Perfil do Sector Privado do País — Angola | Setembro 2012 Perfil do Sector Privado do País Angola Perfil do Sector Privado do País Written by: Estefanía Jover, Anthony Lopes Pintos and Alexandra Marchand Angola Private Sector Country Profile ©2012 www.imara.co Design, layout and infographics: Gala Jover ([email protected]) Set in: Gotham Narrow Book, Gotham Narrow Medium Paper: Munchen Polar 120g Printers: Printech Europe Printed in United Kindgdom Perfil do Sector Privado do País — I Índice II — Lista De Tabelas 44 — Petróleo E Gás III — Lista De Figuras 50 — Mineração E Indústria IV — Agradecimentos 52 — Telecomunicações V — Abreviaturas e Acrónimos 54 1 — Síntese — Operadoras Locais De Telecomunicações Móveis 4 — Descrição Geral Do País 56 — Construção 4 — Introdução 61 — Agricultura E Pescas 5 — História Recente 68 — Turismo E Hospitalidade 5 — Sistema Político 72 — Transportes 6 — Sistema Legal 77 — Serviços Públicos (Electricidade E Água) 6 — População E Padrões Sociais 82 — Retalho 7 — Economia 86 — Cervejas E Outras Bebidas 10 — Comércio 89 — Principais Estratégias De Desenvolvimento Do Sector Privado 12 — Relações Internacionais 89 — Objectivos Da Política Do Governo 15 — Conselhos Para Visitantes 89 — Planos De Desenvolvimento Económico 17 — Ambiente Empresarial 90 — Cooperação Dos Sectores Público-Privado 17 — Clima Empresarial 90 — Análise Ffoa 20 — Ambiente Regulatório 94 — Referências 21 — Investimento Estrangeiro 24 — Estrutura Empresarial Possível 26 — Relações Laborais E Segurança Social 26 — Mercado Dos Valores Mobiliários 26 — Principais Taxas De Tributação E Alterações À Estrutura Tributária 29 — Principais Sectores Empresariais 29 — Banca, Seguros E Micro-Finanças II — Perfil do Sector Privado do País Lista de Tabelas 9 — Tabela 1: Indicadores-Chave económicos 9 — Tabela 2: Composição do PIB (%) 62 — Tabela 19: Produção Nacional de Carne, Ovos 11 — Tabela 3: Balança Comercial (US$ Mil Milhões) 63 — Tabela 20: Produção das Principais Culturas em Angola (em Toneladas) 11 — Tabela 4: Composição das Importações (US$ Milhões) 67 — Tabela 21: Comercialização e Produção No Sector das Pescas 18 — Tabela 5: Angola no Índice de Facilidade para Fazer Negócios 70 — Tabela 22: Alojamento em Angola 23 — 25 — 29 — 31 — 32 — Tabela 6: Procedimento para Aprovação de Investimentos Com A Anip Tabela 7: Procedimento para Aprovação de Investimentos No Gue Tabela 8: Taxas Compostas de Crescimento do Sector Bancário em Angola Tabela 9: Sector Bancário Angolano: Activos e depósitos (Af2010) Tabela 10: Sector Bancário Angolano: empréstimos e Lucros (Af2010) 33 — Tabela 11: Sector Bancário Angolano: Índices Comparativos e Outras estatísticas (Af2010) 35 — Tabela 12: Quadro Regulatório das Instituições Financeiras 41 — Tabela 13: Prémios de Seguros por Ramos 46 — Tabela 14: Principais Subsidiárias e JointVentures da Sonangol 53 — Tabela 15: Indicadores de Acesso a Tic em 2010 53 — Tabela 16: Indicadores de Utilização de Tic em 2010 54 Tabela 17: Preços de acesso à internet em Angola (em US$) — 56 — Tabela 18: Obtenção de Alvarás de Construção 71 — Tabela 23: Principais Hotéis em Luanda 74 — Tabela 24: Estado da Reabilitação das Linhas Ferroviárias 76 — Tabela 25: Porto de Luanda – Principais Características 79 — Tabela 26: Linhas de Transmissão da ene (2009) 79 — Tabela 27: Tarifas de Distribuição de electricidade da edel Por Tipo de Cliente (2010) 81 — Tabela 28: Valores da Cobertura de Água e Saneamento 92 — Tabela 29: Premissas da Política económica 92 — Tabela 30: Despesa Pública (em %) Perfil do Sector Privado do País — III Lista de Figuras 7 — Figura 1: Taxa de Crescimento do PIB 20022011 (Variação % Anual) 10 — Figura 2: Principais Parceiros de Importação em 2010 (US$ Milhões) 10 — Figura 3: Principais Parceiros de Exportação em 2010 (US$ Milhões) Figura 4: Como Angola e Economias de 17 — Referência Se Classificam em Termos de Facilidade Para Fazer Negócios 17 — Figura 5: Desafios de Competitividade de Angola 30 — Figura 6: Distribuição do Total de Activos em 2010 30 — Figura 7: Distribuição do Total de Depósitos em 2010 30 — Figura 8: Distribuição do Crédito Total em 2010 30 — Figura 9: Distribuição dos Lucros Líquidos em 2010 36 — Figura 10: Densidade / Distribuição das Sucursais (Fim do Primeiro Trimestre de 2011) 37 — Figura 11: Repartição dos Empréstimos Por Sector, 30 de Junho de 2011 37 — Figura 12: Repartição das Fontes de Financiamento, 30 de Junho de 2011 62 — Figura 13: Índice de Produção de Culturas (2004-2006=100) 63 — Figura 14: Rendimento Cerealífero em 2010 (Kg Por Hectare) 68 — Figura 15: Chegadas Internacionais 68 — Figura 16: Chegadas Internacionais – Actuais & Previstas 69 — Figura 17: Chegadas Por Região em 2010 69 — Figura 18: Chegadas Por País em 2010 69 — Figura 19: Razão da Entrada em 2010 69 — Figura 20: Chegadas Por Mês em 2010 73 — Figura 21: Redes Ferroviárias em Angola em 2010 75 — Figura 22: Movimentação de Contentores no Porto de Luanda em 2009 IV — Perfil do Sector Privado do País Agradecimentos O Angola PSPP 2012 foi preparado pela consultora francesa Alexandra Marchand com Estefanía Jover e Anthony Lopes Pinto, consultores do escritório angolano da sociedade financeira pan-africana Imara Holdings Limited. A revisão por pares contou com Septime Martin, Catarina Soares da Cunha, Joel Daniel Muzima, Felisberto Mateus e Luís Magalhães. As questões relativas ao relatório devem ser remetidas ao Escritório de Angola do Banco Africano de Desenvolvimento. O Angola PSPP 2012 foi financiado pelo French Trust Fund. Perfil do Sector Privado do País — V ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS AF Ano Fiscal ANIP Agência Nacional Para o Investimento Privado AOA Moeda angolana Kwanza BAD Banco Africano de Desenvolvimento BAI Banco Africano de Investimentos BCI Banco de Comércio e Indústria BDA Banco de Desenvolvimento de Angola BESA Banco Espírito Santo Angola BFA Banco de Fomento de Angola BIC Banco BIC Angola BIOCOM Companhia de Bioenergia de Angola BM Banco Mundial BMA Banco Millennium Angola BMF Banco BAI Micro Finanças BNA Banco Nacional de Angola BNI Banco de Negócios Internacional BPA Banco Privado Atlântico BPC Banco de Poupança e Crédito BPD Barris por dia BPE Barris de petróleo equivalente CEIC Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica CFB Caminhos-de-Ferro de Benguela CFL Caminhos-de-Ferro de Luanda CFM Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes CIF Fundo Internacional da China CIRC Central de Informação de Risco de Crédito CMC Comissão do Mercado de Capitais CNFI Comissão de Negociação de Facilidades e Incentivos CRIP Certificado de Registo de Investimento Privado VI — Perfil do Sector Privado do País ABBREVIATIONS AND ACRONYMS DERP Documento de Estratégia de Redução da Pobreza EBITDA Resultados antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações EDEL Empresa de Distribuição de Electricidade EDGE Taxa de Transferência de Dados Melhorada para a Evolução do GSM ENE Empresa Nacional de Electricidade FAD Fundo Africano de Desenvolvimento FAO Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação FEM Fórum Económico Mundial FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola FMI Fundo Monetário Internacional FND Fundo Nacional de Desenvolvimento FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola GA Governo de Angola GMT Hora Média de Greenwich GPRS Serviço Geral de Pacotes por Rádio GUE Guichet Único da Empresa IDA Instituto de Desenvolvimento Agrário IDPAA Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal e da Aquicultura IDT Índice de Desenvolvimento das TIC IED Investimento Estrangeiro Directo IFI Instituições Financeiras Internacionais INACOM Instituto Angolano das Comunicações INE Instituto Nacional de Estatística IPC Índice de Preços no Consumidor IRSE Instituto Regulador de Electricidade ISS Instituto de Supervisão de Seguros LDA Limitada MINADERP Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas MINEA Ministério da Energia e Águas Perfil do Sector Privado do País — VII ABBREVIATIONS AND ACRONYMS MINEC Ministério da Economia MINHOTUR Ministério da Hotelaria e Turismo MPLA Movimento Popular de Libertação de Angola MPME Micro, Pequenas e Médias Empresas NIF Número de Identificação Fiscal OMC Organização Mundial do Comércio OMS Organização Mundial de Saúde OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PERT Projecto Executivo para a Reforma Tributária PIB Produto Interno Bruto PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPP Parcerias Público-Privadas PSPP Perfil do Sector Privado do País RDH Relatório de Desenvolvimento Humano SA Sociedade Anónima SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral SAPP Pool de Energia da África Austral SBA Acordo de Stand-by ou Acordo de Crédito Contingente do FMI SIGPE Sistema Integrado de Gestão Patrimonial do Estado SIMINCO Sistema de Informação Integrado do Ministério do Comércio SINOPEC Companhia Petroquímica da China SONANGOL Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola SONILS Serviços Integrados de Logística da Sonangol TEU Unidade Equivalente a 20 Pés TIC Tecnologias de Informação e Comunicação UA União Africana UE União Europeia UMTS Sistema Universal de Telecomunicações Móveis UNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento VIII — Perfil do Sector Privado do País UNITA União Nacional para a Independência Total de Angola USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional USTDA Agência para o Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos Perfil do Sector Privado do País — 1 Síntese Em Abril de 2012 Angola celebrou o décimo aniversário do acordo de paz que pôs fim a 27 anos de uma guerra civil devastadora e inaugurou um período de crescimento económico rápido e sustentável, impulsionado pela produção de petróleo e as exportações. Com uma taxa de crescimento anual do PIB superior a 11.6% ao longo da última década, Angola classifica-se como uma das economias com crescimento mais rápido do mundo. Muito do seu crescimento pode ser atribuído directamente ao desenvolvimento dos sectores petrolífero e do gás. Angola surgiu como o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana depois da Nigéria, produzindo aproximadamente 1.7 milhões de barris por dia em 2011. Além disso, as águas profundas e ultraprofundas da Bacia do Kwanza, até então sem licenças de exploração petrolífera atribuídas, são consideradas dos mais promissores reservatórios de crude do mundo, com o potencial de aumentar significativamente a capacidade de produção de Angola. Com diversas novas descobertas por companhias petrolíferas estrangeiras envolvidas na prospecção das costas de Angola, as perspectivas para o sector permanecem positivas e o inventário das reservas de petróleo será provavelmente revisto em alta no futuro. Angola dispõe também das segundas maiores reservas de gás natural em África (297 mil milhões de metros cúbicos). A fábrica de Gás Natural Liquefeito (LNG) no Soyo, no Norte de Angola, representa o principal esforço do país para comercializar e desenvolver os seus recursos de gás natural. já em curso, impulsionado pelos avanços nas redes ferroviárias e rodoviárias e por alterações fundamentais na legislação do sector mineiro que conferem maior protecção aos investidores. Apesar da economia de Angola permanecer fortemente dependente dos recursos de petróleo, gás e minerais do país, o seu rápido crescimento permitiu uma expansão orçamental e uma mudança positiva na procura doméstica que tem impulsionado outros sectores da economia. Com uma taxa de crescimento anual do PIB superior a 11.6% ao longo da última década, Angola classifica-se entre as economias com as mais rápidas taxas de crescimento do mundo. A indústria diamantífera é a segunda maior matéria- Um desenvolvimento importante tem sido o aprofundamento e alargamento do sistema financeiro angolano. O crédito ao sector privado aumentou e o índice de penetração bancária registou avanços. O rácio padrão de crédito total sobre o PIB, que em 2003 se mantinha em 5%, era de 22% em 2011. No entanto, não existe um mercado de valores, o mercado monetário dispõe de prima de exportação de Angola depois do petróleo. No entanto, são igualmente abundantes outros minerais como ouro, baritina, ferro, cobre, cobalto, granito e mármore. O passo no sentido da diversificação da base de mineração de Angola para além dos diamantes está poucos instrumentos transaccionáveis, a penetração das instituições de microfinanças permanece baixa e as disparidades regionais altas. Os avanços futuros irão exigir melhorias no contexto do crédito e o incentivo às instituições bancárias e não-bancárias no sentido 2 — Perfil do Sector Privado do País de expandirem o financiamento ao sector privado. Desenvolver a capacidade do sector financeiro para intermediar fundos para investimentos produtivos será crucial para impulsionar o crescimento não-petrolífero no sector privado. O sector segurador também tem demonstrado um forte crescimento, nomeadamente no segmento Não Vida. O mercado segurador angolano é actualmente o sexto maior em África. No entanto, a ausência de um mercado de capitais nacional limita o desenvolvimento do sector de fundos de pensões. Angola tem o terceiro maior mercado doméstico para bebidas alcoólicas na África subsaariana, depois da África do Sul e da Nigéria. Cuca, o maior fabricante angolano de cervejas - parcialmente detido pelo gigante das bebidas francês Grupo BGI (Castel) – alcançou um êxito enorme e expandiu as suas operações nos últimos anos. Não obstante, o mercado não dispõe ainda da oferta necessária e a discrepância é colmatada com importações. A Refriango, uma empresa de bebidas angolana que começou a produzir em 2005, conquistou o mercado local, ostentando uma extensa carteira de marcas reconhecidas; a empresa tem ambições de expansão regional e internacional. Embora a guerra tenha causado severos danos na rede fixa de telecomunicações de Angola, os avanços tecnológicos na esfera das telecomunicações móveis conduziram a uma melhoria significativa no acesso a serviços de telecomunicações em todo o país. Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África subsaariana com perto de 13 milhões de subscritores de telemóveis. No entanto, apesar das reformas no sector o actual nível de concorrência no mercado permanece baixo. O sector da construção presta uma contribuição muito importante para a economia doméstica, e tem aumentado de forma estável a sua quota no PIB de 3.5% em 2003 para uns estimados 8.9% em 2012. O sector foi fortemente atingido pelos pagamentos públicos em atraso em 2009/10 mas o financiamento prestado através do Acordo de Crédito Contingente do FMI, combinado com a recuperação dos preços do petróleo, permitiu o acerto de todos os pagamentos públicos no final de 2011. Os enormes investimentos na reabilitação e expansão de estradas, linhas ferroviárias, portos e aeroportos estão a transformar as infra-estruturas do país e a exercer um efeito positivo na produtividade do sector privado. Não obstante, o fornecimento de electricidade é ainda um problema sério, tanto para as famílias como para as empresas. Apesar dos investimentos substanciais no sector eléctrico, a capacidade produtiva permanece bastante deficiente em relação às necessidades, constituindo uma das maiores barreiras à expansão e diversificação da actividade do sector privado. Estima-se que dois terços das empresas angolanas depende dos seus próprios geradores, facto que encarece drasticamente os custos de produção. Custos de produção altos afectam a competitividade das empresas angolanas e atrasam o desenvolvimento da indústria local. Embora a economia de Angola permaneça fortemente dependente dos recursos de petróleo, gás e minerais do país, o seu rápido crescimento permitiu uma expansão orçamental e uma mudança positiva na procura doméstica que está a impulsionar outros sectores da economia. A agricultura é há muito o gigante adormecido da economia angolana. Angola tem profusa terra agrícola, um clima favorável e, ao contrário da maioria dos países na África subsaariana, abundantes recursos hídricos. Não obstante, Angola é um importador líquido de alimentos. Diversas iniciativas tanto do sector público como do privado visam revitalizar a produção agrícola e, actualmente, a agricultura é um dos sectores com crescimento mais rápido no país. A procura de mais, melhor e mais diversificada oferta proveniente de produtores locais também deverá aumentar à medida que as empresas procuram obter uma proporção cada vez maior das suas matérias-primas no Perfil do Sector Privado do País — 3 mercado doméstico. O sector tem igualmente beneficiado do crescimento sustentado do nível de rendimentos per capita da população, da melhorias nas infra-estruturas, do aparecimento de centros de distribuição e da presença crescente de grupos agro-industriais O sector agrícola é uma prioridade estratégica do governo, uma vez que se espera que este desempenhe um papel importante na redução das dispendiosas importações alimentares e no aumento do emprego nos próximos anos. Ao mesmo tempo que o comércio informal se mantém generalizado por todo o país, registou também um forte crescimento no sector retalhista formal. A última década assistiu ao aparecimento de diversos retalhistas organizados, com o desenvolvimento de diversos hipermercados enormes. As mudanças demográficas e no perfil dos consumidores, a crescente urbanização, as melhorias na infra-estrutura e o aumento do número de marcas internacionais disponíveis no mercado angolano têm impulsionado os desenvolvimentos nesta área. O sector de Hospitalidade e Turismo apresenta perspectivas animadoras. A oferta de hotéis em Luanda registou melhorias nos últimos anos, embora não exista ainda nenhum hotel de marca internacional na cidade. Os hotéis em Luanda prestam os seus serviços nomeadamente a viajantes em negócios, uma vez que o turismo internacional é ainda restrito em virtude dos controlos de imigração e dos preços elevados. No entanto, o turismo interno por locais e expatriados residentes tem crescido. A indústria de hospitalidade é ainda menos desenvolvida fora de Luanda, com potenciais oportunidades de investimento. Angola tem conquistado grandes avanços na década que se seguiu ao fim da guerra. Embora o país tenha, sem dúvida, beneficiado de condições favoráveis nos mercados de matérias-primas mundiais, a exploração dos seus recursos minerais é apenas parte da história. O desempenho económico de excepção de Angola nos últimos anos é tanto o reflexo da melhoria da estabilidade política e macroeconómica do país, como é a consequência de preços de petróleo favoráveis. E a prosperidade petrolífera tem sido estrategicamente investida na promoção do crescimento de outras áreas da economia. Não obstante, Angola é uma das sociedades com mais desigualdades do mundo e existe uma necessidade gritante de apressar a diversificação económica e de aumentar as oportunidades de emprego do país. O sector privado tem um papel central a desempenhar neste processo. No entanto, continua a ser manifestamente difícil operar em Angola e a economia do país permanece altamente dependente do investimento público. Embora o Governo de Angola esteja activamente a impulsionar várias iniciativas concebidas para criar um ambiente empresarial mais competitivo que promova o desenvolvimento empresarial e que estimule o crescimento, há ainda muito para fazer. O futuro de Angola depende na continuação de uma diversificação bem-sucedida da sua actividade económica. 4 — Perfil do Sector Privado do País Descrição Geral do País Introdução O presente Angola - Perfil do Sector Privado do País (PSPP) apresenta uma actualização do anterior PSPP, produzido pela primeira vez em 2009 pela empresa de consultoria Aria Consult. Desde a última publicação do PSPP, tiveram lugar mudanças significativas nos quadros regulatório, administrativo e legal que afectaram directa e indirectamente o ambiente empresarial no país e criaram a base para mais crescimento em sectoreschave da economia, como sejam: banca, mineração, seguros, construção e agricultura. Este relatório reflecte essas mudanças e apresenta informação essencial sobre o desenvolvimento do sector privado em Angola. O relatório começa por apresentar uma visão geral do país com informação sobre o sistema político, o sistema legal, população, economia e informação dirigida aos visitantes empresariais. Segue-se uma análise compreensiva do ambiente empresarial com a apresentação das principais mudanças regulamentares, tais como a nova reforma do código fiscal que se prevê terá um impacto enorme nas receitas do país. Os sectores-chave da economia são em seguida especificados através da apreensão dos desenvolvimentos e das oportunidades de investimento neles ocorridos. Por último, são apresentadas recomendações para as principais estratégias de desenvolvimento do sector privado. A informação apresentada neste estudo será valiosa para empreendedores angolanos com informação económica vital para a criação de empresas e para uma maior criação de emprego para a população em geral e para a juventude em particular. O relatório fornece aos investidores estrangeiros informação primordial para o investimento directo no país. O estudo contribui ainda para o conhecimento das actividades do Banco Africano de Desenvolvimento em Angola, particularmente depois da recente abertura de um escritório local no país. Os dados em Angola e sobre Angola são escassos. O último censo populacional teve lugar em 1970 e a maioria dos dados demográficos baseia-se em estimativas e projecções. O próximo censo está previsto ter lugar em 2013. De modo a fornecer informação actualizada e reunir dados essenciais, foram conduzidas 30 entrevistas com todos os participantes do sector privado (funcionários e agências governamentais, sociedade civil, intervenientes do sector privado, comunidade académica, doadores, embaixadas estrangeiras). As contribuições para este relatório são gratamente reconhecidas. Foi desenvolvida ainda uma pesquisa documental exaustiva de forma a complementar o estudo no terreno e a apresentar um relatório actualizado sobre este país em rápida mudança. A informação apresentada neste estudo será valiosa para empreendedores angolanos com informação económica vital para a criação de empresas e para uma maior criação de emprego para a população em geral e para a juventude em particular. Perfil do Sector Privado do País — 5 HISTÓRIA RECENTE SISTEMA POLÍTICO Angola ganhou a sua independência da dominação portuguesa em 1975, depois de 14 anos de guerra anticolonial. Pouco depois, o país entrou num período de guerra civil violenta e intermitente que se estendeu por 27 anos e causou um milhão de mortos e mais de 4 milhões de deslocados. Em Abril de 2012 assinalou-se a primeira década de paz e de estabilidade política do país. A República de Angola é um Estado unitário com um regime presidencialista multipartidário. Tem por base a Constituição adoptada a 5 de Fevereiro de 2010. Tem oficialmente três ramos independentes: executivo, legislativo e judicial. Após a independência, o governo liderado por Agostinho Neto, o primeiro Presidente do país e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), lutou pela supremacia contra os outros dois movimentos de libertação: a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). O conflito assumia diferentes dimensões. Opunha os camponeses rurais da UNITA às elites urbanas do MPLA; baseava-se em diferentes linhas étnicas e grupos geográficos; e era também uma guerra que envolvia potências estrangeiras – a União Soviética e Cuba apoiavam o pró-Marxista MPLA, enquanto os Estados Unidos, a África do Sul do Apartheid e a China patrocinavam a UNITA. Em Abril de 2012 assinalouse a primeira década de paz e de estabilidade política do país. Em 1992, uma primeira tentativa de paz foi feita com a introdução de eleições legislativas. O MPLA venceu as eleições mas os resultados foram contestados por Jonas Savimbi, líder da UNITA – apesar das eleições terem sido consideradas livres e justas pelos observadores internacionais. O país volta a mergulhar num período de intenso conflito. Em 1994, o Protocolo de Lusaka é assinado. Pretendia integrar e desarmar a UNITA e edificar a reconciliação nacional mas foi um fracasso. Só em 2002, a quando da morte de Jonas Savimbi, conhece o conflito o seu fim. O Memorando de Entendimento do Luena é celebrado e a UNITA torna-se um partido político não-armado. As primeiras eleições legislativas desde o fim da guerra tiveram lugar em 2008; o MPLA alcançou uma vitória esmagadora com 82% dos votos – numas eleições pacíficas consideradas justas pelos observadores – assegurando 191 dos 220 assentos na Assembleia Nacional. O Presidente dos Santos foi subsequentemente re-eleito como líder do partido no congresso do MPLA em Dezembro de 2009. Seguiu-se uma nova constituição, aprovada no princípio de 2010. Esta estabeleceu um sistema presidencialistaparlamentar segundo o qual o Presidente angolano deixa de ser eleito pelo voto popular, passando em lugar disso a ser eleito indirectamente pela Assembleia Nacional. Foi definido um limite de dois mandatos presidenciais de cinco anos. Angola é considerada como tendo um sistema presidencialista forte. O Presidente é simultaneamente Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas. A Constituição concede ainda vastos poderes ao Presidente da República, incluindo: • Nomear e exonerar o Vice-Presidente da República, Ministros de Estado, Ministros, Vice-Ministros e Secretários de Estado. • Nomear e exonerar todos os Governadores Provinciais. • Nomear e exonerar o Governador Nacional do Banco Central. • Nomear os juízes do Tribunal Supremo após consulta do Conselho Superior da Magistratura Judicial. • Nomear e exonerar o Procurador-Geral e o ViceProcurador-Geral da República. • Nomear os membros do Conselho Superior da Magistratura Judicial. • Nomear e exonerar os embaixadores e acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros. 6 — Perfil do Sector Privado do País O governo é composto pelo Presidente José Eduardo dos Santos (desde 21 de Setembro de 1979); Vice-Presidente Fernando "Nando" da Piedade Dias dos Santos (desde 2 de Fevereiro de 2010); três ministros de Estado – para a defesa e segurança, assuntos civis e coordenação económica; o Conselho de Ministros; ministros; viceministros; e secretários de Estado. O país está dividido em 18 governos provinciais (Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cuando-Cubango, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Cunene, Huambo, Huíla, Luanda, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Moxico, Namibe, Uíge, Zaire). Existem 163 municipalidades e 532 comunas. A Assembleia Nacional é formada por uma câmara única com 220 assentos. Os seus membros são eleitos por voto proporcional para servirem mandatos de 4 anos. À data da elaboração deste relatório, as próximas eleições legislativas estão agendadas para 31 de Agosto de 2012. O MPLA deverá assegurar outra vitória abrangente, renovando o mandato do Presidente dos Santos. A idade legal para votar é de 18 anos. O MPLA domina o Parlamento. O principal partido da oposição é a UNITA com 16 dos 220 assentos, estando os restantes 13 assentos divididos entre três partidos mais pequenos. O veterano da UNITA, Abel Chivukuvuku, afastou-se recentemente da UNITA e formou um novo partido (Convergência Ampla de Salvação de Angola, CASA). SISTEMA LEGAL O sistema legal baseia-se no direito civil e direito consuetudinário português mas carece ainda de eficiência e eficácia. O ramo judicial é composto pelo Tribunal Constitucional; Tribunal Supremo; Tribunal de Contas; Supremo Tribunal Militar; os juízes de todos os tribunais são nomeados pelo Presidente. Os tribunais municipais e provinciais operam ao nível da primeira instância e o Tribunal Supremo ao nível da apelação. O Tribunal Constitucional lida exclusivamente com o exame de matérias de constitucionalidade. A legislação, bem como todos os Decretos Presidenciais e Despachos, são publicados no Diário Oficial (conhecido como: Diário da República). POPULAÇÃO E PADRÕES SOCIAIS População A população de Angola está estimada em 19.6 milhões (estimativa de 2011) com uma taxa de crescimento anual da população de 2.7%, um valor que é superior à média do subcontinente africano. Existem três grupos etnolinguísticos principais: Ovimbundu (37%), Kimbundu (25%) e Bakongo (13%). Outros grupos incluem Chokwe, Lunda, Ganguela, Nhaneca-Humbe, Ambo, Herero e Xindunga. Além destes, existe uma população mestiça (europeia e africana) que representa cerca de 2% e uma pequena população branca (1%). A população angolana é extremamente jovem, 48% tem menos de 15 anos e apenas 2% tem 65 anos ou mais. A idade média é de 18 anos. A esperança de vida é de 51 anos. Luanda é a capital e a principal cidade do país. A sua população está estimada em 5.8 milhões pelo Instituto Nacional de Estatística angolano, cerca de 30% da população total, e está em rápida expansão. Durante a guerra, um influxo de população que fugia do conflito nas zonas rurais deslocou-se em busca de protecção para os centros urbanos. Actualmente a taxa de urbanização em Angola é de 59%. Outras cidades importantes são: Lubango, Huambo, Lobito, Benguela, Kuito-Bié e Cabinda. Língua O português é a língua oficial de Angola. Mais de 80% dos angolanos fala português. Além de numerosos dialectos, Angola possui mais de vinte línguas nacionais. Umbundu é a segunda língua mais falada e está presente na região centro-sul do país. Religião Mais de 50% da população é Cristã (Católicos Romanos 38% e Protestantes 15%); as crenças locais contabilizam 47% da população. Perfil do Sector Privado do País — 7 Educação A literacia da população adulta é de 70%. Os anos de escolaridade esperados são 9.1 e a média de anos de escolaridade para a população adulta é de 4.4. A educação primária estende-se por seis anos e é obrigatória para crianças entre os seis e os nove anos. O sistema de ensino secundário divide-se em dois ciclos de três anos cada, conduzindo às Habilitações Literárias. Existe um sistema educativo técnico paralelo dividido em três anos de ensino vocacional (após a instrução primária) e quatro anos de ensino médio técnico (após a nona classe). Existem 16 colégios e universidades públicas, além de um aumento das universidades privadas (actualmente 22 são oficialmente reconhecidas). Existe uma universidade estatal, a Universidade Agostinho Neto. Apesar do acesso à educação ter melhorado nos últimos anos, a qualidade permanece uma preocupação. O desenvolvimento de Angola depende fortemente de investimentos no sector da educação. Saúde A malária é um dos principais problemas de saúde em Angola com 3.68 milhões de casos registados em 2010. A malária é também a principal causa de morte, doença e absentismo, particularmente entre a população com menos de cinco anos no país. Angola possui também a mais elevado taxa de doença diarreica do mundo. A prevalência de HIV/SIDA em Angola é uma das mais baixas na África subsaariana, embora tenha aumentado desde o fim do conflito em consequência do regresso de refugiados, da abertura das fronteiras e do aumento do comércio e das deslocações. Por último, o Governo de Angola (GA) envidou esforços para eliminar a transmissão da poliomielite após o surgimento de novos focos nos últimos anos. Padrões de vida Os padrões de vida em Angola são baixos apesar de um PIB per capita de US$ 5.146 em 2011. O país ocupa a posição 148 de um total de 187 países no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas (ONU), não obstante as melhorias constantes em termos de desenvolvimento humano; Angola permanece na categoria de baixo desenvolvimento humano com um valor de 0.486 em 2011. De acordo com o IDH, 54.3% da população ainda vive abaixo da linha de pobreza de US$ 1.25 por dia. Mas de acordo com os cálculos do INE e recorrendo a uma mediação com uma linha de pobreza de AOA 4.793 (cerca de US$ 50) por mês, a incidência da pobreza manteve-se em 36.6% da população em 2008. O acesso ao abastecimento de água melhorada era de 50% em 2010, desagregado em 38% no meio rural e 60% no meio urbano (BM, 2012). Angola permanece sendo uma das sociedades com maiores desigualdades, com um coeficiente de Gini de 58.6. As despesas sociais representam