Centro de Tecnologias Alternativas
da Zona da Mata
SOMOS UM GRUPO BEM GRANDE
COMPANHEIROS
E CADA UM DÁ A MÃO AO OUTRO.
DE
O CTA - Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata é uma
organização não governamental com sede em Viçosa, criada em 1987 por
lideranças sindicais, técnicos, professores e pesquisadores comprometidos
com a construção de um modelo de desenvolvimento rural sustentável
adequado para a Zona da Mata de Minas Gerais.
O desenvolvimento sustentável que estamos construindo tem como base
a estabilidade ecológica com manutenção da capacidade de produção para as
futuras gerações, com igualdade na distribuição dos benefícios gerados por
essa produção, com a participação e o fortalecimento das organizações dos
agricultores e com a participação e com equidade nas relações de gênero.
PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGRICULTORES/AS
Este é um programa que abrange 10 municípios da zona da mata. O
objetivo é criar as condições necessárias (técnicas e materiais) para que
agricultores/as que já estão envolvidos/as com a produção em sistemas
agroecológicos possam trocar suas experiências entre si e com técnicos/as
sobre a produção, o beneficiamento e até a comercialização de café em
sistemas orgânicos.
Nossos parceiros são: Associação Regional dos Trabalhadores RuraisZM, Associações de Agricultores Familiares-ZM, Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais- ZM, Epamig-Centro Tecnológico ZM e Universidade
Federal de Viçosa.
OUTROS PROGRAMAS DA ENTIDADE
Conservação da Mata Atlântica na Serra do Brigadeiro
Desenvolvimento Local
Associativismo e Comercialização
Desenvolvimento Institucional
Promoção Pública da Agroecologia
1
Semeando novas
idéias para a
organização da
produção
agroecológica
Viçosa, 2005
2
Setembro de 2005, Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da
Mata
Sítio Alfa, Violeira, Zona Rural
CX. Postal 128 – CEP 36570 000
Viçosa – MG
TEL.: (31) 3892-2000
www.ctazm.org.br
[email protected]
HTU
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Esta apostila foi produzida a partir das vivências e das contribuições dos/as
agricultores/as e técnicos/as envolvidos/as no Programa de Formação de
Agricultores/as e o professor Tetuo Hara do CENTREINAR/Universidade
Federal de Viçosa, durante o encontro “Armazenamento, Beneficiamento e
Comercialização” realizado em Ervália – MG em Setembro de 2005,
Agricultores/as: Sérgio Corrêa, Maria Elisa Assis Santos, Edinilson Valente
Lima, Gerlúcia Cândida, Fábio Vitor da Silva,, Geraldo Aparecido da Silva, João
Batista, Carina Eliziana da Silva, Cláudio Evásio Batista, José Carlos Gomes,
Nilza Maria Oliveira, Donival Gonçalves Martins, João dos Santos, Vânia
Moreira, Omar Campos e Paulo Sérgio Gomes.
Técnicos/as: Romualdo Macedo, Breno Mello, Simone Ribeiro, Oswaldo Santana,
Sérgio Abrahão, Elisabeth Cardoso e Fernanda Monteiro.
Registro: Raquel Brás, Laida, Zaira e Ana Beatriz.
Diagramação: Fernanda Monteiro e Raquel Brás.
Revisão: Márcia Yoshie Kasai
Texto Final: Breno de Mello Silva, Oswaldo Santana, Sérgio Abrahão,
Fernanda Monteiro e Elisabeth Cardoso.
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Conversando com Deus
U
Pedi força e vigor,
Deus mandou dificuldades para me fazer forte;
Pedi sabedoria,
Deus me deu problemas para resolver;
Pedi prosperidade,
Deus me deu energia e cérebro para trabalhar;
Pedi coragem,
Deus me mandou situações para superar;
Pedi amor,
Deus me mandou pessoas com problemas para eu ajudar;
Pedi favores,
Deus me deu oportunidades;
Não recebi nada que queria.
Recebi tudo que precisava.
Minhas preces foram ouvidas...
BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO
Visita à Fazenda Braúna
O professor Tetuo Hara, agrônomo, professor aposentado da
Universidade Federal de Viçosa fez o acompanhamento da visita. O objetivo de
conhecer a Fazenda era saber um pouco mais sobre a secagem, o
beneficiamento e o armazenamento do café.
O café da Zona da Mata mineira tinha a fama de ser o pior café do
Brasil. Os produtores iam direto ao comprador, que classificava o tipo de
bebida do café sempre puxando a classificação para baixo para pagar menos
pelo produto. A realidade mudou a partir do momento que os produtores
começaram a provar e classificar o café antes de ir diretamente para o
comprador.
O nível tecnológico e o clima do cerrado eram considerados melhores,
mas eles se acomodaram e a Zona da Mata mineira começou a investir em
pesquisas. Hoje a região Mata de Minas (mais abrangente que a Zona da Mata)
produz um dos melhores cafés do Brasil. A região possui cafés de ótima
qualidade, como exemplo temos o café de Araponga. Isto mostra que
4
produtores/as familiares também podem produzir café de ótima qualidade,
basta, principalmente, terem a preocupação com a secagem. Secar café ruim,
estragado, misturado com café bom atrapalha a qualidade. Depois da secagem
não dá para melhorar a qualidade do café.
A Fazenda Braúna tem um estilo muito particular de produção porque
procura fazer a colheita bem feita, os funcionários são bem treinados,
preocupa-se bastante com a segurança no trabalho e há uma certificação de um
órgão internacional. A certificação que eles têm é pela qualidade na produção
(segurança no trabalho, normas ambientais, limpeza, qualidade do produto). Não
se trata de um café orgânico, mas um café de alta qualidade para exportação.
Os cafés de cada propriedade são processados separadamente. A Fazenda
possui estruturas para grandes produções, entretanto, para produções de
pequena escala pode-se construir estruturas diferentes, menores, com as
mesmas funções. Pode-se fazer adaptações mais próximas da realidade de cada
um/a.
O caminho do café
1 – Colheita
A colheita é feita por talhões, que não são misturados para lavagem e
secagem. Cada talhão é identificado com nome e data de colheita específica.
Mesmo que a data da colheita seja a mesma os cafés de talhões diferentes não
são misturados. Após a colheita o café é colocado numa moega grande, sempre
mantida limpa porque se houver acúmulo de cafés podres neste local pode
haver contaminação. A colheita de cada talhão passa separadamente pelas
máquinas, uma de cada vez, sempre limpando tudo antes de recomeçar o
processo com a colheita de outro talhão.
2 – Lavagem e separação
Nesta etapa um lado da máquina retira as folhas e galhos e a outra parte
tira a poeira, a terra. A água fica circulando no mesmo lugar e depois é
bombeada para uma vala no meio de uma das lavouras. Nesta fase também os
grãos maduros e verdes são separados dos bóias (grãos secos e danificados). A
água utilizada na lavagem também é analisada. Após a lavagem ela não é lançada
diretamente nos córregos pois é altamente poluidora.
A importância de separar os cafés maduros, verdes e bóias é porque a
qualidade de bebida deles é diferente e se misturados a qualidade é
comprometida.
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3 – Descascador, Despolpador, Desmucilador
Os cafés verdes e bóias são separados dos maduros para serem
descascados no descascador. Coloca-se um pouco de grãos verdes com os grãos
maduros para facilitar o trabalho do descascador, mas depois são novamente
separados os dois tipos de grãos.
Depois de descascados é que ocorre a desmucilagem ou a despolpa dos
grãos.
A máquina desmuciladora pode ser controlada de acordo com o tanto de
mel que se quer tirar. Pode-se tirar todo o mel do café ou deixar uma parte. Já
para fazer a despolpa é importante não colocar muita água, só um dedo acima
dos grãos e ir trocando a água.
Despolpa é diferente de desmucilagem!
Despolpa: é quando depois de descascados os grãos de café caem numa
bacia de água e toda a polpa é retirada.
Desmucilagem: é quando depois de descascado os grãos de café caem
numa máquina que pode ser regulada para tirar todo o mel do café ou tirar
somente parte dele.
As cascas dos grãos de café são separadas, colocadas para secar e
depois utilizadas para fazer compostagem e adubar a lavoura. A água utilizada
nestes processos possui muita matéria orgânica e nutrientes, principalmente
potássio, por isto, em grande quantidade não pode ser jogada diretamente na
lavoura sem ser tratada antes. A quantidade de nutrientes utilizada na lavoura
deve ser dosada, pois nutrientes demais também podem prejudicar as plantas.
Além disso, se esta água rica em matéria orgânica for diretamente para o
lençol freático ou para os rios pode contaminá-los.
Na Fazenda Braúna havia lagoas com peixes. Na primeira vez que
mandaram a água da lavagem do café para elas os peixes morreram. O IEF
notificou os proprietários afirmando que ali não era a localidade certa para
mandar aquela água e hoje ela não é jogada em lagoas, mas em valas secas
perto das lavouras.
Existe um processo de limpeza para grandes quantidades de produção que
pode ser utilizado neste tipo de água feito em duas etapas: primeiro a água é
mandada para uma lagoa mais profunda, anaeróbica, sem oxigênio, e fica lá por
um tempo. Depois que a matéria orgânica vai para o fundo da lagoa os
microorganismos anaeróbicos (que vivem sem oxigênio) vão decompor, comer,
parte desta matéria orgânica. A água é então jogada em uma lagoa mais rasa,
aeróbica (oxigenada) para os organismos aeróbicos (que precisam do oxigênio
para viver) decomporem, comerem, o resto do excesso de matéria orgânica da
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água. Estas lagoas não podem ser construídas perto de rios, brejos, córregos
ou lençóis freáticos. As lagoas devem ser impermeabilizadas. Depois de
tratada desta maneira a água pode voltar a ser usada no processo de lavagem
do café ao invés de ir direto para os rios.
