COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR, DA FIRMA E DO MERCADO
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Aula 7
3.3
A OFERTA
A decisão do que produzir é tomada pelas empresas na expectativa de realizar lucros,
isto é, em função dos preços do mercado e das quantidades que esperam vender. Preços
altos sinalizam que as quantidades ofertadas pelas firmas estão em um nível inferior às
quantidades que os consumidores estão dispostos a comprar. Isso leva as empresas a investir
na produção, ou seja, a alocar recursos produtivos para produzir novos bens, ou para
aumentar a produção existente.
3.3.1
A oferta da firma
Dada a tecnologia, as quantidades de um bem X que uma firma individual irá produzir e ofertar
no mercado (qx) dependerá do preço desse bem (Px), do preço dos demais produtos e do
preço dos n insumos necessários para sua produção (P, P,). Por exemplo, a oferta de soja
aumentará à medida que seus preços subirem e se reduzirem os preços dos insumos e dos
produtos concorrentes, como o milho: os agricultores plantarão menos milho e mais soja.
Inversamente, se o preço de todos os produtos concorrentes subir mais do que o da soja, sua
oferta irá reduzir-se.
Do mesmo modo, o barateamento de insumos, como terra, fertilizantes e mão-de-obra
provocará aumento das quantidades ofertadas no mercado, porque eleva a margem de lucro
do agricultor. Do que foi dito, deriva-se a lei da oferta: dados constantes os preços dos
insumos e dos demais produtos, as quantidades ofertadas de um bem X variam diretamente
com seu preço no mercado. Quanto maiores esses preços, tanto mais os produtores desejam
produzir e vender, de sorte que a curva de oferta é positivamente inclinada, como mostra a
parte A da Figura 3.6.
Figura 3.6 Oferta da firma, oferta do mercado, variação da quantidade ofertada e variação da
oferta.
Na parte A da Figura 3.6 está representada a oferta de uma firma típica. A inclinação
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positiva da curva indica que, a preços mais altos, a firma estará disposta a vender maiores
quantidades. Isso se explica não apenas para realizar maiores lucros, mas também porque
preços maiores compensam os custos que se elevam com o aumento da produção. Devido à
lei dos rendimentos decrescentes, um maior volume de produção, com alguns fatores fixos,
acarreta expansão dos custos médios. Assim, o produtor somente elevará a produção de soja
se o mercado concordar em pagar preços maiores, como P2 no lugar de P1. Nesse caso, as
quantidades ofertadas passarão de q1 para q2, sobre a curva de oferta da firma típica ss’ (parte
A da Figura 3.6).
Inversamente, se o preço cair abaixo de P1, a firma ofertará quantidades menores do que q1. O
comportamento da firma é similar ao comportamento do consumidor; porém, as quantidades
ofertadas pela firma variam diretamente com o preço, enquanto as quantidades demandadas
pelo consumidor mudam inversamente. A relação direta entre preços e quantidades ofertadas
está indicada pela inclinação positiva da curva de oferta ss’, enquanto a relação inversa entre
preços e quantidades está representada pela inclinação negativa da curva de demanda do
consumidor.
3.3.2
A oferta do mercado
A oferta do mercado obtém-se de modo similar à derivação da demanda do mercado. O
comportamento da firma individual típica corresponde, em média, ao comportamento do
conjunto das n firmas existentes no mercado. Desse modo, a inclinação da curva de oferta SS,
do mercado terá a mesma inclinação da curva de oferta ss’ da firma individual: os mesmos
preços determinarão as mesmas quantidades ofertadas pela firma típica multiplicadas pelo
número de firmas existentes no mercado.
Por exemplo, quando o preço do bem X for igual a 60, as quantidades ofertadas pela
firma individual serão qx = 0 e as quantidades ofertadas pelo mercado com 1.000 firmas serão
Qx = 10.000 unidades; com Px = 40, qx = 7 e Qx = 7.000; com Px = 24, qx = 4 e Qx = 4.000.
Em suma, o aumento do preço de P1 para P2 eleva as quantidades ofertadas de q1 para q2, no
caso da firma típica, e de Q1 para Q2 no conjunto do mercado. As quantidades ofertadas pelo
mercado corresponderão, portanto, à soma horizontal das quantidades ofertadas pelas n
firmas individuais (Figura 3.6, parte B).
3.3.3
Mudanças da oferta
Os preços dos diferentes insumos determinam uma estrutura de custo para a firma típica,
como para o mercado. Isso é mostrado pela forma e inclinação das curvas de oferta ss’ da
firma típica e SS’ do mercado (Figura 3.6). Como no caso da demanda, mudanças das
quantidades ofertadas não constituem sinônimo de mudanças da curva de oferta. O primeiro
tipo de mudança ocorre ao longo de uma mesma curva, enquanto no segundo a curva de
oferta desloca-se, mudando de posição. Isso se explica porque variações substanciais de
custos induzem a firma a ofertar quantidades diferentes do produto, ao mesmo preço. A curva
desloca-se para a direita, quando os custos caem e, para a esquerda, quando eles aumentam.