e continuarão a representar o principal gasto do governo com 32.9% da despesa total de 2011, superior ao limite de 30% imposto pelo Acordo de Crédito Contingente (ou Acordo de Stand-by, SBA) do Fundo Monetário Internacional (FMI). ECONOMIA Angola tem uma economia próspera e um dos índices de crescimento mais rápidos, com uma taxa de crescimento média do PIB real de 11.6% ao longo da última década (Figura 1). Desde o fim da guerra, a estabilidade política aliada ao aumento da produção petrolífera e das exportações e à alta dos preços internacionais do petróleo criaram as condições necessárias para um rápido crescimento económico. Uma boa gestão macroeconómica contribuiu também para reduzir consideravelmente a inflação de mais de 100% em 2002 para cerca de 13% desde 2006. A entrada massiva de receitas do petróleo financiou os ambiciosos esforços de reconstrução de Angola e estimulou o desenvolvimento de um sector privado não-petrolífero. Figura 1: Taxa de Crescimento do PIB 2002-2011 (variação % anual) FONTE: FMI Apesar disso, Angola permanece altamente dependente do sector petrolífero. Perto de 80% das receitas fiscais 8 — Perfil do Sector Privado do País públicas são provenientes do petróleo. Este último representa aproximadamente 98% das exportações e é a principal fonte de investimento estrangeiro directo (IED). Este contexto torna a economia angolana altamente susceptível às condições comerciais e aos choques financeiros – uma situação sentida no país em virtude da crise financeira global. O colapso dos preços do petróleo na segunda metade de 2008 levou a uma descida das receitas fiscais, reduziu as reservas em moeda estrangeira e conduziu à desvalorização do Kwanza. A taxa de crescimento real do PIB passou de 13.8% em 2008 para apenas 2.4% em 2009. Deparando-se com necessidades financeiras avultadas, o governo de Angola abordou o FMI em 2009, assegurando um SBA no valor de US$ 1.4 mil milhões que terminou em Março de 2012. A economia tem desde então recuperado positivamente das perturbações severas associadas ao colapso dos preços mundiais do petróleo no final de 2008: os pagamentos em atraso nacionais foram liquidados, a taxa de câmbio estabilizada, a inflação aproxima-se agora de um dígito e a posição orçamental melhorou significativamente. Com reservas devendo alcançar um valor recorde de US$ 33.8 mil milhões em 2012 e com os contínuos e elevados excedentes da balança de transacções correntes previstos, o GA dispõe de mais poder de fogo para defender a sua moeda do que aquele de que dispunha em 2008-09. O FMI prevê que o crescimento real do PIB em Angola atinja os 9.7% em 2012. Perto de 80% das receitas fiscais públicas são provenientes do petróleo. Este último representa aproximadamente 98% das exportações e é a principal fonte de investimento estrangeiro directo (IED). Não obstante este crescimento se dever fundamentalmente à produção e exportação de crude, esta situação permitiu também uma expansão orçamental e uma mudança positiva na procura doméstica. Juntas, estas tendências estimularam outros sectores da economia, incluindo os serviços financeiros, construção, indústria e a agricultura. Além disso, paralelamente às importantes reservas de petróleo e gás, o país dispõe de outros recursos naturais valiosos. É o quinto produtor de diamantes do mundo e possui reservas de minério de ferro, cobre, feldspato, ouro, bauxite e urânio. Energia hidroeléctrica, pesca, silvicultura e agricultura são alguns dos sectores sub-explorados que apresentam um enorme potencial económico de desenvolvimento. Perfil do Sector Privado do País — 9 TABELA 1: INDICADORES-CHAVE ECONÓMICOS FONTE: FMI, DADOS E ESTIMATIVAS 2008 2009 2010 2011e 2012e Produto Interno Bruto (US$ mil milhões) 84.2 75.5 82.5 100.9 117.0 Produto Interno Bruto Real (variação %) 13.8 2.4 3.4 3.4 9.7 Sector Petrolífero 12.3 -5.1 -3.0 -5.6 10.9 Sector Não-Petrolífero 15.0 8.1 7.6 8.8 9.0 Produto Interno Bruto per capita (US$) 4,671 4,082 4,329 5,146 5,788 Inflação IPC (variação %, fim do período) 13.2 14 15.3 11.4 10.0 Balanço orçamental (% do PIB) 8.9 -4.9 6.8 12.6 10.5 17,499 12.621 17.327 25,030 33,848 5.1 4.4 5.1 6.3 7.9 • Dívida pública externa (incl. FMI) 16.5 20.0 19.0 15.6 12.5 • Total da dívida (externa + interna) 31.5 36.3 35.0 28.7 22.3 Reservas internacionais líquidas (US$ mil milhões) Reservas internacionais brutas (meses de exportações) Dívida (% do PIB): TABELA 2: COMPOSIÇÃO DO PIB (%) FONTE: ORÇAMENTO DE ESTADO 2012 2009 2010 2011 2012 Agricultura, Silvicultura e Pesca 10.4 10.1 10.2 12.2 Petróleo e Gás 45.6 45.6 46.6 38.8 Diamantes 0.9 1.0 0.8 0.9 Indústria 6.2 6.3 6.5 7.3 Electricidade 0.1 0.1 0.1 0.2 Construção 7.7 8.1 7.9 8.9 Serviços 21.2 21.0 20.4 23.3 Outros 7.8 7.4 7.4 8.1 10 — Perfil do Sector Privado do País COMÉRCIO O petróleo domina as exportações do país e é sobretudo destinado à China (40%), aos Estados Unidos (18.9%) e à Índia (9.8%). Por outro lado, 95% dos bens de consumo são importados, incluindo o petróleo. As principais importações são maquinaria e equipamentos, petróleo e metal. Os principais parceiros de importação são Portugal (14.3%), os Países Baixos (11.3%), a China (10%) e os Estados Unidos (9.2%). Figura 2: Principais Parceiros de Importação em 2010 (US$ milhões) FONTE: INE Figura 3: Principais Parceiros de Exportação em 2010 (US$ milhões) FONTE: INE Angola é membro da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) mas o GA decidiu desenvolver as suas infra-estruturas antes mesmo de abrir o seu mercado à SADC. Angola não demonstra qualquer interesse em entrar num Acordo de Parceria Económica (APE) com a União Europeia (UE), uma vez que actualmente beneficia de um acordo preferencial de “Tudo Menos Armas” livre de responsabilidades. Angola e os EUA não dispõem de um acordo de investimento bilateral mas assinaram um Acordo-Quadro de Comércio e Investimento (TIFA) de modo a disporem de um fórum de apreciação de assuntos comerciais e de ajuda ao desenvolvimento das relações comerciais e de investimento. Reflectindo preços de petróleo dinâmicos, Angola reportou um excedente comercial equivalente a US$ 45.63 mil milhões em 2011 (Tabela 3). A expectativa geral é de que este saldo suba ainda mais em 2012, dado que a alta dos preços do petróleo e a exportação crescente do mesmo ultrapassam confortavelmente o crescimento rápido continuado das importações. Perfil do Sector Privado do País — 11 TABELA 3: BALANÇA COMERCIAL (US$ MIL MILHÕES) FONTE: INE, BAD, CUA, CEA 2007 2008 2009 2010 2011 Balança comercial 30,74 42,93 17,00 34,49 45.63 Exportações 44,40 63,91 40,64 52,63 66.43 Importações 13,66 20,98 23,64 18,14 20.80 TABELA 4: COMPOSIÇÃO DAS IMPORTAÇÕES (US$ MILHÕES) FONTE: INE 2009 2010 2010 (em %) 23,643 18,143 100% Maquinaria/Equipamentos 5,117 4,444 24.5% Petróleo 3,639 3,105 17.1% Metais 2,704 2,371 13.1% Veículos/Peças 4,383 2,036 11.2% Agricultura 1,846 1,749 9.6% Alimentos 1,339 1,025 5.7% Químicos 1,053 782 4.3% Minerais e Mineração 707 597 3.3% Plásticos e Borrachas 637 459 2.5% Equipamento Óptico e de Precisão 316 300 1.7% Téxteis e Vestuário 455 300 1.7% Papel e Celulose 252 221 1.2% Calçado e Couros 141 107 0.6% Madeira e Cortiça 119 81 0.4% Outros 937 566 3.1% TOTAL 12 — Perfil do Sector Privado do País RELAÇÕES INTERNACIONAIS Entre 1975 e 1989, Angola estava alinhada com a União Soviética e Cuba. Desde então, o país tem melhorado as suas relações com países ocidentais e reforçado as suas ligações com outros países de expressão portuguesa. Em 2006, Angola foi aceite no cartel da OPEP (a qual presidiu em 2009) e participou na Cimeira do G8 em 2009. Em 2011, Angola assume a presidência do grupo económico regional com 15 membros, SADC. Angola é membro de cerca de vinte organizações internacionais e regionais incluindo: • Banco Africano de Desenvolvimento (1980) • União Africana (1975) • Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (membro fundador, 1996) • Comunidade Económica dos Estados da África Central • Fundo Monetário Internacional (1989) • Organização dos Países Exportadores de Petróleo (2007) • Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (detém a presidência até Setembro de 2012) • Mercado Comum da África Oriental e Austral • Comissão do Golfo da Guiné (sede em Luanda) • Nova Parceria para o Desenvolvimento de África • Organização das Nações Unidas (1976) • Banco Mundial (1989) • Organização Mundial do Comércio (1996) Segue-se uma breve análise das principais relações internacionais de Angola. China O fim da guerra civil de Angola em 2002 coincidiu com o lançamento da política de expansão ("Going Out policy") da China, quando empresas chinesas privadas e estatais começaram a procurar aceder a novos mercados. Ao longo da última década, a China conseguiu conquistar uma posição proeminente na economia de Angola. As relações sino-angolanas caracterizam-se, por um lado, pela crescente sede chinesa por petróleo e por músculo financeiro; e, por outro, pela necessidade de reconstrução e pela crescente produção de crude de Angola. Angola é actualmente o principal parceiro comercial da China em África, ao mesmo tempo que a China substituiu os Estados Unidos enquanto principal parceiro comercial de Angola. Em 2006, Angola foi aceite no cartel da OPEP (a qual presidiu em 2009) e participou na Cimeira do G8 em 2009. A cooperação oficial chinesa com Angola, e com África em geral, é dominada por empréstimos concessionais disponibilizados pelos seus principais bancos para a construção ou reabilitação de infraestruturas. O governo chinês estendeu oficialmente linhas de crédito a Angola através de vários dos seus bancos estatais de investimento (“policy banks"). A primeira linha de crédito oficial chinesa para Angola data de 2002. No entanto, o primeiro empréstimo suportado pelo petróleo foi assinado com o Exim Bank em 2004. Este tipo de assistência financeira, assegurada pelo acesso chinês aos recursos naturais angolanos, traz amarrada a compra de bens e a participação de empreiteiros chineses. Outras importantes linhas de crédito chinesas para Angola foram canalizadas através do Fundo Internacional da China (CIF), uma joint-venture sediada em Singapura entre a Sonangol e investidores privados de Hong Kong, conhecidos como o grupo de 88 Queensway. Entre outros projectos, o CIF tem estado envolvido na reabilitação das três linhas ferroviárias nacionais e do novo aeroporto de Luanda. No sector petrolífero, a participação chinesa tem sido conduzida pelo investimento directo das companhias petrolíferas nacionais chinesas. A Companhia Petroquímica da China (Sinopec) adquiriu a sua primeira participação num bloco petrolífero angolano pouco depois da assinatura da primeira linha de crédito do Exim Bank, em Março de 2004. Mais recentemente foram-lhe concedidas participações minoritárias em dois novos blocos de exploração Perfil do Sector Privado do País — 13 petrolífera cuja concessão foi entregue à Cobalt e à BP em Dezembro passado. Portugal A União Europeia (UE), constituída por 27 Estadosmembros, é o segundo parceiro económico mais importante de Angola e Portugal permanece sendo o principal parceiro comercial do país. As empresas portuguesas têm uma forte presença nos sectores da construção e da banca. Portugal é igualmente um importante exportador de produtos alimentares e bebidas, artigos esses particularmente bem-acolhidos entre os angolanos locais graças aos laços históricos e culturais entre os dois países. Angola é o principal investidor em Portugal com actividades que vão desde a energia, às telecomunicações e banca. As raízes culturais portuguesas são profundas e, fruto de décadas de imigração líquida durante a guerra civil, existe um elevado número de descendentes angolanos a viver em Portugal de forma permanente. Actualmente, Angola é um destino para os cidadãos portugueses em busca de emprego. Um protocolo bilateral para facilitar a emissão de vistos foi assinado entre os dois países em Setembro de 2011. Estados Unidos da América Os Estados Unidos e Angola estabeleceram relações diplomáticas formais em 1993. O sector da energia está no centro das relações angolano-americanas. Sublinhando a importância estratégica do petróleo angolano para a política de segurança energética dos Estados Unidos foi a visita oficial da Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em Agosto de 2009. Igualmente digna de nota foi a recepção do Presidente dos Santos pelo Presidente Obama na Casa Branca, em Washington DC, em 2010. Desde o fim da guerra civil em 2002, os objectivos da política externa dos Estados Unidos em Angola têm sido promover e fortalecer as instituições democráticas de Angola, promover a prosperidade económica, melhorar a saúde e consolidar a paz e a segurança. Os Estados Unidos participaram ainda em parceria com Angola na remoção de minas terrestres e no apoio aos refugiados de guerra e deslocados no seu regresso a casa. O Ex-Im Bank norte-americano dispõe de uma linha de crédito de apoio às exportações norteamericanas para Angola. A Câmara de Comércio Estados Unidos-Angola dedica-se à promoção do comércio e investimento entre os dois países. A Missão dos Estados Unidos em Angola inclui a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) que se estabeleceu em Luanda em 1996. Além desta, uma variedade de agências federais desenvolve actividade em Angola, tais como o Departamento do Tesouro que aconselha o Governo de Angola em assunto de gestão da dívida. Índia As exportações da Índia para Angola e os seus investimentos neste país cresceram consideravelmente desde 2002. O comércio bilateral que era apenas de US$ 150 milhões em 2005-06 ultrapassou os US$ 4.3 mil milhões durante 2009-10. Os principais items de exportação para Angola incluem tractores, veículos, maquinaria e implementos agrícolas, produtos farmacêuticos e de cosmética, chá, arroz Basmati, alimentos, bebidas espirituosas e outras, couro acabado, papel e produtos madeireiros, e produtos petrolíferos. A principal importação da Índia proveniente de Angola é o crude. África do Sul As relações com a África do Sul têm sido reforçadas nos últimos anos graças à relação próxima entre o Presidente dos Santos e o Presidente Jacob Zuma, que escolheu Angola para a sua primeira visita oficial na qualidade de Presidente da África do Sul. Ambos os países assinaram diversos acordos comerciais que incluíam a cooperação no sector petrolífero, para permitir à companhia petrolífera estatal sul-africana PetroSA e à angolana Sonangol trabalharem conjuntamente em projectos petrolíferos, bem como nas áreas de exploração, refinaria e distribuição de petróleo. O sector mineiro angolano é também de interesse para as companhias mineiras sulafricanas. A renovação das relações África do Sul-Angola é um indicador de uma nova era para a região austral de África, com duas potências regionais a cooperarem diplomaticamente e a promoverem o comércio regional. Brasil Angola tem fortes laços históricos, culturais e económicos com o Brasil. Cerca de 30 empresas brasileiras operam em Angola, incluindo empresas de renome como a Petrobrás, Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. As empresas brasileiras são responsáveis por alguns projectos de infraestrutura importantes em Angola, de que é exemplo a barragem hidroeléctrica de Capanda no Rio Kwanza. O Banco do Brasil tem também uma representação em Luanda. A visita de Estado inaugural 14 — Perfil do Sector Privado do País da Presidente brasileira Rousseff a Angola teve lugar em Outubro de 2011, durante a qual se fez acompanhar por vários ministros de alto-nível e por uma delegação comercial. O Brasil tem três linhas de crédito com Angola para financiar a exportação de bens e serviços. Existe uma pequena mas evidente comunidade de cidadãos brasileiros em Angola, que consiste fundamentalmente de imigrantes e expatriados do Brasil. Estima-se que existam 5.000 brasileiros registados em Angola. A Embaixada brasileira em Luanda processa 500 vistos por semana para angolanos que desejam visitar o Brasil. Angola, através da Sonangol, a companhia petrolífera estatal, também investiu fortemente no sector petrolífero brasileiro, como parte da sua estratégia de expansão internacional. O rápido crescimento económico de Angola não passou despercebido; vários países de África à Europa e à América Latina têm procurado aprofundar as suas relações comerciais com Angola nos últimos tempos. Reino Unido O Reino Unido abriu a sua embaixada em Luanda em 1978 e Angola mantém uma embaixada em Londres desde a década de 1980. Angola é considerada de importância estratégica para as necessidades energéticas britânicas e o Reino Unido tem procurado re-envolver-se com o país. Em Março de 2009, o governo britânico reabriu a sua linha de crédito para exportações com Angola, com um valor até US$ 70 milhões para investimentos inteiramente privados. A British Petroleum (BP) é uma das principais companhias petrolíferas em Angola. O Standard Chartered, um dos maiores bancos britânicos, dispõe de uma posição privilegiada perante a Sonangol Finance Limited. Por último, a Lonrho, o grupo investidor britânico, está activo nos sectores angolanos de transporte aéreo e agricultura. A companhia petrolífera nacional angolana Sonangol e a companhia aérea de bandeira TAAG têm escritórios em Londres. De salientar ainda o facto de existir um elevado número de angolanos a estudar em instituições universitárias no Reino Unido, incluindo em Manchester como parte de um programa de formação da Sonangol. França A relação franco-angolana é geralmente associada ao infame escândalo Angolagate que expôs negócios sombrios entre funcionários governamentais franceses e angolanos. Nicolas Sarkozy fez a sua parte para reacender as relações diplomáticas quando embarcou numa visita de Estado em 2008 e, desde então, a parceria entre os dois países tem-se fortalecido. Existem cerca de 70 empresas francesas a operar em Luanda e cerca de 2.500 cidadãos franceses a trabalhar em Angola. A companhia petrolífera francesa Total é um dos mais importantes produtores de petróleo presentes em Angola. O envolvimento da Total nas águas profundas e ultra-profundas da bacia do Kwanza significará um investimento na região dos US$ 2 a 3 mil milhões por ano. As empresas francesas estão igualmente presentes no sector não-petrolífero. A Castel, que permaneceu em Angola durante a guerra, é um dos accionistas maioritários da empresa nacional de cervejas Cuca. O francês Calyon Bank emitiu um empréstimo a três anos de US$ 1.5 mil milhões que foi avançado à Sonangol Finance em Julho de 2009. A marca Renault está igualmente a penetrar no mercado angolano. Outros países O rápido crescimento económico de Angola não passou despercebido; vários países de África à Europa e à América Latina têm procurado aprofundar as suas relações comerciais com Angola nos últimos tempos. Diversas empresas alemãs trabalham, investem e financiam projectos em Angola. O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, visitou a Alemanha em 2009 e a Chanceler Angela Merkel retribuiu com uma visita a Angola em 2011. Em 2012, foi criada uma Comissão Bilateral de Cooperação entre Angola e a Alemanha com o propósito de rever a cooperação existente e de identificar outras áreas de cooperação. Angola é o segundo maior fornecedor africano de crude a Espanha, depois da Nigéria. Espanha exporta produtos manufacturados, maquinaria, ferramentas e bens agroindustriais para Angola. Tal como no caso de Portugal, Angola tem vindo a tornar-se cada vez mais um destino Perfil do Sector Privado do País — 15 importante para os jovens espanhóis que fogem à recessão económica vivida naquele país. A Argentina está igualmente determinada em aumentar o seu comércio com Angola. Uma missão comercial composta por 300-400 delegados argentinos visitou Angola em Março de 2012. Seguiu-se uma visita oficial da Presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, ao seu homólogo angolano logo dois meses mais tarde. Angola foi o primeiro país africano a ser visitado pela Presidente argentina. A sua visita foi organizada em conjugação com uma feira de produtos argentinos, com a finalidade de reforçar a cooperação bilateral. A Argentina poderá disponibilizar know-how e expertise na área da agricultura e agronegócio, uma prioridade de desenvolvimento central para Angola. Em troca, Angola poderia vender gás a este país da América Latina. CONSELHOS PARA VISITANTES VISTOS Três tipos principais de vistos podem ser usados para trabalho, entrada ou permanência em Angola: Vistos Ordinários Permitem a entrada em Angola por razões familiares ou de desenvolvimento de negócios. Não permitem o exercício de qualquer actividade remunerada ou a residência no país. Os vistos ordinários deverão ser solicitados no consulado do país de origem ou de residência e utilizados no prazo de sessenta dias após a sua emissão. Permitem uma estadia de trinta dias, extensível duas vezes por igual período de tempo. Vistos de Trabalho Os vistos de trabalho são atribuídos para permitir a cidadãos estrangeiros não-residentes a entrada em Angola com vista a exercer, temporariamente, uma actividade profissional remunerada. Os vistos de trabalho dividem-se em diferentes categorias, segundo os sectores de actividade: Tipo Actividade A Concedidos para trabalho numa instituição ou empresa pública. B Concedidos para trabalho independente, como prestador de serviços, ou em actividades relacionados com o desporto ou a cultura. C Concedidos para trabalho nos sectores petrolífero, mineiro ou de construção. D Concedidos para trabalho nos sectores do comércio, indústria, pesca, marítimo e aeronáutico. E Concedidos para trabalho integrado em acordos de cooperação. F Concedidos para trabalho em qualquer outro sector não previsto nos parágrafos anteriores. Os vistos de trabalho deverão ser utilizados no prazo de sessenta dias após a sua emissão, permitindo múltiplas entradas e a permanência até ao termo do contrato de trabalho. O visto de trabalho pode ser concedido até ao fim do contrato de trabalho, com um período de tempo mínimo de três meses e um período máximo de 36 meses, de acordo à duração do contrato, excepto nos casos de trabalho ocasional o qual deverá ter uma duração máxima inferior a 90 dias. Vistos Privilegiados Os vistos privilegiados destinam-se aos investidores, representantes ou advogados de uma empresa investidora, e são concedidos pelas Missões Diplomáticas Consulares de Angola. Permitem a entrada em Angola de acordo a uma proposta de investimento aprovado, nos termos da Lei de Investimento Privado. Dependendo do tipo de visto, pode ser concedida autorização de residência. Os vistos privilegiados deverão ser utilizados no prazo de sessenta dias após a sua emissão, permitindo múltiplas entradas e a permanência por um período de tempo de cento e oitenta dias. Os vistos privilegiados estão divididos em diferentes categorias, de acordo com o tamanho do investimento: Tipo Investimento A Investimento superior ou equivalente a US$ 50 milhões ou um Investimento na área de investimento C. 16 — Perfil do Sector Privado do País B Investimento inferior ou equivalente a US$ 50 milhões e superior a US$ 15 milhões. C Investimento inferior ou equivalente a US$ 15 milhões e superior a US$ 5 milhões. D Investimento inferior ou equivalente a US$ 5 milhões. Apesar das informações disponibilizadas nesta secção, os viajantes são encorajados a confirmar com a embaixada relevante e a consultar o website dos Serviços de Migração e Fronteiras angolanos (www.sme.ao) para informação mais actualizada. Residentes de países com acordos bilaterais com Angola poderão ser eligíveis para outros tipos de vistos, como sejam vistos ordinários de múltiplas entradas para estadias mais prolongadas. Por último, os viajantes são aconselhados a dar início ao pedido de visto várias semanas antes da sua visita, uma vez que os vistos podem tardar a ser autorizados. Vacinas A vacina da febre-amarela é exigida a todos os viajantes. Expediente Comercial Segunda a Sexta, das 08h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00 Sábado das 08h30 às 12h30 Ano Fiscal 1 de Janeiro – 31 de Dezembro Feriados Oficiais 1 de Janeiro Ano Novo 4 de Fevereiro Dia do Início da Luta Armada 8 de Fevereiro Carnaval 8 de Março Dia Internacional da Mulher 4 de Abril Dia da Paz e da Reconciliação Nacional 6 de Abril Sexta-Feira Santa 1 de Maio Dia Internacional do Trabalhador 17 de Setembro Dia do Fundador da Nação e dos Heróis da Nação 2 de Novembro Dia de Finados 11 de Novembro Dia da Independência 25 de Dezembro Natal Os feriados nacionais que coincidam com um sábado ou domingo são transferidos para a segunda-feira seguinte. Moeda A unidade monetária é o Kwanza (AOA) que se divide em 100 unidades designadas cêntimos. A taxa oficial de câmbio a 31 de Julho de 2012 era a seguinte: Moeda AOA $1 95.10 €1 119.65 £1 149.33 Fuso horário A hora padrão angolana é GMT+1. Pesos e Medidas Angola utiliza o sistema métrico Clima em Luanda A estação das chuvas estende-se entre Outubro e Abril; a estação seca é de Maio a Setembro. Os Verões são quentes e secos, enquanto os Invernos são temperados. Meses mais quentes: Fevereiro-Março, temperatura máxima média 28ºC; Meses mais frios: Julho-Agosto, temperatura mínima média 23ºC, pluviosidade média anual de 400 mm. Perfil do Sector Privado do País — 17 Ambiente Empresarial Clima empresarial O ambiente empresarial em Angola é desafiante. Situada na posição 172 de um total de 183 economias, Angola classifica-se abaixo de diversos outros países da África subsaariana no Índice Doing Business do Banco Mundial (Figura 4), que mede a facilidade para fazer negócios no sector privado. O ambiente empresarial em Angola é ambíguo e deficitário em termos de: obtenção de alvarás de construção, obtenção de acesso à electricidade, registo de propriedades, acesso ao crédito, pagamento de impostos, execução de contratos, resolução de insolvência de empresas e comércio além-fronteiras. educação superior e formação, eficiência do mercado laboral, desenvolvimento do sector financeiro, disponibilidade tecnológica, dimensão do mercado, sofisticação empresarial e inovação. A Figura 5 retrata a classificação de Angola contra as cinco economias melhor posicionadas e as economias africanas de referência. Figura 5: Desafios de Competitividade de Angola Figura 4: Como Angola e economias de referência se classificam em termos de facilidade para fazer negócios FONTE: FEM, RELATÓRIO DE COMPETITIVIDADE GLOBAL 2011/12 FONTE: BANCO MUNDIAL, DOING BUSINESS 2012 Angola recebeu uma classificação comparativamente baixa (139 de um total de 142 economias) no Relatório de Competitividade Global de 2011/12 do Fórum Económico Mundial. O relatório avalia as economias segundo 12 pilares de competitividade, a saber: instituições, infra-estrutura, ambiente macroeconómico, saúde e educação básica, Além de um ambiente empresarial difícil, a corrupção é frequentemente uma realidade em países ricos em petróleo. No seu índice de 2011, a organização mundial anti-corrupção Transparency International classificou Angola entre os 16 países mais permeáveis à corrupção (na posição 168 de 178 países), posicionando o país abaixo do Zimbabué e ao mesmo nível que a República Democrática do Congo (RDC). No entanto, o GA tem tomado uma série de medidas para promover 18 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 5: ANGOLA NO ÍNDICE DE FACILIDADE PARA FAZER NEGÓCIOS FONTE: BANCO MUNDIAL, DOING BUSINESS 2012 Classificação de Angola em 2012 (de um total de 183 economias) Média Regional (África subsaariana) Abertura de empresas 167 123 Obtenção de alvarás de construção 115 112 Obtenção de electricidade 120 122 Registo de propriedades 129 119 Acesso ao crédito 126 110 Protecção de investidores 65 112 Pagamento de impostos 149 115 Execução de contratos 181 117 Resolução de insolvência 160 127 10 tópicos cobertos na classificação: a transparência, incluindo a publicação pela primeira vez das auditorias anuais do BNA e da Sonangol, bem como a disseminação de relatórios de execução orçamental trimestrais. Além disso, o Presidente dos Santos declarou tolerância zero à corrupção no governo. A este respeito, foram adoptadas duas importantes leis em 2010: uma definindo e estabelecendo sanções para o branqueamento de capitais; e outra sobre probidade pública. Esta última estabelece sanções penais pelo uso de bens públicos para proveito próprio e por aceitação de subornos, e define normas sobre conflitos de interesse e divulgação. No entanto, na prática, os interesses públicos e privados permanecem interligados. das empresas angolanas e atrasam o desenvolvimento da indústria local. Enquanto Angola importa quase tudo, as exportações resumem-se quase exclusivamente a petróleo e diamantes. Apenas 2% das empresas angolanas exporta para o exterior (ibid). Considerando a alta proporção de insumos estrangeiros usados na produção, o bom funcionamento das agências aduaneiras é essencial na cadeia de fornecimento. No entanto, importar em Angola é dispendioso, burocrático e lento quando comparado com o Botsuana, a Zâmbia, a África do Sul ou a Namíbia (BM, 2012). Em termos de custo e de tempo necessário ao desalfandegamento das importações, Angola está abaixo da média da África subsaariana. A participação do sector privado na economia é igualmente prejudicada pelo elevado custo das transacções. Luanda frequentemente assume a posição mais alta em sondagens sobre o custo de vida dos expatriados. Uma electricidade deficitária, redes de transporte precárias e recursos humanos frágeis elevam o custo da produção local, significando que muitas vezes é menos dispendioso importar bens do que produzi-los localmente. Em virtude disso, estima-se que 68% das empresas angolanas ainda dependem de insumos importados (MINEC, 2011). Os elevados custos de operação afectam a competitividade O desenvolvimento infra-estrutural de Angola sofreu atrasos em virtude da prolongada guerra civil. A inadequação das infra-estruturas representa desafios importantes para as empresas que operam no país. Entretanto, Angola tem demonstrado um forte compromisso em financiar a reconstrução e a expansão da sua infra-estrutura, um gesto fundamental para dar um primeiro impulso à sua economia não-petrolífera. No entanto os desafios persistem. Por exemplo, apesar da ampliação da capacidade de produção de electricidade, estima-se que dois terços das empresas angolanas ainda dependem dos seus próprios Perfil do Sector Privado do País — 19 geradores, provocando assim um aumento considerável dos seus custos de produção. Um documento de trabalho do BM sobre o assunto intitulado: ‘As infra-estruturas de Angola, uma Perspectiva Continental’ conclui que o principal desafio actual de Angola envolve ir além do investimento para fortalecer e optimizar o ambiente político e institucional de supervisão da infra-estrutura. Outra restrição ao desenvolvimento do sector privado assenta no sector financeiro. O sector bancário angolano cresceu rapidamente e os indicadores-chave melhoraram nos últimos anos. Não existe, no entanto, um mercado de acções e o mercado monetário dispõe de escassos instrumentos transaccionáveis. Por outro lado, o acesso aos serviços financeiros permanece limitado. A taxa de penetração da banca em 2010 estava estimada em 20%. Este valor relativamente baixo é parcialmente explicado pelos complexos procedimentos administrativos associados à abertura de contas bancárias e à obtenção de empréstimos. Adicionalmente, a penetração das instituições de microfinanças permanece baixa. A falta de acesso à banca coincide com uma elevada liquidez no sector bancário. O crédito líquido sobre depósitos manteve-se em 57% em 2010. Em vez de concederem créditos, os bancos em Angola preferem cobrar taxas pelas transacções, oferecer financiamentos a curto prazo ao comércio e investir em obrigações de dívida pública de rendimento elevado. Apesar de Angola ser um ambiente difícil onde fazer negócios, tal deve ser medido em relação às oportunidades significativas oferecidas pela rápida expansão da sua economia. Em resposta a estas afirmações, as instituições financeiras dizem que lhes é difícil identificar mutuários com um bom risco de crédito, em virtude da inexistência de parâmetros-quadro de contabilidade e de informação em matéria de crédito. Uma execução contratual deficiente e a ausência de garantias representam igualmente uma restrição à expansão do crédito. Nos últimos anos, registaram-se avanços significativos na melhoria do sistema financeiro em Angola. No entanto, conferir maior profundidade aos serviços financeiros irá implicar melhorar o contexto dos empréstimos e encorajar as instituições financeiras bancárias e as não-bancárias a estenderem o financiamento ao sector privado. Desenvolver a capacidade do sector financeiro para intermediar fundos para investimentos produtivos será crucial para impulsionar o crescimento não-petrolífero no sector privado. Outras restrições de relevo à participação do sector privado na economia incluem: (i) rigidez do mercado laboral, as empresas queixam-se frequentemente de um défice de trabalhadores qualificados e da dificuldade em contratar expatriados e; (ii) um sistema legal precário e fragmentado. A legislação oferece uma protecção básica em caso de disputas burocráticas e administrativas mas é um processo dispendioso e complexo. As empresas demonstram uma confiança relativamente baixa nos tribunais, considerados parciais, corruptos e desprovidos de capacidade coerciva. Os tribunais são ainda atingidos pela falta de pessoal qualificado, podendo os processos judiciais prolongar-se por diversos anos. Em virtude disso, as empresas dão frequentemente preferência à arbitragem em detrimento da litigação em tribunal. Todas as restrições descritas nesta secção dificultam a entrada e a concorrência no seio da economia local, encorajam a informalidade e alimentam as práticas de ‘procura de renda’ (rent seeking). Em virtude das barreiras burocráticas e políticas que atingem o sector privado serem ainda significativas, as empresas angolanas familiarizadas com as complexidades burocráticas e legais do ambiente empresarial apresentam uma vantagem em relação às empresas estrangeiras. Os estrangeiros interessados em desenvolver negócios em Angola são frequentemente aconselhados a associarem-se a um parceiro local. Os parceiros locais podem oferecer uma melhor integração nas redes locais, ajudar a ultrapassar obstáculos e a navegar em ambientes regulatórios complexos. No entanto, identificar o parceiro local certo não é tarefa fácil. Apesar de Angola ser um ambiente difícil onde fazer negócios, tal deve ser medido em relação às oportuni- 20 — Perfil do Sector Privado do País dades significativas oferecidas pela rápida expansão da sua economia. AMBIENTE REGULATÓRIO O ambiente regulatório altera os efeitos económicos, sociais e ambientais do desenvolvimento do sector privado. O desafio do governo é criar e manter a infraestrutura legal e institucional necessária à promoção do crescimento da iniciativa privada. O GA empenhou-se num esforço sem precedentes para modernizar vários aspectos do ambiente regulatório. Algumas das iniciativas mais importantes e das mudanças mais recentes são realçadas a seguir e exploradas em mais pormenor nas secções subsequentes. Projecto Executivo para a Reforma Tributária, PERT A reforma irá resultar numa completa revisão do anterior quadro tributário em vigor desde 1969, antes de Angola conquistar a independência de Portugal, mas será implementada gradualmente ao longo de vários anos. O objectivo geral da reforma é a diversificação da receita tributária, uma vez que a actual carga fiscal incide nomeadamente sobre o sector petrolífero. Outros objectivos relacionados são a obtenção de uma maior eficiência na cobrança das receitas tributárias e a integração de grande parte da economia informal no sector formal. Lei do Património Público Tanto a Lei do Património Público, promulgada em Agosto de 2010, como o Decreto Presidencial 177/10 estabelecem o regime legal para a inventariação dos Bens Patrimoniais Públicos. O Sistema Integrado de Gestão Patrimonial do Estado (SIGPE) tem estado a ser implementado desde 2008. Embora Angola registe bons progressos, o sistema foi concebido para incluir diversos módulos operacionais mas apenas o registo financeiro das aquisições de bens no exercício em questão está operacional desde 2004. As debilidades persistem em termos da desagregação dos bens em categorias; preparação de um inventário detalhado; avaliação do bem e correspondente enquadramento legal; e gestão do bem (isto é, cálculo da depreciação do bem e monitorização das transferências de bens patrimoniais públicos). A Lei do Património Público deverá aumentar a eficiência, reduzir os custos e promover a transparência e a obrigação de prestação de contas nos processos competitivos de licitação. Nova Lei do Investimento Privado Angola promulgou uma nova Lei do Investimento Privado (Lei n.