UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CIÊNCIAS MÉDICAS RAQUEL PINTO SALES INFLUÊNCIAS DO ESFORÇO MUSCULAR RESPIRATÓRIO E DA ASSINCRONIA PACIENTE-VENTILADOR SOBRE O “STRESS” E O “STRAIN” PULMONARES EM MODELO MECÂNICO DE SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA Orientador: Profº Dr. Marcelo Alcantara Holanda FORTALEZA 2014 RAQUEL PINTO SALES INFLUÊNCIAS DO ESFORÇO MUSCULAR RESPIRATÓRIO E DA ASSINCRONIA PACIENTE-VENTILADOR SOBRE O “STRESS” E O “STRAIN” PULMONARES EM MODELO MECÂNICO DE SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Médicas do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Médicas. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Alcantara Holanda FORTALEZA 2014 RAQUEL PINTO SALES INFLUÊNCIAS DO ESFORÇO MUSCULAR RESPIRATÓRIO E DA ASSINCRONIA PACIENTE-VENTILADOR SOBRE O “STRESS” E O “STRAIN” PULMONARES EM MODELO MECÂNICO DE SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Médicas do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Médicas. Aprovada em: __/__/__ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Alcantara Holanda (Orientador) Universidade Federal do Ceará – UFC ______________________________________________________ Prof. Dr. Armênio Aguiar dos Santos Universidade Federal do Ceará – UFC ______________________________________________________ Prof. Dr. Bruno do Valle Pinheiro Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus pela graça concedida de mais uma etapa vencida em minha vida e pela fé que me fez persistir. Aos meus pais, Francisco José Sales Bastos e Maria Erleide Pinto Sales, eternos torcedores das minhas conquistas, o meu mais profundo sentimento de amor e gratidão pela entrega desmedida ao longo de toda a minha vida, por terem vivido comigo todos os meus sonhos e lutado incansavelmente para que eu pudesse realizá-los. Pai, você é o meu maior exemplo e ainda como nas cartinhas de infância, continua sendo meu herói. Mãe, obrigada por ser o alicerce que nos sustenta. Você é nossa força, nosso maior tesouro! Ao Tiago Lima, por ter sido companheiro, paciente e incentivador do meu crescimento. Você foi “paz na minha guerra”, obrigada por todo carinho e amor! A pessoa que acreditou no meu potencial e que me permitiu realizar esta tão sonhada etapa da minha vida, a quem eu devo muitos dos conhecimentos que adquiri durante esses anos, à eterna fonte de inspiração, Dr. Marcelo Alcantara Holanda, o meu carinho, agradecimento e admiração nunca serão suficientes para retribuir tudo o que me foi acrescentado. Sua competência e encantamento pela pesquisa sempre serão metas para quem o tem como mestre. Obrigada pela amizade e pelas inesquecíveis lições! Tenha certeza que os momentos em que conversamos sobre como Isaac Newton descobriu a gravidade, fizeram de mim uma pessoa diferente. Aos queridos amigos do RespLab, Liégina Marinho, Luíz Henrique Melo, Andréa Nóbrega, Clarissa Bentes e Nathalia Parente, Juliana Arcanjo, Suzy Montenegro por termos formado uma verdadeira equipe, por termos lutado e vencido juntos e porque nossa união nos fez pessoas melhores. O apoio de vocês foi fundamental, muito obrigada! À minha grande amiga Renata dos Santos Vasconcelos, sem a qual eu não teria conseguido entrar e nem sair desse desafio. Palavras nunca serão suficientes para agradecer a amizade sincera e despretensiosa que tens me dedicado! Ainda assim, muito obrigada pelas horas de sono que perdeu junto comigo, por tudo o que aprendemos juntas, pelo carinho e cuidado da tia Célia (sua mãe) e por terem sido uma família que ganhei de presente. Aos eternos mestres, que muito contribuíram para minha formação acadêmica, científica e profissional, o meu respeito: Maria do Socorro Quintino Farias e Vasco Pinheiro Diógenes Bastos. Aos nobres amigos fisioterapeutas do serviço de fisioterapia do HUWC-UFC, Daniela Gardano, Neusa Cavalcante, Soraya Viana, Wedla Matos, Carlos Henrique Reis, Josire Vitorino, Patrícia Carvalho, Flávia Amâncio, Edna Cardoso, Ana Hogla, Renata Gomes, Camila Barbosa, Richelly, Maria Helena, Soraya Lima e Patriciane que participaram direta ou indiretamente nessa conquista. As secretárias do departamento de Ciências Médicas, Ivone Souza e Rita de Cássia Antunes pela atenção, carinho e disponibilidade de sempre para com todos os discentes deste programa. A todos que direta e indiretamente participaram desse trabalho, muito obrigada! Se não podes entender, crê para que entendas. A fé precede, o intelecto segue. Santo Agostinho RESUMO A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) é uma doença inflamatória caracterizada por edema pulmonar, pulmões rígidos e hipoxemia. Pacientes com SARA estão mais suscetíveis à VILI (ventilator induced lung injury). Sob ventilação mecânica, o stress e o strain pulmonares são os principais determinantes da VILI e nos pacientes com esforço muscular a assincronia paciente-ventilador pode potencializar este fenômeno. Os modos ventilatórios PCV e VCV com AutoFlow® podem minimizar a assincronia pacienteventilador, mas por outro lado podem liberar a oferta de fluxo e volume corrente, comprometendo a estratégia ventilatória protetora na SARA. Objetivou-se avaliar as influências do esforço muscular e da assincronia paciente-ventilador sobre o “strain” e o “stress” pulmonares em modelo pulmonar mecânico de síndrome da angústia respiratória aguda. Foi realizado um estudo experimental de bancada, utilizando um simulador de pulmão, ASL 5000® no qual foi configurado um modelo pulmonar com mecânica respiratória restritiva, com complacência de 25ml/cmH2O e resistência de 10 cmH2O/L/sec. O esforço muscular foi ajustado em três situações: sem esforço muscular (Pmus=0), com esforço muscular inspiratório (Pmus= -5cmH2O) e esforço inspiratório e expiratório (Pmus= -5/+5 cmH2O), todos com frequência respiratória (f) de 20rpm. Ao simulador foram conectados cinco ventiladores através de um tubo orotraqueal nº 8,0 mm e ajustados nos modos VCV, VCV com sistema AutoFlow® (no ventilador que tinha o sistema disponível) e PCV, todos com volume corrente (VC): 420 ml, PEEP: 10 cmH2O e frequência respiratória programada em duas situações: f=15rpm (< que a f de esforço muscular respiratório) e f=25rpm (> que a f de esforço muscular respiratório). As variáveis analisadas foram: VC máximo, a pressão alveolar no final da inspiração, PEEP efetiva, driving pressure, pressão transpulmonar no final da inspiração e expiração, pressão transpulmonar média, pico de fluxo inspiratório e análise das curvas de mecânica. No modelo pulmonar estudado a f do ventilador pulmonar ajustada acima da f do paciente e não o esforço muscular o principal determinante para o desenvolvimento de assincronia paciente ventilador, causando grandes variações de VC e pressões pulmonares, o que intensificou o stress e strain pulmonares. Os modos ventilatórios tiveram comportamento semelhante, embora os modos VCV AutoFlow® e PCV tenham apresentado valores discretamente maiores de VC e pressões pulmonares. Desta forma conclui-se que o ajuste adequado da frequência programada nos modos assistido/controlado podem pode minimizar a assincronia paciente ventilador reduzindo o stress e strain pulmonares. Palavras-chaves: Síndrome da angústia respiratória; Ventilação mecânica; Assincronia paciente-ventilador ABSTRACT Acute Respiratory Distress Syndrome (ARDS) is an inflammatory disease characterized by pulmonary edema, stiff lungs and hypoxemia. Patients with ARDS are more susceptible to VILI (ventilator induced lung injury). Under mechanical ventilation, lung stress and strain are the main determinants of VILI and in patients with muscle effort patient-ventilator asynchrony may enhance this phenomenon. Ventilation modes PCV and VCV with auto-flow can minimize patient-ventilator asynchrony, but then can liberate the offer of flow and tidal volume, compromising the protective ventilatory strategy in ARDS. This study aimed to evaluate the influence of muscle effort and patient-ventilator asynchrony on pulmonary stress and strain in a mechanic lung model of acute respiratory distress syndrome. An experimental bench study was performed, using a lung simulator, ASL 5000TM, in which was configured a lung model with restrictive respiratory mechanics with complacency of 25ml/cmH2O and resistance of 10 cmH2O/L/sec. Muscle effort was adjusted in three situations: no muscular effort (Pmus = 0), with inspiratory muscle effort (Pmus = -5 cmH2O) and inspiratory and expiratory effort (Pmus = -5/+5 cmH2O), all with breathe rate (b) of 20 bpm. Five ventilators were connected to the simulator through and endotracheal tube No 8.0 mm and adjusted on VCV, VCV with Auto-flowTM (in the ventilator in which it was available) and PCV modes, all with tidal volume (VT): 420 ml, PEEP: 10 cmH2O and breath rate set in two situations: b = 15 bpm (lower than b of the respiratory muscle effort) and b = 25 bpm (higher than b of the respiratory muscle effort). Variables analyzed were: maximum VT, alveolar pressure at the end of inspiration, effective PEEP, driving pressure, transpulmonary pressure at the end of inspiration and expiration, average transpulmonary pressure, inspiratory peak flow and analysis of mechanic curves. In the studied lung model the b of the ventilator adjusted higher of the b of the patient and not the muscle effort was the main determinant for the development of patient-ventilator asynchrony, causing large variations of the VT and pulmonary pressures, intensifying the lung stress and strain. The ventilatory modes had similar behavior, although VCV Auto-flowTM and PCV have presented slightly higher values of VT and pulmonary pressures. Thus it is concluded that the proper adjustment of the programed breath rate in the assisted/controlled modes can minimize patient-ventilator asynchrony, reducing lung stress and strain. Keywords: Acute respiratory distress syndrome; Mechanical ventilation; Patient-ventilator asynchrony LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Possíveis mecanismos pelos quais os bloqueadores neuromusculares reduzem a assincronia paciente ventilador em pacientes com a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda....................................................................................................................................... 20 FIGURA 2: Esquema representativo do funcionamento do simulador ASL 5000® .............. 