Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste
ISSN: 1517-3852
[email protected]
Universidade Federal do Ceará
Brasil
de Oliveira, Valéria Conceição; Albano de Azevedo Guimarães, Eliete; Silva Souza, Débora
Aparecida; Ricardo, Renata Aparecida
Situação vacinal e sorológica para hepatite B em profissionais da Estratégia Saúde da Família
Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, vol. 12, 2011, pp. 960-965
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=324027978010
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Artigo Original
SITUAl;:AO VACINAL E SOROLÓGICA PARA HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
VACCINATION AND SEROLOGI['AL STATUS FOR HEPATITISB IN FAMILY HEALTH ['ARE
PROFESSIONALS
SITUACIÓN VACUNAL y SEROLOGICA PARA HEPATITISB EN PROFESIONALES DE LA
ESTRATEGIA SALUD DE LA FAMILIA
Valéria Ccnceícác de Olívefra 1, Eliete Albano de Azevedc Guímaráes-, Débcra Aparecida Silva Souzaé, Renata Aparecida Ricardo"
o presente
estudc busco u descrever a situacáo vacínal e a realízacáo de soro logia em prcñsstcnars de saúde. Este estudo
epidemiológico descrínvo foí realizado cm 15 Equipes de Saúde da Familia do munícípic de Dívinópclis
MGjBrasil, em 2010.
Foram aplicados lOS questícnáríos aos prcflssíonals de saúde. Entre os lOS investigados, S9,4% foram vacínados ccm o esquema
de trés dcses da vacina contra a hepatite B. Detectarnos que Bl% dos trabalhadcres nao realizaram o teste sorológico; 54,7% tém
ccntatc com material perfurcccrtante e 60,4% dos trabalhadcres relataram que nunca realiz aram capacítacóes sobre bicsseguranca.
Istc aponta alta cobertura vacínal contra a hepatite B e baixa adesáo a serología. Neste sentido, a vígiláncia da sttuacáo vacínal e
o monitcramentc da realízacác de serología entre os profissionaís de saúde sao essencíais para garantir a imunidade a doenca.
Descrírorcs: Vacínas contra Hepatite B: 'lestes Sorctógtcos: Pessoal de Saúde.
The maín goal of thís study ís to describe the vaccínatícn status and performance of serclogy in health professíonals. The descríptíve
epídemíologícal study was carrted in 15 Family Health Groups in Dívínópolfs (MG, Brazfl] in 2010. The methodology provided
the applicatícn of 108 questicnnaíres to health protessícnats. Among thc 108 surveyed, 89.4% were vaccínated wíth the threedese regímen of the vaccine against hepatitis B. Moreover; ít was detected that 81 % of the wcrkers díd not undergc serclogical
testíng: 54.7% have contact wíth cuttíng tools, and 60.4% of them had never conducted training on biosafety. The results indícate
high vaccínaticn coverage against hepatitis B and a peor adherence to serology. So, the mcnitcríng of vaccinatíon status and the
acccmplishment of serclogícal monitoring among health prcfessícnals is essential te cnsurc immunity te me disease.
Descrípturs: Hepatitis B Vaccínes: Serologíc Tests; Health Personnel.
El estudio pretendió describir la situación vacunal y la realización de serología en profesionales de salud. Estudio epidemiológico,
descriptivo, realizado en lS Equipos de Salud de la Familia, d Divinópclis- MGjBrasil, en 2010. Fueron aplicados 108 encuestas
a los profesionales de salud. Entre los 108, 89,4.1:*, fueron vacunados con el esquema de tres dosis de la vacuna contra hepatitis B;
81 % no realizaron el test serológtco: 54,7% tenían contacto con material corto-punzante y 60,4% de los trabajadores relataron que
no hicieron capacitaciones sobre biosegurtdad. Esto apunta la alta cobertura de vacunas contra la hepatitis B y la baja adhesión
a la serología. AsÍ, la vigilancia del estado de vacunación y de la realización de la serología entre los profesionales de salud son
esenciales, para asegurar la inmunidad a la enfermedad.
Descriptores: Vacunas contra Hepatitis B; Pruebas Serológtcas: Personal de Salud.
1
3
4
Prcfessora Assístente do Curso de Enferrnagem da UFSI- Doutoranda pela EERP JUSP. Coordenadora do prcjetc PIlCjFAPEMIGjUFSI, Brasil.
