PIBID: UM PROJETO QUE ESTÁ DANDO CERTO EM DIFERENTES PARTES DO ESTADO Órgão Financiador: CAPES Thais Gonçalves D’Avila 1 Gabriel Dummer Camargo2 Gilberto Silva dos Santos3 Juliana Batista Pereira4 Denise de Sena Pinho (Orientadora do PIBID-Matemática/FURG)5 Márcia Souza da Fonseca (Orientadora do PIBID-Matemática/UFPEL)6 Marcus Vinícius de Azevedo Basso (Um dos orientadores do PIBID-Matemática/UFRGS)7 Resumo: O presente trabalho aborda uma síntese a cerca das atividades que estão sendo realizadas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), da área de Licenciatura em Matemática, que está sendo desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O PIBID se originou de uma ação conjunta do Ministério da Educação (MEC), da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e 1 Discente do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). [email protected] 2 Discente do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). [email protected] 3 Discente do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). [email protected] 4 Discente do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). [email protected] 5 Professora Mestre do Instituto de Matemática, Estatística e Física da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). [email protected] 6 Professora adjunta da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e professora pesquisadora da Universidad Autonoma de Queretaro/México. [email protected] 7 Professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). [email protected] 302 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O objetivo do projeto é de promover à iniciação à docência dos licenciandos, ao mesmo tempo em que permite a formação continuada de professores da educação básica, além de contribuir para o aumento das médias das escolas participantes no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A proposta de escrita do trabalho surgiu a partir do I Encontro Interinstitucional do PIBID, que se realizou no mês de março de 2010 na FURG, tendo entre seus objetivos articular as propostas de trabalho dos PIBID´s das instituições de ensino superior participantes, favorecer a escrita, a análise e a avaliação das atividades de ensinoaprendizagem, bem como socializar experiências escolares. O objetivo deste trabalho é apresentar algumas das atividades realizadas em cada uma das instituições, os resultados parciais obtidos durante o ano de 2009 e as contribuições do PIBID no âmbito escolar e na formação inicial dos acadêmicos envolvidos. Como a grande maioria dos alunos dos cursos de licenciatura, carregamos, durante o período de graduação, algumas dúvidas e inquietações relacionadas ao processo de ensinar e aprender, que minimizamos dentro do projeto. Através da realização de atividades de leituras, seminários e discussões das práticas desenvolvidas pelo projeto encontramos novas formas de trabalho, ou seja, diferentes da tradicional, que nos trouxe resultados extremamente positivos, vendo a evolução no desempenho escolar dos alunos, indo ao encontro dos nossos objetivos. Queremos destacar, também, que as atividades desenvolvidas por cada universidade dentro desse projeto são diferentes, mas todas estão obtendo resultados, apontando, assim, a possibilidade de inúmeras formas de tornar a educação mais atrativa, significativa, o que acaba por estimular, dessa maneira, não só os estudantes, mas os professores que estão distantes das novas tendências de ensino por falta de tempo devido a carregada carga horária e, para seus bolsistas, possibilita a reafirmação da docência, deixando transparente a realidade escolar para que a mesma não seja descoberta só após a formatura e que não tenhamos falsas expectativas ao assumir uma turma; ao lecionar em uma escola. . Palavras-chave: Formação inicial; formação continuada; qualificação docente. Introdução Em março de 2010 participamos do I Encontro Interinstitucional do PIBID na FURG em Rio Grande e dialogamos sobre as experiências dos bolsistas de todas as áreas desse projeto no estado. Esse encontrou proporcionou o enriquecimento das propostas e a ideia de escrever o 303 presente relato com o intuito de apresentar um projeto que está dando certo em algumas regiões do estado. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) foi criado com a finalidade de valorizar o magistério e apoiar os estudantes de licenciatura plena das instituições federais e estaduais de educação superior. Um dos objetivos do PIBID é a elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, assim como a inserção dos licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, o que promove a integração entre educação superior e educação básica. O programa visa, também, proporcionar aos futuros professores participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem. Além de incentivar as escolas públicas de educação básica a tornarem-se protagonistas nos processos formativos dos estudantes das licenciaturas, mobilizando seus professores como co-formadores dos futuros professores. As Atividades Desenvolvidas As atividades do PIBID/UFPEL/5ªCRE começaram no final do ano de 2008 após a seleção dos 18 bolsistas da área de Matemática. Concomitante a isso, as outras três áreas prioritárias - Biologia, Física e Química - também selecionaram seus bolsistas. As escolas contempladas com o projeto, em Pelotas, são: Instituto Educacional Assis Brasil; Colégio Estadual de 1º e 2º Grau Dom João Braga; Escola Técnica Estadual Professora Sylva Mello; Colégio Estadual Cassiano do Nascimento que contam, cada uma, com dois professores supervisores do projeto. Após a divisão dos alunos de cada uma das quatro áreas entre as escolas de Ensino Médio conveniadas, da rede pública estadual, a primeira atividade a ser desenvolvida foi uma investigação na escola. Nessa investigação, observamos itens como o Projeto Político Pedagógico, o Regimento Escolar, Acervo da Biblioteca, Laboratórios e etc. Essa análise teve como objetivo conhecer mais a realidade escolar para que pudéssemos elaborar as atividades que ali seriam desenvolvidas. 304 Outra atividade importante desenvolvida por nós dentro do projeto foi uma leitura profunda acerca dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), onde constatamos a importância de desenvolver as competências e habilidades nos alunos. Essa leitura foi muito importante para a elaboração de diversas atividades, pois a partir dela pôde-se identificar quais as necessidades deveriam ser trabalhadas em cada conteúdo. Paralelamente realizamos atividades de monitorias, onde podíamos aplicar os conhecimentos obtidos a partir das leituras dos PCNEM. Tais atividades foram desenvolvidas com alunos do Ensino para Jovens e Adultos (EJA), Ensino Médio Regular e Ensino Médio para Surdos, que nesse caso contou com a ajuda de uma interprete. Como esperado, devido ao caráter fortemente cumulativo da disciplina Matemática, a maioria das dificuldades apresentadas pelos estudantes do nível médio das escolas, que compareceram à monitoria, diziam respeito à aprendizagem de conteúdos do Ensino Fundamental. A partir desta constatação procuramos identificar quais eram as suas maiores dificuldades em Matemática e elaboramos diversas oficinas para tentar contribuir com a melhoria do seu desempenho escolar, organizando atividade que contemplassem os diferentes conteúdos. Atualmente, as atividades de monitoria e oficinas continuam sendo realizadas, mas ao mesmo tempo cada escola esta elaborando o seu projeto interdisciplinar. Para tanto, diversas leituras a esse respeito foram realizadas. Após cada ciclo de leitura, apresentações orais em forma de seminário eram elaboradas, para que juntos pudéssemos aprender e compartilhar conhecimentos sobre o assunto em questão. Segundo Frigotto: “O caráter necessário do trabalho interdisciplinar na produção e na socialização do conhecimento no campo educativo que se desenvolve no seu bojo não decorre de uma arbitrariedade racional e abstrata. Decorre da própria forma de o homem produzir-se enquanto ser sócia e enquanto sujeito e objeto do conhecimento social.” (FRIGOTTO, 1995, p. 26). Para a escolha do tema a ser tratado no projeto foram realizados questionamentos entre os alunos das diferentes escolas e os assuntos escolhidos foram Sexualidade, Esportes e Tecnologias no cotidiano. 305 O subprojeto PIBID-Matemática/UFRGS iniciou suas atividades em 2009 com 10 bolsistas e está sendo desenvolvido em duas escolas: na Escola Estadual de Ensino Médio Agrônomo Pedro Pereira (APP) e no Instituto Estadual Professora Gema Angelina Belia (IGB). Aprendemos a conhecer e a vivenciar a rotina escolar. Conversamos com os professores, trocamos ideias e elaboramos propostas para trabalharmos juntos. Observamos as dificuldades do ensino das escolas públicas e como é a relação do professor-aluno, professor-professor e alunoaluno. Estudamos as rotinas administrativas de uma escola, bem como a história de cada escola que atuamos. Estamos, aos poucos, confeccionando materiais para compor os laboratórios de Matemática das escolas, com