º 20/11 de 20 de Maio de 2011) que terá um impacto significativo no investimento privado estrangeiro futuro. A nova lei aplica-se aos investimentos (domésticos e estrangeiros) com valor igual ou superior a US$ 1 milhão. A lei estatui ainda as condições para os incentivos a serem concedidos ao investimento que se considere acarretar um impacto económico benéfico e substancial. A lei não se aplica a investimentos na exploração petrolífera, exploração diamantífera, instituições financeiras ou qualquer outro sector sujeito a regime legal diferente. (Por favor consulte a secção ‘investimento estrangeiro’ do relatório para mais informações). Novo Código Mineiro A nova Lei do código mineiro (Lei n.º 31/11 de 23 de Setembro de 2011) substitui a legislação anterior decretada em 1992. Contém duas disposições principais: 1. Considerando que no passado os contratos de produção eram negociados apenas após uma descoberta viável; no âmbito da nova legislação, apenas um tipo de licença será concedido aos operadores, a qual irá incluir prospecção e produção. Os titulares de direitos mineiros têm o direito de comercializar o produto da exploração mineira (Artigo 188). 2. No passado, os direitos de exploração e comercialização eram concedidos apenas a parcerias entre empresas privadas e o Estado, devendo sempre o Estado reter o controlo maioritário. No âmbito da nova lei, porém, o envolvimento do Estado é ainda exigido mas definido a um mínimo de 10% (Artigo 11). O desafio do governo é criar e manter a infra-estrutura legal e institucional necessária à promoção do crescimento da iniciativa privada. Novo Regime Cambial para o Sector Petrolífero O governo aprovou nova legislação que obrigará as companhias petrolíferas (incluindo a Sonangol) a pagar Perfil do Sector Privado do País — 21 os seus impostos e outras transacções através do sistema bancário do país. O aumento de capital daí resultante para o sector bancário nacional estima-se que será da ordem dos US$ 20 mil milhões. A nova legislação será implementada por fases. No âmbito da primeira fase, que terá aplicação quando a lei entrar em vigor no final de 2012, será exigido às companhias petrolíferas o pagamento dos impostos devidos ao Tesouro angolano através de um banco local. No âmbito da fase final, as companhias petrolíferas que operam em Angola deverão recorrer aos bancos locais para efectuar todos os seus pagamentos, incluindo os pagamentos a fornecedores no exterior e a empreiteiros localizados fora de Angola. Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) Uma nova lei sobre Micro, Pequenas e Médias Empresas (Lei n.º 30/11 de 13 de Setembro de 2011) estabelece um quadro regulatório diferencial que visa promover o crescimento das MPME. A lei concede um tratamento diferencial às MPME e confere-lhes incentivos fiscais e tributários. Estabelecem-se igualmente regras de preferência em concursos públicos (25% do valor do contrato público é agora reservado às MPME). Serviços de assistência técnica ou de gestão prestados por Empresas Estrangeiras O Decreto Presidencial N.º 273/11 de 27 de Outubro de 2011 define os termos e condições a que está sujeita a prestação de serviços de assistência técnica e de gestão por empresas estrangeiras associadas. De acordo com este decreto, quaisquer contratos acima de US$ 300.000 estão sujeitos a aprovação pelo Ministério da Economia (MINEC). Contratos abaixo do limiar de US$ 300.000 exigem apenas o seu registo junto do MINEC. O decreto-lei define “contratação de serviços de assistência técnica estrangeira ou de gestão” e “entidade beneficiária residente” e estipula as cláusulas obrigatórias a serem incluídas em tais contratos. Contratos de tecnologia e a prestação de serviços por especialistas individuais estão excluídos do âmbito deste regulamento. A prestação de tais serviços no âmbito de empresas do sector público ou petrolífero/mineiro está sujeita a legislação específica. Os contratos celebrados antes da entrada em vigor deste regulamento permanecem válidos até à sua respectiva data de término, desde que sejam registados junto do MINEC no prazo máximo de 60 dias após a publicação deste decreto. Regulamentação cambial para o comércio internacional Um dos principais objectivos do Banco Nacionbal de Angola BNA é a redução do nível de dolarização da economia – e assim reduzir a vulnerabilidade da economia às flutuações do preço do petróleo. Nesse sentido, o GA reforçou a aplicação estrita da regulamentação cambial numa tentativa de aumentar o uso da moeda nacional nos pagamentos domésticos. A principal fonte legal para a regulamentação cambial é a Lei Cambial (Lei n.º 5/97) de 27 de Junho de 1997. A Lei Cambial regula as operações cambiais e o comércio cambial. As actividades de comércio (importação/exportação) estão sujeitas ao Decreto Presidencial n.º 265/10 de 26 de Novembro de 2010, enquanto as regras cambiais específicas relativas à liquidação das transacções de mercadorias estão incluídas no Aviso do BNA n.º 19/2012 de 19 de Abril de 2012. Os importadores devem registar-se no Siminco (Sistema de Informação Integrado do Ministério do Comércio de Angola), uma plataforma online que reúne e processa dados sobre licenças de comércio internacional. Todas as liquidações de transacções de mercadorias devem ser efectuadas através de instituições bancárias locais. O Aviso do BNA fornece informação pormenorizada sobre os requisitos em termos de documentação e de prazos associados a tais transacções. Contudo, é de salientar que o montante agregado pré-pago pelo importador relativo a operações de importação não pode ser superior a 2,5 vezes o capital social do importador. Em resposta a esta medida, diversas empresas locais solicitaram recentemente o aumento do seu capital social. INVESTIMENTO ESTRANGEIRO A Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) angolana, criada em 2003, é a entidade governamental responsável pela implementação da política de investimento privado, bem como pela promoção, coordenação, orientação e supervisão dos investimentos privados. A recentemente aprovada Lei do Investimento Privado (Lei n.º 20/11 de 20 de Maio de 2011) define e rege o investimento privado em Angola, bem como os princípios de eligibilidade para os incentivos e benefícios concedidos pelo Estado angolano. A ANIP executa a política nacional de investimento de acordo com a Lei do Investimento Privado. 22 — Perfil do Sector Privado do País A Lei do Investimento Privado estabelece o limite mínimo do investimento autorizado em US$ 1 milhão. Significa que, apenas os investimentos (domésticos ou estrangeiros) acima ou nesse limiar podem ser processados através da ANIP, no âmbito da Lei do Investimento Privado. Embora existam canais alternativos para a aprovação de um investimento, apenas os investimentos autorizados pela ANIP permitem o repatriamento de dividendos. O investimento é sujeito a um contrato entre o Estado angolano - representado pela ANIP - e o investidor. Os incentivos e benefícios, que incluem o repatriamento de fundos de investimentos estrangeiros (por exemplo, dividendos e lucros, produtos de liquidação, importâncias que sejam devidas, e royalties), deduções fiscais, e a isenção de determinados impostos e obrigações aduaneiras, são acordados com a ANIP e outros ministérios do governo angolano, caso a caso. Para a determinação da concessão ou não de incentivos, são tomados em consideração os impactos económico e social do investimento, de acordo à estratégia de desenvolvimento económico estabelecido pelo executivo angolano. A lei define as seguintes áreas prioritárias para investimento privado: • Agricultura e pecuária. • Indústria, designadamente a produção de materiais de construção, produção de embalagens, ferramentas e acessórios, reciclagem de materiais ferrosos e não ferrosos, produção têxtil, vestuário e calcado, transformação de madeira e seus derivados, produção de bens alimentares, tecnologias de informação e comunicações. • Infra-estruturas de transporte. • Telecomunicações. • Indústria de pesca e derivados, incluindo a construção de embarcações e redes de pesca. • Energia e água. • Habitação social. • Saúde e educação. • Hospitalidade e turismo. A lei especifica que o repatriamento de dividendos deve ser efectuado gradual e proporcionalmente, tendo em conta a dimensão do investimento. O repatriamento de lucros é limitado no tempo. Dependendo do valor do investimento e da zona regional na qual o investimento é feito, os lucros poderão não ser repatriados até serem transcorridos dois ou três anos após a implementação efectiva do projecto. O procedimento de aprovação de um projecto de investimento tarda em média entre 220-250 dias (ver Tabela 6 para mais informação). A Lei do Investimento Privado não se aplica a investimentos nos sectores petrolífero, diamantífero ou financeiro, os quais estão sujeitos a legislação específica para o sector em questão. Políticas de Conversão e Transferência Tal como anteriormente referido, a nova Lei do Investimento Privado garante o repatriamento de lucros, podendo os investidores remeter os fundos através de bancos comerciais locais. No entanto, nos termos de legislação distinta (Banco Central, Aviso n.º 04/2003) o BNA deve autorizar pagamentos para o exterior acima de US$ 300.000. O BNA reserva-se igualmente o direito de suspender temporariamente o repatriamento de dividendos ou a requerer que o repatriamento seja escalonado no tempo caso o repatriamento imediato possa ter um efeito adverso na balança de pagamentos do país. Áreas reservadas de investimento O GA deverá ser um parceiro maioritário ou privilegiado nos projectos de infra-estrutura relacionados com o sistema de telecomunicações e os serviços postais. As seguintes áreas de investimento são igualmente reservadas exclusivamente ao GA: • Produção, distribuição e venda de armamento militar e materiais relacionados. • Banco central e assuntos relativos à moeda nacional. • Propriedade e administração de estruturas portuárias e aeroportuárias. Não-discriminação Com excepção de sectores específicos – como os meios de comunicação, o transporte aéreo, a exploração petrolífera e a exploração diamantífera – não existe nenhuma obrigação legal de associação do investidor estrangeiro com investidores nacionais. No entanto, a lei oferece incentivos Perfil do Sector Privado do País — 23 TABELA 6: PROCEDIMENTO PARA APROVAÇÃO DE INVESTIMENTOS COM A ANIP FONTE: LEI DO INVESTIMENTO PRIVADO; BANCO MUNDIAL; CLIFFOR CHANCE; KPMG Passos Procedimento 1 Apresentação da proposta completa à ANIP, incluindo um estudo de viabilidade técnica, económica e financeira e (se aplicável) uma avaliação de impacto ambiental. 2 Se a proposta estiver incompleta ou deficiente, a ANIP deverá informar o investidor, tendo este um período de 15 dias para completar ou corrigir a proposta. 3 A ANIP procede à apreciação da proposta, à negociação do contrato de investimento e à submissão da proposta às autoridades competentes para aprovação. Tempo de execução (em dias) 15 (se aplicável) 45 4 A ANIP submete a proposta de inventimento à Comissão de Negociação de Facilidades e Incentivos (CNFI) para proceder à análise e avaliação da proposta, e para negociar com o investidor os incentivos e benefícios solicitados. 30 5 A CNFI emite o seu parecer final relativo ao projecto de investimento. 10 5 (mas ainda dentro do prazo de 45 dias referido no ponto 3) 6 A ANIP emite um parecer pormenorizado para a CNFI 7 A proposta é então submetida para aprovação ao órgão competente. Investimentos com valor até US$ 10 milhões são aprovados pela ANIP. Investimentos com valor superior a US$ 10 milhões são aprovados pelo Executivo angolano. Investimentos acima de US$ 50 milhões podem também requerer a aprovação por uma comissão Presidencial ad hoc. 15 para aprovação pela ANIP. 30 dias para aprovação pelo Executivo. 8 No seguimento da aprovação da proposta de investimento, a ANIP procede à assinatura do contrato e confirma o estatuto de aprovação do investimento através da emissão do Certificado de Registo de Investimento Privado (CRIP). Os estatutos da empresa são publicados no jornal oficial (Diário da República). Caso o projecto seja rejeitado, a ANIP informa o investidor apresentando os motivos da sua rejeição. 30-120 9 A ANIP submete o CRIP ao BNA que emite uma licença de importação de capitais. 15 10 Abertura de uma conta bancária para proceder com o capital. 1 11 Registo legal. 5 24 — Perfil do Sector Privado do País e apoio às empresas de direito angolano com vista a incrementar a sua participação na economia. A Lei do Fomento do Empresariado Privado Nacional (Lei n.º 14/03 de 18 de Julho de 2003) concede direitos de preferência às empresas de direito angolano nos concursos públicos para fornecimento de bens, serviços e de empreitadas de obras públicas. No entanto, a falha na designação de uma agência ou órgão responsável pela sua execução tem dificultado a sua implementação (UNCTAD, 2010). De modo semelhante, a Lei da Contratação Pública (Lei n.º 20/10 de 7 de Setembro de 2010) concede tratamento preferencial em contratos públicos, com vista a promover o uso de produtos locais e/ou serviços prestados por nacionais ou residentes em Angola. Por último, um Decreto Presidencial (n.º 3/12 de 16 de Março de 2012) recentemente promulgado estabelece um quadro de incentivos para as companhias petrolíferas angolanas. ESTRUTURA EMPRESARIAL POSSÍVEL Uma empresa ou entidade comercial é uma pessoa jurídica cujo objectivo é desenvolver negócios. A Lei das Sociedades Comerciais (Lei n.º 1/04 de 13 de Fevereiro de 2004) especifica a tipicidade das sociedades, e as regras que regulam a incorporação de empresas em Angola. Escritório de representação Um escritório de representação é estabelecido com a única finalidade de zelar pelos interesses da firma estrangeira que representa, acompanhando e prestando assistência às operações de negócios dessa empresa em Angola. Um escritório de representação não dispõe de autoridade legal independente para fazer negócios em seu próprio nome. Pode dispor de um máximo de 6 empregados no seu quadro de funcionários. Uma vez que este tipo de organização está sujeita a um determinado número de restrições, não é recomendável para os investidores que pretendam desenvolver actividades económicas regulares e a longo-prazo em Angola. As sucursais As sucursais possuem plena autoridade jurídica para celebrar contratos comerciais. No decurso do registo, a empresa mãe atribui à sucursal um determinado montante para efeitos de capitalização. Uma sucursal opera de modo semelhante a uma empresa de direito angolano no que diz respeito a contratos com terceiros. Uma sucursal é qualificada como entidade legal não autónoma, embora seja considerada uma pessoa jurídica e possa ser processada ou alvo de acção legal em determinadas circunstâncias. Sociedade de direito angolano Uma sociedade de direito angolano pode constituirse como uma: (i) Sociedade em Nome Colectivo; (ii) Sociedade em Comandita simples; (iii) Sociedade em Comandita por acções; (iv) Sociedade Limitada ou LDA; ou (v) Sociedade Anónima ou SA. As formas mais comuns de entidades jurídicas utilizadas pelos investidores são a Sociedade Limitada e a Sociedade Anónima. Sociedade Limitada Uma LDA deve ter no mínimo dois sócios. O capital social mínimo exigido é o equivalente em moeda angolana (Kwanza) a US$ 1.000. O capital social divide-se em quotas e cada sócio representa uma porção do capital social. As entradas iniciais em dinheiro podem ser diferidas até 50%, por um máximo de 3 anos. Uma LDA nomeia uma Administração e uma Assembleia Geral. As formas mais comuns de entidades jurídicas utilizadas pelos investidores são a Sociedade Limitada e a Sociedade Anónima. Sociedade Anónima Uma SA requer um mínimo de cinco accionistas; caso um dos accionistas seja uma entidade pública, o número mínimo de accionistas é reduzido para dois. O capital social mínimo exigido é o equivalente em moeda angolana (Kwanza) a US$ 20.000. O capital social está dividido em acções. As contribuições podem ser deferidas até 70% do capital social, até um máximo de 3 anos. Uma SA nomeia uma Assembleia Geral, um Conselho de Administração e um Conselho Fiscal. Perfil do Sector Privado do País — 25 TABELA 7: PROCEDIMENTO PARA APROVAÇÃO DE INVESTIMENTOS NO GUE FONTE: DOING BUSINESS 2012, BANCO MUNDIAL Tempo de execução (dias) Passos Procedimento 1 Pesquisar um nome de empresa único. O nome da empresa pode ser verificado no Registo Comercial (Ficheiro Central de Denominações Sociais). Pedir o certificado de admissibilidade de denominação social no GUE. 1 2 Depositar o capital legalmente exigido e obter o comprovativo do depósito; pagar os custos inerentes ao registo. 1 3 Confirmar toda a documentação da empresa no GUE. 1 4 Obter um número de identificação fiscal (NIF), relativamente ao qual todos os impostos e taxas que deverão ser pagos são calculados, no GUE. 1 5 Submeter os documentos provisórios ao notário, registar a empresa e pagar as taxas de registo, no GUE. 4 6 Obter o Alvará Comercial do Ministério do Comércio. 60 7 Legalizar o inventário e o livro diário da empresa junto de uma Repartição de Finanças. 1* 8 Legalizar o inventário e o livro diário da empresa junto do tribunal provincial com jurisdição sobre a área da sede da empresa. 1* * EM SIMULTÂNEO COM O PROCEDIMENTO ANTERIOR. 26 — Perfil do Sector Privado do País Registar uma empresa O modo mais célere de registar uma empresa é via o Guichet Único da Empresa (GUE), criado em 2009 para simplificar os procedimentos de licenciamento. O BM realçou o facto de o GUE ter reduzido o tempo necessário para a constituição de uma empresa em dois meses, e que actualmente são necessários 68 dias para constituir uma empresa – 60 dos quais dispendidos para obter um Alvará Comercial do Ministério do Comércio. O custo para a constituição de uma empresa em Angola é de aproximadamente US$ 5.000. Este valor não inclui o depósito de capital inicial exigido por lei. RELAÇÕES LABORAIS E SEGURANÇA SOCIAL A inscrição na Segurança Social é obrigatória excepto no caso dos trabalhadores independentes e dos cidadãos estrangeiros que provem estar abrangidos por regime semelhante nos seus países de origem. A entidade empregadora deve reter 3% do salário bruto do empregado e pagar outros 8% adicionais. O pagamento de ambas as partes é da responsabilidade da entidade empregadora. A taxa de desemprego está estimada em cerca de 25% a nível nacional mas as estatísticas não são coincidentes, uma vez que o último censo teve lugar em 1970. MERCADO DOS VALORES MOBILIÁRIOS Angola não dispõe de uma bolsa de valores. Dito isto, a intenção de lançar uma bolsa de valores data de 2005. Diversas empresas solicitaram uma subscrição na bolsa de valores e algumas já são accionistas subscritoras. No passado, os lentos avanços nesta área foram atribuídos à crise financeira mundial, que reduziu o apetite político pelo desenvolvimento de uma bolsa de valores local. A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) é uma entidade autónoma sob a tutela do Ministério das Finanças que controla e supervisiona a Lei dos Valores Mobiliários (Lei n.º 12/05 de 23 de Setembro de 2005), que regula as transacções de todos os valores mobiliários que ocorram em território angolano. Em 2011 foi nomeado um novo Conselho de Administração da CMC. A Imara estima que uma bolsa de valores em Angola poderia valer US$ 38.8 mil milhões, representando 39% do PIB angolano de 2011. PRINCIPAIS TAXAS DE TRIBUTAÇÃO E ALTERAÇÕES À ESTRUTURA TRIBUTÁRIA O sistema tributário angolano tem sido alvo de reforma com vista à melhoria da arrecadação de impostos e ao alargamento da base tributária. Em seguida são apresentados alguns dos principais impostos e as suas respectivas taxas de tributação. Realçamos ainda as principais alterações introduzidas em virtude do PERT. Imposto Industrial Os rendimentos empresariais são tributados pelo imposto industrial, em que incorrem privados e entidades que desenvolvam qualquer tipo de actividade comercial. A taxa actual é de 35%. A taxa de tributação deverá ser reduzida para 30%, no âmbito do projecto de reforma tributária. No entanto, é ainda incerto quando entrará a reforma tributária em vigor. Além disso, a introdução de outras alterações propostas irá eliminar efectivamente lacunas na estrutura tributária e restringir a redução de custos para fins de tributação. Em virtude disso, a redução desta taxa de tributação poderá não resultar no pagamento de menos imposto pelas empresas de direito angolano. Impostos de Retenção na Fonte Espera-se que a Lei n.º 7/97 de 10 de Outubro de 1997 seja revogada quando o novo Código do Imposto Industrial entrar em vigor. Ao abrigo do regime actualmente em vigor, vários serviços como sejam assistência técnica (que não se classifique como uma royalty), gestão, consultoria e outros serviços como contabilidade, auditoria e construção estão sujeitos a imposto de retenção na fonte. As taxas de imposto de retenção aplicáveis são as seguintes: • Construção, melhoria ou preservação de bem imóvel - 3.5% do pagamento bruto; Perfil do Sector Privado do País — 27 • A prestação de serviços que incluem a assistência técnica, administração e serviços semelhantes – 5.25% do pagamento bruto. O Estatuto dos Grandes Contribuintes não está ainda em vigor, não sendo ainda claro se entrará em vigor. Este imposto é considerado um pagamento adiantado do imposto industrial no caso das empresas residentes, e como imposto final no caso das empresas não-residentes. Imposto sobre a Aplicação de Capitais Este imposto cobre mais-valias e outros rendimentos relativos ao capital como sejam juros, dividendos e royalties. As alterações ao Código do Imposto Industrial irão fazer aumentar o imposto de retenção na fonte para 6.5%, passando a haver igualmente novos itens sujeitos a tributação. Foram introduzidas diversas alterações na incidência, taxas e nos pressupostos de isenção aplicáveis ao tipo de rendimento da Secção A e Secção B sujeito a Imposto sobre a Aplicação de Capitais, como exposto em seguida: Contribuição para a Formação A taxa para a formação é uma contribuição obrigatória para a formação de quadros angolanos pertencentes a empresas do sector petrolífero. As empresas que prestem serviços a um operador petrolífero – no âmbito de um acordo com duração superior a um ano e cujos serviços a que se refere sejam prestados na sua totalidade em território angolano – estão sujeitas a uma taxa para formação de 0.5%. Esta taxa deve ser considerada uma taxa final. • 10% de imposto em juros de depósitos. Estatuto dos Grandes Contribuintes Foi introduzida nova legislação que se aplica aos grandes contribuintes, que representam uma parte significativa das receitas fiscais do país. A legislação define os critérios de classificação, direitos e obrigações deste novo grupo de contribuintes. Compete ao Ministério das Finanças a identificação, publicação e actualização da lista de contribuintes abrangidos por esta categoria. Será promovida uma relação de proximidade entre as autoridades fiscais e este grupo de contribuintes. Serão designados interlocutores para coordenar e gerir esta relação de proximidade. No âmbito do Estatuto dos Grandes Contribuintes, foi estabelecido um novo regime de preços de transferência para regular os pagamentos pelo contribuinte a entidades residentes e/ou estrangeiras. Esta medida irá regular e restringir as transacções internas entre empresas. A lei define igualmente as situações segundo as quais se presume a existência de "relações especiais" entre duas empresas (por exemplo, se as relações comerciais entre duas empresas representam mais de 80% do volume de operações, se ambas as empresas têm os mesmos directores ou gestores, etc). A medida irá afectar o cálculo dos rendimentos tributáveis. • 10% de imposto em juros de Bilhetes do Tesouro e em outros instrumentos emitidos pelo BNA. • 5% de imposto em juros dos instrumentos emitidos pelo BNA com maturidade igual ou superior a 3 anos. • 10% de imposto sobre instrumentos geradores de rendimento (por exemplo, acções, quotas). • Ganhos decorrentes da alienação de participações sociais são agora sujeitas a imposto a uma taxa de 10%. As isenções anteriormente previstas para a secção A são mantidas. Para a secção B, as isenções restringem-se às seguintes: • Lucros distribuídos por uma entidade com sede ou direcção efectiva em território angolano (se no cumprimento de vários requisitos); • Juros de instrumentos financeiros que se destinem a fomentar a poupança, devida e previamente aprovados pelo Ministério das Finanças (sujeitos a outras condições); • Juros decorrentes de contas poupança-habitação criadas por instituições financeiras, com o propósito de aquisição de habitação para uso próprio e permanente. A colecta deste imposto é feita em alguns casos por meio de uma taxa de retenção na fonte, ou cobrada pela entidade a quem é conferido o direito de receber o acima mencionado rendimento. Imposto de Consumo Taxas entre 2% e 30%. 28 — Perfil do Sector Privado do País Foi alargada a base de incidência em sede de imposto de consumo de modo a incluir, entre outros, os seguintes: serviços de consultoria, aluguer de veículos motorizados, serviços de segurança privada, serviços de turismo e viagens e serviços portuários, aeroportuários e de expedição. Como regra geral, estabelece-se que a liquidação do imposto de consumo recai sobre a entidade prestadora dos serviços ou bens. Não obstante, se os serviços acima mencionados forem obtidos de entidades não-residentes, a empresa beneficiária deverá auto-liquidar o imposto de consumo dos valores pagos e pagar o imposto às Autoridades Tributárias angolanas. A taxa de Imposto de Consumo aplicável aos serviços agora sujeitos a imposto varia entre 5% e 10%. Imposto do Selo • Operações de locação: 0.3%-0.4% • Arrendamento e subarrendamento: 0.4% • Trespasse de unidades empresariais: 0.2% • Letras de câmbio e outros títulos: 0.1%-1% • Utilização de crédito: 0.1%-0.5% • Garantias: 0.1%-0.3% • Comissões: 0.5%-0.7% • Seguros: 0.1%-0.4% Foram introduzidas alterações significativas ao Código do Imposto do Selo no que respeita à incidência, liquidação, encargo, isenções e obrigações acessórias. É igualmente introduzida uma nova norma de territorialidade que sujeita todas as operações ocorridas em território angolano a este imposto. A incidência do imposto é também alargada de modo a incluir as seguintes operações: (i) documentos, actos ou contratos emitidos ou celebrados fora do território nacional, sempre que sejam apresentados em Angola para quaisquer efeitos legais; (ii) operações de crédito realizadas e garantias emitidas fora de Angola a quaisquer entidades domiciliadas no país; (iii) juros, comissões e outras contraprestações cobrados por instituições de crédito ou financeiras sedeadas fora de Angola ou por subsidiárias ou sucursais estrangeiras de instituições de crédito angolanas, a quaisquer entidades domiciliadas em Angola; (iv) seguros contratados no estrangeiro mas cujo risco esteja localizado em Angola. Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho A taxa máxima actual é de 17%. A reforma tributária prevê novas taxas de até 35%. É esperada a introdução de diversas alterações pela reforma tributária em curso em sede de Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho. Os sujeitos passivos passarão a estar repartidos em três grupos distintos e o cálculo da base do imposto será feito em função dessa classificação. Deverão ser introduzidas alterações à incidência objectiva deste imposto, passando a incidir sobre o abono de família em montante que ultrapasse o limite máximo de 5% do ordenado base do trabalhador, os subsídios diários de alimentação e transporte até ao limite de AOA 25.000 do seu valor mensal agregado e as gratificações de férias e de Natal até ao limite de 100% do ordenado base do trabalhador. Perfil do Sector Privado do País — 29 Principais Sectores Empresariais Banca, Seguros e Micro-finanças BANCA O sistema financeiro angolano é dominado por bancos comerciais, com sectores de pensões e seguros extremamente pequenos. Desde a retomada da paz em 2002, o sector bancário angolano tem crescido rapidamente a partir de uma base pequena. O total do activo passou de US$ 2.9 mil milhões em 2003 para US$ 57 mil milhões em 2011. Isto faz do sector bancário angolano o terceiro maior da África subsaariana, depois da Nigéria e da África do Sul. O sector bancário angolano é composto por 23 bancos, incluindo três bancos detidos pelo Estado. Cerca de metade do sistema financeiro angolano está ligado a grupos bancários portugueses. O sector é altamente concentrado, com apenas alguns bancos a dominar o mercado. Os cinco maiores bancos (a saber, BAI, BESA, BFA, BIC e BPC) controlam mais de 80% do total dos activos bancários, depósitos e empréstimos. Dito isto, verifica-se uma tendência no sentido de uma maior diversificação dos produtos e serviços financeiros. Um estudo recente da KPMG revela que os cinco maiores bancos têm vindo a perder quota de mercado para outros intervenientes no sector. Em particular o BPA tem demonstrado um crescimento notável, posicionando-se como o 6º maior interveniente no mercado, à frente de outros bancos há mais tempo estabelecidos. O retorno sobre o património (ROE) e o retorno dos activos (ROA) para o sector bancário diminuíram de 27.5% e 3.0% em 2010 para 24.2% e 2.6% em 2011 (FMI, 2012b). TABELA 8: TAXAS COMPOSTAS DE CRESCIMENTO DO SECTOR BANCÁRIO EM ANGOLA FONTE: BFA, BNA, FMI, EMIS Ano Base Valor Base Valor Actual 2010* TCCA PIB nominal (US$ mil milhões) 2004 18.3 101.0 (2011) 33.0 Número de bancos 2002 9 23 12.4 Total do activo (US$ mil milhões) 2003 2.9 57 (2011) 45.1 Depósitos (US$ mil milhões) 2003 2.1 28 44.8 Empréstimos (US$ mil milhões) 2003 0.7 16 56.4 ATMs - Multicaixas 2004 85 1,250 56.5 TPAs 2004 173 12,140 103.1 Cartões de Débito / Crédito (US$ milhões) 2004 0.1 1.3 53.3 Transacções em ATMs (US$ milhões) 2004 1.4 61.2 87.7 30 — Perfil do Sector Privado do País FIGURA 6: DISTRIBUIÇÃO DO TOTAL DE ACTIVOS EM 2010 FIGURA 7: DISTRIBUIÇÃO DO TOTAL DE DEPÓSITOS EM 2010 FIGURA 8: DISTRIBUIÇÃO DO CRÉDITO TOTAL EM 2010 FIGURA 9: DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS LÍQUIDOS EM 2010 Perfil do Sector Privado do País — 31 TABELA 9: SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO: ACTIVOS E DEPÓSITOS (AF2010) FONTE: KPMG, ANÁLISE AO SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO 2011 ACRÓNIMO BANCO TOTAL DE ACTIVOS DEPÓSITOS AOA milhões US$ milhões AOA milhões US$ milhões 775,692.0 8,165.2 558,603.0 5,880.0 BAI Banco Africano de Investimentos BESA Banco Espírito Santo Angola 731,151.0 7,696.3 266,374.0 2,803.9 BPC Banco de Poupança e Crédito 671,058.0 7,063.8 431,411.0 4,541.2 BFA Banco de Fomento Angola 597,575.0 6,290.3 515,686.0 5,428.3 BIC Banco BIC 450,952.0 4,746.9 347,964.0 3,662.8 BPA Banco Privado Atlântico 178,932.0 1,883.5 147,182.0 1,549.3 BMA Banco Millennium Angola 123,570.0 1,300.7 72,004.0 757.9 SOL Banco Sol 120,428.0 1,267.7 108,479.0 1,141.9 BNI Banco de Negócios International 112,605.0 1,185.3 74,140.0 780.4 BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 92,780.0 976.6 65,901.0 693.7 BRK Banco Regional do Keve 44,147.0 464.7 34,659.0 364.8 FINIBANCO Finibanco Angola 15,153.0 159.5 11,282.0 118.8 VTB Banco VTB Africa 4,729.0 49.8 2,036.0 21.4 KWANZA INVEST Banco Kwanza de Investimento 1,299.0 13.7 n/a n/a BCI Banco de Comercio e Industria n/a n/a n/a n/a BCA Banco Comercial Angolano n/a n/a n/a n/a BAI MF Banco BAI Micro Finanças n/a n/a n/a n/a BDA Banco de Desenvolvimento de Angola n/a n/a n/a n/a BANC Banco Angolano de Negócios e Comercio n/a n/a n/a n/a STANDARD Standard Bank Angola n/a n/a n/a n/a BCH Banco Comercial do Huambo n/a n/a n/a n/a BPD Banco para Promoção e Desenvolvimento n/a n/a n/a n/a BVB Banco Valor n/a n/a n/a n/a 3,920,071.0 41,263.9 2,635,721.0 27,744.4 NOTA: AOA CONVERTIDO PARA US$ AO CÂMBIO OFICIAL DE 95:1. 32 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 10: SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO: EMPRÉSTIMOS E LUCROS (AF2010) FONTE: KPMG, ANÁLISE AO SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO 2011 ACRÓNIMO BANCO EMPRÉSTIMOS LUCROS LÍQUIDOS AOA milhões US$ milhões AOA milhões US$ milhões BAI Banco Africano de Investimentos 249,002.0 2,621.1 21,124.0 222.4 BESA Banco Espírito Santo Angola 349,537.0 3,679.3 30,489.0 320.9 BPC Banco de Poupança e Crédito 291,002.0 3,063.2 17,251.0 181.6 BFA Banco de Fomento Angola 155,565.0 1,637.5 24,068.0 253.3 BIC Banco BIC 190,514.0 2,005.4 13,160.0 138.5 BPA Banco Privado Atlântico 73,363.0 772.2 3,955.0 41.6 BMA Banco Millennium Angola 56,571.0 595.5 3,018.0 31.8 SOL Banco Sol 30,765.0 323.8 2,473.0 26.0 BNI Banco de Negócios International 57,360.0 603.8 2,948.0 31.0 BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 19,695.0 207.3 3,848.0 40.5 BRK Banco Regional do Keve 20,869.0 219.7 183.0 1.9 FINIBANCO Finibanco Angola 5,572.0 58.7 819.0 8.6 VTB Banco VTB Africa 629.0 6.6 893.0 9.4 KWANZA INVEST Banco Kwanza de Investimento n/a n/a 39.0 0.4 BCI Banco de Comercio e Industria n/a n/a n/a n/a BCA Banco Comercial Angolano n/a n/a n/a n/a BAI MF Banco BAI Micro Finanças n/a n/a n/a n/a BDA Banco de Desenvolvimento de Angola n/a n/a n/a n/a BANC Banco Angolano de Negócios e Comercio n/a n/a n/a n/a STANDARD Standard Bank Angola n/a n/a n/a n/a BCH Banco Comercial do Huambo n/a n/a n/a n/a BPD Banco para Promoção e Desenvolvimento n/a n/a n/a n/a BVB Banco Valor n/a n/a n/a n/a 1,500,444.0 15,794.1 124,268.0 1,308.1 NOTA: AOA CONVERTIDO PARA US$ AO CÂMBIO OFICIAL DE 95:1. Perfil do Sector Privado do País — 33 TABELA 11: SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO: ÍNDICES COMPARATIVOS E OUTRAS ESTATÍSTICAS (AF2010) FONTE: KPMG, ANÁLISE AO SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO 2011 RÁCIO ENTRE RECEITAS E CUSTOS RETORNO SOBRE O PATRIMÓNIO RETORNO DOS ACTIVOS CRÉDITO DE COBRANÇA DUVIDOSA / TOTAL DE EMPRÉSTIMOS ACRÓNIMO BANK BAI Banco Africano de Investimentos 31.8% 29.0% 2.8% 10.7% BESA Banco Espírito Santo Angola 21.2% 46.1% 4.7% n/a BPC Banco de Poupança e Crédito 32.1% 25.7% 3.1% 10.5% BFA Banco de Fomento Angola 33.3% 39.6% 4.3% 4.0% BIC BancoBIC 37.7% 25.2% 3.2% 2.0% BPA Banco Privado Atlântico 48.9% 24.7% 2.5% 3.7% BMA Banco Millennium Angola 53.2% 17.7% 2.8% 2.0% SOL Banco Sol 61.9% 30.5% 2.2% 6.8% BNI Banco de Negócios International 57.0% 21.1% 2.7% n/a BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 37.9% 16.6% 4.8% n/a BRK Banco Regional do Keve 87.0% 2.6% 0.5% 12.0% FINIBANCO Finibanco Angola 28.7% 28.5% 6.9% 10.7% VTB Banco VTB Africa 28.1% 50.5% 26.3% 3.4% KWANZA INVEST Banco Kwanza de Investimento 137.2% 5.9% n/a n/a BCI Banco de Comercio e Industria n/a n/a n/a n/a BCA Banco Comercial Angolano n/a n/a n/a n/a BAI MF BancoBAI Micro Finanças n/a n/a n/a n/a BDA Banco de Desenvolvimento de Angola n/a n/a n/a n/a BANC Banco Angolano de Negócios e Comercio n/a n/a n/a n/a STANDARD StandardBank Angola n/a n/a n/a n/a BCH Banco Comercial do Huambo n/a n/a n/a n/a BPD Banco para Promoção e Desenvolvimento n/a n/a n/a n/a BVB Banco Valor n/a n/a n/a n/a 34 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 11: SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO: ÍNDICES COMPARATIVOS E OUTRAS ESTATÍSTICAS (AF2010) FONTE: KPMG, ANÁLISE AO SECTOR BANCÁRIO ANGOLANO 2011 ACRONYM BANK NÚMERO DE NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS SUCURSAIS AUMENTO ANUAL DOS DEPÓSITOS AUMENTO ANUAL NOS LUCROS LÍQUIDOS BAI Banco Africano de Investimentos 1,427 75 -5.9% 2.3% BESA Banco Espírito Santo Angola 509 36 18.0% 81.0% BPC Banco de Poupança e Crédito 3,530 239 21.2% 38.5% BFA Banco de Fomento Angola 2,038 143 13.2% 21.0% BIC BancoBIC 1,290 135 14.5% -1.0% BPA Banco Privado Atlântico 263 11 34.1% 15.1% BMA Banco Millennium Angola 714 39 20.9% 89.9% SOL Banco Sol 763 86 20.9% -16.0% BNI Banco de Negócios International 375 37 49.0% -2.1% BCGTA Banco Caixa Geral Totta de Angola 289 n/a 53.4% -5.0% BRK Banco Regional do Keve 305 29 35.0% -84.3% FINIBANCO Finibanco Angola 74 n/a 109.6% 34.8% VTB Banco VTB Africa n/a n/a 118.1% 1297.9% KWANZA INVEST Banco Kwanza de Investimento n/a n/a n/a n/a BCI Banco de Comercio e Industria n/a n/a n/a n/a BCA Banco Comercial Angolano n/a n/a n/a n/a BAI MF BancoBAI Micro Finanças n/a n/a n/a n/a BDA Banco de Desenvolvimento de Angola n/a n/a n/a n/a BANC Banco Angolano de Negócios e Comercio n/a n/a n/a n/a STANDARD StandardBank Angola n/a n/a n/a n/a BCH Banco Comercial do Huambo n/a n/a n/a n/a BPD Banco para Promoçãoe Desenvolvimento n/a n/a n/a n/a BVB Banco Valor n/a n/a n/a n/a Perfil do Sector Privado do País — 35 Quadro regulatório A Lei das Instituições Financeiras (Lei n.º 13/05 de 30 de Setembro de 2005) estabelece os princípios básicos para a regulação do mercado financeiro angolano. A lei categoriza as diferentes instituições financeiras do país – distinguindo instituições bancárias de instituições não-bancárias e, de forma correspondente, atribuindo autoridade reguladora aos órgãos públicos apropriados. Todos os bancos estão licenciados como bancos comerciais, podendo desempenhar uma variedade de actividades, incluindo a de banca de investimento. Outra legislação relevante inclui: • Lei Cambial n.º 5/97 de 27 de Junho de 1997. • Lei de Combate ao Branqueamento de Capitais e do Financiamento do Terrorismo n.º 34/11 de 12 de Dezembro de 2011. • Lei do Sistema de Pagamentos de Angola n.º 5/05 de 29 de Julho de 2005. As leis acima mencionadas encontram-se disponíveis nas versões portuguesa e inglesa no website do BNA (www.bna.ao). Crédito doméstico para o sector privado Os sistemas financeiros angolanos têm vindo a aprofundarse e a alargar-se ao longo dos últimos anos. O crédito ao sector privado aumentou e o índice de penetração bancária registou avanços. Dito isto, o empréstimo ao sector privado enquanto percentagem do PIB permanece baixo em cerca de 22% e, apesar dos avanços recentes, o acesso ao financiamento é ainda limitado. A maioria da população não tem acesso a serviços bancários, com apenas 20% dos angolanos dispondo de contas bancárias. O acesso limitado a serviços financeiros em Angola deriva particularmente de procedimentos complexos em matéria de solicitação de crédito, de um elevado nível de exigências em termos de garantias, de isolamento ou inacessibilidade físico-geográfico, de iliteracia financeira e de um registo precário dos históricos de crédito. O aparecimento de serviços financeiros baseados em novas tecnologias, como os serviços bancários de acesso a partir do telemóvel e o uso de cartões inteligentes (smartcards), têm o potencial de aumentar substancialmente o acesso à banca por parte da população. No entanto, os serviços bancários de acesso a partir do telemóvel estão ainda para ser introduzidos em Angola. As disparidades regionais são também elevadas. Apesar da crescente presença de instituições bancárias em todo o TABELA 12: QUADRO REGULATÓRIO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Autoridade Reguladora Quadro Legal BNA, o banco central. Lei das Instituições Financeiras n.º 13/05 de 30 de Setembro de 2005. Sociedades de micro-crédito e casas de câmbio BNA, o banco central. Lei do Micro-Crédito n.º 28/11 de 2 de Fevereiro de 2011. Aviso n.º 7/2011 de 15 de Julho de 2011. Seguros e fundos de pensões Instituto de Supervisão de Seguros (ISS) Lei Geral da Actividade Seguradora n.º 1/00 de 3 de Fevereiro de 2000. Instituições de investimento ou instituições ligadas ao mercado de capitais Comissão do Mercado de Capitais (CMC) Lei dos Valores Mobiliários n.º 12/05 de 23 de Setembro de 2005. Instituições bancárias: Bancos Instituições não-bancárias: 36 — Perfil do Sector Privado do País FIGURA 10: DENSIDADE / DISTRIBUIÇÃO DAS SUCURSAIS (FIM DO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011) FONTE: BNA Perfil do Sector Privado do País — 37 país, os serviços bancários permanecem concentrados na cidade capital, Luanda, que contava com mais de metade (490 sucursais) das 902 sucursais do país existentes em meados de 2011 (Figura 10). O baixo índice de crédito para a economia real também coincide com uma elevada liquidez no sector bancário. A taxa activa manteve-se em 57% em 2010. Os bancos em Angola concentraram-se sobretudo no financiamento a curto prazo do comércio, em actividades relacionadas com comissões e em obrigações de dívida pública de rendimento elevado, afastando-se receosos do empréstimo ao sector privado. Apesar dos constrangimentos mencionados anteriormente, o crédito total concedido à economia na primeira metade de 2011 subiu para AOA 1.819 mil milhões (US$ 19.2 mil milhões) de AOA 1.615 mil milhões (US$ 17.0 mil milhões) em Dezembro de 2010 – um aumento de 13%. Mais de metade dos empréstimos e depósitos são denominados em US$, em grande medida devido ao papel predominante do sector petrolífero centrado no dólar. No entanto, o GA tem intensificado os esforços para reduzir o elevado nível de dolarização. Neste sentido, novos regulamentos impuseram um capital máximo em transacções Forex e proibiram empréstimos Forex para instrumentos de empréstimo a curto-prazo. No segundo trimestre de 2011, os empréstimos concedidos em US$ representavam cerca de 57.5% da carteira de crédito. No entanto, o crédito em moeda estrangeira registou um decréscimo de AOA 5.3 mil milhões (US$ 56 milhões) em relação ao trimestre precedente, enquanto o crédito em moeda nacional registou um aumento de AOA 117.1 mil milhões (US$ 1.23 mil milhões) durante o mesmo período. Isto sugere que os esforços do GA para alcançar uma maior ‘Kwanzarização’ da economia estão a ter impacto. Figura 11: Repartição dos Empréstimos por Sector, 30 de Junho de 2011 FONTE: BNA Fontes de financiamento Os depósitos de clientes representam perto de 74% do total do financiamento bancário. As operações no mercado monetário interbancário abastecem os bancos com 14.86% das suas necessidades de liquidez. Durante o primeiro semestre de 2011, cinco bancos - BAI, BESA, BFA, BPC e BIC – compunham o grande volume dos depósitos de clientes. A actividade do mercado obrigacionista permanece limitada a algumas emissões em moeda nacional de títulos e obrigações do Estado, sem qualquer actividade secundária de mercado significativa. O estabelecimento de um mercado de capitais funcional deveria constituir um objectivo de desenvolvimento importante para aumentar o nível de intermediação no sistema bancário nacional. Figura 12: Repartição das Fontes de Financiamento, 30 de Junho de 2011 As taxas de juro variam entre 18-24% para empréstimos denominados em Kwanzas, e entre os 12-14% para empréstimos denominados em US dólares. No entanto, se considerarmos que a maioria das solicitações de empréstimo em Angola são recusadas, o problema do acesso ao crédito aparenta estar primeiramente relacionado com a disponibilidade e não com o custo do crédito. FONTE: BNA 38 — Perfil do Sector Privado do País Evolução da qualidade do crédito No final do primeiro semestre de 2011, a qualidade do crédito no mercado registou uma melhoria, como demonstrado pelo rácio de crédito de cobrança duvidosa. Em proporção com o crédito total, o rácio de crédito de cobrança duvidosa desceu de 8.48% em Março de 2011 para 7.38% no final de Junho de 2011. Em termos nominais, o crédito de cobrança duvidosa desceu AOA 10.1 mil milhões (US$ 105 milhões) para AOA 134.2 mil milhões (US$ 1.4 mil milhões). O comércio e o retalho grossista, os imóveis e os particulares combinados representaram 73% do total dos empréstimos de cobrança duvidosa. A distribuição do crédito de cobrança duvidosa em função do tipo de instituição bancária foi a seguinte: bancos estatais/públicos (56%), bancos angolanos privados (33%), subsidiárias de bancos internacionais (11%). Tal é particularmente notável se considerarmos que a quota de mercado do crédito total dos bancos do sector público se mantinha nos 23% no final de Junho de 2011. Efectivamente, os bancos públicos parecem dispor de carteiras de créditos com riscos muito mais elevados, reflectindo empréstimos de muito pior qualidade. No futuro, o excesso de oferta no mercado imobiliário será uma preocupação de peso em virtude da exposição dos bancos ao sector. O papel do Governo no sector financeiro Tem sido dado uma ênfase crescente ao fortalecimento das instituições de base com vista à construção de um sistema financeiro eficiente e estável. O GA tomou medidas concretas de melhoramento da infra-estrutura relativa à informação em matéria de crédito. Em 2010, criou a Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC) para aumentar a eficiência na avaliação e gestão do risco de crédito. Em 2011 o BNA introduziu uma taxa de juro de referência. A taxa (que em Julho de 2012 se mantinha em 10.25%) é revista mensalmente de forma a reflectir a média das taxas de juros das operações interbancárias. Os bancos comerciais haviam anteriormente recorrido à rendibilidade das obrigações nacionais e a outros instrumentos financeiros para estabelecer a taxa activa. A taxa de juro de referência visa orientar a política monetária angolana, contribuir para o nivelamento das taxas de juro cobradas nos empréstimos, estimular a poupança doméstica e encorajar a concessão de crédito. O GA possui ainda um historial de direcção de programas de crédito e de esforços governamentais no sentido de apoiar sectores e indústrias tradicionalmente afastados do sistema financeiro de mercado. Em 2006 criou o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) para financiar investimentos em projectos estratégicos de desenvolvimento económico a longo-prazo. O BDA administra o Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) que é financiado com 5% das receitas fiscais da indústria petrolífera e 2% das receitas fiscais da actividade diamantífera em Angola. De acordo com o Orçamento de Estado para 2012, o BDA deverá acumular AOA 35.2 mil milhões (cerca de US$ 371 milhões) no AF 2012. A actividade de crédito do BDA em 2010 manteve-se em US$ 74.3 milhões comparados com US$ 243.6 milhões em 2009 – representando uma queda de 69.5%. Em 2010 foram aprovados quarenta e nove projectos, cobrindo 16 das 18 províncias do país. A maior parte do crédito concedido (US$ 40.2 milhões) no AF2010 foi utilizado para financiar a compra de maquinaria agrícola. Mais recentemente e no âmbito do Programa das MPME, o GA facilitou e garantiu parcialmente o crédito a este grupo de mutuários vulneráveis ao risco de evicção. O Programa das MPME inclui uma linha de crédito bonificado no valor de US$ 1.6 mil milhões, bem como um fundo de garantia no valor estimado de US$ 1.2 mil milhões. O orçamento para 2012 está estimado em US$ 700 milhões. O GA lançou ainda uma campanha de educação financeira num esforço para ajudar os cidadãos a aumentar os seus conhecimentos financeiros. Uma parte integrante da campanha são os produtos “Poupança Bankita a Crescer" e o "Depósito Bankita". Os produtos foram lançados pelo BNA em parceria com 9 bancos domésticos. O Depósito Bankita reduz para AOA 100 (US$ 1) o valor mínimo para abertura de uma conta bancária. O produto Poupança Bankita a Crescer requer um depósito mínimo de AOA 1.000 (US$ 10) mas paga juros que permitem aos angolanos com baixo rendimento aceder aos serviços financeiros e aumentar as suas poupanças. A empresa de consultoria australiana Cardno prestou aconselhamento ao GA na concepção e implementação da campanha Bankita. O impacto da crise financeira em Angola O sector bancário angolano demonstrou uma impressionante capacidade de superar as adversidades da crise financeira mundial. A média dos bancos angolanos Perfil do Sector Privado do País — 39 não está exposta a riscos decorrentes de produtos ou instrumentos derivativos complexos. Tal como já vimos, tipicamente os bancos angolanos têm rácios de crédito/ depósito baixos e reservas com elevada liquidez. Por outro lado, também não dependem de empréstimos estrangeiros para financiar o crédito doméstico. Todos estes aspectos ajudaram a limitar o contágio aos bancos nacionais da crise financeira mundial. No entanto, o sistema bancário é susceptível aos “choques” no preço do petróleo uma vez que a economia é ainda altamente dependente das exportações de crude. Além disso, vários bancos angolanos (sobretudo subsidiárias estrangeiras) colocaram demasiados depósitos fora do país, tornandoos vulneráveis à crise na Zona Euro. O GA tomou medidas concretas de melhoramento da infra-estrutura relativa à informação em matéria de crédito. Durante a crise de 2008/09, o BNA aumentou a taxa de redesconto e subiu os requisitos de reservas mínimas de 15% para 30%. No seguimento da recuperação económica, o BNA adoptou uma política de gradual abrandamento da restritividade monetária. Em Novembro de 2010, reduziu a taxa de redesconto de 30% para 25% e, em Abril de 2011, seguiu-se uma nova redução de 5 pontos percentuais. Além disso, os requisitos de reservas mínimas foram abrandados. Aos bancos comerciais é agora pedido que conservem 15% dos seus fundos denominados em US dólares e 20% dos seus fundos denominados em Kwanzas com o BNA. Em 2011, o BNA instituiu novas medidas de ponderação para a definição dos níveis de adequação dos fundos próprios das instituições bancárias autorizadas a operar em Angola (Instrutivo n.º 03/2011 de 8 de Junho de 2011). O rácio de solvabilidade durante o primeiro trimestre de 2011 manteve-se em redor dos 18%, descendo para 15% durante o segundo trimestre. Apesar da descida de 3 pontos percentuais, o sistema bancário manteve-se solvente e acima do objectivo de 10%. Notação da dívida soberana de Angola As três principais agências de notação de crédito (Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch) procederam à revisão e subida da notação de risco de crédito de Angola em 2011. As revisões foram as seguintes: Moody’s: de B1 para Ba3 S&P: de B+ para BB- Fitch: de B+ para BB- A subida nas notações reflecte as expectativas de crescimento estável em Angola. As notações melhoram também a credibilidade e visibilidade do país perante investidores estrangeiros. A notação de risco de crédito de Angola é ligeiramente superior à da Nigéria, do Quénia e do Gana – países africanos que fizeram recentemente a sua primeira incursão nos mercados obrigacionistas internacionais. Perspectivas futuras O sector bancário beneficiou da grande expansão económica impulsionada pelo petróleo e do crescimento sólido do sector não-petrolífero. No futuro, a nova lei cambial que irá regular o modo como as empresas petrolíferas gerem a sua liquidez e os seus pagamentos deverá ter implicações significativas e de longo alcance no sistema bancário nacional. O aumento de capital daí resultante para o sector bancário angolano estima-se que será da ordem dos US$ 20 mil milhões. A medida tem o potencial de aumentar e expandir a gama de produtos financeiros disponíveis. Mas tal levará igualmente a uma subida substancial do balanço dos bancos, a qual necessitará de ser cuidadosamente gerida. SEGUROS Apoiado numa economia em franco desenvolvimento, o sector segurador tem demonstrado um forte crescimento, nomeadamente no segmento Não Vida. Os prémios brutos da indústria em geral subiram 51% em 2009 e 38% em 2010 para AOA 55.1 mil milhões e AOA 76.1 mil milhões respectivamente. Em termos de US$, o crescimento atingiu os 27% em 2009 e os 34% em 2010. O mercado segurador angolano é o sexto maior em África e estava avaliado em US$ 826.7 milhões em 2010 (Tabela 13). 40 — Perfil do Sector Privado do País Valores comparativos de 2010 para os maiores mercados de seguros em África são apresentados em seguida: África do Sul US$ 6.6 mil milhões (ZAR 56.4 mil milhões) Nigéria US$ 1.9 mil milhões (NGN 300 mil milhões) Egipto US$ 1.5 mil milhões (EGP 8.8 mil milhões) Argélia US$ 1.02 mil milhões (DZD 79 mil milhões) Quénia US$ 937 milhões (KES 79.05 mil milhões) Angola US$ 826.7 milhões (AOA 76.1 mil milhões) Os segmentos Não Vida contribuem para o grosso do crescimento, equivalendo a 95% do total do mercado segurador. Os factores de constrangimento ao crescimento do segmento de seguros de vida incluem a falta de valorização/entendimento da importância dos seguros, a existência de um mercado altamente desestruturado/ informal e a baixa taxa de poupança da economia resultante do elevado custo de vida. Segundo o ISS, as taxas de penetração de seguros foram de 1% em 2010 e de 0.9% em 2009. São valores considerados baixos segundos os padrões internacionais (por exemplo, a taxa de penetração de seguros em Portugal é de 9.5% e na África do Sul de 14.8%.) O segmento dominante em Angola é o seguro automóvel, responsável por cerca de 30% do total dos prémios. Existem 7 empresas seguradoras registadas em Angola. Os principais intervenientes são: AAA, Ensa, Global e GA Seguros. O Sector dos Fundos de Pensões A ausência de um mercado de capitais nacional limita o desenvolvimento de um sector de fundos de pensões. Os fundos de pensões existentes investem nomeadamente em imóveis, depósitos a prazo e instrumentos de obrigações do Estado. De acordo com o ISS, o total de activos sob gestão registou uma subida de 26% em 2009 para AOA 32.3 mil milhões (US$ 363 milhões) e de 29% em 2010 para AOA 41.6 mil milhões (US$ 452 milhões). O sector dos fundos de pensões é pequeno quando comparado com a dimensão da economia e do sector bancário. Perfil do Sector Privado do País — 41 TABELA 13: PRÉMIOS DE SEGUROS POR RAMOS FONTE: ISS 2008 2009 2010 Vida 2,732.2 3,547.2 3,490.9 Não Vida 33,751.9 51,533.4 72,563.3 >> Automóvel 6,013.2 10,484.0 21,219.1 >> Acidentes, doenças e viagens 9,119.7 13,070.4 20,070.7 >> Petroquímica 7,840.5 15,015.4 13,636.5 >> Incêndio e elementos da natureza 3,349.1 7,001.6 5,985.5 >> Transportes 3,176.0 1,827.1 5,787.7 >> Responsabilidade civil geral 1,108.9 1,404.2 3,087.8 >> Outros danos em bens 1,393.4 2,588.4 1,642.8 >> Diversos 1,751.1 142.3 1,133.2 Total dos prémios (AOA milhões) 36,484.1 55,080.6 76,054.2 Total dos prémios (US$ milhões) 486.5 618.9 826.7 42 — Perfil do Sector Privado do País MICRO-FINANÇAS A larga maioria da população e dos empreendedores em Angola tem um acesso deficitário aos serviços financeiros predominantes. O desenvolvimento da indústria nacional de micro-finanças pode desempenhar um papel fundamental na promoção do aumento da oferta de crédito à economia do país. O sector de micro-finanças em Angola está ainda nos seus primórdios mas revela um crescimento acelerado. Os níveis de crédito relativos per capita em Angola são significativamente mais baixos do que os registados em outros países da região. Além disso e de forma geral, os bancos locais em Angola classificam os empréstimos às pequenas e médias empresas (PME) como micro-créditos. Tal facto torna os micro-créditos em Angola maiores do que a média regional. Por exemplo, a cobertura pela imprensa do sector mostra-nos que alguns bancos classificam empréstimos até US$ 50.000 como micro-créditos. No entanto, a nova legislação microfinanceira estabelece um tecto máximo de AOA 1 milhão (US$ 10.526) por cliente. Por último, as facilidades de empréstimo e as campanhas nacionais como o Crédito Agrícola de Campanha podem produzir também um impacto distorcivo da dimensão do sector nacional de micro-crédito. Globalmente, isto tem um efeito de sobreavaliação da dimensão do sector microfinanceiro, tornando mais difíceis as comparações regionais. Ambiente Regulatório O sector é regulado por legislação aprovada em 2011, nomeadamente o Decreto Presidencial sobre as Sociedades de Micro-Crédito n.º 28/11 de 2 de Fevereiro de 2011 e o Aviso n.º 7/2011 de 15 de Julho de 2011. O BNA é a autoridade reguladora do sector. O BNA é responsável por licenciar, regular e supervisionar todas as instituições micro-financeiras do país. O novo quadro regulatório deverá acelerar o desenvolvimento do sector no futuro. Características do Sector: É exigido um capital social mínimo de AOA 2.5 milhões (US$ 25.316) para registar uma instituição micro-financeira; • As instituições micro-financeiras não estão autorizadas a aceitar depósitos; • Uma instituição micro-financeira pode prestar qualquer um dos seguintes serviços: >> Crédito >> Aconselhamento e consultoria >> Garantias e outros compromissos >> Serviços de pagamento através de instituições financeiras • As instituições micro-financeiras estão autorizadas a conceder empréstimos unicamente em moeda nacional (Kwanza). Estão interditadas de conceder quaisquer empréstimos em US$; • Os empréstimos não poderão exceder AOA 1 milhão (US$ 10.526) por cliente; • Nenhum empréstimo ou garantia poderá exceder 15% do capital social da empresa micro-financeira; • As taxas de juros são livremente negociadas entre a respectiva empresa micro-financeira e os seus clientes. Análise do actual ambiente competitivo Com uma economia das mais rápidas de África e uma ampla liquidez derivada do sector petrolífero; as microfinanças, que exigem uma rede de distribuição e uma capacidade de processamento de retaguarda relativamente mais vastas, têm sido largamente ignoradas a favor de áreas mais lucrativas. No entanto, reconhecendo a crescente desigualdade social, o GA tem efectivado esforços renovados para desenvolver o sector enquanto instrumento viável de combate à pobreza e de melhoria das condições de vida dos mais desfavorecidos. Até à data, o desenvolvimento do sector micro-financeiro em Angola tem sido impulsionado por alguns dos maiores bancos do país, nomeadamente BAI, BPC, BFA e Banco Sol. Não obstante, na sua forma actual, o modelo micro-financeiro existe sobretudo como uma extensão do modelo da banca de retalho. Os bancos dirigiram igualmente a sua acção aos ministérios e departamentos governamentais no sentido de conceder facilidades de crédito aos funcionários públicos assalariados. Por exemplo, o BFA assinou em 2009 um acordo com as Forças Armadas Angolanas para a concessão de facilidades de crédito a 60.000 militares. De modo semelhante, o Banco Sol assinou em 2010 um acordo com o Ministério da Justiça para concessão de créditos ao consumidor e Perfil do Sector Privado do País — 43 de esquemas de financiamento automóvel a funcionários ministeriais. BAI Micro Finanças (BMF) O BMF é uma subsidiária do BAI, o maior banco no país em total de activos. O BMF foi constituido em 2004 com um mandato específico para concentrar-se no sector das PME. Em 2007, a Chevron tornou-se um accionista minoritário no banco (14.29%), o qual mudou o seu nome para BAI Micro Finanças. No final de 2010, o BMF efectuara desembolsos no sector das MPME num total de US$ 54 milhões e dispunha de 20 sucursais em todo o país. No seguimento da nova legislação sobre locação financeira (leasing) publicada pelo BNA, o BMF está igualmente a expandir-se para o crédito a retalho e o leasing. BPC O banco BPC é o 4º maior banco do país. No final de Dezembro de 2010, o banco reportava um total de activos de AOA 671 mil milhões (US$ 7.1 mil milhões), depósitos de AOA 431 mil milhões (US$ 4.5 mil milhões) e um crédito total de AOA 291 mil milhões (US$ 3.1 mil milhões). O rácio de crédito sobre depósitos para o período manteve-se em 67%. O banco é detido pelo GA e, até recentemente, o BPC tinha o monopólio do pagamento de todos os salários dos funcionários públicos do país. Em 2010, o BPC concedeu crédito a mais de 50.000 micro-empreendedores em todo o país, com uma exposição significativa ao sector agrícola (US$ 111 milhões). No âmbito de um acordo com o Ministério da Juventude e Desportos, o BPC comprometeu-se a financiar a construção de 2.000 habitações de baixa renda, um investimento avaliado em US$ 50 milhões. Banco Sol O Banco Sol é o 7º maior banco do país. No final de Dezembro de 2010, o banco reportava um total de activos de AOA 120 mil milhões (US$1.3 mil milhões), depósitos de AOA 108 mil milhões (US$ 1.1 mil milhões) e um crédito total de AOA 31 mil milhões (US$ 323 milhões). O rácio de crédito sobre depósitos para o período manteve-se em 28%. O banco é 100% detido por capitais angolanos. O accionista maioritário com uma participação de 55% é a GEFI, o braço de negócios/investimentos do partido no poder, MPLA. 27% (US$ 74 milhões) do crédito total foi classificado como micro-crédito com 87% relativos ao sector comercial/de retalho e o restante referente ao sector agrícola/de agricultura em pequena escala. Kixi Crédito O Kixi Crédito é uma instituição micro-financeira comercial não-bancária que serve micro-empreendedores, ajudando-os na criação de pequenos negócios e na reconstrução da vida económica das suas comunidades. O Kixi Crédito foi criado em 2004 pela Development Workshop (DW), a mais antiga ONG em Angola – presente no país desde 1981. A missão do Kixi Crédito é fornecer oportunidades aos angolanos para emergirem da pobreza e melhorarem as suas vidas, criar emprego e fortalecer as comunidades através do acesso a serviços financeiros em troca de uma compensação destinada aos investidores do Kixi Crédito. Actualmente, o Kixi Crédito desembolsa empréstimos superiores a US$ 24 milhões todos os anos e dispõe de mais de 13.000 clientes activos entre as suas 9 sucursais, existentes nomeadamente em Luanda e no Huambo. Existem planos para a expansão do âmbito do Kixi Crédito a outras regiões de Angola, bem como a clientes rurais. Crédito Agrícola de Campanha O Crédito Agrícola de Campanha é uma facilidade de empréstimo agrícola, avaliada em US$ 150 milhões, implementado pelo BDA para estimular o crescimento agrícola do pequeno produtor. O programa é gerido por intermédio do Ministério da Economia (MINEC) em parceria com o BDA. Até ao final de Dezembro de 2011, haviam sido desembolsados em crédito US$ 67.5 milhões entre mais de 35.000 produtores de pequena-escala, em empréstimos com uma dimensão média de US$ 1.921, ao longo de 17 das 18 províncias do país. Esta facilidade de empréstimo concede financiamento para insumos de sementes e fertilizantes e recorre ao modelo cooperativo agrícola para garantir sustentabilidade; os membros da cooperativa agem de acordo a um mecanismo de revisão de pares, contribuindo assim para diminuir o risco do crédito. Não obstante, o modelo permanece exposto às condições climatéricas e a outros riscos específicos da agricultura (ou seja, as condições climatéricas, pestes, doenças e outras calamidades podem, todas elas, afectar o rendimento das culturas). Vale a pena salientar ainda que o BDA não tem ainda uma presença física em todas as províncias, o que poderá representar um desafio de gestão nos futuros passos do projecto. No entanto, a iniciativa está no seu primeiro ano de operações e o modelo de desembolso e reembolso actual poderá ser aperfeiçoado nos anos subsequentes. 