28 FIGURA 3: Perfil da contração muscular .............................................................................. 29 FIGURA 4: Montagem do experimento................................................................................. 30 FIGURA 5: Ciclo respiratório representativo da análise dos desfechos do estudo ............... 32 FIGURA 6: Volume corrente e pressão transpulmonar no final da inspiração na modalidade VCV ........................................................................................................................................ 35 FIGURA 7: Pressão alveolar no final da inspiração e driving pressure no final da inspiração na modalidade VCV ............................................................................................................... 36 FIGURA 8: Pressão transpulmonar no final da expiração e PEEP no final da inspiração na modalidade VCV .................................................................................................................... 37 FIGURA 9: Volume corrente e pressão transpulmonar no final da inspiração na modalidade PCV ......................................................................................................................................... 38 FIGURA 10: Pressão alveolar no final da inspiração e driving pressure no final da inspiração na modalidade PCV ................................................................................................................ 39 FIGURA 11: Pressão transpulmonar no final da expiração e PEEP no final da inspiração na modalidade VCV .................................................................................................................... 40 FIGURA 12: Curvas representativas do ventilador Savina 300, nas cinco condições experimentais nos modos VCV (direita), VCV-AF (central) e PCV (esquerda) .................... 41 FIGURA 13: Curvas representativas da pressão transpulmonar ............................................43 FIGURA 14: Curvas representativas do fluxo inspiratório e expiratório no ventilador Savina 300, nas cinco condições experimentais nos modos VCV (direita), VCV-AF (central) e PCV (esquerda) .................................................................................................................................59 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Condição experimental. Ajuste dos modos ventilatórios e frequência respiratória de acordo com o modelo simulado ......................................................................................... 31 TABELA 2: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores Servo I, Esprit e Dixtal 3012 no modo VCV nas cinco condições experimentais ................................................................. 57 TABELA 3: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores PB 840 e Savina 300 no modo VCV nas cinco condições experimentais ...................................................................... 57 TABELA 4: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores Servo I, Esprit e Dixtal 3012 no modo PCV nas cinco condições experimentais.................................................................. 58 TABELA 5: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores PB 840 e Savina 300 no modo PCV nas cinco condições experimentais .......................................................................58 LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS Lista de abreviaturas PTP insp (pressão transpulmonar inspiratória) AF (AutoFlow®) Lista de símbolos % (porcentagem) cmH2O (centímetros de água) cmH2O/L/s (centímetros de água por litro por segundo) L/min (litros por minuto) ml/cmH2O (mililitro por centímetros de água) mm (milímetro) ms (milissegundos) s (segundos) Lista de siglas CEst Complacência estática CRF Capacidade Residual Funcional FI Fluxo inspiratório PB 840 Puritan-Bennet 840 PCV Ventilação controlada a pressão PEEP Pressão positiva no final da expiração Pmus Pressão negativa criada pelos músculos respiratórios SARA Síndrome da angústia respiratória aguda Tinsp Tempo inspiratório VC Volume corrente VCV Ventilação controlada a volume VILI Ventilator induced lung injury SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14 1.1 Hipóteses .......................................................................................................................... 24 1.2 Justificativa ...................................................................................................................... 25 2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 26 2.1 Objetivo Geral................................................................................................................... 26 2.2 Objetivos Específicos........................................................................................................ 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 27 3.1 Configuração do “paciente” simulado: padrão de esforço muscular e mecânica respiratória ............................................................................................................................ 27 3.2 Configurações dos ventiladores pulmonares .................................................................. 29 3.3 Análise e desfechos .......................................................................................................... 30 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 34 5 DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 44 6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 50 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 51 APÊNDICE A ....................................................................................................................... 57 APÊNDICE B ....................................................................................................................... 59 14 1 INTRODUÇÃO A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) é uma condição inflamatória caracterizada por edema pulmonar, pulmões com baixa complacência, e hipoxemia. Ela afeta aproximadamente 140.000 pacientes anualmente nos Estados Unidos. No Brasil, sua incidência é estimada em 79 casos por 100 mil habitantes ao ano, sendo crescente com a idade e chega a 306 casos por 100 mil habitantes/ano, na faixa dos 75 aos 84 anos. A mortalidade da SARA é alta, estimada entre 34% e 60% (AMATO et al., 2007; RAGHAVENDRAN et al., 2008; GARCIA, PELOSI, ROCCO, 2008). Pacientes com SARA apresentam distribuição heterogênea de edema, colapso e aeração nos pulmões que leva a uma concentração regional de forças nos pulmões. A “tensão mecânica” ou stress é a força por unidade de área que se desenvolve em reação a uma força aplicada externamente de mesma intensidade, mas com sentido oposto, ou seja, é a distribuição de forças por unidade de área de pulmão; o strain ou “deformação” é o estiramento de uma estrutura ou região pulmonar causado por uma tensão em relação ao seu comprimento no estado de relaxamento, ou seja, a deformação de uma estrutura, em decorrência de uma força externa aplicada sobre a mesma, compreendendo a relação entre o comprimento final da estrutura, após a deformação, e o seu comprimento inicial (GATTINONI et al., 2003; TUCCI, BERALDO, COSTA, 2011). Em pacientes com SARA sob ventilação mecânica, o stress e o strain pulmonares são considerados os principais determinantes da VILI (ventilator induced lung injury) (SLUTSKY, 1999; MENTZELOPOULOS, ROUSSOS; ZAKYNTHINOS, 2005). Diversas variáveis respiratórias têm sido utilizadas como marcadores do stress e strain pulmonares (DEL SORBO; SLUTSKY, 2010). A pressão transpulmonar, que é a diferença entre a pressão dentro do alvéolo (refletida em um certo grau pela pressão de platô na prática clínica) e a 15 pressão pleural (estimada através da pressão esofágica), é considerada o equivalente clínico da tensão mecânica ou stress. O equivalente da deformação ou strain, por sua vez, é a relação entre o volume corrente (VC) e o volume de repouso pulmonar ou a capacidade residual funcional (CRF) (PLATAKI; HUBMAYR, 2010). A VILI resulta da lesão à barreira sangue-gás causada por ventilação mecânica. Os determinantes da VILI são mais complexos do que se pensava inicialmente, e incluem a natureza, duração e intensidade da exposição à VM com pressão positiva, bem como o padrão de insulto inicial