Email: valertaolíveiraesufsj.edu.br
Prcfessora Assístente do Curso de Enfermagem da UFSI. Dcutoranda pela FIOCRUZ.Brasil. Email: elíetealbanorahctmaíl.com
Bolsista do prcjetc PIICjFAPEMIGjUFSI. Brasil. Ema¡l: deboraassteyahoo.ccm.br
Académica do 5º Período do Curso de Enfermagem da UFSr - Voluntaria do projeto PlICíEi\PEMlGíUFSf. Brasil. Email: natyrtcardoéstg.com.br
Autor Correspondente: Débcra Aparecida Silva Souza
Rua Geraldc Serrano, 1605, apto. 201. Hairro Sao José. CEP: :3 5500-000. Dívtnópolis-Mtl, Brasil. Email: debcraassesyahoo.com.br
960
Rey Rene, Fortaleza, 2011; 12(n. esp.):960-5.
Oliveira ve, Guímarñes EAA, Soma DAS, Ricardo HA
INTRODU~ÁO
A comprovacao sorológica dos profissionais
é
es-
sencial para a prevencáo da transmissáo ocupacional da
As hepatites virais sao doencas provocadas por di-
hepatite B, pois 5 a 10% dos adultos vacinados nao de-
ferentes agentes etiológicos, que apresentam caracterís-
senvolvem adequada resposta imunológica a vacína, per-
ticas epidemiológicas, clínicas e Iaboratoriais distintas.
manecendo susce ptíveis a íufeccáo pelo VHB(l).
Tém grande importáncia para a salute pública pelo núme-
Nessa línha de racíocímo, verificar a sorologia, de-
ro de individuos atingidos e pela possibilidade de compli-
pois de completado o esquema vacínal, faz-se necessário,
cacees das formas agudas e crónicas. Sua distrtbuicáo
o que permitirá a rápida e cerreta avaliacáo da conduta
é
universal, senda que a magnitude varia de regían para regíáo. de acordo com os diferentes agentes etíológicosí"!
aponta que, o teste sorológico determina o anti-HBs após
Entre elas, a infeccáo pelo virus da hepatite B (VHB)
a ínfeccáo ou vacínacáo pelo Vírus da Hepatite B, e é o
adquire maíor importáncia porque aproximadamente
único meio para morutorar o éxito da vacinacáo contra
a ser tomada na profilaxia pós-exposícáoü", A literatura
80% dos cánceres hepáticos prunários estño associados a
essa doenca, Parém, embora recomendado, este exame
infeccáo pelo vírus(2J. Estima-se que 15% da populacao já
. de VIrus
'
[lJ .
estiveram cm cantata com o este tipo
nao está disponível grat.uitament.e na rede de saúde pública para os proñssíonaístvl.
Considera-se que profissionais de saúde, especlal-
Neste sentido, o presente estudo tern como obje-
mente médicos, enfermeiros, cirurgíóes dentistas, estáo
tivos verificar a sítuacao vacinal contra hepatite B e a re-
sob risco significativo de contrair ou transmitir doenca
alizacáo de sorologia para anti-HBS em profissionais da
pela natureza de seu trabalho, caracteriza pela longa per-
Estrategia Saúde da Família (ESF), cm Drvinópolis, MG.
manéncia nos servicos de saúde, contato com pacientes
portadores de várías doencas, manuseío de materiais
METODOLOGIA
biológicos de risco assím como de diversos materiais
perfurocortantest-l.Tambérn podem constituir um risco
Estudo epidemiológico descritivo realizado em um
para seus pacientes. visto que podem ser fonte de doen-
municipio da Regiáo Centro Oeste do Estado de Minas Ge-
cas contagiosas, ccntribuíndo para agravar sua condícño
clínical"!
raís, contou com 15 Equipes de Saúde da Familia -
ESF
distribuidos em dozc setores sanitários, no ano de 2010.
Neste sentido, a Hepatíte B é urna doenca poten-
A populacáo estudada compreendeu médicos, en-
cialmente contagiosa maís passível de prevencao através
fermeiros. auxiliares e técnicos de enfermagem, dentis-
de imunizacáo, em que o indivíduo pode adquirir imuní-
tas, técnicos de higiene dental, auxiliares de consultório
dade através de forma atíva, estimulando-se seu sistema
dentário e agentes comunitários de saúde das 15 ESF,
de defesa, através das vacinas(5J.