44 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Petróleo e Gás PETRÓLEO A economia angolana é altamente dependente da sua indústria petrolífera em franco crescimento. A exploração comercial do crude em Angola tem existido desde a sua descoberta em zona terrestre (onshore) na década de 1950; mas a produção só arrancou realmente na década de 1960 com a descoberta de petróleo na zona marítima (offshore) de Cabinda. Em 1973, dois anos antes da independência, o petróleo era já o principal sector de exportação do país. A produção cresceu lentamente durante as décadas de 1980 e 1990, dominada pelo gigante “Bloco 0” da Cabinda Gulf Oil Company (Chevron), que durante muitos anos foi responsável por mais de metade da produção petrolífera de Angola (Shaxson, 2009). Desde então, o sector tem crescido rapidamente, auxiliado por elevados investimentos estrangeiros e por conhecimentos tecnológicos trazidos pelas principais companhias petrolíferas internacionais. Actualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana depois da Nigéria, produzindo aproximadamente 1.7 milhões de barris por dia (bpd) durante 2011.Segundo o FMI, o crude representou grosso modo 46% do PIB, 94% das exportações e 80% das receitas públicas desse mesmo ano. O estatuto de Angola enquanto exportador internacional de petróleo em crescimento foi reconhecido pelo mundo quando o país aderiu à OPEP em 2007. Angola assumiu ainda a presidência rotativa desta organização em 2009. O país é também um importante fornecedor de petróleo da China e dos Estados Unidos. Upstream A produção petrolífera em Angola concentra-se em diversos blocos offshore. As estimativas de reservas provadas de petróleo em Angola variam entre 9.5 mil milhões e 13.5 mil milhões de barris. As reservas de petróleo de Angola estão estimadas durar cerca de vinte anos. No entanto, considerando as actuais actividades de exploração e as recentes descobertas, o inventário de reservas de petróleo será provavelmente revisto em alta no futuro. Actualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana depois da Nigéria, produzindo aproximadamente 1.7 milhões de barris por dia (bpd) durante 2011. A Sonangol é a companhia petrolífera nacional e concessionária exclusiva para a exploração e produção de petróleo e gás no país. Esta trabalha conjuntamente com companhias estrangeiras através de joint-ventures e de contratos de partilha de produção. A Sonangol detém uma participação de, pelo menos, 20% em cada bloco petrolífero. A Sonangol tem parcerias com um leque variado de companhias petrolíferas mundiais, incluindo entre outras: British Petroleum (RU), Chevron (EUA), Petrobras (Brasil), ExxonMobil (EUA), Total (França), Pluspetrol (Argentina), GALP (Portugal/Angola), Sinopec (China), ENI (Itália), Maersk (Dinamarca) e Statoil (Noruega). Numa tentativa de atrair mais investimento estrangeiro, a Lei das Actividades Petrolíferas de 2004 (Lei n.º Perfil do Sector Privado do País — 45 10/04 de 12 de Novembro de 2004) uniformizou os contratos de partilha de produção e clarificou o papel das entidades envolvidas, incluindo o Ministério dos Petróleos, a companhia petrolífera estatal Sonangol e as operadoras privadas. O Ministério dos Petróleos é responsável pela política nacional, supervisão e controlo das actividades relacionadas com o petróleo, bem como pelo seu desenvolvimento. A produção petrolífera é feita sobretudo em zona marítima e tem poucas ligações com outros sectores da economia, apesar da existência de uma iniciativa de conteúdo local promulgada pelo Governo de Angola que exige às companhias petrolíferas a contratação de mais profissionais angolanos, a contratação de mais fornecedores angolanos e a facilitação da entrada de mais empresas angolanas no sector petrolífero. Em 2011 a Sonangol adjudicou novos blocos petrolíferos nas águas profundas e ultra-profundas da Bacia do Kwanza. A Bacia do Kwanza, até então sem licenças de exploração atribuídas, é frequentemente comparada com a Bacia de Santos no Brasil em virtude das suas semelhanças em termos de configuração geológica. A Bacia de Santos aumentou as reservas provadas de petróleo e gás do Brasil em cerca de 100 mil milhões de barris. Em contrapartida, a Bacia do Kwanza é considerada uma dos mais promissores reservatórios de crude do mundo, com o potencial de aumentar a capacidade de produção de Angola para 2.5 - 3 milhões bpd. Cobalt International Energy, um grupo com sede em Houston, parcialmente detido pelo banco de investimento norteamericano Goldman e pelas empresas de capitais privados Riverstone e First Reserve, anunciou no princípio deste ano resultados excepcionais da actividade de sondagem no pré-sal do Bloco 21. O poço encontrou uma coluna de hidrocarbonetos de 900 pés líquidos, com uma taxa de fluxo potencial estimada em mais de 20.000 bpd, e apontando para volumes recuperáveis brutos de cerca de 2.3 mil milhões de barris de petróleo equivalente (bpe) (Deutsche Bank, 2012). Em Janeiro de 2012, também a Maersk Oil anunciou o resultado positivo do seu poço de exploração Azul-1. Estas descobertas alimentam a ideia de que a Bacia do Kwanza angolana poderá, de facto, rivalizar com a Bacia de Santos brasileira. Downstream O sector petrolífero de downstream em Angola cobre a refinação, comercialização, distribuição e venda de produtos petrolíferos. O consumo doméstico de petróleo em 2009 foi de aproximadamente 65.000 bpd. Angola possui uma refinaria em Luanda, a Fina Petróleos de Angola – uma joint-venture entre a Sonangol, a Total e investidores privados – com uma capacidade de processamento de crude de 40.000 bpd. A refinaria é antiga e encontra-se em más condições. Esta refina apenas cerca de 30.000 bpd para o mercado doméstico e exporta óleos lubrificantes, fuelóleos de banca e fuelóleo pesado. A restante procura é satisfeita graças à importação de gasolina, combustível de jacto, querosene, fuelóleo destilado e outros produtos. Existem planos para o aumento da capacidade da refinaria de Luanda de 40.000 bpd para 100.000 bpd. O plano existente há várias décadas para a construção de uma segunda refinaria no Lobito com uma capacidade de produção projectada de 200.000 bpd tem sido processado muito lentamente em virtude de dificuldades de ordem financeira. A empresa norte-americana KBR foi escolhida para os estudos preliminares de engenharia. A nova refinaria terá capacidade para processar cru reduzido, como o que pode ser encontrado nos campos Kuito e Dália. Entretanto, os aumentos esperados na procura irão continuar a ser suplantados pela importação de produtos. Sonangol: Perfil da Empresa Criada em 1976, a Sonangol - Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, E.P. – é a concessionária exclusiva para a exploração de explorações petrolíferas e de gás no subsolo e na plataforma continental de Angola, sendo responsável pela exploração, produção, fabricação, transporte e marketing dos hidrocarbonetos em Angola. A Sonangol tornou-se um actor importante na economia angolana. Os seus negócios abrangem áreas de interesse tradicionais como sejam serviços de transporte de helicópteros para a indústria petrolífera, navios-sonda, e unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (FPSO) para a produção petrolífera (ver Tabela 14). 46 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 14: PRINCIPAIS SUBSIDIÁRIAS E JOINT-VENTURES DA SONANGOL FONTE: DBSA Subsidiárias: Ano Empresa Indústria e país de operações Empresa de Serviços e Sondagens de Angola Formação especializada: Angola 1997 MSTelcom Telecomunicações: Angola 1991 Sonangol P&P Exploração petrolífera Sonagás – Sonangol Gás Natural Exploração de gás Sonangol Distribuidora Distribuição (downstream) Sonangol Shipping Transporte de Petróleo: Angola Upstream: Ano Empresa e participação Sector 1998 Sonamer (49%) Sondagem 1984 Petromar (60%) Construção 1998 Sonamet (40%) Construção 2000 Sonastolt (45%) Sondagem 1999 Sonasurf (49%) Transporte 1999 Sonasing: Sonasing Kuito Lda (30%) Sonasing Xikomba Lda (50%) Sonasing Sanha Lda (50%) Serviços de Produção de Petróleos Lda (50%) 1995 Sonatide (51%) Fornecimento de barcos 1998 Sonawest (49%) Dados sísmicos 1999 Sonadiets (30%) Formação profissional 2002 Sonaid (30%) Construção 2000 Technip Angola (40%) Construção 1995 Sonils (30%) Centro de serviços logísticos 2002 Angoflex (30%) Construção 1982 Kwanda Lda (30%) Centro de serviços logísticos Downstream: 1990 Sopor (49%) Distribuição 1994 Sonangalp (51%) Distribuição 1998 Enco (40%) Armazenagem 1998 Sonangol Cargo SARL (60%) Distribuição Perfil do Sector Privado do País — 47 Embora as operações da Sonangol assentem maioritariamente nos segmentos upstream e downstream do sector petrolífero, a concessionária expandiu as suas actividades a outros sectores mais além do seu enfoque central em torno da indústria petrolífera. Além de outras áreas, a Sonangol está envolvida no sector bancário, aviação, telecomunicações, serviços de catering, seguros e financiamento offshore. De acordo às demonstrações financeiras auditadas para o ano de 2011, o total da carteira de investimentos não relacionados com o petróleo ascende a cerca de US$ 4.2 mil milhões. Alguns dos principais investimentos do grupo fora do seu sector de enfoque principal são descritos em seguida: Seguros A Sonangol tem investimentos na AAA Seguros, uma seguradora com o monopólio do sector petrolífero, com uma quota de mercado total de cerca de 45% no sector segurador não-petrolífero e, segundo intervenientes do sector, com prémios brutos anuais da ordem dos US$ 250 milhões. Banca Participações directas e indirectas em grande parte do sector bancário de Angola, incluindo: • Banco Africano de Investimentos (BAI)—participação de 17.5% no maior banco de Angola. • Banco de Fomento de Angola (BFA)—Participação indirecta de 12.5% no segundo maior banco de Angola através da participação de 49.9% da Unitel no referido banco. • Millennium BCP Portugal— participação de 11.03% com uma capitalização de mercado actual de € 720 milhões (a 23 de Março de 2012). • Banco Privado Atlântico (BPA)— participação de 9.5%. • Banco Privado Atlântico Europa— participação de 20% avaliada em US$ 56 milhões nas demonstrações financeiras. • Millennium Angola— participação de 31.5%. • Banco de Comércio e Indústria (BCI)— participação de 1.10%. • Banco Caixa Geral Totta Angola— participação de 24% avaliada em US$ 57 milhões. • Bolsa de Valores e Derivativos de Angola— participação de 29.71%. Telecomunicações A Sonangol detém uma participação accionista de 25% na Unitel, a maior operadora de telecomunicações móveis do país. A participação accionista da Sonangol está avaliada em aproximadamente US$ 342 milhões. A Sonangol tem também procurado expandir as suas operações no exterior. A concessionária tem escritórios internacionais em Houston, Londres, Paris, Singapura e Xangai. A Sonangol adquiriu também alguns bens petrolíferos em Cuba, na Venezuela, no Iraque, no Brasil e nos Estados Unidos. Adicionalmente, a Sonangol levou a cabo uma série de aquisições estrangeiras. A concessionária detém, por exemplo, uma participação na companhia petrolífera nacional portuguesa (15%) e na GALP Energia (via uma participação de 45% na Amorim Energia que, por sua vez, detém 33.34% da GALP). A Sonangol estará igualmente à procura de aumentar a sua participação na GALP, por intermédio da aquisição da participação de 33% da ENI S.p.A.. O FMI detectou resíduos financeiros cumulativos de US$ 31.4 mil milhões (cerca de 25% do PIB de 2011) nas contas orçamentais do período de 2007-2010. Estes são, em larga medida, o resultado de operações quase-fiscais (QFOs) da Sonangol financiadas pela retenção de receitas petrolíferas devidas ao Orçamento Geral do Estado. As actividades quase-fiscais da Sonangol incluíram a distribuição de produtos petrolíferos subvencionados, a concessão de empréstimos suportados pelo petróleo e o fornecimento de combustíveis a entidades públicas numa base não remunerada. Adicionalmente, a Sonangol tem estado igualmente envolvida directamente em projectos na área da habitação, reabilitação ferroviária, infra-estruturas para zonas económicas e outros projectos de infra-estrutura. Em resposta a estas preocupações, o GA determinou a eliminação gradual do recurso às operações quase-fiscais pela Sonangol. Para esse efeito, o Decreto Presidencial n.º 320/11 regula a execução do Orçamento de 2012, incorporando os pagamentos das QFOs no Orçamento. O GA tomou ainda medidas com vista à divulgação de informação sobre as actividades do sector petrolífero. Para esse efeito, o Decreto Presidencial n.º 58/11 estabelece um novo quadro para a prestação 48 — Perfil do Sector Privado do País de informação estatística e análise das actividades do sector petrolífero. Sonangol: resumo dos resultados financeiros do AF2011 O volume de negócios do grupo passou de US$ 22.1 mil milhões em 2010 para US$ 33.2 mil milhões em 2011, impulsionado por preços de petróleo firmes. O EBITDA da empresa era, no final do ano, de US$ 6.6 mil milhões, com uma margem EBITDA de 20% comparada com uma margem EBITDA de 15% no ano precendente. O FMI detectou resíduos financeiros cumulativos de US$ 31.4 mil milhões (cerca de 25% do PIB de 2011) nas contas orçamentais do período de 2007-2010. Estes são, em larga medida, o resultado de operações quase-fiscais da Sonangol. Os lucros líquidos após dedução de impostos declarados totalizaram US$ 3.5 mil milhões, representando uma subida de 18% em relação ao ano anterior. A taxa efectiva de imposto aumentou marginalmente de 31% para 33%. O Retorno sobre o Património Médio (RoAE) manteve-se constante em 21%, comparado com os 13% da ENI e os 11% da Petrobras. Os níveis de dívida líquida fecharam o ano em US$ 7.5 mil milhões, o que se traduz num rácio de endividamento de 57%. Comparados com o valor da dívida líquida para o AF2009, assiste-se assim a uma redução de cerca de 5% no período homólogo. O valor da dívida bruta de US$ 11 mil milhões consiste de linhas de crédito do banco Standard Chartered que representam cerca de US$ 7 mil milhões do valor total, sendo o restante devido ao Banco de Desenvolvimento da China, Banco de Investimento da China e ao Banco Industrial e Comercial da China. Estes empréstimos estão assegurados com receitas petrolíferas futuras. GÁS O aumento substancial das reservas de gás natural provadas, o carácter atractivo do ponto de vista económico do gás natural e as políticas do GA para pôr termo à queima de gás natural são os responsáveis pelos desenvolvimentos neste sector. Upstream As reservas de gás natural de Angola estão estimadas em 10.5 biliões de pés cúbicos (297 mil milhões de metros cúbicos). Grande parte da actual produção de gás em Angola provém de gás natural associado. Foram encontradas ainda reservas de gás seco no país, embora estas não estejam actualmente a ser exploradas. A Sonagás— Sonangol Gás Natural — é o titular registado da totalidade do gás angolano. A empresa é o representante legal do Governo em todas as matérias relacionadas com gás natural. Criada em 2004, o seu principal objectivo é pesquisar, avaliar, produzir, processar, armazenar, transportar e comercializar gás natural e seus derivados. Downstream O GA e a Sonangol consideram a oportunidade de produzir Gás Natural Liquefeito (LNG) como sendo de importância nacional e o pilar dos seus planos de comercialização e desenvolvimento dos recursos naturais do país e de redução da queima de gás. A fábrica de LNG perto do Soyo, no Norte de Angola, é a principal actividade desenvolvida a este respeito. A Chevron é o principal parceiro neste Projecto através da sua subsidiária Cabinda Gulf Oil Company, detentora de uma participação de 36.4%. Os restantes membros do consórcio são a Sonangol, representada pela Sonagás com 22.8%, e a BP, ENI e Total que detêm 13.6% cada uma. A fábrica de LNG do Soyo é uma unidade com apenas um trem de liquefacção, com uma capacidade de produção de 6.8 mil milhões de metros cúbicos por ano (5.2 milhões de toneladas). Consumindo cerca de mil milhões de pés cúbicos de gás por dia, a fábrica tem um tempo útil previsto de 30 anos. Considerando o seu custo que ronda grosso modo os US$ 10 mil milhões (mais do dobro das projecções iniciais), o projecto representa o maior investimento individual da história de Angola. Perfil do Sector Privado do País — 49 Os recursos de gás provenientes de diversos blocos (a saber, 0, 14, 15, 17 e 18 bem como dos campos de gás não-associado Quiluma, Atum, Polvo e Enguia) estão exclusivamente destinados ao projecto de LNG. O gás produzido nos referidos blocos será então transportado para zona terrestre, para a fábrica de LNG, por gasodutos de alta pressão para ser submetido a um processo de acondicionamento e extracção dos seus líquidos de gás natural numa fábrica de processamento de gás antes da liquefacção do metano quase puro (até 99%) (Merklein & Shuster, 2010). Os produtos a serem produzidos pela fábrica de processamento de gás serão os GPLs propano e butano e condensados num fluxo paralelo, bem como, grosso modo, 125 milhões de pés cúbicos por dia de gás limpo para o mercado doméstico. Os trabalhos de construção incluem ainda unidades de armazenamento e um terminal marítimo de carregamento para LNG, GPL e condensados (ibid). Inicialmente, o LNG estava destinado à exportação por via marítima para os mercados dos EUA para processamento num terminal de regaseificação em Pascagoula, na costa norte-americana do Golfo do México. No entanto, no seguimento da descoberta de gás de xisto nos EUA, o plano é agora vender o LNG a outros mercados na Europa, na Ásia ou na América Latina. Uma vez totalmente operacional, a fábrica deverá gerar receitas de mais de US$ 1 mil milhões por ano. A fábrica permitirá garantir que Angola seja auto-suficiente em termos das suas necessidades de gás natural. A fábrica de LNG abre a possibilidade para o desenvolvimento de um grupo de outras actividades económicas. Em 2011, um grupo de empresas japonesas obteve um contrato avaliado em US$ 1.3 mil milhões para a construção de uma fábrica com capacidade para produzir 660.000 toneladas de amoníaco por ano e 580.000 toneladas de ureia anualmente. A fábrica, a primeira do género em Angola, irá usar gás natural produzido localmente. Outra opção viável é o investimento em geradores a gás natural, uma alternativa mais limpa aos combustíveis fósseis de combustão. 50 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Mineração e Indústria MINERAÇÃO A indústria mineral em Angola tem sido dominada pela produção de diamantes e petróleo. Não obstante, Angola é abençoada com uma abundância de outros minerais. Outras matérias-primas minerais produzidas no país incluem cimento, granito, gesso, mármore e sal (Soto-Viruet, 2011). Os recursos minerais inexplorados do país incluem cobre, ouro, minério de ferro, chumbo, linhito, manganês, mica, níquel, fosfato, quartzo, prata, tungsténio, urânio, vanádio, volfrâmio e zinco (ibid). O Ministério da Geologia e Minas e Indústria é a entidade governamental responsável pela negociação dos contratos de direitos mineiros, por assegurar a execução das leis do sector mineiro, e pela execução da política do governo relativamente às actividades geológicas e mineiras. A 23 de Setembro de 2011, o novo Código Mineiro angolano entrou em vigor. A nova lei encoraja uma exploração mais intensiva dos abundantes recursos minerais do país ao conferir maior protecção aos investidores, isto é, os direitos de exploração e de comercialização passam a ser concedidos numa única licença, sendo a participação estatal definida a um mínimo de 10% (comparados com os 50% exigidos no regime anterior). Diamantes Angola é uma das mais tentadoras áreas de exploração diamantífera do mundo. O comércio de diamantes angolano tem uma história complexa, envolvendo interesses durante a Guerra Fria e rivalidades internas. Contudo, o fim da guerra civil em 2002 abriu vastas áreas - até então controladas pela UNITA - deste país rico em diamantes, atraindo investimentos multimilionários de empresas como a De Beers e a russa Alrosa. Angola é hoje um dos maiores exportadores de diamantes do mundo. Em 2009, Angola foi responsável por cerca de 11% da produção total de diamantes no mundo em termos de volume, e por cerca de 13% da produção total de diamantes no mundo em termos de valor (Soto-Viruet, 2011). A produção de diamantes foi avaliada em 13 milhões de quilates em 2011 (ibid). Os recursos minerais inexplorados do país incluem cobre, ouro, minério de ferro, chumbo, linhito, manganês, mica, níquel, fosfato, quartzo, prata, tungsténio, urânio, vanádio, volfrâmio e zinco. Empresa Nacional de Diamantes de Angola E.P. (ENDIAMA) A ENDIAMA, a empresa estatal de diamantes, é a concessionária exclusiva de direitos mineiros no domínio dos diamantes. A ENDIAMA é responsável pelo desenvolvimento de parcerias com empresas internacionais na área da prospecção de diamantes, e é parceira em todos os empreendimentos diamantíferos no país. A empresa declarou receitas de US$ 1.16 mil milhões em 2011 contra US$ 987 milhões em 2010, registando um aumento no preço médio do quilate de US$ 139.6 em 2011 contra US$ 118 no ano precedente (Reuters, 2012). Perfil do Sector Privado do País — 51 As subsidiárias da Endiama incluem a Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), responsável pelo marketing, venda e comercialização de todos os diamantes produzidos em Angola; a Endiama Prospecção e Produção S.A.R.L., responsável por todas as participações da Endiama nas áreas de exploração e prospecção; e a Enditrade, responsável por todo o transporte e logística. Em meados de 2012, a ENDIAMA tinha uma carteira constituída por 108 projectos em desenvolvimento, 7 em negociação e 11 aprovados, localizados nas províncias de Malanje, Uíge, Lunda Norte, Lunda Sul, Bié, Moxico, Zaire, Kwanza-Sul, Bengo e Huambo (AllAfrica, 2012). Sociedade Mineira de Catoca Lda. (SMC) Desde a sua fundação em 1995, a Catoca manteve-se a produtora de diamantes líder em Angola. Em 2010, a empresa reportou vendas de US$ 527.3 milhões. O volume de vendas da Catoca em 2010 representou cerca de 86% da quantidade de diamantes vendidos pelas empresas de exploração diamantífera em Angola, e 65% desse mercado se considerarmos o volume de negócios total (SMC, 2010). A SMC é uma joint-venture entre a Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) (32.8%), a sociedade anónima Almazy Rossii-Sakha (ALROSA) da Rússia (32.8%), a Odebrecht Mining Services Inc. do Brasil (18.4%) e o Grupo Leviev de Israel (16%). Empresa Nacional de Ferro de Angola (Ferrangol) A Ferrangol é a empresa estatal de minério de ferro. A empresa tem planos para reactivar as minas de minério de ferro de Cassinga, localizadas na Jamba, na Província da Huíla. As Minas de Cassinga incluem os depósitos de Cassala-Kitungo que, durante a era colonial, se estimou terem reservas de cerca de 600 toneladas métricas (TM) de ferro, das quais 100 TM provadas, e de 35 TM de manganês (Soto-Viruet, 2011). INDÚSTRIA O GA criou diversas Zonas Económicas Especiais (ZEE) com vista à redução das importações, à criação de emprego e à promoção do desenvolvimento industrial. A ZEE de Viana está em rápida evolução. Esta estendese por 8.300 hectares de terra distribuídas entre os municípios de Viana e Cacuaco em Luanda e ainda do Dande, Ambriz e Nambuangongo na Província do Bengo. O GA investiu US$ 50 milhões de modo a fornecer infra-estrutura adequada ao desenvolvimento industrial. O projecto, anteriormente gerido pelo Gabinete de Reconstrução Nacional, é administrado pela Sonangol desde Abril de 2010. As empresas industriais já operacionais na ZEE de Viana incluem: Angolacabos (cabos de fibra óptica), Indutive (tintas e vernizes); Matelétrica (material eléctrico); Mangotal (estruturas metálicas); Pivangola (pivôs de irrigação); Pipeline Angola (tubos) e Vedatela (vedações e arames) (Jornal Expansão, 2011). Outras ZEE em desenvolvimento incluem: Futila (Província de Cabinda), Soyo (Província do Zaire), Catumbela (Província de Benguela), Matala (Província da Huíla), a área industrial mineira de Cassinga (Província da Huíla) e a zona agro-industrial de Pungo a Dongo (Província de Malanje). Cimento Angola possui actualmente dois produtores de cimento, a Cimangola com base em Luanda e a Secil com base no Lobito. Companhia de Cimentos do Lobito S.A. (Secil-Lobito) A fábrica da Secil localizada no Lobito, na Província de Benguela, tem uma capacidade anual de cerca de 250.000 TM de cimento. A fábrica da Secil no Lobito é detida pela Investimentos e Participações SARL (Secil Angola) de Portugal (51%) e pela Empresa Nacional de Cimento (ENCIME) (49%), que consiste numa empresa de investimento detida pelo Estado angolano. Existia um projecto para a construção de uma nova fábrica de cimento no Lobito, que poderia dispor de uma capacidade de produção de cerca de 500.000 toneladas/ano de clínquer e de cerca de 650.000 toneladas/ano de cimento (Soto-Viruet, 2011). Nova Cimangola S.A. (Cimangola) A fábrica de cimento da Cimangola, localizada em Luanda, tem uma capacidade anual de cerca de 1.2 milhões de toneladas métricas por ano (TM/ano) de cimento. Estava em curso a construção de um novo moinho de cimento, por forma a aumentar a capacidade de produção para cerca de 1.8 TM/ano (Soto-Viruet, 2011). 52 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Telecomunicações O acesso às telecomunicações/TIC registou avanços evidentes desde o fim da guerra civil em 2002. Embora a guerra tenha causado severos danos na rede fixa de telecomunicações de Angola, que se mantém longe do seu potencial; tal facto é contrabalançado pelos avanços tecnológicos na esfera das telecomunicações móveis, que conduziu a um aumento significativo da posse e utilização de telemóveis. Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África subsaariana com cerca de 13 milhões de subscritores de telemóveis. Angola alcançou uma subida de 4 posições na classificação do Índice de Desenvolvimento das TIC (IDT) de 2011, que compara os avanços das tecnologias de informação e comunicação em 154 países. Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África subsaariana com mais de 9.8 milhões de subscritores de telemóveis. O Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação é responsável pela supervisão do sector em geral. O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), criado em 1999, define os preços dos serviços de telecomunicações e actua como a autoridade reguladora independente para o sector. A Angola Telecom é a empresa estatal de serviços de telecomunicação e internet. As subsidiárias da Angola Telecom incluem a TV Cabo, uma empresa de programação televisiva que oferece serviços de banda larga de cabo para transmissão televisiva e radiofónica; a Multitel, um portal que oferece um vasto leque de serviços de internet e; a Elta, um directório online de listas telefónicas e contactos web. Duas operadoras de telecomunicações móveis foram licenciadas: a Movicel, uma empresa angolana, e a Unitel, parcialmente detida pela Portugal Telecom. Além destas, quatro operadoras de telecomunicações fixas foram licenciadas, a saber: Mercury, Nexus, Mundo Sartel e Wezacom. As Tabelas 15 e 16 em seguida resumem os principais indicadores de acesso e utilização para Angola e para economias de referência. Quadro regulatório: • Lei de Bases das Telecomunicações (Lei n.º 8/01 de 11 de Maio de 2001). • Regulamentos sobre o acesso ao exercício da actividade de prestação de serviços de telecomunicações de uso público, inicialmente aprovados pelo Decreto n.º 18/97 de 27 de Março de 1997 e actualizado pelo Decreto n.º 44/02 de 6 de Setembro de 2002. • Regulamentos sobre os serviços de telecomunicações de uso público (Decreto n.º 45/02 de 10 de Setembro de 2002). • Regulamentos sobre os Preços dos Serviços de Telecomunicações de uso público (Decreto n.º 03/04 de 9 de Janeiro de 2004). • Normas gerais sobre a interligação (Decreto n.º 13/04 de 12 de Março de 2004). • Plano Nacional de Numeração. • Plano Nacional de Frequências (Decreto n.º 10/03, de 7 de Março de 2003). Perfil do Sector Privado do País — 53 TABELA 15: INDICADORES DE ACESSO A TIC EM 2010 FONTE: IDT Angola Moçambique Namíbia África do Sul 1.6 0.4 6.7 8.4 Telemóveis por 100 habitantes 46.7 30.9 67.2 100.5 Banda larga internacional em bits/ segundo por utilizador de internet 629 1,312 4,413 1,714 Percentagem de agregados familiares com computador 7.1 7.5 15.4 18.3 Percentagem de residências com acesso à internet 5.7 1.1 3.9 10.1 Angola Moçambique Namíbia África do Sul Utilizadores de internet por 100 habitantes 10 4.2 6.5 12.3 Assinantes de internet de banda larga fixa por 100 habitantes 0.1 0.1 0.4 1.5 Subscrições activas de banda larga móvel por 100 habitantes 5.6 1.5 7.5 16.6 Telefones fixos por 100 habitantes TABELA 16: INDICADORES DE UTILIZAÇÃO DE TIC EM 2010 FONTE: IDT 54 — Perfil do Sector Privado do País • Constituição da INACOM (Decreto n.