3 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Licenciatura em Matemática Trabalho de Conclusão de Curso [Digite o título do documento] [Digite o subtítulo do PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO documento] TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PROBABILIDADE APLICADA À TEORIA DE FILAS: SISTEMA DE FILAS M/M/1 Sherley Matemática Autor: Philip Rodrigues Santana CIFRA DE HILL Orientadora: Prof. Msc. Ana Sheila Perdigão Faleiros Autor: Elaine da Silva Mantovani Orientador: Sinval Braga de Freitas Brasília - DF 2012 4 PHILIP RODRIGUES SANTANA PROBABILIDADE APLICADA À TEORIA DE FILAS: SISTEMAS DE FILAS M/M/1 Artigo apresentado ao curso de graduação em Matemática da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Matemática. Orientadora: Prof. Msc. Ana Sheila Perdigão Brasília 2012 3 Artigo de autoria de Philip Rodrigues Santana, intitulado “PROBABILIDADE APLICADA À TEORIA DE FILAS”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Matemática da Universidade Católica de Brasília, em 14 de junho de 2012, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _____________________________________________________ Profª. MSc. Ana Sheila Perdigão Faleiros Orientadora Matemática – UCB _____________________________________________________ Profª. MSc. Adriana Barbosa de Souza Matemática - UCB _____________________________________________________ Profª. MSc. Valéria da Silva Cruz Shiguti Matemática – UCB Brasília 2012 3 PROBABILIDADE APLICADA À TEORIA DE FILAS: SISTEMAS DE FILAS M/M/1 PHILIP RODRIGUES SANTANA Resumo: Este trabalho mostra como a Teoria de Filas pode ser aplicada na modelagem de canais de atendimento visando à redução de congestionamentos no sistema e a melhoria da qualidade do serviço prestado. Tendo como foco o modelo mais simples de fila, com capacidade ilimitada e com apenas um canal de atendimento (M/M/1), um estudo dos conceitos básicos e o desenvolvimento das principais equações associadas a este modelo são apresentados. Palavras-chave: Teoria de Filas; Congestionamento; Modelo de sistema de fila M/M/1. 1. INTRODUÇÃO O congestionamento de clientes em filas para aquisição de produtos ou pagamentos de contas de serviços telefônicos, bancárias, de conexão à internet, ou ainda, congestionamento de tarefas a serem executadas por um equipamento, são problemas administrativos internos que toda empresa deve evitar, pois o tempo de espera na fila é um dos itens que retrata a qualidade de serviço do estabelecimento ou do operador de serviços. Com objetivo de dimensionar adequadamente o número de canais (atendentes ou equipamentos prestadores de serviços), para que os postos de atendimentos não fiquem ociosos ou o número de clientes de uma fila não seja permanentemente grande, a Teoria de Filas busca a modelagem de problemas, buscando melhorias de atendimento nos servidores, com o intuito de amenizar as situações estressantes que esperas demasiadas podem causar. Quando, por exemplo, existe um congestionamento, este é considerado um problema que pode ser resolvido com a Teoria de Filas, tópico de Pesquisa Operacional (ciência que estuda métodos científicos e problemas complexos para auxiliar no processo de tomadas de decisões), e que envolve investigações ligadas ao estudo das distribuições de probabilidades. Serão apresentados no presente trabalho, os principais conceitos e parâmetros de sistemas de filas, porém o foco é o sistema de filas mais simples, o M/M/1 (processos de chegada e de atendimento do tipo markoviano