totalizando 175 trabalhadores, Os critérios de exclusáo
A imunizacño através de trés doses da vacína con-
forarn os trabalhadores que nao quiseram participar da
tra a Hcpatitc B a medida de prevcncáo da doenca, Está
pesquisa (n= 20), os que nao estavam presentes no mo-
é
dispcnível comercialmente desde 1982, tendo sido reco-
mento da coleta de dados (n=17), e aqueles que nao es-
mendada desde entáo aos profissionaís de saúde. A efícá-
tao sob risco de contágio da doenca, como motoristas e
cía da vacina é de 90% nos adultos e 95% nas enancas e
prcfissionais da Iimpeza (n=30). Desta forma, foram se-
adolescentes, porém exístem pessoas que sao hiporres-
lecionados para este estudo, 108 (61,7%) trabalhadores
pondedoras, o que torna necessário conhecer o status so-
que estavam no local de trabalho e aceitaram partícipar
rológico para que se possa adatar medidas profilátícasf-l.
da pesquisa.
além de conferir ao profíssíonal a scguranca de nao estar
ern risco(6).
O instrumento de coleta de dados foí um questionário serni-estruturado contendo variáveis socioderno-
Neste cenário, é imperativo a conscícntízacáo so-
gráficas e epidemiológicas. O instrumento foi aplicado
bre a imunízacáo, pois ela assegura ao trabalhador da
por trés pesquisadoras treinadas previaInente, no perí-
área de saúde a protes:ao contra doens:as imunoprevení-
odo de trés meses. Todos os participantes assinaram o
veis, bem como a redus:ao do número de indivíduos sus-
Termo de Consentimento Uvre e Esclarecido.
cetíveis, diminuindo o risco de transmissao de doens:as
dos proflssionais aos paclentes e vice-versaL7J.
Os dados foram processados no prograIlla EPIDATA
3.1 c analisados no EPI-INFO 6.0. A seguÍ!; rcalizou-sc a
Rev Rene; Fortaleza, 2011; 12 (n. esp.) :960-5.
961
Ohveíra VC,Guímaráes EAA,Souza DAS,Ricardo RA
distribuícáo de frequéncías e/ou medidas de tendencia
central e de dispersáo das variáveis: sexo, idade, grau de
escolaridade, situacáo conjuga], categoría profissional.
tempo de profissáo, tempo de trabalho na ESEcontato com
material perfurocortante, tabagismo, obcsídade. situacáo
vacinal contra a hepatíte B dos trabalhadores e sorologia.
Este estudo foi aprovado pelo Comité de Ética e
Pesquisa da Fundacáo Educacional de Divinópalisj FUNEo!, número de registro 86j2009.
[Contínuacác]
Outrcs
Escolar-idade
Ensino fundamental completo
Ensino fundamental incompleto
Ensino méd¡o completo
Ensino médtc Incompleto
Superior
Superior incompleto
Especíaltzacác
Mestrado/doutoradc
10
9,3
0,9
41,7
9,3
13,0
19,4
15)7
45
10
14
21
17
Tabela 2 - Características dos trabalhadores das Equipes
de Saúde da Família segundo a categoría profissional, ternpo de profissáo e tempo de trabalho na Saúde da Familia,
RESULTADOS
Cidade Centro Oeste de Minas Cerais, MG, Brasil, 2010
A maíoria dos trabalhadores das ESFs do sexo feé
minino (81,5%) e mais da metade tem entre 20 e 40 anos
(61,6%] e sao casados (54,6%].
Em relacáo as categorías profissionais analisadas, os agentes comunitários representaram a maíor categoria (40,2%), seguidos dos técnicos e/o u auxiliares
de enfermagem (15,0%), enfermen-os (14%), médicos
(11,2%), dentistas (9,3%), auxiliares de consultorio dentário (9,3%) e técnicos de higiene bucal (0,9%).
Em relacáo ao tempo de profissao, os resultados
apontaram que 1,9% tinham menos de um ano, 4,7%
tinha entre um e cinco anos, 11,2°¡(j de seis a dez anos,
17,8% mais de dez anos de prcfissáo. Para a análise desta
12
Enfenneiro
Técnico/auxiliar de enfermagem
Dentista
Auxiliar de consultóríc dentárío
Técnico de higiene Dental
Agente Comunítáríc de Saúde
lempo de proñssño (anos)
Menos de um
1a 5
6 a 10
Maícr de 10
Nao se aplica
lempo de trabalhc na ESF
Menos de um
1a 5
6 a 10
Maíor de 10
variável foram incluídos apenas os profissionais médicos,
enferrneiros e dentistas.
