traz uma discussão da produção acadêmica no âmbito da pós-graduação para a consolidação e desenvolvimento do campo do conhecimento em EA. Constatou-se que além desta pesquisa existe um conjunto de trabalhos anteriores que tratam sobre o estado da arte, que em sua maioria possuem um caráter de revisão bibliográfica, mas que busca alternativas, novos caminhos para a EA. O autor salienta de que as instituições de maior produção no campo da EA são a FURG, a USP, a UFMT, a UFSC, a UFRGS e a UFRJ. Reforça também a importância de estudos tipo estado da arte de modo a facilitar a propagação dessa produção e para que haja contribuições para os processos educativos formal e não-formal, objetivando o planejamento e a implementação de ações estratégicas neste campo. Através dos dados levantados por esta dissertação constatamos que a FURG também está em primeiro lugar nas produções. Kawasaki et al (2009) abordam a pesquisa em EA nos EPEAs de 2001-2007, quanto a natureza dos trabalhos, contextos educacionais e focos temáticos, que precisam de uma sistematização que identifique e configure aspectos desse novo campo do conhecimento. Salientam ainda, que há um grande número de trabalhos relacionados a contextos educacionais não específicos, nos quais há a predominância dos focos temáticos: os processos formativos e as concepções dos professores. Podemos perceber através dos textos mencionados que a educação ambiental não é desenvolvida somente na escola ou em instituições de ensino, mas que cada integrante da sociedade possui um papel importante e único, ao colaborar para a sensibilização ambiental. Estas informações nos fazem refletir sobre a importância de políticas de incentivo ao equilíbrio regional e de interiorização do desenvolvimento da pesquisa em EA nas demais regiões do país. 64 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando os resultados obtidos na pesquisa realizada, podemos afirmar que há uma construção progressiva na área de EA no que se refere à produção de conhecimento científico no campo da educação. Constata-se a construção de um ambiente efetivo de debate sobre possíveis alternativas utilizadas tanto no cotidiano escolar quanto fora deste contexto. Os eventos relacionados à educação são necessários para que se faça uma reflexão das questões que envolvem o meio ambiente, pois entendendo o mesmo, poderemos trabalhá-lo tanto em sala de aula quanto fora dela, focando principalmente no desenvolvimento de ações realmente direcionadas nesta área, que possam envolver discussões em EA aliadas as práticas cotidianas, considerando todas as variáveis que permeiam a vida. É possível compreender, portanto, que se torna imprescindível considerar os saberes populares e seus contextos de vida, pois suas vivências contribuem para a transformação da prática social, sua valorização é indispensável quando pensamos em educação, num mundo repleto de especificidades. Reinteramos, ainda, que a educação ambiental somente poderá ser desenvolvida de forma interdisciplinar e continuada, se envolver todos os elementos que fazem parte do contexto escolar, ou seja, professor, aluno e comunidade. Todos na busca do mesmo objetivo, com o mesmo intuito, sensibilizar os cidadãos individual e coletivamente, quanto à transformação na percepção e na análise das problemáticas ambientais. Ocorreu um aumento no número de trabalhos apresentados, com melhora na preocupação dos profissionais na área da educação de como trabalhar a EA, in loco, ou seja, na escola. Portanto, torna-se imprescindível, a abordagem de um tema atual como este numa perspectiva realmente consciente, trabalhando competências que permitam tanto ao aluno, quanto ao futuro cidadão pensar e agir no mundo, com capacidade argumentativa, criando situações que possibilitem perceber que o conhecimento é imprescindível para lidar e saber se posicionar frente às situações 65 apresentadas em nosso cotidiano, em especial no que se refere as situações ambientais. Creio que por meio desta socialização de temas, realizada nos seminários supracitados, há uma contribuição significativa para o desenvolvimento das capacidades argumentativas, em que o diálogo, o confronto de idéias e as reflexões suscitadas permitam uma nova compreensão da realidade e da capacidade de expressão e de interferência no ambiente em análise. Os artigos apresentados no eixo ou grupo de estudo Educação Ambiental, em grande parte, contribuem com o reconhecimento do compromisso do professor, visto que este estará contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes, levando informações coerentes sobre os avanços científicos atuais na área de EA, tornando-se capaz de agir e posicionar-se frente a realidade apresentada. A formação continuada de professores, aliada a um processo de formação inicial sólida, reflexiva e coerente com os anseios do ensino atual, encontra nos princípios da EA uma organização e tematização necessárias a concretização de uma consciência ambiental significativa. Temos ciência de que o mais complicado é colocar realmente em prática o que se sabe, transformando a teoria numa práxis, tendo ciência sempre de que não existem soluções mágicas e nem receitas prontas, e que tanto o saber do docente como do discente, bem como da comunidade envolvida, tem seu reconhecimento e podem contribuir na busca de um equilíbrio das ações ambientais. Este estudo reforça a idéia de que a discussão estabelecida e refletida nos artigos pode ser fomentada nos cursos de formação (inicial e continuada) de professores, em que a experiência profissional e pessoal constitui uma oportunidade de articulação de interesses, necessidades e expectativas dos diversos agentes envolvidos no processo e no desenvolvimento de novas atitudes frente ao ambiente. Acreditamos que ao envolver professores numa experiência de formação, estamos contribuindo para a construção de saberes e práticas educativas capazes de aprofundar as relações homem e natureza, ampliando desta forma, o potencial educativo, pois, este profissional, formador de opinião, respeitado e ouvido nos diferentes espaços de atuação, possui grandes desafios. O objetivo macro desta pesquisa, foi, sobretudo, contribuir na identificação do corpus teórico em Educação Ambiental produzido nos artigos apresentados nestes eventos de pesquisa em Educação no país, o Seminário da Anped Nacional e da 66 Anped Sul dos anos de 2004, 2006 e 2008, para que os dados levantados sirvam de subsídio para que outros pesquisadores possam retomá-los e lançar outras hipóteses além das aqui elencadas. Temos ciência de que estes dados levantados não traduzem todo o cenário brasileiro, que com certeza é muito maior, mas através deles podemos acompanhar algumas mudanças do campo ambiental e educativo, e nos manter atualizados quanto ao processo de aperfeiçoamento da própria prática da EA ao longo do tempo. 67 REFERÊNCIAS ANPED SUL 2004 – V Seminário de Pesquisa em educação da Região Sul – PUC – CURITIBA – PR. Disponível em: CD-ROM ANPED SUL 2006 – VI Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul – Pós-Graduação em Educação: novas questões? UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – RS. Disponível em: CD-ROM ANPED SUL 2008 – VII Seminário de Pesquisa em Educação da região Sul – Pesquisa em Educação e Inserção Social. UNIVALI – SC. Disponível em: CDROM. BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e Meio Ambiente – Estratégias e Mudanças da Agenda 21. São Paulo: Vozes, 2001. ____________________. Desenvolvimento e Meio Ambiente – Estratégias e Mudanças da Agenda 21. São Paulo: Vozes, 1997. 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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: I - ao Poder Público, nos termos os arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais. Art.4º São princípios básicos da educação ambiental: 74 I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. Art.5º São objetivos fundamentais da educação ambiental: I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. CAPÍTULO II DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Seção I Disposições Gerais Art.6º É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental. Art. 7º A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental. Art. 8º As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas: I- capacitação de recursos humanos; II- desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações; III- produção e divulgação de material educativo; 75 IV- acompanhamento e avaliação. § 1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei. § 2º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para: I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino; II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas; III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental; IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente; V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental. § 3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para: I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino; II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental; IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental; V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V. Seção II Da Educação Ambiental no Ensino Formal Art.9º Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I - educação básica: a) educação infantil; b) ensino fundamental e c) ensino médio; II - educação superior; III - educação especial; IV - educação profissional; V - educação de jovens e adultos. Art. 10º A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. § 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. § 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica 76 § 3.º Nos cursos de formação e especialização técnico profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Art. 11º A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas. Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. Art. 12º A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei. Seção III Da Educação Ambiental Não-Formal Art. 13º Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não formal; III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não governamentais; IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; VI- a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo. CAPÍTULO III DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Art. 14º A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei. Art.15º São atribuições do órgão gestor: I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional; II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional; III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de educação ambiental. Art. 16º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. 77 Art. 17º A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios: I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental; II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação; III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto. Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País. Art.18º-(VETADO) Art. 19º Os programas de assistência técnica e financeira relativos ao meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental. CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 20º O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação. Art. 21º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 27 de abril de 1999; 178.o da Independência e 111.o da República. 78 ANEXO II 27ª - 2004 ANPED NACIONAL 29ª - 2006 31ª - 2008 Na 27ª ANPED NACIONAL - 2004 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED NACIONAL 2004 – AN *AN1 TÍTULO CONTRIBUICAO DA ANTROPOLOGIA DA CIENCIA A EDUCACAO EM CIENCIA, AMBIENTE E SAUDE AUTOR BRANQUINHO, Fátima – UERJ Os jornais impresso ou falado, diariamente, veiculam temas e problemas relacionados ao desenvolvimento cientifico e técnico que desafiam a compreensão de todos. Somos instigados a tomar posição, emitir opinião ou mesmo agir, organizando ou participando de movimentos sociais em curso. Falo, por exemplo, do recente episodio que relacionou de uma só vez, urânio enriquecido, propriedade intelectual, segredo industrial, economia, meio ambiente, cientistas e técnicos, governos de Estado, ONG e soberania. Nada muda muito se substituímos a energia nuclear por petróleo - quando nos deparamos com o debate estadual sobre se haverá ou não a construção de um oleoduto por terra, ligando a bacia de Campos (RJ) à S. Sebastião (SP) ou pela soja transgênica... O que me parece evidente é que ciência, geopolítica, política ambiental e de saúde, economia, interesses e valores estão irremediavelmente ligados entre si ha muitos anos, alias ha séculos, tendo a(s) historia(s) da(s) ciência(s) como testemunha. Contudo, essa constatação não implicou mudanças significativas em nosso modo de conceber a ciência ou os processos de construção do conhecimento cientifico: continuamos a acreditar que a ciência é capaz de estudar as “coisas em si”, a natureza e que, assim a separamos da sociedade, isto é dos “homens entre eles”. Ha, por certo, densa bibliografia sobre os “estudos de laboratório” sendo produzida ha 30 anos, que busca mostrar que essa separação é idealizada e que, na verdade, não ocorre do modo como pensamos. Segundo esses estudos, no esforço de “purificar” os objetos, os cientistas terminam criando “híbridos de natureza e cultura”. Elegendo, assim, uma postura designada como “simétrica” – que permite examinar a nossa sociedade cientifica e técnica como as demais vêm sendo examinadas - os antropólogos da ciência concluem que o produto do fazer cientifico tem a mesma dimensão ontológica que os objetos construídos pelos grupos culturais que não têm a ciência como instrumento de leitura do mundo. Mas, a aceitação dessa idéia implica reconhecer, como Latour (1991), que jamais fomos modernos e isso parece assustador ou paradoxal. Afinal, como é possível refutar a idéia sobre as vantagens e problemas que o desenvolvimento cientifico e técnico vem produzindo em nossa sociedade traduzindo-a pela idéia de modernidade? Mas será preciso refutá-la? Apesar de poder dizer que essa tradução é quase linear, o convite que a antropologia da ciência nos faz é outro. Trata-se de refletir, de um lado, sobre a indissociabilidade entre o fazer cientifico e os interesses e valores que explicam o trabalho da “tribo” de cientistas e, de outro, entre o que é considerado “biológico” e o que é tido como “social”. Trata-se, também, de reconhecer que a sociedade cobra dos cientistas uma postura ética frente aos objetos que constroem, apesar de lhes conceder o estatuto de conhecer a “verdade” sobre a natureza. De fato, não sabemos o que fazer dos clones, dos transgênicos ou do urânio enriquecido, por exemplo. Os efeitos sobre o ambiente, a saúde e sobre os rumos que a sociedade poderá tomar a partir de suas existências são pouco conhecidos pelos próprios cientistas e pouco discutidos e compreendidos pela maior parte das pessoas em nossa sociedade. Provavelmente, o primeiro passo para compreender as implicações da ciência sobre nossa sociedade deva ser reconhecer que os “objetos” que ela produz são, assim e em parte, “sujeitos”, já que imprimem ao coletivo mudanças em seu cotidiano, em seu comportamento e em suas demandas. Afinal, se o átomo pode melhorar a qualidade da produção de energia assim como produzir a guerra, por que não considerar a hipótese segundo a qual esses objetos não–humanos interagem conosco, ocupando lugar numa rede denominada “sociotécnica”? Para os antropólogos das ciências e das técnicas, o que esta em jogo é a possibilidade de pensar em conjunto os conhecimentos exatos e o exercício do poder apoiando-se na noção de rede, a qual consideram mais flexível que a noção de sistema, mais histórica que a de estrutura, mais empírica que a de complexidade (Latour, 1991). Contudo, o espaço para que a discussão sobre as “redes sociotécnicas” – constituídas de “híbridos de natureza e cultura, quase-sujeitos,quase-objetos” - ocorra, encontra-se ainda indefinido. Ora, se por um lado não tenho duvida que a educação tem alguma contribuição a dar na constituição/definição desse espaço, por outro lado, qual é a contribuição que a antropologia da ciência poderá dar à educação em geral e à educação em ciência, ambiente e saúde, em particular para que possamos conviver em paz com esses “objetos” produzidos pela ciência? Vale esclarecer que conviver em paz com esses objetos é, sobretudo aceitar que eles não podem significar o mesmo horizonte de progresso às diferentes culturas. Portanto, é às sociedades modernas que cabe a postura de se reapresentar de outro modo: se já não podemos abrir mão do que somos ou fizemos, podemos ao menos nos educar para reabrir a negociação planetária e aceitar que o mundo é mais que plural. Ele é comum. Esse é o tema tratado nesse trabalho. Ele esta constituído, assim, em duas partes. A primeira busca explicar como a antropologia da ciência concebe a ciência e compreende suas implicações na vida cotidiana, a partir de uma descrição singela de sua constituição como campo do conhecimento. Na segunda,concluo, procurando justificar a razão pela qual esse modo de pensar a ciência nos ajuda a construir uma proposta de educação em ciência que contribui para uma visão mais democrática, mais diplomática em relação ao ambiente, a nossa saúde e às demais culturas. Afinal, não me parece evidente que possuir o conhecimento cientifico sobre a natureza e a saúde autoriza alguns a serem os donos da Terra e a outros serem inquilinos: somos todos parte dela. 79 *AN2 TÍTULO O AMBIENTE CONCEBIDO EM DIFERENTES MOMENTOS DA VIDA ESCOLAR. AUTOR CHAVES, Silvia Nogueira - UFPA Que concepções de ambiente são reveladas por estudantes em diferentes momentos de escolarização? Partindo desse questionamento e, tendo como pressuposto que experiências diferenciadas vividas pelos sujeitos no transcurso de seus cotidianos e de seus processos de escolarização e as conseqüentes subjetivações dessas vivências, constituem a estruturação de suas concepções desenvolvemos uma investigação envolvendo 181 estudantes de três diferentes níveis de educação escolarizada (ensino fundamental, médio e superior). A fim de identificar possíveis diferenciações relativas a concepções de ambiente e dela podermos extrair contributos para propostas de Educação Ambiental particularizadas por níveis de ensino. Considerando a prevalência do processo de ensino-aprendizagem em nossa existência - pois somos as únicas formas de vida conhecidas que se submetem a processos perenes e sistematizados de aprendizado ao longo de todo o existir - aliada a continua criação/recriação de dependências ambientais (GUATTARI, 2001) julgamos relevante nos determos nessa problemática especifica. Nossa espécie é peculiar. Impregnados de nossa condição biológica – ainda que pese nossa crescente veneração das maravilhas oriundas do binômio ciência/tecnologia, depositários de uma fé que lhes imputa poderes, quase míticos, de resolução das problemáticas atuais na qual a crise ambiental ocupa destacada posição (CÂMARA, 2003) - voltamo-nos, cada vez mais, ao entendimento de que nosso belo, e similarmente frágil, planeta precisa de múltiplos, e dialéticos, mecanismos de compreensão, em todos os níveis e sentidos (MORIN, 2000), para se resguardar a harmonia global cada vez mais depauperada diante das pressões e ações do Homo sapiens relativas aos demais integrantes ambientais, Ações estas em que, sejam de caráter conservacionistas ou de degradação, a subjetividade sempre se faz notar. Conscientes de que nossa interatividade ambiental é particularizada, pois converte-nos, e ao nosso entorno, em conhecimentos e objetos isentos de neutralidade e 2 transbordantes de quereres e afetos, entendemos que investigar saberes presentes entre discentes, diferenciados por níveis de escolaridade, mas unificados em seu status de aprendizes, propiciará caracterizar suas concepções de ambiente simultaneamente a perspectivas de constatar distinções de complexidade decorrente de diferenças como faixa etária, autonomia social de ir e vir, metas e objetivos que remetem as vontades presentes nas peculiaridades do seu dia-adia em que a esfera escolar ocupa significativa parcela do tempo. Sendo, por conseguinte, fonte de inquietações e reflexões, induzindo, portanto a (re)criações de conhecimentos pois no contexto de ensino e aprendizagem vivido neste espaço específico, nossa percepção é continuamente estimulada, lapidada, num processo que conduz à agudização do nosso olhar. Este nunca é neutro de intenções e desejos, mas sim interativo com o que atinge e, sempre, se apropria daquilo que alcança, impregnando-o com nossa subjetividade, convertendo o que enxergamos em algo próprio, peculiar, meio que propriedade de quem o viu (Chauí, 1999). *AN3 TÍTULO AUTOR TRABALHO, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: IMPLICAÇÕES PARA UMA PROPOSTA CRÍTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DELUIZ, Neise – UNESA ; NOVICKI, Victor - UNESA As questões ambientais e do trabalho vêm assumindo novas configurações com o aprofundamento do processo de globalização (DOWBOR et al., 1997), com a reestruturação produtiva (HARVEY, 1996) e a adoção das políticas econômicas de corte neoliberal (FIORI, 1997). Constata-se um duplo movimento: a dissolução das fronteiras políticas e econômicas ao desenvolvimento do capitalismo globalizado e desregulamentado (HIRST; THOMPSON, 1998) e a emergência de “novas” fronteiras ambientais que não podem ser desconsideradas em longo prazo por este modo de produção (ALTVATER, 1999). Esta situação lança desafios à questão democrática, particularmente no caso brasileiro, país profundamente marcado por uma cultura política autoritária e excludente, que impediu a sedimentação de uma experiência democrática e o exercício da cidadania de forma plena . Como ocorrerá a participação da sociedade, a representação de interesses e, particularmente, a governabilidade do espaço ambiental, dadas as limitações impostas por processos econômicos sem fronteiras (ALTVATER, 1999)? Como enfrentar a exclusão de amplos segmentos da população ocasionada por novas formas de organização da produção e do trabalho que os impedem de exercer plenamente seus direitos como trabalhadores e cidadãos? Que propostas de educação podem ser encaminhadas como contribuição para a formulação de um projeto de desenvolvimento ancorado na “sustentabilidade democrática”, no contexto atual do capitalismo internacionalizado? A partir desta abordagem, o presente ensaio tem como objetivo analisar as relações entre as temáticas ambiental e do trabalho na perspectiva da construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, com o propósito de indicar princípios norteadores para uma proposta crítica de Educação Ambiental. *AN4 TÍTULO PESQUISA ENGAJADA E INTERVENÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DIALÓGICA AUTOR FIGUEIREDO, João Batista de Albuquerque. – UECE O objetivo principal deste trabalho é re-refletir sobre a práxis da pesquisa intervenção no contexto da Educação Ambiental Dialógica. Partindo do pressuposto de que a educação não pode prescindir da pesquisa. Em outras palavras, a práxis educativa tem nos mostrado que somente podemos compartilhar saberes através de pontes edificadas por relações significativas. Essas implicam necessariamente em interações afetivas molhadas de confiança, fé, humildade e amor. Neste ambiente de relação é realmente possível o aprendizado, ou seja, a produção de saberes parceiros. Vivemos um momento no qual se deve considerar a urgência de novos paradigmas em educação. E isto implica em um retorno sobre as teorias pedagógicas e as metodologias de pesquisa em educação e, em particular, em educação ambiental. Temos caminhos pedagógicos que, de algum modo, se vinculam as grande linhas de pensamento: Pedagogia Tradicional vinculada ao Positivismo Sociológico de Durkheim (destacando o Funcionalismo); Pedagogia da Escola Nova ou Tecnicista que se associa as Teorias Compreensivas remanescentes de Max Weber (Etnometodologia; Interacionismo Simbólico; Fenomenologia); as Teorias Dialéticas de fundo Marxista e Hegeliano na direção de uma Pedagogia Crítica, que propomos Eco-Relacional, implicando numa educação dialógica, libertária, social, cultural, histórica. Lembrando que pedagogia significa originalmente “condução ao saber”. Educação, por sua vez, significa a arte de ensinar. Pedagogia não é apenas teoria e educação não se restringe à prática. Como pensar correta e coerentemente sobre algo que não se faz? É possível educar sem pesquisar? Se a pesquisa é necessária, e assim acredito, qual o modo mais apropriado de pesquisar em educação? Ora, no momento atual da humanidade em crise civilizatória, associada à crise ecológica, social e do trabalho precisamos utilizar um paradigma que ofereça resposta apropriada. Isto ao nosso ver implica numa perspectiva que: considere uma leitura de mundo não antropocêntrica; valorize a diversidade, o outro; priorize a equidade e os excluídos (Oliveira, 1997). Nessa direção, caminhamos pensando na indissociabilidade conveniente entre educação, 80 pesquisa e extensão. E assim precisamos escolher adequadamente nossos procedimentos. A pesquisa engajada eclode como a opção necessária. A educação ambiental dialógica nos parece ser a mais oportuna, no contexto da educação ambiental popular. Já a extensão faz a ligação entre a ciência e o engajamento efetivo com os movimentos populares. Desse modo não seremos apenas ativistas ou, por outro lado, apenas pesquisadores dissociados do cotidiano do povo e das demandas populares. *AN5 TÍTULO EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE – UM DIÁLOGO EM AÇÃO AUTOR JACOBI, Pedro – USP; LUZZI, Daniel – USP Este texto apresenta uma reflexão em torno dos desafios colocados para desenvolver uma educação que avance no caminho de oferecer alternativas para a formação de sujeitos que construam um futuro sustentável. A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, e isto se produz na inter-relação entre saberes e praticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias face à re-apropriação da natureza, numa perspectiva que privilegia o dialogo entre saberes. A educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafiador demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se intensificam. A ambientalização do conhecimento terá mais condições de ocorrer na medida em que se promova uma reestruturação de conteúdos, em função da dinâmica da sua própria complexidade e da complexidade ambiental, em todas as suas manifestações: sociais, econômicas, políticas e culturais. *AN6 TÍTULO O PAPEL DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NAS ATITUDES PREVENTIVAS DE COLETORES DE LIXO, EM RELAÇÃO AS ENTEROPARASITOSES AUTOR NUNES, Ana Luiza Borges de Paula – FIP; CUNHA, Ana Maria de Oliveira UFU Com o rápido e contínuo desenvolvimento das cidades, surgiram alguns problemas relacionados à questão ambiental, principalmente em relação à qualidade, quantidade e destino do lixo produzido (PRADINI, 1995). Comumente o lixo é destinado a ser desprezado, pois sua permanência no ambiente humano pode redundar em efeitos indesejáveis, com repercussão na saúde e bem-estar do homem. Mesmo que não se constitua em fonte primária de contaminação, pode propiciar o desenvolvimento de fatores ecológicos que passam a constituir parte integrante da estrutura epidemiológica de algumas doenças. O lixo deve ser coletado e depositado em locais adequados e o processo de coleta é conduzido por profissionais destinados a esta função e supostamente treinados, os coletores de lixo. Esses trabalhadores se mantêm em contato direto com o material coletado (PRADINI, 1995), ficando sujeitos a diferentes tipos de riscos (VELLOSO, 1995). O contato freqüente com agentes nocivos à saúde, torna a coleta do lixo uma das atividades profissionais mais arriscadas e insalubres (YANG; CHANG; CHUANG; SHANGSHYUE; WU; SUNG, 2001). Conforme Velloso; Santos; Anjos, 1997, coletores de lixo vêem-se obrigados a ter que lidar com uma realidade universalmente abjeta. Deveriam por isso receber com redobrada atenção, informações necessárias relativas à saúde, proteção e segurança no trabalho, além de supervisão constante, sendo observados quanto à utilização adequada de equipamentos de proteção. É difícil modificar a herança genética dos indivíduos que constituem a força trabalhadora da comunidade, mas é possível intervir no ambiente onde atuam, proporcionando-lhes condições mais adequadas para a manutenção e aquisição da saúde (ROBAZZI; BECHELLI, 1985). A saúde e o meio ambiente são categorias sociais construídas no jogo das relações sociais, compreendendo a natureza e a vida (IANNI, 2000). As manifestações de saúde e de doença ocorrem em contexto sócio-ecológico, onde as interações entre pessoas e ecossistemas refletem uma complexidade emergente (WALTNER-TOEWS, 2001). O comportamento humano pode interferir de várias maneiras na transmissão das doenças. A investigação da cultura, das atitudes e do comportamento humano passou a representar uma etapa fundamental no estudo das doenças infecciosas, notadamente as parasitoses intestinais. Estratégias para minimizar doenças parasitárias devem considerar a associação entre fatores ecológicos, genéticos e características comportamentais de vetores e parasitas e ainda o comportamento humano (PATZ; GRACZYK; GELLER; VITTOR, 2000). As campanhas de controle e erradicação das enteroparasitoses requerem conscientização das populações sobre higiene, educação sanitária e tratamento em massa (LOURENÇO; UCHOA; BASTOS, 2002). As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses, apesar de todo avanço científico e tecnológico atual, constituem um importante problema de ordem social e sanitária e implicam em importante objeto de estudo (CABRAL; MUNDIM; OLIVEIRA; GOMES, 2000). Para Neghme; Silva (1971), uma alta prevalência de parasitoses intestinais reflete a deficiência de saneamento básico e da cultura higiênica e existência de fatores ecológicos naturais favoráveis. Na visão de Cunha (1993), um dos pontos chave para combater doenças infecto-contagiosas é a Educação, pois pessoas melhores informadas sobre higiene correm menos riscos de contraí-las. A educação para a saúde é, sem dúvida, o processo mais eficiente das ações profiláticas. Segundo Dias (1998), um programa de Educação Ambiental (EA) deve promover conhecimentos necessários à compreensão do ambiente, de modo a suscitar uma consciência social que gere atitudes capazes de afetar comportamentos. A Ciência Ambiental estabelece conexões entre políticas de saúde e meio ambiente através de uma formação equilibrada entre as áreas de produção de serviços, o ensino e a pesquisa, na linha de reflexão da questão ambiental (PASCALICCHIO, 1998). Considerando a realidade dos coletores de lixo, que têm na prática de coleta de lixo o exercício de sua atividade profissional, esta pesquisa objetivou detectar a prevalência de enteroparasitoses, nesses profissionais e o papel de suas representações sociais acerca da própria profissão e dos riscos ligados às enteroparasitoses, inerentes à mesma. O referencial teórico/metodológico utilizado foi o das representações sociais de Serge Moscovici, que se insere numa epistemologia que enfatiza