o intuito de torná-los ricos em materiais didáticos e dinâmicos para auxiliar no aprendizado dos alunos. Buscamos, em cada trabalho realizado, “provocar” a curiosidade dos estudantes para com a Matemática. No Ensino Fundamental da IGB, por exemplo, realizamos uma oficina de lógica com auxílio de jogos interativos encontrados na Internet8. Na APP, por sua vez, foram organizadas oficinas com o baralho “O Segredo dos Números” produzido pelo Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (GEEMPA). Com essas atividades iniciamos o contato com os estudantes de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e “conquistamos” um público disposto a solucionar suas dúvidas e a aprender através do PIBID. Nosso desafio, a partir desse momento, consistia em manter uma frequência similar ou superior desses alunos em nossas atividades. Construímos oficinas que abordavam assuntos trabalhados nas aulas regulares de Matemática, porém queríamos apresentar o quanto a Matemática está presente no dia-a-dia desses alunos. Trabalhamos com a percepção de que o aluno possui uma realidade própria, não sendo simplesmente como um ser sem experiência, que entra numa sala de aula e apenas absorve o que o professor “joga” de conhecimento pra ele. O aluno não é uma “esponja”, que não possui nenhuma opinião e o professor não é o único detentor de conhecimento. Segundo Traversini e Costa: “(...) parece haver uma crença naturalizada de que a atividade proposta pelo professor para aprender determinado conteúdo escolar será compreendida pelo aluno da forma idealizada.” (TRAVERSINE E COSTA, 2006, p. 1) 8 Jogos disponíveis em: http://pibid.mat.ufrgs.br/instituto_gema/ - desenvolvido pelos bolsistas do PIBID-Matemática/UFRGS, 2009. 306 Aprendemos na medida em que trocamos conhecimento, assim a realidade do aluno também precisa estar associada aos seus estudos. Segundo Halmenschlager: “(...) Juntamente com meus estudantes, procurei construir uma prática destinada a ajudá-los a entender as dimensões sociais e culturais de seus fracassos. (...) Juntos buscávamos subsídios teóricos que mostrassem diferentes olhares sobre os aspectos sociais que estavam sendo discutidos.” (HALMENSCHLAGER, 2004, p. 275) Tal encontro possibilita a motivação para aprender, proporcionando ao aluno um maior significado para seus estudos. Não podemos deixar de citar que a realidade vivenciada nas escolas não é um esplendor em todas as atividades. No IGB ocorreram oficinas, em turnos distintos aos dos alunos, que foram um sucesso, com mais de 30 participantes. Quando entramos em sala de aula com os professores e alguns alunos não gostam da nossa presença, ou quando oferecemos uma atividade que não atrai a atenção de todos, aprendemos a dosar essa dificuldade e a tentar melhorar as propostas e as abordagens para que as mesmas falhas não se repitam como, por exemplo, em uma oficina na qual trabalharíamos com questões do ENEM. No final do ano de 2008 deu-se inicio as atividades do projeto PIBD na Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Inicialmente eram quatro licenciaturas: Física, Química, Biologia e Matemática. O curso de Matemática recebeu uma cota de treze bolsistas acadêmicos, licenciandos em Matemática, três professores - supervisores bolsistas, contemplando três escolas da rede pública, duas estadual e uma municipal: Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Rui Poester Peixoto, Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas e Escola Estadual Lilia Neves. Para o ano de 2010 foi realizada uma substituição, saindo a Escola Getulio Vargas para a entrada do Instituto Estadual de Educação Juvenal Miller.. Contamos também com a professoracoordenadora, docente da instituição – FURG. Em consequência do início as atividades do projeto começarem apenas no final do ano, mais especificamente no mês de dezembro, as ações ocorridas nas escolas foram de observações e elaborações de diagnósticos da mesma. Em 2009 iniciaram-se as atividades com os alunos. No PIBID-Matemática/FURG as atividades vão além das práticas de sala de aula, como os jogos e oficinas. A universidade dispõe de um ambiente virtual - o Moodle9 - onde tanto os 9 www.sead.furg.br 307 bolsistas acadêmicos quanto os professores supervisores participam em atividades de leitura e escrita. Dentre as atividades virtuais destacam-se o álbum de histórias de sala de aula, onde mensalmente os participantes do projeto contam uma experiência de sala de aula, que posteriormente será lida e comentada pelos demais colegas, sendo