A parte C da Figura 3.6 mostra esses deslocamentos da curva de oferta do mercado. Tendo
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em vista que essa curva é derivada da curva da firma típica, os mesmos movimentos da curva
do mercado também se verificam no caso da firma individual. A curva de oferta SS’ da parte C
da Figura 3.6 é a mesma curva de oferta da parte B da mesma figura. Os deslocamentos para
a direita indicam que os custos médios reduziram-se por mudanças tecnológicas que
aumentaram a produtividade dos fatores, ou reduziram seus preços. Por exemplo, sementes
mais produtivas, ou trabalhadores mais bem treinados, aumentam a produção por unidade de
área, assim como por unidade de tempo. Sementes e trabalhadores com a mesma
produtividade reduzem os custos médios se seus preços diminuírem.
Da mesma forma, uma mudança tecnológica importante na produção de soja, como um
novo método de plantio, que reduza a quantidade utilizada de insumo por unidade de produto,
corresponde a um deslocamento da curva de oferta para a direita, como de SS, para S1S1’
(parte C da Figura 3.6). Assim, ao mesmo preço P1, os agricultores estarão dispostos a ofertar
Q1’, sobre a curva de oferta S1S1’. Outros aperfeiçoamentos no cultivo ou reduções do custo
da terra, da mão-de-obra e fertilizantes deslocarão a curva de oferta para S2S2’, implicando
aumento da quantidade ofertada, mesmo que o preço de mercado permaneça igual a P1.
A curva de oferta também se desloca para a direita pela redução de impostos (como a
diminuição dos encargos trabalhistas sobre a mão-de-obra empregada) e por subsídios (como
o pagamento de juros de financiamentos abaixo dos valores de mercado). Aumentos da carga
tributária e das taxas de juro deslocam a oferta para a esquerda e reduzem as quantidades
ofertadas no mercado aos mesmos preços.
A curva de oferta também se desloca para a direita quando aumenta o número de firmas
na indústria (n’ > n): cada firma, ofertando a mesma quantidade q1, gera uma oferta Q1’ > Q1.
Finalmente, com o mesmo número de firmas na indústria e mesma estrutura de custos, a
oferta poderá aumentar se houver, por parte dos empresários, a expectativa de que os preços
irão crescer. Obviamente, a oferta irá deslocar-se para a esquerda com a redução do número
de firmas na indústria e com expectativas desfavoráveis acerca do nível futuro do preço de
equilíbrio do mercado.
3.4
O EQUILÍBRIO DO MERCADO
Até aqui foi visto que as quantidades demandadas no mercado variam inversamente com
os preços (curva de demanda negativamente inclinada) e que as quantidades ofertadas
variam diretamente com os preços (curva de oferta positivamente inclinada). Agora, vai-se
estudar como se dá a interação entre a oferta e a demanda no mercado.
3.4.1
Teoria do equilíbrio parcial
A Tabela 3.2 e a Figura 3.7 mostram as quantidades ofertadas e demandadas de um
bem agrícola, com os preços variando de R$ 10/t a R$ 50/t. Observa-se que, ao preço de R$
10/t, os consumidores estão dispostos a comprar 30 t, mas os vendedores somente oferecem
6 t. Há um excesso de demanda (ou escassez do produto) de 24 t.
Tabela 3.2 Quantidades ofertadas e demandas de um produto agrícola (t anuais).
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Preço
(R$/t)
50
40
30
20
10
Quantidades
ofertadas
30
24
18
12
6
Quantidades
demandadas
6
12
18
24
30
Diferença
24
12
O
-12
-24
Figura 3.7 Equilíbrio entre oferta e demanda.
Quando o preço sobe para R$ 20/t, os consumidores demandam 24 t e as quantidades
ofertadas sobem para 12 te o excesso de demanda se reduz para 12 t. Ao preço de R$ 40/t,
os vendedores desejam ofertar 24 t e os compradores só demandam 12 t: há um excesso de
oferta de 12 t, que sobe para 24 t, quando o preço eleva-se para R$ 5O/t.
Constata-se, finalmente, que ao preço de R$ 30/t as quantidades ofertadas e
demandadas igualam-se no nível de 18 t, sem excesso de demanda ou de oferta. Esse é o
equilíbrio de mercado entre oferta e demanda, denominado equilíbrio parcial marshalliano, por
tratar-se de apenas um produto (em oposição ao chamado equilíbrio geral walrasiano, quando
a análise envolve todos os produtos da economia).
Quando o preço está acima do ponto de equilíbrio (E), o aumento das quantidades
ofertadas, gerando abundância do produto, faz os preços caírem até o nível de equilíbrio.
Inversamente, se o preço estiver abaixo de E, por um motivo qualquer, o excesso de demanda
faz o preço subir ao ponto de equilíbrio, O preço permanecerá nesse nível se nenhuma
variável nova for introduzida, como um imposto, por exemplo.
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