Como agricultores familiares podem fazer separação dos cafés e
descascar?
U
Separação: A colheita em grande parte é feita no pano para vir mais limpo
para a separação dos grãos. Colocando-se os grãos num carrinho ou caixa com
água consegue-se tirar os cafés bóias, que são mais leves, com uma peneira,
ficando os cafés maduros e verdes no fundo. Aí é secar os cafés
separadamente no terreiro e por lotes de cada dia de colheita.
Como esta água só foi utilizada para separação pode ser jogada nas
lavouras porque não está tão poluída.
Despolpadores manuais: uma boa alternativa pode ser o despolpador
manual que pode ser comprado ou construído. Ele não é fixo, podendo ser
levado para o meio das plantações. Pode também ser adaptado a um motor
elétrico para trabalhar mais rápido. De um lado da máquina sai o café
descascado e do outro as cascas que podem ser utilizadas na compostagem. Em
média pode-se descascar 80 balaios por dia.
A vantagem de se descascar o café é porque nosso clima é bastante úmido
e muitas vezes chove na época da colheita, portanto o café descascado vai
ficar com o grão mais exposto e secar mais rápido podendo evitar a
fermentação dos frutos que prejudica a qualidade da bebida.
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4 - Secagem
Descascados e desmucilados/despolpados os cafés bóias e os verdes caem
em tanques sendo levados em carrinhos para serem espalhados nos terreiros
de cimento e secarem naturalmente, não utilizando os secadores artificiais. Já
os grãos cerejas são secados separadamente.
Nos terreiros os cafés que não estão descascados demoram cerca de 20 a
25 dias para secarem completamente. Por um lado os cafés descascados
correm maior risco de fermentar por estarem mais expostos, mas por outro
lado a secagem é mais rápida podendo evitar fermentação.
É necessário ter muito cuidado com os cafés que são secos nos terreiros
para que cachorros, galinhas e outros animais não fiquem circulando por cima.
Um dos problemas da secagem é a localização dos terreiros porque
normalmente ficam na sede que na maioria das vezes é construída na parte
mais baixa da propriedade. Terreiros são melhores quando estão localizados
em partes mais altas, menos úmidas da propriedade. Quando estes terreiros
estão mais próximos da lavoura isto também ajuda a economizar no transporte.
Uma boa dica é colocar os cafés verdes e bóias na parte mais caída do
terreiro abaixo do café cereja, porque caso chova a água vai escorrer podendo
contaminar o melhor café caso não se tenha este cuidado!
E outra observação é rodar o café sempre e obedecer ao sentido do sol,
fazendo camadas mais grossas à medida que o café vai ficando mais seco.
O café cereja pode ser um bom café se for bem manejado, mas pode
haver diferentes tipos de bebida devido às diferenças de localidade, tipo de
solo e de clima. Portanto, não quer dizer que só porque é café cereja que a
bebida será especial. O café cereja maduro é melhor que os outros tipos de
frutos, mas o que garante sua qualidade de bebida é separar e cuidar bem dele
da colheita ao armazenamento. Não se deve misturar o cereja com cafés
ardidos, verdes e com outros defeitos porque pode haver contaminação.
Sempre se pesquisou o que piorava a qualidade do café, mas hoje se
procura também pesquisar o que garante a qualidade: a variedade da planta, sua
idade, a posição frente ao sol, a doçura do fruto e o manejo da produção
interferem na qualidade da bebida que os cafés do tipo cereja podem gerar.
Outra dica para controlar a qualidade do café é anotar tudo que
aconteceu com a safra desde o plantio: idade das plantas, tipos de adubação,
clima, chuvas (época e quantidade de chuvas do plantio à colheita, se recebeu
chuva no terreiro etc.), época da floração, quantidade de sol que bate em cada
horário do dia, dias que não houve colheita, etc... Isto é uma forma de
pesquisar o que influencia na produção e na qualidade do café, permite que a
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gente possa fazer experiências próprias e conhecer melhor nossa lavoura. A
colheita seletiva é também uma boa alternativa mais viável para se ter somente
grãos cerejas, inclusive evita a utilização de água para separação. Nas regiões
de muita chuva na época da colheita há muitos problemas com a fermentação e
alguns grãos chegam a mofar no pé. A colheita seletiva também ajuda a evitar
problemas como este.
5 - Terreiros Suspensos
Os primeiros terreiros deste tipo foram originalmente construídos pela
Belgo Mineira, tendo em torno de 80 metros, construídos de aço, com um custo
em torno de R$ 1600,00 cada, fora o sombrite, a lona e a madeira que devem
ser compradas por fora pelo/a agricultor/a. Entretanto, podemos aproveitar a
idéia usando outros tipos de materiais mais baratos, como o bambu, por
exemplo.
Os terreiros suspensos permitem que o ar ventile por cima e por baixo do
café, facilitando a secagem e garantindo maior igualdade na secagem dos grãos.
Nestes terreiros o café deve ser constantemente mexido e isto pode ser feito
com as mãos. Outra vantagem é que evita que os grãos fiquem diretamente em
contato com o chão, podendo ser utilizado para outros grãos que precisem
secar como o milho, a soja e o feijão.
Para que ocorra a secagem são necessárias duas condições: calor e vento.
Os lugares mais altos normalmente são mais secos e a ventilação é maior,
portanto é o lugar ideal para os terreiros. É preciso observar também a posição
do sol, quanto mais tempo o sol bater no local do terreiro melhor. Pode-se
procurar também construir estes terreiros próximos às lavouras para
economizar no transporte.
O café possui muita facilidade em absorver e perder umidade. Durante a
noite pode-se cobrir o chão debaixo do terreiro com uma lona para evitar que o
café absorva umidade do solo. Pode-se também tampar o terreiro suspenso com
lona preta porque aumenta o calor de dentro (como em uma estufa), mas é
necessário ter cuidado com a transpiração que pode ocorrer lá dentro,
molhando o café de novo. Deixar uma parte de lado aberta talvez seja uma
solução para evitar a formação de gotas de água (umidade) na lona.
É também importante deixar secando um dia no terreiro de cimento antes
de colocar para secar nos terreiros suspensos. A quantidade de café que pode
ser colocada no terreiro suspenso, a altura da camada, depende da rapidez que
se quer que o café seque. Quanto mais lenta a secagem sem deixar fermentar,
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melhor o produto. Se quiser que a secagem seja mais rápida é melhor colocar
uma camada mais fina de grãos.
Após o primeiro dia de secagem dobrar esta camada e no terceiro dia
pode colocar outra camada. Se a camada colocada nestes terreiros for muito
grossa é importante mexer várias vezes durante o dia, normalmente só se faz
camadas mais grossas com cafés cerejas descascados. Com café em côco o
perigo de fermentar devido à altura da camada é maior, por isso se faz
camadas mais finas com café em côco. Secar café com casca é mais demorado,
aumentando o risco de fermentar.
Os terreiros ficam 80 centímetros do chão, que é uma altura que não está
muito próxima do solo e que facilita mexer. Deve-se também construir estes
terreiros um pouco inclinados para facilitar a circulação de ar quando tampado
com lona, assim o ar quente sai pela parte mais alta, entrando mais ar fresco
pela parte baixa. Pode-se também fazer uns furos na lona para evitar
transpiração do grão que causa umidade alta.
A idéia dos donos da Fazenda é aumentar a quantidade de terreiros
suspensos e fazer a secagem de toda a produção neles porque a secagem desta
forma é melhor e mais higiênica, evitando precisar pisar em cima do café para
mexê-lo. “Café é alimento”.
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6 - Secadores Mecânicos
Os secadores automáticos tentam fazer o papel da natureza: a fornalha
aquece no lugar do sol e os ventiladores sopram no lugar do vento. Existem
várias formas de secadores e o tamanho depende da necessidade do produtor.
Três tipos de secadores mecânicos foram observados na visita à Fazenda
Braúna:
• há um em que a fornalha fica embaixo e o café sobe e desce até
secar, sendo que a umidade sai pela chaminé;
• em outro o processo a fornalha fica ao lado, a estrutura é na
horizontal e fica girando e o ar sai pelas beiradas;
• e no outro a estrutura também fica girando, mas na vertical.
Se o processo de secagem for muito rápido a parte de fora dos grãos seca
mais rápido e encolhe. A parte de dentro fica sem secar e não diminui de
tamanho, podendo quebrar os grãos e piorar a qualidade do café. Por isso a
secagem deve ser lenta.
Na Fazenda eles secam o café até obter uma umidade de 17% e depois
deixam o café descansar (em tulhas ou em sacarias) por no mínimo 24 horas.
Durante este descanso a umidade que estava na parte de dentro passa para a
parte de fora do grão, aí o café é novamente levado ao secador para retirar a
umidade de fora e chegar a 12%.
7 – Armazenagem
No local de armazenar o café e outros grãos, armazém ou tulha, a
temperatura deve ser mais fresca, garantindo que a umidade do café não
ultrapasse 12%. Os armazéns e as tulhas devem ser construídos no local mais
seco possível e com teto bem alto para ventilar, pois a umidade e a luz podem
fazer o café esbranquiçar.
As sacas devem ser identificadas e não devem encostar nas paredes nem
no chão (as sacas ficam em cima de estrados cobertos com sacaria). Devemos
nos atentar para o fato de que o café pega cheiro facilmente, portanto, dentro
dos armazéns não devem ficar guardadas coisas com cheiros fortes (como
ração, adubos etc.). Os cafés limpos e beneficiados pegam mais cheiro ainda.