Entre o total dos trabalhadores verifícou-se que
44,9%) possuem menos de cinco anos de trabalho na ESE
24,3% entre seis e dez anos, 24,3% mais de dez anos e
6,5% exercern suas atividades há menos de um ano.
As tabelas le 2 descrevem as características dos
Quanto
a partícípacáo ern cursos de
11,2
14,0
15,0
9,3
9,3
0,9
40,2
15
16
10
10
1
43
2
5
12
1,8
4.7
11,2
17,8
64,5
19
69
6,5
44,9
24,3
243
7
48
26
26
biosseguran-
ca, de releváncia para os profissionais da saúde, foí apontado que mais da metade dos entrevistados (60,4%)) nao
participaram de capacitacáo.
Na verificacáo da sítuacáo vacinal contra a hepatite B foi registrado um percentual de 93,2% participan-
trabalhadores das ESE
tes imunizados com tres doses da hepatite B, 3,8% nao
sabiam informar seu status vacinal, 1,0% havía tomado
Tabela 1 - Características sociodemográficas dos traba-
ses da vacina (Tabela 3].
apenas a prnneira dose da vacína e 1,9% apenas duas dolhadores das Equipes de Saúde da Familia, Cidade Centro
Oeste de Minas Cerais, MG, Brasil, 2010
Tabela 3 - Esquema vacinal completo de hepatite b entre os profíssionaís das ESF, de um município da Rcgíáo
vartáveís
Sexo
Masculino
Feminino
Idade (anos)
Menor de 20
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 anos ou maís
Sltuacñc conjugal
Solteírc
Casado
Viúvo
962
Rev Rene, Fortaleza, 2011; 12(n. esp.):960-5.
%
20
88
lB,5
81,5
Centro Oeste de Minas Cerais. MG, Brasil, 2010
Indicadores
f
%1
Esquema contra hepatite b [dcses aplicadas)
1 dos e
33
33
30,8
30,8
29
'7 ,
<-J,i.
12
11,2
1,0
Duas clases
2
1,9
Tres dcses
93
93,3
4
3;8
Nao scube informar
Realízacáo de sorologta epós esquema completo
38
59
1
35,2
54,6
0,9
Sim
20
19;0
Nao
85
81,0
Oliveira ve, Guímarñes EAA¡ Souza DAS) Ricardo HA
Considerando a importancia da realizacáo da so-
riaís biológicos, a maioria dos trabalhadores 68,76% to-
rologia após a adnunistracáo da terceíra dose da vacina,
mou apenas uma dese da vacina contra hepatite B e ape-
foi perguntado aos proñssionais de saúde se eles havíam
nas :1.4,58% encontrava-se em situacáo vacinal regular. A
realizado o exame sorológico. Observou-se que 81 % de-
fraca e incompleta cobertura vacinal deixa os profissío-
les nao fizerarn o teste sorológico.
naís igualmente desprotegidosl-".
As principais razoes alegadas para a 113.0 vacinacáo
D1SCUSSAO
ou vacinacáo incompleta em estudo realizado corn cirurgióes dentistas foram a necessídade de maíores informacóes,
A literatura indica que os profissionais da área de
saúde estáo sob risco constante de exposicáo a várias
a falta de oportunidade, desinteresse, esquecimento e negli-
doencas contagiosas, multas delas irnunopreveniveis, A
por motivo de gravidez. Alegararn também náo achar neces-
protecáo desses prcfissionais através da vacinacáo é par-
sária a vacinacáo dos dentistas (
te importante no controle e prevencao de infeccoes para
eles mesmos e para seus pacientes(9-12).
nacional de Imunízacáo reforca a indícacáo da vacína contra
Apesar de 93,2% dos trabalhadores apresentarcm
esquema vacinal completo contra a Hepatite B, observa-
gencia, falta de tempo, medo, e contra - indicacáo médica
4 ).
Atualmente o programa
hepatite B para as gestantes seudo a administracáo da mesma indicada após o primeiro trimestre de gesta~<1o(5).
Neste estudo questionamos sobre o motivo da nao
-se que alguns profissionais apresentam esquema vacinal
realizacáo do esquema vacinal completo. Os trabalhado-
incompleto ou ausencia de histórico vacinal.