com um canal operando no sistema, por isso segue a notação). O trabalho busca apresentar as principais demonstrações das equações do sistema de filas M/M/1 e mostrar as relações entre os parâmetros da fila. 2. HISTÓRICO Agner Krakup Erlang nascido na Dinamarca em 1909 foi o primeiro matemático a trabalhar na aplicação das teorias de probabilidades a problemas de telefonia, observou a troca 4 de ligações de um pequeno vilarejo, e a partir de tal observação, criou uma fórmula conhecida como a fórmula de Erlang, para calcular a fração das ligações em espera, enquanto todas as linhas estavam ocupadas. Erlang publicou o primeiro trabalho provando que as ligações telefônicas eram distribuídas aleatoriamente e seguiam a lei de distribuição de Poisson, e por isso, é considerado o pai da Teoria de Filas, que usa conceitos básicos de processos estocásticos e matemática aplicada para analisar o fenômeno de formação de filas e suas características. 3. TEORIA DE FILAS Segundo Andrade (1990), A Teoria de Filas trata de problemas de congestionamento de usuários à espera de atendimento, onde a característica principal é a presença de clientes. (Quando o termo cliente é mencionado), não se refere necessariamente a um cliente humano, mas em problemas de fluxos de tráfego ou automóveis presentes nas filas, ou ainda navios ou aviões á espera de serviços de manutenção. A razão pela a qual os gerentes de estabelecimentos e do poder público não aumentam suas capacidades de atendimento provavelmente de modo que a fila não se estenda muito provável se deve à inviabilidade econômica ou limitação de espaço. Dessa forma a Teoria de Filas busca um ponto de equilíbrio e que satisfaça o cliente e que seja viável economicamente para o provedor de serviço. Para o estudo de filas é possível destacar três elementos básicos: a fonte de usuários, a fila e o servidor. De acordo com Marco César (2010), a figura 1 ilustra os componentes básicos de um sistema de filas. Figura 1 – Componentes básicos de um sistema de filas1 Fonte de usuários Fila Servidor Associado a esses componentes básicos é possível verificar cinco elementos probabilísticos: o modelo de chegadas dos usuários, o modelo de serviço, o número de canais disponíveis, a capacidade de atendimento e a disciplina da fila, definidos a seguir: i) Modelo de chegadas dos usuários: É especificado pelo número de clientes que chegam ao sistema em um intervalo de tempo ∆t e representado pela a distribuição discreta de Poisson, onde X é o número de clientes que chegam ao sistema no intervalo de tempo (0 , t ) . Dessa forma, a probabilidade de x clientes chegarem ao sistema no intervalo de tempo ∆t é dada pela relação: 1 BALLEIRO, A.C; FIGUEIREDO, M.A, Introdução à Pesquisa Operacional. Goiânia: Ed. Da UCG, 2010. 5 ( λ∆t )x −(λ∆t ) P( X = x) = e x! , x ∈ Z+ (1) O parâmetro λ∆t é obtido pelo intervalo (0 , t ) e pela taxa de chegada λ , que representa a velocidade com que os clientes chegam ao sistema e pode ser calculada pela relação: λ = número de usuários que chegam , intervalo de tempo (2) ii) Canais de atendimento: Processo ou pessoa que realiza o atendimento ao cliente. Consideramos que a duração do atendimento T é uma variável aleatória, modelada pela distribuição contínua exponencial negativa, onde µ é a taxa de atendimento dos usuários por unidades de tempo. A probabilidade P (T < t ) expressa a chance do atendimento não durar mais que t unidades de tempo. t t 0 0 P ( T ≤ t ) = ∫ P (t )dt = ∫ µ ⋅ e − µt dt , t > 0. O tempo médio de atendimento