So&t'e Compot'tAmento
e CoqntçÃo e
"Est:eru;;teru;;to
a Psicologia
COn--Lyort:an--LerLt:al CogrLit:i-va
aos COrLt:e:>ct:os
ela Saúele, elas OrgarLizações,
elas 'RElações Pais e .:FiChos e elas "Escolas.
Organízaáo yor .'María Zí{ah áa Sí{va 13ranáão
.J'átíma Crístína áe Souza Conte
.J'ernanáa Sí{va 13ranáão
}jaraXuyersteínlng6erman
l1eraLucía.'Menezes áaSí{va
Símone .'Martín Ofíaní
Áderson Luiz Costa Junior • Alessandra Turini Bolsoni-Silva • Alexandre de Oliveira· Ana Claudia M. Almeida-Verdu • Ana Claudia
Paranzini Sampaio • Ana Cristina Rodrigues Valle • Ana Rita Ribeiro dos Santos' Antonio Bento Alves de Moraes • Antonio Celso de
Noronha Goyos • Armando Ribeiro das Neves Neto· Carlos Eduardo Costa· Carlos Leonardo Rohrbacher • Claudia Balvedi • Cláudia
Milhim Shiota' ClovesAmorim' Cristiana Tieppo Scala· Daniela de Macedo' DavidAlan Eckerman· Deisy das Graças de Souza' Maria
Cecília Bevilacqua • Denise Cerqueira Leite Heller· Edna Maria Marturano • Edwiges F. M. Silvares· Eliane Cristina Campaner' Eliany
Moreira Neves' Fernanda Abrami M. Silva· Gina Nolêto Bueno • Giovana V. Munhoz da Rocha' Gláucia da Motta Bueno • Gustavo
Sattolo Rolim • Isabella Montenegro • Ivanir Lourdes Bin • J. G. Tuga Martins Angerami • Jair Lopes Junior· Juliana Elena Ruiz • Juliana
Gomes· Laísa Weber • Lincoln da Silva Gimenes • Lisandra Kusunóki Ferachin • Lucia Cavalcanti de Albuquerque Williams • Lylian
Cristina Pilz Penteado· Makilim Nunes Baptista • Marcela Leal Calais • Maria Bety Fabri Berbel • Maria Cristina Neiva de Carvalho'
Maria Cristina O. S. Miyazaki • Maria da Graça Saldanha Padilha • Mariângela Gentil Savoia • Marilza Mestre' Maryane Mayer' Mônica
Geraldi Valentim' Nancy Julieta Inocente' Neide Micelli Domingos' Neusa Corassa • Nilcéia Baierski • Patrícia Guilhon Ribeiro' Patricia
Ranzi • Paula Inêz Cunha Gomide • Paulo Rogério Morais· Rachei C. Tomedi Caldeira' Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza'
Rubens Reimâo' Samira Martins Garib' SandraArmoa Lopes' Sandra Leal Calais' Sandra OdebrechtVargas Nunes· Silvia Regina de
Souza' Solange Lucie Machado' Tânia Moron Saes Braga' Verediana Proêncio' W. KentAnger' Vara Kuperstein Ingberman
ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento
e Cognição
Entendendo a Psicologia Comportamental e Cognítíva aos
Contextos da Saúde, das Organizações, das Relações Pais
e Filhos e das Escolas.
Volume 14
Organizado por
Áderson Luiz Costa Junior'
Maria Zilah da Silva Brandão
Fátima Clistina de Souza Conte
Femanda Silva Brandão
Vara J<uperstein Ingberman
VeTa Lucia Menezes da Silva
Simone Martin Oliani
Alessandra Turini Bolsoni-Silva'
Alexandre de Oliveira'
Ana Claudia M. Almeida-Verdu
•
Ana Claudia Paranzini Sampaio • Ana Cristina Rodrigues Valle • Ana Rita Ribeiro dos Santos' Antonio Bento Alves de
Moraes • Antonio Celso de Noronha Goyos • Armando Ribeiro das Neves Neto • Carlos Eduardo Costa' Carlos
Leonardo Rohrbacher • Claudia Balvedí • Cláudia Milhim Shiota • Claves Amorim • Cristiana Tieppo Scala • Daniela de
Macedo· David Alan Eckerman • Deisy das Graças de Souza' Maria Cecilia Bevilacqua • Denise Cerqueira Leite Heller
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M. Silva' Gina Nolêto Sueno· Giovana V. Munhoz da Rocha· Gláucia da Motta Bueno· Gustavo Sattolo Rolim' Isabella
Montenegro' Ivanir Lourdes Bin' J. G. Tuga Martins Angerami • Jair Lopes Juníor' Juliana Elena Ruiz, Juliana Gomes
• Laísa Weber • Lincoln da Silva Gimenes • Lisandra Kusunóki Ferachin • Lucia Cavalcanti de Albuquerque Williams •
Lylian Cristina Pilz Penteado· Makilim Nunes Baptista' Marcela leal Calais· Maria Bety Fabri Berbel' Maria Cristina
Neiva de Carvalho· Maria Cristina O. S. Miyazaki • Maria da Graça Saldanha Padilha • Mariângela Gentil Savoia • Marilza
Mestre· Maryane Mayer' Mônica Geraldi Valentim • Nancy Julieta Inocente' Neide Micelli Domingos' Neusa Corassa
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Tomedi Caldeira' Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rubens Reimão· Samira Martins Garib • Sandra Armoa
lopes • Sandra leal Calais • Sandra Odebrecht Vargas Nunes • Silvia Regina de Souza' Solange Lucie Machado'
Tânia Morcn Saes Braga • Verediana Proêncio • W. Kent Anger' Yara Kuperstein Ingberman •
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2004
Copyright © desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2004.
