Evento reuniu mais
de 100 inspetores
técnicos
de todo o Brasil,
em Avaré, SP,
em novembro
Sucesso!
Páginas 7 a 11
Encontro de Inspetores Técnicos
Ovinos
naturalmente
coloridos
Um antigo
jovem técnico
Curiosidade ou não, estes
animais podem ser um
excelente nicho de mercado
Aos 84 anos, Dirceu Veira
tem a mesma desenvoltura no
trabalho de mangueira e na
malhação da academia
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Dez./07
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Aumentar o rebanho
rumo à autosuficiência
O ARCO JORNAL
é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE
CRIADORES DE OVINOS – ARCO
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2° Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares
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A
ovinocultura brasileira
passa por um momento
que pode ser considerado, no
mínimo, anacrônico. Apesar
de possuirmos um rebanho de
mais de 20 milhões de cabeças
– volume que até é pequeno
para as nossas potencialidades - estamos sendo um bom
cliente de outros países, na medida em que somos
importadores de carne (mais de 50% do consumo
interno), pele, lã e derivados, justamente para suprir
nossas necessidades.
Por diversas ocasiões, através de ações isoladas,
já demonstramos capacidade para alterar esta situação, via programas de produção de ovinos. Mas, na
maioria das vezes estes projetos se findam no meio do
caminho, salvo raras exceções.
Precisamos e podemos alterar este cenário. Temos
que trabalhar para sermos donos de nosso próprio
mercado (abastecê-lo com folga) e atingirmos o estágio de exportadores destes produtos, assim como
os segmentos do frango, do suíno e o do boi já conseguiram fazer. Pois o primeiro passo na busca dessa
meta é o aumento do rebanho, com a implantação e
execução de programas de incentivo à ovinocultura,
a partir da organização de toda a cadeia produtiva e
com um intenso trabalho de melhoramento genético
de todo o nosso rebanho. Um melhoramento que deve
atingir todos os níveis, desde os animais PO até os
que não possuam registro. E isto se faz urgente!
Desde sua criação, a ARCO tem se pautado por
trabalhar na assistência técnica e, de certa forma, na
extensão rural do setor, buscando auxiliar os produtores no trabalho de seleção genética e aprimoramento
do rebanho. Com o seu fortalecimento como uma entidade que é sinônimo de um moderno e eficiente “cartório de registros”, agora cada vez mais com o foco
Editorial
voltado ao nível nacional, ganhamos mais responsabilidade de direcionar a ovinocultura para a posição
de destaque que ela sempre mereceu ter no Brasil.
E começamos este caminho fazendo o tema de
casa. Buscamos estruturar a parte administrativa,
treinando todo o pessoal operacional para a melhoria
no atendimento às necessidades do nosso associado.
Já há algum tempo estamos trabalhando no aperfeiçoamento de nosso Banco de Dados e de toda a parte
de informática, para permitir que tanto os Inspetores
Técnicos, quanto o associado, façam suas comunicações de forma fácil e ágil e de qualquer parte do País.
Na área de “políticas externas” estamos buscando apoiar a fundação de associações estaduais de
criadores, capazes de interferir positivamente na
organização da atividade em nível regional. Com
isto também fortalecemos ainda mais a presença da
ARCO como entidade nacional da ovinocultura. E,
para assinalarmos cada vez mais este aspecto, estamos atuando de forma incisiva, nas várias Câmaras
Setoriais da Ovinocultura, tanto as estaduais quanto
a nacional.
Por fim - e não menos importante - realizamos o I
Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da nossa
entidade, evento que, pela primeira vez, reuniu profissionais de todo o Brasil. Com todas essas ações
e planos reafirmamos que estamos nos empenhando
para que a ARCO seja, cada vez mais, a entidade que
trabalha pela ovinocultura em todos os âmbitos, desde o campo até as questões políticas e de regulação
da atividade. Estamos buscando elevar o agronegócio
de ovinos a uma condição de relevância econômica e
política, semelhante a que a bovinocultura de corte,
por exemplo, alcança na atualidade. E isto, com o
comprometimento de todos, conseguiremos, com certeza. Boa leitura!
Paulo Schwab
Presidente da ARCO
Dez./07
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A
fundação de
mais duas associações estaduais de criadores de
ovinos, completando o quadro de 24
entidades representativas do setor em
todo o País é um
marco importante
para a Associação
Brasileira de Criadores de Ovinos, a
ARCO. Isto porque
fortalece a posição
da entidade como
a representante nacional do segmento,
não só administrativo como também político e
organizacional. Acrescenta-se a
este fato a instalação de várias
câmaras setoriais pelo país e,
principalmente a que se instalou
na Câmara dos Deputados, em
Brasília. Com estes dois destaques o presidente da Arco, Paulo Schwab, avalia que o ano de
2007 encerra bastante positivo.
Consolidando a
posição da ARCO
ARCO quer dobrar rebanho em cinco anos
“A ovinocultura está caminhando para a maturidade
enquanto cadeia produtiva, recuperando terreno que perdeu,
quando a base de sua produção
era a lã”, assinala Schwab. Ele
diz que o rebanho hoje, segundo
o IBGE é de 20 milhões de cabeças, número bastante tímido, se
comparado com o rebanho bovino de carne. Porém, conforme
o dirigente, o retorno do investimento no setor, principalmente
por conta da produção de ovinos carne, projeta um cenário
para os próximos anos, bastante
favorável. “Queremos dobrar o
tamanho do rebanho em cinco
anos, meta perfeitamente possível”,
acredita Schwab.
O planejamento
para alcançar este
objetivo já está formatado. O presidente da ARCO diz que
a associação está se
estruturando internamente para melhorar
o atendimento. Mas
também, na parte
zootécnica, buscou
fazer convênios com
instituições de pesquisas a fim de fazer levantamento do
que eles já possuem
de informações sobre o setor, e
como repassá-las para o campo.
“Precisamos começar o processo de transferência desta tecnologia, deste volume de conhecimento e saber o que já existe em
todas as instituições. Com isto
em mãos, pretendemos montar
um sistema de repasse destes
conhecimentos para o produ-
Balanço
tor”, afirma. Ele acrescenta dizendo que isto é importante porque está na hora de aumentar a
produtividade e isto se faz com
tecnologia.
Schwab destaca também que
a ARCO pretende incentivar,
através do programa de certificação da carne ovina, a expansão do rebanho comercial. Para
ele o Brasil já está bem amparado no que se refere ao trabalho
de seleção genética, mas está
necessitando ampliar a base da
produção ovina, “até para ter
para onde introduzir toda o ganho genético que as cabanhas
obtém em seu trabalho”, assinala.
Para finalizar ele diz que o
grande momento do ano foi a
realização do Iº Encontro Nacional de Inspetores Técnicos,
que reuniu 95% dos avaliadores
da entidade, para uma grande
reciclagem. “Saímos renovados
como técnicos e fortalecidos
como entidade”, assinala o presidente.
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4
Um antigo jovem técnico
Perfil
A
ndou por entre seus colegas e prestou atenção às
palestras e às demonstrações
de campo que aconteceram
no Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da ARCO,
como um novato. Queria saber
de tudo e foi bastante participativo. Lenço no pescoço e o
boné Kangol são sua marca
pessoal, quando vai a campo.
E como ressalta, não renega
ao trabalho. O jeito jovial de
conversar, contar estórias traz
à tona a simpatia deste agrônomo, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em 1955, graduação feita
à base de muita luta e esforço.
“Eu trabalhava no campo, com
meus irmãos, fazia de tudo. E
sendo a nossa fazenda longe
da cidade, meu pai trazia professores para dar aula para nós
e os vizinhos”, lembra.
Mas em geral, o ensino não
ia muito pra frente. Só que ele
queria avançar, queria ter um
diploma universitário. Certa
feita, o doutor da família perguntou quem gostaria de continuar estudando. Ele apontou
o dedo. Sem o apoio do pai,
veio estudar em Porto Alegre,
no Colégio Rosário. E por seu
esforço próprio, Dirceu Severo Vieira, ou o Seu Dirceu,
conquistou o seu sonho. Logo
em seguida estava trabalhando
na Superintendência do Ministério da Agricultura, mais
exatamente em Faxinal do
Soturno, município da região
central do Estado. “Só tinha
um posto por lá. Eu fazia tudo.
Aos poucos consegui recursos
para construir uma casa
e criar a infra-estrutura
necessária para exercer a
fiscalização local”, lembra.
Tempos depois recebeu uma proposta e
resolveu aceitá-la. Foi
trabalhar na Secretaria
da Agricultura do RS,
no município de Tupanciretã, também na região
central do estado. “Por
lá eu também fiz muitas coisas, mas acima de
tudo, incentivei bastante
o desenvolvimento da
ovinocultura”, relata com
os olhos brilhando. Ele
diz que na época, basicamente se criavam ovelhas para a produção de
lã; Ideal, Merino, Romney Marsh e Corriedale.
“Muitos anos depois é
que vieram as ovelhas
tipo carne”, acrescenta.