é dado pela esperança matemática da distribuição T . ∞ ∞ E (T ) = ∫ t .P (t )dt = µ ∫ te − µt dt = 0 0 1 µ . (3) A taxa de atendimento µ representa a velocidade que os clientes são atendidos e pode ser obtida pela expressão: µ = número de usuários atendidos (4) intervalo de tempo iii) Número de canais disponíveis: refere-se ao número de atendentes que efetuam o atendimento aos usuários. iv) A capacidade de atendimento: pode ser finita (limitada), neste caso o estabelecimento não suporta atender a um número maior que C clientes, ou a capacidade pode ser infinita (ilimitado), quando não há restrições quanto à capacidade de atendimento do sistema. v) Disciplina da fila: é o conjunto de regras que determinam a ordem que os clientes serão atendidos. Essa ordem ocorre conforme os seguintes critérios: • FIFO (“first in first out”): o primeiro a entrar na fila é o primeiro a ser atendido. • LIFO (‘’last in first out’’): o último a entrar na fila é o primeiro a ser atendido. • SIRO (‘’served in randon ordem’’): a ordem no atendimento é escolhida de maneira aleatória. • PRI (Priority): estipula-se uma prioridade de atendimento. 6 3.1 SISTEMAS DE FILAS Os sistemas de filas são descritos por uma sequência de símbolos do tipo A/B/X/Y/Z/W que compõem a notação mais usual, proposta por Kendall em 1953, e que determinam as características dos componentes básicos do sistema de filas acima descritos. Os símbolos A e B indicam distribuições probabilísticas do tempo entre chegadas e o tempo entre atendimentos respectivamente, X é o número de canais em atividade, Y representa a capacidade do sistema de atendimento, Z aponta a disciplina da fila e W o tamanho da fonte dos usuários. Na maioria dos casos, os sistemas são designados apenas pelos três primeiros símbolos, a omissão dos três últimos, significa que o sistema tem capacidade ilimitada e a disciplina da fila corresponde ao critério FIFO. Possuem chegadas e atendimentos estocásticos do tipo markoviano. I- Sistemas de filas M/M/1, um canal operando no sistema e capacidade ilimitada. Figura 2 – Sistema de 1 fila e 1 canal. Chegada de Clientes CANAL EM ...... Saída ATIVIDADE Fila II- Sistemas de filas M/M/s, s canais operando no sistema e capacidade ilimitada. Figura 3 – Sistema de 1 fila e s canais CANAL EM ATIVIDADE Chegada de Clientes Saída CANAL EM ...... ATIVIDADE Fila CANAL EM Figura 4 – sistema de filas independentes com canais paralelos, modelo M/M/s ATIVIDADE CANAL EM ...... ATIVIDADE 7 Fila . . CANAL EM ...... ATIVIDADE Fila Os sistemas de filas são diariamente utilizados pelos estabelecimentos empresariais, mas dificilmente percebidos pelos clientes. Ao ver sistemas de filas independentes (uma fila para cada servidor, figura 4) com canais de atendimento paralelos, é possível pensar que o tempo de espera é bem menor, quando comparado com sistema de fila único (apenas uma única fila para todos os canais, figura 3). Qualquer problema nos canais de atendimento do sistema de filas independentes, os clientes devem direcionar-se para filas vizinhas e de fato o tempo de espera será maior, contrário do sistema de fila único, pois cada cliente fica no seu respectivo lugar sem necessidade de locomover-se para a fila ao lado. III - Sistemas de filas M/M/1/C, que têm apenas um canal operando com capacidade limitada C. IV - Sistemas de filas M/M/s/C, que têm s canais operando e capacidade limitada C. Os sistemas de filas III e IV diferenciam-se dos sistemas I e II apenas pelas suas capacidades, pois o sistema exige um valor