esta uma atividade onde há a interação entre todos os PIBID´s, usa-se a ferramenta fórum. Existe um espaço para os relatórios semanais das atividades realizadas, que deve ser escrito individualmente, esse é lido pela professora coordenadora. Além disso, temos as escritas no portfólio, que é um livro onde são feitas reflexões a cerca das práticas que são realizadas no projeto, participam dessa escrita, alunos-bolsistas e professor-supervisor. Em todas as escolas envolvidas no projeto a dinâmica de trabalho funciona da mesma forma: elaboração e construção de oficinas, jogos e contextualização do conteúdo, procurando abrir espaço para a História da Matemática e para curiosidades que busquem motivar o aluno a participar das aulas. As atividades elaboradas são aplicadas nas escolas pelos bolsistas, sempre com a supervisão do professor coordenador da instituição. Busca-se fazer com que o projeto contemple o máximo de alunos possível dentro de cada escola, não estando os bolsistas limitados ao trabalho com as turmas do professor supervisor. As oficinas e demais atividades são elaboradas de acordo com a necessidade do professor titular de cada turma naquele momento, visando sempre contribuir para o melhor aprendizado dos alunos através da contextualização e aplicação prática do que está sendo estudado na escola. Salienta-se a percepção que o projeto contribui para um aprendizado mais significativo dos alunos, pois de modo geral proporciona a eles a oportunidade de ter uma aula mais dinâmica, consequentemente mais atrativa, o que os motiva a participação e ao estudo da Matemática. Dentre os resultados do projeto, foi possível observar um aumento no rendimento escolar dos alunos das turmas contempladas com o PIBID em Matemática, bem como um interesse maior pelo estudo da mesma. No intuito de melhorar a prática pedagógica, os professores promovem ações conscientes que podem resultar em melhorias na qualidade do ensino. De acordo com Nóvoa em entrevista ao site TV e Brasil em 2001: “A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios para um pensamento crítico e que facilite as dinâmicas de 308 autoformação participada, que implica num investimento pessoal, buscando construir uma identidade, que é também uma identidade profissional.” Além das atividades com os alunos, realizou-se uma oficina com os professores da Escola Rui Poester. Esta foi uma atividade que não estava prevista no projeto inicial. Realizou-se uma oficina a partir da observação da presença de materiais concretos na escola como os blocos lógicos, material dourado, sólidos geométricos, geoplano, torre de Hanói, ábaco entre outros, que não eram utilizados pelos professores, eles tinham dificuldade de como trabalhar com o material com seus alunos. Durante esta atividade as bolsistas buscaram mostrar aos professores como tornar a aula de Matemática mais atrativa e mais lúdica com o uso dos materiais que são disponibilizados pela escola. Foram desenvolvidas duas oficinas para os professores na Escola Dr. Rui Poester Peixoto, sendo que uma foi destinada aos das séries iniciais e a outra aos professores das séries finais. Acreditamos ser muito importante o desenvolvimento de tais atividades, pois a aprendizagem da Matemática deve estar voltada à formação de conceitos necessários ao cotidiano do estudante. Segundo Nacarato e Paiva: “(...) ensinar uma disciplina, em nosso caso a Matemática, requer de quem exerce essa função um domínio de conhecimento diferente do exigido para ser matemático. A Matemática que se trabalha na escola possui características próprias, que a diferenciam, em muitos aspectos, das obras originais, devendo ser criada sob certas condições diferentes das que propiciaram sua construção inicial.” (NACARATO E PAIVA, 2008, p. 90) A equipe de bolsistas do Lilia Neves, se reuniu e criou a proposta: “A Inserção de Materiais Concretos no Currículo por Atividades” que utilizou-se de três recursos pedagógicos: o ábaco, os blocos lógicos e o material dourado com objetivo de apresentar e ensinar os professores das séries iniciais a utilizar tais metodologias. Propomos a esses educadores, em dois encontros, atividades exemplos com essas metodologias objetivando que eles se apropriassem desse conhecimento e fossem capazes de desenvolver as atividades utilizando-se dessas tecnologias educacionais. Algumas Aprendizagens 309 Quando executamos uma oficina ou uma monitoria, em cada uma das escolas, aprendemos a sanar as dúvidas dos estudantes e a buscar estratégias didáticas para proporcionar um