Aos 84 anos, é incansável no
trabalho de mangueira. Pode
passar o dia todo revisando
rebanhos. Vai à academia três
vezes por semana, para manter
o corpo saudável. Para se modernizar, comprou um computador e contratou uma pessoa
para ensiná-lo a lidar com “o
bicho”. No princípio foi um
encanto. Mas quando percebeu que passava muitas horas
na frente da “máquina”, largou
de mão. “Ficava muito para-
Dirceu Severo Vieira, 84 anos
de conhecimento e vitalidade
do”, comentou. Hoje utiliza o
equipamento para suas atividades com a ARCO e também
para falar com os filhos, que
estão longe. “Esta tecnologia
de usar o computador para se
comunicar com outras pessoas, como se fosse telefone, é
uma maravilha”, salienta seu
Dirceu.
Quando vai fazer as visitas técnicas ele mesmo dirige
seu carro. Mesmo que a família proteste. Não dá ouvidos.
“Logo que iniciei como técnico da ARCO, em
1969, viajava muito.
Tinha que atender
a uma região bem
grande. Saía de Santa
Maria até Viamão e
depois subia prá região serrana do Rio
Grande do Sul e Santa
Catarina. “Enfrentei
atoleiros e estradas
ruins, mas fui conquistando amigos e
conhecimento”, relata. Uma das cabanhas
mais antigas na qual
ele trabalha é a Cerro
Coroado, dos Garcia
de Garcia. Ele conta
sorrindo que conhece o Teófilo, um dos
vice-presidentes da
Arco, desde menino.
Na sua trajetória
viu as raças especializadas em produção
de carne chegar aos campos
gaúchos. Deste tempo ele lembra que alertou aos criadores
que para iniciarem este tipo
de criação seria necessário
aprimorar a alimentação, melhorar as pastagens. “Não se
pode criar ovino carne sem ter
boas leguminosas no campo”,
ressalta. Hoje ele observa que
o padrão da ponta do rebanho
destas raças está em bom nível
zootécnico. “Nós já tivemos
importantes evoluções nos rebanhos, e temos espaço para
evoluirmos mais ainda”, acredita. Mesmo assim ele diz que
infelizmente, isto ainda está
restrito a 15% do total de criadores. O restante se atrasou e
isso prejudica todo a criação,
critica.
Para seu Dirceu há também
entre os criadores uma forte
tendência de formarem cabanhas e se esquecem de incentivar ou desenvolver rebanhos
de cria. “É preciso criar e fazer
funcionar todo o sistema da
cadeia. Igual ao que a bovinocultura tem, ou seja, o invernador, o criador de cordeiro, uma
organização que vai favorecer
a produção mais sistemática
da carne ovina”, aponta o técnico.
Outra recomendação que
ele dá é que tudo precisa ser
planificado. Tudo tem que ter
um porque, para não haver investimento desnecessário ou
resultados ruins que levem à
frustração. “A atividade rural
não pode ser considerada um
hobby. É uma empresa como
as outras e precisa de resultados bem satisfatórios. Para
tanto, precisa de planejamento
e metas, e isto, o produtor precisa aprender a fazer e a aplicar no seu negócio”, finaliza.
História
No dia 15 de março de 1942, a Folha da Tarde registra em foto e
ampla reportagem um acontecimento histórico: a primeira ovelha
é tatuada no Brasil. Marco inicial de uma nova era na pecuária
ovina do Rio Grande foi o título da matéria.
Grande Expectativa dos ruralistas gaúchos em torno dos
trabalhos de seleção ovina, determinado pela Comissão de
Melhoramento Ovino da Secretaria da Agricultura.
Mesa que presidiu os trabalhos de fundação da Associação Rio-Grandense de Criadores
de Ovinos, em Santana do Livramento, em janeiro de 1942. 1) Geraldo Velloso Nunes Vieira,
2) Oswaldo Freitas Só, 3) Carlos Serafim de Castro, 4) Paulo Martins, 5) Nadir Bofill, 6)
Nelson Sarmento, 7) Telmo Bastos, 8) João Farinha, 9) Cláudio Osório Pereira, 10) Pedro
Duval e 11) Barbat Rivero – uruguaio.
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Economia
“E
Agronegócio brasileiro é capaz de
promover mudança geopolítica mundial
stabelecer parcerias e
buscar apoios que se
traduzam em recursos materiais e financeiros e trabalhar
em prol da efetiva união das
diversas cadeias produtivas
são as principais e urgentes
condutas a serem adotadas
pelo setor primário nacional.
Assim o Brasil terá as condições necessárias para atingir
todo o seu potencial produtivo,
que pode ser forte o suficiente
para promover uma mudança geopolítica mundial”. Estas foram as recomendações
do agrônomo e ex-ministro
da Agricultura, Roberto Rodrigues, em recente palestra
proferida em Campo Grande,
no Mato Grosso do Sul, MS.
O ex-ministro começou seu
pronunciamento
afirmando
que, dos dez maiores problemas a serem enfrentados pela
humanidade nas próximas
décadas, cinco se encontram
na agricultura, sua principal possibilidade de solução. São eles: energia, água,
alimentos, meio-ambiente e
pobreza. Esta afirmação foi
balizada na apresentação de
dados de um estudo realizado
pelo Ministério da Agricultura, que demonstrou a evolução da produção brasileira
de grãos na última década.
“O Brasil teve um aumento de
127% no volume de sua produção, enquanto o aumento da
área cultivada foi de 21,8%”,
citou Rodrigues.
O desempenho do Brasil nas exportações foi outro
aspecto detalhado por ele.
“De 1997 a 2006 a exportação de soja cresceu 110%;
a de produtos madeireiros,
103%; a de açúcar, 200%;
de café 67%; de fibras (principalmente algodão), 470%;
mas o índice mais surpreendente foi mesmo o aumento
na exportação de milho, que
chegou a 1.025%”, ressaltou.
Ainda segundo Roberto Rodrigues, os produtos oriundos do
agronegócio respondem por
92% das exportações brasileiras. “É o agronegócio que vem
segurando a balança comercial
e garantindo o crescimento
das reservas do País”, enfatizou, explicando que ao mes-
mo tempo que as exportações
cresceram, as importações se
mantiveram estáveis ou menores, “com exceção do período entre 2005 e 2006, quando
uma conjunção de fatores desfavoráveis comprometeu muito o setor primário”, lembrou.
Demandas mundiais
Para respaldar ainda mais
sua afirmação de que o Brasil poderá vir a ser o grande
provedor mundial de produtos
agro-industriais, o ex-ministro
traçou um panorama das tendências mundiais de demanda
por esses produtos. Rodrigues
classificou a crescente exigência por rastreabilidade e
certificação como “uma tendência inequívoca”. E classificou o crescimento demográfico mundial como uma prova
de que, num futuro próximo,
energia e alimentos serão realmente as grandes necessidades de toda a humanidade.
“Em 2000 a população
mundial era de 6,1 bilhão de
pessoas. A estimativa é de
que em 2030 ela seja de 8,3
bilhões, o que significa 2,1
bilhões a mais de pessoas se
alimentando e consumindo
energia”, calculou Rodrigues.
E acrescentou que 85% desse crescimento populacional
se dará na Ásia e na África.
Como argumento de que outra
crescente tendência mundial
é a necessidade de se agregar
valor aos produtos primários,
em função da mudança do
perfil dos habitantes do planeta, Rodrigues citou o fato de
que, enquanto em 2000, 53%
da população mundial era urbana e 47% vivia no campo, a
projeção para 2030 é de que o
índice dos habitantes de cidades suba para 61% e o de habitantes rurais caia para 39%.
Seguindo o mesmo raciocínio ele revelou que em 2000 havia, em todo o mundo 140 mil
pessoas com mais de 100 anos.
Em 2030 esse número deverá
chegar a 1,4 milhão, atingindo
1,5 milhão em 2040. “Logicamente haverá maior consumo de produtos que ofereçam
mais praticidade, maiores facilidades e vantagens para o
consumidor urbano”, analisa.
Por fim, Roberto Rodrigues
Brasil tem condições de suprir o mundo de alimentos
voltou a reforçar que um país
como o Brasil, que tem cerca
de 62 milhões de hectares de
terras agricultáveis e 220 milhões de hectares de pastagens
tem potencial para se tornar
não apenas auto-suficiente em
energia e alimentos, mas também de suprir essas necessidades de países com o os Estados
Unidos, que embora possua
um excedente de alimentos, é
deficitário em fontes renováveis para geração de energia.
Ainda segundo Rodrigues,
enquanto na América Latina
existe um certo equilíbrio na
produção de alimentos e energia, a União Européia, Ásia
e a África passam por déficit
de ambos. “Por isso o Brasil
vive uma chance espetacular,
um momento fantástico de
promover a expansão de suas
exportações a ponto de promover uma mudança na estrutura geo-econômica e agrícola
mundial”. No entanto, “lhe
faltam estratégias para buscar mercados, faltam recursos
materiais e financeiros para investir em logística, integração,
articulação entre os diversos
elos das cadeias produtivas do
agronegócio. O setor primário
brasileiro sofre com a desarticulação”, opina. O ex-ministro conclui: “A organização
em cooperativas, sindicatos,
associações dos diversos elos
é fundamental. Juntos e fortalecidos eles poderão buscar
as necessárias políticas públicas para que o potencial seja
alcançado gerando riqueza e
renda para o país. Para mudar
a “civilização” precisamos de
competência e união”.