º 115/08, de 7 de Outubro de 2008). • Apesar das reformas do sector o actual nível de concorrência permanece baixo. É importante salientar também o facto de as duas operadoras móveis utilizarem tecnologias diferentes, tornando mais dispendiosa para os subscritores a mudança de rede telefónica, uma vez que tal implica a compra de novo equipamento. Dito isto, ambas as operadoras embarcaram em ambiciosos projectos de expansão para satisfazer a procura e para melhorar e expandir a sua cobertura. A Movicel deverá trazer a tecnologia 4G ao país, para permitir um acesso rápido à internet. As áreas de crescimento do sector nos próximos passos incluem os serviços 3G e os serviços de vídeoconferência e dados. O backbone doméstico de Angola consiste em microondas, VSAT e, mais recentemente, num cabo de fibra óptica. Angola está também conectada ao cabo Atlântico Sul (SAT-3). A Angola Telecom detém o monopólio do cabo. Os preços de acesso à internet para 2009 são apresentados na Tabela 17 em baixo. Tabela 17: Preços de acesso à internet em Angola (em US$) Preço Mensal 2009 Cabaz de telecomunicação móvel 11.32 Cabaz de telecomunicação fixa 20.3 Banda larga fixa Nordeste do Brasil, a Luanda. Actualmente, o tráfico de internet é encaminhado através da Europa ou dos EUA. O referido cabo, a ser construído, irá por conseguinte diminuir os custos de latência e de capacidade associados com a distância que o tráfico de internet tem actualmente de percorrer, ao fornecer a rota mais curta possível entre Angola e o Brasil, melhorando assim as trocas e a cooperação Sul-Sul (O País, 2012). OPERADORAS LOCAIS DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS UNITEL Com cerca de 8 milhões de subscritores, a Unitel é a operadora de telecomunicações móveis líder em Angola. A empresa foi criada em 2001 e tem, desde então, registado um crescimento considerável. Actualmente a Unitel tem grosso modo o dobro da dimensão da Movicel, o seu único concorrente no mercado. A Unitel ostenta também a mais elevada Receita Média por Usuário (ARPU) em África de cerca de US$ 21/mês e margens EBITDA de 58%. A empresa oferece o espectro completo de produtos de telefonia móvel, incluindo: GPRS, EDGE, UMTS e serviços de chamadas no estrangeiro. Além disso, em 2009 a Unitel lançou serviços 3G. A Unitel é detida por Mercury (uma subsidiária da Sonangol), Grupo GENI, Vidatel e Portugal Telecom, cada um detendo uma participação de 25%. Em particular, a sua parceria com a Portugal Telecom, um operador internacional de telecomunicações móveis capitalizado em € 5.1 mil milhões (US$ 6.4 mil milhões) tem facilitado a importação de tecnologia e a transferência de competências. 77 FONTE: PUSHAK & FOSTER, 2011 O Plano Director de Angola para o desenvolvimento das telecomunicações/TIC prevê ainda a ligação das 18 províncias do país através de um backbone nacional em fibra óptica. Angola pretende também conectar mais dois cabos no futuro: o cabo entre a Costa Africana e a Europa (ACE) e o Sistema de Cabo da África Ocidental (WACS). Adicionalmente, as empresas Angola Cables e a sua contraparte brasileira, Telebrás, anunciaram nos meios de comunicação locais que tencionam instalar um cabo submarino de telecomunicações para ligar Fortaleza, no O Plano Director de Angola para o desenvolvimento das telecomunicações/TIC prevê ainda a ligação das 18 províncias do país através de um backbone nacional em fibra óptica Perfil do Sector Privado do País — 55 Resumo dos resultados do primeiro semestre de 2009: O volume de negócios e o EBITDA da Unitel subiram 38.1% e 50.2% no primeiro semestre de 2009, alcançando os US$ 362 milhões e US$ 236 milhões respectivamente, apoiados num forte crescimento da base de subscritores em Luanda e noutras cidades principais. A empresa registou um aumento líquido adicional de 383.000 subscritores no primeiro semestre de 2009, elevando o número de clientes para 4.955.000; tal representa uma subida na base de subscritores de 37% no período homólogo. Durante o primeiro semestre de 2009, o valor médio de minutos de utilização (MOU) aumentou marginalmente em 104 minutos por subscritor com uma Receita Média por Usuário (ARPU) de US$ 24.50, a mais elevada em África e mais do dobro da média ponderada regional de US$ 11.84. Entre pares, o mais próximo é a Maroc Telecom, embora o ARPU da Unitel se mantenha ainda cerca de US$ 10 mais elevado. Investimentos previstos para infra-estruturas A Unitel anunciou recentemente um programa intensivo de expansão e modernização da sua rede ao longo dos próximos quatro anos, avaliado em US$ 1.7 mil milhões. Tal significa que assistiremos ao alargamento da sua rede a áreas ainda não cobertas, bem como à implementação de uma rede de fibra óptica ao longo de todo o país para melhorar a largura de banda. Actualmente, a rede da Unitel cobre 138 das 163 municipalidades do país, esperando a empresa alcançar todas elas até ao final de 2012. A Unitel estará ainda envolvida num projecto para a construção do primeiro satélite do país. Para esse efeito, a empresa assinou um acordo com a Rússia para o empréstimo de US$ 300 milhões pelo Vnesheconombank, VTB Group e Roseximbank para o seu programa de satélite. Movicel A Movicel foi criada em 2003 como o braço de telefonia móvel da empresa nacional de telecomunicações, Angola Telecom. A Movicel tem uma base de subscritores de 5 milhões. A Movicel apontou para o segmento mais baixo do mercado, oferecendo com a adesão equipamentos móveis com preço de revenda de cerca de US$ 30. O ARPU da Movicel está acima dos US$ 20. TVCABO A TVCABO, que propõe serviços de cabo de banda larga para transmissão televisiva e radiofónica, é uma jointventure entre a Angola Telecom e a empresa portuguesa GrupoVisabeira, reconhecidos conhecedores no domínio das telecomunicações. A TVCABO iniciou a colocação da sua rede de fibra óptica em 2002 e os seus serviços de marketing em 2005. Actualmente, a TVCABO ostenta uma rede de infra-estrutura moderna e uma base de utilizadores de televisão e internet por cabo em rápida expansão, competindo directamente com a DSTV e outros prestadores de serviços de internet. Além de uma presença forte em Luanda e Talatona, a TVCABO expandiu os seus serviços a Benguela e ao Lobito. As receitas da empresa referentes a 2010 subiram 32% para € 22.6 milhões com margens EBITDA de 27%. O cash flow das operações subiu 77% para € 5.3 milhões. A base de clientes atingiu os 13.200 durante o mesmo período. 56 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Construção Angola tem vindo a reparar ou a substituir edifícios e infra-estruturas que foram alvo de degradação durante os 27 anos do conflito civil; o país tem aproveitado a sua prosperidade petrolífera para modernizar os seus aeroportos, construir casas, hospitais, estradas, escolas e estádios, bem como para reparar a sua rede ferroviária. Esta actividade frenética, que inclui um gigantesco programa de construção de habitação que responda a uma população em crescimento, deixou grande parte de Luanda parecendo um estaleiro de obras. O sector da construção presta uma contribuição muito importante para a economia doméstica, e tem aumentado de forma estável a sua quota no PIB - de 3.5% em 2003 para uns estimados 8.9% em 2012. O BM estima que são necessários em média 321 dias para obter um alvará de construção em Angola, um prazo significativamente maior do que a média da África subsaariana de 211 dias. A Tabela 18 em baixo resume os passos necessários para a obtenção de um alvará de construção em Angola. TABELA 18: OBTENÇÃO DE ALVARÁS DE CONSTRUÇÃO FONTE: BANCO MUNDIAL, DOING BUSINESS IN ANGOLA IN 2012 Prazo necessário (em dias) N.º Procedimento 1 Obtenção de um Comprovativo da Titularidade do Terreno 15 dias 2 Obtenção de autorização para construir do Corpo de Bombeiros 5 dias 3 Pedido de Licenciamento de Obras de Construção ao Governador Provincial 4 Recepção no local da inspecção do Governo Provincial 1 dia 5 Obtenção da aprovação do prestador de serviços de telecomunicação (Angola Telecom) 1 dia 6 Contratar uma empresa de inspecção 1 dia 7 Obter licença de utilização e solicitar a inspecção pelas autoridades provinciais 8 Recepção da inspecção final das autoridades provinciais 9 Obter a instalação de linha telefónica fixa 15 dias 10 Obter a instalação de água e esgotos 10 dias 11 Registar o imóvel junto da conservatória do registo predial 90 dias 180 dias 30 dias 1 dia Perfil do Sector Privado do País — 57 A reconstrução pós-conflito foi uma das principais prioridades do GA depois da guerra. O GA dispõe de uma Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo (2025) que dá um forte ênfase a grandes projectos e a empréstimos para a construção de infra-estruturas (Soares de Oliveira, 2011). Apesar de certas empresas chinesas envolvidas em projectos ligados a linhas de crédito da China se estarem a estabelecer em Angola depois da conclusão dos seus projectos; os intervenientes privados mais importantes neste sector são de origem portuguesa e brasileira. O sector da construção presta uma contribuição muito importante para a economia doméstica, e tem aumentado de forma estável a sua quota no PIB - de 3.5% em 2003 para uns estimados 8.9% em 2012. maiores projectos do país numa vasta variedade de áreas que vão desde estradas e infra-estrutura ao planeamento urbano e a condomínios residenciais/comerciais. Alguns dos seus projectos dignos de nota incluem vários edifícios da Sonangol (entre eles, a sua sede em Luanda), o edifício principal da AAA (a seguradora líder do sector petrolífero em Angola), o Hotel & Casino Intercontinental, o campus da Universidade Católica Portuguesa, a via de acesso e a ampliação do parque de estacionamento do Aeroporto Internacional de Luanda, a reabilitação do Aeroporto do Soyo e a Clínica Girassol (o centro de cuidados médicos mais importante de Luanda). A Sigma trabalha em estreita colaboração com os seus parceiros: Space Group, uma empresa de arquitectura sedeada na Coreia, e Consolidated Consultants, uma empresa de engenharia com sede na Jordânia. Uma lista de alguns dos principais projectos da Sigma é apresentada em seguida: • Barra do Kwanza Resort Village. • Centro de Convenções, Hotel e Casino de Talatona. • Hotel e Casino Intercontinental. • Complexo Kinaxixi. • Sede da Sonangol. • Edifício Sonangol Pesquisa e Produção. A queda dos preços do petróleo desde os finais de 2008 resultou numa quebra acentuada nas receitas públicas, que obrigou a uma proporcional redução dos níveis de despesa; e no final resultou no surgimento de atrasos nos pagamentos públicos a fornecedores domésticos, nomeadamente no sector da construção. Em 2009 foi celebrado um Acordo de Crédito Contingente (SBA) com o FMI para um valor total de US$ 1.4 mil milhões. Este, combinado com a recuperação nos preços do petróleo, permitiu o acerto de todos os pagamentos públicos em atraso no final de 2011. PRINCIPAIS INTERVENIENTES NO SECTOR Sigma Group Sigma Group é uma empresa angolana com sede em Luanda. A Sigma é especializada em projectos de arquitectura/engenharia e na gestão de projectos/construção. A Sigma Group tem estado envolvida em alguns dos • Projecto Três Torres – 3 torres de 20 pisos localizadas em Luanda que inclui espaços comerciais, residenciais e de escritótio. Projecto encomendado pela Sonangol. • Edifício sede das AAA. • Centro Internacional de Feiras de Talatona. • Universidade Católica Portuguesa. • Clínica Girassol. • Kwanda Base Studio Houses—140 unidades habitacionais para fornecer alojamento a trabalhadores do sector petrolífero no Soyo. Projecto encomendado pela Sonangol. • Vivendas de segmento alto na Sodimo – 7 luxuosas vivendas residenciais. Projecto encomendado pela SODIMO, uma subsidiária da Sonangol. • Projecto de Habitação e Infraestruturas do Município de Viana – projecto encomendado pela Sonangol. 58 — Perfil do Sector Privado do País • Nova Cidade do Soyo. • Condomínio Nova Vida. • Complexo Sigma. • Complexo da ESSA (a ESSA é uma subsidiária da Sonangol que presta formação profissional técnica e de segurança para a indústria petrolífera). construção. Este abrandamento reflecte-se igualmente no aumento do saldo devedor angolano para € 210 milhões no final de 2011. Não obstante, a carteira de encomendas de Angola permanece extremamente forte, tendo crescido € 291 milhões durante 2011. No final desse ano, a carteira de encomendas para Angola ascendia a € 734 milhões. Alguns dos projectos incluem o seguinte: • Via de acesso e ampliação do parque de estacionamento do Aeroporto Internacional de Luanda. Barragem do Calueque encomendada pelo Ministério da Energia e Águas. Trata-se de um projecto avaliado em US$ 164 milhões com uma duração prevista de 25 meses. • Estrada Camama Talatona – projecto de avaliação e engenharia da estrada de 7 km de extensão que liga Camama a Talatona. Projecto encomendado pela Sonangol. Expansão dos postos de abastecimento da Sonangol. Trata-se de um projecto avaliado em US$ 107 milhões com uma duração prevista de 12 meses. • Estrada Gamek Gepa – estrada de 3 km, com duas faixas de rodagem e 2 vias. Projecto encomendado pela Sonangol. • Estrada para a refinaria do Lobito – 3 km, 2 vias (3.75 km em ambas as vias) e 1 km, 4 vias (3.75 km em ambas as vias). Projecto encomendado pela Sonangol. • Renovação do Hangar da SONAIR. • Aterro rodoviário da Estrada da Samba – solução de avaliação e de engenharia civil para o tratamento da erosão dos solos no aterro rodoviário da Samba. Projecto encomendado pela Sonangol. • Reabilitação do Aeroporto do Soyo. Mota-Engil A Mota-Engil é um conglomerado industrial português cotado na Bolsa de Valores de Lisboa. As suas principais actividades incluem engenharia civil e construção civil. A empresa tem operações na Europa, África e América. A Mota-Engil tem estado presente em Angola desde 1946. Angola é um dos principais mercados de crescimento da Mota-Engil. Em Angola o grupo está estruturado da seguinte forma: a Mota-Engil detém 51% do capital e os restantes 49% são detidos por um consórcio angolano liderado pela Sonangol. As actividades de engenharia e construção em Angola contribuíram com € 389 milhões em 2011, uma contracção de 14% em relação a 2010 (€ 452 milhões), em virtude nomeadamente do efeito impulsionador que a queda do preço do petróleo em 2009 teve sobre o sector da Projecto IMOLAP. Um projecto imobiliário avaliado em US$ 99 milhões. Duração prevista de mais de 24 meses. Projecto Cidade Financeira. A terceira fase do projecto da Finicapital avaliado em US$ 73 milhões com uma duração prevista de 18 meses. Projecto Aldeia Solar, para a Sonangol Holdings. Um projecto avaliado em US$ 26 milhões com uma duração de 10 meses. Soares da Costa O Grupo Soares Costa é um dos maiores grupos no sector da construção civil e obras públicas em Portugal. A Soares da Costa é igualmente um dos construtores mais activos e há mais tempo estabelecido em Angola. O país contribuiu com 37% do volume de negócios da empresa no AF2011 (€ 325 milhões). A empresa está envolvida em alguns dos maiores e mais ambiciosos projectos do país, incluindo: • Projecto LNG no Soyo, em conjunto com a Bechtel. • Torre Ambiente com escritório e área residencial (23 andares). • Construção do Edifício Torres Dipanda. • Bayview – TTA – Edifício de escritórios. • Baía de Luanda – Requalificação da Baía de Luanda. • Sana Luanda Royal Hotel. • UNITEL – Edifício Técnico na FILDA. • GOE – Museu de Ciência e Tecnologia. Perfil do Sector Privado do País — 59 Os projectos previstos para 2011 e anos seguintes ascendem a € 515 milhões e incluem: • Colégio São Francisco de Assis em Talatona. • Instituto Nacional de Estatística angolano. • Conclusão da Direcção-Geral de Viação e Trânsito em Luanda. • Edifício Torres Dipanda – Fase II. • Sede da EMIS (Empresa Interbancária de Serviços). • Hotel da Ilha. • Construção do edifício da nova sede da Assembleia Nacional. • Serviços Integrados de Logística da Sonangol (SONILS) – área de manutenção da base. • SONILS – instalações da Franks. Teixeira Duarte Fundada em 1921, a Teixeira Duarte é um dos maiores Grupos Económicos portugueses. A empresa tem operações em 15 países diferentes em 4 continentes. A empresa dedica-se a vários sectores diferentes, incluindo: Construção, Concessões e Serviços, Imobiliário, Serviços Hoteleiros, Distribuição, Energia e Automóvel. Desde 1998, a Teixeira Duarte está ainda cotada na bolsa; a empresa ainda é controlada pela família Teixeira Duarte. Em Angola, a Teixeira Duarte centra-se em quatro segmentos principais, a saber: Serviços Hoteleiros, Automóvel, Distribuição e Construção. No sector de hospitalidade, detém dois dos mais conhecidos hóteis de Luanda, a saber, o Hotel Trópico e o Hotel Alvalade. Em 2011, a Teixeira Duarte aumentou a sua carteira de hóteis com um novo hotel de 4 estrelas, o Hotel Baía, na nova marginal de Luanda, uma área que se tem desenvolvido como novo pólo empresarial. No segmento Automóvel detém o franchising para a distribuição de veículos ligeiros e pesados das marcas Chevrolet, Honda, Nissan, Mahindra, Renault e Peugeot. A Maxi foi a primeira marca criada pela Teixeira Duarte no sector da distribuição em Angola. Inicialmente, a marca centrava-se na comercialização no ramo alimentar mas tem, desde então, vindo a expandir e a diversificar as suas operações criando uma rede de lojas, nas quais oferece mobiliário, decoração, electrodomésticos e produtos electrónicos de consumo. Por último, a empresa está ainda envolvida no segmento da construção civil e obras públicas. Projectos recentes e proeminentes incluem: • Ponte do Rio Kwanza de 310 m, destruída durante a guerra. • Sede da Cabinda Gulf Oil Company (CABGOC). A seguir a Portugal, Angola é o mercado mais importante da empresa Teixeira Duarte, contribuindo com 39% das receitas do grupo em 2011. Edifer A Edifer é um conglomerado de construção privado português. Em Angola, a Edifer trabalha em parceria com uma das empresas mais proeminentes no país, o Grupo GEMA. A entidade angolana assim nascida opera através da Edifer Angola (projectos de construção), Construções Fortaleza (estruturas de betão), Edigema (imobiliário), Edimetal Angola (metalomecânica) e Tecnasol Angola (geotecnia e fundações). Dois dos mais proeminentes projectos de arranha-céus em que o grupo está a trabalhar são as Torres Luanda (25 andares) e o Edifício Kianda (27 andares), ambos edifícios de multi-usos em construção na Baixa de Luanda. No final de 2010 a carteira de encomendas do grupo Edifer ascendia a € 1.128 milhões, dos quais 31% (€ 350 milhões) relativos a contratos em Angola. Somague A Somague é uma das principais empresas portuguesas de construção civil e obras públicas. É especializada em construção, concessões rodoviárias, gestão de património, imobiliário e serviços. A Somague concentra as suas actividades nomeadamente nos mercados Lusófonos. Angola é o segundo mais importante mercado da empresa, depois de Portugal. Em 2011, Angola contribuiu com € 199.8 milhões (29%) para o volume de negócios do grupo. No final de 2011, a carteira de encomendas da Somague ascendia a € 702 milhões, com Angola sendo responsável por 42% do total, com aproximadamente € 309 milhões. Entre os projectos em que o grupo esteve envolvido em 2011 estao incluídos os seguintes: • Reabilitação do Aeroporto Internacional de Luanda. • Construção do Edifício Lenine. 60 — Perfil do Sector Privado do País • Construção do edifício sede do BNI. • Construção do Projecto Condomínio Morada dos Reis. • Construção do Instituto de Formação Pitruca. • Construção do Projecto Condomínio Noblesse Residence. • Construção do Complexo Kinaxixi. • Construção do Posto de Abastecimento Táxi. • Reabilitação do Aeroporto do Huambo. • Reabilitação e expansão do edifício da Sonangol Distribuidora. • Construção do edifício Fénix, de 19 andares, com área residencial e escritórios na Mutamba, em Luanda. • Construção do edifício Marina Baía. • Construção do edifício Teatro Avenida. Odebrecht A Odebrecht é um conglomerado empresarial brasileiro fundado em 1944. É especializado em engenharia e construção, com participações também em parcerias no sector mineiro e petrolífero. A Odebrecht é uma das maiores empresas há mais tempo estabelecida em Angola, com mais de 28 anos de experiência no mercado e empregando mais de 17.000 angolanos em 2010. Além da prestação de serviços nas áreas da construção e engenharia, a empresa é investidora em projectos de infra-estrutura, no sector diamantífero (Catoca), dos biocombustíveis (Biocom), retalho (Nosso Super) e imobiliário, em parceria com empresas angolanas. Alguns dos principais projectos da Oderbrecht em Angola incluem: • Renovação e expansão do Aeroporto Internacional de Luanda. • Renovação e expansão do aeroporto da Catumbela. • Expansão da Damer Gráfica (unidade gráfica e de impressão). • Construção do Cinfotec, um centro de formação tecnológica. • Construção do projecto Condomínio Arte Yetu em Talatona. • Construção do projecto Condomínio Cajueiro em Malanje. • Construção do Projecto Condomínio Mansões do Vale. • Construção do Projecto Condomínio Terraços no Lobito. • Construção do Projecto Vivendas Belas Garden. • Projecto CSRT – Optimização de Transmissão de Energia Eléctrica. • Construção do Hotel Royal Century. • Projecto Águas de Benguela II. • Rodovias Capanda-Dondo. • Rodovias Ekunha-Cusse. • Projecto de Etanol da Biocom em Malanje. • Reabilitação da rodovia Marginal Sudoeste. Perfil do Sector Privado do País — 61 Principais Sectores Empresariais Agricultura e Pescas Angola tem um potencial agrícola excelente com 58 milhões de hectares de terra potencialmente arável, um clima favorável e recursos hídricos abundantes. Antes de conquistar a independência de Portugal em 1975, Angola era auto-suficiente em todas as principais culturas alimentares com excepção do trigo. Era também o quarto maior exportador mundial de café, empregando perto de um quarto de milhão de pessoas. O país exportava ainda anualmente mais de 400.000 toneladas de milho, facto que o tornou um dos maior produtores de alimentos de base da África subsaariana (Shaxson, 2009). Outras culturas de exportação incluíam algodão, cana-de-açúcar, sisal, banana, mandioca e madeira. Embora a agricultura fosse importante em Angola durante o período colonial, o sector desmoronou-se em virtude da guerra civil que provocou a deslocação massiva da população rural que, na sua maioria, vive ainda hoje em centros urbanos maiores ou menores. Dez anos após a chegada da paz e apesar da imensa riqueza natural do país, Angola não produz ainda alimentos suficientes para satisfazer as necessidades da sua população. O país depende fortemente de importações alimentares dispendiosas, provenientes nomeadamente da África do Sul e de Portugal, enquanto cerca de 90% da agricultura é praticada a um nível familiar e de subsistência. Segundo a Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação (FAO), 44% da população angolana sofre de má nutrição – o resultado, simultaneamente, de investimentos insuficientes na produção agrícola e distribuição doméstica e da contínua dependência relativamente a bens importados que faz disparar os preços e deixa muitos produtos básicos fora do alcance do angolano comum. O país pretende reduzir a sua dependência de alimentos importados, parar a insegurança alimentar e promover o emprego. Para alcançar tais objectivos, o GA lançou diversos programas com vista a aumentar a produção agrícola, a promover os produtos produzidos localmente e a desenvolver o sector do pequeno produtor. O sector agrícola tem igualmente beneficiado com a reabilitação de infra-estruturas rurais, a remoção de minas terrestres e o retorno de populações deslocadas pela guerra. Dez anos após a chegada da paz e apesar da imensa riqueza natural do país, Angola não produz ainda alimentos suficientes para satisfazer as necessidades da sua população. Produção Agrícola O índice de produção de culturas (Figura 13) mostra-nos a produção agrícola em Angola relativamente ao período base 2004-2006. É notória uma descida da produção durante os anos de guerra mas o sector tem desde então começado a recuperar, encurtando nos últimos anos a distância relativamente à média da África subsaariana. A produção total em Angola em 2011 estava estimada em cerca de 27 milhões de toneladas, um aumento da taxa de crescimento de 8% relativamente ao ano anterior. A mandioca continua a representar mais de 50% da produção total em toneladas. Com menos de 30% da terra arável sob cultivo, o potencial para agricultura extensiva é enorme. 62 — Perfil do Sector Privado do País FIGURA 13: ÍNDICE DE PRODUÇÃO DE CULTURAS (2004-2006=100) FONTE: BANCO DE DADOS DO BM TABELA 19: PRODUÇÃO NACIONAL DE CARNE, OVOS E LEITE FONTE: MINADERP, FAO, CEIC 2008 2009 2010 Vaca (toneladas) 5,377 6,317 8,402 Porco (toneladas) 615 672 801 Cabrito e cabra (toneladas) 327 337 397 Galinha (toneladas) 7,316 7,959 10,156 Ovos (milhões de unidades) 7,303 n/a n/a Leite (milhares de litros) 1,467 4,250 n/a Perfil do Sector Privado do País — 63 TABELA 20: PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS EM ANGOLA (EM TONELADAS) FONTE: FAO 2009 2010 2011 Milho 970,231 1,072,737 1,262,222 Milheto 27,974 40,723 61,226 Sorgo 40,348 46,787 62,169 Arroz 14,291 17,697 23,209 12,827,580 13,858,681 14,333,509 Batata 823,266 841,279 841,252 Batata doce 982,588 986,563 1,045,104 Feijão 247,314 250,117 303,521 Amendoim 110,828 115,164 161,116 5,936 6,087 7,743 Horticultura 4,614,910 4,729,267 5,190,006 Banana 1,985,263 2,047,955 2,646,073 Citrinos 232,345 247,599 266,938 Manga 100,639 102,295 95,097 Abacaxi 291,943 313,365 326,352 Abacate 43,959 46,307 48,533 Café 11,892 9,951 48,533 Total 23,331,307 24,732,574 26,722,603 Mandioca Soja FIGURA 14: RENDIMENTO CEREALÍFERO EM 2010 (KG POR HECTARE) FONTE: BANCO DE DADOS DO BM 64 — Perfil do Sector Privado do País PRINCIPAIS INTERVENIENTES NO SECTOR Existe um certo número de fazendas ou propriedades agrícolas comerciais mas a agricultura de subsistência em pequena escala predomina. Existe ainda um número crescente de empresas fornecedoras de serviços e insumos para o sector agrícola. Alguns dos intervenientes mais conhecidos incluem: Fertiangola Criada em 2005, a Fertiangola tem uma extensa oferta de produtos que inclui fertilizantes, sementes, agro-químicos, produtos veterinários, jardim, ferramentas e produtos de irrigação. Uma empresa bem organizada com uma loja na província de Benguela. Agroway A Agroway representa várias empresas brasileiras de venda de insumos e equipamento agrícola. A Agroway representa também a reconhecida marca de tractores New Holland. BrasAfrica A BrasAfrica vende tractores brasileiros da marca Massey Ferguson, assim como sementes e produtos veterinários. Novagro Fundada em 2001, a oferta de produtos da Novagro inclui sementes, fertilizantes e tractores. A Novagro trabalhou de perto com o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) no fornecimento de insumos e assistência técnica a pequenos produtores que beneficiam de créditos agrícolas concedidos pelo GA. A Novagro tem filiais nas províncias do Huambo, Kwanza Sul e Benguela LonAgro A LonAgro tem o acordo de representação da John Deere (tractores). A LonAgro é uma joint-venture entre o grupo investidor britânico pan-africano Lonrho e a Agromundo, uma empresa angolana. Omnia O reconhecido especialista sul-africano em fertilizantes e protecção de culturas é representado directamente no mercado angolano, onde se dedica nomeadamente à venda de fertilizantes a produtores comerciais de larga-escala. Agromundo Loja com todo o tipo de insumos e equipamento agrícola. A Agromundo representa várias marcas internacionais de renome, incluindo: Syngenta (agroquímicos); Basf (agroquímicos); Nulandis (agroquímicos genéricos), Lindsay (sistemas de irrigação) e Rovatti Pompe (bombas de água). Outras empresas identificadas que também fornecem equipamento e insumos agrícolas são: Cegonha; Promodes; Sedius, com lojas em Luanda, na Catumbela e no Lubango; Agrovet, especializada em produtos de saúde animal e com uma loja no Lubango operacional há 40 anos; e a AngoVet, uma empresa especializada em produtos veterinários. Agências de Desenvolvimento Estatais O MINADERP é a autoridade central responsável pela regulamentação da política de desenvolvimento e pelo apoio à agricultura, pecuária, florestas e pescas. O MINADERP supervisiona diferentes agências estatais com mandatos específicos, incluindo: Gesterra Empresa estatal com capital público criada em 2006 para gerir projectos de agricultura em larga escala, particularmente na área cerealífera. A agência centraliza-se em quatro culturas principais, a saber: milho, soja, arroz e feijão. O principal papel da Gesterra é identificar terra para produção agrícola à qual depois confere o título de “reserva estratégica do Estado”. São depois identificadas parcerias e financiamento para desenvolver a capacidade produtiva das reservas estratégicas de Estado. Os projectos da Gesterra são na sua maioria financiados através de linhas de crédito bilaterais. IDA Presta assistência técnica e material a agricultores de subsistência que produzem culturas alimentares (feijão, milho, mandioca e sorgo). Fornece ainda insumos agrícolas (sementes, ferramentas, fertilizantes e pesticidas) e serviços (lavoura mecanizada) a crédito a agricultores de pequena escala. Mecanagro Agência responsável pela maquinaria, reparação e manutenção de maquinaria e preparação mecânica de solos. Perfil do Sector Privado do País — 65 Instituto Nacional do Café Dada a importância do café enquanto cultura de exportação antes da independência, foi criado o Instituto Nacional do Café para focar-se especificamente no desenvolvimento desta promissora cultura. Iniciativas e Projectos de Desenvolvimento Várias iniciativas tanto do sector público como do privado visam revitalizar a produção agrícola em Angola. Exemplos de alguns dos principais projectos e iniciativas são apresentados em seguida: O fundo Vital Capital Fund aprovou um investimento de US$ 36 milhões para a Aldeia Nova, um projecto financiado maioritariamente por israelitas que opera em Angola há vários anos. O projecto tem tido algum êxito na melhoria de acordos de marketing e de serviços (por exemplo, uma fábrica de rações animais dirigida à comunidade, um centro de incubação de ovos, etc) para permitir aos agricultores acesso aos mercados, tecnologias, ao crédito e a insumos. O BM, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e outros doadores financiaram conjuntamente o Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Familiar orientada para o Mercado que visa incrementar a produção agrícola através do fornecimento de melhores serviços e apoio ao investimento a pequenos agricultores nas províncias do Huambo, Bié e Malanje. O projecto teve início em 2008 e prolonga-se até 2014, estando avaliado em cerca de US$ 50 milhões. O Banco chinês ExIm (Exportação-Importação) concordou com a concessão ao governo de um empréstimo de US$ 40 milhões para a Mecanagro, a agência agrícola estatal. A Mecanagro, criada em Janeiro de 2011, tem sido responsável pela condução de um programa de modernização agrícola que tem em vista aumentar a formação, as competências em engenharia e o fornecimento de equipamento na agricultura. Em Fevereiro, a empresa japonesa Marubeni anunciou que irá investir US$ 652 milhões num projecto de canade-açúcar para etanol no Cunene (Sul de Angola). A unidade irá produzir tanto açúcar como etanol. A fábrica irá processar 20.000 TM de cana por dia e produzir 4 mil milhões de litros de etanol anualmente, além de 400.000 toneladas de açúcar. O projecto irá abranger 66.000 hectares de plantação de cana-de-açúcar, devendo estar operacional dentro de cinco anos. O Executivo lançou o ‘Crédito Agrícola de Campanha’ em 2011. A iniciativa conta com o apoio de vários bancos angolanos, incluindo: o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), Banco de Poupança e Crédito (BPC), Banco Sol, Banco de Comércio e Indústria (BCI) e Banco BAI Micro Finanças (BMF). A campanha visa garantir o acesso de pequenos agricultores a empréstimos que lhes permitam aumentar a sua produção. O crédito disponível através desta iniciativa totaliza US$ 150 milhões. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) visa desbloquear financiamentos para o desenvolvimento agrícola em Angola. A agência trabalha com bancos locais, BFA e BCI, na emissão de garantias de empréstimo para mutuários privados de modo a ajudar a aumentar o fluxo de crédito destinado ao sector agrícola. Ao longo dos últimos anos, o governo angolano tem também investido fortemente em reavivar o sector do café, nomeadamente através de subsídios para fertilizantes e equipamento e da concessão de micro-créditos a produtores de café. A Companhia de Bioenergia de Angola (BIOCOM) – uma joint-venture entre a construtora brasileira Odebrecht (40%), o grupo privado angolano DAMER (40%) e a Sonangol (20%) – está a desenvolver uma plantação de cana-de-açúcar de 30.000 hectares para a produção de etanol na província de Malanje. O projecto deverá dar início às suas operações em 2013 e terá capacidade para produzir 30 milhões de litros de etanol, 250.000 toneladas de açúcar e 160.000 Megawatts Hora (MWh) de bioelectricidade por ano. A empresa suiça Nestlé veiculou um investimento de CHF 10 milhões (cerca de US$ 11 milhões) na sua nova fábrica em Luanda. A fábrica será um ‘centro de acabamento’ para embalagem e re-embalagem de produtos como o leite em pó Nido e o café Nescafé, devendo as suas operações ter início em Setembro de 2012. O governo angolano anunciou ainda uma iniciativa intitulada “Programa Comprar Nacional” que visa apoiar os produtores nacionais e promover o fornecimento de alimentos provenientes de fontes locais, permitindo assim ajudar a reduzir a factura excessiva de importação. 