Estabelecimento de uma Rede GPS de Controlo de Deformações no
Faial, Pico e S. Jorge
Virgílio B. Mendes(1), José Madeira(2), Joaquim Pagarete(1), Gonçalo Prates(3), António Trota(4), Pedro Elósegui(5)
(1)LATTEX
e Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; (2)LATTEX e Departamento de Geologia
da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; (3)Escola Superior de Tecnologia da Universidade do Algarve; (4)Centro de
Vulcanologia da Universidade dos Açores; (5)Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics
O arquipélago dos Açores é uma região sujeita a importante perigosidade
geológica de origem sísmica, vulcânica e gravítica.
O projecto DISPLAZOR (Controlo de deslocamentos tectónicos, vulcânicos e
escorregamentos no Faial, Pico e S. Jorge (Açores) usando GPS)
estabeleceu uma rede de 60 pontos de controlo GPS nas ilhas do Faial, Pico
e S. Jorge, com vista à detecção e quantificação de deformações superficiais
provocados por aqueles três tipos de fenómeno.
Neotectónica
Do ponto de vista da neotectónica, a monitorização da deformação
superficial contribuirá para:
as
Identificar movimentação co-sísmica nas falhas activas que recortam
ilhas e a região imersa adjacente (Figura 1);
parte
Detectar movimentação assísmica, que poderá ser responsável por
significativa da deformação neotectónica;
Quantificar
transtensivo;
decoupling
associado
ao
regime
tectónico
geral
Detectar sismicidade desencadeada em falhas adjacentes a uma rotura
sísmica.
Figura 1 – Enquadramento neotectónico do sismo de 9 de Julho de 1998.
Vulcanismo
No que respeita o vulcanismo, a monitorização por GPS poderá contribuir
para:
Detectar deformações do tipo inflacção e deflacção relacionada com
movimentação magmática nos 5 sistemas vulcânicos activos
existentes nas três ilhas, responsáveis por 9 erupções em tempos
históricos.
Figura 3 – Rede GPS no Faial, Pico e S. Jorge.
Campanha de Observações GPS
A primeira campanha de observação nas três ilhas decorreu entre 26
de Julho e 16 de Agosto de 2001, tendo sido observados todos os
pontos seleccionados nas três ilhas, utilizando 10 receptores.
Foram efectuadas sessões de observação de 24 horas e utilizadas 3
estações fixas durante todo o período de observação. Por questões
logísticas, o número de estações observando simultaneamente foi de 7
(3 estações fixas e 4 estações móveis).
No sentido de avaliar a qualidade dos dados, efectuou-se um
processamento prévio, que serviu também para determinar as
coordenadas de todos os pontos da rede em ITRF97, utilizando
estações IGS (Madrid, Villafranca e Maspalomas) como estações de
referência e órbitas de precisão geradas pelo IGS (International GPS
Service). Os resultados preliminares permitem desde já concluir que a
precisão interna das diversas bases é superior a 1 mm; no que diz
respeito à precisão externa, avaliada a partir da repetição dia-a-dia das
componentes das bases dos pontos fixos da rede, é da ordem de
poucos milímetros.
Movimentos de Massa
Nos Açores, os frequentes movimentos de massa, desencadeados por
vibração sísmica, deformação vulcânica ou por condições meteorológicas
adversas, são outro perigo geológico que a monitorização por GPS poderá
ajudar a quantificar.
Rede de Controlo GPS
Em 2001 foi estabelecida uma rede de
controlo GPS, sendo a localização dos
pontos
função
das
características
geológicas
do
terreno.
Para
a
materialização dos pontos, o projecto
DISPLAZOR desenvolveu peças originais,
para colocação em rocha, de baixo custo,
grande estabilidade e simplicidade de
utilização, que evitam a utilização de tripés
e minimizam os erros de medição da altura
da antena (Figura 2). Todas as marcas
estão colocadas em afloramentos rochosos
ou, onde tal não foi possível, em blocos
não enraizados de grandes dimensões. A
rede completa é constituída por 60
estações, 21 no Faial, 22 no Pico e 17 em S.
Jorge (Figura 3).
Figura 4 – Recolha de observações GPS.
Agradecimentos
O projecto DISPLAZOR é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia
(POCTI/1999/CTA/32444).
A realização da campanha de implantação de marcas/observação contou com a
participação Carlos Faria, Catarina Fradique, Fernando Sousa, Frederico Henriques,
Inês Silva, Marta Viana, Nuno Rodrigues, Paulo Sousa, Raúl Fonseca, Rita Carmo,
Rita Rodrigues, Rodrigo Castro e Rui Marques.
Os receptores GPS utilizados foram gentilmente cedidos por diversas instituições
públicas e privadas: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra, Instituto Superior Técnico, Instituto de Investigação Científica Tropical,
Instituto Português de Cartografia e Cadastro, Instituto Geográfico do Exército,
Estereofoto e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Figura 2 – Peça para suporte de antena.
III CNCG, Aveiro 5 – 6 Dezembro
2002
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