26
Atividade funcional de fagócitos na presença do fitoterápico ‘’Mais Vida’’
CORRÊA, V. S.C.; MAYNIÉ, J. C.; FRANÇA, E. L.; HONÓRIO-FRANÇA, A.C.
Instituto de Ciências da Saúde, Uniaraxá, 38180-000 Araxá – MG.
RESUMO: Estudos vêm demonstrando que a utilização de plantas pode estimular células e atuar
como forma alternativa no tratamento de certas doenças, tais como o câncer e a AIDS. Através
do conhecimento popular, uma mistura de sete plantas Babaçu (Orbignia martiana Rodr.), Ipêroxo (Tabebuia avellanedae L.G.), Bardana (Arctium lappa L.), Rosa (Rosa centifolia L.), Espinheira
Santa (Maytenus ilicifolia Mart.), Boldo baiano (Vernonia condensata Baker), Tuia (Thuja
occidentalis L.) denominada “Mais Vida”, tem mostrado resultados que indicam o aumento da
atividade celular e o aumento à resistência para células tumorais. O presente trabalho tem por
objetivo verificar se o composto “Mais Vida” é capaz de modular a atividade funcional de fagócitos
do sangue. Os métodos constaram da preparação dos extratos das plantas, de seleção da
casuística para obtenção de fagócitos através de gradiente de Ficoll-Paque e sedimentação por
Dextran em amostras de sangue periférico humano e realização da dosagem de ânion superóxido
pelo método de ferrocitocromo C. Observou-se em 25 amostras, que a média da atividade
espontânea de células mononucleares (MN) foi de 19,30 e polimorfonucleares (PMN) de 17,05.
Com a presença do composto, obteve-se uma média de 38,19 MN e 37,56 PMN. Os resultados
obtidos corroboram com o uso popular deste composto como imunomodulador.
Palavras-chave: plantas medicinais, fagócitos, ânion superóxido.
ABSTRACT: Activity of phagocytes in the presence of the “Mais Vida” (more life) herbal
remedy. Studies have demonstrated that the use of plants can stimulate cells and act as an
alternative in the treatment of some diseases such as cancer and AIDS. Using popular knowledge,
a mixture of seven herbs Orbignia martiana Rodr., Tabebuia avellanedae L.G., Arctium lappa L.,
Rosa centifolia L., Maytenus ilicifolia Mart., Vernonia condensata Baker, Thuya occidentalis L.,
called “Mais Vida” (more life), has yielded results, which indicate increased cell activity as well as
increased resistance to tumour cells. The purpose of this work is to verify if the compound “Mais
Vida” is capable of modulating the functional activity of blood phagocytes. This verification is
based on the preparation of the plants extracts, selection of specific cases to obtain phagocytes
through of Ficoll-Paque and Dextran sedimentation in samples of human peripheral blood and the
determination of the dosage of anion superoxide. Twenty-five samples revealed that the average
spontaneous activity of mononuclear cells (MN) was 19.30 and nuclearpolymorphous (NPM) 17.30.
In the presence of the “Mais Vida” compound, an average of 38.19 MN and 37.56 NPM was
obtained. The results obtained corroborate the popular use of this compound as an
immunomodulator.
Key words: medicinal plants, phagocytes, anion superoxide.
INTRODUÇÃO
As plantas medicinais sempre foram objetos
de estudos na tentativa de descobrir novas fontes de
princípios ativos. Estudos vêm demonstrando que a
utilização de plantas pode estimular células e atuar
como forma alternativa no tratamento de certas
doenças, tais como o câncer.
A estimulação celular pode ser observada
pela ativação do metabolismo oxidativo com liberação
de radicais livres. Os efeitos benéficos dos radicais
livres no organismo humano, parecem ser a
participação nos processos de fagocitose e atividade
microbicida, que visam eliminar os agentes
potencialmente patogênicos (Olszewer, 1995).
A destruição de microrganismo após a
fagocitose pode ser mediada por dois mecanismos:
metabolismo oxidativo com produção de metabólitos
ativos do oxigênio (Babior, 1978; Mundi et al., 1991)
Recebido para publicação em 03/12/2004
Aceito para publicação em 01/04/2005
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
27
ou liberação de enzimas lisossômicas (Segal &
Soothill, 1983).