Paraná ganha Câmara
Setorial de ovinos e caprinos
O Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf), do
Paraná, PR, aprovou por unanimidade no início de dezembro último a criação da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos. A decisão
vai facilitar a organização do setor naquele
Estado. A reunião contou com os conselheiros e deputados estaduais Augustinho Zucchi
(PDT/PR) e Elton Welter (PT/PR), entre outros conselheiros. Welter foi um dos defensores
da inclusão da ovinocaprinocultura no foco
das políticas de Estado. Para o deputado, o
desafio é fazer com que o pequeno produtor
seja atendido pelo Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que tenha acesso à assistência técnica.
Os representantes dos produtores vêem na
organização da cadeia a possibilidade do
Paraná tornar-se referência na produção
de carnes. “Mas para isso é necessário ter
escala de produção para atender a demanda do mercado e isso só se consegue com
o apoio do Estado”, disse o presidente da
Associação dos Caprinocultores do Paraná (Capripar), Aryzone Mendes de Araújo.
Já na avaliação do presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Ovinocultores (Coopercapanna) de Londrina, Ricardo Luca,
a criação da Câmara Setorial representa a
possibilidade de formalização do mercado
para evitar a comercialização clandestina.
Ele estima que na região de Londrina pelo
menos 80% da carne vendida e consumida
é clandestina. “Os produtores legalizados
perdem competitividade em relação àqueles que não estão formalizados”, destacou.
O desafio para a Câmara Setorial é organizar também o mercado para a lã, na opinião
da criadora Edla Woelfer Lustosa. Ela esteve
recentemente na China e voltou entusiasmada com a possibilidade de exportar a lã para
aquele país. “Mas para isso, precisamos organizar os produtores e de produção em escala”, afirmou.
Dez./07
6
Mercado
Telles: Este
abate tem
significado
importante
E
Programa Cordeiro
de Qualidade realiza
primeiro abate em
Pantano Grande, RS
m 18 de dezembro de
2007, no Frigorífico Pantanense, em Pantano Grande,
RS, foi realizado o primeiro
abate de cordeiros do Programa Cordeiro de Qualidade
ARCO, parceria entre a Associação Brasileira de Criadores
de Ovinos e o Programa Juntos Para Competir do Sebrae/
Senar - Farsul. Entre as 200
cabeças, metade é proveniente
do município de Dom Pedrito
e metade de São Martinho. A
comercialização, realizada antes do Natal, teve como ponto de vendas a Casa de Car-
nes Bolinha, de Porto Alegre,
RS. O coordenador do programa junto à ARCO, Araquen
Telles, destacou que a ARCO
vai desenvolver materiais informativos, buscando apresentar e divulgar as características
do produto e a diferenciação
que o programa possui.
Telles afirma que os abates
serão quinzenais, com média
de 250 animais, podendo oscilar para mais ou para menos
conforme o momento (excesso
ou escassez), mas sempre próximo a esse número, com peso
aproximado entre 25 a 45 kg.
Telles assinalou que todos os
produtores dos grupos recebem
capacitação do programa para
avaliação de condição corporal
dos cordeiros, para contribuir
com o trabalho do técnico da
ARCO e de cada responsável
para garantir a qualidade dos
cordeiros apresentados para
abate. “É nossa primeira experiência no processo de união
de toda a cadeia de produção e
ainda temos muito a aprender,
mas estou otimista e confiante
na capacidade de nossos produtores, pessoal técnico e parceiros”, assinala Telles.
Ovinos naturalmente coloridos
Ovinos naturalmente coloridos são quaisquer
ovinos que não sejam brancos. Eles podem ser totalmente ou parcialmente pigmentados, em cores
variando do marrom escuro ao creme, e do preto a
cinza prateado. Ovinos com lã naturalmente colorida são encontrados ocasionalmente na maioria das
raças. Em vários países do mundo, ovinos coloridos
de alta qualidade são freqüentemente mantidos por
sua lã, que tem uso artesanal e comercial. Entre as
raças favoritas estão: Merino, Romney, Corriedale,
Ideal e Border Leicester, entre as criadas no Brasil.
Por séculos, os ovinos têm sido selecionados
para produzir lã branca. Os principais estímulos
foram o desenvolvimento de tingimentos que permitem uma diversificada gama de cores do que somente as cores naturais das primitivas raças ovinas.
Esta seleção de ovinos brancos apenas mascarou a
presença de genes para cores nas modernas raças
brancas, devido à ação inibidora do gene branco
dominante.
Não é incomum aparecerem, num rebanho branco, cordeiros pretos ou coloridos, mas estes cordeiros são normalmente castrados ou abatidos. Contudo, o que nem sempre é reconhecido o fato de que,
para produzir um cordeiro colorido, ambos os pais
devem estar carregando o gene para cor.
Em vários países existem associações com o objetivo de preservar, divulgar e melhorar a qualidade
dos ovinos naturalmente coloridos, ressaltando-se
as da Nova Zelândia, da Austrália, da Inglaterra e a
dos Estados Unidos, entre outras.
Por isso, aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul, foi
criada a Associação Brasileira de Criadores de Ovi-
nos Naturalmente Coloridos, presidida pela Médica Veterinária, Criadora,
Dra. Clara Vaz. O principal objetivo
da associação é divulgar e difundir
estes animais, possibilitando o registro de animais puros e selecionados,
que produzirão lã e pele de qualidade
para diferentes fins. Atualmente, entre as raças lanadas, somente a Karakul e a Crioula são reconhecidas
pela ARCO, mas suas lãs, por sua
grossura, são mais adequadas para
confecção de palas, tapetes, mantas
e objetos de decoração.
Raças deslanadas como o Santa Inês, Morada
Nova e Cariri também são consideradas naturalmente coloridas. Na África do Sul, a raça Damara é
amplamente utilizada por causa de sua pele de alta
qualidade e colorido natural, exemplo que pode ser
seguido aqui no Brasil.
Estes animais podem se tornar um excelente nicho de mercado em propriedades de qualquer tamanho, seja produzindo peles, lã para uso artesanal ou comercial, ou produzindo pelegos, que hoje
são vendidos a valores superiores ao de um animal
vivo. Além disso, a demanda por produtos naturais,
sem tingimentos ou com tingimentos naturais, vem
crescendo a cada dia em todo o mundo.
Em 2009, o Rio Grande do Sul e o Brasil sediarão
o VII Congresso Mundial de Ovinos Naturalmente
Coloridos, que ocorre de 5 em 5 anos, quando se
pretende mostrar aos visitantes do mundo inteiro, a
qualidade de nossos rebanhos.
Entenda por que alguns
ovinos são coloridos
O ovino herda de seus pais os genes que o fazem
naturalmente coloridos. Existem muitos padrões
possíveis: todo branco, multicolor ou manchado e
em cores sólidas. A maioria das ovelhas lanadas coloridas se tornam mais claras com a idade.
Existem 2 principais grupos de genes que controlam as cores em ovinos: uma determina a cor padrão e a outra determina a cor real, que a ovelha irá
ter, naquelas partes onde não é branca e a interação
entre eles é o que produz diferentes padrões de cores e estampas, inclusive manchas.
Toda ovelha herda 2 genes de cada série, um de
cada pai. Esta combinação de genes é que irá definir a cor do animal. Os genes que definem a cor,
através da deposição de melanina, é recessivo na
maioria das raças.
Dez./07
7
Especial
A
ARCO promove Encontro
Nacional de Inspetores Técnicos
semana de 12 a 16 de novembro de 2007 vai ficar
marcada no calendário dos
grandes eventos da ovinocultura nacional. A Associação
Brasileira de Criadores de
Ovinos (ARCO) realizou, em
Avaré, SP, o “Encontro Nacional dos Inspetores Técnicos”,
uma empreitada de vulto que
contou com o apoio da Associação Paulista de Criadores de
Ovinos (Aspaco) e da Estância
Dolly, um centro de serviços
voltado para a disseminação
da raça Santa Inês no Sudeste.
Foi uma reunião de alto
nível, feita em nome do fortalecimento do mercado de ovinos, numa investida pioneira
até então não tentada no Brasil. É certo que há o registro
da realização de um acontecimento parecido, em 1987, em
São Paulo, só que sem a grandiosidade e eloqüência dos números exibidos pelo congresso
bancado agora pela ARCO.
Naquela época - convém
frisar - a ovinocultura era representada por apenas dez associações estaduais, se tanto,
ao contrário de hoje, quando
basicamente todo o País, de
Norte a Sul, se encontra engajado na batalha pela expansão
do setor.
“A ovinocultura talvez seja
um dos segmentos que mais
crescem no Brasil, e isto acontece do Oiapoque ao Chuí”,
disse o entusiasmado Paulo
Afonso Schwab, presidente
da ARCO, dirigindo-se a uma
platéia de mais de cem inspetores técnicos ligados à entidade
e vindos de todas as regiões do
Brasil, uma força de trabalho a
quem o segmento deve muito.
“Eles são os responsáveis
pelo direcionamento dos rebanhos e respectivo registro genealógico”, afiançou o presidente da Aspaco, Arnaldo dos
Santos Vieira Filho, lembrando que, dadas as dimensões
continentais do Brasil, aquela
era uma oportunidade única
para os técnicos se conhecerem e, de quebra, harmonizarem informações, contribuindo, assim, para a melhoria do
trabalho no campo. “Esta reu-
Da esq. para a dir., Wilson Dorneles (Cicico), Paulo Sergio Soares, Teófilo Garcia, Suetônio Campos,
Paulo Schwab, Arnaldo Vieira Filho, Francisco Perelló, Edemundo Gressler, Araquén Telles
nião é mais uma etapa do amadurecimento da ovinocultura
nacional”, enfatizou.