máximo de clientes. V – Sistemas de filas Complexo, pode ser mostrado pela figura 5 que representa um sistema de filas complexo composto por canais em série e em paralelo. Figura – 5 Sistema complexo de filas CANAL EM ATIVIDADE CANAL EM ATIVIDADE Chegada de Clientes Saída ... Fila ... CANAL EM ATIVIDADE Fila CANAL EM ATIVIDADE CANAL EM ATIVIDADE 8 3.2 SISTEMAS DE FILAS M/M/1 Dentre os sistemas apresentados anteriormente um maior destaque e detalhamento será dado ao sistema M/M/1, muito comum em estabelecimentos de pequeno porte com apenas um caixa ou apenas uma máquina (por exemplo, uma impressora) para atender a diversos usuários do setor. Este sistema também pode modelar a disciplina de atendimento de entregas a domicílio com apenas um motorista. A seguir estão mostradas algumas das principais equações do modelo M/M/l de atendimento com capacidade ilimitada, baseadas nas características dos processos de chegadas e de atendimento aos clientes. Conforme Balleiro Alves (2010) seja X t o número de usuários no sistema no instante t é um processo estocástico dependente das taxas entre chegadas ( λ ) e atendimentos ( µ ) onde λ e µ são taxas constantes tais que λ < µ , pois se supõe que a velocidade de atendimento dos clientes é maior do que a velocidade de chegada dos mesmos no sistema. Dado que o número de clientes que chegam e o tempo de atendimento são variáveis aleatórias com distribuições, Poisson e Exponencial Negativa respectivamente, o processo cujo estado é caracterizado por X t é um processo de Markov. Aconselha-se ao leitor que não tenha familiaridade com processos de Markov consultar Balleiro Alves (2010). As probabilidades de transição entre os estados deste processo são ilustrados pela Figura 6. Figura 6 - Diagrama de Transição – Sistema M/M/1 A probabilidade de o sistema aumentar em uma unidade o número de clientes é dada pela taxa de chegada λ : p n ,n +1 = P ( X t = n + 1 | X t −1 = n) = λ A probabilidade de o sistema diminuir em uma unidade o número de clientes é dada pela taxa de atendimento µ : p n ,n −1 = P ( X t = n − 1 | X t −1 = n) = µ Com base no diagrama de transição dado pela Figura 6, pode-se definir as seguintes probabilidades: 9 Probabilidade do estado zero: Representa a chance de não haver clientes no sistema no instante t : P0 = P ( X t = 0) . Para não haver cliente algum no sistema no instante t, ou não havia cliente no instante anterior e não chegou cliente algum ( P0 ⋅ (1 − λ ) ) ou havia um cliente no instante anterior e este foi atendido P1 ⋅ µ : P0 = (1 − λ ) P0 + µP1 (5) Probabilidade do estado n qualquer: Representa a chance de haver n clientes no sistema no instante t , com n ≥ 1 : Pn = P ( X t = n) . Tal probabilidade é obtida a partir de três situações possíveis, disjuntas entre si: 1) Haver n − 1 clientes no sistema no instante anterior e um cliente entrar no sistema: P ( X t −1 = n − 1 e X t = n) = P ( X t −1 = n − 1) ⋅ P ( X t = n / X t −1 = n − 1) = P ( X t −1 = n − 1) ⋅ p n −1,n = Pn−1 ⋅ λ 2) Haver n clientes no sistema no instante anterior e não haver entrada nem saída de clientes no sistema: P ( X t −1 = n e X t = n) = P ( X t −1 = n) ⋅ P ( X t = n / X t −1 = n) = P ( X t −1 = n) ⋅ p n ,n = Pn ⋅ (1 − λ − µ ) 3) Haver n + 1 clientes no sistema no instante anterior e um cliente sair do sistema: P ( X t −1 = n + 1 e X t = n) = P ( X t −1 = n + 1) ⋅ P ( X t = n / X t −1 = n + 1) = P ( X t −1 = n + 1) ⋅ p n +1,n = Pn +1 ⋅ µ Da junção destas três situações, segue que a chance de existirem exatamente n clientes no sistema é dada pela equação: Pn = λPn−1 + [1 − (λ + µ )]Pn + µPn+1 , n ≥ 1. (6) As equações (5) e (6) permitem a criação de um sistema de equações onde o vetor das r probabilidades P0 , P1 , P2 ,....., Pn −1 , Pn , Pn +1 , v = [P0 , P1 , P2 ,....., Pn −1 , Pn , L] , pode ser obtido pela r r equação matricial v = v ⋅ E . A matriz E é dita uma matriz estocástica (Figura 7), onde a soma dos termos de cada linha somam 100%. 