Prevenção e Controle de
Infecções Relacionadas a
Assistência a Saúde
Elaboração de Programa de Gestão
Pública baseado em dados de
vigilância epidemiológica
Enfa. Maria Clara Padoveze
Divisão de Infecção Hospitalar
Referências Bibliográficas
• Monitoring Hospital-Acquired Infections to Promote
Patient Safety – United States, 1990-1999.MMWR
2000, 49(8):149-153
• Prevention of Hospital-acquired infections. A pratical
guide. 2nd edition. World Health Organization.
WHO/CDS/CSR/EPH/2002.12.[www.who.org]
• Lee, TB et al. Recommended Practices for
Surveillance. AJIC 1998, 26(3): 277-88
• German, RR et al. Update Guidelines for Evaluating
Public Health Surveillance Systems. MMWR 2001,
27(RR113):1-35.
• Ministério da Saúde. Gesthos. Gestão Hospitalar.
Módulo II. 20002
Vigilância das IH
• A monitorização das IH é um fator de segurança
para o paciente
• IH: eventos adversos que afetam
aproximadamente 2 milhões de pessoas
anualmente nos EUA. Estimativa da OMS: 1,4
milhões no mundo.
• IH: afeta tanto países desenvolvidos como em
desenvolvimento
• Prevalência em 55 hospitais de 14 países
europeus: 8,7% de pacientes com IH
Impacto das IH
•
•
•
•
•
Disfuncionabilidade física
Estresse emocional
Redução de qualidade de vida
Aumento dos custos de internação
Aumento da duração da internação
(custo direto e custo da perda de dias
de trabalho)
• Aumento da letalidade
Impacto em saúde pública
As IH tornam-se mais importantes como problema de
saúde pública com impactos humanos e econômicos
crescentes porque:
• Aumento do número de pessoas e aglomerados
urbanos
• Aumento da freqüência de condições de redução da
imunidade (idade, severidade e tipo de tratamento)
• Novos microrganismos
• Aumento da resistência dos microrganismos aos
antibacterianos
Programas de Controle de
Infecção Hospitalar, OMS
• Nacionais e regionais
• Programas do Hospital
– Comitê de controle de IH
– Praticantes de controle de IH (ICP)
– Manuais de controle de IH
Programa de Controle de IH,
OMS
• Responsabilidades
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Da administração hospitalar
Do médico
Do microbiologista
Do farmacêutico
Da equipe de enfermagem
Da central de esterilização
Do serviço de nutrição
Do serviço de lavanderia
Do serviço de limpeza
Do serviço de manutenção
Da equipe de controle de infecção
Vigilância das IH
• A taxa de IH em uma unidade é um indicador
de qualidade e segurança do cuidado.
• É um primeiro passo essencial para
identificar problemas locais e definir
prioridades
• Vigilância por si só já é considerada como um
processo efetivo para diminuir a freqüência
das IH.
Melhorias no cuidado a saúde com aumento de
qualidade e segurança
mas
Mudanças no cuidado com novas técnicas, novos patógenos ou
mudanças na resistência, aumento da condições de risco do
paciente
═
Necessidade de vigilância ativa para monitorar mudanças nos
fatores de risco
e
Identificar necessidades de mudanças nas medidas de controle
Objetivos da Vigilância
Objetivo geral:
• reduzir as infecções e seu custo
Objetivos específicos
1. Melhorar o conhecimento do staff clínico e
outros trabalhadores, incluindo
administradores a respeito das IH e
resistência antimicrobiana, de modo que se
conscientizem da necessidade de medidas
de prevenção
Objetivos da Vigilância
Objetivos específicos:
2. Monitorar tendências: incidência e
distribuição das IH, prevalência e
quando possível, incidência de riscoajustado para comparações intra e
inter hospitalares
Objetivos da Vigilância
Objetivos específicos
3. Identificar a necessidade de programas
novos ou intensificados e avaliar o impacto
das medidas de prevenção
4. Identificar possíveis áreas de melhorias no
cuidado ao paciente e para futuros estudos
epidemiológicos (por ex.: análises de
fatores de risco)
Estratégias de Vigilância
Um sistema de vigilância deve atender aos
seguintes critérios:
1. Simplicidade, para minimizar custos e carga
de trabalho e promover a oportunidade de
retroalimentação em tempo real.