a interação entre sujeito e objeto do conhecimento, compartilhando por esta razão, elementos com outras metodologias de pesquisa, tais como: a sociologia fenomenológica do conhecimento, a teoria crítica de Habermas, a etnometodologia, a historia das mentalidades e os métodos de análise interpretativa do discurso social. Faremos um breve relato da teoria selecionada, à luz das considerações do próprio Moscovici (1978), em seu livro A Representação Social da Psicanálise, tradução brasileira. Representação social é um construto teórico cunhado por Serge Moscovici em sua tese “La psycanalise son image et son public”, e diz respeito às teorias ou ciências coletivas destinadas a interpretação do real. Neste trabalho, Moscovici investigou as representações sociais da população parisiense, sobre a psicanálise, e em sua pesquisa e por meio dela, elaborou um método aplicável ao estudo de outras representações sociais. Dentre os antecedentes teóricos que estruturaram o modelo de representações sociais em Serge Moscovici encontra-se Durkheim, o primeiro a propor a expressão representação coletiva para designar a especificidade do pensamento social em relação ao pensamento individual. Em seu entender, a representação coletiva não se reduz à soma das representações dos indivíduos que compõem uma sociedade, sendo um dos sinais do primado do social sobre o individual, da superação deste por aquele. Nesse sentido a consciência coletiva transcende os indivíduos como uma força coercitiva que pode ser visualizada nos mitos, na religião, nas crenças e demais produtos culturais coletivos. Moscovici efetuou uma reformulação do conceito de Durkheim, em termos psicossociais. A representação social, para ele refere- 81 se ao posicionamento e localização da consciência subjetiva nos espaços sociais, com o sentido de constituir percepções por parte dos indivíduos, estando inserida em um universo de fenômenos sociais, como a linguagem e a transmissão de valores. É o senso comum que se tem sobre um determinado tema, onde se incluem preconceitos, ideologias características especificas das atividades cotidianas das pessoas. Mais ainda, a representação social é uma modalidade particular de conhecimento, cuja função é a elaboração de comportamentos e a comunicação entre os indivíduos. É a organização de imagens e linguagem, porque ela realça e simboliza atos e situações. Ela reproduz, é certo, mas essa reprodução implica um remanejamento das estruturas, uma remodelação dos elementos, uma verdadeira reconstrução dos dados no contexto dos valores, das noções e das regras, de que ele se torna doravante solidário. Os dados externos jamais são algo acabado e unívoco; eles deixam muita liberdade de jogo à atividade mental que se empenha em apreendê-los. As representações individuais ou sociais fazem com que o mundo seja o que pensamos que ele é ou deve ser. As representações sociais circulam, cruzam-se e cristalizam-se através de falas, encontros, gestos, no universo cotidiano. A maioria das relações sociais estabelecidas, os objetos produzidos ou consumidos, as comunicações trocadas, delas estão impregnados. Moscovoci chama atenção para o papel das representações sociais na gênese dos comportamentos sociais. Elas produzem e determinam os comportamentos, pois definem simultaneamente a natureza dos estímulos que nos cercam e nos provocam, e o significado das respostas a dar-lhes. Em síntese, a representação social é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre e indivíduos. Moscovici aponta a possibilidade de através das representações sociais, compreender como o senso comum transforma os conteúdos científicos, ou outros saberes formais, em explicações práticas sobre a realidade social, o homem e a natureza, desempenhando na sociedade a função de contribuir para processos de formação de condutas e de orientações das comunicações sociais. A passagem do nível das Ciências ao das representações sociais implica uma descontinuidade, um salto de um universo de pensamento e de ação a um outro, e não uma continuidade, uma variação do mais ao menos. Essa ruptura é a condição necessária para a entrada da cada conhecimento físico, biológico, psicológico e outros, no laboratório da sociedade. Todos eles ai se encontram, dotados de um novo status epistemológico, sob a forma de representações sociais. Levando-se em conta essa função constante do real e do pensado, do científico e do não científico, uma conclusão se impõe: a representação social é um corpo organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens compreendem a realidade física e social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes de sua imaginação. Ao enfatizar a distinção entre as representações sociais e os conceitos científicos Reigota (1998) enfatiza que estes diferentemente daquelas tendem à generalidade e ao rigor. As representações se associam a um tipo de conhecimento que, podendo eventualmente possuir aspectos de cientificidade, se pauta pela compreensão descompromissada do real, situando-se fora de um padrão inflexível de formulação do saber. Nas representações sociais podemos encontrar os conceitos científicos da forma que foram aprendidos e internalizados pelas pessoas. Os estudos sobre representação social do meio ambiente têm seguido a linha da Psicologia Social, definindo-se diferentes formas de ver e representar o meio ambiente. Reigota visualiza que o primeiro passo para a realização da Educação Ambiental deve ser a identificação das representações das pessoas envolvidas no processo educativo, podendo estas serem conhecidas, modificadas e re-elaboradas. Para Ruscheinsky (2000) conhecer as representações sociais de grupos sociais ou setores da sociedade em torno de temas ambientais, bem como elementos constitutivos dessas representações, pode ser o ponto de partida para o entendimento, a proposição e a eficiência do trabalho em Educação Ambiental. A partir do reconhecimento de que estudos de representações sociais permitem explicar os comportamentos dos indivíduos, acreditamos que conhecer as representações dos coletores de lixo seja um primeiro passo para organizar intervenções para esse grupo de trabalhadores, através de programas de desenvolvimento para a saúde, viabilizando assim o ciclo de pesquisa/ ação. Apoiando-se nos riscos ocupacionais com interfaces ambientais a que os coletores de lixo estão expostos, a hipótese inicial deste trabalho foi que a prevalência de parasitoses intestinais entre estes trabalhadores fosse alta, e que suas representações sociais contribuiriam para comportamentos de risco, ligados a esse grupo de doenças. Embora haja extensa literatura abordando representações sociais sobre questões relacionadas ao meio ambiente, pouquíssimos trabalhos foram encontrados no que diz respeito às representações sociais dos coletores de lixo e seus comportamentos profiláticos. Neste sentido, esta pesquisa reveste-se de grande importância para a investigação da relação entre a saúde dos coletores de lixo, aqui focada na prevalência de parasitoses intestinais, e os riscos a que estão expostos no ambiente de trabalho. *AN7 TÍTULO PRÁTICAS DE EDUCADORES(AS) AMBIENTAIS BRASILEIROS(AS) E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PROBLEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL AUTOR PELICIONI, Andréa – UniFMu A Educação Ambiental -EA vem sendo considerada e divulgada como uma das principais formas de enfrentamento da problemática socioambiental da atualidade, ao lado de várias medidas como o aprimoramento da legislação ambiental, a implementação de políticas públicas eficazes, o exercício do controle social, a adoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, entre outras. Por tratar-se de uma construção social existem múltiplas interpretações a respeito das causas e possíveis soluções para a referida problemática que, por sua vez, ensejam representações sociais e práticas diversificadas no âmbito do Ambientalismo e da Educação Ambiental. Por essa razão, interessou a esta autora, por meio de pesquisa de Doutorado realizar uma investigação qualitativa junto a educadores(as) ambientais atuantes no Estado de São Paulo, Brasil, para desvelar quais as suas representações sociais sobre a Educação Ambiental, sobre as origens e possíveis soluções para a problemática socioambiental da atualidade e que tipos de práticas sociais desenvolviam como Educação Ambiental. Para a coleta dos dados foram aplicados 100 questionários e realizadas 21 entrevistas junto a profissionais com nível superior que tinham experiência de trabalho com Educação Ambiental antes de iniciarem o Curso de Especialização em Educação Ambiental promovido pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo nos anos de 1998, 1999 e 2000. Buscou-se assegurar que a amostra fosse constituída por educadores(as) com diferentes tipos de formação universitária e experiência profissional nesse campo. A maior parte dos sujeitos da pesquisa era do sexo feminino, com faixa etária variando entre 25 e 57 anos de idade e tinham graduação em Biologia, Geografia, Filosofia, Fonoaudiologia, Agronomia, Pedagogia, História, Ciências Sociais, Comunicação Social, Psicologia, Administração de Empresas e Economia. Esses(as) educadores(as) possuíam experiências diversificadas de trabalho em Educação Ambiental desenvolvidas no ensino fundamental, médio e superior; em Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Saúde; Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Serviço Municipal de Água e Saneamento; área de desenvolvimento gerencial de uma empresa de grande porte; Unidades de Conservação do Estado de São Paulo; Organização não governamental - ONG da área social; negócios particulares ligados aos ramos recreativo e imobiliário; área de Comunicação Social de um programa habitacional; empresas de assessoria a projetos de educação e gestão ambiental; Núcleos Regionais de Educação Ambiental; ONG ambientalista de grande porte; Centros de Educação Ambiental instalados em parques do Município de São Paulo, entre outras. 82 *AN8 TÍTULO OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS PELOS PROFESSORES DE GEOGRAFIA À EDUCAÇÃO AMBIENTAL: OLHARES SOBRE A QUESTÃO. AUTOR SILVA, Lincoln Tavares – UERJ O presente trabalho objetiva captar os sentidos atribuídos por professores de Geografia que atuam no Estado do Rio de Janeiro ao que se convencionou chamar de Educação Ambiental-EA. Tentar-se-á discutir e entender qual a relação entre o que se espera da Educação Ambiental, o significado atribuído à mesma, e como este é traduzido pelos professores de Geografia. A questão ambiental coloca a necessidade de releitura do espaço sendo imprescindível considerar e compreender a complexidade da apropriação, produção, do consumo, da distribuição, a complexidade ecossistêmica e as relações que se estabelecem, ao longo do tempo e no espaço, das organizações societárias com a natureza. Em nosso entendimento, esta releitura há que passar pelos espaços escolares e, em particular, pelo ensino de Geografia. *AN9 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR: A PROBLEMÁTICA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NAS AULAS DE GEOGRAFIA AUTOR SOARES, Maria Lucia de Amorim – UNISO Utilizo neste texto uma escrita fragmentária, uma multiplicidade aberta, arranjo provisório, um agenciamento que é cofuncionamento de elementos mantidos em sua exterioridade, sempre suscetíveis de novas relações e de novos arranjos. No caminho de DELEUZE e GUATTARI (1972) reivindico o direito ao inacabado, em que os fragmentos não-totalizáveis resultam num texto composto por: “...lados dissimétricos, direções quebradas, caixas fechadas, vasos não comunicantes, divisões, onde mesmo as contigüidades são distancias, e as distâncias afirmações, pedaços de quebra-cabeça que não procedem do mesmo, mas de quebra-cabeças diferentes, violentamente inseridos uns nos outros, sempre locais e nunca específicos, e suas bordas discordantes sempre forçadas, profanadas, imbricadas uma nas outras, sempre com restos”. (p.51) Ainda, seguindo DELEUZE e GUATTARI (1995) informo que este texto pode ser lido a partir de qualquer platô – zona de intensidade vibrando sobre ela mesma, porque aspira à elaboração de um “pensamento nômade”, aquele que conecta energias habitualmente soltas, desterritorializa velhas intensidades e faz “rizoma”: “...rizoma é algo que conecta um ponto qualquer com outro qualquer e cada um dos seus traços não remete necessariamente a traços da mesma natureza; ele põe em jogo um regime de signos muito diferentes, inclusive estados de não signos. O rizoma não se deixa reconduzir nem ao uno nem ao múltiplo (...) Ele não é feito de unidades, nem de dimensões ou antes de direções movediças. Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda”. (p. 32)Assim, o propósito deste texto, como venho insistindo em várias oportunidades acadêmicas, é o de considerar a natureza, o verde-amarelismo, e em paralelo a educação ambiental como semióforos, no caminho de MARILENA CHAUÍ (2000) quando informa: “que existem alguns objetos, animais, acontecimentos, pessoas e instituições que podemos designar com o termo semióforo. São desse tipo as relíquias e oferendas, os espólios de guerra, as aparições celestes, os meteoros, certos acidentes geográficos, certos animais, os objetos de arte, os objetos antigos, os documentos raros, os heróis e a nação”. ( p.11) Este texto parte de duas premissas. A primeira vê a necessidade de aprofundamento da discussão sobre o aumento da temperatura do planeta com base no princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada, que é empregado em documentos como o Protocolo de Kyoto; com base na ética do devir, necessária reflexão sobre qual modelo adotar diante das alterações no clima que os especialistas indicam que estão por vir; e, por último, com base, também, na segurança ambiental internacional (RIBEIRO, 2002). A segunda premissa não diz respeito a problemas relacionados à primeira natureza (vulcanismo, tectonismo etc) mas às problemáticas decorrentes da ação social e às formas pelas quais se produz o espaço geográfico com especificidade para os ecossistemas atmosfera e hidrosfera, bem como para a explicitação da existência de ilhas de calor em na cidade de São Paulo que explicam a escassez de água potável e enchentes ao mesmo tempo. Partindo da sistematização das duas premissas elencadas, o texto tem como conclusão a afirmação de que é necessário repensar em educação ambiental as formas pelas quais se produz e se consome, já que a natureza é ainda, para o cidadão comum, mágica, recurso natural, serva do homem, com isto reafirmando as características de semióforo. Neste caminho, é indispensável a análise da categoria sócio-espacial, em suas várias escalas, que deve ser efetivada nas aulas de Geografia. *AN10 TÍTULO O MEIO AMBIENTE PARA JOVENS DO GRÊMIO ESTUDANTIL: UMA CONTRIBUIÇÃO AOS ESTUDOS SOBRE A SUBJETIVIDADE AUTOR SPAZZIANI, Maria de Lourdes – CUML As discussões aqui apresentadas referem-se a uma pesquisa que se propõe analisar as concepções de meio ambiente de jovens do Grêmio Estudantil de uma escola pública municipal e verificar sua contribuição para os estudos sobre a constituição da subjetividade. Uma outra interface importante que pretendemos explicitar está na busca de alternativas metodológicas para a inserção da educação ambiental no projeto político-pedagógico da escola. A construção do conhecimento em qualquer área temática tem relação direta com as formas de constituição da subjetividade. Questão central dentro da linha de pesquisa “Constituição do sujeito no contexto escolar” do Programa de Pós Graduação em Educação que subsidia o desenvolvimento deste projeto. Segundo Rey (2001) o estudo da subjetividade nos conduz a colocar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual. Ou seja, entender os conceitos ou as idéias explicitadas por um sujeito, significa compreender aspectos que circundam um determinado contexto social. A discussão sobre um tema fornece indícios para compreensões sobre o contexto e sua produção. Nossa trajetória nessa pesquisa, também esta alicerçada na idéia de que a educação ambiental não deve se configurar como mais uma disciplina curricular. Aqui temos a oportunidade de apresentá-la nas micro-organizações institucionais, tal como o Grêmio Estudantil, que nos parece de suma importância. Primeiro pela possibilidade de contribuirmos para a sua reestruturação, situação incentivada pela Secretaria Municipal de Educação da cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, que ao nosso ver constitui-se num espaço de mobilização e participação da comunidade estudantil nos movimentos da escola e da comunidade. Segundo pela própria especificidade da educação ambiental de potencializar ações interdisciplinares, participativas e de incremento da cidadania, mais fáceis de serem desenvolvidas em contextos menos formalizados como encontros de alunos fora do âmbito cristalizado dos espaços das aulas tradicionais. De posse deste cenário propusemos desde o início da nossa entrada na escola, no inicio de 2002, articular as questões que nos preocupavam como pesquisadora e as necessidades e interesses que mobilizavam os jovens que se reuniam entorno do Grêmio. Uma das questões iniciais, e que aqui exploramos detalhadamente, tem haver com as idéias prévias ou concepções dos jovens sobre o meio ambiente. Tema este, por onde circularia uma série de 83 proposições a serem desenvolvidas no decorrer do referido ano. Elegemos junto ao grupo de jovens uma série de atividades, tais como: desenvolvimento de discussões teóricas e práticas relativas às questões ambientais da escola e do entorno; formulação e resolução dos problemas levantados; promoção de parcerias e cooperação com as associações de bairros; elaboração e construção de materiais e instrumentos metodológicos e de divulgação ambiental; mostras de vídeos ecológicos; excursões para conhecimentos de diferentes espaços locais e regionais; construção de alternativas de gestão das atividades do grupo e produção de materiais de apoio. Desta forma uma investigação mais aprofundada sobre as idéias prévias desses jovens sobre o tema meio ambiente, nos pareceu um recorte importante, tanto para aprofundar nosso conhecimento sobre os modos de vida e de pensamento de nossos interlocutores, como para implementar as demais atividades. Entendemos que suas concepções ou conceitos sobre o meio ambiente expressam suas interpretações individuais adquiridas no processo de interação sócio-ambiental vivenciado por esses jovens nos contextos informais e formais. Assim, o presente trabalho pretende descrever e analisar as concepções sobre meio ambiente de alunos e alunas das séries finais do ensino fundamental, apresentadas em trabalhos e atividades decorrentes de ações educativas, realizadas nas reuniões semanais do grupo, envolvendo a realidade cultural e ecológica local dos alunos. É de interesse também relacionar aspectos relativos à constituição da subjetividade desses jovens, explicitados nas suas falas e imagens escolhidas nas concepções sobre meio ambiente. A analise destas concepções ou idéias prévias são fundamentais para promover intervenções educacionais em qualquer área do conhecimento, especialmente àquelas relacionadas ao desenvolvimento da educação ambiental na escola. *AN11 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PARQUES ESTADUAIS PAULISTAS NO ÂMBITO DAS RECOMENDAÇÕES DE TBILISI AUTOR TOLEDO, Renata Ferraz de – FSP/USP; PELICIONI, Maria Cecília Focesi – FSP/USP A Temática Ambiental e a Conferência de Tbilisi. Os movimentos ambientalistas, as conferências e encontros sobre Educação Ambiental, se multiplicaram à medida que os problemas ambientais também se agravaram, e principalmente quando estes começaram a afetar a qualidade de vida do ser humano. A partir de 1972, quando realizou-se em Estocolmo, na Suécia, a Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, a Educação Ambiental passou a ser reconhecida como um importante meio para educar o cidadão na busca de soluções aos problemas ambientais. Até então, a preocupação em solucioná-los estava desvinculada de um processo educativo e poucos resultados eram então obtidos. Aos poucos, eventos nacionais e internacionais começaram a estabelecer princípios e orientações para o desenvolvimento de programas de Educação Ambiental. Um documento de grande importância, usado até hoje como referência, com finalidades e orientações para o desenvolvimento da Educação Ambiental, foi elaborado na 1ª Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada de 14 a 26 de outubro de 1977, em Tbilisi, capital da Geórgia, CEI (Ex-URSS), organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, em cooperação com o Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente PNUMA. Por meio deste documento, definiu-se finalidades, objetivos e princípios para o desenvolvimento de programas de educação ambiental, a saber:. Segundo IBAMA (1998, p.108), são finalidades da educação ambiental estabelecidas pelo documento: a) ajudar a compreender claramente a existência e a importância da interdependência econômica, social, política e ecológica em zonas urbanas e rurais; b) proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir conhecimentos, o sentido dos valores, atitudes, interesse ativo e aptidões necessários à proteção e melhoria do meio ambiente; c) recomendar novas formas de conduta aos indivíduos, grupos sociais e à sociedade como um todo, com relação ao meio ambiente. Dentre as categorias de objetivos destacam-se: 1. Consciência: ajudar os grupos sociais e indivíduos a adquirirem uma consciência do meio ambiente global, sensibilizando-os para essas questões;2. Conhecimento: ajudar os grupos sociais e indivíduos a adquirirem experiências diversas e uma compreensão fundamental do meio e problemas afins; 3. Comportamento: ajudar os grupos sociais e indivíduos a se comportarem de acordocom uma série de valore e a criarem interesse e preocupação em relação ao meio ambiente, motivando-os de tal maneira que possam participar ativamente sua melhoria e proteção; 4. Aptidões: ajudar os grupos sociais e indivíduos a adquirirem as atitudes necessáriaspara determinar e resolver os problemas ambientais;5. Participação: proporcionar aos grupos sociais e indivíduos a possibilidade departiciparem ativamente de tarefas voltadas para a solução dos problemas ambientais(IBAMA 1998, p.109). Foram definidos também, de acordo com IBAMA (1998) princípios diretores da educação ambiental, tais como:Considerar o meio ambiente em sua totalidade, isto é, em seus aspectosnaturais e criados pelo ser humano; Constituir um processo contínuo e permanente; Adotar um enfoque interdisciplinar; Examinar as principais questões ambientais locais, nacionais, regionais e internacionais; Considerar a perspectiva histórica das questões ambientais; Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional, internacional, com vistas à prevenção e solução dos problemas ambientais; Considerar os aspectos ambientais nos planos do desenvolvimento e crescimento; Incentivar a participação dos estudantes; Estabelecer uma relação, para estudantes de todas as faixas etárias, entre sensibilização pelo meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, o esclarecimento de valores e aptidão para resolver os problemas, com ênfase especial nas suas próprias comunidades; Ajudar os estudantes a descobrirem os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; Desenvolver um sentido crítico e aptidões necessárias para a solução desses problemas; Utilizar vários ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para a comunicação e a aquisição de conhecimentos sobre o meio ambiente, ressaltando atividades práticas e experiências pessoais. *AN12 TÍTULO CONHECER, TRANSFORMAR E EDUCAR: FUNDAMENTOS PSICOSSOCIAIS PARA A PESQUISA-AÇÃOPARTICIPATIVA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR TOZONI-REIS, Marília Freitas de Campos - UNESP-Botucatu; TOZONI-REIS, José Roberto - UNESPBotucatu A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que imprime ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, com o objetivo de potencializar essa atividade humana, tornando-a mais plena de prática social e de ética ambiental. Essa atividade exige sistematização através de metodologia que organize os processos de produção, transmissão e apropriação crítica de conhecimentos, atitudes e valores políticos, sociais e históricos. Assim, se a educação é mediadora na atividade humana, articulando teoria e prática, a educação ambiental é mediadora da apropriação, pelos sujeitos, das qualidades e capacidades necessárias à ação transformadora responsável diante do ambiente em que vivem. Podemos dizer que a gênese do processo educativo ambiental é o movimento de fazer-se plenamente humano pela apropriação/transmissão crítica e transformadora da totalidade histórica e concreta da vida dos homens no ambiente. A educação ambiental busca em sua ação humanizadora, porque educativa, a construção de uma prática social e uma ética ambiental que redefinam as relações dos homens com o ambiente e as relações que estabelecem entre si. Portanto, sua “prática social de conhecimento” (Santos, 1989), a pesquisa, também é construída pela articulação entre 84 conhecimento e ação. Embora várias modalidades da pesquisa qualitativa (bibliográfica, de campo, documental, análise de conteúdo, estudo de caso, etc) possam ser adequadas à investigação em educação ambiental, apresentamos, neste estudo, algumas análises sobre a pesquisa-ação-participativa, metodologia que proporciona caminhos que a articule com a ação educativa. A educação ambiental, como estratégia de intervenção democrática na organização social dos indivíduos para garantir uma relação responsável com o ambiente. Isso expressa uma característica que não pode ser desvalorizada na organização das atividades de pesquisa nesta área: a intervenção social. Neste sentido é que entre outras modalidades da investigação qualitativa, a pesquisa-ação-participativa mostra-se bastante apropriada para a produção do conhecimento em educação ambiental. Uma parcela significativa das pesquisas em educação ambiental produzida nos programas de pós-graduação no Brasil, valoriza e realiza a ação educativa ambiental. Pesquisas publicadas nos diferentes espaços de divulgação da produção acadêmica em educação ambiental originam-se de práticas educativas ambientais. No entanto, freqüentemente, nos trabalhos acadêmicos, essas duas dimensões - a ação e a pesquisa - encontram-se dissociadas. Vemos, muitas vezes, os pesquisadores coletando dados formais de sua ação - através de observações, entrevistas e questionários, por exemplo - de forma desconectada da ação. É comum encontrarmos os resultados da ação sem nenhuma problematização da própria ação educativa. Se os pesquisadores sentem necessidade do agir educativo em seu processo de investigação, por quê não potencializar essa necessidade, articulando-a radicalmente com o processo de produção de conhecimento gerado por esse agir, intencional e direto? Temos convivido também, nos espaços acadêmicos, com uma certa desvalorização da metodologia da pesquisa-ação. Essa desvalorização é resultado da banalização da pesquisa-ação como caminho metodológico de construção de conhecimento. Alguns trabalhos de pesquisa anunciam essa metodologia mas tratam de relatos de intervenção social sem a necessária produção de conhecimentos que a caracteriza. Até outras modalidades de pesquisa que, por exigirem uma interação, ainda que imediata e formal com os sujeitos, são também apresentadas como pesquisa-ação. Isso nos indica a necessidade de aprofundar a discussão e a compreensão dos aspectos metodológicos da pesquisa-ação-participativa. O problema que trazemos para análise neste ensaio diz respeito à essa necessidade: buscar referências teórico-metodológicas que possam contribuir para a construção da pesquisa-ação-participativa em educação ambiental como alternativa às formas tradicionais de produção de conhecimentos científicos. *AN13 TÍTULO OS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO: RACIONALIDADES DA/NA ESCOLA AUTOR TRISTÃO, Martha - UFES/ Devido à sua complexidade e abrangência, a Educação Ambiental vem ganhando sentidos e representações compartilhadas e divergentes. A partir da realização de estudos anteriores, observamos que os professores/as vêm inserindo a Educação Ambiental em suas práticas pedagógicas de forma plural. A abordagem interdisciplinar e transdisciplinar da Educação Ambiental dificulta sua inserção dentro de uma estrutura conceitual de currículo disciplinar. Suas práticas se revelam por meio de projetos e/ou atividades extracurriculares, mas o contexto espaço/tempo da escola é entrecortado por outros contextos que se articulam ou não nas redes de saberes e fazeres vividas e constituídas por alunos/as e professores/as. Para compreender melhor essa complexa realidade da escola, recorremos à metáfora de redes de conhecimento. Essa concepção de rede de conhecimento, em que não existe uma hierarquia de uma ciência sobre a outra, é uma analogia às comunidades ecológicas, concebidas como reuniões de organismos interligados por redes para estabelecer relações de alimentação na cadeia alimentar. Morin (1996) nos ajuda a ampliar a interpretação desse movimento, quando diz que a idéia de conhecimento em rede é aberta, fluida e sempre disposta a se reorganizar. Quer dizer, o cotidiano das escolas tem uma dinâmica própria, aberta às possibilidades e configurações das sociedades de modo geral. Como argumentam Ezpeleta e Rockwell (1989), é impossível encontrar duas escolas iguais, apesar de toda a ingerência política. A dimensão ambiental configura-se como um fator mobilizador, atribuído ao seu poder de partilhar, agregar com diferentes atores e atrizes os mais diferentes contextos e ações com princípios éticos e humanistas numa perspectiva que transcende fronteiras. Sem qualquer pretensa hierarquia, transforma-se em uma questão vital, inter-relacionada com todas as outras dimensões. Não possui territórios demarcados. O argumento de Leis (1997) nos ajuda a compreender essa concepção de fronteira, constituída para além de uma realidade objetiva, inventada pela subjetividade humana em um mundo marcado por divisões entre os homens, os povos e as espécies. Nem por isso são fronteiras tão rígidas, intransponíveis ou definitivas. Nessa linha de pensamento perguntamos: É possível subverter a racionalidade imposta? Como inserir a Educação Ambiental nessa concepção de currículo? Consideramos a educação como um processo de elaboração de sentidos. Assim, esses e outros questionamentos são importantes para compreendê-la como parte de um longo processo de demanda. Vale lembrar as considerações de Gutiérrez (1999) a respeito da diferença entre a Pedagogia da Declaração e a Pedagogia da Demanda. Segundo esse autor: “[...] o discurso anunciado tem um sentido único, universal, definido e científico, [enquanto] a pedagogia da demanda, por partir dos protagonistas, busca, em primeira instância, a satisfação das necessidades não-satisfeitas, desencadeando, em conseqüência, um processo imprevisível, gestor de iniciativas, propostas e soluções [...]” (p. 50). O discurso, principalmente os oficiais, acabam por “ressemantizar” os