Outra dica é não colocar cafés de diferentes qualidades próximos. Eles devem
ficar separados para um lote não contaminar o outro.
Se a tulha for utilizada para armazenar outros tipos de grãos é bom ter
uma separação para não passar cheiro para o café.
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8 – Máquina Beneficiadora
Esta é a última etapa antes de ir para o rebenefício. No beneficiamento o
pergaminho e a pele prateada dos grãos de café são retirados. O café que sai
nesta máquina é chamado de bica corrida pois estão todos os tipos e tamanhos
de grãos misturados.
A sururuca regula a quantidade de café que cai, pouco ou muito, num tipo
de bacia que balança, separando o café beneficiado (mais leve por já estar sem
a pele e o pergaminho) do não beneficiado (mais pesado). Se a rotação estiver
muito acelerada e estiver caindo muito café os grãos beneficiados se misturam
com os que ainda não estão beneficiados e voltam de novo para a máquina,
acabando sendo quebrados devido a repetição do processo. Isto pode
acarretar muito prejuízo para o/a agricultor/a.
Normalmente estas máquinas são volantes, ficam em cima de caminhões.
Sendo assim às vezes não são limpas após o beneficiamento da produção de um
agricultor, podendo causar contaminação do café do próximo. Outro problema é
que os donos das máquinas abrem muito a sururuca querendo acelerar o
processo, deixando cair muito café, acabando por quebrar muitos grãos. Além
disso, muitas vezes a escolha ainda tem bons grãos e o dono da máquina não
devolve. Portanto é preciso ter cuidado e observar o beneficiamento quando
for sua vez!
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O CAMINHO DO CAFÉ
Lavagem e Separação
Colheita
Descascador
Despolpa
Desmucilagem
Secagem
terreiro
terreiro suspenso
secador artificial
Armazenamento
Beneficiamento
Rebeneficiado e
Comercializado
Comercializado em
bica corrida
Visita à casa do Cidinho
A propriedade do Cidinho possui em torno de 1 hectare, com cerca de
1500 pés de café, era uma lavoura velha que foi cortada e outros pés foram
plantados nos antigos corredores. Tem árvores e bananeiras na lavoura.
Utilizam adubo químico junto com a palha do café para adubar e fazem uma
capina por ano, o resto é feito com foice. O super magro é utilizado para
pulverizar a lavoura.
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A família também trabalha como parceira em outra propriedade que
possui 6000 pés de café onde também produzem milho e feijão para consumo
da família. A parte do café produzida a meia é trazida para secar no terreiro
da propriedade deles. O café em côco é vendido para um atravessador.
Cidinho já pensa num local em que a posição do sol favorece a construção
de um terreiro suspenso. Mesmo porque o gasto será muito pouco porque o
bambu ele já tem na propriedade. Ao redor da lavoura há uma pequena
capoeira que ele pensava em cortar, mas desistiu porque existem vários olhos
d’água no local, em parte devido à presença da mata e ao manejo que faz no
café. As árvores que estão no meio da lavoura nasceram espontaneamente, já
as bananeiras foram plantadas, sendo que todas são manejadas.
Neste ano ele e o pai construíram um paiol de madeira para guardar milho,
feijão, café e ração para as galinhas. O paiol é dividido em duas partes por
uma parede. De um lado guarda-se só o café e do outro lado o restante dos
produtos. O paiol é feito de madeira, inclusive o assoalho. O galinheiro fica do
lado e as galinhas têm acesso à parte debaixo do assoalho. A idéia dele é fazer
um outro paiol só para guardar o milho. Eles também têm uma horta e um
pomar para o consumo da família e os ovos são comercializados pelo próprio
Cidinho.
Algumas idéias. . .
A idéia do café-duto para o Cidinho realmente é interessante, mas
devemos nos preocupar com a velocidade que os grãos podem descer e acabar
quebrando quando caírem.
Não há problema da qualidade do café piorar se o café for seco na lona
do terreiro, desde que este fique pouco tempo secando. O café pode secar em
cima da lona se a secagem for rápida e se for coberto durante a noite, assim
não haverá influência na qualidade.
Quando se têm animais próximos ao terreiro é melhor cercá-lo, pode-se
fazer a cerca com bambu, por exemplo, para não ter gastos com material de
fora. Realmente não é bom as galinhas ficarem debaixo da tulha. Devemos
manter os animais longe dos locais de secagem e de armazenagem de grãos.
Os ratos possuem alternativas interessantes para sobreviverem: se tem
comida disponível no local eles ficam ali e se não tem eles se dividem em
grupos e migram ficando no local só a quantidade de ratos que a comida do
local alimenta. Os tambores de alvenaria ou de plástico podem resolver o
problema com os ratos, pode-se também construir silos iguais casinhas para
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armazenagem. Os milhos poderiam ser guardados em baldes fechados porque
se não há oxigênio os carunchos morrem.
Quanto às bananeiras próximas à tulha não há problemas porque a
temperatura do local de armazenagem deve ser mais fresca e elas podem
ajudar a refrescar a temperatura, mas o local deve ser seco. Dentro do paiol,
ou tulha, sempre é bom deixar os sacos desencostados da parede e do chão
mesmo quando são de madeira. Devemos ter cuidado com a questão de embalar
o café porque o plástico utilizado pode passar cheiro para o café. Devemos
também evitar construir paióis em baixadas e próximos de águas correntes ou
mesmo subterrâneas. Locais mais altos são mais aconselháveis porque são mais
ventilados e mais secos. Deve-se procurar o equilíbrio entre a umidade e a
temperatura quando se escolher um local para construir um paiol ou tulha
O local para armazenar deve ser de temperatura mais fresca, mas
também deve ser seco e ventilado. Já o local para secar o café deve receber
bastante sol, ser mais ventilado e mais seco. Como vocês podem perceber
tanto o local de secar quanto o local de armazenar devem ser seco e ventilado,
porém para secar é preciso ter sol e para armazenar é preciso ter
temperatura baixa.
Guardar feijão em lugar com telha de amianto acaba esturricando o
feijão. A alternativa que melhor se encaixa na realidade para agricultores/as
familiares é utilizar tambores de latão lacrados ou fechados com trava de
borracha para armazenar feijão ou milho. Pode-se colocar uma latinha com
álcool e fogo dentro para ir queimando o oxigênio. Quando acabar o oxigênio
de dentro dos tambores os carunchos morrem, o fogo apaga e o álcool evapora.
Pode-se armazenar todos os grãos desta forma. Mas para colocar os grãos nos
tambores é preciso que a umidade seja no máximo de 14% porque se for maior
vai ocorrer fermentação e os grãos podem inchar.
O tempo de armazenagem é ditado pelo jogo da temperatura e da
umidade, principalmente pela umidade.
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Pensando um pouco mais. . .
Sobre o mel da fava, muitos achavam que era bom, pois poderia dar mais
gosto ao café. Se tirar o mel não fará diferença. O mel ajuda a encorpar o
café, mas aumenta o risco de perder o café. Tem que ter um cuidado maior
para não fermentar.
É sempre bom ter em mente que:
Para secar o café = sol e vento.
Para armazenar = ventilação e ambiente seco, ou seja, tem que ser
seco e fresco, mesmo que seja sombreado. Só não pode ser úmido.
No processo de secagem, quando esquenta, se a água do grão não tem por
onde sair ela condensa e volta para o café, por isso tem que ter ventilação.
O café, não importa em qual terreiro, tem que ser mexido por muito
tempo. Mas o tempo de descanso é também muito importante, porque é nesta
etapa que uniformiza a umidade entre os grãos.
Qual grão absorve mais água, o seco ou maduro? O grão maduro tem mel
(água e açúcar), assim em dias nublados com muito vapor d’água, este grão não
absorve muito, já que existe um equilíbrio de água dentro e de fora do grão. Já
o grão seco funciona como uma esponja - absorve água facilmente para
equilibrar a água de dentro do grão com a água de fora do grão, a umidade do
ar. Por isso o café seco deve ser armazenado em local seco e fresco, porque em
locais secos o ar não tem tanta umidade para o café absorver permanecendo
seco.
Com o cheiro acontece a mesma coisa. O cheiro é gás com odor, o processo
é parecido, em busca do equilíbrio de fora e de dentro do grão o café seco
absorve o cheiro. O café é o grão que mais absorve cheiro. Já identificaram
mais de 600 cheiros no café, é um grão muito sensível. Vários agricultores/as
estão deixando de usar a vassoura tradicional, estão usando vassoura de
Alecrim ou Pinheirinho para deixar cheiro bom no café.
Outra dúvida que surgiu foi sobre a lona, qual delas, branca ou preta,
esquentaria mais? A lona preta absorve mais luz, esquenta mais, mas a branca
também produz um bom efeito estufa.
Uma idéia interessante relacionada ao uso de lona no terreiro suspenso é
usar lona preta quando o café estiver seco e deixar sem lona quando o café
estiver maduro, para liberar mais água.
Quanto à embalagem de armazenamento, a melhor opção é o saco de juta.
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ARMAZENAMENTO E REBENEFICIAMENTO
Visita ao Armazém Matas de Minas
Juliana, a gerente que nos recebeu na visita, contou que o armazém
trabalha com armazenamento e rebeneficiamento. Não trabalham com venda de
café, só guardam o café de terceiros. Destacou também a posição privilegiada
do armazém, um local no topo de um monte, muito arejado e ensolarado.
Ela explicou que logo que o café chega no armazém incia-se o preenchimento
do romaneio que é um documento no qual se registram dados sobre o café e o
dono do café. O café chega em bica corrida e vai direto para a balança, onde é
pesado junto com o caminhão. Depois de o café ser descarregado pesa só o
caminhão para saber quanto de café entrou no armazém.