Todos os direitos reservados
Brandão, Maria Zilah, et aI.
Sobre Comportamento
e Cognição: Contribuições
para a Construção da Teoria do
Comportamento. - Org. Maria Zilah da Silva Brandão. Fátima Cristina de Souza Conte. Fernanda
Silva Brandão. Vara Kuperstein Ingberman. Vera Lucia Menezes da Silva. Simone Martin Oliani. 1~
ed: Santo André. SP: ESETec Editores Associados. 2004. v.14
340 p. 24cm
L Psicologia do Comportamento
2. Behaviorismo
e Cognição
3. Análise do Comportamento
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Coordenação editorial: Teresa Cristina Cume Grassi-Leonardi
Assistente editorial: Jussara Vince Gomes
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_____
Capítulo 24
Análise Comportamental
em História de Epilepsia
(jina Nolêlo Bueno
Universidade Católica de Çoiás
Faculdade CambU/y
'Tenho crise convulsíva. Sofro de epilepsia desde os dois arios de idade. Os
médicos ficam doidos comigo. Já fiz tudo que é exame. Minhas crises não têm local
determinado no cérebro. Não quero fazer a 'bendita' cirurgia que eles querem que eu faça.
Tenho prejuízo na atenção. Não consigo ter atenção com nada, além de muita dificuldade
de concentrar e de raciocinar. Faço crises, em maior número, quando estou dormindo"
(Marcos, maio de'2003).
"Aos quatro anos de idade, meus pais relatam que sofri a primeira crise convulsiva.
Aos 12 anos, quando da puberdade, registrei a ocorrência de mais duas crises. Aos 26
anos, após a morte de meu pai, as crises voltaram de forma intensiva, chegando a superar
a ocorrência de 10 ao dia e outras tantas à noite, quando estou dormindo. Hoje sofro com
preconceito, a insegurança e com a angústia: quando vai acontecer a próxima crise?".
(Pâmela, julho de 2001).
°
Há centenas de anos a medicina busca explicações internas para o comportamento
humano, ou seja, para as alterações das funções orgânicas. Causas internas, como
explicações para as diversas patologias. Em contrapartida, a ciência do comportamento
vem se dedicando a, com propriedade, distinguir as relações funcionais entre as variáveis
ambíentaís e o comportamento. A análise do comportamento muito tem evoluído a partir,
especialmente, dos estudos de B. F. Skinner (1953/1976) sobre o processo de aprendizagem
nos animais, que possibilitaram o estudo do comportamento humanq como parte natural
de uma ciência, também, natural.
De acordo com Britto (2003), quando nos comportamos, seja pública ou
privadamente, certas funções biológicas do corpo podem ser alteradas, vez que são as
variáveis ambientais,que produzem os efeitos fisiológicos, que podem ser inferidos do
comportamento. Desta forma, é relevante destacar que ao se comportar, o organismo
pode alterar a neuroquímica e esta, por sua vez, pode alterar os estados corpóreos de
forma positiva (sensações de prazer) ou negativa (sensações de sofrimento).
Sobre Comportamento
e Cogníção
207
o que pode explicar a epilepsia? O que leva uma criança a sofrer crises convulsivas
e seus irmãos, de mesma história filogenética não? O que provoca o chamado "adormecer"
das crises por algum tempo, até anos seguidos, e o seu retorno mais tarde? Em que a
ansiedade, como emoção básica na vida do ser humano, como propõe Staats (1996),
estaria por traz desta que é classificada uma patologia neurológica?
A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro.
Por alguns segundos, e até mesmo, minutos uma parte do cérebro emite sinais incorretos.
Tais sinais podem ficar restritos a uma localidade do cérebro ou mesmo espalhar-se.
(Marchetti & Arruda, 1995). Já segundo Guerreiro, Guerreiro, Cendes e Lopes-Cendes
(2000, p.1), "a crise epiléptica é causada por descargas elétricas ano~mais excessivas e
transitórias das células nervosas, resultantes de correntes elétricas que são fruto da
movimentação iônica através da membrana celular".