O amplo salão de convenções do Hotel Villa Verde, em
Avaré, foi integralmente ocupado por engenheiros agrônomos, médicos veterinários
e zootecnistas, profissionais
de diversos sotaques (sulista,
paulista, nortista e nordestino),
que traziam nas costas muitos
anos dedicados à ovinocultura
e revelavam inusitado interesse na atualização e reciclagem
propostas pelo evento.
Também se mostravam empenhados em enriquecer seus
conhecimentos sobre as mais
de vinte raças de ovinos em
franca criação no País. Paulo Schwab comentou que um
dos objetivos do encontro, na
realidade, era debater padrões
que levassem à seleção e ao
aprimoramento genético do
rebanho nacional.
Vale lembrar que o Brasil
tem hoje uma multiplicidade
de raças, que variam de acordo
com as regiões. “Nosso rebanho contabiliza 20 milhões de
ovinos. Parece bastante, mas
não é”, observou o presidente
da ARCO, dizendo que 60%
da carne de ovelha consumida pelo mercado vem de fora,
principalmente do Uruguai. E
acrescentou que essa dependência do exterior também se
dá com a lã mais fina e com
o leite e seus derivados. “Ou
seja, temos uma longa estrada
pela frente”, frisou, acentuando que o consumo per capita
de carne de ovinos do País é
de apenas 600 gramas ao ano,
uma demanda irrisória ante
outros números mundiais (42,2
kg na Nova Zelândia e 20,2 kg
na Austrália).
Schwab acentuou que se
optássemos pela colocação
maciça da ovelha ao lado do
boi no pasto (o rebanho bovino no Brasil é de 208 milhões
de cabeças) “chegaríamos,
sem muitas dificuldades, a 100
milhões de ovinos e sem criar
embaraços ao gado no aspecto
do manejo”, finalizou.
É até dispensável argumentar que a firme participação
dos inspetores técnicos é crucial para a concretização desse
sonho. “Vocês são meus olhos
e minhas mãos”, falou Francisco José Perelló Medeiros, superintendente do Registro Genealógico da ARCO e a quem
os inspetores se reportam. E o
dirigente da ARCO foi mais
explícito ainda a respeito desse entrosamento quando fez a
seguinte declaração: “Eu só
consigo andar com o meu trabalho porque vocês fazem a
sua parte”.
E como fazem. Graças a
esses profissionais, o setor vai
ganhando músculos e se permitindo fazer planos. “Venho
sonhando com a realização
deste encontro há exatas duas
décadas”, disse o vice-presidente da ARCO, o paraibano
Suetonio Vilar Campos, que
participou daquele evento embrionário de 1987. Schwab, de
sua parte, adiantou que o próximo encontro poderá ser realizado daqui a dois anos.
É certo, porém, que o quadro de profissionais terá de
ser ampliado, à proporção que
a ovinocultura for ganhando
maior expressão. Antes, porém, será preciso uniformizar
o trabalho dos inspetores técnicos que estão na ativa.
O balanço desses cinco
dias, segundo Paulo Schwab,
foi altamente positivo, tendo
mesmo descortinado novos
horizontes para a ovinocultura. “Os objetivos iniciais imaginados pela entidade foram
superados”, festejou o presidente da ARCO, ressaltando
que “depois de tudo o que foi
dito e feito neste encontro,
posso assegurar que nossos
inspetores técnicos estão aptos
a julgar e selecionar rebanhos
em qualquer ponto do imenso
território brasileiro”.
Programa eclético e técnico
A programação foi ao mesmo tempo
eclética e técnica: Motivação Para Um
Trabalho Melhor, pela zootecnista Rúbia
Dulcine; O Técnico Extensionista, com o
professor Edson Ramos de Siqueira, da
Unesp de Botucatu; e Legislação do Registro Genealógico, com o médico-veterinário Luiz Felipe Pinheiro Reimann, chefe da Divisão de Fiscalização e Serviço de
Registros Genealógicos do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Merece relevância ainda a apresentação dos pontos críticos do Regulamento
da entidade, que foi conduzida por Perelló e Araquen Pedro Dutra Telles, gerente
de Provas Zootécnicas da associação.
Os projetos de atualização dos sistemas de informatização da ARCO também
ganharam destaque, casos do banco de
dados de embriões e dos programas de
certificação de carne ovina e de melhoramento da prova zootécnica, ambos
em fase de desenvolvimento, o primeiro
coordenado por Dutra Telles e o segundo
tocado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A ARCO também reservou dois dias
para a prova de curral, nas instalações
da Estância Dolly, na Rodovia Castello
Branco, na região de Avaré. E no último
dia, de volta ao centro de convenções do
Villa Verde, os participantes foram brindados com acaloradas discussões que,
num primeiro momento, focaram os trabalhos no curral e num segundo giraram
em torno das numerosas sugestões apresentadas pelos inspetores técnicos.
Dez./07
8
A pesquisa e o conhecimento
precisam chegar ao campo
Especial
Professor da Unesp diz que extensão rural
pode alavancar a ovinocultura nacional
C
ontam os mais enfronhados que tudo começou no
final dos anos 40, quando as
primeiras experiências com a
extensão rural, tal qual a conhecemos hoje, começou a
ganhar terreno no Brasil pelas
mãos de uma entidade mineira
de assistência ao campo. Empolgada com a idéia de colocar
em prática o modelo americano de difundir conhecimentos
no meio ruralista, como forma
de mudar o panorama da zona
rural, ela mirava criar mecanismos para ajudar o País a superar o crônico atraso experimentado pela sua agricultura.
Foi então que a extensão
deitou raízes dando à roça os
instrumentos para substituir o
atraso pela modernidade. Tanto que, de lá para cá, o setor
agrícola desandou a dar saltos
nunca antes anotados, passando a colher resultados até então
inimagináveis. E a terra descoberta por Cabral transformouse numa das mais importantes
produtoras rurais do planeta, o
prenúncio do que poderá ser,
um dia, o celeiro da humanidade conforme entoaram, em
prosa e verso, nossos esperançosos antepassados.
É certo que a ovinocultura
cresce a olhos vistos no Brasil, mas há quem enxergue na
extensão rural a arma de cano
duplo que pode levar a criação
de ovelhas às alturas, atendendo, assim, o desejo das pessoas que operam no ramo. Esse
é o pensamento do veterinário Edson Ramos de Siqueira,
professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Unesp, em Botucatu, SP,
e um dos palestrantes do Primeiro Encontro de Inspetores
Técnicos.
“A extensão rural em marcha lenta e a ainda pequena
demanda por carne ovina são
duas importantes travas que
emperram a expansão do setor no Brasil”, acusou ele. E
disse que “não adianta o País
dispor de pesquisas avançadas
na área, se a extensão rural não
caminha no mesmo ritmo”.
De fato, é sabido que apenas a harmonização e a conseqüente aplicação em conjunto
das três importantes armas
colocadas à disposição do produtor rural - ensino, pesquisa e
extensão - tem a qualidade de
mudar para melhor o negócio
agropecuário.
O Brasil provou isso, assim
como basicamente todas as
nações altamente desenvolvidas, e o incremento de nossas
exportações de grãos e suco
de laranja, por exemplo, não
deixa dúvida sobre as virtudes
da extensão rural. Basta, no
entender de Siqueira, que esse
tripé também seja observado
pela ovinocultura.
”Precisamos fazer alguma
coisa para que o setor decole”,
disse. Mas alertou que a extensão pretendida – aquela que
faz a ponte entre a pesquisa
agropecuária e o produtor rural - requer, necessariamente,
a participação da família ruralista, dos líderes da comunidade e do apoio das autoridades
locais. “Já é passada a hora de
a ovinocultura ser inserida nas
estatísticas do agronegócio”,
observou.
Siqueira foi mais esclarecedor. Disse que a extensão rural
é um sistema educacional que,
Técnicos
reunidos na
Estância Dolly
dentre outras propriedades,
tem a capacidade de melhorar
as condições econômicas e sociais do homem do campo; de
aplicar os avanços da ciência
e da pesquisa aos problemas
do produtor; de estender aos
rurais, conhecimentos e habilidades que, invariavelmente,
conduzirão à melhoria de seu
padrão de vida; de estimular
os processos de mudanças nos
campos técnico, econômico
e social; de criar uma reação
em cadeia que resulte em melhores condições de vida e de
trabalho no meio, e de acelerar
o desenvolvimento da prática
rural e encorpar a renda do
produtor.
O professor da Unesp fez
referência a um estudo americano para atestar a real validade da extensão rural. Contou que um levantamento do
Ile de France é analisado pelo grupo
Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos feito em
cima dos resultados colhidos
no campo no período compreendido entre 1929 e 1972,
demonstrou que a pesquisa
e a extensão rural foram responsáveis pelo crescimento e
por 80% dos ganhos em eficiência da agricultura daquele
país. Também relatou a experiência bem-sucedida do setor
agrícola na Irlanda. Até 1960,
disse, aquela nação era uma
das mais pobres da Europa.
Como tinham planos de integrar a Comunidade Econômica Européia (CCE), mercado
comum instituído em 1958, os
irlandeses entenderam que era
preciso modernizar sua agricultura.
