A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Por volta de 1750, teve início na Inglaterra um conjunto de mudanças que influenciou toda a organização econômica e social do país. De maneira geral, essas transformações, no início, afetaram a forma pela qual se produziam mercadorias: as antigas manufaturas começaram a ser substituídas por fábricas capazes de gerar grande volume de produtos. No interior dessas fábricas, em vez dos artesãos, existiam máquinas operadas por indivíduos que pertenciam a um novo grupo social — os operários ou proletários. Começava, assim, a se estruturar a sociedade industrial, com mercadorias produzidas à exaustão, meios de transportes velozes, tecnologias avançadas, grandes cidades. Mas, ao lado do que na época era considerado um progresso da sociedade, começava também a se formar um mundo com graves desequilíbrios ecológicos e altos níveis de miséria. A esse conjunto de mudanças deu-se o nome de Revolução Industrial. Da Inglaterra, ela espalhou-se progressivamente, durante o século XIX, para outros países da Europa, para os Estados Unidos e várias outras regiões do mundo. Neste texto, vamos estudar as mudanças tecnológicas e econômicas que possibilitaram o início da Revolução Industrial. Mudanças no modo de produção Dá-se o nome de Revolução Industrial ao processo de transformação da organização social e econômica ocorrida na Inglaterra no século XVIII. Esse processo provocou mudanças na forma de produzir, transportar e comercializar mercadorias, além de profundas alterações na maneira de viver e trabalhar das pessoas. Sua principal conseqüência foi a consolidação do capitalismo, iniciado na Baixa Idade Média. A Revolução Industrial ocorreu inicialmente na Inglaterra porque esse país reunia condições sociais, econômicas, políticas e tecnológicas favoráveis. Ao longo da história, podemos caracterizar três formas principais de transformação de matérias-primas: Artesanato — Nesse sistema, surgido há milhares de anos, o trabalhador faz tudo sozinho: o tecelão faz o fio e tece, produzindo o tecido; o sapateiro prepara o couro, recorta-o e costura-o, confeccionando o sapato. Em geral, os meios de produção — como ferramentas e matéria-prima — pertencem ao trabalhador, assim como a renda proveniente da venda do seu produto. Normalmente, o artesão desempenha suas atividades em casa ou em uma oficina. Manufatura — Na Baixa Idade Média, muitos artesãos passaram a trabalhar para um senhor, em geral um comerciante. Nesse caso, esse senhor fornecia a matéria-prima, e o artesão fazia o produto. Na Idade Moderna, esses trabalhadores passaram a ser reunidos em um único lugar, recebendo salários para confeccionar o produto. No novo sistema, quase todos os meios de produção pertenciam ao empregador, e a produção era dividida em diversas etapas. Isso aumentou a produção, mas o trabalhador perdeu parte do controle sobre o produto final, assim como parte da renda obtida com a venda do artigo manufaturado. Maquinofatura — É nesse processo que surgem as fábricas, com a larga utilização das máquinas em substituição às ferramentas e ao próprio trabalho do ser humano. Em grandes instalações, realizando trabalhos bem específicos e operando máquinas, o trabalhador não é mais dono dos meios de produção e praticamente não tem controle sobre a produção nem sobre o produto final. Como assalariado, ele recebe uma quantia predeterminada pela sua força de trabalho e não possui participação nos lucros obtidos pela venda dos produtos que fabricou. O processo de mecanização A princípio, as máquinas eram movidas por pessoas ou animais. Com o aproveitamento de novas fontes de energia, como o vapor, a eletricidade e o gás, elas ganharam potência. A máquina a vapor, aperfeiçoada por James Watt, em 1765, por exemplo, era capaz de mover um grande barco. Com base nesse invento, desenvolveram-se outras máquinas, como a locomotiva a vapor, que surgiu em 1803. Assim, várias máquinas foram criadas para dinamizar a produção, que, dessa maneira, foi se mecanizando. É o caso, por exemplo, da exploração das minas. O uso de máquinas permitiu atingir camadas cada vez mais profundas do subsolo, facilitando a extração de minério e o bombeamento da água encontrada, além de introduzir uma ventilação mais adequada nas galerias das minas. Por volta de 1800, existiam centenas de máquinas espalhadas pela Inglaterra, que eram utilizadas nos mais diversos ramos de atividade. A Revolução Industrial em movimento O desenvolvimento tecnológico teve papel importante no processo de industrialização. À medida que a tecnologia era empregada, ocorriam inúmeras mudanças nas relações de produção, e muitas das operações antes feitas pelas pessoas passaram a ser realizadas por máquinas. Além disso, as máquinas passaram a fazer em pouco tempo trabalhos que antes requeriam grande especialização. Gradualmente, não apenas a força, mas também a destreza do trabalhador foi substituída pelas máquinas. Na base de todo o desenvolvimento industrial estava o avanço das ciências. Foram as pesquisas de físicos, químicos, biólogos, etc. que tornaram possível aperfeiçoar e desenvolver esses equipamentos. Ao mesmo tempo, todas essas transformações na produção mudaram os hábitos, o gosto, o padrão estético de milhares de pessoas. Além disso, formou-se um novo grupo social, o dos operários ou proletariado: trabalhadores livres e assalariados que, em péssimas condições de vida e de trabalho, se responsabilizavam pela produção nas fábricas. Diversas outras circunstâncias foram importantes para o desenvolvimento industrial. Dentre elas, destacaram-se: a expansão do comércio, que possibilitou a acumulação de capital nas mãos da burguesia européia, interessada em aplicá-lo em outros setores; o crescimento do mercado consumidor; a abolição das limitações impostas pelo mercantilismo à livre iniciativa; o progressivo desaparecimento das práticas absolutistas de governo, a partir do surgimento das ideias liberais.