No momento de descarga são tiradas duas amostras de controle do café
bica corrida: uma para o próprio agricultor consultar e experimentar e a outra
que serve para conhecer o padrão do café.
Ao ser descarregado o café já tem a posição definida onde ficará
armazenado e esta localização é organizada em quadras marcadas no chão com
números e letras. É feita uma fiscalização diária no armazém por meio de
medição das pilhas, inclusive nas trocas de turnos. Esta organização é
fundamental para garantir o bom funcionamento do armazém. Foi falado
também que a montagem das pilhas deve ser muito bem feita, com pilhas
menores.
No armazém não utilizam estrado embaixo das sacas, isso se deve a
localização do armazém, local bem seco e arejado, e também ao cimento
apropriado no chão. O armazém trabalha com armazenamento de qualquer café,
mas só rebeneficia café de qualidade. O controle é muito rigoroso, essa
segurança é muito importante para não ocorrer contaminação de bons cafés
nas máquinas.
As taxas do armazém variam conforme o tipo de serviço e eles têm
sacaria para embalar melhor o café. Ela ainda chamou atenção para o crescente
aumento de conscientização dos/as agricultores/as em armazenar o seu café
em local seguro e adequado.
Lembrou ainda que o tipo de café pode melhorar, mas a bebida não muda.
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ARMAZENAMENTO
LOCAL AREJADO, SECO E ENSOLARADO
Descarga
(coloca as sacas em local identificado)
P
P
Balança
Balança
(pesagem do caminhão carregado)
(pesagem do caminhão vazio para
P
P
saber quanto de café entrou)
Chegada
Armazenagem/ Rebenefício
(café em bica corrida)
(tira-se 2 amostras de controle, uma para o
P
P
dono e outra para prova)
Comercialização
O rebenefício do café
U
1 - A primeira etapa é a separação de pedras do café, que chega em bica
corrida, através de uma máquina que tem o nome de Catador de Pedras.
2 - Depois o café passa por elevadores até chegar ao Peneirão, que separa
o café por peneiras pelo tipo e tamanho dos grãos, por meio de peneiras
sobrepostas. A partir daí são separados lotes por tamanho de peneira para
continuar o rebenefício. O padrão de separação mais utilizado é: 17 acima, 16 e
15 abaixo.
3 – Em seguida o café vai para a Densimétrica que é uma máquina que, por
meio de ventilação e vibração, separa os grãos quebrados, os brocados e os
galhos dos grãos bons.
4 – Por fim apenas os grãos melhores vão para a máquina Eletrônica que
separa o café pela cor do grão (preto, verde, ardido e grãos de boa qualidade).
Para passar por esta máquina o café tem que ter sido muito bem passado nas
outras máquinas, pois a Eletrônica não avalia a qualidade do grão, só separa pela
18
cor. É um raio laser que separa os grãos pela cor, separando os grãos verdes,
pretos e ardidos, funciona como se fosse um olho humano.
Balão de liga - onde se misturam cafés de acordo com o padrão exigido
pelo comprador para dar um volume a ser comercializado. Por exemplo: o café
de bica corrida foi separado e deu muito pouco café de boa qualidade, então é
melhor juntar com outro de pior qualidade para se conseguir um maior volume
de café de qualidade intermediária.
Blainde – é a mistura de cafés feita para atender um padrão definido pelo
comprador.
Ao sair do armazém fomos para a sala de classificação e de degustação. É
lá que ficam os sacos com 100 a 130 gramas, da amostra para verificar o tipo
do café pela quantidade de defeitos e umidade e para realizar a pesagem.
Eles tiram as seguintes amostras do café de cada produtor:
- Bica corrida – amostra de entrada.
- Maquinados – amostra do café rebeneficiado.
- Embarque – amostra do café pronto para sair.
Os passos do rebeneficiamento
Café beneficiado
(bica corrida)
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1o Catador
P
P
(separa os grãos das pedras)
P
2o Peneirão
P
P
(separa os grãos pela forma e pelo tamanho)
P
3o Máquina densimétrica
P
P
P
(separa os grãos pelo peso)
P
4o Máquina eletrônica
P
P
(separa os grão pela cor)
P
5o Balão de Liga
P
P
(opcional: serve para misturar os cafés e
P
dar volume de acordo com o padrão
P
P
exigido pelo comprador)
P
P
19
É preciso ter uma quantidade mínima para rebeneficiar em função do
maquinário que processa de 30 a 40 sacas por hora. Por fim ela relembrou que
tudo o que se passa no armazém é cadastrado no computador para qualquer
tipo de dúvida e para auxiliar os produtores de café. Só se trabalha com café
rastreado.
No armazém Matas de Minas eles fazem prova de café para quem quiser.
Já existe uma prova química, mas não chega a ser tão apurada quanto a de um
bom provador.
Também fazem corretagem na busca por um melhor preço para
produtores, mas não comercializam. A escolha também é vendida. A cotação de
preços é feita pela internet todos os dias e se ligar para lá eles dão essa
informação.
Todo armazém de rebenefício tem que ter no mínimo o Catador de
Pedras, Peneirão, Densimétrica e máquina Eletrônica.
Todo o processo de rebenefício tem que ser acompanhado, porque pouca
ou muita quantidade de café pode dar problemas na máquina. A regulagem tem
que ser feita durante o processo para estar de acordo e tudo sair bem.
Eles armazenam cafés de qualidade mediana, mas no maquinário de
rebenefício só passam cafés de boa bebida porque a contaminação acontece
com muita facilidade, não só pela quina das máquinas, mas também pela mistura
de grãos ruins com grãos bons. Tem uma série de cuidados para não haver a
mistura e a umidade deve ser de 11,5%.
Em breve eles vão receber autorização das certificadoras para armazenar
café orgânico. Para rebeneficiar o café orgânico é necessário limpar a máquina
com próprio café orgânico. Este café utilizado para limpeza passa a não ser
considerado orgânico.
O padrão dos compradores varia. Para a compradora italiana Illy, por
exemplo, é peneira 16 acima / bebida dura e lote mínimo de 100 sacas.
Quando é importante e para qual mercado devo fazer beneficiamento?
Sempre que o comprador exigir tem que fazer, mas deve-se levar em conta o
quanto vai gastar com o rebenefício e qual vai ser o rendimento com esse
comprador. É importante colocar na ponta do lápis para saber se vale a pena
rebeneficiar para uma determinada venda ou se é melhor vender em bica
corrida sem pagar pelo rebenefício. Por isso que fazer uma classificação em
casa e conseguir um bom provador é fundamental!
No mercado é importante ter algumas percepções. Preste atenção nas
vantagens secundárias, que é manter um padrão de qualidade do seu produto e
ser reconhecido por isso – é um segredo para boa venda do seu produto.
20
Os mercados mais exigentes não compram café em bica corrida, só o
rebeneficiado. O produtor deve estar informado sobre os mercados para não
ficar vendido na história.
Algumas questões:
Como rebeneficiar poucas sacas, visto que no Armazém visitado o
rebeneficiamento era feito para muitas sacas? Como fazem para misturar o
café de vários agricultores/as?
O que está acontecendo é um processo coletivo. Como construir a rede com
os agricultores/as para eles não se sentirem lesados por terem colocado mais
café e com qualidade, para fazer o rebenefício com outros cafés? Como não
deixar mal entendido?
Existe falta de transparência, além da falta de comunicação, de circulação
das informações. Cada venda exige um planejamento porque cada período é
diferente, as estratégias vão sempre mudando. Assim aumenta a dificuldade
dos/as agricultores/as ficarem informados/as.
Na avaliação, prova inicial quando chega no armazém, poderia ser feita
antes do rebeneficiamento, assegurando a qualidade do café. E assim decidir
sobre a mistura. O rebeneficio do café riado não vale a pena, só vale a pena
rebeneficiar o café de bebida boa, de qualidade.
Quando um grão ruim cai em uma xícara prejudica a avaliação dele, dimunui
o grau de qualidade da bebida? Por que só tem uma provação?
Quando acontece de estourar uma xícara às vezes eles voltam avaliando as
sacas pelo cheiro, mas isso acontece quando o armazém é honesto, porque
quando são desonestos eles não fazem isso.
Esse é um problema muito sério, avaliam um café de boa qualidade como se
fosse de má qualidade, para cobrar menos. Os provadores têm mania de
depreciar o café e classificar para baixo. Quanto mais informados e treinados
estiverem os/as agricultores/as melhor será para se defenderem desses
problemas. Devemos pensar sobre como provar e quem irá provar. No mercado
local, nós podemos fazer mais de uma prova, levar para provadores diferentes.
E além de termos que levar essa questão para os agricultores/as, pois muitos
não sabem que isso acontece.
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21
COMERCIALIZAÇÃO
Apresentação do filme sobre comercialização – o caminho do café.
No encontro vimos um filme que mostrava que o café sai das mãos dos/as
agricultores/as no Brasil e é levado para a Europa onde é beneficiado e torrado
é vendido por atravessadores por um preço MUITO maior do que aquele que foi
pago para quem produziu!
O filme falou muito como era no começo da história do mundo e do Brasil e
vimos que desde cedo se faz tudo por dinheiro, um dinheiro que fica na mão de
poucos e nunca chega em nossas mãos.
No início da nossa sociedade, como vimos na apresentação, existia uma
tradição de troca de produtos, mas depois da entrada da moeda, quase não
existe mais isso. E como pensamos o destino dos produtos da agricultura
familiar nesse mercado que é tão competitivo?
O sistema de produção do agronegócio determina que precisamos de
produtividade máxima. Organizações internacionais importantes defenderam
antigamente os agrotóxicos, agora os transgênicos e o que vem depois? E a
desculpa deles, que é a fome, continua.