O governo, então, passou
a estimular o crescimento do
agronegócio disponibilizando
Revisando Dorper
linhas de financiamento, oferecendo modalidades diversas
de serviços e dando apoio à
extensão rural. Uma pesquisa feita doze anos mais tarde
mostrou que os agricultores
que não se engajaram no programa viram sua produção recuar 17%, e os que aderiram
apenas em parte, porque não
deram espaço para a extensão,
avançaram 19%.
Já os que aderiram de corpo e alma ao projeto governamental, o que representa dizer
que abriram os braços à extensão rural, festejaram um incremento da produção da ordem
de 56%. Por essas e outras,
salientou Siqueira, a pesquisa
e a extensão rural devem caminhar de mãos dadas. Essa é,
segundo ele, a receita capaz de
dar músculos à ovinocultura
nacional.
Dez./07
9
Aperfeiçoamento genético
das raças na mira do setor
U
m lugar agradável, uma
paisagem
convidativa
e uma estrutura de primeira
grandeza. Foi nesse ambiente a um só tempo acolhedor e
funcional que aconteceram as
provas de curral. A Estância
Dolly, situada às margens da
Rodovia Castello Branco, uma
das mais belas auto-estradas
paulistas (São Paulo-Bauruado partindo da cidade de São
Paulo e terminando 315 quilômetros adiante, na região de
Bauru (Oeste), teve a fineza de
disponibilizar suas instalações
para a realização das reuniões
técnicas.
Esses encontros tinham
por objetivo “uniformizar os
procedimentos”, conforme esclarecimentos do veterinário
baiano Joselito Araújo Barbosa. “Formamos vários grupos
de trabalho (estações) para
discutir o padrão racial dos
ovinos em produção no Brasil”, disse. Ele explicou que
os serviços foram conduzidos
por coordenadores pinçados
pela associação em seu quadro
de inspetores, “um por raça”,
elucidou Barbosa - ele próprio
um dos escolhidos.
Vale informar que a Estância Dolly é, segundo seus diretores, a única do gênero no
País como empresa especializada em hospedar ovinos de
terceiros. “Abrigamos ao redor de mil cabeças (atendemos
a 67 clientes de todo o País),
que ficam alojadas em nossas
instalações com a intenção de
viabilizar a participação desses
animais em leilões e em pista
de provas nesta parte do Brasil”, informou João Amaury
de Toledo Soares Sobrinho,
gerente do estabelecimento.
“Também nos dedicamos à
produção e à transferência de
embriões”, informou. Ou seja:
a ARCO não podia ter escolhido local mais apropriado para
a realização das provas práticas de curral.
Três temas foram abordados à exaustão, com discussões verdadeiramente apaixonadas: “Considerações Sobre os Trabalhos de Curral”,
“Discussão das Ocorrências
Especial
Prova de curral e sugestões dos inspetores técnicos abriram novos horizontes
Explicando as raças Dorper e White Dorper
Grupo debate raça Santa Inês
Técnicos avaliam raça Texel
Demonstração das características do Hampshire Down
dos Trabalhos de Curral” e
“Discussão das Sugestões dos
Inspetores Técnicos”. As conversas, então, passaram a girar
em torno dos padrões raciais.
Compreensivelmente, muitos
dos presentes não reuniam
informações pormenorizadas
sobre todas as raças de ovinos
criadas no Brasil. Explica-se:
dado o tamanho do País e as
peculiaridades de cada região,
muitas vezes a raça meritória
de realce num lugar não recebe o mesmo destaque noutro.
Por isso, pode ser dito: os últimos dias do encontro serviram
para transferir conhecimentos,
e é correto afirmar que todos
retornaram a seus Estados com
mais sabedoria do que quando
chegaram lá.
A bem da verdade, dois dias
antes os inspetores técnicos
assistiram à apresentação das
raças Merino Australiano, Ideal, Corriedale, Romney Marsh,
Border Leicester, Polypay, Suffolk, Hampshires Down, Ile
de France, Texel, Poll Dorset,
Santa Inês, Morada Nova, Cariri, Rabo Largo. Somalis Brasileira, Dorper, Bergamacia
Brasileira, Lacaune, Karakul
e Crioula, experiências que
ficaram mais aguçadas com as
provas de curral e as discussões que se seguiram.
“Essa troca de informação é
importante porque é a oportunidade que os técnicos têm de
tomar plena ciência do regulamento do registro genealógico,
podendo, inclusive, apresentar
sugestões com o intuito de
melhorar o atendimento desse
serviço”, observou Francisco
José Perelló Medeiros. Superintendente do Registro Genealógico da ARCO e no setor desde os anos 50, portanto
conhecedor do assunto como
poucos.
Ele comentou que o encontro teve o dom de propiciar um
maior entrosamento entre os
profissionais. “Permitiu que
eles tomassem pé da real situação da ovinocultura e culminou com a reciclagem e a uniformidade de procedimentos
no cumprimento do registro”,
salientou. Essas discussões
motivaram a aprovação de
numerosas propostas de alterações nos quesitos padrão
racial e descritivos de aptidões
de diversas raças, sugestões
que deverão passar, necessa-
riamente, pelo crivo do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
Como exemplos práticos
dessas proposições podem ser
citadas as ocorrências relacionadas com as raças Morada
Nova (aprovação da linhagem
preta e aceitação de fêmeas
com cascos rajados e mucosas
marmoreadas) e Bergamacia
Brasileira, até então considerado um animal de carne, leite
e lã (suprimida a aptidão “produtor de lã”). Ainda em relação
à Bergamacia Brasileira entenderam por bem desconceituar
como defeito a “pobreza de lã”
apresentada pelo animal. Essas
modificações são necessárias,
“especialmente no tocante ao
padrão racial”, sustentou Dirceu Severo Vieira, engenheiro
agrônomo e inspetor técnico
da ARCO.
Dez./07
10
Especial
Chuva, seca, elos fragilizados:
as peculiaridades de cada região
Os percalços enfrentados pelos
ovinocultores e a troca de experiências
A
s diferenças regionais
sempre foram marcantes
nos vários segmentos na história do Brasil. É assim com
quase tudo. E é assim também
com a ovinocultura. O clima
de lá é diferente do clima de
cá; a raça que se desenvolve
melhor aqui, não é a mesma
que se cria ali. E assim por
diante. Afinal, habitamos um
País de extensão continental,
onde as nuanças se sobressaem e os desafios se contam aos
montões.
As peculiaridades de cada
região, a bem da verdade, podem enriquecer a ovinocultura porque, além de permitir o
acúmulo de experiências, leva
a uma fecunda troca de informações entre as pessoas seriamente envolvidas com a criação e a exploração comercial
da ovelha. Isso ficou patente
durante o Encontro Nacional
dos Inspetores Técnicos.
“Precisamos manter contato
com a realidade da ovinocultura de outras partes do território nacional, conversar com
pessoas que atuam na mesma
área em lugares diferentes”,
disse o engenheiro agrônomo
Tiago Vilar, inspetor técnico
da ARCO na Paraíba. “É nossa
obrigação investir nessa troca
de experiências”, observou o
veterinário Paulo Osório Martinez da Silveira, da Empresa
de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). “Vim aqui atrás
de conhecimentos técnicos das
raças Dorper e Santa Inês, que
estão começando agora a ganhar terreno no litoral catarinense”, comentou.
Mais do que apenas informações sobre essas duas raças, Silveira retornou a seu
Estado sabendo, por exemplo,
que no Nordeste os criadores
penam com a inconstância da
oferta de alimentação natural
aos animais. “Este ano choveu
bastante em setembro, mas
agora brilha o sol a pino”, lastimou o veterinário João Ramos
Sobrinho, criador em Tobias
Barreto, a 140 km de Aracaju,
no Estado de Sergipe, com trezentas cabeças. Reverenciado
como o primeiro ovinocultor
brasileiro a obter o selo “PO”
para a raça Santa Inês, ele reclamou do solo: “É raso e, por
isso, somos levados a nos socorrer da água de chuva armazenada em tanques”. Ramos
Sobrinho disse que a seca tem
o desmerecimento de encarecer o negócio e que, diante das
circunstâncias, lança mão da
palma forrageira, da algaroba
e da leucema para alimentar
os animais, a exemplo do que
fazem muitos outros criadores
nordestinos.
Já no Mato Grosso a situação é outra. “Chuva em excesso combinada com longos
períodos de estiagem, indo de
um extremo a outro”, comentou Sílvia Letícia Tartari, criadora em Poconé (seiscentos
animais da raça Santa Inês),
relatando que a umidade do ar
é baixa, tendo chegado a apenas 13% em setembro último.
Ela esclareceu que grandes extensões de terra são cobertas
pela grama brachiaria, tornando o solo pobre em nutrientes,
situação que gera embaraços
para a ovinocultura. “As terras boas são utilizadas para a
lavoura, sobrando para o ovinocultor o que não interessa
à agricultura”, revelou a veterinária Ana Carolina Elgert,
inspetora técnica da ARCO
naquele Estado.
E o que dizer do Mato
Grosso do Sul? A veterinária
e inspetora técnica Verônica
Guglielmi, que é também consultora do Projeto Aprisco, do
Silvia Letícia Tartari
Sebrae, contou que a ovinocultura no Estado ainda dá os
seus primeiros passos, mas já
se ressente da falta de mãode-obra qualificada. “E aqui,
os elos ainda estão em formação, especialmente no tocante
à comercialização da carne”,
observou.