Becona, Palomares e García (1994, apudVázquez, Rodríguez & Àlvarez, 1998),
afirmam que os estados emocionais podem modificar, notavelmente, os comportamentos
da saúde. Assim sendo, presume-se, então, que a ativação emocional parece interferir
nos hábitos saudáveis dos seres vivos (LevE?nthal,Prohaska y Hirschman, 1985, apud
Vázquez, Rodríguez & Àlvarez, 1998).
Porém, não é somente o estado emocional, senão também as regras que uma pessoa
tem sobre a saúde, que influenciam sua conduta. Quando se padece de uma enfermidade, é
muito provável que aquele que dela sofra formule, tendo por base seus conhecimentos e suas
experiências, ou seja, suas auto-regras, um modelo de enfermidade, e dê significado às
mudanças que vão se procedendo. (Vázquez, Rodríguez & Àlvarez, 1998).
'
"Á noite tive várias crises, mas ninguém percebeu. Só pela manhã minha mãe me
viu tendo uma crise muito forte, já às 9 horas da manhã. Não gosto de passar mal perto
dela. Ela aparenta mais nervosismo que eu. E, sempre que tenho crise, ela busca minha
gaveta de remédios e me dá ul11anova dose dos antiepilépticos. Conseqüentemente,
estou sempre dopado". (Marcos, junho 2003) ..
Marcos, 18 anos, é o filho do meio de uma prole de três. Chega ao tratamel1to
terapêutico, encaminhado pela neurologista. De acordo com a médica, os ansiolíticos não
estão conseguindo o efeito desejado: diminuir as respostas ansiogênicas em Marcos, que
está com baixíssimo desempenho escolar. Suas incursões sociais têm se restringido, ao
máximo. Mas quando há a necessidade de acontecerem suas respostas fisiológicas são
intensas e, normalmente, Marcos apresenta crises convulsivas.
Pâmela, 32 anos, caçula de quatro irmãos, aos 26 anos, ao ir visitar seu pai,
pessoa por quem manteve muita afinidade e, até dependência - com a mãe a relação
entre ambas foi sempre marcada pela animosidade - depara-se com o mesmo morto
sobre seu leito - enforcou-se com um lençol. Atônita, deixa o quarto e tenta evitar que
outrosfamiliares, que estão em casa, entrem no ambiente e vejam aquela que ela conceituou
como "(...) a imagem mais'terrível que meus olhos já viram e meu cérebro registrou. Para
sempre! Não sai da minha cabeça!" (Julho, 2001)
Ao chegar para o tratamento terapêutico, Pâmela traz a informação de estar
aposentada, há mais de dois anos, em função da epilepsia e depressão. Residindo sozinha,
passa a maior parte do dia dormindo: "(...) as crises convulsivas me provocam muito sono.
Meu neurologista busca o meu controle convulsivo com antidepressivos, ansiolíticos,
soníferos e anticonvulsivantes".
208
C/ina NoIêto Bucno
De acordocom Starting,(2001,p, 266) "Apesardo reconhecidoe extraordinárioprogresso
alcançado pela tecnologia médica na compreensão dos mecanismos biológicose no seu manejo
técnico, muito do sofrimento humano está fora do interesse expresso da biomedicina". Ainda
compondo seus estudos sobre a análisefuncional da enfermidade, Startingsalientaque "Queixas
e disfuncionalídades provenientes de condições 'funcionais', 'mentais'. ou 'psicossociais',
representam grande parte da demanda apresentada à medicina. cujas concepções
essencialmente biomecânicas se associam aos resultados geralmente insatisfatórios do
tratamento e à persistência dessas queixas e disfuncionalidades (2001, p. 266)
1. Fragmentos de verbalizações de Marcos
"Por causa dessas crises. todo mundo fica perto de mim, para proteger-me, pois
se estiver de pé e vier a crise, caio e machuco. Até no colégio é assim",
O processo de intervenção terapêutica iniciou-se pela pesquisa sobre as contingências
favoráveis às crises convulsivas em Marcos. Ao término de oito semanas, com sessões
semanais de 50 minutos. a Linha de Base nos apresentou os seguintes dados:
Nunca
como
meus
serei
normal
acompanhar
25%
Numero
de
Liberado
da prova
excessiva
colegas.
meus
dorme.
Acorda
dos
remédios
e e
farmacológicas
das
drogas
deprimido
e dose e 7.Não
Ingere nova dose
dopado
Não
estudar,
sofrerem
dorme.
ACOrda
eamigos
falta
desalivação
arpois
15%
Não
sou
normal
das
medicações
vômito,
Não pode
vai
a dormir
shows
eesportes
danceterias
todo
corpo
deprimido
e
Com
Ingere
nova
muita
faço
meus
salivação
pais
poupado
poro
todos
catatônica;
Sou
mau,
Crises/Dia
e
culpa
por
não
Conseqüências
salivação
dorme.
Acorda
6.
Não
praticar
10%
8.