Em pesquisa realizada no Píauí, com profíssionais
res relataram motivos corno: esquecimento, adepto da
de um curso de especialízacáo ern saúde da família, ob-
mar as tres doses,
homeopatia, desconhecimento da importancia de se to-
servo u-se que o risco de contraír infeccóes por doencas
A nao reahzacáo do esquema completo é um fato
imunopreveniveís é significativo, em face da incompletu-
que ocorre frequentemente na vacínacao contra hepatite
de dos seus esquemas de vacinacáo. Foi encontrado um
B, seja por esquecimento (urna vez que o esquema é O,
percentual de 18,7°¡(J de profisstonaís nao vacínados contra a hepatite S(9J,
confere imunidadef 'v'.
Um estudo, qualitativo, em que se procurou anali-
30 e 180 días), seja pela ideia de que urna única dose já
É imperativo conhecer o aprazamcnto da vacina e
sal' os acidentes com matertais biológicos de acordo com
a importancia da completude do esquema vacinal para
a percepcáo do profissional acidentado, mostrou que dos
que o indivíduo nao incorra no esquecímento a ponto de
382 profíssionaís de saúde que participaram da primeira
descuidar de sua própna protecáo, considerando o longo
etapa da pesquisa, 237 (62%) já havíam sofrido acidentes
intervalo entre a segunda e terceira dose
(6).
envolvendo material biológico humano. Resultado este que
O profissional de saúde atua ern urna profíssáo de
evidencia um alto índice de acidentes que poderiam ser
grande risco a acidentes com material perfurocortante,
evitados através de urna educacáo continuada, uso correto
Esses riscos nao sao imediatos, este profissional estará
de EPIS e atencáo com as vacínas, preservando-os contra
sujeito a um dano que pode ser percebido meses ou anos
após a exposícáo ao risco, como a hepatite B(8.1.
doencas infecciosas diversas, inclusive a hepatíte BU3.1.
Os acidentes com material biológico entre profis-
De urna maneira geral, os individuos pesquisados
sionais é fato real o que se justifica o deseuvolvimento
apontaram que desconhecem sobre a serología da hepa-
de atividades educativas que oferecam aos trabalhadores
tite B, a maioria dos profissionais, 81,0%, nao realízaram
condicóes de atribuírern significados sobre a importáncia
o teste sorológico. Esta mesma situacáo Ioi observada em
da profilaxia contra o HVR Durante suas atividades, os
estudo realizado no municipio de Belo Horizonte, Minas
trabalhadores de salute, conhecem os riscos de forma ge-
Cerais, em urna unidade de urgencia e emergencia de um
nérica e esse conhecimento nern sernpre se transforma,
hospital público. O autor observou que a maioria dos pro-
necessanamente. numa a~ao segura de
de aci-
fissionais (54%'), t.ambém nfio haviam realizado a soro 10-
ocupacionais, apontando para a neces-
gia e o desconhecimento sobre o teste sorológico fazia-se
dentes e
doen~as
preven~ao
sidade de uma a~<1o que venha modificar essa situa~<10(5).
presente entre os profissionais[17J.
Em urna pesquisa realizada no hospital de Angula
Outro estudo realizado com profissionais enfer-
para caracterizar os acidentes ocupacionais com mate-
meiros com o objetivo de identificar a resposta imunoló-
Rev Rene, ForteJe,", 2011; 12(n, e'p-1")60-5,
963
Ohveíra ve; Guímaráes EAA, Souza DAS, Ricardo RA
gica para Hepatite B no Río de [aneíro foi detectado que
trabalhadores da área da saúde bern como a verificacáo
a maíoria (86,4%') da equipe de enfermagern náo havia
da cobertura vacinal relativa as diversas vacínas reco-
realizado o teste sorológico anti-Hlls e alegava o deseonhecimento da importáncia da rcalízacáo do mcsmol'".
mendadas aos profissionais de saúde.
Há váríos estudos que derncnstram resisténcia
dos profissionaís da saúde quanto a vacínacao, além do
REFERENCIAS
baixo percentual destes trabalhadores na realízacáo do
L
Ministério da Saúde (B R). Guia de vigiláncia epi-
teste sorológico contra o HVB, embora a imunízacáo seja
demiológica. 7ª ed. Brasília: Ministério da Saúde:
recomendada pelo Mimstério da Saúde e distribuida
gratuitamente(2,8-9, 17-19).
2009,
2,
Vespa GNR, Martins NC Hepatite R In: Farhat CK,
A híosseguranca é urna área de conhecimento
Carvalho ES, VVeckx LY, Carvalho LHF, Succi RCM,
relativamente nova, que impóe desafíos nao semente a
equipe de saúde, mas tambérn a empresas que ínvestem
em pesquisa(20). Desta forma, a capacitacáo em cursos
lmunizacóes: fundamentos e prática. Sao Paulo:
Atheneu; 2000, p. 125-35,
3.
