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A Primeira Revolução Industrial
As transformações na Inglaterra
Mudanças de ordem econômica e social marcaram profundamente a sociedade inglesa a partir da segunda metade do século
XVIII, inaugurando um período chamado de Revolução Industrial. A sucessão de transformações ocorridas aproximadamente
entre os anos de 1760 e 1850 ficou conhecida como Primeira Revolução Industrial.
A expansão colonial do século XVII trouxe prosperidade aos comerciantes ingleses, que passaram a vender na Europa os produtos
obtidos em suas viagens pela Ásia e América. Um desses produtos
despertava especial interesse: os tecidos de lã ingleses, considerados de excelente qualidade.
Visando aumentar a produção de lã, os proprietários de terra foram
estimulados a trocar o cultivo de alimentos pela criação de ovelhas.
A substituição da atividade agrícola pela pecuária expulsou famílias
inteiras do campo, já que a criação de ovelhas necessitava de poucos
trabalhadores. Sem lugar nem função no campo, os camponeses rumaram para as cidades para trabalhar nas manufaturas de tecidos.
Do sistema fabril à maquinofatura
Antes do desenvolvimento das fábricas, os tecidos
ingleses eram produzidos artesanalmente por pessoas
que trabalhavam em suas casas. Esses artesãos dominavam todo o processo de produção das manufaturas
e eram os donos das ferramentas de trabalho. A situação se alterou rapidamente com o surgimento das
fábricas. Desde então, os trabalhadores já não eram
mais donos do seu tempo e das ferramentas e passaram a dividir o mesmo espaço com as máquinas.
Na fábrica, cada trabalhador executava apenas
uma etapa do trabalho, o que proporcionava grande
economia de tempo. Os trabalhadores também passaram a trabalhar sob a vigilância de funcionários
contratados pelos patrões. Em troca de pagamento,
exigia-se dos trabalhadores dedicação total ao longo
de muitas horas.
A consolidação do sistema fabril ocorreu quando as novas máquinas a vapor, inventadas no século
XVIII, foram adaptadas para ser usadas na produção industrial. Em pouco tempo, o fenômeno inglês
se repetiu em outras regiões europeias, onde havia
abundantes reservas de ferro e de carvão. A aceleração do processo industrial fez surgir uma nova classe
social, o proletariado.
Dois momentos distintos da evolução do sistema
artesanal de fabricação de tecidos para o fabril.
A primeira gravura, criada por George Walker
em 1814, representa uma oficina doméstica de
tecelagem. Já a segunda imagem, uma gravura
de c. 1840 de J. Cart, retrata o trabalho de
operárias em uma fábrica inglesa de algodão.
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A cidade industrial
A industrialização provocou grande transformação na vida das
pessoas. As cidades cresceram e a burguesia adquiriu mais força
econômica e política.
Na primeira metade do século XIX, riqueza e miséria, conforto e
insalubridade misturavam-se nas cidades industriais. Toneladas de
carvão eram queimadas para fazer funcionar máquinas, locomotivas,
bombas-d’água e aquecedores. Isso produzia nuvens de fuligem que
poluíam o ar das cidades, causando doenças e espalhando sujeira.
O abastecimento de água limpa era precário, e os esgotos industriais e domésticos eram despejados nos rios e córregos sem
tratamento, poluindo as águas e provocando doenças.
As famílias que migravam do campo amontoavam-se em cortiços e
vilas operárias, situados
nas proximidades das
fábricas, onde não havia
serviços essenciais, como
escolas, hospitais, etc.
Glossário
Insalubridade: situação
que faz mal à saúde,
causadora de doenças.
A miséria dos pobres urbanos
no século XIX. Assolada por
epidemias e pela pobreza, a
cidade industrial tornou-se
um sério problema.
Ilustração em livro de Charles
Dickens, Biblioteca Beinecke,
Estados Unidos.
Atividades
1 Leia o texto a seguir.
A máquina entra em ação
A cidade já não precisava mais deles. Tudo o que tinham aprendido ao longo de muitos
anos se tornava inútil. A máquina fazia o mesmo trabalho mais depressa e melhor e, ainda por
cima, por um custo muito menor. Evidentemente, uma máquina não precisa comer nem dormir
como um ser humano. Ela não precisa descansar. Graças à máquina, o fabricante economizava
o que cem tecelões poderiam pretender para ter uma vida feliz e agradável. Era ele que tirava
o maior proveito da máquina.
Ernst H. Gombrich. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 287.
a)Qual o assunto central do texto?
b)A quem o autor se refere quando afirma “A cidade já não precisava mais deles”?
c)Esse texto trata do período da Revolução Industrial em que o sistema fabril já tinha sido
implantado na Inglaterra. No entanto, houve uma etapa anterior a essa, com características próprias no processo produtivo. Com base no que você estudou, estabeleça as
diferenças existentes entre os dois sistemas de produção, antes e depois do surgimento
das fábricas.
2 Discuta com um colega a relação existente entre a expansão colonial do século XVII e a substituição da atividade agrícola pela pecuária nos campos ingleses. Em seguida, respondam em
que essa mudança no campo contribuiu para o desenvolvimento do sistema fabril.
Respostas
Ficha 32
Primeira Revolução
A
Industrial
1 a)A
substituição do trabalho humano pelas
máquinas nas fábricas.
b)Aos operários das fábricas.
c) Até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras fábricas, os tecidos eram
produzidos artesanalmente. As pessoas
trabalhavam em suas casas e controlavam
todas as etapas de produção, desde a obtenção da matéria-prima (criação de ovelhas, por exemplo) até as técnicas de fiação,
tingimento e tecelagem, além da comercialização dos tecidos. Esses artesãos determinavam quanto tempo trabalhariam e tinham
as ferramentas de trabalho. Aos poucos, os
artesãos foram se especializando e delegando a terceiros o controle sobre as etapas de
produção. Era a transição para o sistema
de produção fabril. Nas fábricas, cada trabalhador passou a executar apenas um tipo
de tarefa, já não era dono das ferramentas
de trabalho e passou a vender seu tempo ao
capitalista (o dono do capital e dos meios de
produção) em troca de salário.
2 Espera-se
que os alunos apontem que a expansão colonial gerou demandas pela comercialização dos tecidos ingleses na Ásia, na América
e nos demais países da Europa, o que estimulou o aumento de áreas destinadas à criação
de ovelhas na Inglaterra para a obtenção da lã,
a matéria-prima mais usada na fabricação dos
tecidos. Essa mudança gerou desemprego no
campo, já que a ovinocultura, ao contrário da
agricultura, necessitava de menos mão de obra.
Famílias inteiras migraram para as cidades para
trabalhar nas manufaturas de tecidos que estavam em franco crescimento. Essa oferta de
mão de obra nas cidades foi decisiva para o desenvolvimento do sistema fabril.
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