10.
9.doente".
pode
fechar
atravessar
ana
porta
casa
ruasde
deseu
amigos
quarto
. Com repuxões
todo
Comportar-se
em
orepuxões.
corpo
e e
Muita
tê-Ia
feito
aumento
das
culpa,
sonolência
estranho
escolares,
ser
doses
das
medicações;
a
por
ser
"louco,
55%
Sou
esquisito.
deprimido
ecom
vigília
dos
pais
spero;
dopado
das
drogas
e
ausência;
Ingere
nova
dose
Sentir-se
Situação
Tipo
de
crise
as atividades
10
crises de
e um
máximo
34 crises
diárias. socorros
pras
ngs
nhadas
11.
Não
usar o monitorá-Io,
banheiro
porta
fechada
dopado
essão.
pais
em
quepode
consiga
e se
souber defazer
os primeiros
devidos,
quando de uma crise.
e
Marcos
Ingere nova dose
Prejuizos
Sociais
edosubir
escadas
para
a
interação
social
somente
se
houver
a
companhia
dos
pais
ou
um
professor
Durante as oito semanas iniciais do tratamento,
Marcos registrou
um minimo de
Quadro 1. Linha de Base
Sobre Comportamento
e Cognição
209
2. Estratégias de Intervenção Terapêutica Comportamental
2.1. Controlar a ansiedade, utilizando as técnicas
•
•
•
•
•
Oito passos para controlar a ansiedade - ACALME-SE;
Controle Respiratório;
Interrupção do Pensamento Catastrófico: "Não vou dar conta. Não aprendi a estudar, a
fazer provas, a fazer as tarefas da escola, nem da minha casa. Sou doente, esquisito,
imprestável";
Relaxamento - Autógeno de Shults;
Cartas Não-enviadas;
•
Diários de Registros.
2.2. Criar estratégias para a realização das tarefas acadêmicas, domésticas e sociais;
.2.3. Fazer caminhadas;
2.4. Fazer academia;
2.5. Iniciar-se nas atividades sociais de sua idade: ir ao shopping com os irmão~e
amigos; ir ao cinema; ligar para amigos; convidar amigos para visitá-Io em
casa; ir à casa de amigos;
2.6. Aprender a tomar a medicação, sem a necessidade da interferência dos pais;
2.7. Encontrar a função das crises;
2.8. Vestir-se, pentear-se como pessoa normal;
2.9. Esmaecim'ento da farmacoterapia;
2.10. Assistência da medicina homeopática, para desintoxicação medicamentosa
alopática.
Como tarefa de casa, certa vez, Marcos foi estimulado a escrever uma Carta Nãoenviada para a epilepsia. Ele executou a tarefa, mas em forma de poema que,
posteriormente, foi trabalhada durante relaxamento profundo.
I
210
Poema: Epilepsia
Como uma cobra
Aflição!
Se revirando
Maldição!
Quando é cutucada
Sádica,
Como uma cólica
Me mato aos poucos
Me arrepiando
PeNersa!
- Maldita!
Estupro minha mente
Mente sem jaula
Maldita!
Sem limite
Me castigo
Rosnando contra
Todos
os 7 pecados
O domador
Saboreados com fantasia
O mundo se cala/ao olhar
A soberba ira que me move
O cego não olha/mas escuta
Nada me comove
O surdo não ouve/mas grita
qina Nolêto Bueno
as crises
ão
Clínica não sensibilizou-me,
arcos, vocêIdeação
Os diários de registros, questionários de história vital (Lazarus, 1980), entrevistas
com familiares, permitiram observar que as crises passaram a ter, especialmente após final da
segunda infância e início da adolescência, a função de construção de meios legais para
realizar comportamentos de fuga/esquiva ante as situações aversivas, tais como: estudar para
provas; fazer tarefas escolares; realizar tarefas domésticas; apresentar trabalhos acadêmicos.
Durante o processo de intervenção, com o respaldo das análises de comportamento,
passamos a pesquisar a hipótese de que Marcos ideava muitas das crises convulsivas, ainda
que após sua construção o sentimento de culpa, de inadequação e de autopunição (isolamento
e vestimentas inadequadas) ocorressem.
3. Fragmentos de verbalizações de Marcos
"Você quer o quê? Não aprendi nada que meus colegas, meus amigos, aprenderam.
Na escola eu tiro zero numa prova e recebo o boletim com média 7,0. Sei que a escola faz
isso porque sabe que sou doente. Tenho vergonha do meu boletim. Aquelas notas não são
minhas. Não foram tiradas por mim. Não sei me vestir. Meu corpo ficou essa coisa inchada,
sem forma. Todo mundo pensa que sou doido. Você acha que é fácil?" üunho/2003)
Deixá-Ia
menos
Foi
deCrise
nivel
médio!