10 Figura 7 - Matriz Estocástica E 0 1 λ 1 − λ 1 µ 1 − (λ + µ ) M M M E = n −1 0 0 n 0 0 n +1 0 0 M M M 0 L n −1 n n +1 L 0 0 0 L O 0 M 0 M 0 M L 1 − (λ + µ ) λ µ 1 − (λ + µ ) L L M 0 M µ M 0 λ 1 − (λ + µ ) M L L L L L L L O Desenvolvendo a equação (5) obtêm-se a probabilidade de haver um cliente no sistema em função de P0 . λ P0 = (1 − λ ) P0 + µP1 ⇒ P0 = P0 − λ P0 + µP1 ⇒ µP1 = λ P0 ⇒ P1 = P0 µ (7) Partindo das Expressões (6) e (7) pode-se calcular P1 em função de P0 : P1 = λP0 + [1 − (λ + µ )]P1 + µP2 ⇒ P1 = λP0 + P1 − λP1 − µP1 + µP2 ⇒ µP2 = λP1 + µP1 − λP0 Escrevendo P2 em função de P0 , tem-se: λ2 λ λ µP2 = −λP0 + λP0 + µP0 ⇒ µP2 = −λP0 + P0 + λP0 , µ µ µ Logo, 2 λ P2 = P0 µ (8) Continuando esse procedimento obtêm-se a forma geral de Pn , n λ Pn = P0 , para n = 1, 2,... µ (9) Note que Pn é a probabilidade de existirem exatamente n clientes no sistema e que, para satisfazer a condição de que toda probabilidade é um número entre zero e um, é necessário que λ (taxa de chegada) seja menor que µ (taxa de atendimento). Pode-se também achar uma expressão para o cálculo de P0 usando-se o fato de que o modelo ∞ é do tipo M/M/1, e que ∑P n =0 n = 1: 11 n λ Pn = 1 ⇒ P0 ∑ = 1 ⇒ P0 = ∑ n =0 n =0 µ ∞ ∞ 1 λ ∑ n =0 µ ∞ n Considerando a hipótese de que a taxa de chegada é inferior à taxa de atendimento, tem-se n λ 1 que a série geométrica ∑ converge para . Dessa forma, P0 pode ser escrito λ n =0 µ 1− ∞ µ como: P0 = 1 − Demonstração: Considerando: r = λ µ λ , temos: µ ∞ ∑r n = 1 + r + r 2 + r K + K r n −1 + r n n =0 S n = 1 + r + r 2 + K + K r n −1 + r n S n −1 = 1 + r + r 2 + K + r n −2 + r n −1 Multiplicando S n −1 por r , temos: rS n −1 = r + r 2 + r 3 + K + r n −1 + r n Fazendo S n − rS n −1 , obtemos: S n − rS n −1 = 1 ⇒ lim S n − rS n −1 = 1 ⇒ lim S n − lim rS n −1 = 1 n →∞ n →∞ n →∞ Quanto para S n como para S n −1 o limite tende a W , logo: W − rW = 1 ⇒ W (1 − r ) = 1 ⇒ W = 1 = 1− r 1 1− λ µ Logo a expressão para a probabilidade do estado zero é dado por: P0 = 1 − λ µ −λ ⇒ P0 = µ µ Algumas importantes relações podem ser demonstradas a partir da relação (10): (10) 12 a) Probabilidade de haver n clientes no sistema: n λ λ Pn = P0 ⇒ Pn = µ µ n µ −λ µ (11) b) Probabilidade de que o número de clientes no sistema seja superior a certo valor k: n λ λ = P0 ∑ = n = k +1 µ µ ∞ Pn >r k +1 (12) c) Probabilidade de que o sistema esteja ocioso: Pn =0 λ = µ 0 µ −λ µ −λ = µ µ (13) d) Probabilidade de que o sistema esteja ocupado: Pn >0 λ = µ k +1 λ = µ 0 +1 λ = µ (14) 3.3 PARÂMETROS DA FILA 3.3.1 Parâmetros Relativos à Quantidade de Clientes i) Número médio de clientes no sistema (NS): Para determinarmos o número esperado de usuários no sistema recorremos à expressão descreve o valor esperado: ∞ E ( X = n ) = L = ∑ nPn (15) n =0 Onde NS = L é o número médio de clientes no sistema. Sabendo que ∞ Sk = ∑ r n = 1 + r + r 2 + K + r k n =0 Temos, ∞ S = ∑rn = n =0 1 r −1 Derivando a expressão (15) em relação à r de ambos os lados temos: (16) 13 ∞ ∑ nr n −1 = n =0 1 , (1 − r )2 Multiplicando por r em ambos os lados, temos: ∞ r ∑ nr n −1 = (r ) n=0 ∞ 1 r ⇒ nr n = , ∑ 2 (1 − r ) (1 − r )2 n =0 Logo: ∞ ∞ ∞ n=0 n =0 n=0 L = NS = ∑ nPn = ∑ nr n (1 − r ) = (1 − r )∑ nr n = (1 − r ) L = NS = r (1 − r )2 ⇒ λ r = 1− r µ − λ (17) ii) Número médio de clientes na fila (NF): Calcula-se NF recorrendo à expressão ∞ E (X = n q ) = NF = ∑ (n − s )Pn , com n > 0 , onde NF representa número médio de clientes na n =0 fila e s o número de atendentes. Como o foco é o sistema M/M/1, há apenas um atendente, então: ∞ ∞ ∞ NF = ∑ (n − 1)Pn = ∑ nPn − ∑ Pn n =1 n =1 n =1 ∞ ∞ n=0 n =1 = (1 − r )∑ nr n − (1 − r )∑ r n Recorrendo a expressão (14) temos: (1 − r ) r (1 − r )2 λ2 λ2 r r r (1 − r ) r2 µ2 µ2 − (1 − r ) = − = = = . λ µ −λ 1− r 1− r 1− r 1− r 1− µ µ NF = λ2 µ (µ − λ ) (18) iii) Número médio de clientes na fila (para fila >0) (NM) ∞ NM = ∑ r n − 1 = n =0 λ µ −λ −1 = λ +µ −λ µ = µ −λ µ −λ (19) 14 3.3.2 Parâmetros Relativos aos Tempos Gastos pelos Clientes no Sistema e na Fila i) Tempo médio gasto no sistema por cliente (TS) λ TS = NS λ = λ 1 1 µ −λ = ⇒ TS = λ (µ − λ ) λ µ −λ (20) ii) Tempo médio de permanência no sistema (TF) Para calcular TF recorremos às expressões (3) e (19). TF = TS − 1 µ = 1 1 µ −µ +λ λ − = = µ − λ µ µ (µ − λ ) µ (µ − λ ) (21) 4. RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS DA FILA Comparando as expressões obtidas, podemos escrever algumas relações entre elas. NF = λ .TF (22) NS = λ.TS (23) Analogamente podemos escrever: Já o tempo médio de espera na fila (TF) é o tempo médio gasto menos a média do tempo de atendimento. TF = TS − 1 (24) µ Recorrendo a expressão (21), (22) e (23), multiplicando ambos os lados por λ temos a relação entre NF e NS. 1 λ λ λTF = λ TS − ⇒ NF = λTS − ⇒ NF = NS − µ µ µ Logo, NF = NS − λ µ (25) 15 5. METODOLOGIA Para a elaboração do referencial foram feitas pesquisas a partir de livros, artigos e recursos tecnológicos. Os conteúdos matemáticos estudados na pesquisa para o auxilio no desenvolvimento do trabalho estão ligados às áreas da Teoria de Probabilidade e Cálculo. Os conteúdos relacionados são variáveis aleatórias, distribuição continua Exponencial Negativa e distribuição discreta de Poisson, derivadas e séries geométricas. Dessa forma, fazendo um entrelaçamento entre os respectivos assuntos, um dos objetivos do trabalho foi concretizado, nos possibilitando demonstrar de forma algébrica a probabilidade dos estados no sistema e comparar os parâmetros da fila. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo da Teoria de Filas além de englobar todo o conhecimento teórico sobre a Teoria de Probabilidade, também trata da investigação e da análise do comportamento de diversos tipos de sistemas de filas, amplamente ligados à logística e à administração. Como proposto inicialmente, demonstrou-se no decorrer deste trabalho as equações que modelam os sistemas de filas e relacionam seus diversos parâmetros. Embora algumas das equações mostradas sejam gerais, o foco principal foi o modelo M/M/1 que teve suas taxas e medidas detalhadamente estudadas em relação ao desenvolvimento matemático. Porém sugere-se para os interessados no estudo de filas a aplicação real das equações aqui demonstradas ou uma ampliação teórica quanto ao desenvolvimento das demonstrações de sistemas mais amplos, como os sistemas com vários canais. De forma geral, fica claro que para o estudo de filas necessita-se de um conjunto amplo de conhecimentos e conceitos matemáticos. Espera-se que o presente trabalho desperte o interesse dos graduandos em Matemática e que auxilie os eventuais interessados num aprofundamento deste tema. Pretende-se ainda que este trabalho sirva de referencial teórico para pesquisadores iniciantes no estudo de Teoria de Filas aplicada às áreas gerenciais, para administradores, que de tal forma percebam qual o sistema de filas melhor modela o sistema vigente em seu estabelecimento. 