2. Flexibilidade, para permitir mudanças
quando necessário
3. Aceitabilidade (avaliação pelo nível de
participação e qualidade dos dados)
Estratégias de vigilância
(continuação)
3. Consistência (uso de definições e
metodologias padronizadas)
4. Sensibilidade (poder de captar o maior
número de casos)
5. Especificidade (requer definições precisas e
investigadores treinados)
6. Utilidade (relação com os objetivos a serem
atingidos)
Implementação de redes em
âmbito nacional ou regional,
OMS
Os hospitais devem compartilhar dados
de IH, em bases confidenciais, com
uma rede de unidades para apoiar o
desenvolvimento de padrões para
comparação inter-institucional e
detectar tendências.
Redes de dados, OMS
Vantagens:
• Assistência técnica e metodológica
• Reforço para aderência aos guidelines
• Avaliação da importância da vigilância
para encorajar a participação
• Promover pesquisas epidemiológicas,
incluindo a análise do impacto de
intervenções
Rede de dados, OMS
Vantagens:
• Facilitar a troca de experiências e soluções
• Acessorar o Estado com informações sobre o
escopo e magnitude para contribuir na
correta alocação de recursos nacionais e
internacionais
• Possibilitar o desenvolvimento de
comparações válidas inter-hospitalares
utilizando métodos padronizados e taxas
ajustasdas
Chaves para o efetivo processo de vigilância das infecções
hospitalares:
• vigilância ativa
• vigilância dirigida
• treinamento dos investigadores
• Metodologia padronizada
• Taxas ajustadas por risco para comparações
Vigilância é um processo circular
1. Implementação dos objetivos da vigilância,
definições, protocolos, coleta de dados
2. Retroalimentação e
disseminação de
dados, análise,
interpretação,
comparações,
discussão
4. Avaliação do
impacto das IH
pelas tendências
na vigilância e
outros estudos
3. prevenção: decisões e ações corretivas
Passos na melhoria do Sistema de
VE-IH
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
1. Promover a adesão
Objetivo: Atingir nível ótimo de
captação de dados (100%)
• Garantir que exista uma CCIH atuante
no hospital
• Garantir que a CCIH utilize um sistema
de vigilância ativa
• Estimular a adesão ao sistema de
notificação
Passos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
2. Garantir a qualidade dos dados
Objetivo: atingir nível ótimo dos dados
reportados (alta sensibilidade e
especificidade, consistência)
• Realizar programas de treinamento
– Critérios diagnósticos
– Métodos de vigilância
• Avaliar os dados recebidos
• Questionar imediatamente dados
inconsistentes
• Rejeitar dados incorretos
Passos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
3. Oferecer suporte técnico
Objetivo: estabelecer excelente mecanismo
de comunicação e confiança institucional
• Elaborar programas de treinamento
– Aproveitar recurso humano local das instituições
capacitadas
– Selecionar programas de treinamento de acordo
com a necessidade identificada pelas instituições
locais
• Dar suporte para esclarecimento técnico de
dúvidas
• Atuar em cooperação com a vigilância
sanitária
Passos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
4. Realizar retro-alimentação
Objetivos: identificar necessidades e
promover a manutenção do sistema em seu
nível ótimo
• Programar retro-alimentação local periódica
(semestral, anual)
• Debater os dados com as instituições locais
• Manter a confidencialidade das instituições
• Elaborar relatórios ou análises individualizadas
Passos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
5. Elaborar planejamento
Objetivo: estabelecer planos de ação
racionais
• Elaborar um plano de ação anual/bianual
– Incluindo ações educativas, reuniões
periódicas, resultados esperados
– Basear o plano anual em dados obtidos
através da vigilância epidemiológica
– Elaborar planos simples e realistas
Passos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Promover a adesão
Melhorar a qualidade dos dados
Oferecer suporte técnico
Realizar retro-alimentação
Elaborar planejamento
Analisar os resultados
6. Analisar os resultados
Objetivo: monitorar o alcance dos
objetivos propostos
• Avaliar se o programa anual foi
cumprido
– Alcance de metas propostas
– Cumprimento do cronograma préestabelecido
Como elaborar um plano de
ação?
"Não existe vento
favorável para quem não
sabe aonde chegar."
(Sêneca)
Gastamos a maior parte do
tempo apagando incêndios.
Planejamento
• Ferramenta indispensável para a
gestão
• A programação em saúde é muito
importante para organizar a rede de
serviços.