do pulmão. Dessa forma, esses determinantes envolvem volutrauma, atelectrauma, barotrauma e biotrauma. A duração da exposição, como um elemento importante na VILI foi demonstrada a partir de estudos em animais, que mostram uma relação clara da duração da exposição pulmonar ao estiramento mecânico (overdistention) e anormalidades estruturais ao microscópico. Em pequenos animais, a VILI grave pode ocorrer dentro de 1 hora, enquanto animais grandes podem exigir maior duração, em até 24 h (DREYFUSS; SAUMON, 1998). O impacto do volutrauma foi demonstrado por Dreyfuss et al (1998) em um estudo em que os autores ventilaram ratos com baixos volumes correntes e elevadas pressões nas vias aéreas e observaram que os mesmos não desenvolveram nenhum edema pulmonar. No entanto, quando utilizaram pressões negativas (simulando a ventilação com pulmão de aço), geraram altos volumes correntes e consequentemente, edema pulmonar, o que mostrava que os altos volumes correntes ainda eram o principal determinante do edema pulmonar. Porém, o edema foi marcadamente reduzido com a implementação de PEEP, que manteve o aspecto estrutural normal do epitélio alveolar. Este efeito certamente constitui um dos efeitos protetores da PEEP na VILI. Gajic e colaboradores (2004) desenvolveram um estudo observacional em UTI onde os autores avaliaram 332 pacientes que receberam VM por mais de 48 horas expostos a 16 altos volumes correntes (12 ml /Kg do peso corporal previsto), e concluiu-se que os fatores de risco associados ao desenvolvimento de SARA após o início da ventilação mecânica foram a utilização de grandes volumes correntes, bem como transfusão de produtos derivados do sangue, acidemia e histórico de doença pulmonar restritiva. No estudo realizado por Determann e colaboradores (2010) foram comparados pacientes criticamente enfermos sem lesão pulmonar aguda sob ventilação mecânica utilizando volume corrente convencional (10 ml / kg) versus volume corrente inferior (6 ml / Kg). No entanto, o estudo foi interrompido precocemente por razões de segurança, uma vez que o desenvolvimento de SARA foi significativamente mais elevado no grupo com volume corrente convencional. O atelectrauma, ou seja, a abertura e fechamento cíclico dos alvéolos também podem favorecer ao desenvolvimento da VILI. Esse fenômeno torna o surfactante pulmonar deficiente nas unidades das zonas adjacentes suscetíveis a desenvolver stress, criando um ciclo vicioso de VILI, tanto em volumes correntes altos quanto baixos (DREYFUSS et al., 1998). Contudo, a seleção de um volume inspiratório baixo (perto do volume de relaxamento do pulmão), promove desrecrutamento e possivelmente danos aos pulmões, ao passo que a seleção de um volume pulmonar elevado ao final da inspiração aumenta o risco de lesão por hiperdistensão alveolar (BIEHL et al., 2013). Altos níveis de PEEP têm sido utilizados para diminuir a quantidade de edema nas unidades alveolares. Esta ação da PEEP pode ser multifatorial, dado o fato de que maior nível de PEEP pode levar ao uso de baixos volumes correntes, assim como a preservação da produção de surfactante, e não impede mudanças na permeabilidade do endotélio (BIEHL et al., 2013). Recentemente, uma meta-análise com um total de 2.299 pacientes com SARA mostrou que não houve redução da mortalidade no grupo de pacientes que receberam maiores níveis de PEEP. No entanto, em uma análise de subgrupo deste trabalho, níveis elevados de PEEP se associaram a benefício potencial em pacientes com hipoxemia mais grave (PaO2 / 17 FIO2 < 200 mmHg) e dano potencial em pacientes com hipoxemia menos grave (PaO2 / FIO2 entre 200-300 mm Hg) (BRIEL et al., 2010). O termo “barotrauma” tem sido amplamente utilizado em conexão à VILI devido à gravidade do enfisema pulmonar (hiperaeração pulmonar) induzida por altos volumes correntes. Os aspectos clínicos e radiológicos de barotrauma incluem: pneumotórax, pneumomediastino, enfisema interlobulares e enfisema subcutâneo do pescoço, face, tórax ou saco escrotal. Estas alterações podem ocorrer individualmente ou em várias sequências patológicas (WHITEHEAD; SLUTSKY, 2002; GATTINONI et al., 2010). A transferência de ar para fora dos alvéolos pode ser uma manifestação de enfraquecimento do tecido conjuntivo pulmonar devido à doença de base e pode ser causado por pressões transpulmonares não fisiológicas utilizadas durante a ventilação mecânica (OECKLER et al., 2008). Portanto, durante a ventilação mecânica o stress e o strain são parâmetros em constante variação, determinados pelas pressões nas vias aéreas e de platô, e pelo volume corrente ao final da inspiração e da expiração, respectivamente (GATTINONI et al., 2003). Adicionalmente, no pulmão com SARA, a distribuição dessas forças mecânicas não é uniforme, aumentando a probabilidade de gerar VILI (GATTINONI et al., 2005). Evidências convincentes ao longo da última década têm mostrado que a evolução de pacientes com SARA pode ser influenciada favoravelmente por ventilação mecânica protetora, uma estratégia com o objetivo de reduzir a tensão do pulmão e estresse por meio do controle do volume corrente (VC) e limitação da pressão de platô inspiratória (GATTINONI et al., 2010). Apesar de intensa pesquisa, não há nenhuma terapia farmacológica específica comprovada para diminuir a mortalidade na SARA. A única terapia confirmada é a estratégia pulmonar protetora que foi desenvolvida com o objetivo de minimizar o stress e strain pulmonares através do uso de volume corrente relativamente pequeno, com limitação da 18 pressão inspiratória, pressão de platô abaixo de 30 cmH2O, uso de PEEP mais alta, embora seus valores ainda sejam controversos na literatura; e mais recentemente, a driving pressure abaixo de 15 cmH2O. A driving pressure é utilizada para determinar a pressão de distensão do pulmão e é calculada através da subtração: pressão de platô menos a PEEP (AMATO et al., 2007; FRANK et al., 2011). Permitir que pacientes em ventilação mecânica com SARA respirem espontaneamente pode ter benefícios fisiológicos, nomeadamente, a prevenção da disfunção diafragmática induzida pelo ventilador. A respiração espontânea evita a monotonia do padrão ventilatório dos ciclos controlados, pode favorecer o recrutamento de regiões pulmonares justa-diafragmáticas e permite a redução na dosagem de sedação, acelerando o desmame da ventilação mecânica e melhorar a hemodinâmica (NEUMANN et al., 2005; PAPAZIAN et al., 2010; MARINNI, 2012). Por outro lado, os esforços inspiratórios espontâneos podem levar a altos volumes correntes, altas pressões transpulmonares (PTP), e excesso de trabalho da respiração (RICHARD et al., 2013). No estudo clínico e de bancada realizado por Richard e colaboradores (2013) os autores avaliaram o impacto da respiração espontânea sobre o volume corrente e pressão transpulmonar em pacientes com SARA e concluíram que a presença do esforço respiratório pode levar a variações substanciais no volume corrente e na pressão transpulmonar, sendo necessário atentar para esse fenômeno, pois volumes correntes altos podem ser nocivos para os pacientes. Nos últimos dez anos, refletindo o aumento do reconhecimento das conseqüências iatrogênicas de muitas terapias, tem havido uma mudança no sentido de "menor intervenção" nos pacientes graves, a ventilação protetora pulmonar é um exemplo desta filosofia minimalista, com foco em menos ventilação para proteger o pulmão da lesão pulmonar induzida pelo ventilador, em vez de mais ventilação para manter os níveis de gases arteriais 19 no sangue em valores na faixa normal. Outros exemplos de abordagem minimalista incluem a administração de menos transfusões, menos intubações, menos repouso aos pacientes e menos sedação (HÉBERT et al., 1999; HILL et al., 2007; KRESS, 2009; WUNSCH; KRESS, 2009). Os agentes bloqueadores neuromusculares também são utilizados em mais de 25% dos pacientes com SARA, porém, a maioria dos autores recomenda minimizar a sua utilização, em grande parte devido a preocupações de longo prazo com a fraqueza muscular decorrente de seu uso (RAGHAVENDRAN et al., 2008; RUBENFELD et al., 2005; WARE; MATTHAY, 2000). Porém, em um estudo recente, Papazian e colaboradores (2010), apresentaram resultados intrigantes sobre o uso do bloqueio neuromuscular em pacientes com SARA. Os investigadores selecionaram aleatoriamente 340 pacientes para receber bloqueadores neuromusculares (cisatracúrio) ou placebo por um período de 48 horas. Ambos os grupos foram submetidos à ventilação mecânica de acordo com a estratégia de proteção previamente citada para diminuir a mortalidade. Foi observado que a taxa ajustada de sobrevivência de 90 dias e o tempo fora do ventilador foram maiores no grupo que recebeu cisatracúrio em comparação ao grupo que recebeu placebo. Também aumentou o tempo fora do ventilador, e, importante, não aumentou a incidência de fraqueza muscular (PAPAZIAN et al., 2010). Os autores acreditam que o paciente com esforço muscular pode ter um aumento da frequência respiratória por múltiplas causas, gerando um aumento do volume corrente, expiração ativa e assincronia paciente-ventilador, o que pode piorar potencialmente o stress, o strain e, consequentemente, a VILI (Figura 1) (SLUTSKY; TREMBLAY, 2006, SLUTSKY, 2010). 