A questão da fragilidade dos
elos - todos sabem - funciona
como freio ao avanço do setor e, desgraçadamente, marca
presença em basicamente todo
o País. A mesma desorganização da cadeia de produção
apontada em outras regiões é
igualmente sentida no Rio de
Janeiro, o segundo maior consumidor de carne de ovinos do
Brasil, comentou o veterinário
Antonio Lopes, inspetor técnico da ARCO naquela região
brasileira. “Nosso rebanho é
pequeno, algo em redor de 30
mil animais”, informou Lopes,
que integra o corpo diretivo
da Associação de Criadores
de Ovinos e Caprinos do Estado do Rio de Janeiro (ACOCERJ).
Outro representante da
ovinocultura fluminense, o
veterinário José Cardoso Macedo Filho, também ligado à
ARCO, comentou que o segmento que mais ganha corpo
no Rio é o de animais para melhoria genética, “negócio que,
num segundo estágio, deverá
abarcar os animais de corte”,
completou.
ovinos da raça Santa Inês e
deslanados em geral), conforme esclarecimentos de Juliano
Tramontini e Tomaz Edgley
Catão Tenório, ambos veterinários e inspetores técnicos da
associação naquele Estado. “A
demanda pela carne existe e a
alimentação para o animal é
de boa qualidade, considerando que chove o ano inteiro”,
informaram.
Em certas regiões de Minas
Gerais o quadro é o mesmo: os
elos não se conectam e não se
completam porque a indústria
está alheia ao setor. “Dependemos de frigoríficos de outros Estados, que têm contribuído para dar vazão à parte
da oferta do Estado”, lastima
o veterinário Geraldo Jonas da
Silva, de Belo Horizonte, inspetor técnico da ARCO e com
forte atuação nos arredores da
capital mineira, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce,
parte do Alto Paranaíba, região
central do Estado e em alguns
criatórios mais ao Sul.
O rebanho de Minas é superior a 400 mil ovinos com
predominância das raças Santa
Inês, Dorper e Texel e, segundo
Geraldo Silva, não há entraves
para o crescimento da produção. “A Cooperativa Mineira de Produtores de Cordeiro
(Procordeiro) tem trabalhado
no sentido de organizar a cadeia utilizando os serviços de
terceiros (abate) e comercializando cortes nobres”, revelou
o técnico, completando com a
informação de que o homem
do campo de Minas está aberto
à introdução da ovinocultura.
“Em muitas propriedades os
ovinos estão fazendo a capina
nos cafezais”, disse.
O Sul está melhor
O criadores gaúchos, de
longe os mais afeitos à pro-
Cadeia desorganizada
Ana Carolina Elgert
Quando não é a falta de
entrosamento entre os criadores no aspecto comercial,
é a ausência de interesse de
frigoríficos locais que segura
o impulso que se quer dar ao
setor. Essa é, sem tirar nem
pôr, a real a situação da ovinocultura em Rondônia (110 mil
Francisco Fernandes
dução de carne dado o tempo
que a ovinocultura se acha
estabelecida de forma organizada naquela parte do Brasil,
também enfrentam problemas.
Entretanto, têm bons exemplos
a dar.
O Rio Grande do Sul tem
um rebanho de 3,6 milhões de
cabeças e de uns anos para cá
passou de grande produtor de
lã para importante fornecedor
de carne ovina. “Temos de
fazer alianças com a iniciativa
privada e, assim, dar maior fôlego ao setor”, falou o zootecnista Lauro Fittipaldi, inspetor
técnico da ARCO e produtor
rural na região de Uruguaiana,
na Fronteira Oeste gaúcha.
Geraldo Jonas da Silva
Ele contou que há pouco
mais de dois anos um frigorífico rio-grandense de atuação
nacional mostrou interesse em
comercializar a carne de ovinos, mas deixou claro: precisava de garantia no fornecimento. “Nos organizamos em
torno de uns cem criadores e
passamos a atender ao novo
parceiro”, disse Fittipaldi, informando que, no momento, o
pool de ovinocultores está entregando quinhentos cordeiros
por dia à indústria, número que
poderá chegar a mil em 2008.
Os paulistas trilham a mesma estrada trafegada pelos
sulistas. Todavia têm sobre a
mesa uma série de percalços.
“Somos obrigados a fazer a
adequação do custo de produção pois, ao contrário da
ovinocultura no Rio Grande
do Sul, temos de suplementar a alimentação”, comentou
Francisco Manoel Fernandes,
ex-presidente da Aspaco e
criador em São Manuel, na região central do Estado de São
Paulo (a fazenda Borborema,
de sua propriedade, abriga trezentos animais da raça Ile de
France). Ele disse que o setor
ainda enfrenta transtornos que
decorrem da alta lotação nos
pastos e da proximidade dos
criatórios com as zonas urbanas (o que dá margem a roubos
de animais e a ataques aos ovinos por cachorros).
Dez./07
11
Especial
“Boa parte dos criadores de ovinos se acha
conhecedor de genética,
mas cabe ao Estado a responsabilidade pelo registro genealógico. E ponto
final. É assim que a coisa
funciona, é assim que tem
de ser. O que seria da melhoria do padrão racial se
fosse diferente? Imaginem
o que poderia estar ocorrendo se o registro fosse
feito, digamos, aleatoriamente?”. Essas colocações
e indagações são do chefe
da Divisão de Fiscalização
do Serviço de Registro
Genealógico do Ministério
da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA),
Luiz Felipe Reimann.
S
egundo ele, essa atribuição
está explicitada no artigo
1º da lei nº 4.716 de 1965 (registro genealógico de animais
domésticos), hoje executada
pelo Estado com a cooperação
de entidades privadas e “respeitadas as recomendações internacionais já acordadas pelo
Brasil ou que ainda venham
a ser firmadas”. E a entidade
privada, no caso da ovinocultura, é a ARCO, que desenvolve
atuação nacional, aponta o dirigente.
Reimann comentou que seria
um desastre se o registro acontecesse à revelia do Estado.
“Às vezes vocês (técnicos) ficam bravos, mas nós seguimos
a Lei”, disse o presidente da
ARCO, Paulo Afonso Schwab,
aproveitando a “deixa” do representante do MAPA e justificando a conduta associação no
tocante à rigorosa observância
da legislação que trata do setor.
Para Luiz Reimann, o cumprimento preciso daquilo que
a Lei determina tem o mérito
de não levar problemas para as
entidades. “Isto porque tudo o
que for feito à margem dos ditames do MAPA tende a render
uma penalização por parte do
ministério, e ela poderá ser tanto na forma de multa quanto na
de intervenção na associação”,
considerou ele. Ou seja, o regis-
Mercado ovino
tem muito
para crescer
tro genealógico não comporta
irresponsabilidades. “É por isso
que dizemos que os inspetores
técnicos da ARCO são as mãos
e os olhos do Perelló”, alertou
Reimann, referindo-se a Francisco José Perelló Medeiros,
superintendente do Registro
Genealógico da entidade. O
“homem de Brasília” estava,
na realidade, fazendo um alerta
para evitar dissabores no futuro. “Não tentem desafiar a Lei”,
condicionou para os presentes,
num recado que também serve
a integrantes de outras associações que operam sob o manto
do MAPA.
Boa parte do tempo utilizado por Reimann no “Encontro
Nacional dos Inspetores Ténicos” foi gasto com explanações sobre as obrigações da
Superintendência do Registro Genealógico (SRG). Ele
lembrou, por exemplo, que os
serviços desse registro têm de
ser realizados de conformidade
com o regulamento da entida-
Registro genealógico tem normas para serem seguidas
de aprovado pelo Ministério da
Agricultura. Adiantou que cabe
ao SRG habilitar e credenciar técnicos, encarregando-os
dos serviços de identificação
e inspeção dos animais a serem registrados; de promover
a guarda dos documentos do
registro genealógico; supervisionar os rebanhos de animais
registrados, objetivando a verificação do cumprimento de
dispositivos regulamentares;
prestar esclarecimentos sobre
o registro genealógico da raça,
garantindo a confiabilidade das
informações e de submeter ao
MAPA, através de seus órgãos
competentes, as informações
exigidas por força de legislação ou de contrato, dentro dos
prazos estabelecidos.
O chefe da Divisão de Fiscalização do Serviço de Registro
Genealógico do MAPA discorreu, ainda, sobre a fiscalização
do SRG na entidade, nas propriedades e nos eventos especializados. E tratou dos principais pontos de verificação
e execução da auditoria, das
observações do Conselho Deliberativo Técnico, das ações das
entidades nacionais e respectivas filiadas e das principais
não-conformidades, tais como
rasuras no registro, ausência de
registro dos exames de DNA/
TS, erros de comunicação referentes a datas de nascimentos,
erros de comunicação de genealogia, falta de relatórios e atra-
sos na entrega de documentos,
entre aspectos.
Segundo Reimann, a ovinocultura precisa trabalhar
intensamente com vistas a implementar um programa de melhoramento genético em nível
nacional, a exemplo do que
já fizeram a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu
(ABCZ) e a Associação Nacional de Criadores Herd Book
Collares, com o Programa de
Melhoramento de Bovinos de
Carne (Promebo). “É um passo
importante que objetiva a uniformização de rebanhos. Seria
meio caminho andado para a
formatação de uma cadeia produtiva unida, e isto no tocante à
lã, à carne e à pele”, finalizou.