66 — Perfil do Sector Privado do País Perspectivas futuras A procura de produtos locais deverá aumentar consideravelmente, impulsionada pelos seguintes aspectos: (1) crescimento sustentado dos rendimentos per capita da população; (2) decisão do governo angolano de apoiar os produtores locais e de garantir a oferta proveniente de fontes locais (reduzindo igualmente a factura excessiva de importação); (3) melhoria das infra-estruturas (estradas, pontes, silos e portos); (4) aumento dos centros de distribuição (por exemplo, o Shoprite); (5) presença crescente de grupos agro-industriais (incluindo a Coca Cola, SAB Miller, Nestlé, etc). A procura de mais, melhor e mais diversificada oferta proveniente do mercado nacional deverá aumentar nos próximos anos, à medida que as empresas obtêm, cada vez mais, as suas matérias-primas no mercado doméstico. PESCAS Com uma linha costeira que se estende por 1.650 km, Angola é rica em recursos haliêuticos marinhos. As águas de Angola possuem também das mais ricas unidades populacionais de peixe de África, uma vez que duas correntes divergentes, a saber, a Corrente da Guiné com as suas águas quentes proveniente do Norte e a Corrente de Benguela de águas frias no Sul, dão origem a um forte afloramento com um ecosistema altamente produtivo para os recursos marítimos. Os recursos hídricos superficiais são também relativamente abundantes. Os principais sistemas fluviais de Angola são compostos pela Bacia do Rio Zaire, Bacia do Rio Zambeze, Bacia do Rio Okavango, os rios costeiros no Norte do país dos quais se destaca o Rio Kwanza, e a Bacia do Rio Cunene. Os principais rios estendem-se por um total de mais de 10.000 km de comprimento, sem contar com os pequenos fluxos de água. Não existem grandes lagos em Angola, embora existam numerosos corpos de água mais pequenos associados com planícies aluviais de sistemas fluviais. A pesca marítima está dividida nos sectores industrial e artesanal. A pesca industrial é desenvolvida nomeadamente por frotas de pesca estrangeiras. Algumas das frotas de pesca estrangeiras (por exemplo de Espanha, Japão e Itália) operam em águas territoriais angolanas e são obrigadas pelo GA a destinar uma parte da sua quota de pesca aos portos angolanos, por forma a aumentar a oferta doméstica de peixe. O sector industrial dirigese a espécies piscícolas comerciais que abrangem as seguintes: pelágicas (carapau, sardinela, atum), camarão, caranguejo vermelho de fundo, lagosta e peixe demersal. A pesca artesanal concentra-se na pescaria de carapau e de espécies de menor valor comercial como garoupas, lucianos, esparídeos, corvinas e lagosta. Existem diversas espécies de peixes de água-doce nas águas de Angola. A tilápia é provavelmente o mais importante e mais abundante peixe de água-doce, mas outras espécies incluem o peixe-gato e o camarão de água-doce. O MINADERP é responsável pela definição e implementação das políticas gerais para o sector das pescas em Angola. O Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal e da Aquicultura (IDPAA) é o principal órgão governamental responsável pela pesca artesanal e aquicultura. O IDPAA está encarregue da promoção, preparação e implementação de projectos no sector da pesca artesanal. Presta assistência técnica e organiza workshops e formações com vista à promoção da pesca artesanal e de apoio às comunidades piscatórias. O IDPAA visa ainda promover uma aquicultura responsável e sustentável, de modo a contrabalançar a sobreexploração dos recursos aquáticos naturais, e como forma de promover a segurança alimentar e o desenvolvimento económico. A Tabela 21 apresenta o volume total de pescado em toneladas e seu correspondente valor em US$. O IDPAA estima que a pesca artesanal corresponde a 35% do pescado total. A pesca artesanal é também muito importante em termos de redução da pobreza, uma vez que o sector é um forte catalisador de emprego. Esta constitui a principal forma de subsistência das comunidades costeiras em Angola. O peixe é uma fonte de proteína e parte da dieta alimentar tradicional em Angola, contribuindo directamente para a segurança alimentar do país. O Sector das Pescas angolano beneficiou da assistência técnica de diferentes países e Organizações Internacionais, incluindo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a União Europeia (UE), a Noruega (através da NORAD) e agências das Nações Unidas como a FAO, o PNUD e o FIDA. Não obstante, o sector da pesca artesanal carece ainda de apoios. Perfil do Sector Privado do País — 67 Apesar dos desenvolvimentos recentes, como sejam a criação na zona costeira de 10 centros de pesca artesanal com o apoio do BAD, persiste a necessidade de expandir e melhorar as infra-estruturas existentes, por exemplo os serviços financeiros e de fornecimento de electricidade e água. Os instrumentos de crédito e de micro-finanças são ainda limitados. As comunidades piscatórias têm acesso limitado ao crédito, nomeadamente em virtude das elevadas taxas de juro e da escassez de garantias. Tal facto torna difícil a compra de materiais imprescindíveis - como anzóis, fios de nylon, flutuadores, redes, motores, barcos de pesca, máquinas de fabrico de gelo e câmaras frigoríficas. Em virtude disso, a grande maioria do pescado é salgado e seco devido à escassez de empréstimos. Existe ainda a necessidade de desenvolver as qualificações dos extensionistas e dos pescadores através da formação e do desenvolvimento das suas competências. A formação é um requisito para a constituição de cooperativas capazes, permitindo dessa forma às comunidades piscatórias o acesso ao crédito disponibilizado pelo GA. A formação é também uma necessidade nos domínios da gestão das pescas, da reparação de redes e embarcações, no uso de métodos de pesca apropriados, na transformação do pescado e na definição de melhores padrões de qualidade (salga e secagem), na promoção e no marketing, e no manuseio de poupanças e de crédito. TABELA 21: COMERCIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO NO SECTOR DAS PESCAS FONTE: FAO Quantidade (toneladas) Valor (milhares US$) 2005 105,085 50,025 2006 65,724 78,519 2007 140,114 86,131 2008 160,738 123,875 2009 190,083 106,417 68 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Turismo e Hospitalidade O número de chegadas internacionais a Angola tem mantido um crescimento estável ao longo dos anos. A Figura 15 apresenta as chegadas internacionais a Angola entre os anos 2006 e 2010. Durante este período, as chegadas internacionais subiram a uma taxa média anual de 38%. O Ministério da Hotelaria e Turismo angolano (MINHOTUR) prevê um aumento médio das chegadas internacionais de 7.3% entre 2011-14 (Figura 16), bastante acima da média mundial de aproximadamente 4%. Figura 15: Chegadas Internacionais Mais de 80% do total de chegadas a Angola tem origem em outros continentes, enquanto 18% provém de África. Cerca de 50% do total de chegadas tem origem em apenas três países: Portugal, China e Brasil. As Figuras 17 e 18 mostram a repartição dos principais mercados de visitantes por região e país de origem em 2010. A maioria dos visitantes de Angola entram no país em negócios ou para emprego. Tal aspecto reflecte-se igualmente no facto de 86% das chegadas serem pessoas do sexo masculino. A larga proporção relativa a lazer pode ser atribuída a indivíduos na diáspora que regressam para férias (sobretudo no período a meio do ano, entre Junho e Agosto). Tal facto é demonstrado pela sazonalidade das chegadas (Figura 20). FONTE: MINHOTUR Figura 16: Chegadas Internacionais – Actuais & Previstas Segundo dados do MINHOTUR, existiam 136 hóteis em Angola em 2010, dos quais 60 localizados em Luanda. O número de hóteis no país registou uma subida superior a 50% em 2010 – de 87 em 2009 para 136 em 2010 (Tabela 22). O MINHOTUR afirma que a taxa de ocupação média em 2010 foi de 89%. A Tabela 23 apresenta uma lista dos principais hóteis em Luanda, o número de quartos de cada hotel, a sua categoria (classificação por estrelas) e tarifas publicadas. FONTE: MINHOTUR Embora actualmente a procura de hóteis em Luanda seja na sua maioria relacionada com negócios, Angola é potencialmente um país oportuno para o desenvolvimento do sector do turismo. Angola dispõe de 1.650 km de costa, de uma longa estação de Verão e de maravilhosas praias naturais de areia. Angola tem também diversos parques nacionais, embora a população animal tenha sido virtualmente eliminada em consequência da guerra. O Parque Nacional da Kissama é a Reserva Animal Na- Perfil do Sector Privado do País — 69 FIGURA 17: CHEGADAS POR REGIÃO EM 2010 FONTE: MINHOTUR FIGURA 18: CHEGADAS POR PAÍS EM 2010 FONTE: MINHOTUR FIGURA 19: RAZÃO DA ENTRADA EM 2010 FONTE: MINHOTUR FIGURA 20: CHEGADAS POR MÊS EM 2010 FONTE: MINHOTUR 70 — Perfil do Sector Privado do País cional mais próxima de Luanda e, com quase 1 milhão de hectares, é também um dos maiores parques do mundo. Em 2001, foram transportados alguns animais para o parque, provenientes da África do Sul e do Botsuana. Reconhecidamente, os elevados custos e os vistos constituem obstáculos que tornam o crescimento do turismo internacional improvável a curto e médio prazo. No entanto, o turismo interno – impulsionado por angolanos de rendimento médio-alto e por expatriados residentes – apresenta perspectivas mais promissoras. O turismo interno beneficiou da melhoria significativa na infra-estrutura da rede de estradas, bem como do aumento das estruturas de alojamento ao longo do país. Para além disso, o GA ambiciona promover o turismo interprovíncias, tendo definido três Pólos de Desenvolvimento Turístico, a saber, Cabo Ledo (Província de Luanda), Calandula (Província de Malanje) e Okavango (Província do Kuando Kubango). Um dos principais objectivos desta iniciativa é desenvolver estas áreas enquanto destinos turísticos, através da supervisão e incentivo ao desenvolvimento urbano e de infra-estruturas. TABELA 22: ALOJAMENTO EM ANGOLA FONTE: MINHOTUR 2006 2007 2008 2009 2010 50 77 81 87 136 Quartos 2,699 6,326 108,235 140,706 368,946 Camas 7,242 12,652 197,211 201,221 606,243 Pensões 336 504 540 714 996 Quartos 21,177 22,325 134,530 161,436 438,749 Camas 38,345 44,650 189,864 208,851 712,058 Hóteis Perfil do Sector Privado do País — 71 TABELA 23: PRINCIPAIS HOTÉIS EM LUANDA FONTE: MINHOTUR Tarifas (em US$) Quartos Suítes Total Individual Duplo Suítes (a partir de) Talatona 180 21 201 575 655 875 Epic Sana* 219 19 238 450 450 800 Trópico 274 6 280 391 477 825 Alvalade 188 14 202 382 468 765 Presidente 194 3 197 378 437 838 Praia Mar 54 3 57 380 395 750 Skyna 220 17 237 390 420 820 Baía 133 6 139 420 500 765 Tivoli 48 6 54 280 306 408 Continental 75 8 83 285 325 385 1,590 97 1,549 5 estrelas 4 estrelas 3 estrelas TOTAL * ALÉM DE QUARTOS E SUÍTES INDIVIDUAIS E DUPLOS, O EPIC SANA DISPÕE DE 50 APARTAMENTOS RESIDENCIAIS, COM UM OU DOIS QUARTOS. 72 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Transportes A infra-estrutura de transportes de Angola sofreu severos danos durante os 30 anos de guerra, com a destruição e a negligência levando ao encerramento da maior parte da rede rodoviária e ferroviária. No entanto, desde 2004, investimentos intensivos na reabilitação das infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, na sua maioria financiados por empréstimos e linhas de crédito chineses, têm vindo a transformar a infra-estrutura do país. A despesa em infra-estrutura de US$ 4.3 mil milhões por ano de Angola é equivalente a 14% do PIB (Pushak & Foster, 2011). A despesa pública em infra-estrutura é fortemente canalizada para os transportes, que são responsáveis por cerca de 70% do seu total (ibid). Transporte Aéreo O principal aeroporto internacional de Angola está localizado em Luanda e é servido por diversas companhias aéreas internacionais e regionais, incluindo a TAAG (a companhia aérea de bandeira), TAP, British Airways, South African Airways, Air France, Lufthansa, Ethiopian Airlines, Kenya Airways, KLM, Air Namíbia, Linhas Aéreas de Moçambique, Brussels Airlines, Iberia e Emirates Airlines. O terminal internacional do aeroporto de Luanda foi renovado em 2010 em preparação para o Campeonato Africano das Nações (futebol) que Angola acolheu pela primeira vez esse ano. Totalmente renovado, o aeroporto cobre actualmente uma área de mais de 37.543 m2. Dispõe de duas pistas com pavimento asfáltico de 3.700 metros e 2.600 metros cada, e 8 espaços para estacionamento de aeronaves. No hall de embarque, os balcões de check-in passaram de 12 para 26. O aeroporto renovado conta ainda com três novos parques de estacionamento para carros, táxis e autocarros, com capacidade para 856 veículos. As autoridades estimam que o aeroporto tem capacidade para acolher um máximo de 4 milhões de passageiros por ano. Actualmente, o aeroporto acolhe cerca de 7 chegadas de voos internacionais por dia, estando previsto o aumento do seu tráfego. A Egypt Air, a Royal Air Maroc e a Delta tencionam dar início às suas operações em Luanda num futuro próximo. A Delta tinha previsto dar início aos seus voos em Janeiro de 2010, estando já actualmente a pagar um aluguer e despesas de segurança ao aeroporto. O novo aeroporto internacional de Luanda está em construção, 40 km a Leste da capital. O novo aeroporto visa concretizar o ambicioso plano de Angola de tornar-se uma placa aérea giratória (hub) regional, com 4 pistas e capacidade para 7-10 milhões de passageiros. Também vários aeroportos provinciais foram renovados ou estão actualmente em processo de renovação. A despesa pública em infraestrutura está fortemente enviesada para o sector dos transportes, que absorve cerca de 70% do seu total. Transporte Ferroviário Três linhas ferroviárias de relevo foram construídas a partir da costa em direcção a Leste na época colonial, ligando os principais portos de Angola no Atlântico ao interior do país. No seu auge em 1973, estas linhas transportavam 9.3 milhões de toneladas de carga, estimulando o crescimento de muitas das principais cidades angolanas no interior (Pushak & Foster, 2011). Perfil do Sector Privado do País — 73 FIGURA 21: REDES FERROVIÁRIAS EM ANGOLA EM 2010 74 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 24: ESTADO DA REABILITAÇÃO DAS LINHAS FERROVIÁRIAS Empresa Porto Região Linhas (km) Operacionais % Operacionais CFL Luanda Norte 425 425 100 CFB Lobito Centro 1,347 246 18 CFM Namibe Sul 987 0 0 Grande parte desta rede foi destruída durante a guerra civil. Em 2005, o GA começou a reabilitar o sistema ferroviário, financiado nomeadamente por empréstimos da China. Três linhas ferroviárias distintas atravessam Angola, a saber: • Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL) • Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB) • Caminhos-de-Ferro de Moçamedes (CFM) O CFL liga a capital angolana Luanda à província interior de Malanje. A linha está totalmente operacional mas não tem ainda acesso ao Porto de Luanda. O CFB liga o Porto do Lobito no Atlântico à cidade do Luau, na fronteira leste do país, e às redes ferroviárias no sudeste da RDC, Zâmbia e mais além. O CFB opera actualmente entre o Lobito e o Huambo. O Ga pretende ter o CFB operacional até ao Luau, até ao final de 2012. Por último, o CFM liga a cidade do Namibe à província leste do Kuando Kubango. O CFM não está ainda operacional mas está já reabilitado e estima-se que retome as operações até ao final do ano. As linhas ferroviárias serão de importância vital para “abrir” o interior do país. As cidades de interior de Angola têm sido excluídas dos agitados desenvolvimentos das regiões costeiras há vários anos. O sector agrícola – aquele que emprega actualmente mais angolanos – deverá ser o principal beneficiário. A indústria diamantífera – centralizada no interior do país - irá também ela beneficiar de uma rede ferroviária em funcionamento. O GA pretende promover uma maior participação do sector privado neste domínio. Para esse efeito, pretende fundir as três companhias ferroviárias numa só autoridade e colocar a concessão das suas operações à disposição da iniciativa privada. O governo pretende vender alguns aspectos comerciais e operacionais dos caminhos-de-ferro a empresas privadas, mantendo contudo uma posição accionista de controlo na nova empresa que se designará Caminhos de Ferro de Angola. O GA deverá manter a titularidade da infra-estrutura. Os planos de desenvolvimento futuros incluem a extensão das linhas do Norte e do Sul para Leste e a construção de três novas linhas Norte-Sul interligadas com as três linhas Este-Oeste para formar uma rede completa. Transporte Rodoviário A guerra impôs que a maior parte da carga fosse transportada por via aérea, uma vez que o transporte rodoviário de mercadorias era perigoso e limitado, condenando assim muitas povoações do interior ao completo isolamento. A extensão da destruição do país em 2002 não pode ser subestimada. Mais de 300 pontes foram destruídas. As estradas e pontes do país passaram de 75.000 km em 1994 para 51.000 em 2001 (BM, 2012). Contudo, desde 2002, Angola tem levado a cabo progressos impressionantes na reabilitação da sua infra-estrutura, no processo de desminagem e na reconstrução de estradas e pontes. Em virtude disso, a rede de estradas aumentou para 62.560 km em 2010 (ibid). Este esforço tem sido financiado por fundos públicos e créditos externos. Empresas de construção estrangeiras, nomeadamente chinesas e brasileiras, têm sido responsáveis por grande parte da reconstrução da infra-estrutura do país. A reabilitação das estradas tem sido concentrada nas vias que ligam os principais centros urbanos e nas estradas em redor de Luanda. Transporte Marítimo Luanda, Lobito, Namibe e Cabinda são os principais portos de carga em Angola. O Porto de Luanda é a principal rota do comércio internacional, movimentando cerca Perfil do Sector Privado do País — 75 de 80% das importações do país. O Porto de Luanda é também o principal centro para as operações actuais de importação de produtos alimentares, para a indústria energética, e para as operações actualmente em franco crescimento de carga geral e de contentores. O porto está dedicado quase exclusivamente às importações (ver Figura 22). No ano de 2009 movimentou 9 milhões de toneladas de carga, mais 2 milhões de toneladas do que em 2008 – representando uma taxa de crescimento de 22% (Porto de Luanda E.P., 2009). Em 2009, 4.971 navios atracaram no porto (ibid). O porto consiste de 1.150 metros de cais acostável (seis postos de acostagem) com cinco postos de acostagem adicionais num cais (Pushak & Foster, 2011). O calado máximo admitido actualmente pelo porto é de 10.5 metros, permitindo um navio com a dimensão máxima de aproximadamente 30.000 toneladas de porte bruto (ibid). Figura 22: Movimentação de contentores no Porto de Luanda em 2009 FONTE: EMPRESA PORTUÁRIA DE LUANDA E.P. As operações de movimentação de carga no porto foram concessionadas a quatro operadores independentes, como se segue (Harding, 2009): • Terminal Petrolífero: concessionado à SONILS em 1997 por um período de 25 anos. O terminal serve as indústrias do petróleo e gás. • Terminal de Carga Geral (TCG): este terminal foi concessionado à Multiterminais em 2005 por um período de 20 anos. A Multiterminais é um consórcio formado pela Copinol SARL (51%), Nile Dutch Africa Line (35%) e pela NDS Lda (14%). • Terminal Polivalente (TP): este terminal foi concessionado à Unicargas em 2005 por um período de 20 anos. A Unicargas é uma empresa de transportes detida pelo Estado. • Terminal de Contentores (TC): este terminal foi concessionado à Sogester em 2007 por um período de 20 anos. A Sogester é detida pela APM Terminals (40%) com a Maersk Line (11%) e a Gestão de Fundos (49%). A APMT é parte do Grupo Moller-Maersk, que inclui também a companhia de navegação Maersk. O aumento do tráfego conduziu a congestionamentos sérios em 2007/08. Relatos indicam que, na época, os barcos tinham de esperar até 500 horas para atracarem, sendo visíveis muitos navios ao largo aguardando a entrada no porto. O Porto de Luanda tem desde então beneficiado de investimentos feitos na sua reabilitação, expansão e valorização. Tais investimentos foram financiados por vários investidores, entre os quais se destaca a Sogester. Tal resultou na diminuição do congestionamento e na melhoria da sua competitividade e eficiência. Não obstante, o Porto de Luanda é ainda conhecido pelos seus atrasos prolongados e pelo precário desempenho comparativamente a outros portos em África (Pushak & Foster, 2011). A Tabela 25 apresenta um sumário das principais características do porto. Porto do Lobito É o segundo maior porto de Angola depois de Luanda, tendo movimentado 2.7 milhões de toneladas em 2011 comparado com 2.3 milhões em 2010. Durante o mesmo período de tempo, o porto movimentou também 87.538 contentores. O GA investiu US$ 1.2 mil milhões na modernização e ampliação do porto, que verá a sua capacidade aumentada para 11 milhões de toneladas. O investimento inclui a ampliação do cais de acostagem do porto, de modo a permitir a atracagem simultânea de 12 navios. Actualmente o Porto do Lobito tem capacidade para apenas 8 navios ao mesmo tempo. O plano de expansão e modernização inclui ainda 3 projectos-chave estruturais, a saber: • Terminal de Contentores Deverá dispor de uma capacidade de 130.000 TEUs, que deverá ser posteriormente expandida para 520.000 TEUs. Inclui ainda a construção de uma doca seca para o manuseamento de mercadoria contentorizada e para outros serviços portuários. • Terminal Mineiro Deverá dispor de uma capacidade para movimentar 3.650.000 toneladas, que deverá ser expandida para 76 — Perfil do Sector Privado do País 4.050.000 toneladas numa fase posterior. Estima-se que o tráfego deverá aumentar graças à reabilitação dos Caminhos-de-Ferro de Benguela que ligam a África Central ao Atlântico via o Porto do Lobito. É esperado que tal permita ao Porto do Lobito ocupar-se do comércio mineiro dos países vizinhos (por exemplo, cobre da Zâmbia). desaceleração, decorrente da procura pela Sonangol de um parceiro de financiamento do projecto. A China Harbor Engineering Company Lts (CHEC) é responsável pela construção dos terminais de contentores e mineiro. À Kellogg Brown & Root (KBR) foi concedido o contrato da refinaria do Lobito. • Terminal de Petróleo Inclui uma refinaria de 200.000 bpd, actualmente em construção. A construção da refinaria sofreu uma TABELA 25: PORTO DE LUANDA – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Tráfego: Rendimento TEU Rendimento carga-geral (toneladas) Total de escalas de navios por ano 581.940 TEU (2009) 9 milhões de toneladas (2009) 4.971 (2009) Desempenho: Tempo de espera dos contentores – média (dias) 12 Tempo de transportação para recepção e entrega de carga (hs) 14 Produtividade dos guindastes de cais (contentor por hora) 7 Custos/Tarifas: Importação (TEU) Carga geral (toneladas) US$ 320 US$ 9 Perfil do Sector Privado do País — 77 Principais Sectores Empresariais Serviços Públicos (Electricidade e Água) ELECTRICIDADE Angola tem feito avanços substanciais para restaurar e reconstruir a sua infra-estrutura do sector eléctrico, fortemente afectada durante a guerra. Desde 2002, Angola logrou aumentar a sua capacidade de produção de electricidade, melhorar a sua capacidade operacional e reduzir o tempo para obter uma ligação eléctrica. Apesar disso a capacidade produtiva permanece bastante deficiente em relação às necessidades e o serviço é na generalidade pouco confiável, exigindo o recurso crescente a alugueres de urgência de forma a assegurar o fornecimento. Estima-se que apenas 30% da população tenha acesso a electricidade. O fornecimento deficiente de electricidade constitui um impedimento enorme à actividade do sector privado. Os inquéritos do BM sobre o clima de investimento em 2010 mostram que as empresas registaram 6 interrupções por mês no abastecimento eléctrico, com uma duração total de cerca de 14 horas. No cômputo global, 36 dias foram passados sem electricidade em 2010. Consequentemente, a maioria das empresas localizadas nas grandes cidades dispõe do seu próprio gerador eléctrico, de modo a compensar o fornecimento descontínuo de energia pública. A política de energia em Angola é da responsabilidade do Ministério da Energia e Águas (MINEA). Um Ministério distinto, o Ministério dos Petróleos, tem a mesma incumbência no que respeita as áreas do petróleo e gás. A Empresa Nacional de Electricidade (ENE) é a entidade estatal responsável pela geração, transmissão e distribuição de electricidade pelas três principais redes eléctricas de Angola e em diversos sistemas isolados. A ENE opera em 15 das 18 províncias do país. Segundo dados da Direcção Nacional de Energia do MINEA, a capacidade de produção de electricidade de Angola em 2008 era de aproximadamente 1.289 MW, sendo 61% desta hidroeléctrica. Os governos provinciais são responsáveis pela produção e distribuição de electricidade nas províncias não abrangidas pela ENE. O Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza (GAMEK), criado em 1987, cordena e supervisiona as unidades hidroeléctricas na área do Kwanza, em particular as barragens de Capanda e de Cambambe. Existem poucos produtores eléctricos independentes. A operação diamantífera no extremo nordeste do país é abastecida por uma central hidroeléctrica de 20 MW no rio Chicapa, uma joint-venture entre a companhia de diamantes russa Alrosa (60%) e a ENE (40%). Adicionalmente, existem dois produtores independentes, nas Mabubas e em Benguela, com um contrato de Construção, Operação e Transferência (BOT) por 30 anos. Por último, a Aggreko, a fornecedora de electricidade provisória, tem uma capacidade instalada de 30 MW em Luanda e de 45 MW em Cabinda. Embora Angola seja membro da Pool de Energia da África Austral (SAPP), o país não dispõe actualmente de interligações eléctricas com quaisquer países vizinhos, com excepção de umas linhas isoladas que abastecem diversas cidades na fronteira sul do país com a Namíbia. Estima-se que apenas 30% da população tenha acesso a electricidade. A empresa pública Empresa de Distribuição de Electricidade (EDEL) é responsável pela distribuição de electricidade na capital, Luanda, que assume 70% do consumo 78 — Perfil do Sector Privado do País eléctrico do país. A EDEL compra toda a electricidade de que dispõe à ENE. A Lei Geral de Electricidade de 1996 rege as operações no sector eléctrico, especialmente no que respeita o envolvimento do sector privado. Em particular a lei: (1) estabelece um sistema de concessão para regular a entrada de entidades do sector privado na indústria de electricidade; (2) define o sistema tarifário e os princípios de definição de preços que exigem tarifas uniformizadas em todo o país; (3) estabelece o Fundo Nacional de Energia para garantir a electrificação de todo o país; (4) prevê a criação de uma entidade reguladora da electricidade, a saber o Instituto Regulador de Electricidade (IRSE). O acesso limitado e o fornecimento de electricidade inconstante são igualmente consequência da natureza fragmentada do sistema de electricidade de Angola. As três principais redes eléctricas do país - os sistemas do Norte, Sul e central – não estão interligados. Ironicamente, a rede eléctrica do Norte (que serve Luanda) tem uma capacidade excedentária significativa. Não obstante ocorrem significativas falhas no fornecimento de electricidade nas três redes eléctricas, devido em grande medida a problemas na transmissão e distribuição. Contrariamente ao que sucede na rede do Norte, as redes Central e do Sul têm frequentemente limitações de aprovisionamento de energia. A interligação das redes ajudaria a garantir um sistema mais equilibrado e mais resistente a interrupções no fornecimento de energia eléctrica. O governo afirmou que tenciona interligar os três sistemas principais de modo a explorar a capacidade excedentária da rede do Norte. Outro problema fundamental é o facto de a estrutura tarifária não permitir à EDEL a recuperação dos custos de capital e operacionais pelo seu serviço de distribuição. Segundo um relatório de 2011 do BM sobre o sector das infra-estruturas, intitulado: “As infra-estruturas de Angola: uma Perspectiva Continental”, a ENE produz energia a 16 cêntimos por quilowatt-hora (kwh), vende-a à EDEL a cerca de 2 cêntimos por kwh, enquanto a tarifa média da EDEL é de cerca de 4 cêntimos por kwh. A Tabela 27 apresenta as tarifas praticadas em 2010. Claramente, as tarifas de electricidade actualmente em vigor não irão permitir a recuperação total dos custos, e a continuação dos estímulos ao mercado exclusivamente mediante subsídios governamentais não é sustentável a longo prazo nem à medida que a demanda continuar a crescer. O problema é ainda agravado em virtude dos elevados níveis de perdas comerciais decorrentes de uma infra-estrutura de transmissão e distribuição com deficiências, de ligações eléctricas ilegais, de consumos não facturados e do incumprimento no pagamento. O governo estima que a EDEL recebe o pagamento de apenas 40% da electricidade que esta compra à ENE. As estimativas do MINEA indicam que, para garantir um fornecimento regular de qualidade para uso privado e comercial, Angola terá de quadruplicar o seu aprovisionamento energético até 2025. Para esse efeito, o governo definiu iniciativas que visam ter impacto em objectivos de curto e médio prazo mas também de longo prazo que irão criar as bases para uma transformação mais profunda, mais segura e mais sustentável do sector. O Documento de Política e Estratégia de Segurança Energética Nacional angolano reconhece que os desafios em termos de recursos financeiros e humanos requerem uma maior participação do capital privado e de knowhow nas áreas da construção e operação. Numa recente entrevista para a imprensa local, o Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou existir interesse em promover o modelo B.O.T. para atrair investimentos do sector privado. Perfil do Sector Privado do País — 79 TABELA 26: LINHAS DE TRANSMISSÃO DA ENE (2009) FONTE: CEIC, MINEA Tensão Extensão Disponibilidade Percentagem Sistemas: KV Km Km % Norte 220 964.7 964.7 100 Centro 150 581.3 197 33.9 Sul 150 136 136 100 Isolado 60 880.5 372.5 42.3 2,562.5 1,670.2 65.2 Total TABELA 27: TARIFAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ELECTRICIDADE DA EDEL POR TIPO DE CLIENTE (2010) FONTE: USTDA, EDEL Tarifa em Kwanzas angolanos por kwh Tarifa em cêntimos de USD/ kwh (95Kz/USD) Residencial de Baixa Tensão Kz. 3.35 3.5 cêntimos Tarifa Social de Baixa Tensão Kz. 1.156 1.2 cêntimos Baixa Tensão Especial Kz. 4.40 4.6 cêntimos Baixa Tensão Industrial Kz. 4.40 4.6 cêntimos Baixa Tensão para Serviços Kz. 4.40 4.6 cêntimos Baixa Tensão para Iluminação Pública Kz. 2.46 2.6 cêntimos Tipo de Cliente 80 — Perfil do Sector Privado do País ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SANEAMENTO O mais recente censo nacional em Angola teve lugar em 1970; por esta razão, não existem estatísticas fiáveis relativamente à cobertura de água e saneamento. As principais agências doadoras para o sector de abastecimento de água & saneamento (AAS) incluem o Banco Mundial, o BAD, a União Europeia e a UNICEF. Os valores relativos à cobertura (Tabela 28) baseiam-se em dados de programas financiados por doadores e de estimativas não-oficiais do GA. Angola fez importantes avanços em termos de saneamento. Em 1990, 75% da população não tinha acesso a instalações sanitárias, comparado com 43% em 2008. Angola reduziu o recurso à defecação ao ar livre, tendo o acesso a tanques sépticos aumentado, tal como aconteceu com o uso de latrinas e de outras formas de saneamento todavia mais adequadas (Pushak & Foster, 2011). Embora os avanços sejam significativos, a