20 Figura 1: Mecanismos geradores da VILI. Parte superior da figura ilustrando uma situação com respiração espontânea gerando assincronia paciente-ventilador e os mecanismos causadores da VILI (barotrauma, volutrauma e atelectrauma). Parte inferior da figura ilustrando uma situação de bloqueio neuromuscular e os possíveis mecanismos pelos quais os bloqueadores neuromusculares podem conduzir a uma melhor sobrevida em pacientes com a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SDRA) (SLUTSKY, 2010). 21 Desta forma, a assincronia paciente-ventilador pode ser definida como um desencontro entre os tempos inspiratório e expiratório do paciente e do ventilador pulmonar, sendo comum durante a ventilação assistida (THILLE et al., 2006). Considerando que o objetivo do suporte ventilatório é fornecer algum grau de descanso para os músculos respiratórios (JOLLIET; TASSAUX, 2006), o efeito oposto pode ocorrer se o paciente e o ventilador travarem uma luta entre objetivos conflitantes em vez de compartilharem o trabalho respiratório (KONDILI; PRINIANAKIS; GEORGOPOULOS, 2003). Quase um quarto dos pacientes intubados apresentam frequentes episódios de assincronia durante a ventilação mecânica assistida (VITACCA et al., 2004; THILLE et al., 2006). Thille et al (2006) observaram que a assincronia considerada grave acontece em 24% dos pacientes ventilados mecanicamente e se associa, em média, a um aumento de 18 dias de permanência do paciente na ventilação mecânica. Portanto, a assincronia pode atrasar a descontinuação do suporte ventilatório, resultando em mais complicações, as quais potencialmente aumentarão a morbidade, a mortalidade e o custo total para os sistemas de saúde (OAKES; SHORTALL, 2005). A assincronia paciente - ventilador, muitas vezes limita o uso de baixos volumes correntes nos pacientes com alta demanda ventilatória (ou seja, pacientes com SARA predispostos à ventilação minuto alta devido à acidose metabólica e grande espaço morto). Portanto, ajustes nas configurações do ventilador e sedativos são modestamente eficazes na limitação da assincronia paciente - ventilador, muitas vezes necessitando do uso de bloqueio neuromuscular (PAPAZIAN et al., 2010; BIEHL et al., 2013). Diante isso, a administração dos bloqueadores neuromusculares impediria as variações do volume corrente que ocorrem por ciclos gerados pelo paciente e também a expiração ativa, permitindo assim, uma melhor sincronia paciente-ventilador e, em teoria, menos VILI (SLUTSKY, 2010). 22 Ainda nesse contexto, com o objetivo de reduzir a assincronia paciente ventilador os ventiladores mecânicos mais modernos oferecem vários modos e recursos ventilatórios diferentes. Durante a ventilação mecânica passiva estes modos são indistinguíveis dos convencionais se ajustadas as mesmas cofigurações. Porém, a presença de respiração espontânea pode alterar significativamente o padrão respiratório, dependendo do modo com o qual o paciente está sendo ventilado (RICHARD et al., 2013). Com base no exposto, o sistema AutoFlow® (AF) foi desenvolvido pela Drager® com a proposta de ser um modo de ventilação mecânica com volume controlado onde o ventilador regula automaticamente o fluxo inspiratório além de permitir a respiração espontânea durante o ciclo respiratório com o objetivo de melhorar a sincronia paciente ventilador (LASOCKI et al., 2010). Para desenvolver sua função, o sistema AutoFlow® regula automaticamente o fluxo inspiratório através de um feedback gerado pelo ajuste do volume corrente alvo dividido pela complacência pulmonar que é medida ciclo a ciclo (LASOCKI et al., 2010). Outra vantagem apresentada pelo fabricante é o fato de ser possível a ocorrência de respiração espontânea durante todo o ciclo respiratório devido às válvulas inspiratória e expiratória permanecerem abertas durante todas as fases do ciclo respiratório mecânico (DRAGER, 2012). Ainda segundo o fabricante, nos modos convencionais de volume controlado, o fluxo constante nem sempre corresponde à demanda do paciente levando a assincronia paciente-ventilador, gerando picos de pressão e maior utilização de sedação para adaptar o paciente ao ventilador. Além disso, a respiração espontânea contra válvulas fechadas se tornaria uma luta fútil, pois tentativas de exalar o ar durante a fase inspiratória mecânica geraria altas pressões nas vias aéreas além de assincronia paciente-ventilador. Desta forma, o AutoFlow® tem a proposta de permitir ao paciente liberdade para respirar de forma espontânea, gerando menores pressões nas vias aéreas e menores índices de assincronia 23 paciente-ventilador quando comparado com os modos ventilatórios controlados a volume convencionais (DRAGER, 2012). Em um estudo realizado por Pinheiro e colaboradores (2002), os autores compararam os modos VCV e PCV em modelo animal de SARA e concluíram que o uso de BNM é favorável no sentido de reduzir o consumo de oxigênio da respiração que pode ser muito elevado na SARA, porém não houve diferenças significativas entre modos em relação a trocas gasosas ou mecânica pulmonar. Além dos modos ventilatórios, o ajuste dos parâmetros ventilatórios também é de fundamental importância para a sincronia paciente ventilador, entre eles, o ajuste da frequência respiratória é uma configuração fundamental no manejo da ventilação mecânica. Os estudos em animais têm mostrado que para a mesma relação volume corrente / strain, maiores frequências respiratórias podem intensificar VILI (HARTMANN et al., 2011). Além disso, estudos com animais têm demonstrado que os pulmões ventilados em baixas frequências respiratórias produziram menos edema e hemorragia perivascular do que aqueles ventilados em frequências respiratórias mais elevadas (HOTCHKISS et al., 2000). No entanto, na prática clínica, a frequência do ventilador muitas vezes precisa atender à demanda do paciente. Assim, torna-se evidente que o grau da lesão pulmonar associada à ventilação mecânica é determinada pela interação entre os parâmetros ventilatórios ajustados e a extensão da lesão dos pulmões dos pacientes com SARA (DREYFUSS; SAUMON, 1998; GATTINONI et al., 2003; GARCIA; PELOSI; ROCCO et al., 2008). Por consequência, nas últimas décadas, muitos estudos estão sendo realizados com o intuito de caracterizar estratégias ventilatórias que minimizem a indução da lesão pulmonar associada à ventilação mecânica, otimizando parâmetros ventilatórios, como as pressões e o volume corrente oferecidos aos pulmões (AMATO et al., 1998; THE ACUTE RESPIRATORY DISTRESS 24 SYNDROME NETWORK, 2000; WHITEHEAD; SLUTSKY, 2002; COOPER, 2004; MOLONEY, GRIFFITHS, 2004; BROWER et al., 2004; GRASSO et al., 2005; VILLAR et al., 2006). Diante disto, este estudo levanta muitas perguntas para além dos relativos possíveis mecanismos de ação dos bloqueadores neuromusculares. Será que a otimização de ajustes do ventilador mecânico poderia reduzir a assincronia paciente ventilador em pacientes com esforço muscular, reduzindo assim os determinantes da VILI (stress e strain)? E ainda, qual seria o efeito de modos ventilatórios com fluxo livre, como PCV e VCV com AutoFlow® sobre a manutenção da estratégia ventilatória protetora? Conseguiriam manter o VC ao mesmo tempo que aumentariam a sincronia de fluxo? 1.1 Hipóteses As hipóteses do estudo, com base na revisão da literatura acima apresentada, são: 1. O esforço muscular respiratório promove flutuações significativas do volume corrente e das pressões alveolares em modos ventilatórios controlados à volume ou à pressão ou ainda gerando assincronias paciente-ventilador 2. O ajuste da frequência respiratória programada do ventilador deve influenciar este fenômeno por gerar menos assincronia paciente-ventilador reduzindo, portanto o stress e o strainpulmonares causadores da VILI 3. A otimização da frequência respiratória programada do ventilador mecânico nos modos comumente usados na estratégia protetora pode reduzir a assincronia paciente ventilador em pacientes com esforço muscular, promovendo um melhor manejo da ventilação 25 mecânica à beira do leito e reduzindo as lesões pulmonares (stress e strain) induzidas pela ventilação mecânica. 4. A utilização de modos ventilatórios com fluxo livre como o PCV ou VCV com o sistema AutoFlow® podem minimizar a assincronia de fluxo mas podem eventualmente resultar em maiores flutuações de volumes correntes e pressões pulmonares. 1.2 Justificativa Nas últimas décadas houve grandes avanços na compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da VILI. Por outro lado, persiste a dúvida sobre a melhor maneira de se implementar a estratégia ventilatória protetora de baixos volumes correntes na SARA. Na prática diária não há consenso se faz diferença o emprego de modos ciclados a volume ou pressão controlada, ou mesmo, modos híbridos, como o AutoFlow®. Além disso, um ajuste fundamental, a frequência respiratória, não tem sido examinado em detalhe como parte essencial da estratégia protetora. Abordar estes aspectos da VM na SARA se faz necessário. Uma vez conhecido qual a melhor forma par otimização da VM protetora, é possível que se empregue esta estratégia ainda com mais benefício para os pacientes com SARA. 26 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Avaliar as influências do esforço muscular e da assincronia paciente-ventilador sobre o “strain” e o “stress” pulmonares em modelo pulmonar mecânico de síndrome da angústia respiratória aguda. 