• Às vezes, programar e reprogramar é
trabalhar com algumas incertezas
Planejamento
• Curso de ações gerais e específicas
conscientemente concebidos, para se lidar
com alguma situação
• Características fundamentais: é concebido
antes das ações a ele relativas e é
desenvolvido consciente e propositadamente
• Ajuste entre as competências e recursos
disponíveis de forma a atingir os objetivos
Planejamento – Processo de
Reflexão
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
O que queremos?
Só depende de nós?
Quem ou o que pode nos ajudar ou atrapalhar?
De quem ou do que precisaremos para conseguir o
que queremos?
O que pode mudar, nos criando dificuldades ou
facilidades?
O que deveremos fazer se as coisas mudarem?
Por onde começar? Qual é a melhor seqüência
para agir?
Planejamento
“O planejamento é a função
administrativa que determina
antecipadamente o que se deve fazer e
quais os objetivos a serem atingidos.”
(Idalberto Chiavenato)
• Planejar é também definir prioridades.
Identificando, selecionando e
priorizando o problema
1.
2.
3.
4.
5.
Problema de adesão
Problema de qualidade
Problema de suporte
Problema de retro-alimentação
Problema de dificuldade de análise
Explicando o problema
• Procurar as causas do problema
Ex.: Por quê os hospitais apresentam baixa
adesão?
Possíveis causas:
• Falta de informação
• Falta de recursos humanos
• Descrédito no sistema
• Medo de reportar informações de IH
Identificando o que fazer
• Selecionar as causas sobre as quais se
possa atuar
– Alguns problemas têm muitas causas
– Algumas causas não possuem solução ao
alcance da nossa atuação
– Algumas causas são mais importantes do que
outras e a solução destas causas geram maior
impacto na resolução do problema
– Algumas causas apresentam custo político muito
alto para serem atacadas de imediato
Identificando o que fazer
• Identificar os recursos necessários
– Ex.: material e local para treinamento, pessoas
para visitas
• Identificar os prazos
– Definir cronograma
• Identificar os responsáveis por cada ação
– Captar colaboradores
• Identificar os resultados desejados
– Ex.: 95% de adesão em 1 ano
Objetivos
•
•
•
•
•
•
•
Coerentes
Viáveis, porém desafiantes
Aprazados
Mensuráveis
Claros, explícitos e concisos
Conhecidos pelos participantes
Em número reduzido, para evitar dispersão
Exemplo
• Problema: falha na adesão
• Causas: desconhecimento do sistema,
dificuldades técnicas para o diagnóstico de
IH
• Possíveis soluções: treinamento
• Recursos necessários: professores, local,
material didático
• Responsáveis: coordenação da DIR,
colaboração de profissionais locais
• Prazo: até um ano (um treinamento por
trimestre)
• Resultado esperado: aumento progressivo da
adesão até 95% em um ano
Acompanhando a execução do
plano
• Definir alguns resultados intermediários para
medir ao longo da execução do plano
• Monitorar a execução do plano representa a
possibilidade de redirecionar as ações e
adequar o conteúdo do próprio plano.
• Deixar a avaliação para o final pode não ter
grande utilidade prática.
Epidemiologia das IH
Avaliar a situação atual:
• Conhecer as características dos
hospitais na abrangência local ajuda a
definir a sua população-alvo
preferencial
– Ex.: cirúrgicos (cirurgias gerais,
cardíacas,etc.) número de hospitais com
UTI, psiquiátricos, etc.
Epidemiologia
• Para a epidemiologia, risco significa
grau de probabilidade de ocorrência de
um determinado evento relacionado à
saúde de um população ou grupo,
durante um período determinado de
tempo.
Epidemiologia
• Conhecer a sua população-alvo
preferencial e os riscos permite delinear
as estratégias de ação.
Ex.: treinamento específicos, vistorias em
áreas de maior risco, maior
acompanhamento de hospitais com
problemas na estruturação das IH.
Documentação do Plano
• Documentar o plano é importante para
que possa ser avaliado periodicamente
• O plano deve ser compartilhado com a
equipe de trabalho
• O processo é de melhoria contínua,
sendo assim, o plano poderá ser anual
ou bi-anual, mas deve ter uma linha de
continuidade.
Considerações
• Os planos locais devem ter
consonância com os de âmbito mais
amplo, para reduzir divergências e
facilitar a progressão
• O planejamento sistemático não é uma
prática regular na área de saúde, há
poucas experiências a serem
“copiadas”
Não é fácil planejar, mas...
Download

Ações de Vigilância Epidemiológica na Agência de Promoção da