maior esclarecimento dos respectivos conteúdos matemáticos. O PIBID gera experiências ricas em ensino, em abordagens do conhecimento, em elaboração de propostas e na afirmação da docência. Essa bolsa é importante para construir a docência de um novo professor e poderia, sem perda de generalidade, ser um pré-requisito para obtenção do diploma de um licenciando. Aprender sobre a escola, como ela funciona, vai muito além de ler textos sobre algumas teorias. Tais teorias terão seu devido sentido quando acompanhadas de uma vivência que as comprovem, ou não, e da construção da visão da escola – a escola de verdade, a que existe de fato – de que todo professor necessita para desenvolver um trabalho que apresente belos frutos. As escolas participantes foram escolhidas perante alguns critérios, principalmente pelo baixo rendimento em avaliações do MEC, sendo que, se essas escolas fossem perfeitas não faria sentido desenvolver tal projeto em seu meio. Nosso trabalho faz sentido, e é melhor aproveitado, quando a escola abre suas portas e facilita essa comunicação entre professores, alunos e bolsistas. Levamos à escola algumas novidades que aprendemos na graduação e trazemos à universidade a realidade que observamos dentro da escola para refletir e entender esse processo de ensinoaprendizagem, que é amplo e precisa, constantemente, ser analisado. A participação no projeto PIBID, permite aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática a chance de vivenciar o ambiente de sala de aula, oportunizando-os a possibilidade de realizar ações, reflexões e práticas educativas que fortalecem a sua formação docente, pois estarão fazendo intervenções na realidade local. Além disso, os professores que já estão atuando dentro da sala de aula, e algumas vezes afastados da universidade, têm a oportunidade de estarem inseridos no meio acadêmico e dando uma continuidade a sua formação. Considerações Finais Ao participar desse projeto, estamos engajados em melhorar a educação das escolas em que trabalhamos, levando aos professores, muitas vezes desmotivados perante todos os obstáculos da profissão, um estímulo a mais e a vontade que possuímos de lecionar. Com isso, desenvolvemos atividades com a intenção de melhorar o ensino do Brasil. E temos esperança neste trabalho, pois 310 no momento que nos oferecemos para melhorar um pouquinho da educação, já melhoramos uma pequena, mas significante, parte do ensino. Com o primeiro ano do PIBID, ao pensarmos em elaborar uma síntese de todos os resultados e as melhorias obtidas nas escolas, observamos que estamos trilhando o caminho certo. Não atingimos todos os objetivos que o projeto propôs alcançar quando foi elaborado e alteramos algumas de suas ideias perante as necessidades das escolas e, em particular, dos alunos. Alguns alunos estão melhorando seu desempenho em Matemática, alterando assim seu pensamento em relação aos estudos desta e de outras áreas do conhecimento. A relação entre a formação inicial que se dá através dos licenciados junto com os professores da formação continuada que possuem a vivência da sala de aula, bem como, a experiência em lidar com educandos nas mais diversas fases de desenvolvimento passa a ser decisiva e relevante para qualquer situação de formação profissional. Considerando as oficinas desenvolvidas com os professores, constatamos que a maioria demonstrou interesse em realizar as atividades e, principalmente em aprender novas metodologias, pois alguns tinham poucos conhecimentos de como utilizar a maioria dos materiais apresentados durante as atividades. Referências Bibliográficas FRIGOTTO, Gaudêncio. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas ciências sociais. In: JANTSCH, Ari Paulo e BIANCHETTI, Lucídio. Interdisciplinaridade, para além da filosofia do sujeito. Petrópolis: Vozes, 1995. HALMENSCHLAGER, Vera Lucia da Silva. Etnomatemática: uma experiência no Ensino Médio. Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 2004. p. 272-285. NACARATO, A. M; PAIVA, M. A. V. (Org) A Formação do Professor que Ensina Matemática: perspectivas e pesquisas. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. NÓVOA, Antônio. O Professor Pesquisador e Reflexivo. Entrevista concedida em 13 de setembro de 2001. Disponível em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/antonio_novoa.htm> Acessado em: 10/02/2010. TRAVERSINI, Clarice Salete; COSTA, Zuleika. Formas de ensinar produzem o aprender? VI Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul. Santa Maria/RS: UFSM, 2006. 311