2.2 ESPECÍFICOS Comparar os modos ventilatórios controlados a volume (VCV), a pressão (PCV) e o sistema AutoFlow® quanto ao grau de “strain” e o “stress”pulmonares durante ciclos ventilatórios assistidos com esforço muscular respiratório Avaliar o efeito do ajuste da frequência respiratória nos modos ventilatórios com ciclos assistidos sobre a interação paciente-ventilador e sobre o “strain” e o “stress” pulmonares. 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo experimental de bancada (bench study), realizado no laboratório da respiração (RespLab) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas e ao Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). 3.1 Configuração do “paciente” simulado: padrão de esforço muscular e mecânica respiratória Para este estudo foi utilizado o simulador mecânico de respiração, o ASL 5000®. Trata-se de um simulador de pulmão computadorizado, que consiste de um pistão em movimento dentro de um cilindro complacente (INGMAR MEDICAL, Pittsburg, PA, EUA, 2006; FERREIRA et al., 2009; VASCONCELOS et al., 2013). A complacência pulmonar, a resistência de vias aéreas e o perfil da pressão muscular inspiratória (pressão negativa criada pelos músculos respiratórios - Pmus) podem ser detalhadamente configurados pelo usuário (figura 2). O ASL 5000® utiliza a equação do movimento do gás para executar suas funções: Pressão vias aéreas = P resistiva + P elástica –Pmus 28 ASL 5000 Dados da simulação Controlador embutido Parâmetros do modelo e perfil da respiração Pressão Ventilador mecânico Posição Motor de acionamento direto Figura 2: Esquema representativo do funcionamento do simulador ASL 5000® (Modificado de IngMar Medical, Pittsburg, PA, EUA, 2006). Foi estudado um modelo pulmonar com mecânica respiratória restritiva simulando condições observadas em pacientes com SARA. A complacência foi configurada em 25ml/cm H2O e resistência inspiratória de vias aéreas 10 cmH2O/L/sec (FERREIRA et al., 2009). O esforço muscular (Pmus) foi ajustado em 3 situações distintas: A- modelo sem esforço muscular (Pmus: zero cmH2O); B- modelo com esforço muscular inspiratório próximo do normal (Pmus: -5 cmH2O) e C- modelo com esforço muscular inspiratório e expiratório (Pmus: -5/ +5 cmH2O) (Figura 3). Na situação A, a frequência respiratória do simulador foi ajustada em zero e nas situações B e C a frequência respiratória foi ajustada em 20 rpm de forma que o esforço muscular tivesse um tempo de duração de 0,6s tanto para inspiração quanto para expiração. 29 Figura 3: Perfil da contração muscular. A- Modelo sem esforço muscular (Pmus: zero cmH2O - f: zero rpm). B- Modelo com esforço muscular inspiratório próximo do normal (Pmus: -5 cmH2O - f: 20 rpm). C- Modelo com esforço muscular inspiratório e expiratório (Pmus: -5 / +5 cmH2O – f: 20 rpm). 3.2 Configurações dos ventiladores mecânicos Em seguida os ventiladores mecânicos foram conectados ao ASL 5000® através de um tubo orotraqueal nº 8,0 mm (MURATA et al., 2010), simulando o paciente intubado na UTI. Os ventiladores mecânicos incluídos no estudo foram: Esprit V-1000 (Respironics®, Murrysville, EUA), DX 3012 (Dixtal®, Buenos Aires, Argentina), Servo I (Maquet®; Solna, Suécia), Puritan-Bennet 840 (Covidien Mansfield, MA, EUA) e Savina 300 (Drager®, Lübeck, Alemanha) todos com circuitos duplos próprios dos fabricantes, sendo um ramo inspiratório e outro expiratório conectados através de uma peça em “Y” ao tubo traqueal. Nenhum sistema de umidificação externa foi utilizado (figura 4). 30 Figura 4: Montagem do experimento. ASL 5000® conectado ao ventilador mecânico através de um tubo orotraqueal nº 8,0 mm (seta preta). Todos os ventiladores foram calibrados e configurados em dois modos: no modo ventilação por volume controlado (VCV), com onda de fluxo quadrada e volume corrente (VC) de 420 ml e no modo pressão controlada (PCV), com delta de pressão inspiratória acima da PEEP necessária para gerar um VC de 420 ml, estimando-se um VC de 6ml/kg para um adulto do sexo masculino de 70kg de peso ideal. Em ambos os modos, foi ajustado uma PEEP de 10 cm H2O, tempo inspiratório (TI) de 0,8 segundos e sensibilidade à pressão de -2 cmH2O (VASCONCELOS, 2013). O ventilador Savina 300 foi testado também com o sistema AutoFlow® ativado no modo VCV (VCV-AF) com os mesmos parâmetros descritos acima. 3.3 Análise e desfechos Cada simulação teve a duração de 5 minutos e após a estabilização dos cenários de cada experimento, ciclos representativos de cada simulação foram coletados para análise off-line realizada através do software ASL 5000® (Labview; National Instruments; Austin, TX, EUA). Foram analisadas as seguintes variáveis: o VC máximo, a pressão alveolar no final da inspiração, o valor efetivo da PEEP no final da expiração, a pressão transpulmonar no 31 final da inspiração, a pressão transpulmonar no final da expiração, a driving pressur, o pico de fluxo inspiratório e análise das curvas de mecânica nos seguintes ajustes: nos modos VCV, VCV-AF e PCV com frequência respiratória do ventilador de 15 rpm, (menor que a do “paciente”) e de 25 rpm (maior que a do “paciente”). Os mesmos parâmetros foram analisados no modelo simulado sem esforço muscular (Tabela 1). Tabela 1: Condição experimental. Ajuste dos modos ventilatórios e frequência respiratória de acordo com o modelo simulado. Condição Experimental Modo VCV Modo PCV f programada f programada (rpm) (rpm) Pmus 0 f=0 15 15 Pmus - 5 f= 20 15 / 25 15 / 25 Pmus - 5 / + 5 f = 20 15 / 25 15 / 25 De acordo com as curvas e parâmetros fornecidos pelo software do ASL5000® (Labview; National Instruments; Austin, TX), o VC máximo e a pressão alveolar foram medidos no final da inspiração de cada ciclo respiratório; a PEEP efetiva foi medida na curva da pressão alveolar no final da expiração e as pressões transpulmonar no final da inspiração e no final da expiração foram calculadas através da subtração da pressão alveolar menos a Pmus (pressão alveolar – Pmus) durante o momento final da inspiração e expiração respectivamente (figura 5). 32 Figura 5: Ciclo respiratório representativo ilustrando na cor branca a curva de VC, em laranja a curva de pressão alveolar e em azul a curva de Pmus. O ponto de mensuração do VC máximo ilustrado pela seta vermelha; a pressão alveolar no final da inspiração representado pela seta preta, a PEEP no final da expiração pela seta amarela; o ponto de mensuração e cálculo das pressões transpulmonar no final da inspiração e no final da expiração representadas pelos tracejados preto e vermelho respectivamente. A driving pressure ou pressão de distensão foi calculada utilizando-se os valores da pressão alveolar no final da inspiração de cada ciclo, subtraindo a PEEP correspondente (BARBAS et al., 2014). Foi utilizado o programa Matlab versão 8.0.0.783 (R2012b) para gerar curvas da pressão transpulmonar dos ciclos representativos de cada condição experimental, que foram obtidas pela resultante da pressão alveolar subtraída da Pmus. Os resultados foram apresentados como mínimo, mediana e máximo. Considerando-se a estabilidade do modelo mecânico e sua variabilidade mínima, quase desprezível, optou-se pela comparação nominal entre os valores obtidos sem a realização de 33 testes estatísticos comparativos (FERREIRA et al., 2009). Diferenças consideradas com potencial de serem clinicamente relevantes foram destacadas. 34 4 RESULTADOS A figura 6 apresenta os valores de volume corrente e da pressão transpulmonar no final da inspiração (PTP insp), no modo VCV, durante as cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores utilizados. Tanto o VC quanto a PTP insp se mantiveram estáveis (sem variabilidade) quando simulada a condição de bloqueio neuromuscular (Pmus= 0). O mesmo fenômeno foi observado quando o modelo se encontrava sincrônico com o ventilador (f programada de 15 rpm); tanto com esforço muscular apenas inspiratório (Pmus -5 cmH2O) quanto com esforço muscular inspiratório e expiratório (Pmus -5/+5 cmH2O) não houve variabilidade da PTP insp nem do VC, no qual os valores se mantiveram abaixo ou próximo de 6ml/kg, com exceção do ventilador Savina 300 com o sistema AF ativado, onde o VC ultrapassou os 6ml/kg mesmo na condição de bloqueio neuromuscular. Embora os valores de PTP insp e VC tenham permanecido estáveis e sem variabilidade nas condições de sincronia como nos demais ventiladores, o ventilador Savina com sistema AF ativado, ofertou VC maior e gerou maiores PTP insp em todas as condições experimentais. Nas condições em que o modelo se encontrava assincrônico (f programada de 25rpm), tanto para a Pmus -5 cmH2O quanto para Pmus -5/+5 cmH2O, houve variação da PTP insp e do VC, sendo extrapolado o limite ajustado de 6ml/kg em alguns ventiladores, especialmente na condição de Pmus -5/+5 cmH2O. Ressalta-se que a PTP insp e o VC seguiram mesmo padrão de variabilidade nas cinco condições experimentais estudadas. Porém, observa-se que os valores de PTP insp se mantiveram próximos ou acima do valor considerado pela literatura como fisiológico de < 25 cmH2O (TALMOR et al., 2008) em todas as condições experimentais, enquanto que o VC só esteve acima de 6ml/kg nas situações de assincronia, com exceção de alguns ventiladores. 