7. APLICAÇÃO Um pronto-socorro médico presta serviços de atendimento aos acidentados durante as 24 horas do dia. Em média, em um dia típico, 50 pacientes recorrem aleatoriamente ao atendimento desse pronto-socorro. Um paciente requer em média 25 minutos para receber os primeiros socorros, serviço que é feito por uma única equipe de profissionais. Suponha que o modelo é de uma fila M/M/1 e efetue os seguintes cálculos. a) A taxa média de chegada e a taxa média de atendimento; b) A probabilidade de que, em um intervalo de tempo de 3 horas, 2 pacientes cheguem ao pronto-socorro; 16 c) A probabilidade de que um paciente selecionado aleatoriamente encontre o prontosocorro desocupado; d) A probabilidade do pronto-socorro está ocupado; e) Qual o número esperado de pacientes no pronto socorro; f) Qual o tempo médio de permanência do paciente no pronto-socorro; Resolução a) As taxas λ e µ são determinadas pelas as expressões (2) e (4) respectivamente, isto é, 50 λ= = 2 pacientes / hora 25 µ= 1 = 0,04 pacientes por minuto ⇒ µ = 0,04 × 60 = 2,4 pacientes / hora 25 b) Como o modelo de chegada dos pacientes é uma distribuição de Poisson com taxa média igual a λ , e o intervalo de tempo é conhecido, vamos aplicar a expressão (1). P( X = x) = αx x! e −α Para λ∆t = 2 × 3 = 6 . Fazendo x = 2 , temos a seguinte probabilidade: P ( X = 2) = 6 2 −3 e ⇒ P( X = 2) ≅ 0,8961 2! c) Pela expressão (12) encontramos a probabilidade do sistema está desocupado, µ − λ 2,4 − 2 Pn =0 = = ≅ 0,1666 µ 2,4 d) A probabilidade do pronto-socorro está ocupado é dada pela expressão (13), λ 2 Pn >0 = = ≅ 0,8333 µ 2,4 e) O número esperado de pacientes no pronto-socorro recorre à expressão (16), NS = λ µ −λ = 2 ⇒ NS = 5 2,4 − 2 Logo o número esperado de pacientes no sistema é 5. 17 f) O tempo médio gasto no pronto-socorro por paciente recorre à expressão (19), TS = 1 1 1 = = ⇒ TS = 2,5 horas. µ − λ 2,4 − 2 0,4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, José P. de A.; FORTES, José M. P.; FINAMORE, W. A. Probabilidades, variáveis aleatórias e processos estocásticos. Rio de Janeiro: Interciência: PUC - Rio, 2008. 334pp. ALVES, Catarina R. D. Processos Estocásticos. Porto/Portugal, 1997. Faculdade de Economia – Universidade do Porto. ANDRADE, E. L. Introdução à Pesquisa Operacional. Rio de Janeiro, RJ: LTC 1990. BALLEIRO, A.C; FIGUEIREDO, M.A, Introdução à Pesquisa Operacional. Goiânia: Ed. Da UCG, 2010. FIGUEIREDO, D.D; ROCHA, S.H. Aplicação da teoria de filas na otimização do número de caixas: Um estudo de caso. Iniciação Científica CESUMAR, JUL./ DEZ 2010, v. 12, n. 2, p. 175 – 182. FILHO, C. P. Introdução à Simulação de Sistemas. São Paulo, SP: UNICAMP, 1995. JAMES, B.R, Probabilidade em um curso em nível intermediário/ 3.ed. Rio de Janeiro: IMPA 2004 (Coleção Projeto Euclides). LEITHOLD, L, Cálculo com Geometria Analítica. São Paulo, SP: HABRA, 1994. MEYER, P. L. Probabilidade: Aplicação a Estatística. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2009. SILVA, M.S; GONÇALVES, V; MUROLO, A.C, Pesquisa Operacional para os cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis, São Paulo, SP: ATLAS. S.A, 1998. Philip Rodrigues Santana ([email protected]) Curso de Matemática, Universidade Católica de Brasília