A comercialização é um campo muito amplo e complexo, vender os nossos
produtos não é fácil. As mudanças têm que acontecer a partir da gente, não
podemos querer que ninguém venha arrumar a nossa casa. A agricultura
familiar tem muitos desafios, temos que resistir e superar esses obstáculos.
O que são commodities?
O café é uma commoditie porque é um produto primário exportado com o
mínimo de beneficiamento, que tem seu preço estabelecido pelo mercado
internacional.
Para definir o preço eles fazem um levantamento da quantidade de café
no mundo e fazem uma conta relacionando a quantidade de oferta do produto
com o consumo que vai ter. Quando o consumo é maior que a oferta, o café está
em alta. Quando há mais oferta que consumo, o café fica em baixa. Isso
acontece com todos os produtos no mercado, mas nesse caso é o mercado
internacional que define o preço.
O papel que os países mais pobres, como o Brasil, têm é produzir produtos
primários, de baixo valor, e comprar produtos industrializados dos países ricos
a um valor bem maior.
O preço de um dia inteiro de trabalho de um homem numa roça de café do
Brasil é igual ao preço de um cafezinho na Holanda. O lucro do café fica no
22
caminho, nem chega perto das mãos do produtor. Isso sem falar na injustiça
em relação às mulheres! Muitas delas, só por serem mulheres, recebem metade
da diária que os homens recebem pelo mesmo trabalho feito nas roças de café.
Quem ganha dinheiro com o café são os atravessadores nacionais e
internacionais que o beneficiam e vendem ele tão caro. O produtor de café é o
que menos ganha com isso.
Precisamos ter muito cuidado com esse momento de crise e não
transportar isso para os/as nossos/as companheiros levando ao desânimo. Há
bem pouco tempo esse caminho do café não era compreendido, mas hoje já
começamos a entender. Também percebemos que temos que nos unir e mudar
nossa estratégia de comercialização. Esse grupo do PFA, por exemplo, já está
trabalhando junto há três anos e está aprendendo a ter confiança. Nós temos
que ser o veículo de confiança nos municípios, temos que perseverar nosso
caminho. Nunca tivemos tantas possibilidades e não adianta só reclamar da
política, pois está faltando mudarmos a nossa postura. Precisamos de
Perseverança e Organização e temos que fazer as coisas com calma e atenção,
sem nos acomodarmos e sem perdermos a esperança. Temos que aproveitar as
oportunidades, não podemos nos acomodar!
“A Mucuna pergunta“
Como furamos este esquema montado no mundo para a comercialização?
Nos organizando, principalmente nas organizações de base, e também
fortalecendo o nosso governo.
Que rumo buscar no mercado?
Fortalecer as organizações das quais fazemos parte, procurar a
diversidade da produção e buscar o mercado interno para os produtos. E não
ficar preso à certificação e ao mercado internacional.
O que você acha de importante na comercialização?
Precisamos de mais organização, planejamento e organização para alcançar
um mercado mais sustentável.
A melhor resposta é a união do município, pensando meios para uma troca
de produtos para ajudar a circular os produtos suprindo as necessidades
internas. Quanto à crise temos que acreditar que ela existe desde sempre, e
todas as pessoas que tentaram defender os oprimidos foram golpeadas. O valor
da união e da organização é o que nos fortalece. Temos que responder ao que o
mercado está precisando, temos que começar o movimento dentro de casa, em
nós, nas nossas famílias.
23
Qual seria uma boa estratégia de comercialização?
Isso é muito difícil, mas para começar tem que ser pelo município. Temos
que começar a pensar em conjunto. As organizações têm que fazer isso. No
nível regional o PFA começou um processo de maneira muito importante. Se
conseguíssemos levar adiante nossos planejamentos e essas discussões para os
nossos municípios estaríamos dando um grande passo. Por isso neste processo é
tão importante a informação, a clareza e a organização.
Temos que investir em marcas, levar a sério o mercado interno.
Começando a ter uma organização, um comércio em pequena escala. Quando se
fala de café, produto base do produtor, dificilmente estamos falando de
produção para o mercado interno, ainda é muito forte esta ilusão de que é
muito melhor vender para fora. Temos que pensar em boas propagandas, em
novas estratégias, mas receita não tem. Lá em Espera Feliz 40 pessoas se
juntaram para vender o café, mas umas 10 levaram adiante. A divulgação da
Braúna serve de exemplo. Porque não mostrar mais nosso produto, se eles se
organizam por que não podemos também?
Outro dia eu vi produtores de café comprando o pó de café na venda, as
pessoas têm muita resistência a mudanças, mas elas são fundamentais. Acho
que é muito importante estarmos sempre procurando melhorar.
A escolaridade e a informação são coisas muito importantes. O resgate
dos nossos conhecimentos de roça também são, não podemos perder isso
também, chego na escolinha da comunidade e as crianças tomando coca-cola
com nojo de salada. Aonde iremos parar com essa situação?
Em questão de estratégia nós estamos construindo as mudanças, e assim,
com criatividade e qualidade as portas vão se abrindo!
Certificação
Origem histórica da certificação:
Apesar de ser uma coisa nova para nós, é muito antiga no mundo, já existe
faz uns 300 anos. Começou na França com um grupo de produtores de galinhas
caipiras que colocaram um selo no seu produto para garantir para o consumidor
que estava comprando de longe que aquela era uma produção diferente, um
produto caipira e artesanal.
Hoje não são os/as agricultores/as que querem ter seu produto
reconhecido, o mercado atual está impondo essa condição para dizer se o
produto é bom e se tem qualidade.
U
U
24
A certificação de agora exclui os/as agricultores/as familiares, pois é
preciso um investimento alto para certificar. É caro para conseguir o selo da
certificação. O selo prova para o consumidor que o produto passou por um
processo de produção com qualidade e orgânico, principalmente para os
consumidores que não estão próximos aos produtores/as. A certificação é
válida, mas não pode ser uma imposição de fora para dentro.
Foi aprovada no Congresso uma lei (dez-2003) para produtos orgânicos e
agroecológicos, mas ela ainda não foi regulamentada, entrará em vigor em
2006. Essa lei fala que os produtores que tem produtos orgânicos e
agroecológicos terão que certificá-los para que os produtos sejam vendidos
com este nome. Uma boa alternativa a isso é a venda direta para o consumidor
(feira, para vizinhos, nas comunidades). Esse tipo de venda não precisa de
certificação.
O sentido da certificação é para garantir o direito do consumidor de que
está consumindo um produto agroecológico. A venda direta permite que o
consumidor pergunte ao/a agricultor/a podendo olhar nos olhos e até poder ir
ver a propriedade para tirar dúvidas sem precisar do selo. No supermercado é
diferente, pois o consumidor não tem contato direto com o produtor por isso
usa o selo.
Por exemplo, para quem vende o café como convencional para atravessador
não vale a pena certificar. Vendas para a CONAB, que tem um contrato com o
governo e paga 20% para produção agroecológica, também não necessitam de
selo. Nas vendas diretas como feiras, mercadinhos locais e vizinhos ou
conhecidos também não faz diferença ter o selo de certificação. Mas se
alguém for vender para pessoas que são de longe é necessário estar
certificado como produto orgânico ou agroecológico por alguma certificadora.
Temos sempre que pensar onde vamos vender para saber se vale a pena ser
certificado. Alguns atravessadores já estão pagando uma diferença no preço
do café orgânico.
O mel vendido na região em geral não é certificado porque vende para
pessoas conhecidas. Porém o governo exige uma certificação diferenciada, o
SIF (Serviço de Inspeção Federal), por ser produto de origem animal, assim
como a carne. Também já existe certificação orgânica para mel.
Para a madeira a certificação é diferente, tem um certificado que garante
que você não retirou da mata nativa, para provar que foi retirada de
reflorestamento ou reposição de árvores. Mas só vale a pena se tiver preço
diferenciado. Hoje existem até móveis certificados.
25
Tipos de certificação
Certificação por Auditagem ou Auditoria
Tem um inspetor/a que vai visitar a propriedade uma vez por ano, para
verificar se o manejo da propriedade ou da área que quer ser certificada está
dentro das normas da certificadora. Pode ser individual ou em grupo. A
Sapucaí era um tipo de certificação individual por auditoria.
Em grupo, visitam-se somente algumas pessoas do grupo a cada ano. Se
algum falhar todos são cortados. A certificadora Chão Vivo, do estado do
Espírito Santo, fez uma proposta de certificar o nosso café em grupo.
O desejável é certificar a propriedade como um todo. As certificadoras
aceitam certificar parte da propriedade, fazem o processo aos poucos, mas
tem que ter uma previsão de transição de toda a propriedade para o
agroecológico.
Esclarecimentos Certificação Sapucaí
A certificadora Sapucaí entrou em falência, mas está devolvendo a
documentação para os/as agricultores/as que estiverem em dia com o
pagamento para levar a documentação para outra certificadora.
Os/as agricultores/as que quiserem continuar certificando o café não
precisam ficar preocupados pois não terão que começar todo o processo
novamente, vão somente continuar em outra certificadora.
Agora é preciso decidir em qual certificadora irão continuar o processo.
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Certificação Participativa
É uma experiência que só existe no sul do Brasil e na Amazônia. São
formados grupos de agricultores/as e vários grupos formam núcleos regionais.
Os núcleos são ligados em rede tendo em cada núcleo organização de
agricultores/as, técnicos/as e de consumidores/as.
Na Rede Ecovida, no sul do Brasil, a vistoria é feita por um agricultor/a, um
consumidor/a e um técnico/a de um núcleo, que vistoriam outro núcleo. Se algo
não estiver correto os inspetores também dão orientações. Com isso eliminam a
certificadora e o custo que pagariam para a vistoria.