35 A figura 7 mostra os valores de pressão alveolar no final da inspiração e driving pressure na modalidade VCV. A pressão alveolar no final da inspiração manteve valores semelhantes nas condições de bloqueio neuromuscular e com Pmus – 5 cmH2O quando houve sincronia, porém observa-se uma variabilidade, com valores inferiores de pressão alveolar no final da inspiração na condição de assincronia com a mesma Pmus. Observa-se ainda, elevação da pressão alveolar no final da inspiração quando ajustado Pmus – 5/+5 cmH2O tanto na condição sincrônica quanto assincrônica ultrapassando o valor considerado de segurança pela literatura de 30 cmH2O. A driving pressure apresentou mesmo comportamento da pressão alveolar no final da inspiração em todas as condições experimentais, porém os valores ultrapassaram o limite de segurança (15 cmH2O) principalmente nas condições Pmus – 5 cmH2O quando assincrônico e Pmus – 5/+5 cmH2O, tanto sincrônico quanto assincrônico. Vale destacar que os valores de mediana da driving pressure e de pressão alveolar ao final da inspiração foram mais elevados nas condições com sincronia do que com assincronia, principalmente na condição de esforço muscular inspiratório e expiratório. 9 Volume Corrente (mL/Kg) 8 7 6 5 4 3 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Pmus -5 Sincrônico Assincrônico Pmus -5/+5 Pressão transpulmonar final da(mL/Kg) inspiração (cmH2O) Volume Corrente VCV 9 8 32 30 7 28 6 26 5 24 4 22 3 20 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 7 Col 8 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 15 Col 16 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA Bloqueado Sincrônico Sincrônico Assincrônico Assincrônico SAVINA AF Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Col 23 Pmus -5/+5 Pmus -5 Col 24 Pmus -5/+5 Pmus -5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 31 Col 32 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 7 Col 8 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 15 Col 16 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 23 Col 24 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 31 Col 32 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Figura 6: Volume corrente (esquerda) e Pressão transpulmonar no final da inspiração (direita) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade VCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. 36 35 25 25 20 9 8 20 15 10 Volume Corrente (mL/Kg) 30 Driving Pressure (cmH2O) Pressão alveolar final da inspiração (cmH2O) VCV 7 6 5 4 15 5 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Pmus -5 Sincrônico Assincrônico Pmus -5/+5 3 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Pmus -5 Pmus -5 Pmus -5/+5 Pmus -5/+5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 7 Col 8 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 15 Col 16 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 23 Col 24 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 31 Col 32 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Figura 7: Pressão alveolar no final da inspiração (esquerda) e Driving pressure no final da inspiração (direita) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade VCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. A figura 8 ilustra os valores de PEEP e pressão transpulmonar no final da expiração na modalidade VCV. A PEEP se manteve com valores próximos ao ajustado (10 cmH2O) em todas as condições, com exceção das condições de assincronia, observando-se tanto um aumento da PEEP total (PEEP + auto-PEEP), quanto sua redução abaixo do programado (despressurização) quando Pmus – 5/+5 cmH2O. Apenas o ventilador Savina 300, no modo VCV-AF, não apresentou queda dos valores de PEEP abaixo do valor programado (despressurização) nas condições de assincronia. A pressão transpulmonar no final da expiração apresentou comportamento semelhante ao da PEEP em todas as condições experimentais estudadas. 37 VCV Pressão transpulmonar final da expiração (cmH2O) 20 14 18 9 13 8 Volume Corrente (mL/Kg) PEEP (cmH2O) 16 12 14 7 11 12 6 10 10 8 6 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Pmus -5 Assincrônico Pmus -5/+5 5 9 8 4 7 3 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Pmus -5 Pmus -5 Pmus -5/+5 Pmus -5/+5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 7 Col 8 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 15 Col 16 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 23 Col 24 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Col 31 Col 32 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA SAVINA AF Figura 8: PEEP no final da inspiração (direita) e Pressão transpulmonar no final da expiração (esquerda) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade VCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. A figura 9 apresenta os valores de volume corrente e da pressão transpulmonar no final da inspiração (PTP insp), no modo PCV, durante as cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores utilizados. Assim como no modo VCV, o VC e a PTP insp se mantiveram sem variabilidade quando simuladas as condições de bloqueio neuromuscular e com sincronia (f programada de 15). Nas condições de assincronia houve variabilidade da PTP insp e do VC, especialmente quando Pmus -5/+5 cmH2O, onde os valores mínimos de VC ultrapassaram o limite de 6ml/kg, e dessa forma tanto VC quanto PTP insp obtiveram valores mais elevados no modo PCV. 38 Volume Corrente (ml/kg) 8 7 6 5 4 3 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico 30 28 26 24 22 20 Pressão transpulmonar final da expiração (cmH2O) 9 Pressão transpulmonar no final da inspiração (cmH2O) PCV 14 12 10 8 6 Bloqueado Bloqueado Sincrônico Sincrônico Assincrônico Assincrônico Pmus -5 Pmus -5 Pmus -5/+5 Pmus -5 Sincrônico Sincrônico Assincrônico Assincrônico Pmus -5/+5 Pmus -5/+5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA Col 6 Col 7 Col 8 Col 9 Col 10 Col 11 SAVINA Col 13 Col 14 Col 15 Col 16 Col 17 Col 18 SAVINA Col 20 Col 21 Col 22 Col 23 Col 24 Col 25 SAVINA Col 27 Col 28 Col 29 Col 30 Col 31 Col 32 Col 33 Figura 9: Volume corrente (esquerda) e Pressão transpulmonar no final da inspiração (direita) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade PCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. A figura 10 mostra os valores de pressão alveolar no final da inspiração e driving pressure na modalidade PCV. Assim como no modo VCV, também foi observada variabilidade dos valores pressão alveolar no final da inspiração e da driving pressure nas condições assincrônicas, estando os valores de pressão alveolar acima de 30 cmH2O quando Pmus – 5/+5 cmH2O, tanto na condição sincrônica quanto assincrônica e os valores de driving pressure acima de 15 cmH2O em todas as condições, especialmente quando Pmus – 5/+5 cmH2O. Observou-se que também no modo PCV os valores de mediana da driving pressure e de pressão alveolar ao final da inspiração foram mais elevados nas condições com sincronia do que com assincronia, principalmente na condição de esforço muscular inspiratório e expiratório. 39 30 25 20 20 15 10 5 15 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Pressão transpulmonar final da expiração (cmH2O) 25 35 Driving Pressure (cmH2O) Pressão alveolar no final da inspiração (cmH2O) PCV 14 12 10 8 6 Bloqueado Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico Pmus -5 Pmus -5 Pmus -5/+5 Pmus -5 Sincrônico Assincrônico Pmus -5/+5 Pmus -5/+5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA Col 6 Col 7 Col 8 Col 9 Col 10 Col 11 SAVINA Col 13 Col 14 Col 15 Col 16 Col 17 Col 18 SAVINA Col 20 Col 21 Col 22 Col 23 Col 24 Col 25 SAVINA Col 27 Col 28 Col 29 Col 30 Col 31 Col 32 Col 33 Figura 10: Pressão alveolar no final da inspiração (esquerda) e Driving pressure no final da inspiração (direita) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade PCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. A figura 11 ilustra os valores de PEEP e pressão transpulmonar no final da expiração na modalidade PCV, que assim como em VCV, apresentaram comportamento semelhante com a PEEP, se mantendo próximo ao valor ajustado de 10 cmH2O, com exceção das condições com assincronia onde houve variabilidade dos valores, observando-se tanto aumento da PEEP efetiva (auto-PEEP) quanto sua redução abaixo do programado (despressurização), principalmente quando ajustado Pmus – 5/+5 cmH2O. 40 PCV Pressão transpulmonar final da expiração (cmH2O) 20 18 PEEP (cmH2O) 16 14 12 10 8 6 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Sincrônico Assincrônico 14 12 10 8 6 Bloqueado Sincrônico Assincrônico Pmus -5 Pmus -5 Sincrônico Assincrônico Pmus -5/+5 Pmus -5/+5 SERVO I ESPRIT DIXTAL PB 840 SAVINA Col 6 Col 7 Col 8 Col 9 Col 10 Col 11 SAVINA Col 13 Col 14 Col 15 Col 16 Col 17 Col 18 SAVINA Col 20 Col 21 Col 22 Col 23 Col 24 Col 25 SAVINA Col 27 Col 28 Col 29 Col 30 Col 31 Col 32 Col 33 Figura 11: Pressão transpulmonar no final da expiração (esquerda) e PEEP no final da inspiração (direita) nas cinco condições experimentais, nos cinco ventiladores estudados na modalidade PCV. Valores apresentados em mínimo, mediana e máximo. A figura 12 ilustra as curvas representativas (de apenas um dos cinco ventiladores) que foram reproduzidas na simulação durante as cinco condições experimentais estudadas, nos modos VCV, VCV-AF e PCV respectivamente. Na figura pode-se observar o comportamento variável do VC e da pressão alveolar nas condições de assincronia tanto com Pmus -5 cmH2O quanto com Pmus -5/+5 cmH2O , destacando o impacto do efeito Pmus (respiração espontânea) nas situações de assincronia. Observa-se no quadrante C a ocorrência de esforço