Sensibilizara
exigente
controlando, assim,
excessiva,
de
verbalização
tentativa
indisciplinado.
não
Motivo
repuxões,
salivação
terapeuta
grande,
ainda
continuo
com
para
muitos
que eu
Transparecerque
Desvantagens
Vantagens
Construção
Crises
Convulsivas
de
aprendeu
delas,
consciência
lixo.
pois
Preciso
a
são
função
plena
o
continuar
meio
de
de
que
de
suas
exigindo-Ihe,
ensinar-lhe
a
crises,
sua
disciplina
conseqüentemente,
aPerdão!
pois
agir, já
sei
a das
existe,
produzir
do seu
basta
potencial,
e deixar
pode
fazer
estabelecer
a mas
"preguiça",
usoficarcomo
que
dela.você
oAssim
que
seu
resiste
você
controle.
como
em
diz sei
sentir,
negá-Io.
que no
você
Tenho
cesto
já
M = Puxa! Tô com vergonha de você!
Me
ajude,
não
posso
estou.
pois sei o fundo real das crises. Quanto às tarefas, não abrirei mão
Quadro 2. Ideação das Crises Convulsivas Versus Terapeuta
Marcos passou a fazer uso das técnicas de controle da ansiedade, assim como
estar atento, sempre, para perceber estímulos aversivos que pudessem desencadear um
estado ansiogênico maior - ativadores de respostas simpáticas - que favorecesse a
ocorrência de uma nova crise convulsiva. Sua missão: controlar seu estado emocional
negativo (Staats, 1996), estabelecer comportamentos
contingências aversivas.
assertivos de enfrentamento às
4. Fragmento de Sessão
T = Aprendemos a controlar o estado ansiogênico, e por ele aprendemos a controlar as crises.
Assim sendo, não há mais doença. E, se é assim, você já não poderia receber alta médica?
M = Puxa! E, agora?! Não aprendi a fazer muitas coisas. Nem estudar.
T = Tudo isso é comportamento. E, comportamento é aprendido. Você vai aprender.
M = Mas, se eu mostro para todo mundo minha alta médica, todos me cobrarão resultados,
sem perceberem que nos últimos anos não me ensinaram a fazer, a produzir. Somente me
ensinaram a ficar doente. E doente é impune à produção!
T = Quando lhe cobrarem, você os alertará que, primeiro, terão que ensinar-lhe.
Sobre Comportamento
e Cognição
211
M = Nasci Marcos saudável, mas me ensinaram a ser Marcos doente. O Marcos saudável
ainda existe e culpa o Marcos doente. Não tinha pensado nisso: o Marcos doente é tão
doente que provoca uma doença.
T = Não basta culpar o Marcos doente. É preciso dar espaço para o Marcos saudável
aprender 16 anos de sua vida que foram congelados.
Tenho
controlar
as
crises.
necessito.
Ex.:
muitos
trabalhos.
remédios.
boas
se
As
aplica
crises
a
servem
mim
é
de
De
que
posso
o
conceito
que
prazo.
De
que
sou
olongo
maior
deturpado:
e
atrasos.
doente.
prejudicado,
nervoso
Liberdade:
em
não
a
saber
me
o
dão
sobre
mim.
que
onotas.
povo
pensa
. ou
vêem
Não
há
versus
cobranças
eu
não
ferrenhas,
apara
não
ser
aquelas
para
tomar
os
resultados
que
quero
desculpas
faltas
De
não
alcançar
os
tã
nem
ai,
mas
fico
Como
as
pessoas
me
Tenho
ganho
culpa
Tenho
dúvida
consciência
Tenho
Medo
não
tê-Ia,
mas,
ainda
faço crise, quando já
assim,
sei
see faz
para todo
oestudar.
que
do como
que faço.
esta"
não
me
deixou
aprender.
remédios
o"doença"
tempo
dopado.
Puxa,
mas contínuo fazendo crises por causa dos ganhos e pelo medo
Conclúsão
de Marcos
me um nada tomando esses remédios (risos da surpresa do que verbalizou), ficar escravo desses
Quadro 3. Função das Crises
Crise
Motivo
Como
Foi
de
eu
nível
Desvantagens
havia
me
machucar.
medo
de
não
vi
tanta'
que
não
preciso
realmente
irdele
Vantagens
Para
comprovar
com
escola,
muitos
à
Na
realidade,
excessiva.
deitado,
não
A
aceitação
preciso
irsem
àestava
contestação
ou
interrogações.
de
que
eu
não
desvantagem.
repuxões.
salivação
médio/grande,
Construção
das Crises
foi. a Ideação
reação de seu pai?
Intervenção
Clínica
Convulsivas
=
E,
o simulado?
T
Todos
Fiquei
cansado
e Eu
estava
dormindo,
tudo.
Protegeram-me
demais
edormi.
me
de
menos!
de
pânico
nocomo
rosto
dos
meus
pais,
avez
crise.
Droga,
esseeresultado.
medo,
essa
Tôbiológica
comdoses.
raivae
M
Meus
paisódio
não
me
acordaram
para
ir cada
à escola.
