TRADE UP TRADE DOWN Os consumidores já não são o que eram. Já não são dóceis nem, fiáveis e muito menos fiéis. Os consumidores consomem consoante as suas oportunidades e momentos de consumo alternando, ainda que pareça absurdo, os consumos de produtos baratos e os consumos de produtos caros, conforme a situação e a necessidade satisfazer. A ocasião já não faz apenas o ladrão faz também o consumidor. O consumidor é (também e sempre) ele e a sua circunstância. Mas os consumidores também já não confiam só nas promessas das marcas. Exigem a quadratura do círculo e só aceitam produtos simultaneamente baratos e de qualidade. Não aceitam propostas de valor inferior às que conseguem conciliar esses dois opostos. Esse é o paradigma mínimo. Daí a alteração de outro paradigma: o marketing deve ser baseado no desenvolvimento de uma relação de confiança entre as marcas, incluindo naturalmente as marcas dos distribuidores, e o cliente através de uma relação honesta e aberta. Mas os opostos também se atraem. Os consumidores esperam pela introdução de características raras na oferta das marcas. O novo conceito de Massclusivity (exclusividade de massas, o luxo acessível às massas) refere-se à apetência crescente de um público-alvo, também ele em crescimento, por produtos e serviços de luxo, agora mais acessíveis, que os diferenciem dos restantes consumidores. Deste modo se cria uma nova elite de consumidores que valorizam a especialização e as competências, mais do que o prestígio. Mas existem também os consumidores a que poderemos chamar uber premium que querem ir mais além nas experiências de consumo, requisitando as especialidades máximas de cada área de oferta. O mercado de produtos de marcas e de luxo irá inevitavelmente polarizar-se entre o uber premium (trade up) e o massclusivity (trade down). Mas, e aqui discordo, o trade down, nas sua versão low coast, não é tanto uma epidemia mas mais uma pandemia. Não está localizada nem circunscrita a uma região ou a uma categoria de negócios. É transversal e global a todas as realidades económicas. Existe independentemente de contacto ou influência. E, e aqui concordo, uma estratégia de trade down é muito mais difícil e exigente que uma estratégia de trade up. De facto, não está ao alcance de qualquer um!