Nhamba LA Acídentes ocupacicnais com material
de biosseguranca é essencial como medida de educacáo
biológico entre profissionaís de enfermagem cm
em saúde na prevencáo da hepatite B. Grande parte dos
um hospital de Angola [dissertacáo]. Ribeiráo Preto
(SP): Escola de Enfermagem da USP; 2004,
entrevistados relatou nunca ter participado de cursos de
capacitacáo de biosseguranca, Frente a isso, é fundamen-
4.
Moreira MCB, Lima GZ. Evolucáo dos conhecimentos
tal e de rcsponsabilidade dos gestores das ínstituícóes de
sobre docncas ímunopreveníveis de alunos no curso
saúde realizar capacítacóes profiláncas frequentes acer-
de Medicina da Universidade Estadual de Londrina,
ca das medidas de seguranca e nas escolas de graduacáo,
sugere-se incluir conteúdos de biosseguranca nas grades
Semina: Ciéne Biol Saúde, 2007; 28(1):15-22,
S.
Soriano Ep, Carvalho MVD, Carneíro GR, Guímaráes
curriculares dos cursos de enfermagem, medicina, odon-
1,1" Santos FR Hepatite B: avaliacáo de atitudes profí-
tologia, nutrícáo, farmacia, dentre outros.
láticas frente ao risco de contamínacáo ocupacional.
As capacitacóes assegurarn o uso de técnicas de
protccáo individual que sao necessárias para garantir a
Odontol Clin Cientif 2008; 7(3): 227-34,
6,
Souza ACS, Alves SB, Santos SLV, Tipple AFV, Neves
HCC, Barrero RASS. Adesáo á vacina contra hepatite
seguranca e a integridade destas pessoas no campo de
trabalho,
B entre recé m-formados da área de saúde do munícipia de Goiánia. Cíénc Cuid Saúde, 2008; 7(3):363-9,
CONCLUSAO
7,
Pinto ACS, Almeida MI, Pinheiro PNC Análise da
susceptibilidade as doencas ímunopreveníveis cm
o estudo
profissionais de saúde a partir do status vacinal. Rev
apontou alta cobertura vacinal contra
a hcpatite b e baíxa adesáo a sorologia, Ncste sentido a
vigiláncia da situacáo vacínal e o monitoramento da reaIízacáo de sorologia entre os profisstonais de saúde es-
Rene, 2011; 12(1):104-10,
8.
sencial, poís só assim é garantida a imunidade a doenca,
o desconhecimento da importáncia da serología
pós vacínacáo parece ser um dos príncipaís fatores Iimi-
Pinheiro J, Zeitoune RCG. O proñssioual de enfermagern e a realizacáo do teste sorológico para hepatite
é
R Rev Enferm UERJ, 2009; 17(1):30-4,
9,
Araújo TME, Paz EPA, Griep RH, Cobertura vacinal
dos profissionais de um curso de especialízacáo cm
t.antes para a falta de realizacáo do exame entre os pro-
Saúde da Familia do Piauí, Ese Auna Nery Rev En-
físsiouais de saúde. Assim
fcrm, 2006; 10(1):95-100,
é
imperativo o investimento
ern acóes educativas que incentive a vacinacáo completa
contra a hepatíte B seguida do teste pós vacínacáo.
Contudo, o sucesso dessas at.ividades depende do
lO, Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atencáo
a
Saúde, Exposícao a materíaís biológicos. Brasilia: Ministério da Saúde; 2006,
comprometimento dos gestores e dos profissionais, o que
11. Medeiros EAS, Marino CCG, Vacina,aa em profissia-
implica na corresponsabiliza~<1oda saúde do trabalhador:.
nai, de saúde, In: Farhat CK, Carvalho ES, VVeckx LV,
Também é import.ante a
realiza~ao
de estudos
para conhecer o perfil sorológico para a hepatite B dos
964
Rev Rene, Fortaleza, 2011; 12(n. esp.):960-5.
Carvalho LHF, Succi RCM, l11lUniza,6es: fundamentos
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tra a hepatite B por vía intramuscular e intradérmica
and immunization agaínst hepatitis B among stu-
cm profissionais de um laboratórío de saúde pública.
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para Hepatíte B entre trabalhadores de uma unidade
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