percentagem daqueles que não dispõem de acesso é ainda elevada. Além disso, os dados ainda revelam disparidades e desigualdades significativas entre residentes rurais e urbanos – em 2008, 86% dos habitantes das cidades tinham acesso a saneamento, comparados com apenas 18% nas zonas rurais. Angola fez importantes avanços em termos de saneamento. Em 1990, 75% da população não tinha acesso a instalações sanitárias, contra 43% em 2008. Os avanços no sector de abastecimento de água foram ainda menos impressionantes. O acesso ao abastecimento de água melhorada passou de 36% em 1990 para 50% em 2008, desagregado em 38% no meio rural e 60% no meio urbano (AMCOW, 2010). A população urbana em Angola está a crescer a um ritmo cada vez maior. Os centros urbanos debatem-se com infra-estruturas antigas, construídas para apoiar populações muito mais pequenas e que não logram responder às necessidades de consumo doméstico de água. A discrepância é colmatada por vendedores privados de água que vendem sobretudo água não tratada. No entanto, são apenas é esta uma opção extremamente dispendiosa, como acarreta ainda sérios riscos para a saúde. De salientar que Angola tem ainda a mais alta taxa de doenças diarreicas do mundo, com 114 anos de vida perdidos em virtude das doenças diarreicas por cada 1.000 angolanos. Com apenas 38%, a percentagem de população rural que tem acesso a água canalizada em casa continua a ser uma pequena fracção do total. O instrumento de reforma mais relevante para as áreas rurais foi o “Água Para Todos”, que visava instalar e modernizar poços de água, furos e bombas manuais, bem como reabilitar o sistema de água canalizada de modo a proporcionar, até 2012, um acesso melhorado a água a 80% dos habitantes rurais. Perfil do Sector Privado do País — 81 TABELA 28: VALORES DA COBERTURA DE ÁGUA E SANEAMENTO FONTE: AMCOW Cobertura Alvo População sem acesso 1990 2008 2015 % % % 1000/ano Abastecimento de água rural 40 38 70 400 Abastecimento de água urbano 30 60 65 339 36 50 67 740 Saneamento rural 6 18 53 428 Saneamento urbano 58 86 79 229 25 57 68 657 Total de abastecimento de água Total de Saneamento 82 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Retalho O mercado de retalho alimentar em África atraiu a atenção de diversos intervenientes importantes em todo o mundo, como demonstra a recente fusão entre o WalMart, o maior retalhista de supermercados dos EUA, e o retalhista sul-africano Massmart. O retalho é também um sector em rápido crescimento na economia angolana. O mercado de retalho angolano divide-se nos sectores formal e informal. O mercado de retalho informal— que se refere aos formatos tradicionais de retalho de baixo custo, como sejam as lojas com gestão do próprio proprietário local e os vendedores de rua – mantém-se significativo. O mercado do Roque Santeiro, em tempos o coração da economia informal do país, foi encerrado e transferido em 2010. Este facto afectou drasticamente o sector do retalho informal. A última década assistiu ainda ao aparecimento de retalhistas organizados, com o desenvolvimento de diversos hipermercados enormes (> 4.000 m2). Em termos históricos, os portugueses, os libaneses e os indianos têm sido os principais intervenientes no mercado retalhista angolano, mas surgem agora de um modo crescente novos intervenientes que entram neste mercado, impulsionados pelos seguintes aspectos: mudanças no perfil dos consumidores e demográficas, crescente urbanização, melhorias na infra-estrutura e o aumento do número de marcas internacionais disponíveis no mercado angolano. De forma a acompanhar a crescente procura, tem se registado uma actividade frenética em termos de entrada de marcas internacionais, de planos de expansão, e de atenção direccionada para a tecnologia, as operações e os processos. O sul-africano Shoprite abriu a sua primeira loja em Angola em 2003. Tem registado um êxito enorme e está em franca expansão. De modo semelhante, a marca de distribuição da Teixeira Duarte, MAXI, estabeleceu já uma forte presença no mercado, com uma rede de lojas amplamente reconhecida em Luanda, Benguela e no Cuanza Sul. Existem diversos outros novos operadores que procuram conquistar uma quota de mercado. O Grupo Sonae português assinou um contrato com o GA para introduzir a marca Continente no mercado, num investimento inicial superior a US$ 103 milhões. O Grupo Score (Portugal), o El Corte Ingles (o gigante retalhista espanhol), a Massmart (subsidiária do Wal-Mart) e o Woolworths (África do Sul) têm também os olhos virados para a abertura de lojas em Angola, de uma forma ou de outra. Melhores infra-estruturas no sector do retalho e uma rede de distribuição mais eficiente deverão ajudar a aumentar a procura de produtos nacionais e contribuir para a redução dos preços altos registados no mercado; tudo com implicações positivas para o consumidor final. De forma a acompanhar a crescente procura, tem-se assistido a uma actividade frenética em termos de entrada de marcas internacionais, planos de expansão, e atenção direccionada para a tecnologia, operações e processos. Perfil do Sector Privado do País — 83 MAXI A MAXI é o braço de distribuição do grupo Teixeira Duarte. A Maxi conta já com 8 lojas em Angola, incluindo a sua mais recente loja no Porto Amboím (cerca de 200 km a sul de Luanda). O grupo tem vindo a integrar verticalmente as suas operações, tendo entrado no segmento do retalho com a marca ‘Bom Preço’. A primeira sucursal abriu no novo Ginga Shopping em Viana, um subúrbio de Luanda em expansão, em Dezembro de 2011. Outras três lojas estão previstas para 2012 no Cazenga, Zango e Cacuaco. O grupo está igualmente presente no negócio do retalho não-alimentar através da sua marca ‘Casa de Coração’. As diferentes categorias cobertas neste segmento de retalho incluem: jardim, mobiliário, acessórios de casade-banho, cozinha, têxteis, iluminação e decoração. Em 2011 o grupo assinou um contrato para abrir uma loja ‘Casa de Coração’ com 1.600 m2 no centro commercial Luanda Shopping, actualmente em construção. Para facilitar as suas actividades de importação para Angola e para a região da SADC, em 2011 a Teixeira Duarte abriu um centro de distribuição em Joanesburgo. MEGA – Cash and Carry O hipermercado Mega Cash and Carry foi inaugurado em Novembro de 2010 com um investimento avaliado em US$ 35 milhões; este marcou também a integração vertical do gigante das bebidas Refriango. A loja-matriz compreende uma área de retalho de 4.600 m2 e irá funcionar como canal para mais de 3.000 produtos, incluindo a gama de bebidas líder de mercado do próprio grupo. A loja dispõe ainda de uma pastelaria, de um restaurante e de uma cafetaria no local. O grupo já revelou a sua intenção de abrir duas outras lojas em Benguela e em Luanda e de dispor de uma rede nacional de distribuição em 2020. Nosso Super e Poupa Lá O Nosso Super, uma cadeia nacional de 31 supermercados surgiu em 2007 como parte do programa PRESILD (Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População) criado pelo governo, e cujos principais objectivos eram facilitar o acesso ao mercado a pequenos e grandes agricultores e organizar e modernizar a actividade comercial em Angola. Vários supermercados de bairro mais pequenos sob a marca ‘Poupa Lá’ foram também abertos para aumentar a penetração em áreas densamente povoadas. Contudo, embora a infra-estrutura de retalho tenha sido construída com êxito, o projecto inicial fracassou e acabou por ser encerrado. Em Maio de 2011, o Ministério do Comércio anunciou o re-lançamento da cadeia de retalho, no seguimento da conclusão de um novo acordo de gestão por 10 anos com a Nova Rede de Supermercados de Angola (NRSA). O negócio terá um investimento estimado superior a US% 50 milhões para recapitalizar e recuperar a rede de supermercados. Shoprite Shoprite, o maior retalhista em África, abriu a sua primeira loja em Luanda em 2003, trazendo diversidade e escolha a um mercado não-competitivo na época. Desde então o grupo expandiu a sua rede para cinco supermercados, sete lojas Usave, duas lojas de mobiliário OK e quatro restaurantes fast-food Hungry Lion. A mais recente marca deixada pela Shoprite em Angola é uma loja de 7.000 m2 no Lubango, que custou US$ 20 milhões a ser construída. O Grupo continua a investir na expansão do seu franchise local como parte da sua estratégia alargada de expansão em África. Hipermercado Kero Kero é uma criação do Grupo Zahara, um grupo angolano. O grupo empregou estrategicamente consultores e peritos brasileiros para estudar o mercado e esculpir o seu próprio nicho de mercado. A loja-matriz do Hipermercado Kero, no Bairro Nova Vida em Talatona, abriu as suas portas ao público em Dezembro de 2010. Com 11.500 m2 - incluindo 7.500 m2 de área de retalho e 600 lugares de estacionamento - Kero é actualmente o maior hipermercado do país. O investimento para a primeira loja foi avaliada em US$ 35 milhões. No entanto, desde então abriram quatro novas sucursais nos subúrbios do Cajueiro, Kilamba Kiaxi, Mártires e Combatentes. As receitas do grupo foram de US$ 100 milhões em 2011. O hipermercado Kero movimenta 3 milhões de clientes e dispõe de mais de 40.000 produtos diferentes em oferta. Mais recentemente o grupo introduziu uma gama de artigos não-alimentares, mobiliário e produtos brancos, dirigidos especificamente às necessidades dos novos centros urbanos burgueses. No quarto trimestre de 2012, o grupo pretende abrir o seu primeiro hipermercado no Lobito (400 km a sul da capital angolana e sede do segundo maior porto do país). A loja de 5.000 m2 84 — Perfil do Sector Privado do País estará localizada no primeiro parque retalhista da cidade, actualmente em fase de conclusão. Casa dos Frescos As origens da Casa dos Frescos datam de 1999, quando do aparecimento da sua primeira sucursal em Luanda. Desde então o grupo cresceu organicamente para cinco lojas localizadas em Luanda, Viana e Talatona. O grupo dirige-se ao consumidor de gama alta, com os melhores e mais frescos alimentos, frutos e legumes. Os elevados níveis de qualidade têm um preço e, em linha com o mercado em que se centram, o grupo concentrou a sua presença em lojas relativamente pequenas (na sua maioria, na ordem dos 600 m2), perto da sua base de clientes com alto poder de compra. Jumbo – Grupo Auchan O grupo Auchan é um negócio detido por uma família francesa que foi fundado em 1961, e que pertenceu a um dos negócios de distribuição europeus mais bem implantados e na origem do conceito de ‘hipermercado’. Uma estratégia agressiva de internacionalização do grupo para a Europa, os Estados Unidos, a Ásia, a Rússia e o Norte de África permitiu-lhe usurpar, em 1996, o grupo retalhista português Pão de Açúcar, que na época possuía 31 lojas sob a marca Jumbo (incluindo o hipermercado Jumbo em Angola). Até recentemente, quando o hipermercado Kero abriu as suas portas em 2010, o Jumbo era o maior hipermercado do país. O grupo Auchan detém uma participação de 30% no hipermercado local, sendo o restante detido por accionistas locais. Alimenta Angola Cash and Carry O projecto Alimenta Angola teve início em 2001 e dispõe de lojas que servem tanto o mercado grossista como o retalhista. Alimenta Angola é parte do grupo brasileiro Tenda Atacado, o quinto maior retalhista do Brasil. O grupo dispõe de 15 lojas de dupla finalidade em São Paulo, um subúrbio na zona nordeste de Luanda, com uma gama de produtos composta por mais de 6.000 artigos e geradora de receitas na ordem dos US$ 60 milhões anuais. Em 2009 o grupo inaugurou a sua primeira loja do tipo hipermercado, na estrada de Catete. Esta é a primeira de um conjunto de 10 lojas com abertura prevista em Angola. Com mais de 4.500 m2, uma estrutura moderna e uma gama diferenciada de produtos, 10 caixas de pagamento e 150 funcionários, a Alimenta Angola já expandiu o seu mercado cativo para cobrir 150.000 clientes por mês. Grupo Sonae – Continente Em Dezembro de 2011 o GA aprovou a entrada do maior retalhista português, Sonae, com um investimento inicial de US$ 103 milhões. O projecto de investimento prevê a criação de 2.000 postos de trabalho. O início das operações está agendado para 2013, com a abertura de 3-5 hipermercados em Luanda e ainda de um centro de logística. Comerciantes Informais O mercado informal é altamente fragmentado e composto por uma diversidade de grupos étnicos estrangeiros: as redes de comércio e distribuição libanesas, eritreias, senegalesas, mauritanas e malianas são conhecidas pela sua habilidade em controlar a importação de bens, particularmente da Ásia, abastecendo com artigos alimentares e não-alimentares as hordas de comerciantes informais do país e uma multitude de vendedores de rua. No seguimento do encerramento do mercado informal do Roque Santeiro em 2010 e da sua transferência para o Panguila (18 km a norte de Luanda), o GA designou três pontos de entrada como localizações preferenciais para a actividade do mercado informal, a saber: Panguila no Norte, Viana a Este e Benfica no Sul. O agitado mercado do Rocha Pinto parece ter sido igualmente encerrado e os seus vendedores transferidos para Benfica. A nova face do retalho em Angola O primeiro centro comercial em grande escala em Angola foi o Belas Shopping, inaugurado em 2007 em Luanda Sul. Dispõe de 119.418,47 m2 (com potencial significativo para desenvolvimento futuro). O Belas Shopping tem mais de 100 lojas, dezoito salas de cinema e um enorme supermercado (Shoprite). Tem uma movimentação média de 25.000 pessoas por semana. 4.500 pessoas estão empregadas no complexo comercial. Sete novos centros comerciais estão a ser desenvolvidos em várias áreas da cidade. Muitos foram concebidos como espaços multi-usos de forma a incluir áreas de retalho, residência e de escritórios. Os maiores projectos incluem: • Torres Kinaxixi • Shopping Fortaleza • Muxima Plaza • Luanda Shopping Perfil do Sector Privado do País — 85 • Ginga Shopping • Viana Park • Luana Park • MaxiPark - finalizado • Belas Shopping – finalizado 86 — Perfil do Sector Privado do País Principais Sectores Empresariais Cervejas e Outras Bebidas Angola tem o terceiro maior mercado doméstico para bebidas alcoólicas na África subsaariana, depois da África do Sul e da Nigéria; não obstante, o mercado angolano não dispõe ainda da oferta necessária. Angola tem um dos índices de consumo per capita mais elevados de África (59 litros per capita por ano), ultrapassado apenas pelo Botsuana, a Namíbia e a África do Sul. O mercado é impulsionado por um conjunto de factores sócioeconómicos que incluem: uma demografia favorável (por exemplo, 43% da população tem menos de 15 anos de idade), o aumento do rendimento per capita e do índice de urbanização (estima-se que 60% dos angolanos vive em áreas urbanas). Por outro lado, a classe média actualmente em pleno crescimento dirige cada vez mais os seus fundos para compras a que sempre aspirou. Embora as marcas internacionais permaneçam sendo nomes familiares, o mercado é cada vez mais dominado por gostos e marcas nacionais. Angola tem o terceiro maior mercado doméstico para bebidas alcoólicas na África subsaariana, depois da África do Sul e da Nigéria; não obstante, o mercado angolano não dispõe ainda da oferta necessária. Companhia da União de Cervejas de Angola (CUCA) A Cuca é o maior fabricante de cervejas e bebidas de Angola. A empresa é detida pelo gigante das bebidas francês Grupo BGI (Castel) em parceria com a sociedade de investimento financeiros do MPLA, GEFI. O grupo tem 7 fábricas e 4.000 funcionários. A fábrica da Cuca em Luanda foi privatizada em 2002. A cervejeira Nokal (Luanda) foi adquirida em 2003, seguida rapidamente pela aquisição da Eka no Dondo (Província do Cuanza Norte) no mesmo ano. A cervejeira Soba na Catumbela (Província de Benguela) abriu em 2004. A cervejeira Soba iniciou a sua produção com uma capacidade instalada de 600.000 hectolitros (hl) por ano. Em 2005, abriu ainda uma outra fábrica de cerveja na Província de Cabinda, no norte de Angola. Por último mas não menos relevante, a cervejeira Cobeje no Bom Jesus (Província do Bengo) foi construída e deu início à sua produção em menos de 5 meses. Em menos de um ano, a produção das cervejeiras atingiu 1.3 milhões de hl por ano, elevando a capacidade total do grupo para 6 milhões de hl. A Castel de capitais privados e a cervejeira mundial SABMiller têm uma aliança estratégica desde 2001, segundo a qual a SABMiller adquiriu uma participação de 20% nas operações de cerveja e de bebidas refrigerantes do grupo parisiense em África, enquanto a Castel adquiriu uma participação de 38% na subsidiária africana da SABMiller. Não obstante, em 2012 as empresas implementaram uma série de mudanças organizacionais com vista a fortalecer ainda mais a sua aliança estratégica em África. O novo acordo resultou na troca dos activos da Castel na Nigéria pelos activos da SABMiller em Angola. A SABMiller adquiriu uma participação de 27.5% num novo veículo de investimento, a BIH Brasseries Internationales Holding Perfil do Sector Privado do País — 87 (Angola) Ltd (BIH Angola) em troca da contribuição dos seus negócios angolanos - Coca-Cola Bottling Luanda SARL, Coca-Cola Bottling Sul de Angola SARL, Empresa de Cervejas N’Gola Norte SA, e a sua participação na associada Empresa de Cervejas N’Gola SARL - para a BIH Angola. A Castel adquiriu os restantes 72.5% na BIH Angola tendo igualmente contribuído com os seus negócios angolanos para o veículo de investimento. Ainda nos termos do acordo, a SABMiller adquiriu uma participação de 65% (participação efectiva de 33%) na International Breweries plc na Nigéria, da Brasseries Internationales Holding Ltd (BIH), que é parte do grupo Castel, em troca de valores em numerário e da diluição das suas participações efectivas nos seus actuais negócios nigerianos, a saber, Pabod Breweries Ltd e Voltic Nigeria Ltd. Como parte do acordo estabelecido, a Castel retém o controlo operacional e de gestão dos activos angolanos e a SABMiller dos activos nigerianos. Na fase pós-aquisição dos activos angolanos da SABMiller, a Cuca ostenta uma quota de cerca de 90% do mercado local de cerveja, distribuindo em todo o país com as marcas Cuca, Nokal e Eka. SABMiller A SABMiller, o segundo maior fabricante de cerveja do mundo, fez os seus primeiros investimentos em Angola no final da década de 1990, quando decidiu gerir a Empresa de Cervejas N’Gola no Lubango. Desde então a SABMiller tem aumentado gradualmente a sua presença no país. A empresa encarregou-se do processo de engarrafamento das bebidas refrigerantes da The Coca-Cola Company e, em 2010, investiu numa nova fábrica de cerveja, aumentando a sua capacidade para 1 milhão de hl. De acordo com o Relatório Anual de 2011 da empresa, o volume de cerveja aumentou 26% no seguimento da bem-sucedida entrada em funcionamento da nova fábrica em Luanda. O grupo opera nos mercados de engarrafamento de bebidas refrigerantes gaseificadas e de produção de cerveja. As marcas presentes no mercado em Angola incluem a Castle, a Carling Black Label e a Redd’s. No seguimento do acordo de parceria estratégica com a Castel anunciado em 2012, as participações da SABMiller em Angola são representadas via BIH Angola e as operações no país são geridas pela Castel. Unicer A Unicer é a líder de mercado de bebidas em Portugal, com uma quota de 60% do mercado de cervejas e com forte presença em outros segmentos do mercado de bebidas que incluem: os sectores de águas minerais, bebidas refrigerantes, vinhos e café. Em África, a estratégia da Unicer tem sido a de consolidar a sua posição em países Lusófonos (Angola, Cabo Verde, Moçambique e Guiné Bissau) onde possui um legado importante e uma vantagem linguística. A Unicer é o maior exportador português de bebidas para Angola, representando 70% do total das importações de cerveja em 2009. Em 2010, as vendas da Unicer em Angola, lideradas pelas marcas Cristal e Super Bock, atingiram € 82 milhões (16.4% do total de vendas do grupo e um aumento de 18% relativamente aos valores de 2009), fazendo desta empresa a número dois no mercado nacional, logo a seguir à cervejeira angolana Cuca. Um total de 420 milhões de litros de cerveja foram vendidos em Angola em 2011, com as vendas da marca Super Bock a totalizarem 300 milhões de litros ou 71% do total de vendas. Em 2009 a Unicer anunciou que iria dar início à construção de uma fábrica de cerveja de 1 milhão de hl em Angola, com um investimento inicial de € 100 milhões. A nova fábrica, com uma capacidade inicial prevista de 450 milhões de litros, poderá ser aumentada para alcançar uma capacidade de 600 milhões de litros numa fase posterior. Os planos de construção da fábrica datam de 2005 mas o processo fora travado pelo facto de o prérequisito de um parceiro local não ter sido cumprido. O assunto foi entretanto resolvido; a Unicer será detentora de 49% do capital social no empreendimento angolano. A construção da cervejeira deverá prosseguir no devido momento. Refriango A Refriango é uma empresa angolana criada com capitais portugueses e angolanos. A empresa começou as suas operações em 1992 (uma década antes do fim da guerra) como importador de vinhos, cervejas e água de Portugal. No seguimento da retomada da paz em 2002, a empresa instalou uma fábrica de produção em Angola. Actualmente, a Refriango é uma das empresas angolanas mais bem-sucedidas e com crescimento mais rápido, tendo uma presença de 88 — Perfil do Sector Privado do País comando no sector de bebidas nacional, com excepção da cerveja. A Refriango tem 17 marcas bem implantadas e mais de 80 produtos individualizados que cobrem todo o espectro de bebidas frias. A oferta de produtos inclui bebidas refrigerantes gaseificadas, sumos de fruta, vinhos, bebidas energéticas e águas. A Coca-Cola é o único grande concorrente doméstico da Refriango. Com uma capacidade de produção de 6-7 milhões de hl por ano e empregando 1.600 trabalhadores angolanos, portugueses e brasileiros, a capacidade de produção da Refriango está acima da média do continente africano. A empresa tem ainda planos de expansão da sua capacidade para 9 milhões de hl, para responder ao constante crescimento da procura. A Refriango tem ambições regionais, estando já a exportar para Portugal. Perfil do Sector Privado do País — 89 Principais Estratégias de Desenvolvimento do Sector Privado OBJECTIVOS DA POLÍTICA DO GOVERNO PLANOS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO Os objectivos gerais da política económica incluem: • Alcançar e consolidar a estabilidade política • Manter e consolidar a actual estabilidade macroeconómica • Melhorar as infra-estruturas produtivas e sociais • Restabelecer a produção de bens e serviços nacionais • Reformar a administração do Estado em todo o território nacional • Melhorar os serviços sociais (saúde e educação) O Orçamento de Estado para 2012 identifica os seguintes objectivos para a política macroeconómica em 2012: • Uso sustentável dos recursos naturais • Diversificação económica • Impulsionar o emprego • Aumentar a produtividade • Garantir o acesso a educação de elevada qualidade • Combater a doença • Descentralização • Reforma do sistema de segurança nacional Angola não tem um Documento de Estratégia de Redução da Pobreza (DERP), uma vez que a redução da pobreza está integrada em vários documentos relativos às estratégias de crescimento e de desenvolvimento do GA. Os recursos petrolíferos financiaram a rápida transformação e crescimento de Angola, facilitando a transição da reconstrução pós-conflito para o crescimento económico sustentado. A alta nos preços mundiais do petróleo irá garantir que o orçamento mantenha um excedente este ano. De acordo às projecções oficiais, o superávit orçamental irá corresponder a 2.6% do PIB em 2012. Tal cálculo baseiase na presunção de um preço médio para o petróleo angolano de US$ 77 por barril mas, com os preços do petróleo a atingirem uma média superior a US$ 100 por barril e com as exportações a atingirem três vezes mais o nível das importações, o excedente orçamental será provavelmente ainda maior. Apesar da sua prosperidade petrolífera, Angola permanece uma das sociedades com mais desigualdades do mundo, e o GA enfrenta cada vez mais pressão para promover um crescimento económico inclusivo amplo e para reduzir os elevados níveis de desigualdade e pobreza existentes. A Tabela 30 mostra a despesa pública por sector ao longo dos últimos quatro anos. A mais elevada afectação de recursos em 2012 com 33.3% da despesa orçamental (1 ponto percentual acima do valor de 2011) foi para o sector social que inclui a saúde, a educação e os serviços sociais. Num esforço de diversificação da economia e de redução da sua vulnerabilidade à volatilidade das receitas do petróleo, o GA tem prosseguido políticas fortemente expansionistas de apoio a um esforço de reconstrução acelerado. O GA soube gerir efectivamente a prosperidade petrolífera para financiar o amplo desenvolvimento da 90 — Perfil do Sector Privado do País sua economia, estimulando assim o crescimento do sector não-petrolífero. Em virtude disso, o sector nãopetrolífero cresceu uma média de 10% nos últimos cinco anos, ultrapassando o crescimento do sector petrolífero no mesmo período. No entanto a prosperidade petrolífera de Angola traz também desafios significativos à diversificação económica. A indústria petrolífera em expansão cria riqueza em sectores relacionados como a banca e outras indústrias que servem as companhias petrolíferas, mas tem poucas ligações a outras áreas da economia e torna tudo mais caro para quem pretende desenvolver negócios. Tal cria fortes distorções que podem impedir o surgimento de um sector privado não-petrolífero sustentável e dinâmico. De facto, o sector não-petrolífero em Angola permanece altamente dependente do investimento público e da procura pública. Por conseguinte, o GA tem também impulsionado várias iniciativas com vista a estimular ainda mais o desenvolvimento empresarial. Estas incluem o programa das MPME que visa formalizar a vasta economia informal do país, criar emprego e promover o crescimento das MPME; a facilidade de empréstimo Crédito Agrícola de Campanha que pretende estimular o crescimento do pequeno produtor agrícola; e a campanha “Feito em Angola” para diferenciar os produtos nacionais dos importados e incentivar os consumidores a comprar “angolano” e a reduzir as importações. Além disso, o Ga investiu fortemente para providenciar infra-estruturas adequadas em zonas económicas especiais seleccionadas de forma a promover o arranque do desenvolvimento industrial. Por último, e como referido anteriormente no relatório, o GA embarcou igualmente num esforço sem precedentes para modernizar vários aspectos do ambiente regulatório. COOPERAÇÃO DOS SECTORES PÚBLICOPRIVADO O Gabinete Técnico de Apoio às Parcerias Público-Privadas (PPP), no seio do Ministério da Economia, é o órgão governamental responsável pela promoção das PPP em Angola. O Gabinete foi instrumental na definição da primeira Lei das PPP angolana (Lei n.º 2/11 de 14 de Janeiro de 2011) que estabelece o quadro legal para a intervenção estatal na selecção, concessão, adjudicação e financiamento das PPP em Angola. A lei foi já aprovada pelo Parlamento mas ainda não pelo Executivo. As PPP podem reduzir a pressão sobre os orçamentos públicos e permitir aos governos redireccionar mais recursos para a despesa social. A participação do sector privado na infra-estrutura e serviços públicos pode também melhorar e alargar a eficiência da oferta de serviços essenciais. O modelo típico de PPP envolve um contrato entre uma entidade do sector público e uma entidade privada, no qual a entidade privada presta um serviço público ou projecto em troca de uma contribuição periódica paga pela entidade pública. Em virtude da vulnerabilidade das receitas públicas angolanas aos ciclos das matérias-primas, está também contemplada na Lei das PPP a criação de um Fundo de Garantia. A actual proposta recomenda a detenção pelo Fundo do equivalente a 2 anos de obrigações contratuais. O Fundo de Garantia seria financiado pelo Tesouro angolano e provavelmente também por instituições financeiras internacionais (IFI). ANÁLISE FFOA Pontos Fortes: • Crescimento rápido e sustentado do PIB. • Estabilidade macroeconómica: a inflação aproxima-se de um dígito e a taxa de câmbio é estável. • Abundância de recursos naturais – por exemplo, petróleo, gás, minerais, recursos hídricos, etc. • Riqueza petrolífera disponível para financiar o crescimento do sector não-petrolífero. Pontos Fracos: • Elevada dependência económica elevada face ao sector petrolífero. • Escassez de mão-de-obra qualificada. • Sistema de educação deficitário. • Custo elevado para fazer negócios. • Ambiente de negócios desafiante. • Regime legal ineficiente. • Sistema judicial fraco. Perfil do Sector Privado do País — 91 • Distribuição desigual da riqueza. • Separação urbano-rural. • Inexistência de bolsa de valores. • Acesso limitado ao crédito. • Pouco interesse do sector bancário pelo risco. Ameaças: • Choques nos preços petrolíferos. • Risco relativo à sucessão política. • Abrandamento da China, o principal parceiro de exportação de Angola. • Falta de estatísticas fiáveis/exactas. • Programas do Governo cooptados pelas elites locais com ligações privilegiadas. • Corrupção, excessiva burocracia e falta de transparência. • Agitação social fomentada pelo aumento das desigualdades. • Défice de infra-estruturas. • Alterações continuadas no quadro regulatório podem criar incerteza nos negócios e ameaçar o investimento do sector privado. • Fornecimento de electricidade inconstante Oportunidades: • Liberalização gradual dos sectores da economia. • Melhoria das infra-estruturas aumenta a viabilidade económica dos sectores agrícola e mineiro. • Maior eficiência na colecta de receitas fiscais reduz a informalidade e a dependência relativamente às receitas do sector petrolífero. • Novo regime cambial do sector petrolífero ajuda a aumentar e expandir o leque de produtos financeiros disponíveis. • Surgimento de uma classe média com rendimento adicional. • Aumento populacional cria a base para o aumento do consumo doméstico. • Zonas Económicas Especiais promovem o desenvolvimento industrial. • Investimento em tecnologias de informação e comunicação melhoram a produtividade laboral. • Estratégia governamental e programas de apoio criam oportunidades para as MPME. • Potencial para abastecer o mercado interno que depende de bens e insumos importados. • Potencial dos serviços bancários de acesso a partir do telemóvel aumentarem o acesso da população à banca. • Má gestão do influxo de receitas petrolíferas no sector bancário local conduz a uma valorização da taxa de câmbio real do país, afectando a competitividade do sector não-petrolífero. 92 — Perfil do Sector Privado do País TABELA 29: PREMISSAS DA POLÍTICA ECONÓMICA FONTE: ORÇAMENTO DE ESTADO 2009 2010e 2011e 2012e 1.809,0 1.755,0 1.601,1 1.842,5 60,9 77,9 104,0 77,0 2009 2010 2011 2012 Sector Público 15.4 13.5 14.3 19.5 Defesa 24.0 17.4 15.3 15.4 Serviços sociais1 31.8 34.0 32.9 33.3 Economia2 17.9 15.5 11.8 10.1 Financeira 10.9 19.6 25.8 21.7 Produção de petróleo (1000 barris por dia) Preço do petróleo (US$ por barril) TABELA 30: DESPESA PÚBLICA (EM %) FONTE: ORÇAMENTO DE ESTADO, BPI INCLUI SAÚDE, EDUCAÇÃO E SERVIÇOS SOCIAIS. SUBSÍDIOS E TAXAS DE CRÉDITO 1 2 94 — Perfil do Sector Privado do País Referências AfDB. (2011). Angola 2011-2015 Country Strategy Paper. Tunisia: African Development Bank. AfDB, AUC, UNECA. (2012). African Statistical Yearbook. African Development Bank Group. African Union Commission. Economic Commission for Africa. AfDB, OECD, UNDP, UNECA. (2011). African Economic Outlook: Angola. AICD. (2009). Beyond the Bottlenecks: Ports in Africa. Washington: World Bank. AllAfrica. (4 de July de 2012). Angola: Endiama Inaugurates Mines Under Operation. Obtido em 4 de July de 2012, de http://allafrica.com/stories/201207050524. html AMCOW. (2010). Water Supply and Sanitation in Angola. African Ministers’ Council on Water. ANIP / USA. (2009). How to invest in Angola? Washington D.C.: ANIP. Aria Consult. (2009). Angola Private Sector Country Profile. African Development Bank. CEIC. (2010). Energia em Angola. Luanda: Universidade Católica de Angola. CEIC. (2010). Relatório Económico de Angola 2010. 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