negativo no meio ou final de alguns ciclos respiratórios causando queda da pressão alveolar e o mesmo efeito se repetindo no quadrante E, além do esforço positivo gerando aumento da pressão alveolar no meio ou no final do ciclo e causando variações do VC em ambas as situações, o que impacta de forma direta na pressão transpulmonar tanto no final da inspiração quanto no final da expiração. Observa-se ainda que no modo VCV com o sistema AutoFlow® ativado, o VC e a pressão alveolar atingiram valores maiores em todas as condições experimentais quando comparado com o modo VCV convencional ou mesmo com 41 o modo PCV (Observar escalas das curvas representativas). O pico de fluxo inspiratório dos cinco ventiladores durante as cinco condições experimentais está descrito nas tabelas 2, 3, 4 e 5 representadas no APÊNDICE A. Curvas representativas do fluxo inspiratório e expiratório e de apenas um dos cinco ventiladores estão ilustradas no APÊNDICE B. VCV VCV - AF PCV A A A B B B C C D D E E C D E Figura 12: Curvas representativas do ventilador Savina 300, nas cinco condições experimentais nos modos VCV (esquerda), VCV-AF (central) e PCV (direita). Curva de cor branca representando VC; cor laranja a pressão alveolar e cor azul a Pmus. Condição A: bloqueado Pmus 0; B: Pmus -5 cmH2O (f 15) - sincrônico; C: Pmus -5 cmH2O (f 25) - assincrônico; D: Pmus -5/+5 cmH2O (f 15) – sincrônico; E: Pmus -5/+5 cmH2O (f 25) – assincrônico. 42 A figura 13 ilustra as curvas da pressão transpulmonar de ciclos representativos (de apenas um dos cinco ventiladores), nas cinco condições experimentais em ambos os modos (VCV à esquerda e PCV à direita), onde se pode observar de forma clara a variabilidade e instabilidade da PTP quando o modelo encontrava-se em assincronia com o ventilador (situações C e E). Abaixo de cada curva está destacado o valor médio da pressão transpulmonar medido para a faixa de tempo representada, evidenciando maiores valores de pressão transpulmonar nas situações de assincronia, sendo cerca de 1 a 2 cmH2O mais elevados no modo PCV que no modo VCV. 43 A A Valor médio: 13,1 Valor médio: 13,8 B B Valor médio:15,2 Valor médio: 14,5 C Valor médio: 16,1 C Valor médio:17,0 D Valor médio: 13,9 D Valor médio: 14,9 E Valor médio: 15,5 E Valor médio: 16,3 Figura 13: Curvas da pressão transpulmonar de ciclos representativos com os respectivos valores médios. VCV (esquerda), PCV (direita). Condição A: bloqueado Pmus 0; B: Pmus 5 cmH2O (f 15) - sincrônico; C: Pmus -5 cmH2O (f 25) - assincrônico; D: Pmus -5/+5 cmH2O (f 15) – sincrônico; E: Pmus -5/+5 cmH2O (f 25) – assincrônico. 44 5 DISCUSSÃO Diante da complexidade de se estudar o impacto da assincronia pacienteventilador em pacientes criticamente doentes com SARA, o presente estudo utilizou um modelo de bancada experimental, que agregou variações de modos ventilatórios, frequência respiratória do ventilador e padrões de esforço muscular respiratório que permitiu simular situações de assincronia e estudar seu impacto na mecânica respiratória de um pulmão com SARA. Tendo em vista as dificuldades de se realizar estudos à beira do leito, o simulador de pulmão, ASL 5000®, permite executá-los com uma simulação bastante realista, apresentando boa reprodutibilidade e confiabilidade, com risco zero para os pacientes. Os principais achados desse estudo foram: a frequência respiratória do ventilador pulmonar ajustada acima da frequência respiratória do paciente gera assincronia paciente ventilador causando grandes variações de VC e pressões pulmonares o que pode intensificar o stress e strain pulmonares. O esforço muscular inspiratório e expiratório intensifica esse fenômeno. As variações do VC refletem-se de forma direta na pressão transpulmonar no final da inspiração. A driving pressure reflete a pressão transpulmonar de forma mais fidedigna do que a pressão alveolar no final da inspiração. O sistema AutoFlow® gerou maiores volumes correntes e pressões pulmonares diante das situações estudadas. O ajuste da frequência respiratória é um parâmetro fundamental no manuseio da ventilação mecânica (VM), especialmente nos pacientes que desenvolvem SARA. Na prática clínica, a frequência ventilatória do ventilador muitas vezes precisa atender a demanda do paciente, levando em consideração que na maioria dos ventiladores, nas modalidades assistidas, a relação I:E é dependente da frequência respiratória e o tempo inspiratório é fixo, fazendo com que o paciente eleve a frequência respiratória para suprir sua demanda. De acordo com a opinião de especialistas a maioria dos pacientes com insuficiência respiratória 45 exigirá uma frequência entre 20 e 30 ciclos / min de acordo com a sua necessidade (BIEHL et al., 2013). Porém, estudos em animais têm mostrado que altas frequências respiratórias podem intensificar a VILI e que os pulmões ventilados em frequências respiratórias baixas produziram menos edema e hemorragia perivascular do que aqueles ventilados em frequências mais elevadas (HARTMANN et al., 2012). Os resultados do presente estudo corroboram com esses achados, uma vez que o ajuste da frequência respiratória do ventilador acima da frequência respiratória do paciente gerou assincronia paciente ventilador e variações do volume corrente e pressões pulmonares incluindo valores acima dos limites considerados seguros para a estratégia ventilatória protetora, o que pode favorecer o stress e strain pulmonares. E ainda que se deva levar em consideração que o estudo trata-se de um modelo mecânico no qual a frequência respiratória do paciente é fixa e não varia de acordo com suas necessidades metabólicas, Richard et al (2013) compararam experimentos de bancada com um estudo in vivo e mostrou que tanto em modelo mecânico quanto em pacientes o VC e sua variabilidade pareciam ser influenciadas pela relação entre a frequência respiratória do paciente e o ajuste da frequência respiratória do ventilador, que quanto maior fosse ajustada, menor a possibilidade de ciclos respiratórios sincrônicos. De acordo com Papazian e colaboradores (2010), permitir que pacientes em ventilação mecânica com SARA respirem espontaneamente pode ter benefícios fisiológicos como a prevenção da disfunção diafragmática induzida pelo ventilador. A respiração espontânea reduz um padrão ventilatório monótono e pode favorecer o recrutamento do pulmão, pode permitir a redução na dosagem de sedação e acelerar o desmame da ventilação mecânica. Por outro lado, os esforços inspiratórios espontâneos podem levar a altos VC, altas pressões transpulmonares e excesso de trabalho respiratório, de forma que o bloqueio neuromuscular torna-se necessário para evitar assincronia paciente ventilador e facilitar a estratégia de ventilação protetora (ROSE; HAWKINS, 2008). Biehl e colaboradores (2013) 46 enfatizam que a assincronia paciente-ventilador, muitas vezes limita o uso de baixos VC nos pacientes com SARA e que os ajustes dos parâmetros ventilatórios e o uso de sedativos são apenas modestamente eficazes na limitação da assincronia, muitas vezes necessitando do uso de bloqueio neuromuscular. O presente estudo mostrou que no modelo mecânico, a condição experimental que simulou bloqueio neuromuscular e as condições com esforço muscular inspiratório e ainda, esforço muscular inspiratório/expiratório apresentaram efeitos semelhantes sobre o VC e a pressão transpulmonar no final da inspiração, quando o modelo se encontrava sincrônico com o ventilador (f 15rpm), sendo encontrados padrões diferentes de variabilidade no VC e nas pressões pulmonares apenas nas condições em que o esforço muscular estava associado à assincronia paciente ventilador (f 25rpm). Desta forma, é razoável consderar que não necessariamente a presença do esforço muscular respiratório, ou seja, da respiração espontânea seja o principal agravante dos mecanismos geradores da VILI (volutrauma, barotrauma e atelectrauma). Por outro lado, o ajuste inadequado do ventilador, sobretudo da frequência respiratória, ao gerar assincronias, este sim seria um fator associado a potencializar os riscos de desenvolvimento de VILI. Esses dados corroboram com o estudo de Richard et al (2013) que mostra que a presença de respiração espontânea tem efeitos diferentes sobre a variabilidade do VC entre os diferentes modos ventilatórios e que este efeito é fortemente dependente do nível de sincronia paciente- ventilador. Segundo Gattinoni e colaboradores (2012) a pressão transpulmonar é considerada como equivalente clínico de stress, enquanto o strain se associa com a variação de volume corrente. No presente estudo observou-se uma semelhança dos padrões de variabilidade do VC e da pressão transpulmonar no final da inspiração durante todas as condições experimentais em ambos os modos. Nas condições de assincronia, especialmente quando ajustado Pmus -5/+5 cmH2O, verificou-se uma variabilidade dos valores tanto do VC quanto da PTP insp. A redução dos valores de PTP insp pode ser justificada pela queda da pressão 47 alveolar causada pelo esforço inspiratório no meio do ciclo respiratório o que pode gerar atelectrauma. Os valores mais altos de PTP insp e VC, podem ser justificados pela presença de auto-PEEP o que pode gerar volutrauma, fenômeno que sugere a ocorrência de stress e strain pulmonar. Observou-se ainda que embora o VC e a PTP insp tenham apresentado padrões semelhantes de variabilidade, a PTP insp se manteve