T
==ver
Não
fosse
um
comportamento
negativo,
parabenizaria-o
este
Até
porque,
ele
M
=
Ele
acordou
apavorado.
Correu
eensinaram
pegou
anova
maleta
deaqueles
remédios
me obrigou
afazem
tomarmal.
novas
comportamental,
você
diz.
não
queria
ter
tomado
remédios,
eles
mepreguiça.
Não
gosto
M
Tôovieram.
com
de
mim:
mais
uma
contribui
para
a por
manutenção
dessa
desordem
Quadro 4. Ideação de Crises Convulsivas versus Pai
212
Qína NoIêto Bueno
Marcos tinha que aprender a avaliar as vantagens e desvantagens das crises que
ainda viessem a ocorrer. A finalidade dessa tarefa era levá-Io a agir de forma diferente,
ainda que permitisse ou não controlasse a ocorrência de uma nova crise convulsiva.
compromissos
(que
cumprirei
meus
Posso
machucar;
me
não
não
tenho
Motivo
ainda,
enrolar
mim
mesmo,
de
Crise
Foi
de
nível
Vantagens
que
"não
posso"
condições
Preciso
limpar
Comprovação,
acom
provar
casa
para
e,
aa
mim
mesmo
que
médio
Desvantagens
por
parte
de
minha
Construção
das Crises Convulsivas
algumas
muitos
repuxões
broncas,
me
livram
de
casa
e
de
estudar,
gerando,
mãe)
de
ajudar
em
e
uma
uma
culpa
inquietação.
à
danada·
noite,
T
bem
=
E,
rápido,
então?
pois
ainda
tem
que
fazer
os casa
deveres
da
escola.
ainda,
ficaram
superfelizes
ao
chegar
em
e
virem
que
tinha
tudo,
que
estudando.
Fui.
não
tive
cansaço.
Tive
muita
alegria.
Meus
nem
souberam
crise
e,
ajudar
M
É, se
mas
eu tudo.
como
nãopadrão.
aEstranho,
fui
realizasse.
fazer deesse
bendito
antes
de
dormir,
disse
asonolência
mim
mesmo:
Marcos,
você
não
Até
perguntaram:
"Filho,
você
tácrise,
bem?
Tomou
seus
remédios
direitinho?
Fez
oe
que
aeestava
psicóloga
pediu?"
T
precisa
== me
Normalmente,
irFiz
dormir.
Sua
depois
psicóloga
uma
disse
que
você
adiário
ação
fica
gera
fadigado,
uma
reação.
comorganizado
muita
Tomepais
um
banho
frio
e dorme
vá dessa
limpar
muito.
aÉ
casa,
um
comportamento
Ideação
ando fui preencher o diário de ideação, pude perceber como não discriminei, antes, que podia me
a.
para
não estudar.
Intervenção Clínica
Quadro 5. Ideação de Crises Convulsivas versus Intervenção
A análise de todas as contingências tornou-se
Marcos aprendesse novos repertórios. Entre a 24 a e 29a
dados obtidos na Linha de Base, apresentados no Quadro
da história de epilepsia na vida desse cliente. O resultado
no Quadro 6, a seguir;
.
o instrumento básico para que
sessão, voltamos a reavaliar os
1, visando a análise da evolução
dessa análise está apresentado
Sobre Comportamento
e Cognição
213
Quero
enslnar-Ihes
suaves,
ele não sabe.. nada. diante
Número
de
8%
Preciso convencer
Falta
de
da
ansiedade,
atenção
plena
59%
Calma!
Você
vai
minha.
decontrole
meu
se
sair
bem.
De
Com
ausência,
raiva:
não
com
medo
de
niío em
repuxões
verdadeiramente
social.
Com
levíssimos
tenho
ansiedade
meus Aamigos,
e,
tempo.
pior,
aumenta
no
corpo.
ele
não
perda
me
que
tirar,
será
conquistar
que
atenção.
quero
essa
Já
Ugaviaja
parade
para
amigos
sltios
de
amigos,
pemoitando
9. Definiu,
Crises/Dia
Convida
amigos
ser
para
possivei
happy
hours
casa
7.
25%
não
aprendi.
amarestudos
um filho
8.
Conseqüências
perguntar,
muito,
Comportar-se
Odeio
esse
cara:
Fiz
a prova.
nota meio
ainda
não
saber
pais de que
sei.
Vou
aprender,
pois
sou
inteligente.
dois
hemisférios.
para
atividades
treinar
omais
que
nfu
10.
Está
planejando
seus
saudável
eleroajuda
casa
11.
com os aescolares
pais,
novo
professormeus
de reforço
quando faço crise.
intelectual
para
produtivo.