sentidos para atender à ordem econômica imposta. Por isso, é um discurso fora da ruptura almejada com a racionalidade científica, formal e instrumental. Termos como “conscientização pública” são ainda um forte indício de que o conhecimento se reduz à mente, à razão. Nesse caso, a Pedagogia da Demanda, como um processo de aprender a aprender dialógico, pode produzir outros sentidos por ser mais flexível, vivencial, menos estruturada. Desse modo, muitas vezes as forças que constituem a própria Educação Ambiental não são coesas, sendo com freqüência atravessadas em seu discurso formal por bases que legitimam a racionalidade teórica e instrumental que controla, constrói e destrói o meio ambiente. Esses repertórios são compartilhados pelos discursos oficiais ou institucionalizados disseminados pelas mídias. A linguagem não é neutra, está atravessada por sentidos e ideologias. Como podemos mudar um paradigma, se não mudarmos a linguagem?. Para explicar que o fundamento da racionalidade é a emoção, Maturana (1998) relaciona a linguagem com coordenações de ações, com um fluir de interações recorrentes que constitui a comunicação. Como conseqüência, qualquer investigação sobre o que acontece na escola, na sociedade e no mundo passa pelos sentidos e significados da linguagem, entendida não só como um sistema de signos e símbolos, mas como um fluir de coordenações de conduta. Se passarmos a analisar a crise ambiental sob o enfoque da crise do pensamento moderno, verificaremos que se trata de uma crítica de como tudo está concentrado na ciência tecnológica e impregna as linguagens de premissas dualistas. A racionalidade instrumental, que se presumia ser a única, prejudicou a capacidade humana de reflexão e de visão em longo prazo, pois reduziu, dissociou, fragmentou o conhecimento. A lógica instrumental clássica desencadeou uma clara divisão entre a evolução cultural humana e os processos naturais e ambientais, pautada na acumulação e na exclusão. Nesse sentido, a defesa do meio ambiente emerge como movimento de resistência a esse pensamento capitalista moderno. A mais grave conseqüência e prejuízo dessa racionalidade irracional é a degradação social e ambiental. Não se trata de substituir a lógica clássica. Como diz Morin (1999), devemos “enfraquecêla”, se quisermos compreender processos complexos. Pensamos que seria extremamente criativo se atingíssemos um pensamento dialógico entre a lógica clássica e uma outra lógica capaz de captar “[...] o que está 85 tecido em conjunto, de religar, rejuntar [...]”, sentido do paradigma da complexidade, cunhado por Morin. Fazendo uma outra análise, no campo mais sociológico, Beck (1997) nos ajuda a compreender melhor esse contexto consumista e “perigoso”, configurado como “sociedade de risco”. Essa concepção tem uma relação direta com a crise ambiental, ou seja, os procedimentos atuais vêm causando profundas transformações sociais e políticas vinculadas às nossas raízes culturais, em um ritmo muito mais lento do que os impactos das transformações tecnológicas Dessa forma, o ritmo acelerado da produção tecnológica não é acompanhado pela lenta transformação social e política e muito menos pelo tempo necessário para a natureza processar os seus fenômenos. Assim é reconhecida a irrevessibilidade dos desequilíbrios naturais. A concepção de “sociedade de risco”, em Beck e em Giddens (1997), amplia o entendimento desse cenário. Segundo os autores, estamos vivendo tempos de uma “modernização reflexiva” em que essa fase é transformada em tantos problemas em função das instabilidades e dos riscos, de maneira não reflexiva, transformando-a num tema de discussão para si mesma. A natureza é transformada em recurso, ou melhor, em produtos consumidos por alguns, mas todos arcarão com as conseqüências dos danos ambientais, ainda imprevisíveis.Essa racionalidade é apoiada na cientificidade como instrumento elevado da racionalidade, capaz de resolver as “irracionalidades” ou externalidades dos sistemas. Com isso, não estamos querendo dizer que existe irracionalidade, mas que ocorrem diferentes racionalidades. Leff (1994), por exemplo, aponta uma outra racionalidade capaz de reverter esse quadro: estabelece-se na compreensão dessa complexidade que nos apresenta a contemporeneidade, aberta à imprevisibilidade e à interdependência entre os processos. É a "racionalidade ambiental", que implica uma nova teoria da produção, novos instrumentos de avaliação e tecnologias ecológicas apropriáveis pelos próprios produtores. Além disso, incorpora novos valores que dão sentido aos processos emancipatórios, redefinem a qualidade de vida das pessoas e o significado da existência humana. Nesse caso, buscar os sentidos produzidos sobre a educação ambiental no contexto escolar, vivenciar sua dinâmica, mais do que um procedimento metodológico, significa uma atitude de desenvolver um processo de pesquisa dentro de uma concepção participante, um desejo de conhecer para além da racionalidade científica. Para tanto, o indivíduo deixa de ser objeto e passa a ser sujeito da pesquisa. Como lembra Brandão (1987), as necessidades reais das práticas e vivências dos envolvidos é que determinam a direção em que se deve percorrer a pesquisa. Ezpeleta e Rockwell (1989) argumentam que a escola é um espaço sociocultural atravessada pelo confronto de interesses no qual interagem diversos processos sociais. Essa interação produz determinada vida escolar, atribuindo sentido à relação práticas educativas e educação ambiental. Mas que racionalidades perpassam as práticas socioambientais dessa trama constitutiva do cotidiano escolar? A partir de um grupo de professores engajados na pesquisa anterior, desenvolvemos um estudo com o cotidiano das escolas, observando projetos, práticas e experiências em Educação Ambiental, não para trazer respostas e explicações para as contradições inerentes à dinâmica escolar, o uno da verdade definitiva, mas para suscitar uma reflexão sobre as racionalidades. Trata-se do desafio de pensar de uma outra forma que é capaz de lidar com o múltiplo, com o complexo e com as diversidades biológicas e culturais. Segundo Brandão (1987), não existe um modelo único de pesquisa participante, pois o instrumental usado pode ser elaborado a cada projeto particular e de acordo com as condições específicas de sua realização. O modelo básico foi a observação participante em que conjugamos dados de observação e de entrevistas com resultados de encontros ou com material obtido em registros, conversas, comemorações e exposições realizadas pelas escolas envolvidas. *AN14 TÍTULO TENDÊNCIAS DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES AUTOR VALENTIN, Leirí – UNESP Ao tecermos considerações sobre algumas tendências das pesquisas em Educação Ambiental no Brasil, faz-se necessário, primeiramente, focalizar nosso olhar para a América Latina como um todo, pois é justamente na reflexão crítica da nossa história de “descobrimento” e colonização, que encontramos as raízes da problemática ambiental. Juntamente com toda América Latina, o Brasil é herdeiro e tributário da colonização européia, que, de uma forma ou de outra, nos impingiu seus ideais, conhecimentos e costumes. Nas raízes da colonização, encontramos nosso desejo pela posse da terra, pela dominação da natureza e conseqüente exploração e esgotamento de seus recursos. A história da América Latina não mudou muito após a colonização, no que diz respeito ao acesso, pela maioria da população, às condições mínimas de sobrevivência. É uma história marcada pela opressão, pelo sofrimento e pela degradação ambiental. Puiggrós (1999), ao elaborar um panorama da educação latinoamericana, no século XX, ressalta seu início marcado pela influência da cultura européia como modelo pedagógico, a esperança depositada na educação e na sua capacidade para produzir progresso. Os movimentos populares nacionalistas, a teoria do desenvolvimento, os movimentos ligados à teologia da libertação, os regimes autoritários e, posteriormente, os governos com tendências neoliberais tentaram converter em realidade essas expectativascom alguns avanços e muitos retrocessos. No final do século, deparamo-nos com a incapacidade oficial e privada em articular esse sistema de educação com o mundo produtivo. A autora chama a atenção dos políticos e empresários atuais, que desperdiçaram a possibilidade que lhes outorgava um extenso e eficiente sistema de educação pública, para formar homens e mulheres que transformassem a extensão inabitada, as riquezas naturais e as culturas populares em bens sociais, pusessem a inteligência a serviço do desenvolvimento e instalassem a produção e a criação como valores superadores desse espírito especulativo que ainda persiste nos dirigentes latino-americanos. Ao colocarmos em pauta os problemas ambientais específicos da América Latina e do Brasil, somos levados a pensar que a “questão ambiental está de início imbricada com a questão democrática”. Nosso País sempre foi pensado como um espaço a se ganhar e não como uma sociedade. Os problemas ambientais ultrapassam as barreiras biológicas, estendendo-se às questões social, econômica, cultural e política (MORAES, 2002, p.42). Segundo Reigota (2002, p.61), a Educação Ambiental é uma educação política, que deve enfrentar na América Latina “o desafio de mudar as idéias de modelo de desenvolvimento econômico, baseado na acumulação econômica, no autoritarismo político, no saque aos recursos naturais, no desprezo às culturas de grupos minoritários e aos direitos fundamentais do homem”. 29ª ANPED NACIONAL - 2006 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED NACIONAL 2006 –AN *AN1 TÍTULO A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA E DA CULTURA NAS LEITURAS DA NATUREZA AUTOR GUIMARÃES, Leandro Belinaso. – CED-UFSC/PPGEDU-UFRGS O trabalho discute a centralidade da cultura nos processos de significação da natureza. Argumenta-se em defesa da 86 multiplicidade de modos de entender, narrar e estabelecer relações com a mesma. Nesta direção, o texto percorre alguns momentos históricos específicos visando, apenas, marcar a luta que se travou em torno dos significados culturais de natureza e de meio ambiente. Examina-se, portanto, a multiplicidade de significações sobre tais noções, circulantes pela cultura em diferentes momentos históricos, bem como, em um mesmo período. Inicialmente, destacam-se alguns aspectos dos embates em torno dos significados sobre a natureza do “Novo Mundo” analisados através dos estudos que se debruçam sobre os relatos dos viajantes estrangeiros. Depois, o trabalho centra-se no momento de emergência dos movimentos ecológicos contestatórios, para avaliar os modos como o meio ambiente passou a ser significado. O ensaio conclui indagando a recente emergência de um campo contestado de saberes e práticas: a educação ambiental. Palavras-chave: estudos culturais; história ambiental; movimentos ecológicos. *AN2 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL PELOS COMINHOS DA ÉTICA COMPLEXA E DA TRANSDISCIPLINARIDADE AUTOR LACERDA, Ana Braga de – UFES – [email protected] Neste artigo pretendo discutir a possibilidade de que a educação ambiental seja entendida a partir da abordagem da ética complexa e possa ser praticada de forma transdisciplinar. Esta intenção emerge da constatação do múltiplo entrelaçamento de condições que permeiam as questões ambientais e da necessidade de uma metodologiade trabalho que considere e incorpore esta complexidade. Os referenciais teóricos, com os quais dialogo, centram-se nas teorias defendidas por autores que concebem a realidade dentro do paradigma da complexidade, focada nocotidiano de sujeitos, que, através de suas múltiplas relações, tecem significados,produzindo cultura e história.Através das discussões propostas, pretendo poder contribuir para o fortalecimento deabordagens teórico-metodológicas da Educação Ambiental, que considerem os sujeitospesquisados como participantes ativos dos processos de pesquisa e protagonistas de transformações socioambientais. Palavras-chave: Educação Ambiental, Ética Complexa, Transdisciplinaridade. *AN3 TÍTULO AUTOR CIDADE, COTIDIANO, CIDADANIA: UM OLHAR AMBIENTAL SOARES, Maria Lucia de Amorim. – Programa de Pós-Graduação em Educação-Nível Mestrado – UNISO – [email protected] Para o homem comum, o mundo, mundo concreto, imediato é a cidade. Despindo a roupa da natureza e vestindo a roupa da técnica, a cidade , meio ambiente construído, é objeto histórico, impondo um tempo fabricado pelo homem. Na cidade a natureza está oculta, levando o pensar sobre as áreas urbanas, do ponto de vista ambiental, como espaços mortos. Essa afirmativa pode ser observada no GT Educação Ambiental, da ANPEd, afirmativa de levantamento dos textos selecionados para apresentação pública, desde 2003, ano de sua criação como grupo de estudos, que equaciona 37 textos e 05 pôsteres, em todos eles ausentes o desafio da elucidação das metamorfoses urbanas, a produção de espaços e homens considerados supérfluos. Nessa perspectiva, ao ampliar nosso olhar e pensar a cidade e o cotidiano dos seus habitantes, tangenciando uma vinculação com a educação ambiental, os termos de incidência aparecem associados às relações de cidadania no interior da sociedade, visto a vida não ser produto da técnica mas da política enquanto ação que dá sentido à materialidade. Como conseqüência será possível socializar o ethos de uma sociedade ambiental, no reverso da ambientalização da dimensão comportamental da sociedade industrial como se faz hoje, pela elucidação das metamorfoses da sociedade contemporânea e das contradições sociais urbanas, especificamente as das “zonas opacas onde moram homens cinzas”, ou seja, as zonas e homens pobres de vários tipos. Relacionar e articular as quatro idéias-força propostas, ou seja, cidade, cotidiano, cidadania sob um olhar ambiental, para que a cidade seja um lugar de cidadãos.. *AN4 TÍTULO O MUNDO COMO UM TEXTO – UMA ALTERNATIVA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR BARCELOS, Valdo. – UFSM Este texto resulta de um projeto de pesquisa financiado pelo CNPq. Com esta pesquisa busquei contribuir com as possibilidades pedagógicas de intervenção nas questões ambientais a partir de um diálogo entre literatura e Educação Ambiental (EA). Tomei como referencial metodológico de análise dos textos do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1988), a Teoria das Representações Sociais de origem moscoviciana. Algumas conclusões desta alternativa de trabalho em EA são: Ela evita que repitamos o paradoxo tão freqüentemente nas iniciativas de (EA) onde se trata de tudo menos da presença do ser humano; Com esta alternativa pedagógica, história e ambiente, cultura e natureza fazem parte de um mesmo complexo bio-psíquico; Como conseqüência estaremos diminuindo as dificuldades para a realização de iniciativas de (EA) na escola, decorrentes da rigidez das estruturas curriculares; Ao descrever um problema ecológico, a reflexão sobre ele nos coloca em um caminho de auto conhecimento; A idéia de tomar-se o texto como fonte para o estudo das (QE) é que evitaremos, com isto, a crença de que só se pode fazer (EA) nos espaços extra-escola, extra-sala de aula. Palavras-chave: Octávio Paz – Mundo como texto – Educação Ambiental *AN5 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE E DE PRÁTICAS SOCIAIS EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL AUTOR SPAZZIANI, Maria de Lourdes/CUML Este trabalho investiga o papel da educação ambiental no desenvolvimento da identidade e de práticas sociais de alunos envolvidos em projetos de melhoria socioambiental em uma escola pública. Identifica-se os padrões de comportamentos frente à realidade sócioambiental; os modos de imersão desses sujeitos em suas práticas;o contexto físicosocial e suas perspectivas de futuro.As estratégias de pesquisa estão fundamentadas na pesquisaação. Os sujeitos são 15 jovens do Ensino Fundamental.Foi possível constatar que a percepção inicial dos jovens sobre o meio ambiente difere se o enfoque for conceitual ou se estiver relacionado ao seu contexto imediato. Sobre a escola e os bairros do entorno destaca-se necessidades relacionadas a esportes e lazer, uma vez que há falta de atividades culturais na região.As práticas sociais desenvolvidas pela educação ambiental tem promovido o envolvimento destes jovens com o plantio de mudas,a elaboração de Boletim do Grêmio e a incorporação dessas atividades nas disciplinas formais. Eles têm incorporado em suas perspectivas de futuro preocupações em relação a sua vida pessoal articulada ao processo coletivo e discutem com mais propriedade as questões dos seus bairros. Palavras-chave: Psicologia histórico-cultural;Ensino Fundamental;Pesquisa-ação 87 *AN6 TÍTULO DESCARTES E A AMNÉSIA MODERNA: ALGUMAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR GRÜN, Mauro. – ULBRA – [email protected] Neste texto, argumento que Descartes promoveu um implacável ataque à tradição e ao passado de um modo geral. Esse ataque que o levou às idéias “claras e distintas” teve repercussão em grande parte das ciências pós-cartesianas para quem a natureza é um mero objeto à disposição da razão. Essa concepção nos levou a posturas extremamente antiecológicas. Além desse processo de objetificação da natureza, nós perdemos a noção de “lugar” na modernidade. Vivemos como se estivéssemos em lugar nenhum. Segundo Descartes o eu seria uma substância pensante cuja natureza é pensar e isso não requer nenhum “lugar”. Assinalo, então, que a transformação do lugar em espaço é um dos problemas centrais que a Educação Ambiental precisa enfrentar. Os lugares perderam seu significado. Na verdade, a autonomia da razão se dá através de uma emancipação da localidade. Ao final do texto aponto, então, que mais do que criticar o pensamento cartesiano, precisamos redescobrir aquilo que o cartesianismo suprimiu e não deixou que fosse tematizado. Tal tematização coloca a historicidade como sendo central para a educação ambiental e abre a perspectiva de uma educação ambiental ético-política. Palavras-chave: Descartes – natureza – Educação Ambiental. *AN7 TÍTULO A NATUREZA E O HOMEM NO LIVRO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS: EDUCAÇÃO OU PSEUDO-EDUCAÇÃO? AUTOR PEDROSA, José Geraldo . – FUNEDI/UEMG “O que fazem as escolas que dizem que fazem EA?” Esta é uma questão posta pelo MEC, motivada pela generalização da EA nas escolas. É com ela que se articula este artigo, elaborado a partir de estudo realizado em 2003 e 2004, sobre como os livros didáticos de Ciências e História/Geografia, adotados nos anos iniciais do ensino fundamental, definem a Natureza e o Homem e a relação entre eles. A abordagem se ancora em duas idéias: a Natureza é uma referência importante para o entendimento da cena contemporânea e a EA não é necessariamente formadora de boas consciências, do mesmo modo que não é necessariamente emancipadora e transformadora, capaz de apontar para a viabilização de um outro modus vivendi. A conclusão fomenta a idéia de que a generalização da EA, por si, não é capaz de sinalizar para uma cena de paz entre os homens e a Natureza. Isso dá uma pista para a formação de educadores ambientais: o entendimento sobre os meios de reeducar não pode tornar secundário o entendimento do telos desse reeducar. É nesse sentido que a EA não pode fazer tábula rasa da Educação. Palavras-chave: Natureza, Capitalismo, Pseudo-educação. *AN8 TÍTULO CONSTRUINDO CONCEITOS NO ENSINO MÉDIO PARA SENTIR, PENSAR E ATUAR NO AMBIENTE AUTOR ARAUJO, Marcia Santiago de. – FURG – [email protected] Pesquisa qualitativa sobre como o uso da metodologia projetos de aprendizagem (PA) nas atividades da disciplina de Filosofia (Ensino Médio de um Colégio em Rio Grande, RS) proporcionou a Educação Ambiental (EA). A pesquisa foi desenvolvida durante o Mestrado em EA, na área “EA: Currículo e Formação de Professores”, em torno do problema da ambientalização das atividades da disciplina de Filosofia. Atividades em EA devem problematizar as visões de mundo que integram o conhecimento do meio (sentir), a atividade do pensamento que constrói o conhecimento sobre o ambiente (pensar) e as ações que acompanham esse conhecimento (atuar). Segundo análise realizada, o desenvolvimento dos PA promoveu o “sentir” quando proporcionou uma ampliação na sensibilização dos discentes sobre o meio; promoveu o “pensar” quando viabilizou a construção de conceitos sobre o ambiente e suas interações; e, realizou o “atuar” quando ações efetivas emergiram durante e a partir desse desenvolvimento. Foi possível avaliar a metodologia dos PA como sendo um caminho para a EA. Palavras-chave: Educação Ambiental. Ensino Médio. Projetos de Aprendizagem. *AN9 TÍTULO AUTOR PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR: MAPEANDO POSSIBILIDADES VALENTIN, Leirí. – UNESP-RIO CLARO – [email protected] SANTANA, Luiz Carlos. – UNESP-RIO CLARO – [email protected] GT - 22 Educação Ambiental A crescente simpatia de que a Educação Ambiental se encaixa perfeitamente aos objetivos do trabalho com projetos revelou-se extremamente problemática sob diversos aspectos na pesquisa apresentada neste texto. Parece que esta proposta metodológica está chegando às escolas, juntamente com outros modismos e com ares de solução para todos os problemas. Se vistos desta maneira, os projetos acabam por escamotear os problemas de fundo da educação escolar, já que os reduz unicamente à questão metodológica e de maneira bem simplificada. A pesquisa revelou que o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental no interior da escola, por meio de projetos, possui limitações de várias ordens, principalmente no que se refere à insuficiência de conhecimentos das pessoas nelas envolvidas, o que nos leva a reforçar a necessidade de uma formação continuada, envolvendo aspectos teóricos e metodológicos da temática ambiental no ensino público. Palavras-chave: Projetos, educação ambiental, metodologia. *AN10 TÍTULO AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DIALÓGICA AUTOR FIGUEIREDO, João B. A. – UFC O interesse principal desse trabalho é refletir sobre a prática docente costumeira nas salas de aula da Alfabetização de Jovens e Adultos do município de Irauçuba - CE,impregnadas de uma postura tradicional de ensino, em confronto com uma ecopráxis educativa molhada das contribuições de Paulo Freire associadas à Perspectiva Eco-Relacional. Este trabalho apresenta uma reflexão acerca do potencial freireano para a EA, reconhecendo os limites de outras formas de Educação Ambiental. Consideramos pertinente uma EA contextualizada, uma Educação Ambiental Dialógica - EAD. Pensar em uma EA, nesta abordagem dialógica, significa atender a princípios como a interdisciplinaridade, o diálogo democrático, o aprendente como autor ativo e a contextualização como essencial no processo educativo; a supra-alteridade que valoriza o outro como legítimo outro; o saber parceiro etc. Temos na superação das situaçõeslimite a consolidação de sonhos possíveis e o fortalecimento de grupossujeito educativos autônomos, organizados, colaborativos, zelosos com suas singularidadesambientais. Palavras-chave: Educação Ambiental Dialógica – Paulo Freire – Perspectiva Eco-Relacional 88 *AN11 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO SEGUNDO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL AUTOR SOARES, Andréa de Almeida Rosa – UERJ & NOVICKI, Victor.– UNESA O trabalho objetiva analisar qual a concepção de educação ambiental (EA) presente em coleções selecionadas de livros didáticos de História de 5ª-8ª séries do Ensino Fundamental no Município do Rio de Janeiro. Este estudo adota, como parâmetros de análise, conceitos de autores que defendem um desenvolvimento sustentável pautado na justiça social; que investigam a relação Homem-meio ambiente numa perspectiva dialética e que defendem uma EA crítica. Foram duas as coleções analisadas: a mais adquirida e “recomendada com ressalvas” e a segunda mais escolhida e “recomendada com distinção” pelo Programa Nacional do Livro Didático. Concluímos que ambas coleções (a) abordam contraditoriamente a relação Homem-meio ambiente (antropocentrismo/ biocentrismo), (b) realizam uma EA desmobilizadora nos exercícios propostos, pois não privilegiam a abordagem dos problemas socioambientais locais, (c) apresentam erros conceituais e argumentos contraditórios, informando ora uma EA crítica, ora defendendo um modelo de desenvolvimento através exclusivamente de soluções técnicas. Palavras-chave: Educação Ambiental. Ensino Fundamental. Livros Didáticos-História. *AN12 TÍTULO A FORMAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL: REFLEXÕES SOBRE OS CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO E DELIMITAÇÃO DE UM OBJETO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR VASCONCELLOS, Hedy Silva Ramos de (PUC/ RJ); SANCHEZ Celso; PICCININI, Claudia (UFRJ); RIBEIRO, Teresa O trabalho tem por objetivo problematizar a trajetória de uma pesquisa sobre a formação e a atuação de educadores ambientais, a partir dos desafios encontrados para o desenvolvimento de uma metodologia de base etnográfica em um projeto não financiado. O trânsito entre o desejado e o possível vai sendo descrito, bem como as reflexões sobre a teoria e a prática que confrontam a educação no enfoque econômico-desenvolvimentista e a educação ambiental, no Brasil e em outras partes do mundo. O objetivo da pesquisa é o estudo da formação de educadores ambientais de escolas públicas, assim reconhecidos pelo sistema municipal de educação, sob o ponto de vista dos próprios professores. Confrontamse, já nos primeiros resultados encontrados, a violência sentida pelas crianças, com as práticas educativas que usam o lúdico e a paz, principalmente no entorno das unidades de conservação situadas no município do Rio de Janeiro. No campo metodológico, estudam-se ainda as vinculações necessárias entre os pesquisadores universitários e os professores colaboradores na pesquisa, na busca em comum do aprimoramento da formação de educadores ambientais. Palavras-chave: formação de professores - educação ambiental – metodologia de Pesquisa *AN13 TÍTULO EDUCAÇÃO, TELEVISÃO E NATUREZA: UMA ANÁLISE DO REPÓRTER ECO AUTOR GUIDO, Lucia de Fátima Estevinho (UFU) Este trabalho é dedicado ao estudo das questões ambientais tal como são tratadas na televisão. Este meio de comunicação atinge grande parte da população brasileira, ocupando o espaço não atendido pelos outros meios de comunicação, como o jornal diário e as revistas. O programa Repórter Eco foi escolhido por ser veiculado em uma emissora pública e educativa, por trazer reportagens sobre o Brasil, e a primeira vista nos pareceu dar um tratamento menos espetacular e menos superficial às questões ambientais. Uma análise geral do programa foi realizada e a partir dela selecionamos as reportagens sobre as quais nos detemos. Inicialmente, nosso olhar se fixou no tema desenvolvimento sustentável, já que o mesmo está presente no programa como um todo. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural foi outro tema abordado nas reportagens e analisado neste trabalho. Os aspectos educativos do programa mereceram atenção constante, revelando que a educação ambiental foi tratada de maneira prescritiva, sem aprofundar os impasses do discurso ecológico. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável; reservas naturais; meios de comunicação de massa. 31ª ANPED NACIONAL - 2008 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED NACIONAL 2008 – AN *AN1 TÍTULO CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE DA SEEDUC/RJ: TEORIZAÇÃO, DIAGNÓSTICO E DIFERENTES OLHARES AUTOR PASSOS, Sara Rozinda Martins Moura Sá dos – FAETEC O trabalho teve como objetivo analisar o Curso Técnico em Meio Ambiente em colégio Estadual, na Baixada Fluminense/RJ, pautado no modelo de competências. Um estudo de caso com base em análise de documentos, Diagnóstico Socioambiental, questionários e entrevistas. O referencial teórico destaca dois eixos de análise. O primeiro refere-se à discussão das matrizes teórico-conceituais que fundamentam os diferentes conceitos de meio ambiente, desenvolvimento sustentável e educação ambiental; e o segundo aborda a adoção do modelo de competências na organização curricular e sua ressignificação conceitual, contemplando a dimensão socioambiental. Os resultados obtidos indicam que o Curso não está atendendo às expectativas de professores e alunos; os primeiros, devido à carência de professores específicos e as condições de trabalho na educação profissional; e os segundos, por que não se sentem preparados para atuar como técnicos em meio ambiente no atual mercado de trabalho. O estudo abre espaço para a compreensão da consciência ambiental e da participação nos espaços públicos, como dimensões da práxis. Palavras-chave: educação ambiental; competências socioambientais; curso técnico em meio ambiente. 