ficha 32 A Primeira Revolução Industrial As transformações na Inglaterra Mudanças de ordem econômica e social marcaram profundamente a sociedade inglesa a partir da segunda metade do século XVIII, inaugurando um período chamado de Revolução Industrial. A sucessão de transformações ocorridas aproximadamente entre os anos de 1760 e 1850 ficou conhecida como Primeira Revolução Industrial. A expansão colonial do século XVII trouxe prosperidade aos comerciantes ingleses, que passaram a vender na Europa os produtos obtidos em suas viagens pela Ásia e América. Um desses produtos despertava especial interesse: os tecidos de lã ingleses, considerados de excelente qualidade. Visando aumentar a produção de lã, os proprietários de terra foram estimulados a trocar o cultivo de alimentos pela criação de ovelhas. A substituição da atividade agrícola pela pecuária expulsou famílias inteiras do campo, já que a criação de ovelhas necessitava de poucos trabalhadores. Sem lugar nem função no campo, os camponeses rumaram para as cidades para trabalhar nas manufaturas de tecidos. Do sistema fabril à maquinofatura Antes do desenvolvimento das fábricas, os tecidos ingleses eram produzidos artesanalmente por pessoas que trabalhavam em suas casas. Esses artesãos dominavam todo o processo de produção das manufaturas e eram os donos das ferramentas de trabalho. A situação se alterou rapidamente com o surgimento das fábricas. Desde então, os trabalhadores já não eram mais donos do seu tempo e das ferramentas e passaram a dividir o mesmo espaço com as máquinas. Na fábrica, cada trabalhador executava apenas uma etapa do trabalho, o que proporcionava grande economia de tempo. Os trabalhadores também passaram a trabalhar sob a vigilância de funcionários contratados pelos patrões. Em troca de pagamento, exigia-se dos trabalhadores dedicação total ao longo de muitas horas. A consolidação do sistema fabril ocorreu quando as novas máquinas a vapor, inventadas no século XVIII, foram adaptadas para ser usadas na produção industrial. Em pouco tempo, o fenômeno inglês se repetiu em outras regiões europeias, onde havia abundantes reservas de ferro e de carvão. A aceleração do processo industrial fez surgir uma nova classe social, o proletariado. Dois momentos distintos da evolução do sistema artesanal de fabricação de tecidos para o fabril. A primeira gravura, criada por George Walker em 1814, representa uma oficina doméstica de tecelagem. Já a segunda imagem, uma gravura de c. 1840 de J. Cart, retrata o trabalho de operárias em uma fábrica inglesa de algodão. ficha 32 A cidade industrial A industrialização provocou grande transformação na vida das pessoas. As cidades cresceram e a burguesia adquiriu mais força econômica e política. Na primeira metade do século XIX, riqueza e miséria, conforto e insalubridade misturavam-se nas cidades industriais. Toneladas de carvão eram queimadas para fazer funcionar máquinas, locomotivas, bombas-d’água e aquecedores. Isso produzia nuvens de fuligem que poluíam o ar das cidades, causando doenças e espalhando sujeira. O abastecimento de água limpa era precário, e os esgotos industriais e domésticos eram despejados nos rios e córregos sem tratamento, poluindo as águas e provocando doenças. As famílias que migravam do campo amontoavam-se em cortiços e vilas operárias, situados nas proximidades das fábricas, onde não havia serviços essenciais, como escolas, hospitais, etc. Glossário Insalubridade: situação que faz mal à saúde, causadora de doenças. A miséria dos pobres urbanos no século XIX. Assolada por epidemias e pela pobreza, a cidade industrial tornou-se um sério problema. Ilustração em livro de Charles Dickens, Biblioteca Beinecke, Estados Unidos. Atividades 1 Leia o texto a seguir. A máquina entra em ação A cidade já não precisava mais deles. Tudo o que tinham aprendido ao longo de muitos anos se tornava inútil. A máquina fazia o mesmo trabalho mais depressa e melhor e, ainda por cima, por um custo muito menor. Evidentemente, uma máquina não precisa comer nem dormir como um ser humano. Ela não precisa descansar. Graças à máquina, o fabricante economizava o que cem tecelões poderiam pretender para ter uma vida feliz e agradável. Era ele que tirava o maior proveito da máquina. Ernst H. Gombrich. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 287. a)Qual o assunto central do texto? b)A quem o autor se refere quando afirma “A cidade já não precisava mais deles”? c)Esse texto trata do período da Revolução Industrial em que o sistema fabril já tinha sido implantado na Inglaterra. No entanto, houve uma etapa anterior a essa, com características próprias no processo produtivo. Com base no que você estudou, estabeleça as diferenças existentes entre os dois sistemas de produção, antes e depois do surgimento das fábricas. 2 Discuta com um colega a relação existente entre a expansão colonial do século XVII e a substituição da atividade agrícola pela pecuária nos campos ingleses. Em seguida, respondam em que essa mudança no campo contribuiu para o desenvolvimento do sistema fabril. Respostas Ficha 32 Primeira Revolução A Industrial 1 a)A substituição do trabalho humano pelas máquinas nas fábricas. b)Aos operários das fábricas. c) Até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras fábricas, os tecidos eram produzidos artesanalmente. As pessoas trabalhavam em suas casas e controlavam todas as etapas de produção, desde a obtenção da matéria-prima (criação de ovelhas, por exemplo) até as técnicas de fiação, tingimento e tecelagem, além da comercialização dos tecidos. Esses artesãos determinavam quanto tempo trabalhariam e tinham as ferramentas de trabalho. Aos poucos, os artesãos foram se especializando e delegando a terceiros o controle sobre as etapas de produção. Era a transição para o sistema de produção fabril. Nas fábricas, cada trabalhador passou a executar apenas um tipo de tarefa, já não era dono das ferramentas de trabalho e passou a vender seu tempo ao capitalista (o dono do capital e dos meios de produção) em troca de salário. 2 Espera-se que os alunos apontem que a expansão colonial gerou demandas pela comercialização dos tecidos ingleses na Ásia, na América e nos demais países da Europa, o que estimulou o aumento de áreas destinadas à criação de ovelhas na Inglaterra para a obtenção da lã, a matéria-prima mais usada na fabricação dos tecidos. Essa mudança gerou desemprego no campo, já que a ovinocultura, ao contrário da agricultura, necessitava de menos mão de obra. Famílias inteiras migraram para as cidades para trabalhar nas manufaturas de tecidos que estavam em franco crescimento. Essa oferta de mão de obra nas cidades foi decisiva para o desenvolvimento do sistema fabril.