Sentir-se
Situação
tremores/repuxões.
de
crise
iainteresse
minha
ansiedade. Tipo
,uenas
semque
compras
os dê
pais
escola
lhe
notas,
quer tirá-Ias
pela
aparência
tudo
perdi.
de 2 crises diárias, em média;
até
passou semana inteira· sem crises.
Estudei,
mas
Durante
as sessões
de com
Intervenção,
registrou um mínimo de zero e um máximo
Já
vai à shoppings
e cinemas
amigosObservarMarcos
muito
Meus Sociais
pais me dão
tos
Quadro 6. Avaliação - entre a 24a e 29a sessões
Durante os últimos seis anos Pâmela, basicamente, viveu isolada em seu
apartamento. A culpa pelo suicídio do pai foi o foco central de sua atenção: "Eu tinha que ter
percebido que a depressão dele piorara muito. Nós éramos tão íntimos, tão cúmplices um
do outro. Por que não fui vê-Io naquele final de semana? Minha negligência para com ele o
matou! Meu Deus, foi a pior coisa que poderia ter ocorrido com minha vida!" (Julho, 2001)
Pâmela passa a maior parte dos dias e noites dormindo. Muitas das crises ela só
as percebe pelos hematomas que vê em seu corpo, boca ferida e pelos vestígios de
sangue e urina em sua cama. De acordo com seu neurologista, Pâmela faz crises parciais
simples (ou focais) e complexas. "Faço o tratamento neurológico com muito rigor. Não
posso ficar sem a Carbamazepína" (CBZ) .
. Com Pâmela, trabalhamos com a hipótese de que os diversos estímulos aversivos,
ao longo do dia/noite, poderiam estar ativando mudanças em suas respostas fisiológicas,
favorecendo a alteração das correntes elétricas cerebrais, evocando, assim, as crises
epilépticas. "Nunca é demais lembrar que crises epilépticas são sintomas de uma função
anormal do cérebro. Na avaliação ou no seguimento do paciente com epilepsia é central a
questão da causa das crises epiléticas". (Guerreiro et ai, 2000, p. 5).
A princípio, essa hipótese ficou complexa, vez que Pâmela vivia muito isolada.
Então, quantos seriam esses estímulos aversivos, e que graus de controle exerceriam em
214
Cjina Nolêto Bucno
Faculdade
pai
e de
sua
morte
Estou
emlá.casa
de
passar
mal
medo,
vergonha.
tenho
ninguém
e se Não
eu passar
Dia!hora
seu comportamento, vez que seu ambiente interacional era tão parco? Assim, com os
diários de comportamentos problema, de pensamentos desadaptados, inicia-se a pesquisa
de identificação dos estímulos estressores à Pâmela, bem como sua possível inabilidade
social.
E
se não
souber
que
havia
sofrido
nova Retorno,
crise.
àcom
noite, vi
dia
todo.
Quando
acordei,
comprar?
Tenho
medo
Situação
Tenho
medo
de
iniciar.
Lembro-me
do
meu
nova
crise
está
vindo.
Sentir
como
Tenho
para
dar
um
bom
dia.
Pensar!
Eles
jálouca.
me
apontam
imediatamente
casa,
mas
ao
láSinto-me
que
umado
Eu
Conseqüências
odos
matei!
Como
Agiu!
mal,
de
novo,
em
sala.
tempo
não
vai
dar.
NãoDiário
vou
medo,
conseguir.
olhando-me
O para
eocupar
me
dizendo
Fico
paralisada.
meu
pai
voltaram·
asinto
meu
que
não
era
louca.
As
imagens
Comportamentos
Disfuncionais
Não
fui
àchegar
faculdade.
Sentindo-me
inválida,
voltei
para
cama
eculpada.
dormi
o
muita ansiedade.
cérebro.
Sinto culpa.
Não tenho ninguém por mim. Vou,
Fiquei horas seguidas sentindo
Skinner (1991, p. 113), afirma que:
Fazer algo em relação à doença, que é conseqüência da ansiedade, exige que
mudemos as circunstâncias aversivas responsáveis pelo que estamos sentido.
Algumas das doenças atribuídas ao desencorajamento ou ao desespero podem
ser aliviadas através do restabelecimento de reforçadores perdidos, e doenças
que são conseqüência da hostilidade ou do medo podem ser controladas através
da eliminação de conseqüências aversivas, especialmente as que estão em mãos
de outras pessoas. Afirmações dessa natureza não ignoram os fatores genéticos.
5. Fragmentos de Sessão de Pâmela
P = Como posso ser feliz? Como posso estar bem se o meu pai morreu?
T = Mas você está viva, e as pessoas vivas têm o direito de serem felizes.
P = Mas eu perdi o meu. Você não entende? Eu matei meu pai! Eu não estive lá naquele
final de semana! Então sou má, muito má!