89 *AN2 TÍTULO CONTRIBUIÇÕES “INVERSAS”, “PERVERSAS” E MENORES ÀS EDUCAÇÕES AMBIENTAIS AUTOR BARCHI, Rodrigo – UNISO – [email protected] Os conceitos de ciência menor, literatura menor ou educação menor, não indicam um grau qualitativo das áreas de conhecimento. De acordo com Gilles Deleuze e Felix Guattari (1977), menor significa uma condição revolucionária, resistente e insubmissa a um contexto de controle brutal e autoritário. Esse artigo busca, em primeiro lugar, construir alguns diálogos entre os campos da ecologia política e da educação ambiental, com as ressonâncias do pensamento de Nietzsche na obra de Deleuze e de alguns de seus interlocutores, no que diz respeito à inversão e perversão de algumas noções tão caras ao pensamento platônico, como autêntico, original, puro e essencial. A partir dessas conexões, em um segundo momento este trabalho sugere algumas possibilidades de construção de diversas educações ambientais, que por sua condição singular, radical e múltipla, possam ser consideradas como menores. Palavras-chave: educação ambiental; literatura menor; educação menor; inversão; perversão. *AN3 TÍTULO DA EVOLUÇÃO DA CONCEPÇÃO DE NATUREZA E DE HOMEM NA AMBIÊNCIA DE UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA AUTOR SOARES, Maria Lucia de Amorim – UNISO – [email protected] Partindo da evolução da concepção de Homem e Natureza com vistas àresponsabilidade do homem pelos danos causados a ele e à natureza, este documento demonstra como a educação ambiental, enquanto atividade da prática social e de ação política, deve desligitimizar a idéia de homem excluído da natureza quando esta é reduzida à uma coisa física e à idéia de homem em demografia; um homem transformado em estatística pela produção e pelo consumo, numa natureza transformada em estoque de recursos naturais. Para tanto articula historicamente a concepção de natureza e de homem, concluindo que a educação ambiental deve trabalhar a dupla determinação do homem: “naturalmente humano” e “humanamente natural”, como também que a natureza evolui em espiral, revelando a face múltipla da qual participam os movimentos físico, biológico, humano. Por fim, afirma que na ambiência da educação ambiental crítica deve estar presente uma visão ampla de mundo, a clareza do ato educativo, uma posição política e uma competência técnica. Palavras-chave: educação ambiental; homem; natureza. *AN4 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL POPULAR E EDUCAÇÃO INTERCULTURAL NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO DOCENTE AUTOR FIGUEIREDO, João Batista de Albuquerque – UFC Esta pesquisa qualitativa foi desenvolvida no cenário da formação docente, com estudantes das turmas de Educação Popular e Organização Escolar. Tivemos como questão a formação docente sob uma Perspectiva Eco-Relacional - PER, que considera os contributos da Educação Popular e da Educação Ambiental, em sua interfase com a Educação Intercultural - EI. Seu objetivo foi apresentar uma reflexão acerca da formação docente pautada nesta proposta. Realizamos oficina geradora do grupo epistêmico, atividades de escuta afetiva e olhar sensível, seminários. Para a análise utilizamos o diário de campo, as observações em sala de aula, o memorial. Como resultados, costuramos três categorias de compreensão: a constituição e manutenção do grupo, a ação formadora ampliada e a inclusão da EA de matriz popular. Constatou-se a superação do ensino pautado na lógica reprodutivista, colonizante. Identificamos que a PER e a EI se coadunam neste diálogo ambiental e popular na formação de educadoras capazes do enfrentamento desse contexto atual. As mudanças foram transformações vitais que tocaram fundo no coração de todas as envolvidas. Palavras-chave: formação docente; perspectiva eco-relacional; educação intercultural. *AN5 TÍTULO ESSE AR DEIXOU MINHAS VISTAS CANSADAS, NADA DE MAIS... UM TRINÔMIO IMPERATIVO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E QUALIDADE DO AR AUTOR NOBREGA, Michelle Rodrigues – UFPel O presente ensaio propõe-se a discutir a qualidade do ar no Brasil e a importância da Educação Ambiental, enfocando a cidadania, ou seja, que todos temos direito a um ambiente saudável, despoluído. A premissa deste ensaio é mostrar que a Educação Ambiental é um componente importante na construção de um novo sentido de cidadania, e a qualidade do ar que respiraremos no futuro, a qual será resultante, também, do projeto de sociedade que a Educação contribui para seu fortalecimento. Isto, visto que os problemas ambientais são subsídios à prática da cidadania. Além disso, cabe aqui também, a discussão quanto ao acesso à informação, como direto do cidadão e conseqüente prática da cidadania, juntamente com a construção e fortalecimento de uma sociedade democrática e ambientalmente justa, reinterpretando os ideais 'liberdade, igualdade e solidariedade'. Sendo a Educação Ambiental um importante componente neste processo, na busca da sustentabilidade ambiental. Palavras-chave: educação ambiental; poluição do ar; cidadania; qualidade do ar. *AN6 TÍTULO NARRANDO (RE)EXISTÊNCIAS: A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NA CONSTITUIÇÃO DE PROFESSORES EDUCADORES AMBIENTAIS AUTOR CUPELLI, Rodrigo Launikas – FURG; GALIAZZI, Maria do Carmo – FURG Apostamos que a pesquisa em Educação Ambiental na formação de professores possa produzir um conhecimento-emancipação que a solidariedade como um de seus pilares. A solidariedade é um tipo de saber que se conquista sobre o colonialismo, onde buscamos um (re)conhecimento do/no outro. Dessa forma, encontramos na abordagem da pesquisa narrativa algumas diretrizes tanto metodológicas como de produção de sentidos para fortalecimento de nossa comunidade de professores educadores ambientais. Partindo de (auto) relatos (orais e escritos) que explicitam identidades, pudemos perceber e problematizar os gêneros nos quais nos narramos e, a partir daí, construir histórias (narrativas ficcionais) visando um leitor-professor. Além dos (auto) relatos dos professores, contamos também, para a produção das narrativas ficcionais, com o aprofundamento teórico do conceito de resistência, pensado não como um limite do outro, mas como um movimento relacional de constituição dos sujeitos, uma (re)existência. Palavras-chave: pesquisa narrativa; formação de professores; resistência constitutiva; educação ambiental. 90 *AN7 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO AMAZONAS: A PRODUÇÃO DISCENTE NOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO E AS POSSIBILIDADES DA PESQUISA NO ENFOQUE CRÍTICO-EMANCIPATÓRIO AUTOR PLANTAMURA, Vitangelo – UNINILTON LINS O artigo objetiva analisar a produção discente através da produção de teses edissertações no período 1987-2006 no estado do Amazonas, enfatizando as preocupações com desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, meio ambiente e educação ambiental. Os resultados aqui apresentados são parte de um projeto maior destinado a elaborar uma proposta teóricometodológica de avaliação da pesquisa no Amazonas com base no conceito de sustentabilidade alicerçado na pedagogia crítica O Estado do Amazonas é um dos terrenos privilegiados das grandes discussões ambientais, possuindo em seu território 97% de floresta nativa preservada e uma população de 2.813.085 habitantes, distribuída em 62 municípios (BRASIL, 2000). Com o avanço da fronteira agrícola, o aumento da pressão sobre o ambiente natural e a constante preocupação com o uso dos recursos naturais da floresta, o tema sustentabilidade na Amazônia tem constantemente sido discutido. Deste modo, com vistas ao desenvolvimento sustentável da região, órgãos governamentais de fomento à produção científica vêm alocando recursos substanciais para a implantação e manutenção de pesquisas e pós-graduação. Que pesquisa vêm sendo produzida? Nosso pressuposto básico assume uma racionalidade crítico-emancipatória que articule natureza, técnica e cultura. Não se trata apenas de discutir bases conservacionistas ou mercadológicas da natureza: trata-se de colocar em jogo o próprio processo civilizatório. Justiça social, qualidade de vida, ruptura com o atual modelo de desenvolvimento representam metas com as quais a pesquisa deve assumir compromissos. Neste contexto, o Brasil e, conseqüentemente o Estado do Amazonas, precisam formar pesquisadores e professores compromissados com o desenvolvimento social do país. É necessário reavaliar os critérios de acompanhamento e avaliação na pesquisa e na pós-graduação. A avaliação, concomitantemente com o mérito científico, necessita encontrar novos indicadores para sua aferição (Dantas, 2004). Este compromisso inicial nos leva a questionar até que ponto o produto intelectual da pesquisa e da pós-graduação no Amazonas está contribuindo para a redução das desigualdades sociais, para a melhoria da qualidade de vida da população e para o desenvolvimento socioeconômico do país. *AN8 TÍTULO A GESTÃO DESCENTRALIZADA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN: PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA AUTOR BATISTA, Maria do Socorro da Silva – UERN; FRANÇA, Magna – UFRN O trabalho é parte de uma pesquisa desenvolvida com o objetivo de analisar a proposta e a gestão do Programa Municipal de Educação Ambiental de Mossoró/RN, implementado através dos Núcleos de Educação Ambiental (NEAs). As reflexões apresentadas foram formuladas a partir de análise de documentos que explicitam as diretrizes políticas para a educação ambiental; revisão bibliográfica que discute as políticas educacionais de modo geral e a educação ambiental em particular; entrevista semi-estruturada realizada junto aos gestores e educadores da rede municipal de ensino do município citado. O estudo demonstrou que a participação democrática proposta, não tem se efetivado plenamente no cotidiano da educação ambiental de Mossoró, uma vez que as escolas e a comunidade são chamadas para a execução das ações formuladas no âmbito da gestão municipal. Com isto, consolida-se um processo de desconcentração das ações e não uma descentralização administrativa, financeira e pedagógica, historicamente reivindicada na educação pelos setores progressistas. Palavras-chave: políticas de educação ambiental; gestão descentralizada; participação; autonomia. *AN9 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMADORA DE CIDADANIA EM PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA: CONSTITUIÇÃO DE UMA PROPOSTA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES MANZOCHI, Lúcia Helena – UNESP; CARVALHO, Luiz Marcelo de – UNESP AUTOR Resumo Este trabalho explora possibilidades abertas pelos campos teórico-metodológicos de “conflito socioambiental” e de “educação moral” para a constituição de uma proposta teórico-metodológica de formação continuada de professores. Trata-se de reflexão teórica aliada à análise de uma experiência de intervenção anteriormente realizada e se insere nas abordagens naturalísticoqualitativas de pesquisa. As análises realizadas forneceram indícios de que os subsídios daqueles campos podem apoiar a construção, pelos educadores, de entendimentos relevantes à nossa perspectiva de EA e podem subsidiá-los na criação autônoma de novas práticas pedagógicas. Os trabalhos levaram à formulação de uma proposta teórico-metodológica de formação em que se prepara os educadores por meio da utilização de estudos de casos locais/regionais de conflito socioambiental e dos recursos metodológicos (RMs) da educação moral para criação de atividades para sala de aula. Palavraschave: formação continuada professores; conflito socioambiental e educação ambiental; educação moral e educação ambiental; educação para cidadania. *AN10 TÍTULO ENUNCIAÇÕES DAS NARRATIVAS SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE SUJEITOS PRATICANTES AUTOR TRISTÃO, Martha – UFES Essa pesquisa insere-se no movimento da Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA), que vem estimulando a organização das redes estaduais e a realização de diagnóstico local. A intenção dessa etapa é ir além de um diagnóstico da realidade local, é compreender as iniciativas e algumas problemáticas enunciadas sobre a Educação Ambiental, bem como os provérbios ou outros discursos que deixam marcas nos processos de construção das narrativas. Dentre os objetivos, destaca-se a identificação do perfil dos educadores/as que promovem a Educação Ambiental, em seus contextos de atuação, seus temas, estratégias, potencialidades e desafios que se configuram em suas experiências por meio da realização de entrevistas coletivas. O intuito foi o de compreender as narrativas, expressas nos repertórios dos sujeitos praticantes e participantes, a interpretação mesma do relato da experiência, dos modos como esses educadores atribuem sentido à Educação Ambiental e formam identidades. Compreender os eventos humanos por meio das suas narrativas, em seus contextos, de forma a deixar espaço interpretativo e de reflexão para ações futuras. Palavras-chave: sujeitos praticantes; perfil; identidades; narrativas. 91 *AN11 TÍTULO IMAGENS E INTERPRETAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR SILVA, Rosana Louro Ferreira – USP O presente trabalho refere-se a uma pesquisa empírica, de caráter qualitativo, que teve como objeto de estudo as imagens de capas de revistas de grande circulação, associadas à questão ambiental. Os objetivos principais que nortearam a investigação foram: identificar as concepções da questão ambiental presentes nas imagens das capas de revistas de grande circulação, verificar de que forma os professores em formação interpretam, re-significam e se apropriam das mensagens transmitidas pelas imagens e realizar uma pesquisa-ação da utilização das mesmas em um processo de leitura crítica de imagens na formação docente. A análise das imagens identificou uma preponderância da concepção pragmática da questão ambiental, bem como uma representação antropocêntrica. A pesquisa-ação se orientou pela perspectiva de uma pedagogia crítica da educação ambiental e identificou que o processo interpretativo de imagens na escola poderia possibilitar uma ferramenta a mais na construção da cidadania, formando observadores menos ingênuos e mais críticos diante das imagens que se deparam na vida cotidiana, em especial as associadas à questão ambiental. Palavras-chave: imagens; interpretação; análise crítica. *AN12 TÍTULO TRAJETÓRIAS EM FORMAÇÃO DOCENTE: DA QUÍMICA VERDE À AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR AUTOR ZUIN, Vânia Gomes – UFSCar Neste trabalho propomos uma reflexão acerca da incorporação da dimensão ambiental à formação docente, para além dos princípios da emergente filosofia conhecida como Química Verde, a qual começa a ganhar cada vez mais espaço nas instituições de ensino superior brasileiras. Acreditamos que uma educação ambiental crítica e emancipatória impliquem em repensar, coletivamente, o currículo proposto e o praticado, de forma horizontalizada, por meio da discussão das complexas problemáticas socioambientais atuais (marcadas por profundas modificações sociais, notadamente associadas às novas definições no campo da ciência e tecnologia) e da apropriação de uma visão epistemológica contemporânea com relação à produção do conhecimento e empreendimento tecnocientífico, em oposição à concepção empirista-indutivista tradicional, ou seja, um processo cotidiano de reconstrução dialógica, que contemple aspectos fundamentais como visão sistêmica, complexidade, transdisciplinariedade, flexibilidade e sensibilidade. Palavras-chave: formação de professoras(es); química verde; educação ambiental; ambientalização curricular. 92 ANEXO III V - 2004 ANPEDSUL VI - 2006 VII - 2008 V ANPED SUL - 2004 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED SUL 2004 – AS *AS1 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO PARA A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA DA SUSTENTABILIDADE CONSIDERANDO AS RELAÇÕES DE GÊNERO AUTOR SCHLEE, Renata Lobato; MACHADO, Cimara Corrêa; DUTRA, Mara Rejane Osório Fundação Universidade do Rio Grande – FURG Educação Ambiental Com a implementação do Programa de política pública Coletivos de Trabalho na Colônia de Pescadores Z3 / Pelotas / RGS, envolvendo 150 trabalhadoras estabeleceu-se um fórum de diálogos e ações que proporcionaram a problematização e construção de alternativas emergentes e estratégicas no que tange ao re-dimensionamento das relações inter-pessoais e com o ambiente propriamente dito.Junto a instituição 8 de Março, desenvolvemos a execução do programa que apresentava momentos de formação, qualificação, geração emergencial de renda, e organização de empreendimentos solidários. Nesta apresentação nos limitamos ao relato da importância da Educação Ambiental na problematização das relações subjetivas, sociais e ambientais, enfatizando as relações de gênero. Palavras Chaves: educação ambiental; gênero; sustentabilidade; ética; coletivo de trabalho. *AS2 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A TEORIA SÓCIO-INTERACIONISTA: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE MORRO DA FUMAÇA/SC AUTOR MACCARI, Idê Maria Salvan ; MARCOMIN, Fátima Elizabeti - Universidade do Sul de Santa Catarina/UNISUL Educação Ambiental A pesquisa foi desenvolvida junto a 29 professores, de escolas de educação básica, do Município de Morro da Fumaça. O estudo busca avaliar o entendimento do professor quanto ao que é educação ambiental-EA, como a mesma vem sendo desenvolvida no contexto escolar, se contempla os objetivos e princípios de EA e se apresenta relação com a teoria de construção de conhecimento sócio-interacionista. A coleta dos dados se deu por meio de entrevista, por ser um instrumento que permite esclarecimentos em relação ao significado das perguntas e respostas. Constatou-se que cinqüenta por cento das escolas envolvidas percebe EA como educação que visa a preservação de espaços geográficos, dissociados de contexto geral, deixando de contemplar os principais objetivos e princípios de EA, bem como a interdisciplinaridade como forma de eliminar o hiato existente entre o meio ambiente ecológico, o meio ambiente social e os fatores que interferem sobre os mesmos. Tal concepção não apresenta relação com a teoria sócio-interacionista, que privilegia o conhecimento de forma integrada e contextualizada, permitindo ao aluno conhecer, analisar e discutir a realidade presente, as causas e conseqüências dos fatos. O presente trabalho constitui-se parte da dissertação de mestrado em andamento. Palavras-chaves: construção de conhecimento, educação ambiental. *AS3 TÍTULO AUTOR A produção discursiva da Educação Ambiental na escola DUTRA, Mara Rejane Osório ; GARCIA, Maria Manuela Alves - Universidade FPel Educação Ambiental No trabalho de pesquisa que desenvolvo tenho como objetivo principal identificar e analisar os discursos que produzem a Educação Ambiental nas escolas municipais de Pelotas. A partir de uma perspectiva pós-estruturalista, mais especificamente de inspiração foucaultiana, entendo os discursos e suas práticas como constituidores da realidade e dos objetos de que falam. O foco do estudo é o discurso dos professores e as práticas que estes discursos produzem. Para tanto, neste momento, tratarei de discursos que foram identificados no processo da pesquisa e das análises realizadas até este momento. A pesquisa vem mostrando que certos discursos, como a conscientização dos alunos, estão vinculados a outros discursos fundadores que constituem o imaginário social e cultural dos indivíduos. Estes discursos foram produzidos diante de relações de poder por diversas psicologias, pedagogias e teorias sociais que se impuseram aos indivíduos e suas práticas. Pretendo aqui propor uma reflexão, um escutar questionador sobre estes discursos e suas implicações para a produção da Educação Ambiental nas escolas. Palavras-chave: educação ambiental, discursos, professores, práticas *AS4 TÍTULO AUTOR O ESTADO DA ARTE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARANÁ LIMA, Anabel de - MEA/FURG; OLIVEIRA, Karina Luiza de - Mater Natura - Instituto De Estudos Ambientais; PERES, Regina S. – NATURA, Mater - Instituto de Estudos Ambientais Educação Ambiental Entre outubro de 2002 à outubro de 2003, a equipe técnica da REASul, promoveu um diagnóstico do estado da arte da Educação Ambiental nos três estados da região sul. Inicialmente realizou um levantamento e seleção de instituições e educadores em 93 banco de dados fornecidos por diversas instituições. Em seguida, foram efetivados contatos via telefone e/ou e-mail e formulários do SIBEA foram enviados pelo Correio ou por endereço eletrônico. Em função desta estratégia não ter sido eficiente, estabeleceu-se como estratégia realizar reuniões presencias em micro-regiões com diferentes grupos de atores sociais e a participação em diversos eventos, afim de buscar a articulação com várias instituições. Esta estratégia revelou-se muito eficiente e oportunizou levantar informações para o diagnóstico. A análise ora realizada diz respeito ao Paraná. Todos os dados foram cadastrados no SIBEA e classificados dentro de diversas categorias. Foram cadastradas 44 instituições; 7 cursos, 150 especialistas/educadores/pesquisadores e 92 atividades. Dentre os especialistas, 43 atuam no Ensino Médio e Fundamental, 41 em Órgãos Governamentais, 31 em ONG/OSCIP e 22 em Universidades. Constatou-se que grande parte destas atividades são realizadas na área urbana (56), estão voltados à conscientização e à sensibilização (77) e o tema mais trabalhados foi a conservação da natureza (71). Palavras-chave: educação ambiental, diagnóstico, Paraná, Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental - REASul, Sistema Brasileiro de Informação sobre Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis - SIBEA. *AS5 TÍTULO AUTOR A CRISE AMBIENTAL E O ENFOQUE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA TERCEIRA IDADE: PRESSUPOSTOS E PROSPECTIVAS MOTA, Laura Leal - FURG-Mestrado em Educação Ambiental Educação Ambiental Este texto objetiva a discussão a respeito da emergência da educação ambiental e os condicionamentos que vem se pautando diante da prática ambientalista. Chegamos ao novo milênio com uma crise ambiental planetária sem precedentes, com riscos a nossa própria sobrevivência em médio prazo.A abordagem propõe, que diante deste imperativo desafio, ninguém fique dispensado, inclusive as pessoas da terceira idade, considerando o novo perfil que apresentam e o novo enfoque que a sociedade tem dado à velhice. Palavras-chave: crise ambiental, educação ambiental, reação antropocêntrica, terceira idade. *AS6 TÍTULO AUTOR ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação Ambiental O presente artigo discute aspectos epistemológicos da Educação Ambiental no contexto escolar. A Educação Ambiental tem sido considerada, especialmente nas duas últimas décadas, como uma das atividades essenciais da escola. Especialmente os professores de Ciências e de Geografia têm dedicado uma parte do conteúdo programático que desenvolvem para incluir assuntos que envolvem a problemática ambiental, qualidade de vida, objetivando o desenvolvimento de uma consciência ecológica, culminando com a preservação ambiental. Nas últimas décadas o termo “meio ambiente” vem gerando amplas discussões sendo utilizado para representar diferentes acepções. Neste sentido, pode-se, inicialmente, destacar a caracterização que perpassa em nível de senso-comum no que diz respeito ao meio ambiente, sendo este concebido basicamente sob duas óticas, a saber: a naturalista e a globalizante. A partir da década de 90, influenciados principalmente pela realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio-92, houve uma grande produção de conhecimentos acerca da Educação Ambiental nos programas de pós-graduação em todo o Brasil. Esta produção científica, resultante das dissertações e teses, apresenta enfoques distintos, diretamente influenciados pelos cursos e Instituições nas quais estas pesquisas foram realizadas. A introdução de programas de Educação Ambiental na educação formal é um assunto de destaque entre os educadores e um amplo campo de investigação. Muitas pesquisas, nos níveis de mestrado e doutorado, especialmente na última década, influenciadas principalmente pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, têm dedicado especial atenção às discussões sobre a inserção da Educação Ambiental nos currículos escolares, no que tange aos aspectos metodológicos, epistemológicos, filosóficos e sociológicos. Palavras-chave: Educação Ambiental; Meio Ambiente; Epistemologia. *AS7 TÍTULO AUTOR COMBUSTÃO E SEUS EFEITOS: UM ESTUDO SOBRE CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO TÉCNICO DO CEFET-RS, VISANDO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL FARIAS, Mario Luiz de - CEFET-RS; SANTOS, Arion de Castro Kurtz dos - FURG Educação Ambiental Este trabalho está baseado na pesquisa e dissertação a respeito de concepções de alunos do ensino técnico do Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (CEFET-RS), sobre a combustão e seus efeitos, visando à Educação Ambiental. Os objetivos principais da pesquisa foram: verificar como era o perfil das concepções sobre esse tema; avaliar a contribuição do ensino técnico na formação de tais concepções; estabelecer relação entre as concepções manifestadas e características de concepções levantadas pelo Movimento das Concepções Alternativas (MCA). O instrumento de pesquisa consistiu num questionário com 15 questões, compostas por uma afirmativa para os alunos assumirem um posicionamento, valendo-se de uma escala do tipo Likert, com 5 pontos, e um espaço para comentários. O tratamento dos dados foi realizado através de técnicas quantitativas e qualitativas. Os resultados indicaram variação das concepções sobre categorias relativas ao tema da pesquisa, pois os alunos tinham um perfil de concepções ótimo sobre alguns tópicos, como os malefícios das emissões da combustão para a saúde, e um perfil baixo a respeito de outros, tais como o emprego da combustão, efeito estufa, chuva ácida e possibilidades de evitar os problemas decorrentes da combustão. Existiram diferenças significativas, para = 0,05, do nível das concepções sobre algumas categorias, entre alunos iniciantes e concluintes e entre alunos das áreas profissionais Indústria e Química. Foi constatado que o ensino técnico auxiliou na construção das concepções relativas a alguns tópicos e foram evidenciadas características das concepções alternativas. Palavras-chave: Combustão, concepções, impacto ambiental, Educação Ambiental. *AS8 TÍTULO AUTOR CONSTITUIÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL NO MESTRADO: POSSIBILIDADES E LIMITES FARIAS, Mario Luiz de - CEFET-RS ; GALIAZZI, Maria do Carmo – FURG; FREITAS, José Vicente de - FURG Educação Ambiental 94 Este artigo aborda a contribuição do Mestrado em Educação Ambiental da FURG (MEA) para a constituição de seus egressos em educadores ambientais. Foi elaborado a partir de um exercício de pesquisa qualitativa em uma das disciplinas desse Curso. As informações foram obtidas em entrevistas abertas, realizadas por alunos do MEA, com 10 mestres em Educação Ambiental do próprio Mestrado. Os textos obtidos a partir da transcrição foram unitarizados e categorizados, emergindo três categorias relacionadas com a constituição do educador ambiental: a) a história de vida, em que a trajetória antes de chegar ao Mestrado foi relatada pelos entrevistados; b) Mestrado em Educação Ambiental (MEA), relativa ao tema deste artigo; e, c) Educação Ambiental, contemplando aprendizagens e ações sobre esta temática. A conclusão é de que o MEA contribuiu na constituição dos educadores ambientais por possibilitar a ambientalização do conhecimento profissional dos mestres; transformar a visão de mundo, incluindo nisso uma melhor relação com o meio-ambiente; melhorar a prática docente dos mestres-professores. Foi possível também apontar sugestões de melhorias na estrutura do curso pelos desafios colocados pelos entrevistados, não só para o Curso em questão, mas para outros cursos de pós-graduação. Palavra-chave: Educação Ambiental. *AS9 TÍTULO AUTOR CONSTRUINDO CONCEITOS NO ENSINO MEDIO PARA ATUAR NO AMBIENTE ARAÚJO, Marcia Santiago de; LAURINO, Débora Pereira - FURG – RS Educação Ambiental Este artigo apresenta uma pesquisa qualitativa, com enfoque fenomenológico-hermenêutico, sobre a pequisa-ação de como a aplicação da metodologia pedagógica de projetos de aprendizagem nas atividades da disciplina de Filosofia do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Técnico Industrial Prof. Mário Alquati, na cidade do Rio Grande, RS, proporcionou a realização da Educação Ambiental. Esta pesquisa foi desenvolvida em torno do problema da ambientalização das atividades pedagógicas da disciplina de Filosofia. As atividades pedagógicas da Educação Ambiental devem problematizar as visões de mundo que integram o processo de conhecimento do meio (sentir), a atividade do pensamento que constrói o conhecimento sobre o ambiente (pensar) e as ações que acompanham esse conhecimento (atuar). Os projetos de aprendizagem desenvolvidos como atividade da disciplina de Filosofia promoveram esse “sentir” quando proporcionaram uma ampliação na sensibilização dos discentes sobre seus meio, eles conseguiram promover esse “pensar” quando viabilizaram a construção de conceitos sobre o ambiente e suas interações e eles realizaram o “atuar” quando ações efetivas emergiram durante e a partir de seu desenvolvimento. Assim, essa ferramenta pode ser um caminho para a Educação Ambiental. Palavras-chaves Educação Ambiental, Projetos de Aprendizagem, Ensino Médio, Ambiente. *AS10 TÍTULO DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA REFLEXIVA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE BIOLOGIA E DE GEOGRAFIA: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FATOR INTEGRADOR AUTOR CRISOSTIMO, Ana Lúcia - Departamento de Biologia - UNICENTRO, Guarapuava, Paraná; HAURESKO, Cecília - Departamento de Geografia- CENTRO, Guarapuava, Paraná Educação Ambiental O texto contempla a descrição resumida de um processo de formação inicial e de professores de Ciências Biológicas e de Geografia tendo como eixo norteador a Educação Ambiental sob uma perspectiva interdisciplinar. Analisa, para tanto, um processo educativo desenvolvido por meio da relação universidade-escola ocorrida no ano de 2003 com o objetivo de colaborar para a formação de valores ambientais e de cidadania junto a crianças e jovens de uma comunidade carente na cidade de GuarapuavaPR. Palavras-chave: formação inicial de professores; educação ambiental. *AS11 TÍTULO AUTOR DO DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL AO COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO POPULAR FISCHER, Nilton Bueno - PPG/EDU – UFRGS Educação Ambiental As relações entre educação popular e educação ambiental oferecem importantes contribuições para o campo da ‘reflexividade’ dos agentes de mediação (pesquisadores, educadores, assessores, entre outros) na suas interações com as classes populares. Na combinação entre os tempos internos e os tempos sociais, desses atores sociais, é possível a construção de projetos inovadores nas práticas desses dois campos do conhecimento. A importância da pesquisa de campo oferece um caminho indispensável para a não rotulação dos saberes populares bem como na imposição de categorias de análise feitas ‘sobre’ esses segmentos. Na prática de educação popular, com homens e mulheres recicladores, na periferia da cidade de Porto Alegre/RS, encontramos argumentos suficientes para algumas aprendizagens e aproximações com as contribuições de Brandão, Unger, Melucci e Freire. Palavras-chave: Educação Popular - Educação Ambiental - Tempos Interno e Social - Escuta densa – Reflexividade *AS12 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: O VIÉS INTERDISCIPLINAR SOUZA, Moacir Langoni de ; GALIAZZI, Maria do Carmo - FURG / MEA [email protected] / mailto:[email protected]/ Educação Ambiental Apresentamos a investigação de um processo articulado no contexto das ações em Educação Ambiental num coletivo de professores em turmas de 6º série numa escola do Rio Grande – RS. Na compreensão dessas vivências pretendeu-se encontrar indicadores de como e em que medida essas ações podem apontar limites e caminhos para a Educação Ambiental na Escola, numa perspectiva interdisciplinar. O foco do texto, portanto é a interdisciplinaridade, identificada com as práticas em Educação Ambiental por meio de princípios básicos comuns como respeito ao outro, parceria, diálogo e cooperação. Dessa realidade complexa, interessou nos investigar suas faces qualitativas. O fato dos professores explicitarem os conteúdos apenas na perspectiva de fatos e conceitos foi um dos limites percebidos, à medida que contribui para legitimar fronteiras disciplinares e 95 dificultar parcerias, além de reforçar o mito da questão ambiental “pertencer” ao âmbito de determinadas disciplinas. Contudo, observamos que, se por um lado a percepção dos conteúdos apenas nessa perspectiva pode contribuir para reforçar fronteiras nas disciplinas e dificultar a articulação de ações interdisciplinares, por outro, a explicitação de objetivos comuns que avançam em aspectos procedimentais e atitudinais, embora evidencie essa percepção, também aponta para intencionalidades que enuem saberes e favorecem a interdisciplinaridade. Essa possibilidade é significativa do ponto de vista da Educação Ambiental, permeada intensamente por ações nos campos dos valores, da ética, das atitudes e procedimentos. As vivências do trabalho integrado e parceiro favorecendo a percepção