Vários trabalhos têm demonstrado a
fagocitose (Ho & Lawton, 1978) e a capacidade
microbicida de leucócitos mononucleares e
polimorfonucleares (Honorio, 1995; Honorio-França et
al. 2001).
A formação dos radicais livres segue uma
seqüência em cascata. Nesta cascata, durante as
reações ocorre a participação de várias enzimas, cujo
objetivo é a geração, pela consecutiva redução
univalente da molécula de oxigênio, de água,
intermediário ativos e energia na forma de ATP (Asad
et al. 1994). É importante salientar que a geração do
ânion superóxido tem papel central e, é a base para
a formação dos outros radicais.
Os métodos de avaliação indireta da atividade
dos fagócitos podem ser realizados através da
detecção de produtos do metabolismo oxidativo,
sendo analisados por meios bioquímicos ou
citoquímicos.
Visando avaliar o metabolismo oxidativo,
destacam-se os que verificam o consumo de oxigênio
(Nakamura et al., 1981), a quimioluminescência (Allen
et al., 1972) e os que quantificam produtos do
metabolismo oxidativo, como o ânion superóxido
(Pick & Mizel, 1981).
Componentes reativos que são gerados pela
consecutiva redução univalente da molécula de
oxigênio, produzem água e intermediários ativos
como o ânion superóxido (O2-). Esses radicais
participam de fenômenos extremamente importantes
relacionados ao processo imunológico, reações
inflamatórias, peroxidação de lipídeos e alterações
em nível de DNA (Ames et al., 1993).
O emprego correto de plantas para fins
terapêuticos pela população em geral, requer o uso
de plantas medicinais selecionadas por sua eficácia
e segurança terapêuticas, baseadas na tradição
popular ou cientificamente validadas como medicinais
(Lorenzi et al., 2002).
Através de conhecimento popular uma
mistura de sete plantas denominada "Mais Vida", tem
mostrado resultados que indicam aumento da
atividade celular, devido ao aumento da resistência
para vários tipos de cânceres, bem como para
pacientes com imunodeficiência.
Esta mistura envolve o preparo de extrato
das seguintes plantas: babaçu (Orbignia martiana
Rodr.) ipê-roxo(Tabebuia avellanedae L.G.), bardana
(Arctium lappa L.), rosa (Rosa centifolia L.), espinheira
santa ( Maytenus ilicifolia Mart.), boldo baiano
(Vemonia condensata Baker) e tuia (Thuja occidentalis
L.).
Este trabalho teve como objetivo verificar se
o composto "Mais Vida" é capaz de modular a
atividade funcional de fagócitos do sangue, bem como
qual das 7 plantas presentes neste composto é
responsável pela modulação destas células.
MATERIAL E MÉTODO
Seleção da casuística para obtenção de
amostras de sangue periférico humano.
Foram coletadas amostras de sangue
periférico de doadores clinicamente sadios, nas faixas
etárias de 18 a 50 anos. Todos os doadores foram
consultados de sua disponibilidade de doar uma
amostra de sangue, sendo explicado ao doador que
o sangue se destinaria a um trabalho científico.
Obtenção de fagócitos do sangue periférico
Após o consentimento, foram coletados
cerca de 15 a 20 mL de sangue periférico em tubos
heparinizados, na proporção de 25 unidades de
anticoagulante por ml de sangue, para obtenção de
leucócitos. A seguir foi realizada a separação das
populações celulares por gradiente de densidade com
Ficoll-Paque (Pharmacia), durante 40 min a 160 g
em temperatura ambiente. O anel enriquecido de
fagócitos mononucleares foi retirado e reservado, e o
restante do sangue submetido à sedimentação por
Dextran (Sigma), durante 60 min a 37ºC, para a
separação dos polimorfonucleares.
Após a separação das duas populações
celulares (mononucleares e polimorfonucleares), as
células foram lavadas duas vezes em meio de cultura
199 (Gibco). Foi realizada a contagem em câmara
de Neubauer, e as concentrações celulares foram
ajustadas para 2 x 106 células /mL.
