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Convênio: Ministério da Saúde/Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais
Programa VIVA LEGAL/TV FUTURA
Tema: Relações familiares – a base mais segura para uma vida saudável
RELAÇÕES FAMILIARES
Quando analisamos o modo como os integrantes de uma família se
relacionam e como esse relacionamento influencia a vida de cada um dos seus
membros, configuramos o principal espaço onde é possível medir a saúde de uma
pessoa.
O conceito de saúde diz respeito ao estado do indivíduo cujas funções
orgânicas, físicas e mentais se acham em situação de equilíbrio e normalidade,
situação esta que somente será alcançada se ele estiver inserido num ambiente
também equilibrado. Assim, é na família que tem início todo e qualquer processo que
permite o desenvolvimento de uma vida saudável.
A família reúne um grupo de pessoas que, geralmente, têm a mesma origem,
cultura e valores, os mesmos interesses e objetivos de vida, constituindo-se a
unidade e a base das sociedades humanas. Ela pode ser pensada como um centro
intensivo de convivência, onde pessoas de sexo, idade e mesmo de gerações
diferentes trocam experiências; onde os jovens buscam seus primeiros modelos, e
onde, ao longo do tempo, se vivem numerosas crises que tanto podem resultar no
crescimento das pessoas envolvidas, como, ao contrário, na base de traumas e na
eclosão de disputas, caso os conflitos não sejam bem resolvidos ou superados.
Em todos os países do mundo a família está se transformando. Ela não é
mais formada, necessariamente, pelas figuras do pai, da mãe e dos filhos. Hoje,
existem várias formas de organização familiar e cada uma define a família de um
modo diferente. Isto significa que atualmente nos deparamos com questões que não
eram comuns antigamente e que exigem soluções criativas. Exemplos de famílias
não convencionais podem ser encontrados em todas as comunidades, e eles devem
ser analisados sem estranheza ou preconceitos, pois todas as formas de compor as
famílias são importantes.
Também o indivíduo atravessa uma fase de transição, porque os papéis
sociais estão em transformação vertiginosa. No caso da mulher, devemos ter em
mente os valores da sociedade patriarcal, na qual ela era dona de casa submissa ao
marido, responsável pela educação dos filhos e provedora da ordem familiar. Até
muito pouco tempo atrás, a grande maioria das mulheres tinha acesso apenas à
educação de nível primário e, no máximo, chegava a ser professora. Nas classes
menos favorecidas, as mulheres complementavam a renda familiar exercendo
atividades variadas, como as de lavadeiras, cozinheiras e costureiras, mas não eram
assalariadas, e nem sempre saíam de casa. Entretanto, a partir da Segunda Guerra
Mundial (e isto significa dizer que estas grandes mudanças ocorreram em menos de
50 anos!), todos os valores da sociedade ocidental foram questionados e a mulher
passou a reivindicar seus direitos quanto à educação, emprego, sexualidade, saúde
etc., saindo de sua condição passiva e doméstica para a de importante segmento
econômico em nossa sociedade.
O perfil do homem sofreu alterações relevantes nos últimos anos, e esta
questão deve ser levantada quando nos propomos a abordar o tema em nossas
comunidades, porque podem estar influindo decisivamente nas relações familiares
ao nosso redor. Assim, é importante termos a dimensão de que o homem saiu do
papel — que desempenhou por tantos anos — de dominador e “dono” de sua
esposa e filhos e que, hoje, muitas vezes, é questionado por eles. Além disso, o
homem deixou de ser o único responsável pela renda familiar, precisando que sua
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companheira vá trabalhar fora de casa. Hoje o homem se vê diante da necessidade
de assumir um novo papel dentro da família, mas nem sempre ele está preparado
para isto, até porque este novo papel ainda não está completamente definido.
Quanto aos filhos, apesar dos esforços para manter crianças e adolescentes
em atividades estritamente escolares, muitas vezes são obrigados a trabalhar para
complementar a renda familiar. O fato é agravado pela ausência cada vez maior dos
pais, por sua vez às voltas com o trabalho e o sustento da casa. Este quadro pode
determinar um distanciamento do jovem em relação aos valores familiares, e
favorecer comportamentos que ferem o indivíduo, a família e a comunidade.
O que está em discussão
O vídeo traz informações abrangentes sobre as diversas formas de
constituição das famílias no Brasil de hoje, propiciando a reflexão de cada
comunidade a partir de seus próprios exemplos. As noções básicas que devem
nortear as discussões são aquelas reforçadas pelo vídeo, ou seja: que a família
deve ser um ambiente acolhedor, oferecendo segurança e apoio aos seus membros.
Isto começa no momento em que a criança nasce e perpassa cada fase do
crescimento dos filhos até a idade adulta, quando eles irão formar suas próprias
famílias e, certamente, seguir os modelos de suas famílias originais. Ao se tornarem
mais velhos, e quando não puderem mais viver sozinhos, os indivíduos devem ter a
segurança de poder procurar compreensão e abrigo no seio de sua família.
O contexto familiar deve ser valorizado, inclusive no que diz respeito à história
da família: a origem de cada um de seus membros, as lembranças dos mais velhos,
a narração de como as coisas eram no tempo deles. Essa história se soma à dos
mais jovens, cujas contribuições não podem ser desprezadas.
A ênfase será, sempre, no sentido de a família manter um relacionamento
aberto dentro de casa, pautado pelo respeito pelo outro, além do carinho, da
atenção e da honestidade entre as pessoas. Apesar das divergências e das
necessidades específicas de cada momento de vida e da própria geração a que
cada um pertence, os membros de uma família sempre podem encontrar um modo
de conviver. Através do exercício do diálogo, é possível superar diferenças e
aprender a viver uns com os outros.
Desta forma, embora muitos conflitos sejam inevitáveis, a família conseguirá
superar mais facilmente suas dificuldades. Além disso, fortalecida pelo diálogo, a
família estará mais estruturada para, eventualmente, enfrentar crises cada vez mais
comuns em nossa sociedade, como o alcoolismo, as drogas, o desemprego, as
dificuldades no trabalho e as insatisfações pessoais.
A valorização do contexto familiar deve estender-se ao universo mais amplo
de cada comunidade, o que inclui a escola, os espaços culturais, comerciais e de
lazer da família. Conhecendo o ambiente em que vivem e atuando sobre ele, os
membros de uma família poderão lutar pela saúde de sua comunidade, exercendo
plenamente seus direitos de cidadania.