desses valores, ideologias e interesses presentes nas questões sociais e culturais, apontam para a possibilidade da construção de caminhos coletivos. Palavras-chave: até cinco Educação Ambiental, Escola, Interdisciplinaridade. *AS13 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA REPRESENTAÇÃO DE DOCENTES NO VALE DO ITAJAÍ – SC GUERRA, Antônio Fernando Silveira ; TAGLIEBER, José Erno; MARENZI, Rosemeri Carvalho; NETO, João Moya; LIMA, Maria Beatriz A. de ; ROCHA, Marialva Teixeira; ZANONI, Rosimari – UNIVALI – PPG Mestrado em Educação – Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade (GEEAS) – [email protected] Educação Ambiental O presente estudo apresenta os resultados do Projeto Diagnóstico de Educação e Percepção Ambiental nas práticas educativas dos docentes de sete municípios da mesorregião do Vale do Itajaí, identificando representações sobre meio ambiente, educação ambiental e percepção da problemática ambiental local e regional. Os dados foram levantados a partir de um questionário aplicados a 134 docentes de 50 escolas, no qual se buscou identificar e reconhecer percepções e representações sociais do mundo e do meio ambiente em que esses docentes estão inseridos. Os dados revelam representações naturalistas e que as atividades de Educação Ambiental (EA) realizadas na maioria das escolas são realizadas de modo pontual (datas ecológicas) e de forma fragmentada, com pequeno envolvimento comunitário. No discurso dos docentes sentiu-se a falta de uma clareza conceitual epistemológica relativos a concepções de interdisciplinaridade e transversalidade dos conteúdos e de conceitos relacionados com EA e uma confusão sobre concepções nas práticas pedagógicas. Os dados mostram ainda o desconhecimento dos fatores históricos, econômicos, políticos e culturais da situação atual da problemática ambiental na região. No entanto, foram identificados esforços de implementação de projetos de sensibilização ambiental nas escolas por algumas secretarias municipais de educação e no meio ambiente e fundações. Palavras-chave: Formação docente, currículo, dimensão ambiental, educação ambiental. *AS14 TÍTULO AUTOR INTERAÇÃO, COOPERAÇÃO E COMUNICAÇÃO: ATRATORES NA CONSTRUÇÃO DO MATHEMOLHES RODRIGUES, Sheyla Costa – FURG; LAURINO, Débora Pereira – FURG Educação Ambiental O Mathemolhes é um espaço virtual de aprendizagens (AVA) matemáticas e ambientais, constituindo-se em um ambiente educativo voltado para sujeitos interessados nessas questões, oportunizando a criação de uma comunidade virtual comprometida com sua própria aprendizagem. Este trabalho objetivou salientar os modos de estruturação da construção desse AVA pela análise dos atratores que dele emergiram, descrevendo a experiência vivenciada, identificando, explicitando e discutindo os atratores e a relação entre eles. A criação do AVA Mathemolhes foi permeada por três dimensões: a construção dos desafios, do design e das ferramentas computacionais. Em cada dimensão os atratores contextualização, comunicação e cooperação estiveram presentes de forma dinâmica e interativa. O Mathemolhes constitui-se em uma comunidade ativa desde seu processo de desenvolvimento, criando dinâmicas próprias de funcionamento, em um movimento oscilatório e complexo de relações. Palavras-Chaves: ambiente virtual de aprendizagem, atratores, educação ambiental, matemática. *AS15 TÍTULO AUTOR METAMORFOSEANDO-SE EM PESQUISADOR / A MACHADO, Cimara Corrêa; ALBERNAZ, Roselaine Machado ; FREITAS, José Vicente; GALLIAZI, Maria do Carmo - Fundação Universidade do Rio Grande – FURG Educação Ambiental O presente texto tem o objetivo de abordar o processo de construção das etapas de categorização realizado num trabalho coletivo da disciplina de Análise Qualitativa de Informações Discursivas. Inicialmente será relatado as diversas etapas da pesquisa feita pelos/as mestrandos/as matriculados nessa disciplina do Curso de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Fundação Universidade do Rio Grande (FURG), após iremos descrever, a partir das subunidades, a construção da categoria que trata dos sentimentos dos/as mestrandos/as frente à qualificação de seus projetos. Por último, faremos algumas considerações sobre o trabalho, relacionando com a metodologia utilizada. Palavras-chave: Pesquisa Qualitativa - Sentimentos - Paradigma Educação Ambiental. *AS16 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A FORMULAÇÃO DE UM CONCEITO OPERACIONAL PARA PENSAR O TEMA DAS ECOTOPIAS NA AMÉRICA LATINA FREITAS, Ieda Maria Duval de - 18ª C.R.E / SE / RS; FREITAS, José Vicente de - MEA/FURG Educação Ambiental O presente trabalho busca delinear um conceito operacional de Educação Ambiental a partir de uma revisão do próprio processo de constituição da EA enquanto movimento. Designamos por operacional o desenho de um conceito com significado próprio, vinculado as pesquisas que desenvolvemos sobre os projetos de vida alternativa que surgiram na América Latina inspirados na perspectiva ecoutópica. O conceito delineado constitui-se numa referência para refletirmos sobre as propostas de Educação 96 Ambiental construídas no âmbito dessas experiências de vida alternativa. Palavras-Chave: Educação Ambiental; Vida Alternativa; Novos Movimentos Sociais; Ecotopias; América latina. *AS17 TÍTULO MODELAGEM MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES AUTOR CALDEIRA, Ademir Donizeti - Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática - Universidade Federal do Paraná - [email protected] <mailto:[email protected]> Educação Ambiental Os resultados aqui apresentados são decorrentes de um trabalho realizado juntamente com uma professora do Ensino Médio e seus alunos do curso noturno de uma escola de periferia da cidade de Campinas-SP. Tal trabalho encontra-se na interface da educação matemática e da educação ambiental usando a modelagem matemática como a estratégia da ação pedagógica. O objetivo do trabalho foi acompanhar a professora na sua prática de sala de aula e identificar as suas impressões após o trabalho de Modelagem Matemática e suas relações com a Educação Ambiental. Palavras chaves: educação matemática, educação ambiental, matemática, modelagem. *AS18 TÍTULO O DELINEAMENTO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO: CONSTRUÇÕES E REFLEXÕES AUTOR ALANIZ, Cleusa de Ávila - Aluna do Mestrado de Educação Ambiental – FURG [email protected] <mailto:[email protected]> Educação Ambiental Este artigo origina-se de uma pesquisa coletiva realizada no Programa de Pós-graduação: Mestrado de Educação Ambiental da Fundação Universidade do Rio Grande, na disciplina de Análise Qualitativa de Informações Discursivas. Tem por objetivo o entendimento de alguns fundamentos que norteiam a construção e elaboração do projeto de pesquisa a partir das pegadas dos mestrandos deste programa que qualificaram seus projetos de dissertação. O enfoque deste artigo destaca o delineamento do projeto: o caminho da construção, estrutura e diálogo teórico-metodológico entre os saberes construídos pelos mestrandos pesquisados e o legado construído por alguns estudiosos deste tema. Palavras-chave: pesquisa qualitativa - educação ambiental - projeto de dissertação - construção coletiva *AS19 TÍTULO AUTOR O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL ANELLO, Lucia de Fátima Socoowski de - MEA/FURG Educação Ambiental Controle público e participação da cidadania são os temas centrais desta análise. No processo de licenciamento, é onde acontece o controle ambiental sobre as atividades poluidoras. Identificar o espaço da educação ambiental e do profissional da educação é o objetivo deste trabalho. Referenciado na regulamentação legal do processo de licenciamento e na experiência profissional como Gerente Regional da Fundação Estadual de Proteção Ambiental - órgão estadual de meio ambiente do Rio Grande do Sul. Para tanto analisamos cada momento do processo de licenciamento em suas diversas fases, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, na perspectiva da cidadania, do sujeito da educação ambiental e do espaço da educação e do profissional da educação. Também salientamos que este tema e objeto são fruto do projeto de pesquisa para elaboração da dissertação do Mestrado em Educação Ambiental da FURG, concluído em dezembro de 2002. Palavras-chaves: Licenciamento, ambiente, educação ambiental e cidadania. *AS20 TÍTULO AUTOR O SABER AMBIENTAL E O POSICIONAMENTO DO SUJEITO ANTE A PESQUISA RUSCHEINSKY, Aloísio - MEA - FURG Educação Ambiental O objetivo de realizar uma investigação a respeito da construção do conhecimento e que leve em conta o nexo entre o cientista e seu objeto de pesquisa. A reflexão pretende dar conta do que o autor entende como perspectiva freireana para o relacionamento entre pesquisa e objeto, ou a superação da dicotomia. Ainda mais, admite-se como elementar que a visão expressa se assenta num enfoque determinado pela perspectiva da mudança social e da inovação institucional. Ora, a questão ambiental exige um posicionamento aberto, dinâmico e inovador diante da pesquisa e da busca do saber ambiental. O destaque a ser dado ao saber ambiental suscita novas interrogações à investigação especialmente na dimensão do diálogo entre saberes. A construção da pesquisa ambiental demanda a transformação dos paradigmas metodológicos da produção de conhecimentos, incorporando o diálogo, a integração de saberes no tratamento de problemas socioambientais. Palavras-chave: pesquisa, educação ambiental, cultura, sujeitos, ciências sociais *AS21 TÍTULO AUTOR RETIRANDO VÉUS: PAPEL DA ORIENTAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO VASQUES, Carla de Lima ; JULIANO, Maria Cristina Carvalho ; FREITAS, José Vicente de ; GALLIAZZI, Maria do Carmo - Fundação Universidade de Rio Grande - FURG / CAPES Educação Ambiental O artigo busca apresentar, a partir de entrevistas com mestrandos de Educação Ambiental da FURG, que qualificaram seus projetos de dissertação no ano 2003, qual o papel da orientação na elaboração destes. Esse trabalho é parte de uma pesquisa coletiva realizada na disciplina de Análise Qualitativa de Informações Discursivas. Buscamos, através da análise, descrição e interpretação das categorias, que emergiram das vozes dos mestrandos, traçar um caminho pelo qual a orientação possa possibilitar o desvelamento das etapas que conduzem à construção dos projetos de dissertação. Palavras-chave: pesquisa qualitativa, papel da orientação, projeto de dissertação, educação ambiental. 97 *AS22 TÍTULO UMA DISCUSSÃO SOBRE O CAMINHO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR SILVA, Flávia Biondo da - Universidade de Passo Fundo Educação Ambiental O papel da educação está sendo discutido mundialmente, pois as tendências conflituosas da sociedade trazem a tona este questionamento. Bem como a sustentabilidade do planeta discutida nas últimas décadas, trazem várias linhas de pensamentos que dificultam a permanência de princípios firmados nas grandes conferências mundiais de educação ambiental. Este trabalho busca resgatar alguns caminhos percorridos pela educação ambiental, relatando e discutindo, principalmente as conferências internacionais de Estocolmo (1972), de Tbilisi (1977) e de Rio de Janeiro (1992) e questionando a proposta de Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU proposta em dezembro 2002, logo apos a Conferência do Meio Ambiente e Desenvolvimento de Joanesburgo (Rio + 10). Trabalha alguns conceitos que delineiam a visão da educação e que abrem espaço para uma discussão de qual é o papel da educação na sociedade e como a educação ambiental está inserida neste contexto. Sendo que o mundo é formado de relações, sejam elas ecológicas ou ambientais, a educação tem papel fundamental de resgatar e melhorar a dinâmica das relações planetárias. Palavras Chaves: Educação ambiental; ecologia; educação; meio ambiente; desenvolvimento. VI ANPED SUL - 2006 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED SUL 2006 – AS *AS1 TÍTULO AUTOR A "ESCRITURA" DO MUNDO EM OCTÁVIO PAZ: UMA ALTERNATIVA PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL BARCELOS, Valdo-UFSM ET Educação Ambiental Esta pesquisa foi financiada pelo CNPq. Meu objetivo foi fazer uma aproximação entre a metáfora paziana do texto literário como "representação do mundo", como "metáfora da realidade", e uma proposta pedagógica de EA, onde um determinado problema ecológico é "interpretado" como um texto. Para o desenvolvimento desta pesquisa tomei como referencial de análise dos textos do poeta e ensaísta mexicano Octávio Paz (1914-1998) a Teoria das Representações Socais de origem moscoviciana. Algumas conclusões desta pesquisa: Essa proposta evita que repitamos o paradoxo tão freqüentemente encontrado nas iniciativas de EA onde se trata de tudo menos da presença do ser humano; Partimos de uma idéia de entrecruzamento entre história/ambiente/cultura num mesmo complexo bio-psíquico; Estaríamos referendando a idéia de que nossa história passada se confunde com a história das crises ambientais; Daríamos crédito à idéia de, juntamente com as denúncias, fazer-se uma sincera autocrítica; Estaremos diminuindo as dificuldades para a realização da EA na escola, decorrentes da rigidez das estruturas curriculares; Procurando descrever um problema ecológico, a reflexão sobre ele nos coloca em um caminho de auto conhecimento, possibilitando assumir nossa parcela de responsabilidade sobre o que estamos analisando; A idéia de buscar que cada pessoa envolvida com o problema ecológico o descreva, ao mesmo tempo em que nos possibilita uma "interpretação" que contemple a subjetividade individual, abre espaços para a manifestação de outras formas de conhecimento que não apenas o científico; o diálogo sobre um problema ecológico apresenta também a possibilidade importante de tornarmos visíveis, através das diferentes interpretações e representações de cada participante, as contradições, oposições e conflitos inerentes aos processos que envolvem a vida das pessoas em seu meio; a idéia de tomar-se o texto como fonte para o estudo das QE é que estaremos rompendo com a idéia de que só se pode fazer EA nos espaços extra-sala de aula. Palavras-Chave: Educação Ambiental Escritura do Mundo Octávio Paz *AS2 TÍTULO A CULTURA CONSUMISTA PRODUZINDO IDENTIDADES ADOLESCENTES AUTOR ET QUADRADO, Raquel Pereira - PPGEA/FURG; RIBEIRO, Paula Regina Costa - PPGEA/FURG Educação Ambiental Resumo O presente trabalho refere-se à pesquisa realizada no Mestrado em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, na qual investigamos como a cultura de consumo vem interpelando os/as adolescentes e inscrevendo-se em seus corpos. No estudo, estabelecemos conexões com os Estudos Culturais em suas vertentes pós-estruturalistas, utilizando a metodologia de investigação narrativa e nos valendo da técnica de grupo focal para coleta de dados. A adolescência é abordada aqui como uma construção discursiva originada a partir de diversos campos disciplinares, como a biologia, a psicologia e a sociologia, que propuseram como pensar, viver e olhar esse processo. Essa produção discursiva adquire visibilidade nos corpos, entendidos como produções híbridas biológicas, históricas e culturais. O consumo é uma prática cultural que organiza e regula nossas condutas, tendo efeitos sobre os corpos, inscrevendo-os, produzindo identidades, determinando modos de ser e estabelecendo padrões de beleza, de "normalidade" e de pertencimento. Neste artigo, apresentamos alguns dados e análises resultantes dessa investigação. Palavras-chave: adolescentes corpos consumo identidades. *AS3 TÍTULO AUTOR A EDUÇÃO AMBIENTAL CONTEXTUALIZADA EM UM AMBIENTE VIRTUAL NOVELLO, Tanise Paula ; LAURINO, Débora Pereira; RODRIGUES, Sheyla Costa ET Educação Ambiental 98 Esse artigo é resultante de uma pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e tem como intuito identificar as diferentes instâncias da Educação Ambiental percebida pelos professores que interagiram no Ambiente Virtual de Aprendizagem Mathemolhes. O Mathemolhes ilustra uma realidade físico-local-real Praia do Cassino/RS intencionalmente vinculada a questões matemáticas e ambientais, na forma de desafios contextualizados, instigando seus habitantes e visitantes a apontar soluções aos questionamentos propostos. Inicialmente, será descrito o ambiente, indicando as possibilidades de interação e como a Educação Ambiental (EA) foi contextualizada. A seguir será mostrado que dimensões de EA foram percebidas pelos sujeitos que interagiram no ambiente. A análise dessas interações foi realizada por meio de um diálogo entre as falas dos sujeitos e as concepções teóricas de autores vinculados a EA. As discussões ressaltam a importância de trabalhar as questões ambientais no contexto virtual transversalizadas no currículo escolar, extrapolando a visão naturalista da educação ambiental, englobando aspectos sociais, culturais e políticos. Por fim, são apresentadas algumas considerações e possibilidades de trabalhar as questões ambientais de forma integrada e ampla. Palavras-Chave: ambiente virtual, educação ambiental, interação. *AS4 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA E A FORMAÇÃO DE EDUCADORES AUTOR CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato ET Educação Ambiental O texto sintetiza resultados de pesquisas acadêmicas conduzidas entre 2003-05, com alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação do Setor de Educação da UFPR e do Curso de Especialização em Educação Ambiental, junto ao Curso de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento, da mesma universidade. O foco da análise interpretativa desses resultados é o problema da formação dos educadores na área de EA, com base em um recorte diagnóstico da realidade escolar no nível do ensino fundamental. A partir dos entendimentos de meio ambiente e EA, pelos sujeitos envolvidos nas pesquisas, foi enfocada sua prática educativa, em conexão com a dimensão ambiental da educação escolar: ficou evidenciada a parcialidade conceitual dos entendimentos de meio ambiente e EA, bem como caracterizada a deficiência do tratamento dos conteúdos ambientais nesse nível de ensino. As considerações levantam possibilidades e questões implicadas na superação dos problemas diagnosticados, sob o pressuposto da reconhecida urgência da EA escolar e, por conseqüência, também de uma criteriosa formação dos educadores de hoje ademais, na perspectiva de uma reconcepção da própria escola. Palavras-chave: formação ambiental de educadores, ensino fundamental, diagnóstico da prática escolar. *AS5 TÍTULO AS CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA BUSCA PELA SUSTENTABILIDADE AUTOR PECIAR, Paola ET Educação Ambiental Este estudo objetiva salientar a importância da Educação Ambiental como ferramenta para o desenvolvimento e a consolidação do Turismo Sustentável. A atividade do turismo quando mal planejada, poderá causar grandes danos ao espaço e às populações locais. Em função desse caráter predatório da atividade, observada principalmente na superlotação de espaços turísticos, é que surgem preocupações relacionadas com a relação entre o turismo e os espaços naturais. Para tanto, são discutidas as interrelações entre a educação ambiental e, o desenvolvimento sustentável, a atividade turística, o segmento específico do ecoturismo , e por último o ensino superior dos profissionais do turismo. As análises e discussões realizadas neste trabalho, levaram ao entendimento de que do ponto de vista da Educação Ambiental, não só há que se transformar a percepção dos turistas sobre o ambiente visitado como também faz-se importante a conscientização do turismólogo. Esta conscientização acerca das relações entre o turismo e o meio ambiente, nos cursos de bacharelado em turismo, pode dar-se através dos ensinamentos da educação ambiental em seus currículos e demais atividades acadêmicas. Dessa forma, utilizou-se como metodologia para obtenção de dados desta pesquisa, a analise curricular das 13 instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul que oferecem o curso de bacharelado turismo. Palavras-Chave: Educação Ambiental; Desenvolvimento Sustentável, Turismo. *AS6 TÍTULO CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA FREINET E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO E NA PRÁTICA DOCENTES DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS AUTOR GONZÁLES, Flávia Luciane Pinheiro - Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação AmbientalFURG ET Educação Ambiental Alfabetizar é mais que ensinar a relacionar sons e letras através de códigos de leitura e escrita. Ações diárias exigem do cidadão aprendizagem constante, assim se torna importante compreender o significado deste aprendizado, a função social da leitura e escrita. Além desta compreensão o educando ambientalmente alfabetizado desenvolverá capacidades que darão condições de responder aos questionamentos surgidos mediante problemas cotidianos, através da utilização objetiva de informações provenientes de diversas fontes. Ao considerarmos o aspecto instrumentação criativa da educação em seu contexto emancipatório, vinculamos aprendizagem e criação. Logo, pesquisar surgirá como um dos instrumentos essenciais à Educação Ambiental. A partir de minha formação e prática docente volto meu interesse à Pedagogia Freinet vinculando educação, ambiente e comunicação. Este trabalho é fragmento do estudo "Educação Ambiental na alfabetização: percepções de professoras sobre contribuições da Pedagogia Freinet na formação e na prática docente" e tem como objetivo: As professoras alfabetizadoras identificam na Pedagogia Freinet possibilidades de integração curricular, alfabetização com base na expressão e comunicação, bem como, o enfoque espontâneo de Educação Ambiental? Palavras-chave: alfabetização, Educação Ambiental e Pedagogia Freinet *AS7 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ESCOLA: PROBLEMATIZANDO PRÁTICAS LEITE, Eliane da Silveira Meirelles ; GALIAZZI, Maria do Carmo – Fundação Universidade Federal do Rio Grande ET Educação Ambiental Neste artigo busco analisar a presença da Educação Ambiental na escola investigada em minha pesquisa no Mestrado. 99 Encontrei como limites da Educação Ambiental três pontos, sendo eles a visão de natureza, como sendo algo exterior ao indivíduo; a fragmentação dos conteúdos trabalhados na escola, impedindo assim, uma visão sistêmica e por último, os valores da infância capitalista instituída na escola. Por fim, aponto que esses fatores são indicativos da necessidade e problematização para uma ambientalização da escola, pois esses limites impossibilitam educar as crianças para o presente. Palavras-chave: Educação Ambiental, escola, infância. *AS8 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL FAVORECENDO A AUTONOMIA PROFISSIONAL DOCENTE NA ARTICULAÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SOLIDÁRIAS ALANIZ, Cleusa de Ávila / Mestre em Educação Ambiental/FURG ET Educação Ambiental Este artigo apresenta os resultados da pesquisa por mim realizada no Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal de Rio Grande sob orientação da Profª Drª Nágila Giesta. A investigação buscou desvelar práticas pedagógicas construídas nos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas que contemplam a Educação Ambiental, articulando o currículo escolar e a autonomia docente. A pesquisa desenvolveu-se no período de 2004 a 2005 no município de Rio Grande/RS. Esse estudo apontou princípios fomentadores do processo de construção da autonomia docente e da ambientalização do ensino-educativo no desenvolvimento do currículo . A interpretação dos dados coletados esteve pautada na reflexão teórica de clássicos e contemporâneos que se dedicam ao estudo das questões educacionais e do trabalho docente nos seus aspetos bio-psico-sócio-ambientais. A partir da observação no cotidiano escolar, questionário e entrevistas com professoras reconhecidas pela prática comprometida e postura autônoma frente ao currículo escolar e sua ambientalização foi possível detectar a importância da formação continuada e do estabelecimento de políticas públicas no enfrentamento da incompletude profissional inerente a todo processo educativo que busca qualidade como obrigação moral, compromisso com a comunidade e competência profissional, interligando sabereseco-socio-ambientais. Palavras-chave: Educação Ambiental Autonomia docente Currículo *AS9 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PÓS-GRADUAÇÃO: PARA ALÉM DE UM SONHO, ABREM-SE PORTAS. AUTOR MARCOMIN, F. E. - Programa de Mestrado em Educação UNISUL SC. [email protected] ET Educação Ambiental O presente trabalho se constitui na análise de um projeto de pesquisa desenvolvido junto à disciplina de Educação e Meio Ambiente do programa de Mestrado em Educação. A análise apresentada, diz respeito ao projeto apresentado em 2003 por uma turma de 16 alunos, sendo que destes 19% se propuseram a implementar a proposta de pesquisa ao longo de 2004 e 2005. O grupo definiu etapas de ordem produtiva e interventiva junto a uma turma de licenciatura em Pedagogia, aonde o projeto vem sendo desenvolvido. O que se apresenta aqui é uma análise do processo em Educação Ambiental, enquanto uma das propostas o programa de Mestrado em Educação. Têm-se observado, ao longo do período, uma evolução crescente dos alunos do mestrado na direção de compreender o processo envolvido em EA; compreender aspectos conceituais; tentativa de expandir a relação entre suas áreas de formação e a Educação ambiental; interesse em fazer da EA um foco para suas dissertações de mestrado. Desse processo está emergindo uma dissertação que trata da EA e gestão ambiental na universidade, outra que trata da EA no campo de estágio da licenciatura em Química e uma tentativa de manter, no ensino fundamental, a contextualização da EA no processo de alfabetização. Temas estes traçados pelos próprios mestrandos. Há que se discutir, de forma permanente e intensa, mecanismos, estratégias, abordagens e processos que permitam a construção de uma EA crítica, comprometida com o processo e dotada, não somente de conhecimento, indispensáveis, mas também de sentimentos que produzam um movimento cíclico na direção de uma nova postura diante das questões ambientais no contexto educativo. Apesar das dificuldades encontradas, pelos mestrandos, natural, em função de seu processo de formação, o que mais impressiona é o senso de compromisso, ética e sensibilidade desenvolvido pelo grupo em relação ao seu público alvo. Palavras-chave: Educação ambiental, processo educativo, pós-graduação. *AS10 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO FORMAL DE ADULTOS: Possibilidades a partir de um viés metodológico AUTOR FRANCO, Jussara Botelho; MOLON, Susana Inês - Fundação Universidade Federal do Rio Grande ET Educação Ambiental Este escrito sintetiza percepções de investigações realizadas com os mesmos sujeitos adultos em dois momentos históricos distintos: no ano de 2002 (monografia de conclusão do curso de pedagogia) e no ano de 2005 (dissertação de mestrado em educação ambiental) e traz reflexões sobre a educação ambiental não formal de adultos e sua estreita vinculação com a metodologia que a constitui. O objetivo nesse estudo não foi desenvolver a compreensão de currículo como práxis, como movimento em construção permanente estreitamente ligado a realidade social vivida, apesar de estar ancorado nessa perspectiva. A metodologia utilizada para implementar a educação ambiental de adultos no espaço não formal, no caso, pautouse em uma abordagem histórica e dialética. O que implica em percebê-la não apenas com a visão que usualmente dela se tem restrita a sala de aula e utilizada tão somente para promover a apropriação do conhecimento já construído mas como o processo em si, que constituiu toda a relação em seus aspectos organizacionais, relacionais, ativos, políticos e pedagógicos. Nesse sentido, capaz de produzir significados e sentidos às construções dos sujeitos pesquisados. Na visão apresentada, a metodologia se constituiu em uma totalidade, porém para dar maior visibilidade ao estudo das partes fundamentais que a compõe a opção foi por dividi-la em sete subtemas, entre eles participação e cidadania, recorte aqui enfocado. Palavras chave: educação ambiental não-formal de adultos, metodologia, participação e cidadania. *AS11 TÍTULO AUTOR EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PELOTAS RS. BARZ, CarlosAlberto ; PITANO, Sandro de Castro 100 ET Educação Ambiental As idéias trazidas neste artigo são o resultado de uma pesquisa realizada durante o curso de Licenciatura Plena em Geografia na Universidade Federal de Pelotas - UFPEL. Este trabalho buscou conhecer como o sistema de educação municipal tratava as questões ambientais junto a seus alunos. Para tanto, fez-se necessária a visita junto à duas secretarias municipais, a de Educação (SME) e a de Qualidade Ambiental (SQA), visando colher informações sobre as possíveis ações que estas realizavam acerca do tema em questão. E ainda, perceber a realidade das escolas municipais, conferindo se as ações implementadas surtiram um efeito satisfatório. Buscou-se ainda, observar todo o contexto de inserção da instituição escolar, como localização, clientela, estrutura, ou seja, todo um ambiente em que se dá a educação escolar. Quanto à escolha das instituições de ensino municipais para a realização da pesquisa, optou-se aleatoriamente por cinco, de um universo composto por 66 escolas. Com a impossibilidade de visitar e analisar a todas, procurou-se adotar uma amostra regional. O município foi dividido em áreas, onde a referencia utilizada foi ROSA (1985), que em suas pesquisas denotou que, na configuração da planta de Pelotas, pode-se distinguir quatro áreas, que correspondem aos quatro grandes bairros em que, tradicionalmente, está divida a cidade, e que são o centro, Fragata, Três Vendas e Areal. Portanto, buscou-se analisar uma escola de cada bairro, escolhida sob forma de sorteio. O trabalho ainda logrou perceber como é a atual realidade das escolas rurais, sendo uma escolhida, totalizando em cinco as instituições analisadas. *AS12 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL VERSUS NATUREZA HUMANA AUTOR STRIEDER, Roque / Universidade do Oeste de Santa Catarina - Unoesc ET Educação Ambiental Essa reflexão é uma introdução sumamente compacta diante das transformações educativas e das reconfigurações do conhecimento ensejadas pela ciência, pelo consumismo e pela ótica pragmatista. A espécie humana alcançou uma fase evolutiva inédita na qual os aspectos cognitivo e relacional, da convivialidade humana, se metamorfoseiam com rapidez nunca antes experimentada. Junto às enormes oportunidades de incremento da sociabilidade humana, surgem também novos riscos de discriminação, de desumanização e de destruição ambiental. É importante ressaltar que existe um enorme leque de outros temas importantes relacionados à educação ambiental. Porém como não são salutares os profetas de sonhos exagerados, desejo destacar a relevância, dentro da temática, dos deveres da humanidade como um todo e dos deveres e da responsabilidade de cada um de nós. Educação ambiental exige despir-se do peso imaginário de tarefa impossível, sem desmerecer a perspicácia crítica