Preparação da Mistura Fitoterápica ("Mais Vida")
A mistura "Mais Vida" é composta por
extratos das seguintes plantas: 75% da folha seca
do babaçu, Orbignia martiana Rodr (Palmaceae); 2%
da entre casca do ipê roxo, Tabebuia avellanedae
L.G.(Bignoniaceae); 4% da folha verde da bardana,
Arctium lappa (Compositae); 5% das pétalas frescas
da rosa, Rosa centofolia (Rosaceae); 5% da folha
verde da espinheira santa, Maytenus ilicifolia Mart.
(Celastraceae) identificada por A.M.S.Pereira; 5% da
folha seca do boldo-baiano, Vemonia condensata
(Asteraceae) identificada por L.C Ming; 4% da folha
verde da tuia, Thuja occidentalis L.(Cupressaceae).
Exsicatas nº 0009, 0017, 0022, 0052, 0065, 0091 e
0105 respectivamente, estão depositadas no
laboratório "Naturoterapia Sinhô Mariano". Todas
estas plantas foram coletadas na Reserva Ecológica
e de Pesquisa de Plantas Medicinais "Maria Cândida
Ribeiro", Março-Setembro/ 2003, situada no Município
de Araxá a 1,5 Km da BR 262 no Km 715, MG.
O preparo da mistura envolveu duas etapas:
o processo de alcoolatura, e o processo de destilação
para formação do extrato.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
28
Processo de Alcoolatura e Destilação
Foram macerados 200 g da planta para um
litro de álcool 70%. As plantas em maceração foram
deixadas por 30 dias em temperatura ambiente.
Durante os 10 primeiros dias os vidros foram agitados
uma vez ao dia. Após esse período o preparado foi
filtrado em filtro de papel. A seguir, com exceção da
Thuja occidentalis, todas as outras plantas passaram
pelo processo de destilação de acordo com o código
farmacêutico brasileiro (FARMACOPÉIA, 1959).
Dosagem de ânion superóxido
O metabolismo oxidativo foi analisado através
do ensaio de liberação de ânion superóxido, pelos
fagócitos do sangue sendo determinado utilizandose o cromógeno ferricitocromo C, segundo o método
de Pick & Mizel (1981). Em presença do ânion
superóxido o ferricitocromo C sofre oxidação
passando a ferrocitocromo C, sendo esta mudança
colorimétrica detectável em espectrofotômetro com
filtro de 630nm.
As células foram separadas e a
concentração ajustada para 2 x 106 células/mL em
tubos plásticos, centrifugadas a 160g por 5 minutos.
Após a separação das células, foram
ressuspendidas em 0,5 mL de PBS glicosado
contendo ferricitocromo C (concentração de 2mg/mL).
Um controle contendo somente células foi realizado
paralelamente para verificação da liberação espontânea
do ânion superóxido pelas células tratadas ou não.
As suspensões foram colocadas em placas de cultura
celular de 96 poços, com um volume de 100 l por
poço, sendo neste momento adicionada os diferentes
estímulos e deixadas em estufa a 37ºC durante 1
hora. A leitura foi feita em espectrofotômetro para placa
com filtro de 630nm.
A concentração do ânion superóxido foi
calculada segundo Pick & Mizel (1981) através da
seguinte relação:
RESULTADO
Na Tabela 1 observa-se o efeito do composto
"Mais Vida" em diferentes diluições na produção do
ânion superóxido pelos fagócitos polimorfonucleares
(PMN) e mononucleares (MN) do sangue periférico.
Os resultados demonstram que o composto "Mais
Vida" estimulou os fagócitos do sangue até a diluição
1:4 ao se comparar ao grupo controle com PBS
(liberação espontânea). Maior produção do ânion
superóxido foi observada quando da utilização do
"Mais Vida" puro. Não houve diferenças na liberação
do ânion superóxido entre os tipos celulares (MN e
PMN), dentro do mesmo tratamento.
A Figura 1 mostra a produção do ânion
superóxido pelos fagócitos mononucleares (MN) do
sangue na presença dos diferentes extratos vegetais
utilizados na mistura do composto "Mais Vida". Houve
aumento na liberação do ânion superóxido pelos
fagócitos MN do sangue na presença de todos os
extratos vegetais utilizados, ao se comparar a
liberação espontânea (PBS). O Babaçu e a Tuia
apresentaram índices maiores de liberação do ânion
superóxido, em valores ate maiores do que "Mais
Vida".