Essas vistorias participativas podem ser pagas com menor preço pelo
sindicato ou outra entidade. Eles certificam o grupo e não apenas uma
propriedade. O bom é que a comunidade mesmo pode ajudar a fazer o controle.
A fiscalização se torna mais rigorosa, pois os vizinhos podem se fiscalizar, se
estiverem no mesmo grupo. Se um do grupo usar veneno, o grupo todo está
fora. É uma grande rede.
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Fair Trade (Mercado Justo)
Na tradução para o português significa mercado justo. Este mercado surgiu
porque muitas pessoas no exterior preferem comprar um produto produzido
por agricultores/as familiares sem o uso de mão-de-obra infantil nem
exploração de trabalhadores/as rurais. Mas não importam se há uso de
agrotóxicos permitidos pela Organização Mundial de Saúde.
Assim começou a se criar uma rede e criaram uma certificadora para esse
mercado chamada FLO que fica na Alemanha e é a única para este tipo no
mundo. Trata-se de um selo social, garantia que estão pagando pelo preço
justo. A certificação fornecida pela FLO tem um custo muito caro,
aproximadamente seis mil reais por ano e não tem garantia de venda.
O preço do café vendido no mercado Fair Trade é definido pelo custo da
produção em dólar, o preço não “acompanha” o mercado. No início do ano estava
mais barato o café no mercado Fair Trade do que vender aqui porque o preço
do dólar estava baixo e o preço do café estava em alta.
Outra desvantagem é que esse mercado varia muito. O consumidor na
Europa pode não comprar um produto Fair Trade quando o preço estiver muito
alto.
Quando a diferença de preços do mercado justo e do convencional é
pequena, as pessoas pagam mais facilmente pelo preço justo, pois estão
ajudando uma causa social. Mas se o preço do mercado justo for muito maior,
as pessoas podem não comprar, pois fica muito caro e o/a agricultor/a perde
vendas.
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Jogo do mercado
Foram escolhidos três dos/as monitores/as para representarem os
consumidores no mercado, sendo que o restante foram vendedores. Um
consumidor seria de classe alta, um de classe média e um de classe baixa. Cada
vendedor deveria escolher dois produtos e montar sua estratégia de venda,
pensando embalagem, etiquetas, propaganda, preço e barraquinhas. Fazendo
uma simulação de uma feira.
Critérios usados pelos consumidores :
Classe A : Apresentação do produto, aparência, validade, qualidade, preço
não importava e nem se vinha da agricultura familiar. Qualidade agroecológica e
orgânica era interessante.
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Classe B : Apresentação do produto, olhava o que a classe A estava
comprando e tentava comprar, comprou coisas visando os grandes, olhou muito
a aparência e preço, orgânico e procedência do produto
Classe C : Precisava comprar muito volume, assim buscava o que tinha mais
volume e menor preço. Olhava a validade e pechinchava.
Existem consumidores de todos os tipos, então quem são os nossos
consumidores?
Os produtos consumidos são diferentes para cada classe. As pessoas mais
carentes compram produtos básicos para subsistência como fubá, feijão, arroz.
Se compram mel é somente para remédio.
Vender doces e frutas na comunidade falam que são “dosentos”, miserável,
pois acham que frutas têm que dar ou trocar.
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Qual é o nosso marketing? Como nos promover melhor? Qual o público alvo?
Quem precisa dos nossos produtos?
Refletir sobre isso para saber para qual público se direcionar.
Existem 4 “P” da COMERCIALIZAÇÃO:
POSIÇÃO
PROMOÇÃO
PREÇO
PRODUTO
POSIÇÃO: O posicionamento do mercado é importante. O local deve ter
visibilidade e ser de fácil acesso.
Localização das barracas: não pode ter medo de se mostrar, observar o
posicionamento dentro do mercadinho ou feira.
O produto tem que ser bem cuidado. O mercado tem que estar sempre limpo
e organizado.
PROMOÇÃO: Pensar em estratégias de venda, como promover o produto,
fazer propaganda. Temos que ter cuidado com falsas propagandas, tem que ter
ética, isso tem que ser um princípio.
Uma boa promoção dos produtos da Agricultura Familiar é a honestidade
dos produtores/as e isso é muito importante manter, não usar o nome em vão.
Fazer uma marca tomando cuidado para não perder essa credibilidade.
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PREÇO: Relação preço – qualidade.
É preciso saber o preço de custo e o preço da concorrência para montar o
preço do seu produto.
Questão do custo:
O/a agricultor/a tem que exercitar as contas para saber se compensa o que
está fazendo. Saber levar em consideração o que gasta: a mão-de-obra, o
tempo/dia de trabalho, o gasto de matéria-prima retirada de sua propriedade
como barro e lenha para fazer o produto. Verificar se é melhor vender para
atravessador ou vender direto. Além disso, a classe A e B tendem a relacionar
preço baixo com baixa qualidade.
O preço tem que cobrir os custos e dar uma margem de lucro além de estar
próximo ao preço da concorrência.
O preço do café varia de lavoura para lavoura porque o manejo é diferente.
Tem gente que compra tudo de fora e fica muito caro produzir. O problema do
café é que por ser um produto internacional, os preços são definidos no
exterior.
O café não tem dado lucro, mais da metade do custo de produção é insumo,
temos que começar a trabalhar com outros produtos, pensar mais em
diversificação de produção e renda. Além disso, tem vários produtos que podem
ser comercializados direto com o consumidor e o lucro pode ser maior.
PRODUTO: Na Feira Nacional de Agricultura foi observado que o público
não se importava com a embalagem e sim com o produto. Claro que isso varia de
acordo com o consumidor.
Classe A: estava mais preocupada com a qualidade, com o tipo de embalagem
e se era orgânico, pois tinha dinheiro para pagar.
Classe B: essa classe mostrou maior interesse em produtos provenientes da
agricultura familiar.
Classe C: priorizou produtos mais baratos e em maior quantidade.
Qual o público que queremos? Quem vai comprar nossos produtos?
Qual a classe? Qual o consumidor?
Como vender o mesmo produto para Baixa Renda e Alta Renda ao mesmo
tempo?
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O mesmo produto pode ser para todos, se deixarmos o produto bonito,
arrumado e o mercadinho limpo. Pode ser vendido de várias maneiras, com
embalagens para todos os gostos e preços.
Podemos colocar o preço baixo para divulgar e ser mais acessível e colocar o
preço alto com uma embalagem diferente para pessoas com dinheiro que
querem mais qualidade.
Algumas pessoas não fazem compra olhando os preços, não sabem comprar,
são distraídos, pois compram o que é normal, o que mais chama atenção no
visual.
Mas observem a importância de colocar todas as informações do produto na
embalagem e etiqueta. Cuidado na embalagem, pois o consumidor precisa
transportar o produto e chegar em casa com o produto inteiro. É preciso uma
embalagem resistente.
Muitos consumidores acham que a venda em granel, é melhor para ver e
poder pegar o produto, além de dar um ar mais artesanal.
Dicas: organização da produção familiar e cuidado com os produtos para
vender com qualidade e bom preço; trabalho coletivo; organização dos/as
agricultores/as para fortalecer a agricultura familiar; organização do mercado
local; venda coletiva e troca de produtos.
Gênero e comercialização
Questão das mulheres na comercialização. Onde elas estão? Facilidades e
benefícios?
As mulheres vendem mais doces e artesanatos. A mulher encontra mais
dificuldades para negociar que os homens, por causa da educação que tivemos.
Quando temos que comercializar temos que exercitar.
São as mulheres que vendem os produtos, mas o dinheiro vai para as mãos
dos homens.
Quando o PEC começou não tinha nenhuma representação das mulheres, daí
a Comissão Regional de Mulheres reivindicou uma mulher no PEC, pois na
produção tem mulheres e na comercialização não.
As mulheres podem aprender. Não é só vocação. Tem que exercitar.
Na roça os homens têm mais costume de comercializar pois desde pequenos
já fazem isso. É um exercício, e os homens são mais treinados. As mulheres
podem desenvolver essa habilidade. Existe um mito que dinheiro corrompe as
meninas. Comercialização está ligada à renda e deve ser discutida entre
homens e mulheres.
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Viúvas da zona rural aprendem a lidar com comercialização, pois são
obrigadas. Acabam administrando bem. Tiveram oportunidade e se saíram bem.
A questão é ter oportunidade, independente da necessidade, e sim pela
vontade e desejo.
Temos que quebrar barreiras. Em muitos casos as mulheres fazem tudo.
Tem atravessador que não lida com mulheres, além de muitos vendedores que
vão nas casas não negociarem com as mulheres.
Debate /conversa de gênero já melhorou, mas está longe do ideal.
Muitos homens se defendem dizendo que ajudam as mulheres. Porém temos
que mudar a palavra AJUDA por DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES. A
gente ajuda quando a responsabilidade não é nossa. Quando todos/as são
responsáveis dividem tarefas.
É importante todos/as lutarem para fazer o que gostam e o que desejam.
Diversificação da Produção Agroecológica.
Na nossa região a estratégia de comercialização que estamos construindo tem
duas frentes:
1. Uma voltada para a diversificação e organização da produção para o
mercado local e para o fortalecimento do autoconsumo, incluindo a
redução das despesas de manutenção familiar, redução de custo de
produção pelas práticas agroecológicas e redução das despesas com
saúde pelas práticas agroecológicas e de segurança alimentar.
2. A segunda voltada para o mercado mais amplo de maior risco, através
das agroindústrias familiares, da comercialização do café e de outros
produtos para o no mercado regional, estadual, nacional.