diante de suas várias entradas. Viver em harmonia com a natureza mostra-se mais difícil do que parece. Da mesma forma como aconselhamos a moralidade, bem mais do que a praticamos, preservação ambiental é algo que preferimos pregar a praticar. Pregar é tido como mais importante do que praticar. Nossos dilemas são apostas contraditórias. Apostamos, simultaneamente no desejo de dispor de mais rodovias e parar a construção de rodovias. Desejamos possuir mais um carro, mas gostaríamos que houvesse menos carros nas ruas e rodovias poluindo o ambiente. Apostamos na possibilidade de ter mais filhos, porém menor crescimento demográfico. Desejamos um desenvolvimento sustentável, mas apostamos no crescimento econômico. Desejamos a preservação ambiental mas apostamos numa estrutura produtiva de produtos agrícolas para a exportação. Continuamos tendo muita dificuldade para entender a condição de inter-dependência ambiental porque realimentamos intensamente a nossa posição antropocêntrica. Diante de pretensões tão complexas e contraditórias, entende-se como de bom alvitre munir-se de algumas cautelas críticas, sem deixar de insinuar pistas alternativas. Escolhemos como problemática: vivemos imersos em tecnologia, porém todo o avanço tecnológico nos deixa um grande problema: como resolver a fraqueza moral da natureza humana? Frente ao questionamento, de reflexões exigentes, a proposta de trabalho é modesta. Inclui informações iniciais para nos situar e projetar novas investigações. O desenvolvimento inclui pequena reflexão sobre a natureza, a questão do antropocentrismo e a denúncia de ecologistas contra entraves teológicos. O entrejogo da ciência e das tecnologias e, no retorno, como possibilidade para uma ética ambiental o imprescindível desejo de cooperação. *AS13 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) ENTRE TRAJETÓRIAS, SABERES E FAZERES AUTOR ARAUJO, Lila Maria Malcorra-PPGE-UFSM; BARCELOS, Valdo-PPGE-GEPEIS-UFSM-Orientador ET Educação Ambiental Esta pesquisa tem origem a partir de dois fatores: a preocupação profissional com os rumos da Educação Ambiental (EA) nas instituições escolares e, um certo mal estar docente gerado pela (in)compreensão, por parte da sociedade em geral, de aspectos conceituais envolvidos nesse campo do saber. Esses fatores evidenciaram-se ao longo de minha experiência pedagógica como educadora na Rede Municipal de Ensino de Santa Maria e como Supervisora Pedagógica do Ensino Fundamental (Séries Finais) dessa rede. Entendemos a escola como lugar privilegiado para discussões e reflexões sobre as problemáticas sociais, dentre as quais situamos a EA. Compreendemos que a essa instituição cabe o papel de refletir sobre algumas representações, apontando formas alternativas de reconciliar discursos e práticas dessa temática. Para realização desta pesquisa tomamos como referencial de análise a Teoria das Representações Sociais de origem moscoviciana. Estão sendo identificadas e analisadas representações sobre meio ambiente e EA de um grupo de professores, especialistas em EA, da rede pública municipal. Nesta etapa da pesquisa, constatamos a existência de 80 professores com especialização em EA. Tal cenário, nos mostra, já de início, um grande interesse pela temática em questão (EA). Pode-se inferir, portanto, que mesmo se tratando de temática em processo de consolidação na educação escolar, já existe um nível razoável de interesse por parte dos professores sobre a temática em questão. Por outro lado, não se pode negar a atitude meritória dos(as) professores(as) em buscar ampliar seu repertório de conhecimentos sobre as temáticas que surgem no cotidiano escolar. Outro aspecto importante constatado é a diversidade de formação inicial presente no universo de professores(as) que buscaram especialização em (EA). A diversidade de formação dos professores, constatada, significa que está em andamento um movimento de ampliação destas representações reducionistas sobre as questões ambientais contemporâneas. Mesmo sendo um movimento ainda pequeno já é um sinal alentador e que tende a se potencializar. Palavras-Chave: Educação Ambiental Formação de Professores Representações Sociais 101 *AS14 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM CURRÍCULO TURÍSTICO AUTOR DUTRA, Mara Rejane Osório / UFPel/ FURG ET Educação Ambiental Este artigo faz parte de um estudo de mestrado no qual tratei dos discursos e das práticas pedagógicas em Educação Ambiental (EA) de onze professores de cinco escolas municipais de Pelotas/RS. Foi uma pesquisa do tipo qualitativa, que teve como instrumentos principais a entrevista semi-estruturada e a análise de documentos (materiais utilizados pelos professores, projetos e os PCNs/ tema transversal meio ambiente). A pesquisa orientou-se por contribuições dos estudos pós-estruturalistas que, nos últimos, anos vêm problematizando a questão do currículo e suas implicações produtivas. No texto que apresento trago algumas contribuições deste estudo e mostro que as representações sobre as práticas de EA desses professores têm efeitos produtivos nos espaço escolar. Argumento que os discursos dos professores e as condições que as escolas proporcionam à EA produzem um tipo específico de EA que se caracteriza por um tipo de currículo turístico. Palavras-chave: currículo, educação, ambiental, professores, escolas. *AS15 TÍTULO AUTOR HORIZONTES DE DIÁLOGO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES ANCORADAS NA TEORIA CRÍTICA DA EDUCAÇÃO PITANO, Sandro de Castro– UFRGS; Rosa Elena Noal – UFPEL ET Educação Ambiental Dialogando interdisciplinarmente com referenciais teóricos da Geografia (Milton Santos), da Filosofia (Jean-Jacques Rousseau) e da Educação (Paulo Freire), buscamos, através deste trabalho, propor novas perspectivas de análise para a "educação ambiental", ancoradas no pensamento crítico desses autores. A Geografia, tendo como objeto de estudo as relações entre os seres humanos e o seu meio, exige por essência o enfrentamento das questões ambientais no campo educacional. Ainda como disciplina obrigatória no ensino básico, representa uma possibilidade constante de diálogo junto às novas gerações acerca dos problemas sócio-ambientais. A Filosofia (política) possibilita a reflexão crítica acerca das relações humanas em sociedade, contribuindo para uma abordagem radical do processo de apropriação e exploração do espaço. Por fim a Educação, que também numa concepção crítica, entende os processos formativos (entre eles os voltados às questões ambientais) em sua totalidade, evitando as reflexões fragmentadas acerca da práxis educacional. *AS16 TÍTULO AUTOR PROJETOS DE APRENDIZAGEM NA REDE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ARAUJO, Marcia Santiago de; LAURINO, Débora Pereira Laurino - Fundação Universidade Federal do Rio Grande / Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental ET Educação Ambiental Apresentar como a metodologia dos Projetos de Aprendizagem pode vir a constituir uma ferramenta para o desenvolvimento da Educação Ambiental. Descrever o trabalho que visa promover a Educação Ambiental, utilizando a metodologia dos Projetos de Aprendizagem, realizado entre 2002 e 2005 com os alunos do Ensino Médio de um Colégio em Rio Grande RS. Encaminhar análise e sugestões a partir do que foi apresentado. A Educação Ambiental deve ser crítica, ter abordagem sistêmica e viabilizar a constituição de indivíduos críticos para atuar em cooperação e com autonomia na busca de respostas para os problemas ambientais locais e globais. Os Projetos de Aprendizagem são investigações realizadas pelos educandos, a partir de suas vivências, visando construir, coletivamente e com autonomia, conhecimentos significativos para suas vidas. A análise do trabalho realizado aponta que o uso dos Projetos de Aprendizagem é um caminho para a Educação Ambiental e pode ser uma via, também, para a formação continuada de educadores, pois viabiliza um trabalho mais crítico, exige reflexão e reavaliação constante das atividades realizadas, encaminha criação de redes pela abordagem sistêmica e fomenta a emergência de educandos mais participativos, críticos, autônomos e responsáveis pelo ambiente. Palavras-chave: Educação Ambiental. Ensino Médio. Formação Docente. Projetos de Aprendizagem. Redes. *AS17 TÍTULO SEGURANÇA ALIMENTAR: UM DESAFIO AOS EDUCADORES AMBIENTAIS AUTOR FOSCHIERA, Elisabeth Maria / Universidade de Passo Fundo ET Educação Ambiental A segurança alimentar é um tema que vem intrigando os educadores preocupados não só com a eliminação da fome no mundo, mas, também, com o tipo de alimento utilizado. Partimos do pressuposto de que a questão alimentar é um processo pedagógico de construção do conhecimento, de hábitos e de atitudes, construído, também, durante o período escolar. Dessa forma, partindo de um projeto desenvolvido pelos professores de algumas escolas do município de Passo Fundo, investigou-se que tipo de alimento vinha sendo consumido nas escolas. Pesquisou-se a respeito dos produtos que eram oferecidos nos bares das escolas, dos alimentos produzidos no refeitório, e dos alimentos trazidos de casa pelos alunos. Os resultados da investigação demonstraram que a maioria dos alunos não consome a merenda oferecida pela escola porque, segundo eles, "ela não é boa". Aqueles que a consomem, o fazem porque não têm outra opção. Poucos, em geral das séries iniciais, gostam da merenda. Os alunos que dispõem de recursos compram produtos oferecidos no bar da escola, que, segundo eles mesmos, "são bons". Quanto á que é trazida de casa, também são alimentos industrializados. Constatamos, ainda, que a maioria dos produtos consumidos na merenda escolar não apresenta os nutrientes recomendados para a promoção da saúde e do bom desenvolvimento de crianças e adolescentes. São, na sua maioria, alimentos industrializados, ricos em gorduras e conservantes e de baixo valor nutritivo. Palavras-chave: Segurança alimentar educação ambiental alimentação escolar *AS18 TÍTULO AUTOR TRILHAS E ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS TRABALHOS DE CAMPO DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM COUSIN, Cláudia da Silva; LEVY, Maria Inês Copello (Orientadora) / Fundação Universidade Federal do Rio Grande 102 ET Educação Ambiental Ao trabalhar com entusiasmo com a disciplina de Geografia no Ensino Médio e por ter consciência da importância de desenvolver uma prática pedagógica interdisciplinar para efetivar a construção do conhecimento, lancei-me ao desafio de realizar uma situação pedagógica que buscou possibilitar aos educandos a compreensão do contexto local, realizando expedições de estudos pelo espaço urbano e agrário do município do Rio Grande RS. A situação pedagógica, ora denominada de expedições de estudos, constitui-se num trabalho interdisciplinar, pois o diálogo, a discussão e o estudo das relações das disciplinas (Geografia, Biologia, Filosofia e Sociologia) ocorreram com uma intencionalidade intersubjetiva e atuam reciprocamente. Estas expedições contemplam o espaço urbano e agrário do município do Rio Grande RS, local que considero importante para possibilitar a compreensão do contexto local. A idéia de organizá-las surgiu a partir do momento em que na minha sala de aula de Geografia, percebi que os alunos não conheciam o município onde moravam e que a compreensão dos conteúdos que seriam discutidos em nossas aulas somente ocorreria se tivessem consciência da realidade na qual estavam inseridos. A transformação destas expedições de estudos em objeto de pesquisa da minha dissertação de mestrado em Educação Ambiental ocorreu para fundamentar e compreender melhor as atividades realizadas. Pois, considero que a Educação Ambiental leva-nos a repensar a sociedade e o contexto local. Assim, penso que a escola constitui-se em um ambiente para desenvolver tal reflexão. Dento deste contexto, a escola precisa desenvolver, no decorrer do processo educativo, a consciência da identidade dos educandos e, para isso, é necessário propiciar momentos de interação do indivíduo com o meio e com o outro, com situações nas quais construa a sua estrutura conceitual, atitudinal, procedimental. Através dessas situações vividas, o educando aprende a re-interpretar a realidade, transforma-se para atuar, por sua vez, como agente transformador. *AS19 TÍTULO UMA OUTRA AGRICULTURA É POSSÍVEL: PENSANDO A AGRICULTURA CONVENCIONAL PRATICADA NA QUITÉRIA E AS POSSIBILIDADES DE MUDANÇA PELOS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL AUTOR SILVA, Maria de Fátima Santos da ; CALLONI, Humberto ET Educação Ambiental O presente trabalho de pesquisa versa sobre a Quitéria, um sub- distrito da cidade do Rio Grande, no sul do Estado do Rio Grande do Sul, onde pratica-se a agricultura convencional, com o uso de produtos químicos adubos e agrotóxicos. Apesar desse agricultores produzirem em pequenas propriedades e viverem da agricultura familiar, acabam por se utilizarem de métodos que não lhe são naturais, que por interesses capitalistas, foram introduzidos nessa região. Sob a promessa de maior lucro e produtividade, aprofundaram a crise da agricultura familiar, tão evidente. Entendemos essa questão dentro de um macrocosmos da crise ambiental, de quebra da harmonia vital entre mulheres e homens com a natureza. A agricultura convencional é mais uma face desse todo, um fator que a cada dia agrava essa crise, que se forjou ao longo da história nas relações entre os seres humanos e a natureza transformada. Como problema central de pesquisa propomos entender o que sustenta essa agricultura e como a Educação Ambiental pode contribuir para que se comece a pensar em uma agricultura pautada em outros valores. *AS20 TÍTULO AUTOR ET A LIBERTAÇÃO DA MINHA ALMA SONHADORA: EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS COM AS DETENTAS DA PENITENCIÁRIA ESTADUAL DE RIO GRANDE. NOGUEZ, Janaína Amorim Educação Ambiental Este trabalho visa apresentar uma proposta de pesquisa desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental nível mestrado da FURG. Minha pesquisa teve como objetivo principal investigar os sonhos dos presidiários(as) da Penitenciária Estadual de Rio Grande PERG. Os sonhos, aqui, são referenciados como imagens de felicidade, alegria, liberdade, esperança, expectativas de vida dos participantes da pesquisa. Não se referem aos sonhos adormecidos, da noite, e sim aos sonhos diurnos, despertos, nos quais os sujeitos são protagonistas e constroem suas imagens conforme seus desejos, sentimentos e emoções. Ainda, como objetivos secundários procurei refletir sobre a existência dos princípios da Educação Ambiental nas relações entre os presidiários. Estes princípios são os de cooperação, coletividade e solidariedade. Este trabalho teve um caráter de mudança e transformação da minha pessoa. Assim, tenho a intenção de explicitar o processo de libertação da minha alma, através da experiência vivida com as detentas, na atividade de pesquisa. Como referencial científico, utilizo as discussões sobre a Educação Ambiental, Educação Estética e a Ecologia Onírica. Sobre a atividade de coleta de dados, esta foi marcada por dois momentos: um, antes da qualificação do projeto de pesquisa, em que fiz entrevistas-piloto com dois presos da PERG, a fim de obter dados iniciais sobre os sonhos dos presidiários; o outro momento evidenciou-se após a qualificação, quando me dispus a inserir-me mais profundamente no presídio, baseada nos princípios da pesquisa-ação, onde o pesquisador tem um contato mais freqüente com os participantes da pesquisa. Assim, realizei encontros semanais com algumas presas, nos quais discutimos temas relacionados às suas vidas. Estes temas geradores das discussões em grupo foram escolhidos pelas próprias participantes da pesquisa. Com a realização deste trabalho, pude sensibilizar-me e transformar-me no que diz respeito aos problemas sociais, entendendo o(a)s presos(as) como seres humanos, que têm sentimentos emoções e sonhos. PalavrasChave: Sonhos; Educação Ambiental; Presidiários (as). *AS21 TÍTULO AÇÂO PEDAGÓGICA E ESTRUTURAS FORMAIS: O DESENVOLVIMENTO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO NO ENSINO MÉDIO AUTOR MEDEIROS, Maria Elisa Schuck - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ET Educação Ambiental Esta pesquisa de cunho qualitativo, tem como foco investigativo a ação pedagógica do professor e o processo de desenvolvimento cognitivo do adolescente, verificando se esta ação pedagógica contribui para o desenvolvimento do pensamento hipotético-dedutivo. O estudo foi desenvolvido com base na Epistemologia Genética de Jean Piaget e de autores seguidores de sua teoria, tais como: FURTH (1997), BECKER (2001), DELVAL (2002), PARRA (1983), LA TAILLE (2001). O campo empírico foi composto por professores e alunos. Para a coleta de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada com professores e alunos e, a observação em sala de aula. Através da análise de dados foi possível inferir que: 1)A prática pedagógica do professor está engessada pelas concepções epistemológicas empirista e apriorista, portanto as ações 103 ali desenvolvidas não desafiam o aluno a pensar, criar, argumentar, teorizar; 2)Quando é proposto um problema ao adolescente, ele é capaz de encontrar diversas soluções para o mesmo; 3)A maioria das ações propostas pelos professores em sala de aula eram desprovidas de significado para o aluno, ocasionando o desinteresse, a não realização das atividades em aula, a indisciplina; 4)Os professores desconhecem as características do pensamento do adolescente, assim é compreensível que não proporcionem atividades de acordo com tais características (levantamento de hipóteses, criação de teoria, resolução de problemas, etc.); 5)Para finalizar, podemos afirmar que a ação pedagógica desenvolvida no Ensino Médio desconsidera as possibilidades de raciocínio do adolescente. Conseqüentemente não contribui para a melhoria da capacidade de raciocínio hipotético-dedutivo. Urge, portanto, repensar a formação de professores, onde o estudo do pensamento do adolescente, fundamentado na concepção epsitemológica interacionista, precisa ser contemplado. Palavras-Chave: Raciocínio Hipotéticodedutivo - Concepção Epistemológica - Pensamento do Adolescente *AS22 TÍTULO ADOLESCÊNCIA E PRECONCEITO: A ESCOLA ESTA PRONTA PARA RECEBER OS ADOLESCENTES COM HIV? AUTOR ROCHA, Maria Estela Barbosa da - FURG/MEA; RIBEIRO, Paula Regina Costa Ribeiro- FURG/MEA ET Educação Ambiental Nos últimos anos tem havido um aumento significativo de crianças e adolescentes contaminados com o vírus HIV o que tem mudado o perfil epidemiológico da AIDS. Esses sujeitos estão inseridos no cotidiano escolar convivendo com situações de preconceito, ocultamento, medo, entre outros. Nesse sentido, passamos a nos questionar como se dá o processo de interação e aprendizagem do adolescente com HIV na escola? Como a adolescente com HIV sentem os processos que disciplinam seus corpos na escola? Como ocorre a elaboração das determinações sobre seus corpos? Quais são as ansiedades, receios, medos e expectativas desse adolescente na escola? Como se dão às relações destes indivíduos com os professores, alunos e direção da escola? O presente estudo tem por objetivo discutir a construção da identidade dos adolescentes com HIV na escola. Para tanto, estamos utilizando com estratégia metodológica a história oral por possibilitar a construção e a reconstituição da historia por meio de relatos individuais e coletivos. Estamos utilizando o depoimento oral de quatro adolescentes (duas meninas e dois meninos) portadores de HIV/AIDS que são pacientes do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. Como aporte teórico estamos utilizando as contribuições de Michel Foucault e de outros autores pós-estruturalistas. Verificamos que a discriminação desses adolescentes com HIV/AIDS através do preconceito escancarado ou velado pode ocasionar nestas vitimas a morte antecipada ou a morte simbólica. A escola como um espaço de interação social tem que possibilitar a ambientalização dos adolescentes com HIV/AIDS possibilitando a construção de sujeitos com valores éticos, atitudinais e comportamentais que por seguinte podem obter em suas vidas a esperança de viver melhor, de felicidade de justiça e bem estar. *AS23 TÍTULO ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS AUTUADOS POR DANO AMBIENTAL APÓS TODO TRÂMITE LEGAL. ESTÁ A LEGISLAÇÃO ATINGINDO O CUNHO PEDAGÓGICO QUE O LEGISLADOR PRETENDEU? AUTOR MACHADO, Maria Isabel Lopes / Instituição: Fundação Universidade Federal de Rio Grande/FURG ET Educação Ambiental O ambiente sadio como extensão do Direito à Vida, quer sob o enfoque da existência física e saúde dos seres, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência a qualidade de vida é Direito Fundamental. A legislação ambiental disciplina ações administrativas de fiscalização deste Direito e, quando constata dano ambiental autua o infrator. Destacando, que a legislação acima do caráter repressivo/punitivo, contempla em sua essência integrar um processo de cunho pedagógico, já que ações lesivas ao ambiente são indissociáveis de um conjunto de fatores culturais, sociais, políticos, econômicos, entre outros. Na Linha de Pesquisa Educação Ambiental Não Formal (EANF), o estudo está sendo desenvolvido entre alguns autuados por dano ambiental, que já passaram por todo trâmite legal - audiências frente ao Ministério Público, Compromisso de Ajustamento de Conduta e execução dos Projetos de Recuperação Ambiental. A análise do tema, visa investigar através da percepção destes sujeitos se o cunho educativo previsto na norma está cumprindo seu alcance, analisando se houve a apreensão de valores guiados para a construção de sociedades sustentáveis e, se foram introjetados por meio de um processo educativo ou cumpridos somente pelo caráter obrigatório. Ao problematizar a relação da legislação com mudança de comportamento, se procura questionar se a norma está cumprindo o cunho pedagógico que o legislador pretendeu, em especial pelos Compromissos de Ajustamento de Condutas. Conforme o resultado encontrado, poderá este instrumento ser enriquecido, ampliado ou mesmo redirecionado para maior alcance normativo. Para atingir os objetivos almejados, o procedimento escolhido são entrevistas semiestruturadas, junto de análise visual (trabalho de campo). Resultados parciais (dos casos analisados), indicam que a maioria das autuações são geradas por desmatamento de APP para expandir áreas de cultivo, constatando-se também, o desconhecimento dos sujeitos a normas e políticas ambientais. Nesta dimensão, o resultado também fornecerá subsídios para gestão e planejamento às Secretarias de Meio Ambiente, de Educação e Órgãos Públicos fiscalizadores, visando inserir neste trâmite legal ações que fomentem Educação Ambiental como instrumento de mitigação a problemas socioambientais tão complexos. Palavras Chave: Legislação Ambiental, Autuações, Dano Ambiental, Educação Ambiental *AS24 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM OLHAR SOBRE O DISCURSO AUTOR BLACHECHEN, Basílio Marcos - Mestrando em Educação – FURB / [email protected] ET Educação Ambiental A questão ambiental é pauta desde os primórdios da humanidade no planeta, já que ela se apropria dos recursos do meio para sobreviver. Ao longo de sua existência, oferece ao ambiente sua face mais cruel: de devastadora. Explorada por milhares de anos, a terra chegaria ao estágio atual de exaustão. A demografia recente aponta que somos cerca de 6,5 bilhões de ocupantes e degradadores contumazes de reservas e recursos. A pergunta norteadora desta pesquisa: O que revelam os discursos sobre Educação Ambiental? presentes em fôlderes veiculados ao público sobre atividade(s) de Responsabilidade Ambiental desenvolvida(s) por representantes de diversos segmentos da economia e da produção. A pesquisa, em andamento, tem abordagem qualitativa, de cunho interpretativo, valendo-se de princípio da análise do discurso. O embasamento teórico se funda 104 na ótica bakhtiniana da análise do discurso e da teoria da enunciação, pois o que se pretende compreender, pelo discurso e enunciação que sentidos apresentam este material. Trata-se de um discurso orientador, informativo, sensibilizador ou se revestem de um discurso mercadológico. Os dados preliminares apontam, inicialmente, para uma paridade temática e uma semelhança discursiva, o que denota caracterização temática, aqui entendida como signo, ícone, "bandeira empunhada". A percepção aponta, por meio de comunicação verbal, aliada a outras formas de comunicação, para uma aparente preocupação coletiva com o meio ambiente. Palavras-Chave: Educação Ambiental análise do discurso sentidos sensibilização - mercado *AS25 TÍTULO ENTRE O RURAL E O URBANO: UM ESTUDO COM PESCADORES ARTESANAIS NO MUNICIPIO DE RIO GRANDE/ RS AUTOR SANTOS, Lídia Oliveira dos – Pedagoga; CHAVES, Priscila Freitas - Bolsista BIC-FAPERGS; GARCIA, Narjara Mendes-Mestranda em Educação Ambiental; YUNES, Maria Ângela Mattar- Doutora em Educação Fundação Universidade Federal do Rio Grande FURG ET Educação Ambiental Entre a transição das sociedades pré-capitalistas para as sociedades capitalistas industriais, houve um deslocamento do poder político, econômico e da dinâmica social dominante do campo para as cidades. Com isso, surgiu a necessidade de delimitar este novo que se apresentava: o urbano e a sociedade que o constituía. Esta delimitação deu-se pela oposição entre o urbano e o rural na análise socioambiental. O pensamento dicotômico entre rural e urbano surgiu a partir do paradigma de modernização criado pelo modelo capitalista de desenvolvimento social. Diante disso, este trabalho visa refletir sobre as categorias "rural" e "urbano" presentes nos discursos e nas vivências de famílias de pescadores artesanais que residem na zona rural e na zona urbana. Para tanto, foram escolhidas aleatoriamente duas famílias de pescadores artesanais do município de Rio Grande/ RS uma da zona rural e uma da zona urbana - em que essa atividade/trabalho tem o caráter transgeracional (transmitida através das gerações). Serão investigadas três gerações de cada família participante do estudo. Até o momento foram entrevistados os integrantes da primeira geração familiar (os avós). A metodologia escolhida para essa investigação foi a "Inserção Ecológica" que apresenta como foco a investigação do "desenvolvimento-no-contexto". A coleta de dados envolve diferentes instrumentos e estratégias metodológicas, a saber: estudo da história de vida das famílias e do contexto sócio-histórico, observação participante, descrição do bairro, diário de campo, entrevistas gravadas e análises qualitativas dos dados, seguindo os passos propostos pela grounded-theory. Os resultados preliminares desta pesquisa apontam para crenças das famílias entrevistadas em que o rural é visto como modo de vida atrasado e o urbano como o moderno, o avançado. Apesar de enfrentarem problemas semelhantes em relação à exclusão e ao deficitário funcionamento dos serviços de apoio social, ainda impera para estas famílias um ideário de progresso correlacionado à vida urbana difundido pelo modelo capitalista. Palavras-chave: rural; urbano; famílias de pescadores artesanais; ideologia; capitalismo. *AS26 TÍTULO AUTOR ENTRE OS PADRÕES DE QUALIDADE DO AR, A FUMAÇA...UM OLHAR MAIS PRÓXIMO NO SENTIDO DE O SER SE FAZ OLHAR NÓBREGA, Michelle Rodrigues ET Educação Ambiental Esta pesquisa tem como objetivo através da ação dialógica proposta por Paulo Freire, compreender, qual o conceito de qualidade do ar para os sujeitos participantes dessa e em que medida a Educação Ambiental pode contribuir para a emergência de espaços participativos na gestão pública. Para tal, o referencial metodológico apropriado foi a pesquisa-ação. Foram construídos dois momentos de prática educativa que possibilitaram a construção do `corpus' da mesma. Primeiramente foram realizadas entrevistas semi-abertas junto aos sujeitos moradores dos seguintes bairros: Santa Teresa, 4ª Secção da Barra, Vila Militar, Vila Santinha, Hidráulica, Centro, Getúlio Vargas, Salgado Filho, Navegantes e Trevo. Os sujeitos participantes desta fase da pesquisa foram previamente selecionados, através dos dados do Sistema Único de Saúde (SUS), levando em consideração o critério da freqüência de internação (três vezes durante o ano no período de 2002 a 2005) por doenças respiratórias, como a asma, bronquite e sinusite. As entrevistas apresentavam questões norteadoras a fim de compreender o nível de percepção dos sujeitos quanto à poluição do ar, o processo de monitoramento da mesma, o acesso aos resultados, acerca de quem é a responsabilidade e sugestões para a melhoria desta realidade. Após o estabelecimento desta visão panorâmica acerca de como os sujeitos percebem a poluição do ar, foram selecionados, dois bairros para a realização das reuniões a fim de discutir o tema proposto, sendo esses: Santa Teresa e 4ª Secção da Barra. A realização dessas reuniões teve, como proposta metodológica o ‘Circulo de Cultura', proposto por Paulo Freire. Evidencia-se que o conceito qualidade do ar, construído durante os dois momentos da pesquisa, revela desinformação dos sujeitos participantes quanto ao desvelamento da problemática, incluindo desde o acesso aos resultados a respeito da qualidade do ar, quanto ao direito de todo trabalhador industrial estar protegido dos danos causados pela contaminação atmosférica. Palavras-chave: Educação Ambiental, air pollution, Paulo Freire. *AS27 TÍTULO AUTOR PARADIGMAS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ARAUJO, Marcia Santiago de Araujo / Orientadora: LAURINO, Débora Pereira Fundação Universidade Federal do Rio Grande / Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental ET Educação Ambiental Proporcionar aprofundamento dos aspectos conceituais da Educação Ambiental através de estudo sobre os paradigmas filosóficos que atravessam os discursos atuais. O estudo demonstrou que os paradigmas filosóficos que devem ser superados pela Educação Ambiental são aqueles que apontam para o antropocentrismo, a fragmentação dos saberes, a visão dualista da realidade e a transcendência. Pois tudo isso impede que os seres humanos vivam de forma integrada ao meio. Platão e Descartes são pensadores que fundamentam esse paradigma. Para Platão, o ser humano é visto como um ser dual, fragmentado e diferente dos outros seres, se tornando um ser privilegiado, que não sabe quem é, nem conhece o mundo onde vive, pois esse é regulado por um outro mundo inacessível e transcendente. Descartes divide o homem em três: o corpo orgânico, que pode ser explicado pela mecânica; a alma, distinta do corpo, mas alojada nele; e a união do corpo com a alma, onde o corpo é um signo e a alma é o que lhe dá significado. É um pensamento fragmentado, antropocêntrico e muito presente no fundamento dos discursos da atualidade. Os paradigmas filosóficos que devem emergir para que aconteça a Educação 105 Ambiental são aqueles que apontam para uma visão sistêmica e integrada de todos os existentes ao ambiente. Os filósofos Espinosa e Nietzsche fundamentam esse paradigma. Espinosa apresenta uma visão de mundo complexa, onde os seres podem construir uma vida digna com respeito ao meio, pela busca da liberdade, através do conhecimento integrado