Na Figura 2 está apresentada a produção ânion
superóxido pelos fagócitos polimorfonucleares (PMN)
do sangue na presença de diferentes extratos vegetais
utilizados na mistura do composto "Mais Vida".
Observou-se que a Bardana não ativou os
fagócitos polimorfonucleares do sangue. Os demais
TABELA 1. Efeito do composto “Mais Vida” (MV) em
diferentes diluições sobre a produção do ânion
superóxido pelos fagócitos MN e PMN do sangue
periférico
Concentração O2- (nmol) = DO x 100
6.3
Análise Estastística
A análise dos resultados estastísticos foi
realizada utilizando análise de variância (ANOVA),
calculando a estastística F e as comparações entre
os grupos pelo método de Tukey. As estastísticas
calculadas foram consideradas significativas quando
"p - value" foi menor que 0.05 (p< 0.05).
*p<0,05, comparando-se a liberação espontânea (PBS) com o
“Mais Vida” (MV) em diferentes diluições.
p>0,05, comparando-se os tipos celulares ( MN e PMN),
considerando-se o mesmo tratamento.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
29
* p<0,05, comparando-se a ativação pelo “Mais Vida” (MV) com as demais plantas, considerando o mesmo tratamento.
•p<0.05 comparando a liberação espontânea (PBS) com as respectivas plantas.
FIGURA 1. Produção do ânion superóxido pelos fagócitos mononucleares do sangue periférico humano, na presença
de diferentes extratos vegetais
TABELA 2. Efeito do composto “Mais Vida” (MV) de cada planta em diferentes diluições sobre a produção do
ânion superóxido pelos fagócitos MN e PMN do sangue periférico humano.
a
P<0,05, Comparando-se as diferentes plantas considerando o mesmo tratamento
P<0,05, Comparando-se os tipos celulares(puro) considerando o mesmo tratamento
c
p<0,05, Comparando-se a os tipos celulares(1:16) considerando o mesmo tratamento
b
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
30
* p<0,05, comparando-se a ativação pelo “Mais Vida” (MV) com as demais plantas, considerando o mesmo tratamento.
• p<0.05 comparando a liberação espontânea (PBS) com as respectivas plantas.
FIGURA 2. Produção do ânion superóxido pelos fagócitos polimorfonucleares do sangue periférico humano, na
presença de diferentes extratos vegetais
extratos vegetais utilizados foram capazes de
estimular a produção do ânion superóxido ao se
comparar à liberação espontânea. Os fagócitos
polimorfonucleares do sangue apresentaram os
maiores índices de produção do ânion na presença
do Babaçu.
A liberação do ânion superóxido pelos
fagócitos do sangue na presença de diferentes
extratos do composto "Mais Vida" puro ou diluído
1:16, pode ser observado na Tabela 2. A diluição 1:16
determinou redução na liberação do ânion superóxido
em todos os tratamentos, independente do tipo de
fagócito analisado.
DISCUSSÃO
O homem é um ser sociável, capaz de
intercambiar e transferir aos seus pares, informações
acumuladas por meio da observação direta da
natureza. Esta é a troca cultural; um intercâmbio
que permitiu a perpetuação de informações valiosas
sobre assuntos como plantas medicinais e que a
etnobotânica estuda e põe à disposição da ciência.
A razão para o uso de uma planta está de acordo
com o sistema de crenças e pensamento populares.
Assim, embora pouco se conheça sobre as
propriedades da maioria das plantas de uso medicinal,
não se deve considera-las remédios ineficazes,
somente porque as explicações dadas para o seu
uso se firmam em associações mentais
desconhecidas pela ciência (Castellucci et al., 2000).
A falta de padronização e qualidade das amostras
brasileiras, especialmente daquelas comercializadas,
compromete a importância que muitos compostos
de plantas medicinais possam representar na saúde
pública brasileira. Neste trabalho verificamos o efeito
do composto "Mais Vida" sobre a ativação funcional
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
31
de células do sistema imune.