Na proposta de diversificação de produção uma das alternativas de
comercialização que está sendo implementada em alguns municípios são os
mercadinhos da agricultura familiar, administrados pelas associações locais e
com o apoio dos STR´s locais. Em todos os mercadinhos os principais desafios
da comercialização tem sido a falta de capital de giro e a organização da
produção.
Vamos tomar como exemplo uma associação onde os seus associados têm o
feijão para ser comercializado:
31
A associação não tem capital de giro, então como fazer para negociar melhor o
feijão?
• Uma forma é a associação comprar o feijão do sócio, esperar a
entressafra e só então vendê-lo.
Em nosso exemplo, com a associação descapitalizada, essa maneira de
comercializar não é possível.
• Outra forma é a associação identificar os possíveis compradores;
verificar quem oferece o melhor preço; ver a quantidade que o "freguês"
está disposto a comprar e com que qualidade para então partir para
organizar a venda.
Como organizar a venda?
A associação faz um consulta entre seus associados, oferece o preço, confere
a quantidade que cada um dispõe e com que qualidade; organiza a
comercialização, o transporte e a entrega. Para cobrir as despesas, a
associação fica com uma pequena parte do valor obtido na venda.
Para facilitar o trabalho, os associados podem se organizar em grupos de
produtores. Muitas associações já estão organizadas deste jeito: em cada
comunidade um grupo. Cada grupo teria um/uma coordenador/a. Com isso não
haveria uma sobrecarga de tarefas para a diretoria da associação.
A grande diferença entre essas duas formas de se realizar a comercialização
não é só o fato de a associação ter ou não capital de giro. A diferença básica
está em que, na primeira forma, a associação parece funcionar como uma
instituição que tem dono. Vai lá e compra o produto dos(as) sócios. A
participação dos sócios nesse processo quase não existe. Sua única obrigação é
entregar o produto e mais nada. Os sócios na maioria das vezes não ficam
sabendo como se dá a venda. Não aprendem "junto" a realizar uma venda.
Na segunda maneira de comercializar, os sócios participam em todo processo,
levantando e organizando a produção, buscando informações sobre o mercado e
se comprometendo com a qualidade e a classificação de seu produto. Não só a
diretoria da associação aprende como realizar uma venda. Os sócios são
efetivamente, parte importante em todo processo. Aprendem juntos como
realizar negócios
32
A diferença está nas formas de funcionamento da Associação:
Em uma o conhecimento e o poder sobre o processo de comercialização
fica nas mãos da diretoria. Na outra, tanto a diretoria como os sócios
constroem juntos o conhecimento de como comercializar melhor.
Tanto no caso de uma venda para fora, de um produto que temos em maior
quantidade, como para o fornecimento em menor escala mas com uma certa
constância, para os mercadinhos locais, dois formulários podem ajudar a
organizar esse trabalho:
o A Ficha de Cadastro do Produtor a ser preenchida por todos os
produtores que quiserem participar do processo
o A Ficha de Levantamento da Produção, a ser usada pelos mercadinhos ou
pelos coordenadores dos grupos nas reuniões.
Cadastro do produtor
O CADASTRO DO PRODUTOR é um conjunto de fichas sobre cada um dos
participantes do programa de comercialização. Através dele as informações
diversas sobre esses produtores poderão ser encontradas de forma a facilitar
o planejamento da produção e a venda dos produtos.
Exemplo de ficha:
NOME:
CADASTRO DO PRODUTOR
sócio: _sim _não
N° de matrícula:
Localidade:
Qualidade da estrada:
Distância da associação:
Situação da propriedade:
_ posseiro _ arrendatário _ proprietário _ meeiro _ outro Qual?
Área que trabalha no ano: _ ha
Produtos cultivados:
Ficha de levantamento da produção
Além da ficha de cadastro do produtor, poderá também ser utilizada uma outra
ficha para levantamento da produção. A ficha cadastro do produtor é feita
individualmente: cada produtor - uma ficha.
No caso da Ficha de Levantamento da Produção, o produto é quem conta. Ou
seja, devem ser levantados por produto: quem os cultiva, quanto produz, qual a
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qualidade (classificação, tipo, etc.), etc. Partindo sempre da divisão por
produto. Para facilitar este levantamento propomos um modelo:
PRODUTO:
Localidade:
Coordenador( a):
Período de colheita: Anual, quando? Semanal?
Produtor(a)
Tipo
Classificação
Quantidade
p/ venda
Importante:
Esta ficha deve ser atualizada constantemente, e sua utilização é para
possibilitar levantamento da produção disponível para a venda. Por exemplo,
havendo o pedido de compra de uma determinada quantidade de feijão
carioquinha, já se sabe de antemão quem produz este tipo e de que quantidade
dispõe.
Ter informação significa ter agilidade em responder as exigências do mercado.
Redes solidárias
No contexto atual, em que as grandes empresas têm o controle quase total dos
mercados, torna-se cada vez mais importante que procuremos nos fortalecer,
estabelecendo parcerias com outras iniciativas como a nossa.
Em vez de encarar todas as empresas similares à nossa como concorrentes, é
importante verificar quais podem ser nossas aliadas e como.
Já vimos que podemos aproveitar melhor nossos recursos se fizermos grandes
volumes de compra e se compartilharmos equipamentos e espaços.
Mas podemos avançar mais. Se quisermos vender ou prestar serviços para
grandes cadeias de lojas, para órgãos governamentais ou mesmo exportar,
precisaremos ter um estoque muito grande, acima de nossa capacidade de
produção.
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Por que não redes solidárias de pequenos empreendimentos?
Nos quatro cantos do planeta, a solidariedade tem se mostrado uma das
estratégias mais eficazes de sobrevivência.
No caminho para a construção desse novo modelo, não há lugar para o
individualismo e a competição desenfreada. A prova disso é que associações e
cooperativas, embora sejam as formas mais antigas de organização da
humanidade, voltam a surgir com toda força.
Ao trabalhar com o conceito de cooperação, podemos, dia-a- dia, tecer nossa
rede, fazendo novos nós, até que se torne tão grande e forte que possa
realmente fazer a diferença.
As redes são sempre lembradas como estruturas orgânicas. Baseiam-se em
figuras da natureza. A teia de aranha é um exemplo desse tipo de estrutura. É
impressionante a sua resistência, apesar de ser construída com um fio tão
vulnerável. E o rompimento de uma parte do fio não significa a destruição da
teia, que pode ser reconstituída.
Essas características -aumento da resistência por meio dos entrelaçamentos e
da capacidade de manutenção do todo, mesmo quando uma ou mais partes
sofrem danos -explicam o surgimento das redes em todos os níveis.
Visita na casa da Dona Eva e seu Geraldo
Seu Geraldo Ribeiro Soares nasceu na propriedade, no Córrego dos
Ferreiras em Ervália, há 62 anos . Ele e Dona Eva se conheceram num lugar
chamado Santa Montanha, namoraram, casaram e tiveram 6 filhos (4 homens e
2 mulheres). Seu Geraldo já não tinha pai e não tiveram ajuda no início do
casamento, era uma época difícil, mas tinham o mais importante que era o
amor. Juntos participaram da CEB’s por 10 anos. Ajudaram a fundar o Sindicato
e participaram da direção um bom tempo.
A propriedade onde vivem é herança que ainda não foi dividida, são ao todo
10 alqueires de terra. Desde que nasceram trabalham com café, contam que na
adolescência o café não tinha adubo nem agrotóxico. Faziam a cova e colocavam
a semente, 6 meses depois nasciam os primeiros pés, passavam 4 a 5 anos para
crescer e ficar pronto para colher. Durante a formação do café plantavam
milho, feijão e até cana. Na parte baixa plantavam arroz.
Mas o tempo passou e o café desapareceu da região por um tempo até que o
banco e o IBC começaram a incentivar o plantio, que já não rendia tão bem,
tinha que colocar adubo, que sempre era pouco. Antes capinavam e não tiravam
nada da terra, ela não rendia. Tinha muita pedra na área, no cuidado com a
lavoura saiam tudo arranhado e com pouco café. Não sabiam fazer café de
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qualidade, nem sabiam o que era café de qualidade. Quando mudaram para a
casa onde vivem hoje era só pé de café em volta de toda a casa, não tinham
terreiro.
Construíram o terreiro e diversificaram a produção plantando de tudo um
pouco. Até pouco tempo Dona Eva e Seu Geraldo plantavam milho e feijão no
meio da lavoura, e agora não mais, pois o café foi fechando e preferem roçar
do que capinar. Além de só roçar a lavoura começaram a usar leguminosas como
adubo verde. A terra e a produção melhoraram muito. Passaram a ter árvores e
mamona no meio da lavoura para sombra e ajudar na recuperação do solo e
essas informações vieram através da participação no movimento.
Para adubação verde plantaram lab-lab, crotalária e feijão-guandú nas ruas
da lavoura. Assim que as leguminosas davam flor, cortavam. Dentro de dois
anos o café começou a produzir muito, e hoje têm 14 mil pés e os filhos ajudam
a tocar a lavoura.
Conforme eles, tratar bem a lavoura dá resultado. Antes a lavoura era
infestada de sapé, plantaram tudo isso no meio da lavoura, além de começarem
a usar palha de café e esterco de galinha e a roçar o mato. O sapé sumiu!
Seu Geraldo diz que mesmo tendo nascido no meio do café, cada dia que
passa aprende mais sobre o café.
Depois de contar essa história pra gente fomos conhecer as plantas
medicinais da família e veja quantas são e para que usam:
Malva rosa: a flor é utilizada para pneumonia.
Beijo de moça ou beijo branco: problemas de útero ou infecção (colocar no
vinho com raiz de salsa).
Macaé: gripe, febre, colesterol e as raízes para dor de barriga.
Mentrasto: faz dar cio em animais, serve para lavar o animal após o parto.