da totalidade. Para Nietzsche o grande defeito da humanidade é ter o homem como verdade imutável, com capacidade de avaliar o mundo, esquecendo que o homem é um vir-a-ser e que tudo é também um vir-a-ser, e só pensando assim e possível expressar o mundo, compreender a realidade e criar vida. Palavras-chave: Educação Ambiental. Filosofia. Paradigmas. *AS28 TÍTULO PEDAGOGIA DO SABOR: INVESTIGANDO A MERENDA NAS ESCOLA AUTOR NAWROSKI, Alcione ET Educação Ambiental O trabalho resgata um histórico da alimentação destacando sua evolução sendo acompanhada pelo homem e pelos seus hábitos adquiridos, que provocam discussões para os hábitos da vida moderna. A partir dessa situação, o trabalho procura pesquisar os hábitos alimentares dos alunos do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina, situado no Campus Universitário O foco da pesquisa foram os tipo e formas de alimentação que os alunos desta escola fazem na hora do lanche. Nessa perspectiva, constatamos que o Estado de Santa Catarina é um dos pioneiros em introduzir alimentos orgânicos na merenda escolar e proibir a comercialização de produtos industrializados, doces, frituras e refrigerantes nas cantinas escolares. Mesmo assim, ainda há resistência por parte dos alunos na aceitação de alimentos mais saudáveis como sucos ou assados, comprovados pela forte presença de produtos proibidos no lanche que as crianças trazem de casa, como bolachas, salgados e achocolatados industrializados. A merenda oferecida pela escola segue um cardápio com frutas e pudins; já a cantina comercializa em maior quantidade o misto-quente e a mini-pizza. Além da pesquisa de campo foi realizado um levantamento de dados teóricos referentes ao tema apresentado, explanando a realidade alimentar e os problemas decorrentes dos hábitos alimentares de uma sociedade conturbada. Palavras-chave: Cantinas escolares; merenda; alimentação do escolar *AS29 TÍTULO PERCEPÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ARARANGUÁ EM BLUMENAU/SC AUTOR VIEIRA, Rafaela - Universidade Regional de Blumenau, Instituto de Pesquisas Ambientais, Profa. do Curso de Mestrado em Engenharia Ambiental, [email protected] / MUSA, M.Sc. Cristiane Inês - Universidade Regional de Blumenau, [email protected] ET Educação Ambiental O estudo da percepção baseia-se na interação entre homem e meio ambiente. Tem servido a várias áreas do conhecimento, como a Educação, principalmente em sua abordagem ambiental, permitindo reconhecer o perfil do grupo social estudado, contribuindo no desenvolvimento de programas de Educação Ambiental (EA) efetivos. O atual sistema de ensino requer transformações que valorizem a riqueza cultural e ambiental enquanto princípio norteador de todas as disciplinas. Isso deve ocorrer através de processos educacionais constantes, que integrem teoria e prática, nos quais a EA deve estimular o desenvolvimento de uma nova consciência a respeito das relações do ser humano com o seu ambiente, produzindo novos comportamentos e atitudes, tanto de maneira formal quanto não-formal. No curso de Mestrado em Engenharia Ambiental da Universidade Regional de Blumenau/SC, na disciplina "Percepção e Educação Ambiental", em 2004, os acadêmicos tiveram a oportunidade de aplicar as definições e conceitos de percepção e EA, tomando como estudo de caso a comunidade da SubBacia do Ribeirão Araranguá. Através de entrevistas, com um questionário elaborado pela turma e de acordo com conhecimento prévio a respeito dos aspectos ambientais da paisagem e do lugar, efetuou-se um levantamento e análise das percepções ambientais dos moradores locais. Com o objetivo de adquirir subsídios para a construção de um programa de EA, os acadêmicos foram a campo. A partir de uma análise qualitativa mais aprofundada das entrevistas, foi possível observar em primeira instância que os aspectos naturais encontram-se em um plano secundário para os membros da comunidade, visto que as necessidades de saneamento, emprego, entre outros, apareceram como problemas, não identificados como ambientais. Na tentativa de dar um retorno à comunidade, os acadêmicos desenvolveram um programa preliminar de EA, reconhecendo que há a necessidade de pensar problemas cotidianos para ampliar a democratização do espaço escolar, melhorando a qualidade da educação. PalavrasChave: educação ambiental; percepção; comunidade. *AS30 TÍTULO REFLETINDO O PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DE UMA PROFESSORA ALFABETIZADORA E EDUCADORA AMBIENTAL:PROBLEMATIZAÇÕES, DESAFIOS E APONTAMENTOS AUTOR ALVES, Juliane de Oliveira – FURG; Susana Inês Molon - FURGO ET Educação Ambiental Presente trabalho apresenta um projeto de dissertação de mestrado na linha de pesquisa Currículo e Formação de Educadores do programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande/RS. No referido estudo objetiva-se problematizar e refletir sobre os rituais de iniciação de uma professora e pesquisadora, levantando questionamentos e indagações sobre os processos formativos de constituição de uma alfabetizadora, educadora ambiental e pesquisadora de sua própria prática. A pesquisa constitui-se em um estudo de caso e elucida o processo de constituição da professora que desenvolve sua prática pedagógica em uma turma de classe de alfabetização e ao mesmo tempo participa de uma proposta de formação continuada no programa de pós-graduação, mestrado em Educação Ambiental. Tendo sido estas duas atividades iniciadas ao mesmo tempo, inúmeros e importantes aprendizagens, dúvidas, inseguranças, desafios, alegrias, ansiedades e principalmente indagações foram surgindo. Dessa forma a questão de pesquisa que busco problematizar se configura, Nos rituais de iniciação como ocorre o processo de constituição do professor alfabetizador, educador ambiental e pesquisador? E como se constitui o trabalho do professor alfabetizador procurando articular na prática pedagógica diferentes linguagens e assim trabalhar como pesquisadora na área da educação ambiental?Neste estudo será possível contribuir com os pensares acerca da formação de pesquisadores ambientais e de professores alfabetizadores, visto que muito vem sendo estudado sobre professores e a escola, não é possível dessa forma que poucas mudanças sejam realizadas nas mesmas. 106 Assim, a necessidade de investigar a escola, a prática e a formação continuada, possibilita articular atividades paralelas e importantes, fazendo um diálogo neste movimento de constituição mútua e contínua entre ser educadora alfabetizadora e pesquisadora em educação ambiental. *AS31 TÍTULO AUTOR TEIA EM TRANSE: REFLEXÕES ACERCA DA RELAÇÃO PESQUISADOR / PESQUISADO EM UM TRABALHO CIENTÍCO SILVA, Maria de Fátima Santos da – FURG ET Educação Ambiental O presente trabalho versa sobre da relação constituída entre pesquisadores e pesquisados em um trabalho científico, no que concerne a pesquisas desenvolvidas no Mestrado em Educação Ambiental da FURG. A forma como pensamos os envolvidos em um estudo diz muito acerca da forma como entendemos a ciência, disto a vitalidade de se pensar a relação pesquisador/ pesquisado. No que diz respeito a metodologia utilizada na pesquisa, a pesquisa iniciou-se em março de 2005, quando proposto pela professora da disciplina que pudéssemos escrever, em sentenças, o que cada um entende por científico. A seguir essas sentenças formam unitarizadas. Para cada unidades destas, forma atribuídas palavras-chave e uma provável categoria, posta em uma tabela, próximo passo foi cada um escolher uma dessas categorias para desenvolver. Não se pensava traçar um perfil de como são e o que pensam os alunos de um programa de pós- graduação, sabemos que mesmo que somássemos o que cada um pode apreender de sua categoria não teríamos um todo, partindo de que este é sempre mais do que a soma de partes. Há algumas preocupações que aparecerem nas falas analisadas, que são descritas a seguir: 1-A escolha de um problema, de um tema de pesquisa precisa estar solidamente justificada, precisamos ter clareza do porquê de nossas escolhas. 2- Ao passo que delimitamos a população que será estudada devemos pensar na necessidade de respeito a suas vozes, dando-lhes o devido espaço sem pré- conceitos ou julgamentos rancorosos. 3-. Não podemos pensar ciência como ir até a comunidade, coletar informações, sentar-se e analisar. No final, voltar para apresentar o resultado aos outros envolvidos como se aquele fosse o retrato da comunidade. Palavras-Chave: educação ambiental, pesquisador, pesquisado, ciência. VII ANPED SUL - 2008 SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL *ANPED SUL 2008 – AS *AS1 TÍTULO AUTOR ET LIXO NO CHÃO ONDE ESTÁ A SOLUÇÃO? BRUM, Ana Lúcia Ginar Telles1 – UCS – [email protected] Educação Ambiental Este artigo contempla parte das reflexões realizadas durante a realização do projeto NEPSO, desenvolvido junto a alunos do segundo ano do segundo ciclo e coordenado pela professora Ana Lucia Brum Ginar Telles. O trabalho contou com a participação das demais professoras da turma, sendo feito de forma interdisciplinar. O projeto tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a problemática do lixo na comunidade. Além disso, almeja provocar uma mudança de atitude nos alunos a partir do conhecimento sobre os prejuízos causados, tanto ao ser humano como ao planeta terra, que o depósito inadequado do lixo, pode provocar. Acreditamos que um novo conhecimento, transformado em saber, porque se vincula as vivências cotidianas, permite, como sugere a filósofa Nancy Mangabeira Hunger (2001, p. 19) “alcançar um novo patamar de pensamento, uma nova maneira de experimentar o mundo e a nós mesmos”. Ou seja, sensibilizar os moradores a colocar o lixo nos lugares adequados e a participação na coleta seletiva. O projeto surgiu de uma problemática concreta: a observação de que no bairro existe uma grande quantidade de lixo depositado nas ruas. Com a pesquisa de opinião procurou-se descobrir de onde vem o lixo? Quem o deposita nas ruas? São os próprios moradores ou são os catadores que recolhem de outros bairros e ao fazerem à seleção deixam espalhados o que não interessa? O projeto foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em sala de aula, sobre a produção de lixo em Porto Alegre, a coleta seletiva e outros temas relacionados à temática ambiental. Realizamos saídas fotografando as ruas do bairro. Visitamos o PEV (Ponto de Entrega Voluntária), que se localiza no bairro e conhecemos o Parque Estadual de Itapuã. Nas aulas de música os alunos construíram instrumentos musicais com sucatas, como conteúdo musical, estudaram a subdivisão do ritmo e rimas, para compor o rap “Lixo é luxo”, orientados pela professora Edite.Toma como fonte de análise os dados coletados nas entrevistas com 80 moradores do bairro. Os resultados obtidos confirmaram que têm muito lixo espalhado pelo chão e que os moradores do bairro são os responsáveis por colocar o lixo nas ruas. Os entrevistados reconhecem que o lixo acumulado representa um problema ambiental, sabem que a coleta de lixo é feita três vezes por semana e que existe a coleta seletiva, uma vez por semana. Desconhecem o PEV do bairro e não sabem onde se encontram os galpões de reciclagem. Esses dados demonstram que devemos continuar refletindo sobre o problema, sensibilizando as crianças para que adotem outra postura em relação ao lixo, que cuidem do ambiente em que vivem para que tenham melhor qualidade de vida. Nossa análise também nos permitiu perceber que tanto o poder público como as grandes indústrias também necessitam investir nesse campo, pois, em muitos lugares não há coleta seletiva e quando há, a divulgação não é efetiva. Também se constata que grandes indústrias poluidoras, paradoxalmente, são aquelas em que, muitas vezes, possibilitam ao morador do bairro ter um emprego.Palavras-chave: alunos pesquisadores – ambiente – resíduos sólidos – cidadania 107 *AS2 TÍTULO OS DESAFIOS AMBIENTAIS DIANTE DA RACIONALIDADE TÉCNICA: DIÁLOGOS COM O PENSAMENTO CRÍTICO DE HABERMAS AUTOR ET Educação Ambiental Arquivo não abre *AS3 TÍTULO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO CORRENTES E CONCEPÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AUTOR MORALES, Angélica Góis Muller – UFPR – [email protected] ET Educação Ambiental TENDÊNCIAS, Como afirma Freire (2001, p.38), “na medida em que o ser humano cria e decide, as épocas vão se formando e reformando”. É diante desse formar e se reformar que a sociedade, inserida em contextos históricos e culturais de sua época, cria sentidos que refletem sua maneira de conceber o mundo. Por sua vez, o processo formativo da educação ambiental, comportando uma historicidade, também é formado e reformado dentro de um movimento histórico de diálogos e disputas diante da manifestação da humanidade e, por conseqüência, de produção de pensamentos significativos sobre a relação da sociedade e da natureza, relatando vários e possíveis caminhos epistemológicos. Esse artigo, como parte do desenvolvimento da pesquisa de doutoramento, apresenta alguns questionamentos como: - Quais os caminhos que a educação ambiental percorre? Quais são as bases de pensamento da educação ambiental? Tais problematizações implicam analisar as referências do debate da narrativa da educação ambiental e refletir sobre as múltiplas concepções que compõem esse universo multireferencial, o qual influencia o pensar e o agir dos profissionais educadores ambientais. *AS4 TÍTULO A BASE AFETIVO-VOLITIVA NA CONSTITUIÇÃO DO(A) EDUCADOR(A) AMBIENTAL AUTOR Não tinha identificação ET Educação Ambiental Neste estudo, pretendemos apresentar, defender e problematizar acerca da base afetivovolitiva na constituição do(a) educador(a) ambiental. Tal conceito, está presente nos estudos do educador russo Lev Vygotsky (1896-1934), bem como na Abordagem Sóciohistórica, da qual é principal representante. Para o autor a base afetivo-volitiva, envolve os desejos e necessidades, os interesses e emoções, referindo-se assim a motivação, sendo que a função psicológica superior que potencializa as demais é a vontade. Portanto, a motivação e a vontade também fazem parte da base afetivo-volitiva. Tal conceito está presente, em especial nas obras: Pensamento e linguagem (1995) e A construção do pensamento e da linguagem (2001) do referido autor, além da obra: Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky de Molon (2003). Entendemos que o estudo de tal dimensão no campo da Educação Ambiental, em especial na constituição dos educadores ambientais, torna-se extremamente relevante, pois acreditamos que a base afetivo-volitiva é a dimensão humana e social que paraliza ou potencializa a ação dos educadores ambientais rumo a prática da Educação Ambiental Transformadora. Logo, são os desejos e necessidades, os interesses e as emoções, as motivações e as vontades que nos posicionam particular e coletivamente no mundo, qualificando as ações e as relações humanas. Palavras-chave: Constituição do educador ambiental, Base afetivo-volitiva, Abordagem Sóciohistórica, Educação Ambiental Transformadora. *AS5 TÍTULO PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: APROXIMAÇÕES, CONTRIBUIÇÕES E DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO AUTOR FOSCHIERA, Elisabeth Maria – UPF - [email protected] ET Educação Ambiental Atualmente, na educação brasileira existe um forte movimento para que se reconheçam e se valorizem as particularidades dos diferentes segmentos sociais. A luta por uma sociedade mais justa e igualitária passa pelo respeito às diferenças, principalmente por aquelas geradas pela ineficiência das políticas públicas, como é o caso da educação. A educação brasileira é fortemente marcada pela tradição de uma hegemonia da cultura ocidental, própria das elites, por isso, altamente discriminatória e excludente. Essa é a situação de exclusão a que foram expostos os jovens e adultos que não foram alfabetizados ou que foram semi-escolarizados. Desse modo, para trabalhar com educação de jovens e adultos (EJA) sugere-se que devam ser considerados alguns pressupostos metodológicos da educação popular orientados pela legislação vigente e pela obra de Paulo Freire. Esse mesmo modelo excludente provocou uma exploração e dominação na natureza, resultando num processo de degradação e finitude de muitos dos recursos naturais. Nesse sentido, surge a educação ambiental, questionando esse projeto de sociedade e contribuindo na elaboração de novas perspectivas de relações entre nós e o ambiente onde estamos inseridos. Assim como a EJA, a educação ambiental (EA) também possui pressupostos metodológicos que orientam seu desenvolvimento, seja pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – lei n. 9394/96), seja pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, ou pelos documentos construídos ao longo da história pelos educadores ambientais, apresentados, discutidos e debatidos em eventos no mundo inteiro. A educação ambiental busca promover a construção de projetos educacionais que contemplem a cooperação e a solidariedade para com todas as formas de vida, inclusive a espécie humana. No nosso entendimento, tanto os pressupostos da educação de jovens e adultos como os da educação ambiental têm proximidade, promovendo auxílio mútuo no processo ensinoaprendizagem, porém ao colocá-los em prática percebemos as dificuldades da efetivação desses pressupostos. Talvez pela dificuldade de compreensão conceitual dos mesmos, ou pelas condições estruturais e pedagógicas vivenciadas atualmente nas escolas públicas, ou ainda pela falta de formação dos educadores. Nesse sentido, o presente texto tem o objetivo de refletir sobre alguns aspectos relativos à educação ambiental e à educação de jovens e adultos, destacando as contribuições e aproximações existentes entre elas, bem como as dificuldades de aplicação dos pressupostos metodológicos de ambas, no 108 cotidiano da escola. *AS6 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA): UMA ABORDAGEM INTEGRADA ENTRE O MESTRADO EM EDUCAÇÃO E O CURSO DE PEDAGOGIA. AUTOR MARCOMIN, Fátima Elizabeti – PPGE-UNISUL – [email protected].; SILVA, Alberto Dias Vieira – PPGE-UNISUL – [email protected].; RODRIGUES, Márcia – AnPAP-EA/UNISUL – [email protected]; CAVALER, Andréa de Césaro – PPGE-UNISUL - [email protected]; MENDONÇA, Ana Waley – AnPAP-EA/UNISUL – [email protected] ET Educação Ambiental Sensibilizar futuros pedagogos sobre a importância de incorporarem na sua prática pedagógica aspectos pertinentes à Educação Ambiental é fundamental, uma vez que permite o rompimento de velhos paradigmas, a re-construção de valores indispensáveis à coletividade, à integração e inter-relação entre educação – meio ambiente. Tudo isso, possibilita a incorporação no curso de Pedagogia de um processo de formação que contemple a valorização do meio e o re-pensar o papel do cidadão na permanente busca pelo estabelecimento de relações equilibradas entre o ser humano e o ambiente, com vistas à sustentabilidade. O trabalho trata da análise decorrente da implementação, em 2005-2006, do segundo módulo de um projeto de pesquisa em Educação Ambiental (EA), desenvolvido por alunos e professor do Programa de Mestrado em Educação junto aos alunos do curso de graduação de Pedagogia. O projeto de pesquisa objetivou suscitar reflexões sobre Educação, Ambiente e Sociedade, subsidiando futuras ações de EA, bem como o desenvolvimento de uma nova pauta de conduta do pedagogo como elemento facilitador, ao desenvolvimento de sociedades sustentáveis, contemplando aspectos de ordem teórico-prático à luz da EA. O processo de formação em Educação Ambiental pautou-se, dentre outros, em Galiazzi e Freitas (2005); Spazziani (2004); Guimarães (2004); Taglieber (2004); Cascino (2003); Sato (2003); Tamaio (2002, 1995); Zakrzevski e Sato (2001); Weid (1997). No processo de avaliação final, segunda etapa do projeto, os alunos da Pedagogia ressaltaram, dentre outros aspectos: a motivação do grupo responsável pelo projeto, durante a realização das atividades; a contribuição do projeto para a formação e revisão de hábitos, atitudes e comportamentos; a necessidade de maior disponibilidade de tempo para o desenvolvimento das atividades; a importância da continuidade do projeto para os próximos anos, visando a formação do pedagogo. Palavras Chave: formação de pedagogos, educação ambiental, sensibilização ambiental. *AS7 TÍTULO AUTOR ET TRILHAS INTERPRETATIVAS: CAMINHOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL MENGHINI, Fernanda Barbosa – UNIVALI – [email protected]; GUERRA, Antonio Fernando Silveira – UNIVALI – [email protected] Educação Ambiental Este artigo caracteriza a trajetória do processo de construção de uma metodologia para Trilhas Interpretativas aplicada a um grupo de professores, um técnico, dois guardasparque do Parque Ecológico Rio Camboriú (PERC), litoral centro-norte de Santa Catarina. A fundamentação teórica tomou como base aspectos da percepção ambiental (DEL RIO & OLIVEIRA, 1999) e da representações sociais de meio ambiente (REIGOTA, 1998, 2002; RUSCHEINSKY, 2002; SAUVÉ, et. al., 2000, 2001) e de trilhas interpretativas (VASCONCELLOS & OTA, 2000). Uma Oficina de planejamento de atividades de EA em trilhas interpretativas foi desenvolvida com caminhadas monitoradas nas trilhas do parque em Balneário Camboriú, comparando-as com trilhas de uma área natural e de uma área antropizada. Para caracterizar representações e percepção do grupo sobre o tema e questões ambientais, aplicaram-se questionários (pré e pós), desenvolveu-se na Oficina uma fundamentação teórica sobre trilhas interpretativas, atividades educativas e discussões com o grupo buscando a (re)formulação de conceitos, planejamento de projetos para utilização das trilhas como recurso pedagógico à Educação Ambiental. Uma avaliação da caminhada desenvolvida nos mostra que a participação dos professores, da técnica e dos guardas-parque ao longo da oficina foi muito expressiva e que o diálogo e a reflexão-ação sobre o problema estabeleceram um processo de evolução das representações e da percepção ambiental dos mesmos. Confirmando aspectos teóricos de que as trilhas têm o propósito de desenvolver nos caminhantes um novo campo de percepções, constatou-se como o grupo percebeu o meio ambiente e a problemática ambiental nas trilhas visitadas na região; desenvolveu o entendimento de que a interpretação ambiental como também a própria EA e suas práticas não se resumem à transmissão de informações, mas que envolve valores, sentimentos e cuidados para com o espaço visitado, visando enriquecer, desenvolver atitudes críticas e saberes necessários para a conservação destes ambientes visitados. Palavras-chave: trilhas interpretativas, percepção ambiental, sensibilização ambiental. *AS8 TÍTULO AUTOR SENTIDO DO HUMANO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A PARTIR DAS PROPOSIÇÕES DE HUMBERTO MATURANA BARCELOS, Valdo – UFSM [email protected]. ; ALVES, Homero – UFSM - [email protected]. ET Educação Ambiental 109 No presente artigo, trazemos algumas reflexões a partir da Biologia do amor (BA) e da Biologia do conhecimento (BC), propostas por Humberto Maturana3. Através do texto buscamos evidenciar o entendimento a respeito do humano na BA e na BC, e, a partir disso, algumas possíveis implicações para pensar a Educação Ambiental. Procuramos relacionar o entendimento sobre o humano a partir do âmbito biológico e cultural que, conforme as proposições de Maturana, podemos compreender os sentidos fundamentais do nosso existir como seres biológicos e relacionais. Apresentamos algumas reflexões sobre o amor como o emocionar que fundamenta o humano. Discutimos alguns conceitos propostos na BA e na BC, procurando mostrar que eles são gerados na reflexão sobre a experiência no espaço relacional em que acontecem. A partir dessas discussões, procuramos algumas possibilidades, como bases para reflexão sobre como praticar a Educação Ambiental. E ao final tratamos sobre espaços ou domínios de reflexão de onde podemos pensar a Educação Ambiental em acordo com a BA e a BC. Nesse sentido discutimos a nossa ação gerada no nosso viver de seres na biologia, e por isso, a possibilidade de observarmos o emocionar que gera nossa ação. Sabendo que nossas ações acontecem na linguagem, em redes de conversações que constituem as distintas culturas que vivemos, sabemos que somos nós que criamos as culturas que vivemos ao participarmos nas diferentes redes de conversações que participamos. Nessas conversações conservamos e criamos os mundos que vivemos. Disso nos surge a pergunta sobre que conversações, ou que culturas desejamos conservar, e, portanto, que emocionar conservamos ao mantermos as ações nas culturas que vivemos. Palavras-chave: Humberto Maturana – Educação Ambiental – Biologia do amor – Biologia do conhecimento *AS9 TÍTULO AUTOR A ESCOLA NOS PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO AMBIENTAL DA CIDADE: UM PROJETO DO JARDIM BOTÂNICO DE BOGOTÁ VILLABONA, Ivonne Ayde Rodríguez ET Educação Ambiental Arquivo não abre *AS10 TÍTULO FORMAÇÃO “AMBIENTAL” DIALÓGICA DO EDUCADOR NUMA PERSPECTIVA ECO-RELACIONAL AUTOR FIGUEIREDO, João B. de Albuquerque - UFSC - MOVER/UFC – GEAD [email protected] ET Educação Ambiental O objetivo deste ensaio é estabelecer uma teia de reflexões acerca da formação ambiental do docente por reconhecer a pertinência de que estes processos formadores contemplem essa temática, talvez a mais relevante na atualidade. Concomitantemente, considera que não podemos mais continuar desconhecendo a gravidade sócio-ambiental presente em nossa sociedade. O que implica, por sua vez, na premência de se tratar dos saberes populares. Isto significa potencializar que esta população excluída esteja mais qualificada para enfrentar o caos fundante de uma nova mundialidade, nesse início de século. Dito isto, como iniciar um diálogo acerca da formação dialógica do educador? Em particular de um educador que possa ter o adjetivo ambiental e popular? Bem, se estas questões são amplas, abrangentes, complexas, isto implica que é mais adequado que elas sejam respondidas de maneira a atender estas demandas aqui expostas. Nesta direção, optamos por pensálas sob uma perspectiva que contemple estes aspectos. Por este motivo, a Perspectiva Eco-Relacional é nossa opção. Mas, por que a Perspectiva Eco-Relacional? O que lhe caracteriza de maneira que atenda estes nós apontados? Antes de qualquer coisa, parece-nos que existem perguntas anteriores, tais como: Por que pensar a formação de um educador “ambiental”? Por que pensar a formação de um educador “popular”? Por que uma formação dialógica? E, neste emaranhado vamos tecendo o macramê, na costura da teia epistêmica que ajuda na constituição de uma abordagem educativa pertinente ao mundo atual. *AS11 TÍTULO AUTOR A ECOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO AMBIENTAL FAREZIM, Joseana Stecca, - UNIJUÍ – [email protected] ;GÜLLICH, Roque Ismael da Costa – SETREM – [email protected] ;SCHEID, Neusa Maria John – URI – [email protected] ;PANSERA-DEARAÚJO, Maria Cristina – UNIJUÍ – [email protected] ET Educação Ambiental O texto aqui apresentado é um recorte da pesquisa que teve como tema: “Ensino de Biologia: fundamentos e práticas de Ecologia no Ensino Fundamental e Médio em Giruá/RS”, através desta investigação procurei compreender o ensino de Ecologia a partir da visão dos professores das três redes de ensino do município em questão. Apresento a história da Ecologia e como se deu sua constituição como ramo da Biologia e o papel da Educação Ambiental neste processo histórico. A investigação empírica se deu a partir de questionário com perguntas semi-estruturadas, em que os professores do município foram convidados a responder, seguindo os preceitos éticos da Resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde. As respostas foram discutidas à da luz de referenciais constituídos durante a pesquisa, o que possibilitou um maior entendimento do cotidiano da sala de aula, através de uma leitura mais clara dos processos de ensino-aprendizagem no cotidiano escolar. A análise tornou possível interpretar a compreensão dos professores frente a questões ambientais e ecológicas. Palavras-chave: Ecologia, Ensino, Educação Ambiental *AS12 TÍTULO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARQUE: UMA EXPERIÊNCIA DE PESQUISA E FORMAÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS. AUTOR FILIPINI, Gedalva Terezinha Ribeiro - UNOESC [email protected] TREVISOL, Joviles Vitório – UNOESC – [email protected] ET Educação Ambiental 110 Na região do Meio-Oeste catarinense, no município de Joaçaba, há uma Unidade de Conservação com relevantes fragmentos das Matas de Araucárias, local onde se encontra instalado o Parque Natural do Vale do Rio do Peixe. Nas mediações desta unidade de conversação há uma escola de ensino fundamental pública municipal, que atende crianças e jovens, provenientes dos arredores da cidade, e das comunidades rurais do município. Tendo em vista que a comunidade escolar e regional desconhece a existência do parque e, por conta disso, persistem as práticas predatórias em relação a esse importante patrimônio natural, esta pesquisa elegeu a Escola Nuperajo como o “lócus” privilegiado para o desenvolvimento de uma pesquisa-ação. As atividades iniciaram em novembro de 2005 e foram concluídas em dezembro de 2006, envolvendo todos os professores desta unidade escolar (24 ao todo). A pesquisa teve duas importantes etapas. A primeira delas consistiu em um estudo de percepção ambiental, desenvolvido por meio de um instrumento de pesquisa, em forma de questionário semi-fechado. Por meio desse procedimento objetivou-se compreender melhor o ambiente vivido/experimentado pelos docentes, principalmente os sentidos e a importância que conferem ao meio ambiente, ao parque e à educação ambiental. A despeito de manifestarem-se bastante conscientes e preocupados com a problemática ecológica local/global, os docentes destacaram a ausência da dimensão ambiental em seus processos de formação, o desconhecimento das políticas públicas e das diretrizes da educação ambiental e o reduzido envolvimento em atividades socioambientais educativas. O conjunto dos resultados obtidos nesta etapa foi decisivo para o desenvolvimento da segunda, que consistiu numa experiência de formação de professores em educação ambiental. Partindo do pressuposto freireano de que na formação permanente de professores, a reflexão crítica sobre a prática constitui um momento fundamental, a experiência de formação desenvolvida priorizou o desenvolvimento de saberes e de práticas essenciais à compreensão da problemática ambiental, assim como, o desenvolvimento de valores e de ações pedagógicas comprometidas com o enraizamento da educação ambiental na escola e na sociedade. O trabalho realizado revelou, entre outros aspectos, as dificuldades que os docentes encontram para inserirem a dimensão ambiental nos seus fazeres pedagógicos, decorrentes estas também, das deficiências dos processos/cursos de formação de professores que freqüentaram. Palavras-chave: Formação de professores; políticas públicas de educação ambiental; unidade de conservação; percepção ambiental; Vale do Rio do Peixe. *AS13 TÍTULO PROBLEMATIZANDO A CONSTITUIÇÃO DA EDUCADORA AMBIENTAL NO CONTEXTO EDUCATIVO: DIÁLOGOS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES AUTOR ALVES, Juliane de Oliveira – FURG- [email protected] ET Educação Ambiental Atuando paralelamente como professora alfabetizadora e aluna de pósgraduação em processo de formação continuada trago nesta escrita os diálogos, desafios, desassossegos e possibilidades e algumas impressões desse processo de constituição enquanto aluna de pós-graduação e docente de uma escola pública. Esta investigação baseia-se em uma abordagem qualitativa de pesquisa, entendendo que esta permite valorizar as interações e busca compreender os fatos em seu contexto, valorizando o que é produzido por um grupo de sujeitos e que não pode ser quantificado, mas problematizado e levado em consideração. Ao longo dessa escrita objetivo narrar e interpretar, de forma crítica e reflexiva, as situações experimentadas, sentimentos e dificuldades da atuação docente e as implicações de uma pesquisa dessa natureza, que suscita um processo de autoconhecimento, possibilitando o exercício aprofundado da criticidade, da reflexividade e da autonomia. As trajetórias explanadas demonstram os limites e possibilidades de uma pesquisa com enfoque narrativo, abordando a importância das relações sociais para a constituição dos sujeitos e de sua subjetividade, bem como desvelando os processos de constituição da educadora ambiental na sua prática educativa e as distintas possibilidades de sua atuação como professora alfabetizadora. É oportuno lembrar que senti em diferentes rodas de conversas informais, o espanto, a surpresa e o não entendimento da proposta de se fazer uma pesquisa desse tipo ao estar freqüentando o mestrado, visto que o tema da investigação não é comumente percebido como campo de atuação da Educação Ambiental. A surpresa das pessoas com a temática que escolhi para investigar reflete o pensamento que é fruto de nossas raízes de cunho racionalista e naturalista, heranças de nossa cultura que separa a natureza da sociedade, corpo e mente, e assim forma convicções e relações dualistas acerca do ambiente. Entendo esta escrita como um exercício de aprofundamento de reflexões, desafios e indagações que, por muitas vezes, ficam adormecidos e esquecidos na solidão da sala de aula, pois ainda não são vistos como relevantes para serem tema de uma investigação, sobretudo, quando se pensa na pesquisa em Educação Ambiental. Em diferentes ocasiões, compartilhei do sentimento de que não se julga importante dizer o que aparentemente “todo mundo já faz” ou o que “todo mundo já sabe”. Também encontrei, inicialmente, barreiras que me fizeram duvidar da importância dessa escrita, que trata dos rituais de iniciação, dos desafios, das possibilidades, dos desassossegos e vivências de tornar-se uma educadora ambiental e alfabetizadora, ousando ser pesquisadora do seu próprio processo de constituição. *AS14 TÍTULO PEDAGOGIAS LITERÁRIAS: O SERTÃO AMAZÔNICO COMO DESERTO AUTOR GUIMARÃES, Leandro Belinaso – PPGE/UFSC [email protected] ET Educação Ambiental O presente ensaio é resultado de uma investigação de doutorado que procurou compreender aspectos relativos aos processos implicados na nacionalização da Amazônia brasileira, no período inicial da República do Brasil, no começo do século XX. Neste estudo, defendo a tese de que estavam em articulação, naquele período da Primeira República brasileira, processos sociais, políticos, culturais e econômicos que buscaram nacionalizar o território amazônico. Em outras palavras, tais processos visaram, efetivamente, tornar aquele território, concebido como “abandonado” e “desértico” (ou seja, sem marcas de civilização), familiar à nação, integrado a ela e voltado ao seu desenvolvimento e ao seu progresso, tanto econômico como social. Tais pretensões instituíram determinados modos de narrar a floresta naqueles tempos, promovendo uma descontinuidade com formas predominantes encontradas nas literaturas científicas e estrangeiras de viagem – escritas no decorrer do século XIX. O estudo mergulhou nos materiais escritos por um importante “literato” brasileiro (Euclides da Cunha), produzidos em decorrência de sua viagem à floresta, em 1905, como Chefe de uma Comissão patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores, que procurou mapear o rio Purus (desde sua desembocadura em Manaus até suas cabeceiras no atual Estado brasileiro do Acre) e, com isso, delimitar as fronteiras amazônicas do Brasil com o Peru e a Bolívia. É importante ressaltar que Euclides da Cunha havia sido alçado à posição de um importante pensador e escritor dos territórios “abandonados” da nação (dos seus interiores repletos de uma natureza hostil à ocupação e ao progresso civilizacional que se almejava ao país). O escritor havia visto por dentro o 111 desenrolar do levante de Canudos (uma “revolta” popular contrária à República que se instalava no país, segundo a visão oficial daquele momento) no sertão brasileiro, como enviado do jornal “O Estado de São Paulo”. Tal experimentação jornalística, que incluiu o acompanhamento do massacre dos insurgentes pelas tropas militares republicanas, permitiu ao viajante escrever sua obra considerada máxima: “Os Sertões”, tido como um dos principais livros da literatura brasileira. E mais, essa obra foi consagrada, e publicada com “êxito fulminante”, desde o momento de sua primeira edição, em 1902 (ABREU, 1998). A investigação toma os textos euclidianos sobre a Amazônia como exemplares de discursos circulantes naquele período, que atuaram na instituição da floresta como um território nacional. Este trabalho busca refletir, especialmente, sobre uma das pedagogias euclidianas sobre a Amazônia: a instituição da floresta como um território desértico. A necessidade de se vencer o deserto instalado no sertão amazônico, que sufocava terras e gentes, foi um dos ensinamentos que o viajante pretendeu instaurar nos sujeitos responsáveis pela construção de uma nação brasileira desenvolvida, integrada e próspera de progresso e de civilização. Argumenta-se, a partir do campo multifacetado dos estudos culturais em educação, em suas vertentes pósestruturalistas de pesquisa (COSTA, 2000; SILVEIRA, 2005), e dos estudos culturais da ciência (WORTMANN e VEIGA-NETO, 2001), que tais produções estiveram implicadas, ainda, na produção discursiva do território amazônico como um território nacional. Naquela época, conforme se defende na tese, a Amazônia foi produzida como um território à margem da história, como “desértico” de civilização e como ocupado por grupos humanos nômades; enfim, aquela era uma terra, segundo discursos circulantes à época, que tornava estrangeiros os brasileiros que se aventuravam a trabalhar no calor da floresta visando melhores condições de vida futura através da extração da borracha – cuja produção estava no auge naquele período (ALMEIDA, 2004; DAOU, 2000; ARAUJO, 1998). Assim, por este duplo abandono em que se encontravam tanto a floresta como os brasileiros que lá viviam, era preciso integrar a floresta à nação, tornar aquele território “familiar” e repleto de marcas de progresso e de desenvolvimento econômico e social. Nessa direção argumentativa, o presente estudo salienta que os materiais produzidos em decorrência da viagem oficial de delimitação territorial de Euclides da Cunha (sobretudo o diário e o relatório de viagem) diferenciam-se, sobremaneira, dos relatos de viagem processados por naturalistas e demais viajantes estrangeiros que percorreram a floresta no decorrer do século XIX, cujo olhar “científico” era proeminente, visto que descreviam – conforme se pode ler no sumário do livro “Quadros da Natureza” do importante naturalista alemão Alexander von Humboldt (1957) – “a vida noturna dos animais”, a “fisionomia das plantas”, “o papel dos insetos alados”, “as observações termométricas”, etc. Embora a viagem de Euclides da Cunha tivesse também apresentado um intuito “científico” (o rio Purus foi, efetivamente, medido, catalogado, mapeado), a “necessidade” de nacionalizar o território amazônico exigiu, entre outras coisas, o apagamento das marcas científicas e estrangeiras que os viajantes naturalistas inscreveram na floresta, no decorrer do século XIX. Tecidas estas considerações introdutórias, passo a marcar sucintamente aquilo que irá compor este trabalho. Destaco neste ensaio, sobretudo, como se instituiu uma pedagogia para a Amazônia naqueles tempos iniciais de nossa República, que buscava apagar, dissolver, vencer o deserto em que estava jogada a floresta. Nessa direção, pontuo inclusive de que modo foi possível uma floresta exuberante, grandiosa e já tantas vezes enunciada como um paraíso terrestre, ser instituída como um território desértico. *AS15 TÍTULO UMA ANÁLISE DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DESENVOLVIDA NA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS AUTOR LORENZETTI, Leonir – UnC-Caçador ([email protected]); DELIZOICOV, Demétrio – UFSC ([email protected]) ET Educação Ambiental O trabalho discute as características da pesquisa em Educação Ambiental no Brasil, na área de Ciências Humanas e Ensino (Outra) a partir da análise de dissertações e teses produzidas nessa área em distintos programas de pós-graduação, identificando os autores dos trabalhos, as instituições de ensino, os programas de pós-graduação e as temáticas envolvidas nas pesquisas. Através dos resumos das dissertações e teses foi possível classificá-las de acordo com a região geográfica, por nível de ensino, pelo público-alvo envolvido na pesquisa, pelas categorias da Educação Ambiental. Os dados demonstram a emergência da pesquisa em Educação Ambiental aliada aos grandes eventos relacionados à área como Rio-92 e à divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs que têm o Meio Ambiente e Saúde como tema transversal. Aponta-se a necessidade de realizar estudos, inclusive para a obtenção de mais dados, de modo a melhor caracterizar as pesquisas realizadas na área de Educação Ambiental. Palavras-chave: Educação Ambiental; Estado da Arte; Meio ambiente; Produção Acadêmica. *AS16 TÍTULO PROFESSORES E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA RELAÇÃO PRODUTIVA AUTOR DUTRA, Mara Rejane Osório – UFPel – [email protected] ET Educação Ambiental Neste texto, trato do tema Educação Ambiental (EA)1 escolar. Motivada pelos estudos sobre o currículo, que seguem inspiração de pós-estruturalistas (SILVA, 1995, 1996, 1999; CORAZZA, 2001, 2003; COSTA, 2003), busquei olhar os currículos escolares de EA, como algo não natural. Essa abordagem sugere que se compreenda o currículo não como simples lista de conhecimentos e saberes universais que são necessários a todos os estudantes. O currículo é muito mais que isso: é um artefato produzido e fabricado a partir de diferentes interesses, disputas e poderes. O currículo, como sempre, quer alguma coisa (Corazza); é pautado por desejos e é um espaço produtivo. Produtivo porque cria significados, representações, identidades, relações,comportamentos, conceitos e práticas que podem se tornar verdades incontestáveis, fechadas e fixadas. Ao serem pensados e organizados nestas condições, os currículos priorizam algumas coisas e renegam, impossibilitam, barram, outras tantas. Assim, o currículo foi pensado, neste trabalho, a partir de três dimensões: como política cultural (um local de conflito e disputa para se definirem aspectos da cultura considerados mais ou menos importantes, certos ou errados, bons ou ruins, normais ou anormais, para a socialização das novas gerações); como política de representação (representar é tentar, através de diferentes estratégias, táticas e instrumentos, tornar real, verdadeiro e fixo, um conjunto de significados específicos); e como prática discursiva (o currículo, seus discursos e narrativas definem papéis, autorizam e desautorizam determinadas representações do mundo, hierarquizam conhecimentos, valorizam certos sujeitos, temas, grupos sociais e suas formas de vida e excluem outros tantos). Para realizar o estudo, priorizei os discursos de onze professores que desenvolviam atividade de EA em escolas municipais2. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram, prioritariamente, a entrevista e, como complemento, a análise de textos (projetos e materiais utilizados pelos professores). Tanto a entrevista como os textos foram tratados como artefatos discursivos. Ao utilizar a entrevista, ou os textos escritos, como ferramenta de coleta de dados, tinha por certo que, quando os professores falavam (ou escreviam) sobre a EA, em suas práticas, não o faziam de qualquer lugar, pois 112 estavam posicionados diante de diferentes discursos que ao serem mobilizados definiam e fixavam, tipos, discursos e práticas especificas de EA. Assim, as falas dos professores dependem de uma condição e produtividade discursivas da EA que não pertencem ou que advém de uma consciência racional de um sujeito particular. São, antes de tudo, efeitos de muitos discursos que se apresentaram como verdadeiros. Deste modo, os professores, ao serem chamados a participar de atividades, palestras e cursos, acabam sendo envolvidos por determinados discursos e práticas. Sendo sujeitos plurais, efeitos de uma miríade de discursos que envolvem práticas, teorias, experiências, relações, organizações, resistências e aceitações, esses professores produziram suas atividades de EA a partir de misturas, amarrações, disputas e jogos que derivaram de um pouco de tudo isso. Nesta condição, ao analisar as entrevistas e os textos, não procurei uma essência, uma origem, algo escondido ou camuflado nos discursos proferidos pelos professores. Também não quis fazer julgamentos de valor acerca desses discursos e definir se um é mais ou menos importante, real, ou melhor, do que o outro. Quis, sim, mostrar que eles existem e estão produzindo significados, representações que se colocam como verdades nas escolas. Quando me detive em estudar aquilo que os professores falaram, escreveram e praticaram, tive como intenção, mostrar as falas, os textos e as praticas, como “efeitos” - da linguagem, dos discursos, dos textos, das gramáticas, das interpelações, das histórias, dos processos de subjetivação (CORAZZA E TADEU, 2003). Nos parágrafos seguintes, tenho como objetivo descrever alguns aspectos sobre o tipo de currículo de EA que se estabeleceu nas escolas estudadas. Primeiro, discuto como os professores foram marcados pelos discursos da gestão ambiental; segundo, como, a partir de um processo de composição, os professores organizaram suas práticas pedagógicas de EA no contexto da escola: o “currículo turístico”; a pedagogia higienizadora e embelezadora do ambiente; o esclarecimento e o progresso das consciências escolares. *AS17 TÍTULO AUTOR ET UMA ANÁLISE DA REVISTA LEGISLINHO E SUA TURMA NO MANGUEZAL SEGALLA, Maria Bernardete – UNIVALI - [email protected]; GUERRA, Antonio Fernando Silveira – UNIVALI – [email protected]; LANG, Ananda Katlyn – UNIVAL – bolsista - [email protected] Educação Ambiental Este artigo apresenta reflexões a respeito das possibilidades didáticopedagógicas da revista em quadrinhos “Legislinho e sua turma no manguezal”. O foco da revista é o ecossistema do manguezal e as leis que preservam estes ambientes, permitindo com isso abordar temas para inserção da dimensão ambiental nas práticas pedagógicas. A revista apresenta conhecimentos referentes ao ecossistema e seu entorno e discute a importância das leis que o protegem, valorizando a prática lúdica com atividades como colorir desenhos ou entender as brincadeiras do personagem que apresenta os temas. Para análise da revista foram utilizadas categorias sugeridas por Trajber & Manzochi (1996). A revista foi trabalhada com um grupo de 6 professores e 35 alunos de uma Escola de Educação Básica do município de Itapema, em Santa Catarina. Os professores envolvidos na utilização da revista em sala de aula relataram a importância da mesma para que se possa trabalhar a ludicidade, a arte, com a pintura, bem como desenvolver a imaginação e a criatividade através dos desenhos. Os alunos apresentaram uma visão positiva da revista, e os relatos indicam uma aprendizagem significativa com relação a conceitos sobre o ambiente manguezal, destacando aspectos como da Legislação, pouco conhecida por eles e por seus professores. Percebeu-se em alguns dos professores e seus alunos entrevistados por eles a possibilidade de que a representação anterior do manguezal como um lugar sujo e poluído, já não faça parte do discurso de muitos. Assim, mesmo que novos estudos necessitem ser realizados com outras turmas e escolas, os dados indicam que estas representações construídas culturalmente podem ser percebidas de outra forma após a leitura e discussão do conteúdo da revista em quadrinhos. Dessa forma, a revista pode se constituir em uma ferramenta de apoio à prática docente na Educação Básica, auxiliando o processo de inserção da dimensão ambiental nas práticas pedagógicas, na formação de valores e atitudes conscientes, de forma que se promovam mudanças nas representações e a elaboração de outro discurso, voltado à preservação e conservação desse ecossistema. Palavras-chave: manguezais, revista em quadrinhos, legislação ambiental, materiais didáticos *AS18 TÍTULO AUTOR ET Arquivo não abre EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ESTÉTICA E TRABALHO CRIATIVO COMO ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PESCADOR ARTESANAL Maria Odete da Rosa Pereira Educação Ambiental *AS19 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL . DA UTOPIA À PRÁTICA SOCIAL AUTOR EHRHARDT, Nelci- UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL -ULBRA . CAMPUS CARAZINHO- [email protected] ET Educação Ambiental 113 O artigo apresenta estudo sobre a constituição de orientação ecológica em pessoas que se envolveram com programa ambiental de coleta seletiva de resíduos sólidos do município de Carazinho/RS, discutindo de que forma a participação em programas ambientais, como este, afeta práticas e concepções dos envolvidos, promovendo produção de sentidos e ressignificando conceitos e valores. Procurou-se identificar diferentes percepções de problemas ambientais e seus sentidos culturais na Modernidade, considerando o ambientalismo como nova expressão de movimento social e as propostas ecológicas para o manejo de resíduos como alternativas no enfrentamento da crise política e ambiental. As formas de lidar com o lixo urbano foram consideradas categorizadoras de saberes e indicadoras de status. Compreender e interpretar diferentes modos de subjetivação . como (re)constituímos nossas identidades e como diferentes histórias contam outras .verdades. foram os objetivos do estudo, através da análise de entrevistas narrativas, numa perspectiva hermenêutica, apoiada também em análise de documentos, confrontando conhecimentos, valores e percepções de diferentes atores sociais, explorando suas utopias, controvérsias e limitações. Palavras-chaves: Coleta seletiva. Identidade ecológica. Modernidade e consumismo. *AS20 TÍTULO AUTOR ET “HISTÓRIAS DE VIDA”: NOVAS AÇÕES PARA A EDUCAÇÃO E PARA A HISTÓRIA AMBIENTAL BALDIN, Nelma – UNIVILLE – [email protected]; GRAMKOW, Nilsa – ONG VidaVerde (Joinville) [email protected] Educação Ambiental Este estudo trata das análises dos resultados obtidos com a execução do Projeto de Pesquisa Educação Ambiental e Gestão Comunitária: Uma proposta de elementos para a construção de um Plano Diretor de Recursos Hídricos – o caso do Rio do Braço (Joinville/SC), que foi aplicado entre 2004 e 2006, cujo objetivo foi desenvolver uma política de educação ambiental e gestão ambiental comunitária para a elaboração de uma proposta de plano diretor de recursos hídricos. Executou-se ações educativas e culturais na comunidade que ocupa a bacia hidrográfica do Rio do Braço, nos limites do Distrito de Pirabeiraba, no município de Joinville/SC. Para tanto, estudou-se a documentação local disponível e buscou-se, também, os fundamentos teóricos e metodológicos da Educação Ambiental, da nova perspectiva da história (a história ambiental) e da pesquisa qualitativa (pesquisa ação e pesquisa participativa). Nesse trabalho, desenvolveram-se ações técnicas e metodológicas de pesquisa que levaram à coleta de informações históricas e de vida da população e os problemas ambientais que essa comunidade vem enfrentando, bem como levantaram-se, juntamente com a comunidade, formas de como atuar nesses problemas, apontando possibilidades e encaminhamentos de soluções. Neste sentido, a pesquisa qualitativa forneceu a base teórica para as ações em diferentes frentes metodológicas: ações culturais e didático-pedagógicas junto à crianças das escolas de ensino fundamental da localidade e, em especial, realizou-se entrevistas individuais com idosos da comunidade (levantamento de “histórias de vida”) que levaram à informações sobre a população que vive na comunidade, bem como os problemas ambientais que essa comunidade vem enfrentando. As “histórias de vida” dos entrevistados levantaram formas de como atuar nesses problemas, apontando possibilidades e soluções, tal como a elaboração de uma Cartilha Ambiental que relata as histórias de vida das pessoas relacionadas à história da vida e morte do rio Pirabeiraba (que corre na localidade), sempre com vistas à atuação junto à adultos e crianças, num esforço de revitalização do rio. Procedimento este, novo, que relaciona os contextos histórico, social, geográfico e ambiental com a ação do pesquisador envolvido diretamente com a comunidade e do professor em sala de aula, sempre na busca de maior representatividade do papel social e cidadão de cada um. Palavras-Chave: Revitalização do Rio; Educação Ambiental; História Ambiental. *AS21 TÍTULO EDUCAÇÃO AMBIENTAL ENQUANTO FORMAÇÃO MORAL: FINALIDADE ADAPTATIVA, REPRODUTIVISTA OU TRANSFORMADORA? AUTOR FILVOCK, Solange Freundel Educação, Ambiente e Sociedade/PPGE-UFPR [email protected] TEIXEIRA, Cristina Educação, Ambiente e Sociedade/PPGE-UFPR [email protected] ET Educação Ambiental Este trabalho remete as reflexões que envolvem a educação ambiental como formadora da moral e pretende analisar se os conteúdos encontrados nos discursos de Educação Ambiental, tem propiciado uma formação moral que visa adaptar os indivíduos à sociedade, reproduzir as relações de poder e a ideologia dominante nela presente ou ser instrumento de transformação para e no mundo. Isso foi feito a partir de análise de conteúdo de diversos autores do campo da educação ambiental entre eles, Carlos Frederico Loureiro, Gustavo Lima, Philippe Layrargues e Isabel Carvalho, como também na avaliação do documento referente a Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental. Chegou se a conclusões preliminares que a Educação Ambiental, enquanto formadora da moral, tem servido como instrumento de adaptação e reprodução dos conteúdos morais, embora ajam tentativas de se superar dessa dimensão. Palavras Chaves: Educação Ambiental, Educação Moral, Adaptação, Reprodução e transformação. *AS22 TÍTULO AUTOR PROCESSOS PSICOSSOCIAIS NA CONSTITUIÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL MOLON, Susana Inês – FURG – [email protected] ET Educação Ambiental 114 A discussão de processos psicossociais na Educação, mais precisamente na formação de professores, vem sendo ressaltada como um campo de pesquisa em Psicologia da Educação, por alguns autores, como André e Placo (2007), Zanella e Molon (2007). Este trabalho pretende analisar alguns processos psicossociais na constituição do educador ambiental a partir da experiência de um curso de formação continuada oferecido aos professores dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede municipal. Não se trata de inserir os processos psicossociais na temática da formação e constituição de professores e educadores ambientais, mas sim de problematizá-los e explicitá-los, pois fazem parte do ser humano. Como afirma Sawaia, a estética, a imaginação, a constituição do sujeito e a afetividade sustentam aquilo que é irredutível ao homem “sua capacidade de superar a fisicidade e as amarras do cotidiano e da natureza, transformando o existente, qualidade que para Vigotski é base da liberdade política e individual.”(2006, p. 85). Partindo dessa concepção, será enfocada, brevemente, as principais idéias sobre esses processos psicossociais na Abordagem Sócio-histórica desenvolvida por Vygotsky. A seguir, será anunciada a proposta metodológica do curso de extensão e da atividade de pesquisa na formação continuada de professores educadores ambientais, bem como serão apresentados os referenciais teóricos que fundamentaram o trabalho de intervenção, que teve como eixo orientador a Educação Ambiental crítica (CARVALHO, 2004, 2004a), transformadora e emancipatória (LOUREIRO, 2004, 2004a). *AS23 TÍTULO ANTROPOFAGIA CULTURAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – POR UMA PEDAGOGIA DA DEVORAÇÃO AUTOR BARCELOS, Valdo-MOVER: [email protected] ET Educação Ambiental Educação Intercultural e Movimentos Sociais-UFSC-PPGE-UFSM- Este texto resulta de um conjunto de estudos e de pesquisas onde tenho buscado estabelecer relações entre alguns pressupostos teóricos e epistemológicos da Antropofagia Cultural Brasileira e a formação de professores(as) em geral e em educação ambiental em particular. Quando me reporto a formação de professores(as) estou voltando minhas atenções para aspectos referentes ao exercício de sua profissão, ou seja: as suas relações com os(as) educados(as) no processo de ensinoaprendizagem escolar. Me refiro, portanto, à formação de professores(as) a uma perspectiva freireana e ecologista. Nesta perspectiva, a educação em geral e a Educação Ambiental (EA), em particular, não vêem homens e mulheres apenas como meros seres no mundo, mas, sim, pensam o vir a ser humano como uma “Presença no mundo, com o mundo e com os outros” (FREIRE, 1977:20). Recorro, também, a capacidade de indignação que impulsionou o pensamento ecologista libertário da década de 60 do século passado e que, ainda hoje, atrai para a defesa de um mundo social e ecologicamente mais justo, profissionais de diferentes áreas. São intelectuais, acadêmicos, artistas, políticos, sindicalistas, educadores. Enfim, todos(as) aqueles(as) que ainda acreditam que a barbárie não é a única alternativa que restou. Ao contrário, continuam acreditando que os tempos de pós-modernidade em que vivemos são um momento de grandes transformações nas relações entre homens e mulheres e as demais formas de vida e de existência neste imenso armazém de coisas (Paz, 1994) chamado universo. Cada vez mais a formação de professores(as) precisa estar atenta às mudanças e transições dos tempos atuais. Nesta formação, as relações ensino/aprendizagem devem contemplar o respeito e o cuidado no trato com as diferenças dos(as) educados(as). Ou faz essa escuta (PRRENOUD, 1977) ou não conseguirá sequer entender suas inquietações. São inquietações que não se restringem ao imaginário cultural do(a) aluno(a) mas estão sim, presentes na sua formação social, histórica, simbólica. Enfim, cultural do(a) educador(a) e educando(a). Para Tardif (2002:16) os saberes de um professor(a) decorrem, em grande parte, de “uma realidade social materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo, os saberes dele”. Na formação de professores(as) em geral, e em e EA em particular, seus saberes e experiências são um repertório que não pode de forma alguma ser desconsiderado. Na opinião de Reigota (1995) em EA não podemos nos basear apenas na transmissão de conhecimentos acadêmicos e de técnicas. Há que ir além dos conteúdos formais pois “Para isto já existe um bom número de disciplinas nos currículos escolares nos mais diferentes níveis do ensino formal” (1995:32). Por outro lado tivemos, por muito tempo, em EA, uma forte dependência de referenciais teóricos estrangeiros. Tais referências se mostraram, em muitos casos, inadequadas por não conseguirem estabelecer uma relação mais efetiva e afetiva com as diferentes realidades étnicas e cultuais aqui encontradas. Aliada a esta situação, ou mesmo como decorrência dela, carecia-se, então, de profissionais com habilitação adequada ao tamanho dos desafios da formação de educadores(as) ambientais no Brasil. Ao refletir sobre o cenário atual de formação inicial de professores, para trabalhar com as questões ambientais, Zakrzewski (2003), ressalta que boa parte das práticas educativas escolares ainda insistem em simplificar a complexidade das realidades vividas. Da mesma forma, os livros didáticos não escapam dessa fragilidade, na medida em que tendem a fragmentar os problemas, contribuindo para uma formação em que o pensamento integrado e complexo fica restrito a uma intenção e/ou a exemplos e iniciativas isoladas. Paradoxalmente, a escola é desafiada a ampliar seus universos simbólicos e culturais. É chamada a olhar para as diferentes formas de conhecimentos e saberes em circulação nos espaços e nas relações interculturais que se estabelecem em seu cotidiano. Neste sentido, há que se ampliarem seus territórios educativos onde, as práticas de ensinar e aprender superem a mera transmissão/reprodução de conteúdos curriculares (BARCELOS, 2003). Em educação e formação de professores(as) há que estar atento(a) para questões emergentes sob pena de “esquecê-las” nas entrelinhas dos planejamentos rígidos e burocráticos da organização escolar. Vivemos um tempo em que, mais do que nunca, somos “convocados” a repensar, a ressignificar aquilo que (LÜDKE, 2001:07) denomina de construção de uma “prática docente efetiva” no cotidiano escolar. O cenário vivido hoje na escola, está a demonstrar/denunciar, a falência de um certo modelo de ensino e de escola. Um modelo semelhante ao denominado por Arroyo (2004) de Imagens Quebradas. Em tal modelo de escola, tanto educadores(as) como educando(as), eram representados por metáforas que não mais dão conta de dizer dos(as) educandos(as) nem dos(as) educadores(as) de hoje. Eram alunos vistos como “plantinhas, massinhas, fios maleáveis...e ao longo da história da pedagogia múltiplas metáforas tentaram dar conta do ofício de ensinar e de educar: parteiras, jardineiras, artífices, bordadeiras...” (ARROYO, 2004:10). Se antes já não era tão fácil colar estas representações com as reais identidades de educadores(as) e de educandos(as) imagine se nos tempos atuais de pós-modernidade em que, as representações e imaginários sociais de educandos(as) e de educadores(as) passam por aceleradas e radicais transformações afetivas, simbólicas, psicológicas. Enfim, culturais. É buscando uma formação de professores(as) que aceite o desafio de romper com os clichês, regras, e práticas educativas reducionistas que proponho uma interlocução com a idéia da Atropofagia Cultural de origem oswaldiana e de seus parceiros de devoração, entre eles, Antônio de Alcântara Machado, Cassiano Ricardo, Raul Bopp, Menotti del Pcchia, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Zina Aita, Yan de Almeida Prado, Di Cavalcanti, Patrícia Galvão, Oswaldo Costa, Sergio Buarque, Alvaro Moreira, Filipe D’Oliveira, Sergio Milliet. Foram estes e estas que, entre outros(as), já na década de 20 do século passado se rebelaram contra a arte imitadora dos museus da velha Europa e das 115 cópias de modelos tão ao gosto daquilo que Oswald de Andrade chamou, em seu Manifesto Antropófago (1928), de “Elites vegetais em contato direto com o solo”.