Imunossupressão é um dos principais
obstáculos no tratamento convencional de câncer em
função da quimioterapia e radioterapias.
Diferentes tipos de imunomoduladores são
descritos, e dependendo da sua origem eles podem
ser divididos em naturais ou sintéticos. Podem aliviar
os efeitos colaterais, os quais, são o maior problema
nas terapias convencionais e outras. De acordo com
relatos feitos pelos usuários do composto "Mais Vida"
ele vem confirmar a diminuição destes efeitos, bem
como aumentar a disposição geral do paciente,
melhorando sua qualidade de vida.
Há relatos na literatura que algumas plantas
como Viscum album (Kuttan & kuttan, 1992),
Withania somnifera (Davis & Kuttan, 2000), Tinospora
cordifolia (Mathew & Kuttan, 1997), podem estimular
o sistema imune, participando dos processos
oxidativos e oncogênicos. E é demonstrado também,
a diminuição da imunossupressão causada pelo
tratamento convencional (Kumar et al., 1999).
Os resultados da ativação com o "Mais Vida"
nos permite demonstrar uma relação de dosedependência, como esperado pelos ensaios similares
encontrados na literatura com outros fitoterápicos.
Por outro lado, tem-se descrito comportamento
estimulador em fagócitos do sangue periférico
humano em função também do tipo celular em análise.
Sendo os fagócitos polimorfonucleares os mais
sensíveis (França, 1997). Na presença do fitoterápico
"Mais
Vida"
encontramos
uma
ação
imunoestimuladora para a produção de ânions
superóxido similar para ambos os fagócitos.
Comparando as diferentes ativações encontradas
entre as plantas, percebe-se que algumas diminuem
a grande ativação das outras, pois altas produções
do ânion superóxido podem associar-se a efeitos
deletérios aos tecidos. Neste composto, é possível
que a rosa, o ipê, o bolbo, atuem como plantas
reguladoras enquanto que as demais são
estimuladoras levando a um equilíbrio que resulta em
efeito benéfico para o organismo.
A integridade do sistema imune é essencial
para a defesa frente aos microrganismos infecciosos
e seus produtos tóxicos, e a sobrevivência de todos
os indivíduos.
Alguns componentes com atividade
imunomoduladora como ácidos graxos (Mediratta et
al., 2002), flavonóides (Ziaudidin etal., 1996; Middleton,
1998), polissacarídeos (Hase et al.,1996; Wong et
al., 1994) e terpenos (Souza et al., 1998) são também
encontrados nas plantas que compõem o " Mais
Vida".
Muitos estudos que abordam a atividade
imunomoduladora de plantas tem utilizado o extrato
bruto (Yamaguchi, 1992; Souza et al., 1998), em
outros, combinações de várias ervas ou ervas em
combinação com minerais (Ziaudidin et al., 1996; Bajaj
et al., 1999; Nakai et al., 1993), o que concorda com
nosso trabalho.
Os principais efeitos isolados atribuídos a
cada uma destas plantas são, variados. Por exemplo,
a Tabebuia avellanedae L.G. apresenta propriedades
etnoterapêuticas como antiinflamatória (Oga et al.,
1969), antitumoral (Souza et al., 1991), anticoagulante
(Block, 1974), imunoestimulante (Wagner et al.,
1986), antimicrobiana (Guiraud et al., 1994; Avirutnant
et al., 1983). A Arctium lappa L. se apresenta como
antiinflamatória, antibiótica, analgésica, antireumática dentre outras (Panizza, 1998). A Maytenus
ilicifolia Mart. com propriedades cicatrizante, úlceras,
analgésica, antiinflamatória e outras (Taylor,1998). A
Thuya occidentalis L. com propriedades
etnoterapêuticas como antiviral, antitumoral dentre
outras. Rosa centifolia L., calmante. Vernonia
condensata Baker com propriedades analgésicas e
de proteção gástrica (Boorhem et al., 1999) e Orbignia
martiana Rodr. nenhum estudo apresentado.