Segundo Guilhardi (2002, p. 178) "A 'culpa' envolve uma comunidade poderosa
(governo, sistema judiciário, professores, pais etc. (...)." Esse autor afirma, ainda, que no
momento em que a pessoa se coloca como culpada" (...) não tem uma visão crítica sobre
Sobre Comportamento
e Cognição
215
o controle aversivo de que é vítima e acaba admitindo que são seus comportamentos (ou,
até pior que isso, que é ela) que geram sofrimento no outro".
Pâmela, durante os últimos seis anos esquivou-se e fugiu das interações sociais.
As poucas que ainda cumpria, as enfrentava com alto nível de ansiedade, justificado pelo
medo: "Tenho medo das pessoas, tenho medo de não conseguir, tenho medo da rejeição
das pessoas. Sei que sou estranha e todos vão perceber isso. As pessoas ficam apavoradas
quando passo mal. Já não sei mais me vestir, me arrumar e ainda fico com muito medo de
não me lembrar das coisas, dos fatos".
As autoverbalizações de Pâmela eram sempre compostas por um repertório verbal
emocional negativo. Staats (1996) destaca que as palavras geram emoção e que estas são
diretivas: se positivas, aproximam; se negativas, afastam. Assim, o estado emocional negativo
de Pâmela parecia contribuir com a alteração das correntes elétricas de seu cérebro. Nos
diários de comportamentos, Pâmela descrevia a situação antecedente às crises, assim
como O pensamento e sentimento gerados pela referida situação. Em todos eles ela
apresentava a ausência de controle de sua emoção, de sua ansiedade como, por exemplo,
estar na sala de aula.e o professor se dirigir a ela com qualquer observação: "(...) imediatamente
pensei que ele só se dirigiu a mim porque sabe que sou estranha. O medo foi tão intenso
que fiquei paralisada e não consegui responder o que me foi perguntado. Pàssado um tempo,
a crise começou. Todos ficaram com muita pena de mim! (chorou compulsivamente)".
As intervenções em Pâmela foram dirigidas para a interrupção dos pensamentos
catastróficos negativistas, a busca do copITontode suas auto-regras negativistas, o treinamento
de habilidades sociais. Pâmela foi treinada a observar melhor as contingências. Percebendo
que lhe gerariam respostas ansiogênicas, deveria estabelecer estratégias para o controle da
ansiedade e a definição de comportamentos assertivos. "Estava no banco, checando a
quitação do financiamento de meu apartamento. O atendente estava impaciente e grosseiro.
Expliquei a mesma situação várias vezes. Como ele ficava mais nervoso, disse-lhe: olha,
hoje não é um bom dia para você me atender. Quero marcar para amanhã, em sua primeira
hora, aqui, pode ser? O rapaz ficou atônito. Eu? Maravilhada comigo, por ter sido assertiva!
Sai de lá e fui ao bosque caminhar. Quando voltei para casa disse que poderia cuidar de
minhas roupas, mas sem ansiedade. Organizaria o que desse tempo. Não sou perfeita.
Puxa, foi muito bom, terminei um excelente dia: mais um sem crises!".
Atualmente, Pâmela passa pela redução da farmacoterapia, com a ausência de
registro de crises, nos últimos um ano e oito meses. Está reapredendo o convívio social.
"Nossa, sinto-me mais livre à medida que a medicação e as crises vão saindo do
meu corpo. Hoje sei: meu pai destruiu a vida dele e eu estou viva. Ele me amava muito, me
queria feliz. Então, se for feliz não estarei agredindo meu pai. Veja bem, estou descobrindo
a vida de novo!",disse Pâmela.
Starling (2001, p. 275) destaca que "A medicalização pode não configurar um
caso simples de esforço mal dirigido e inofensivo. Na verdade seus efeitos podem ser
nocivos e pioraras condições que motivaram a procura médica". Starling vai além quando
aponta um modo que pode favorecer a resolução de tal problema "( ...) a solução para o
problema da medicalização é o seu inverso, a "desmedicalização", o que implica na
participação de disciplinas não-médicas no atendimento à saúde biológica".
Certa vez, Pâmela assim frisou: "A vida é igual ao mar: toda hora vem uma onda e
você tem que se salvar". Ela se referia à necessidade de aprender a lidar com as
contingências e a controlar a emoção que estas evocam, para que sua bioquímica não
sofra grandes alterações, provocando-lhe disfunções corporais incontroláveis.
·216
Ciina Nolêto Bueno
"Cuidar de minha respiração e fazer com disciplina as técnicas que aprendi. Esta
é a grande missão de minha vida nesta guerra de paz contra a ansiedade, contra
a epilepsia. Meu livramento dos remédios que, paradoxalmente, feitos para me
curar, deixaram-me estranho, louco, doente." (Marcos, agosto de 2003).
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Cognição - Expondo a Variabilidade. VaI. 8, pp. 297 - 312. Santo André: ESETec.
Vázquez, I. A.; Rodriguez, C. F. & Álvarez, M. P.(1998). Manual de PsicologIa de Ia Salud. Madrid:
Ediciones Pirámide.
Sobre Comportamento
e Cognição
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