Passar o chá com um algodão na barriga para ter um bom parto. É também
calmante, antidepressivo, controle hormonal, e ainda, usam o sumo com cinza
para passar em pancadas.
Alecrim: dores no peito e no coração.
Funcho: cólicas.
Confrei: a pomada é excelente cicatrizante.
Santa Maria: o melhor vermífugo – tomar o chá em jejum de manhã durante
sete dias.
Erva Moura: tumores no útero.
Hortelã: gripe, estimulante, digestivo. Usar junto com a carqueja é bom
para o reumatismo, já com tansagem é bom para limpar o sangue.
Erva canudo: o chá bem concentrado é muito bom para curar frieira.
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Bulva ou Voadeira: é um antibiótico natural para tratar amidalite,
infecções em geral e tumores malignos. O chá da raiz é bom para leucemia.
Capitão de sala ou oficial de sala: o algodão dentro da flor serve para
depressão.
Folha de uva: Recupera a próstata e é diurético.
Jequeri: a folha serve para fazer gargarejo e desinchar as amídalas. As
raízes curam as amidalites crônicas.
Casca de Goiaba: o gargarejo é usado contra a diarréia e dor de dente.
Picão: trata do fígado (anemia e hepatite) e alergias em geral.
Trapoeraba: é diurético e trata problemas de próstata. Junto com a
cavalinha emagrece.
Féu da terra ou carrapichinho: o sumo é dentifrício e o chá serve para
diarréia.
Barbaço: trata asma, problemas crônicos de próstata e alergia, além de ser
papel higiênico natural.
Margarida de flor branca: é calmante.
Fumária: é depurativo e trata alergias e problemas de pele.
Caroba: trata alergias em geral.
Pixirica: ajuda no tratamento da sífilis.
Pé de galinha: o suco de pé de galinha com uma pitada de bicarbonato de
sódio e um fio de azeite de mamona trata ovário inflamado, febre reumática,
antiabortivo, fortificante e pneumonia.
Alfavaquinha: tempero, gripe, tosse, resfriado, pressão alta e a raiz é
utilizada para tuberculose dos ossos e dos pulmões.
Trevo de horta: trata infecção na garganta, escorbuto, dente mole (quando
comemos em saladas fortalece os dentes), rico em vitamina E.
Quebra pedra: a semente trata a diabete e o chá problemas nos rins.
Saião: trata gastrite e contusões. A folha colocada sobre os tumores, puxa
para fora.
Arruda: é vermífugo e bom contra cólicas menstruais. A água de arruda nos
olhos para limpar.
Terramicina: é antibiótico, desintoxica de químicos e é também vermífugo.
Setesangria: bom para tratar colesterol, reumatismo, arteriosclerose e
coração.
Cavalinha: trata tumores, depurativo de sangue, cálculos renais,
tuberculose, reumatismo e problemas nas vias urinárias.
Cravo de defunto: trata tosse, bronquite, labirintite, sistema nervoso e é
vermífugo.
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Dente de Leão: trata debilidade geral, diurético, tônico, depurativo do
sangue, calmante e insônia nervosa.
Losna: trata febre, problemas digestivos e nas gengivas, estimula o apetite
e é vermífugo.
Batata doce: é antibiótico natural e trata estomatite, aftas e amidalite
(fazer gargarejo).
Graviola: a folha trata diabete (10 folhas para 1 litro, beber durante 10
dias?) e o óleo da semente á bom para a pele.
Acerola: trata gripe e é anti-viral e anti-bacteriana.
Boldo: é calmante bom para tratar sistema nervoso e gástrico.
Boldo de árvore: bom para tratar do fígado.
Vamos agora lembrar das outras plantas medicinais que foram conversadas
pelos grupos:
Capim limão ou capim cidreira - Calmante, o uso excessivo pode
enfraquecer o nervo. A “cebolinha” do pé de capim cidreira é usada para
labirintite. Ainda é usado para manter o bom funcionamento do sistema
digestivo. Com suco com limão é muito refrescante e digestivo.
Melissa do Rio Grande do Sul ou cambará rosa - Calmante,
antidepressivo, bexiga, infecção de urina, gripes, febre e tosse.
Artemísia - Vermífuga, mantém o bom funcionamento do sistema digestivo.
Faz limpeza do útero e do ovário, é abortiva. É utilizada para cólica menstrual.
trata da menstruação atrasada, suprimida ou excessiva. Trata insônia nervosa,
boa para sistema nervoso.
Funcho – Calmante e combate gases intestinais.
Cavalinha – Diurética, estômago, combate a cistite e usada para doenças
da próstata e outras infecções.
Guaco - usado como xarope juntamente com a flor de mamão e o agrião para
a bronquite. Usado no combate à gripe, à dor de garganta. É um ótimo
expectorante, usa-se em inalações. O sumo também é utilizado como antídoto
contra mordida de bichos venenosos, peçonhentos. É broncodilatador, bom para
tratar tosse e reumatismo.
Erva de bicho ou pimenta d´água – o chá é vaso dilatador, serve para
passar na pele que estiver com coceira e usa-se como banho de assento para
hemorróidas.
Pata de vaca com espinho – bom para coração, diurético, o chá da
semente é usado para diabete. A flor (branca e com espinhos) é calmante.
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Pata de vaca do mato: para pressão, reumatismo, depurativo, diabete,
rins, bexiga, tem 62 propriedades. A flor é usada como calmante.
Saião - colocando uma camada de folhas e uma de mel em banho-maria
obtém-se um xarope para tosse. Também pode ser comido em salada. O sumo é
usado contra a gastrite, pulmão, infecção interna, cicatrizante.
Orégano - Usado para pressão baixa.
Alfavaca – usado para gripe, calmante, pressão, pneumonia. Pode ser usado
como chá ou fazer xarope. As raízes são usadas contra a tuberculose.
Levante – Intestino, usado contra hidropisia (inchaço de todo o corpo). É
utilizado para gases intestinais e chá para gripe de crianças.
Tansagem – Desintoxica e é antiinflamatória.
Mal-me-quer da flor roxa – Câncer de sangue.
Losna – Usa para fígado, vesícula, verme e problemas digestivos, usa para
cólicas menstruais escaldando o pé sete dias antes da menstruação. É utilizada
no combate à caspa e aos piolhos e também para tosse.
Pétala de rosa vermelha – o chá é bom para úlcera, não pode ser usado
durante muito tempo. Prepara a mulher para o parto e o sumo para problemas
de vista.
Camomila de flores brancas – serve como calmante e para curar cistites
e infecções da bexiga. Usado para dor no fígado, sinusite, dor de cabeça,
dores internas.
Agrião – depurativo, ajuda a tratar problemas femininos, tireóide,
dentição das crianças e o sumo é colocado sobre o bócio. É recomendado que as
gestantes não comam muito porque em grande quantidade pode causar efeitos
abortivos.
Malva – Em gargarejo usa-se para problemas de garganta, amídalas e
inflamações da boca.
Pulmonária/Sálvia peludinha/peixe de horta – problemas do pulmão em
geral -Chá – uma folha para um copo.
Poejo – Gripe e cólica do intestino.
Alecrim – bom para o coração e pressão, calmante, também usado em
banhos.
Alecrim de horta/Mal me quer de flor roxa – utilizado para reumatismo
de sangue, para micoses e as flores são boas para problemas respiratórios
(gripes).
Mil-folhas/Novalgina/Mil em rama – coloca-se as folhas em água fria e
toma-se para curar dores de cabeça.
Tomilho – tempero de cozinha.
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Uva do mato (Sofre de rim quem quer): problemas renais.
Dente de Leão: calcificante, depurativo.
Folha de chuchu: pressão alta.
Salsaparrilha: hipertensão, reumatismo, depurativo, alergias em geral.
Confrei: Para curar feridas, banho ou o pó da planta direto no ferimento.
(Sempre usar esta planta com cuidado, em poucas quantidades). O chá é bom
para gastrite, infecção intestinal, usar as folhas mais velhas (mais jovem é
mais tóxica), folha muito rica em proteínas.
Arnica: o banho para acalmar crianças nervosas, a tintura para aplicar nas
varizes.
Rosa branca: calmante para bebê, infecção urinária (ovário e útero
também). Em excesso causa frigidez, assim como, a rosa vermelha e o beijo de
estudante.
Macaé: Gripe, febre, dor de barriga, problemas de digestão e enjôo (três
raízes para fazer o chá).
Jurubeba: anemia e vermífugo.
Repolho: memória.
Folha de Abacate: bom para os rins, calmante, pressão alta. (cana de
Macaco e cabelo de milho também são bons para os rins).
Broto de goiaba: dor de barriga, infecção no intestino (casca de Araçá
também serve para este fim).
Folha de banana prata seca: antibiótico natural.
Tiririca: tônico para a memória (homeopatia e chá), anemia.
“As plantas curam, mas podem causar efeitos colaterais,
por isto é muito importante observar a quantidade e o
tempo certo de uso delas.”
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As fases da Lua
U
Algumas pessoas conversaram sobre este o assunto durante o encontro e
deixaram algumas dicas para nós:
• Usam passar o feijão na terra de formiga na Lua minguante;
• Cortam madeira na Lua minguante;
• Plantam para a produção de frutos e grãos na Lua crescente;
• As podas são feitas na Lua nova; o milho, o feijão e o arroz são colhidos na
Lua minguante para evitar o ataque de carunchos.
• A colheita de café por ser muito demorada passa por diferentes Luas, nesse
caso a informação que consideram importante é que nas fases de Lua Cheia e
Nova os galhos de café quebram com maior facilidade e a quantidade de galhos
quebrados ao longo da colheita pode ser bastante prejudicial.
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