Este trabalho vem contribuir para o
conhecimento da atividade do composto fitoterápico
"Mais Vida" e concluiu-se que ele estimulou a
produção do ânion superóxido, sendo esta
estimulação dose-dependente. Notou-se ainda uma
equivalência desta ativação em ambos os tipos
celulares analisados. Estes resultados são
significativos para o desenvolvimento de alternativas
mais baratas e talvez estratégias mais seguras no
tratamento de algumas formas de câncer, além de
que a ativação celular pelo "Mais Vida" pode
representar um importante mecanismo para a defesa
do organismo.
AGRADECIMENTO
Ao laboratório " Naturoterapia Sinhô Mariano"
pelo apoio, cedendo o composto "Mais Vida",
necessário para a concretização deste trabalho.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALLEN, R.C.; STJERNHOLM, R.L.; STEELE, R.H.
Evidence for the generation of an electronic excitation
state in human polymorphonuclear leukocytes and its
participation in bactericidal activity. Biochemical
Biophysical Research Communicattion, v.47, p.679-84,
1972.
AMES, B.N.; SHINNENAGA, M.K.; HAGEN, T.M. Oxidants,
antioxidantes, and the degenerative diseases of agent.
Proceedings National Academy Sciences, v.90, p.791522, 1993.
ASAD, N.R. et al. Lethal interaction between
hydrogenperoxide and 0-phenonthroline in Escherichia
coli. British Jounal of Medical of Biology Research, v.27,
p.2551-5, 1994.
AVIRUTNANT, W.; PONGPAN, A. The antimicrobial activity
of some Thai flowers and plants. Journal
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
32
Pharmaceutical Sciences, v.10, p.81-6, 1983.
BABIOR, B.M. Oxigen dependent microbial killing by
phagocytes. New England Jounal Medicine, v.298, p.659,
1978.
BAJAJ, S. et al. Immunomodulatory activity of a Unani
gold preparation used in Indian system of medicine.
Immunopharmacology and Immunotoxicology, v.21,
p.151-61, 1999.
BLOCK , J.B. Early Clinical Studies with Lapachol (NSC11905). Cancer Chemotherapy Reports, v.4, pt.2, p.278, 1974.
CASTELLUCCI, S. et al. Plantas medicinais relatadas
pela comunidade residente na estação ecológica de
Jataí: uma abordagem etnobotânica. Revista Brasileira
de Plantas Medinais, v.3, n.1, p.51-60, 2000.
DAVIS, L.; KUTTAN, G. Immunomodulatory activity of
Withania somnifera. Journal of Ethnopharmacology,
v.71, n.1-2, p.193-200, 2000.
FARMACOPÉIA Brasileira. 2.ed. São Paulo: Indústria
Gráfica Siqueira S/A. 1959. 1265p.
FRANÇA, E.L. Ativação de fagócitos do sangue
periférico humano pelo Paracoccidiodes brasiliensis
e pela Escherichia coli enteropatogênica. Produção
do ânion superóxido e modulação pelo hormônio
melatonina. 1997. 148p. Dissertação (Mestrado) Departamento de Doenças Infecciosas e Diagnóstico
por Imagem, Faculdade de Medicina, Universidade
Estadual Paulista, Botucatu.
HASE, K.; BASNET, P.; KADOTA, I. Immunostimulatory
activity of Celosian, an antihepatotoxic polysaccharide
isolated from Celosia argentea. Planta Medica, v.63,
p.216-9, 1996.
HO, P.C.; LAWTON, J.W.M. Human colostrol cells:
Phagocytosis and killer of E.coli and C. albicans. Journal
Pediatrics, v.93, p.910, 1978.
HONORIO, A.C. Atividade bactericida dos fagócitos do
colostro humano para Escherichia coli
enteropatogênica (EPEC). 1995. 115p. Dissertação
(Mestrado) - Departamento de Imunologia, Instituto de
Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São
Paulo.
HONORIO-FRANÇA, A. C. et al. Colostral neutrophils
express IgA Fc receptors (CD89) lacking y chain
association that mediate non-inflammatory properties
of secretory IgA.. Journal of Leukocyte Biology, v.69, n.2,
p.289-96, 2001.
GUIRAUD, P. et al. Comparison of Antibacterial and
Antifungal Activities of Lapachol and B-Lapachone. Planta
Medica, v.60, p.373-4, 1994.