Motivação para desafiar obstáculos
“Vale a pena colocar o coração naquilo que você faz.”
Foi esse o tom dado pela
zootecnista Rúbia Dulcine,
da Canoa Leão, empresa de
consultoria e treinamento,
à palestra “Motivando Para
Um Trabalho Melhor”. Especialista em treinamentos
motivacionais de equipe, ela
convidou todos os inspetores
técnicos presentes a fugirem
da mesmice, a se livrarem das
amarras e a darem passos mais
ousados. “Você é do tamanho
de seus sonhos”, enfatizou,
escorando-se no nome do livro de auto-ajuda escrito por
César Souza, grande sucesso
editorial brasileiro. “Somos
potencialmente capazes de
fazer acontecer aquilo de bom
que brota em nossas cabeças.
O elefante do circo cresce e
passa boa parte de sua vida
amarrado preso por uma argola no pé. É condicionado
a isso e, simplesmente, não
sabe a força que tem”, comparou. A palestrante fez aqui
um paralelo com a situação
daqueles que não se mexem,
a despeito de estarem capacitados e prontos a voar.
Rúbia lembrou que a inteligência é um atributo natural
do ser humano e que todos
podem ganhar notoriedade. E
frisou que a diferença entre as
pessoas reside na vontade que
cada uma tem de desafiar os
obstáculos e vencer. Afirmou,
porém, que tudo deve ser feito
dentro da ética, dos princípios
e dos valores morais. A sorte simples não existe. O que
há, descreveu a consultora, é
a vontade férrea de fazer as
coisas acontecerem, é a energia que o indivíduo dispensa
no afã de atingir um objetivo
e cumprir a tarefa. É o mesmo
que falar em determinação,
criatividade, paixão e coragem. “Vocês podem ter, hoje,
coração de agrônomos, veterinários e zootecnistas, mas
ainda trazem aquele idealismo do tempo da faculdade.
“Você vai conseguir! Ponha
isso na cabeça. A sua idéia é
boa. “Pode ser que amanhã
ela venha a ganhar evidência
e, por conseguinte, a simpatia
do mercado.” Por outro lado,
é bobagem dispensar muita
atenção à crítica. “Você é o
responsável tanto pelo seu sucesso quanto pelo seu fracasso, e não os outros”, afirmou.
A palestrante mostrou aos
presentes que querer é poder. “Livrem-se das argolas”,
pregou ela, salientando que
os inspetores técnicos estão
realizando um belo serviço
em nome do crescimento da
ovinocultura brasileira, mas
sempre é possível fazer mais.
“Abram as asas, voem para
mais longe.” Rúbia alertou,
no entanto, que é preciso juntar as idéias e atuar em sinergia. Segundo ela, é assim que
a ovinocultura brasileira vai
crescer. Todavia, observou, “o
espírito de equipe deve prevalecer, sempre”.
Dez./07
12
Carne
Carne ovina
para todo o dia
O
consumo da carne ovina
oscila entre pratos sofisticados, os de costumes regionais e os tradicionais, (guisados, assados e churrascos).
Mas isto acontece, na maioria
das vezes, pelo desconhecimento em relação
às múltiplas receitas
que a carne ovina proporciona. Muitas delas
de forma bem simples
que podem servir para
o dia a dia de todas as
casas. Este pelo menos é o pensamento da
Chef Renata da Fonseca, uma garota paulista, de 27 anos, que
foi tomando gosto por
esta carne, na medida
em que acompanhava
sua irmã, Melissa, nos
cuidados que precisava
dar aos ovinos, no curso de zootecnia.
O gosto pela cozinha vem de antes. Da
casa materna e até dos
cheiros que se lembra da cozinha da avó
italiana. E entre macarrões e
porpettas acabou decidindo
fazer o curso de gastronomia,
em São Paulo, capital. Para
unir a paixão profissional pelo
gosto em trabalhar com a carne ovina, exigiu um tempo de
estudo. “Eu gosto do sabor da
carne de cordeiro, gosto de comidas que remetem a sabores
rústicos”, afirma Renata. Ela
acrescenta que a carne de cordeiro tem um sabor adocicado
e ao mesmo tempo forte que
não é selvagem, “isto porque
é criado rústico, a campo”,
salienta. Segundo a Chef, o
manejo da criação afeta completamente o sabor da carne,
porque se o animal é criado a
campo nativo, a carne vai ter
um sabor. Já se é confinado ou
em pastagem cultivada, vai ter
mudança neste sabor, explica.
Na opinião de Renata a
carne de cordeiro não serve
somente para pratos de alta
gastronomia, existindo diversas opções para o dia a dia.
Conforme diz, é possível fazer
almôndegas, guisados, bifes
hambúrgueres e muitos outros
pratos bem simples. “O que
ainda limita é a falta de conhecimento por conta de não existir uma boa divulgação
ao público, de todas
estas possibilidades”,
comenta. Ela diz que o
consumo também está
ligado aos costumes regionais. Em São Paulo,
por exemplo, há uma
preferência por uma
carne que não tenha o
sabor muito forte, acentuado, para não lembrar
dele o resto do dia. Já
no Rio Grande do Sul e
no nordeste já aceitam
que seja forte. “O nordestino come tudo do
cordeiro, já o paulista
não”, assinala.
Renata acrescenta
que a partir do momento que houver mais
oferta da carne ovina,
com os mais variados
cortes e formas de aproveitamento, assim como já tem
do bovino, a possibilidade de
mais gente consumi-la no dia
a dia vai ser maior. “Grandes
redes como o Carrefour, por
exemplo, já disponibilizam
carne ovina nas suas gôndolas, e é um supermercado
para diversas classes sociais,
o que ajuda a popularizar o
consumo”, acredita.
Costelinha de cordeiro acebolada
com limão e tomates cereja
Ingedientes:
Modo de fazer:
3 kg de costelinha de cordeiro
300 g de cebola picada em
rodelas finas
100 g de alho moído
500 ml de vinho branco seco
300 ml de suco de limão
300 g de tomate cereja
50 g de salsa picada
250 ml azeite extra
0,6 l de óleo
50 g de sal
10 g de pimenta preta moída
Tempere a costelinha com
alho, pimenta e sal, aqueça
bem uma panela funda, tipo
caçarola, coloque o óleo e vá
acrescentando as costelinhas
aos poucos, mexendo sempre
para dourar todos os lados.
Enquanto doura, acrescente
aos poucos o vinho branco,
para não queimar muito a
panela. Por fim, acrescente a
cebola em rodelas e doure-as
junto com as costelinhas. Em
um recipiente à parte, coloque
o limão, o azeite, a salsa
picada, sal e pimenta. Bata
bem até ficar mais homogêneo.
Deixe esfriar um pouco as
costelinhas, despeje numa
tigela de sua preferência, regue
com o molho frio e regue junto
com tomates cereja por cima,
ou ao lado, como preferir.
Rendimento: 6 porções
Degustando pratos com carne ovina
Spaghetti com mini
almôndegas de cordeiro
e molho pomodoro
Ingredientes:
500 g de massa tipo Spaghetti
1 kg de carne moída de cordeiro
(70% carne e 30% gordura)
300 g de cebola moída
150 g de alho moído
2 l de óleo para fritura
300 g de cheiro verde moído
papel toalha absorvente de
gordura
½ maço de manjericão
2 kg de tomate pelado
(enlatado)
300 ml de azeite extra virgem
Modo de fazer:
Tempere a carne moída com
cebola, alho, sal, pimenta e
cheiro verde. Faça as bolinhas
e frite em óleo quente e
reserve. Cozinhe o macarrão
al dente, passe por água fria
corrente e reserve. Enquanto
isso, faça o molho de tomate,
frite os temperos (alho, cebola
e sal) em azeite extra virgem.
Coloque o tomate pelado,
deixe cozinhar por 40 minutos
ou mais e no final acrescente
as folhas de manjericão.
Depois de escorrer bem as
almôndegas, coloque-as no
molho. Aqueça o macarrão em
água quente e óleo, escorra,
coloque num refratário de sua
preferência e despeje o molho
por cima.
Rendimento: 6 Porções
Dez./07
13
Artigo
Principais cortes comerciais da carcaça ovina
Por Greicy Mitzi Bezerra Moreno *
N
o Brasil, para que a carne ovina tenha maior
expressão no mercado, deve
haver a padronização das carcaças e dos cortes disponíveis
aos consumidores, oferecendo
carcaças com teor de gordura
e desenvolvimento muscular
adequados, que determinarão
o valor comercial desses produtos, aumentando a competitividade dos mesmos (Silva
Sobrinho, 1999).
A produção de carne de
cordeiro é uma atividade com
grandes perspectivas para o
Brasil, considerando o potencial do mercado consumidor
e a possibilidade de produzir
carne de qualidade em pequenas áreas de terra, considerando o elevado valor das mesmas em determinadas regiões,
como o Sudeste. Entretanto,
a comercialização da carcaça depende, além do peso, da
forma como é apresentada
ao consumidor e, por isso, a
aparência dos produtos constitui um importante fator para
sua aceitação no mercado.
O peso da carcaça é influenciado pela velocidade de crescimento, idade ao abate e manejo nutricional, entre outros,
sendo um importante fator na
estimativa de seu rendimento.