próximos ou acima do valor considerado pela literatura como fisiológico de < 25 cmH2O em todas as condições experimentais, enquanto que o VC só esteve acima de 6ml/kg nas situações de assincronia, com exceção de alguns ventiladores, sugerindo que o stress pulmonar pode ocorrer sem necessariamente corresponder ao mesmo nível de strain pulmonar. Briel e colaboradores (2010) afirmam que a redução do atelectrauma está ligada com à otimização dos valores de PEEP. O nível de PEEP adequada, no entanto, continua a ser um assunto de controvérsias. Ensaios clínicos randomizados e multicêntricos bem como estudos de meta-análises, não confirmaram que PEEP superior a 12 cm de H2O, reduz a mortalidade de pacientes com SARA (MEADE et al., 2008; BROWER et al., 2004; MERCAT et al., 2008). Porém, sabe-se que um volume pulmonar no final da expiração muito baixo pode estar relacionado nomeadamente a abertura cíclica e colapso de unidades alveolares instáveis. Neste contexto, os efeitos prejudiciais da ventilação podem ser aliviados pela aplicação de PEEP para impedir o desrecrutamento cíclico dos alvéolos, mas não alto o suficiente para levar a sua inflação excessiva. No presente estudo os níveis de PEEP se mantiveram próximos aos valores ajustados de 10 cmH2O em ambos os modos, com exceção das condições em que houve assincronia, onde os valores de PEEP atingiram valores superiores ao ajustado quando Pmus -5 cmH2O, sugerindo hiperinsuflação devido a presença de auto PEEP; e valores inferiores ao ajustado quando Pmus -5/+5 cmH2O, sugerindo despressurização do sistema. 48 A pressão de platô nas vias aéreas ou pressão alveolar não pode e nem deve ser considerado um substituto do stress pulmonar, pois estudos mostram valores similares de stress para volumes correntes completamente diferentes (MATOS et al., 2012; TALMOR et al., 2008). No presente estudo, pôde-se observar que os valores de pressão alveolar no final da inspiração, até recentemente nomeado na literatura como preditor de lesão pulmonar quando acima de 30 cmH2O, só se elevou a esse limite quando ajustado Pmus -5/+5 cmH2O, tanto em condição de sincronia quanto em assincronia, enquanto que a pressão transpulmonar no final da inspiração esteve acima do limite considerado fisiológico (< 25 cmH2O) nas demais condições além das citadas, especialmente no modo PCV. De forma que as condições em que a pressão transpulmonar ultrapassou o valor de 25 cmH2O foi melhor refletida pela driving pressure, que variou semelhantemente para valores considerados pela literatura como indutor de VILI (> 15 cmH2O) em ambos os modos, o que sugere que este parâmetro seja mais fidedigno para ser utilizado quando se objetiva prevenir as lesões induzidas pela ventilação mecânica na ausência da pressão esofágica para predizer a pressão transpulmonar. Em estudo realizado por Talmor et al (2008) em paciente com SARA com a pressão esofágica monitorada, a pressão transpulmonar no final da inspiração foi mantida em valores considerados fisiológicos mesmo com pressões de platô acima de 30 cmH2O e PEEP em torno de 18 cmH2O, valores que mantinham a driving pressure em torno de 12 cmH2O, o que sugere mais uma vez que a driving pressure seja um parâmetro mais seguro quando se deseja monitorar a pressão transpulmonar inspiratória na ausência da pressão esofágica. De acordo com Lasocki (2010), o sistema AutoFlow® é baseado no princípio atraente:de garantir o VC ajustado, mantendo as vantagens da ventilação por pressão controlada. Apesar desta potencial vantagem, avaliações clínicas não têm sido realizada e a eficácia clínica em comparação com o modo VCV convencional não foi formalmente demonstrada. No presente estudo, a utilização do sistema AutoFlow® não demonstrou 49 vantagens em relação a assincronia paciente ventilador se comparado aos modos VCV convencional e PCV. Nas situações de assincronia, o modo VCV-AF ofertou maiores volumes correntes gerando maiores pressões pulmonares o que pode potencialmente agravar o stress e strain pulmonares. A maior oferta de VC pode ser justificada devido ao fluxo inspiratório gerado em todas as condições experimentais no modo VCV-AF ter sido relativamente maior em comparação com os demais modos ventilatórios (APÊNDICES A e B). Este estudo apresenta algumas limitações. Foi utilizado um modelo mecânico de sistema respiratório e os resultados precisam ser confirmados em pacientes. Porém, o presente estudo corrobora com alguns estudos encontrados na literatura que citam a assincronia paciente-ventilador como um limitador do uso de baixos VC nos pacientes com SARA, o que prejudica a eficácia da estratégia protetora podendo gerar VILI (RICHARD et al., 2013). Outras limitações do estudo são: o modelo apresentava Pmus inspiratória e expiratória fixa, bem como a frequência respiratória, o que nos impediu de avaliar a resposta fisiológica do paciente às suas demandas metabólicas. A complacência dos circuitos dos ventiladores não foi medida, o que pode justificar a diferença de VC entre os mesmos. As implicações clínicas desse estudo são; a de reforçar o impacto da assincronia paciente ventilador sobre as pressões pulmonares em pacientes com SARA; destacar a importância do ajuste da frequência respiratória do ventilador mecânico, que muitas vezes é negligenciado na prática clínica, gerando a assincronia paciente ventilador; ressaltar a vantagem de se utilizar a driving pressure como parâmetro para predizer stress e strain pulmonares na ausência da pressão esofágica; e ainda ressaltar o cuidado com a escolha do modo ventilatório a ser utilizado e o manejo do mesmo. 50 6 CONCLUSÕES A assincronia paciente-ventilador levou a valores mais elevados de volumes correntes do que os programados, resultando em pressões transpulmonares maiores. Este efeito foi particularmente maior com a presença de esforço muscular nas duas fases do ciclo respiratório, inspiração e expiração. O ajuste da frequência respiratória do ventilador mecânico nos modos assistido/controlado acima da frequência espontânea do paciente que apresenta esforço muscular gera assincronia paciente-ventilador, gerando maiores valores de volume corrente, e de pressões de distensão pulmonar, aumentando o stress e o strain pulmonares. Os modos ventilatórios VCV, VCV com sistema AutoFlow® e PCV apresentaram comportamento semelhante de ventilação, embora o VC e as pressões pulmonares tenham sido discretamente mais elevados no modo PCV e no modo VCV com o sistema AutoFlow®, sugerindo que estes modos requerem maior cuidado em relação ao seu manejo para instituição de ventilação mecânica protetora com regulação de baixos volumes correntes e menores pressões de distensão pulmonar. 51 REFERÊNCIAS AMATO, M. B.; BARBAS, C. S.; MEDEIROS, D. M.; MAGALDI, R. B.; SCHETTINO, G. P.; LORENZI-FILHO, G.; et al. Effect of a protective-ventilation strategy on mortality in the acute respiratory distress syndrome. 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VCV Condição Experimental Bloqueado f zero f 15 Pmus -5 f 25 f 15 Pmus -5/+5 f 25 Pico de fluxo Inspiratório (L/min) Servo I Esprit Dixtal 3012 mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo 37 - 37 - 37 30 - 30 - 30 30 - 30 - 30 40 - 40 - 40 31 - 31 - 31 30 - 30 - 30 36 - 37 - 37 30 - 30 - 31 30 - 30 - 32 39 - 39 - 39 32 - 32 - 32 30 - 30 - 30 37 - 37 - 39 31 - 31 - 32 29 - 30 - 31 Tabela 3: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores PB 840 e Savina 300 no modo VCV nas cinco condições experimentais. VCV Pico de fluxo Inspiratório (L/min) PB 840 Savina 300 Savina 300 -AF Condição mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo Experimental Bloqueado f zero 53 - 53 - 53 43 - 43 - 43 53 - 53 - 53 f 15 34 - 34 - 34 38 - 38 - 38 41 - 41 - 41 Pmus -5 f 25 32 - 33 - 34 37 - 41 - 50 49 - 51 - 60 f 15 35 - 35 - 35 36 - 36 - 36 42 - 42 - 42 Pmus -5/+5 f 25 33 - 33 - 34 31 - 43 - 53 35 - 50 - 61 58 Tabela 4: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores Servo I, Esprit e Dixtal 3012 no modo PCV nas cinco condições experimentais. PCV Pico de fluxo Inspiratório (L/min) Servo I Esprit Dixtal 3012 Condição mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo experimental Bloqueado f zero 52 - 52 - 52 47 - 47 - 47 57 - 57 - 57 f 15 64 - 64 - 64 61 - 61 - 61 68 - 68 - 68 Pmus -5 f 25 52 - 52 - 62 41 - 46 - 59 52 - 55 - 65 f 15 64 - 64 - 64 66 - 66 - 66 69 - 69 - 69 Pmus -5/+5 f 25 52 - 56 - 62 41 - 52 - 63 57 - 58 - 59 Tabela 5: Pico de fluxo inspiratório (L/min) nos ventiladores PB 840 e Savina 300 no modo PCV nas cinco condições experimentais. PCV Pico de fluxo Inspiratório (L/min) PB 840 Savina 300 Condição mínimo/mediana /máximo mínimo/mediana /máximo experimental Bloqueado f zero 41 - 41 - 41 46 - 46 - 46 f 15 51 - 51 - 51 40 - 40 - 40 Pmus -5 f 25 39 - 39 - 47 34 - 42 - 50 f 15 54 - 54 - 54 41 - 41 - 41 Pmus -5/+5 f 25 44 - 46 - 51 34 - 44 - 50 59 APÊNDICE B VCV VCV - AF PCV A A A B B B C C C D D D E E E Figura 14: Curvas representativas do ventilador Savina 300, nas cinco condições experimentais nos modos VCV (esquerda), VCV-AF (central) e PCV (direita). Curva de cor laranja representando o fluxo inspiratório e expiratório e curva de cor amarela representando a Pmus. Condição A: bloqueado Pmus 0; B: Pmus -5 cmH2O (f 15) - sincrônico; C: Pmus -5 cmH2O (f 25) - assincrônico; D: Pmus -5/+5 cmH2O (f 15) – sincrônico; E: Pmus -5/+5 cmH2O (f 25) – assincrônico.