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no
Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP:
Instituto Plantarum, 2002. 512p.
KUMAR, P.U. et al. Safety and efficacy of Hartone in stable
angina pectoris--an open comparative trial. Journal of
Association of Physicians of India,v.47, n.7, p.685-9,
1999.
KUTTAN, G.; KUTTAN, R. Immunomodulatory activity of a
peptide isolated from Viscum album extract (NSC 635
089). Immunological Investigation, v.21, n.4, p.285-96,
1992.
MATHEW, S.; KUTTAN, G. Antioxidant activity of Tinospora
cordifolia and its usefulness in the amelioration of
cyclophosphamide-induced toxicity. Journal of
Experimental and Clinical Cancer Research, v.16,
p.407-11, 1997.
MEDIRATTA, P.K.; SHARMA, K.K.; SINGH,S. Evaluation of
immunomodulatory potential of Ocimum sanctum seed
oil and its possible mechanism of action. Journal of
Ethnopharmacology by medicinal plants, v.80, p.1520, 2000.
MIDDLETON JR. R. Effect of plant flavonoids on immune
and inflammatory cell function. Advances in
Experimental Medicine and Biology, v.439, p.175-82,
1998.
MUNDI, H. et al. Extracellular release of reactive oxygen
species from human neutrophils upon interaction with
Escherichia coli strains causing renal scarring. Infection
and Immunity, v.59, p.4168-72, 1991.
NAKAI,S.; KAWAKITA, T.; ZHOU, N. et al. Treatment effect
of a tradicional Chinese medicine, on autimune MRL:MPIpr,
Ipr
mice.
Intenational
Journal
of
immunopharmacology, v.15, p.589-96, 1993.
NAKAMURA, M.; BABA, A.S.; TAMURA, N. Polarographic
micromethods for the rapid assay of phagocytosis
connected oxygen consumption by leukocytes in diluted
peripheral blood. Journal of Laboratory and Clinical
Medicine, v.97, p.31-8, 1981.
OGA, S. Toxicity and antiinflammatory activity of Tabebuia
avellanedae extracts. Revista da Faculdade de Farmácia
e Bioquímica da USP, v.7, p.47-53, 1969.
OLSZEWER, F. Radicais livres em medicina. 2. ed. São
Paulo: Fundo editorial Byk. 1995. 204p.
PANIZZA, S. Plantas que curam (cheiro de mato). 3. ed.
São Paulo: Ibrasa, 1998. 279p.
PICK, E.; MIZEL, D. Rapid microassays for the
measurement of superoxide and hydrogen peroxide
production by macrophages in culture using na automatic
enzyme immunoassay reader. Journal of Immunological
Methods, v.46, p.211-26, 1981.
SEGAL, A.W.; SOOTHILL, J.F. Phagocytes. In: SOOTHILL,
J.F. Pediatric immunology. Oxford: Blackweel, 1983. p.37.
SOUZA, M.M. et al. Analgesic properties of a
hydroalcoholic extract obtained from Alternanthera
brasiliana. Phytotherapy Research, v.12, p.279-81, 1998.
SOUZA, M.P. et al. Constituintes químicos ativos de
plantas medicinais brasileiras. Fortaleza: Ed da
UFC,1991. 416p.
TAYLOR, L. Herbal Secrets of the Rainforest. Carson
City: Prima publishing, 1998. 360p.
WAGNER, H.; PROKSCH, A. Immunostimulatory drugs
of fungi and higher plants. Economic and Medicinal Plant
Research, v.1., p.113-53, 1985.
WONG, C.K.; LEUNG, K.N.; FUNG, K.P.
Immunomodulatory and anti-tumor polysaccharides
from medicinal plants. Journal of International Medical
Research, v.22, p.299-312, 1994.
YAMAGUCHI, H. Immunomodulation by medicinal plants.
Advances in Experimental Medicine and Biology, v.319,
p.287-97, 1992.
ZIAUDIDIN, M. et al. Studies on the immunodulatory effect
of Ashwagandha. Journal of Ethnopharmacology, v.50,
p.69-76, 1996.
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.8, n.2, p.26-32, 2006.
Download

Atividade funcional de fagócitos na presença do fitoterápico