A espécie ovina apresenta rendimentos de carcaça de 40 a
50%, sendo influenciados por
fatores intrínsecos (referentes
ao próprio animal, como raça,
idade, sexo e peso) e extrínsecos (referentes ao manejo
como alimentação, tempo
de jejum e resfriamento das
carcaças). O rendimento comercial, obtido pela relação
entre peso da carcaça fria/
peso vivo ao abate, é um importante indicador da disponibilidade de carne ao consumidor (Silva Sobrinho, 2001).
As carcaças podem ser comercializadas inteiras, em
meias carcaças, em cortes da
carcaça ou cortes cárneos. Os
cortes da carcaça em peças
individualizadas facilitam a
comercialização, agregando
valor pela diferenciação dos
mesmos, sendo que os cortes
podem ser classificados como
Figura 1.
de nas carcaças ovinas. Segundo Osório & Osório (2003),
os fatores considerados pelo
consumidor, além dos anteriormente mencionados, são:
de primeira (perna e lombo),
segunda (paleta) e terceira
(costela e pescoço), permitindo a escolha dos diferentes
tipos pelo consumidor. A perna apresenta maior percentual na carcaça ovina, com
maior rendimento da porção
comestível, e além de predizer o conteúdo total dos tecidos na carcaça, é o corte mais
nobre da carcaça ovina (Sousa, 1993; Yamamoto, 2006).
Para os consumidores, a qualidade é julgada sobre a peça
ou corte da carcaça adquirido
na mesa do açougue ou supermercado. Portanto, o peso da
carcaça, que está diretamente
relacionado ao peso das regiões ou cortes que compõem a
carcaça, é critério de qualida-
Cortes comerciais na
meia carcaça de cordeiros, segundo as regiões
anatômicas: paleta,
perna, lombo, costelas e
pescoço.
- a aptidão para a preparação culinária,
- o rendimento na preparação da carne,
- o valor nutritivo do alimento,
- a forma de apresentação
do corte.
Existem alguns métodos
padronizados para divisão da
carcaça ovina em cortes comerciais, entretanto, estes cortes dependem dos hábitos culinários e tradicionais de cada
região do país (Figuras 1 e 2).
Artigo originalmente publicado no FarmPoint (www.
farmpoint.com.br), portal de
acesso gratuito, atualizado
diariamente com artigos técnicos, análises de mercado e
notícias do Brasil e do mundo
sobre a ovinocaprinocultura.
Adaptado de:
GARCIA (1998) e SILVA SOBRINHO (1999)
Figura 2.
Cortes comerciais na
meia carcaça de cordeiros, segundo as regiões
anatômicas: paleta, perna, lombo, costelas e
pescoço.
Adaptado de:
SILVA SOBRINHO
(1999)
Porcentagens
dos cortes comerciais
da meia carcaça
de cordeiros
terminados em
confinamento
recebendo dietas
contendo silagem
de milho ou
cana-de-açúcar
Tratamento: 60%SM:40%C - 60% de silagem de milho + 40% de concentrado; 60%CA:40%C - 60% de cana-de-açúcar +
40% de concentrado; 40%SM:60%C - 40% silagem de milho + 60% de concentrado; 40%CA:60%C - 40% de cana-deaçúcar + 60% de concentrado.
CV (%) = coeficiente de variação.
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha não diferem pelo Teste de Tukey (P>0,05).
ias cas
c
ên áfi
r
r
fe
Re bliog
Bi
Garcia, C.A. Avaliação de resíduo de panificação “biscoito” na alimentação de ovinos e nas características quantitativa e qualitativa das carcaças.
Jaboticabal, 1998. 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista.
Osório, J.C.S. & Osório; M.T.M. Cadeia Produtiva e Comercial da Carne de Ovinos e Caprinos - Qualidade e Importância dos Cortes. In: Simpósio
Internacional Sobre Caprinos e Ovinos de Corte, 2, 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Sincorte, 2003, CD-ROM.
Moreno, G.M.B.; Silva Sobrinho, A.G.; Leão, A.G. et al. Rendimento e cortes comerciais da carcaça de cordeiros terminados em confinamento com
diferentes dietas. In: : Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 44, Jaboticabal, 2007. Anais... Jaboticabal:SBZ, 2007b. CD-ROM.
Silva Sobrinho, A.G. Body composition and characteristics of carcass from lambs of different genotypes and ages at slaughter. Palmerston North,
1999. 54p. Report (PostDoctorate in Sheep Meat Production) - Massey University.
Silva Sobrinho, A. G. Criação de ovinos. 2 ed. Ver. e Ampl. Jaboticabal: Funep, 2001. 302 p.
Sousa, O.C.R. Rendimento de carcaça, composição regional e física da paleta e quarto em cordeiros Rommey Marsh abatidos aos 90 e 180 dias de
idade. 1993. 102 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1993.
Yamamoto, S.M. Desempenho e características da carcaça e da carne de cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo silagens de
resíduos de peixes. 106 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal,
2006.
*Zootecnista, Mestranda em Produção Animal (Ovinocultura), Unesp, Jaboticabal, SP
Dez./07
14
Notícias
Em encontro realizado em
Porto Alegre, no dia 29 de novembro, com a presença de vários criadores, foi criada a Federação Latinoamericana de Criadores de Hampshire Down, cuja
presidência ficou com o Brasil,
a cargo do criador e presidente da Associação Brasileira da
raça, Wilson Beloc Barbosa.
Integram a diretoria também os
presidentes das Associações Argentina, Uruguaia e Paraguaia.
Segundo informou Barbosa, a idéia de criação desta entidade é visa fortalecer a raça,
proporcionar trocas de informações técnicas e ter uma atuação
política junto aos ministérios
de Agricultura de cada país, a
fim de viabilizar o intercâmbio
genético. “Queremos também
trabalhar para o crescimento
das raças em todos estes países
para, num futuro próximo, criar
um marketing específico para a
nossa carne”, ressaltou o diri-
Criada a Federação Latino-americana
de Criadores de Hampshire Down
gente.
Para o presidente da Associação Uruguaia de Criadores,
Gonçalo Fulquet, a vontade dos
criadores do seu país é trocar
experiências, tanto na produção quanto na comercialização.
E neste item querem chegar na
possibilidade de vender carne
ovina com a marca Hampshire,
para agregar valor ao produto.
“A carne da nossa raça é muito
saborosa, diferente, e o consumidor precisa conhecer estas
qualidades”, ressalta.
Fulquet relatou que hoje no
Uruguai existem cerca de 35 a
40 criatórios da raça com registro. Mas o rebanho é maior que
isto. “E precisamos aumentar
mais para atender a demanda
externa. Mas, principalmente,
queremos fazer o povo uruguaio consumir a carne ovina,
coisa que não tem muito costume”, relata.
No Paraguai o trabalho tem
sido muito de
cruzamento
industrial com
boa
participação da raça
Hampshire, segundo o presidente da Sociedade de Criadores, Horácio
Lloret. Ele diz
que como base
para mostrar o
crescimento da
raça no pais,
é possível citar o aumento
do número de
animais participantes na
feira nacional
que aconteceu
recentemente
no país. “Estávamos com mais
de 150 animais nos bretes” salienta. Horácio afirma ainda que
também no Paraguai cresce o
Entidade quer unir criadores latinos
consumo da carne ovina “mas
infelizmente, não temos produção suficiente para abastecer
todo o mercado, represando
muito o potencial que temos de
introduzir o costume de consumir esta proteína, no nosso
país”, finaliza.
Dez./07
15
Cordeiro Herval Premium
Notícias
1 Leilão Dorper Christmas
consagra raça em São Paulo
O pioneiro Valdomiro Poliselli Júnior, juntamente com
Daniel Conde, Luiz Felipe
Brennand, com Benjamin
Steinbruch e Orestes Quércia,
receberam importantes convidados na noite de 3 de dezembro, no local Gallery, em São
Paulo, SP, para o badalado 1º
Leilão Dorper Christmas. E
não deu outra. Muitíssimo bem
freqüentado, o pregão alcançou
a soma de R$ 849.000 para os
38 lotes, entre cotas e animais
inteiros. E fixou a alvissareira
média geral de R$ 22.342,00.
Nas categorias, as 32 fêmeas
arrematadas em pista fixaram
a média de R$ 23.781. Dois
machos foram valorizados ao
preço médio de R$ 13 mil e as
quatro prenhezes se venderam
à média de R$ 15,5 mil.
O maior lance
A fêmea Caroatá Bahia TE
76, nascida em julho de 2003
e apresentada no pregão por
Daniel Conde, da AC Agromercantil, de Araxá, MG, fez
o valor top da noite: R$ 85 mil
para 50% da produção futura
do animal. O lote foi adquirido por Fernando Sólon, de
Ribeirão Preto, SP, que também foi o maior investidor do
evento. Com coletas que superam as 40 estruturas viáveis, a
fêmea é uma grande doadora
de embriões e ostenta várias
premiações de pista em destacadas exposições da raça.
Além de Daniel Conde,
integram o grupo promotor
do pregão os paulistas Valdomiro Poliselli Júnior, da VPJ
Pecuária, em Jaguariúna, SP,
além de Benjamin Steinbruch, da Fazenda Alvorada, em
Bragança Paulista, SP e os estreantes Orestes Quércia, da
marca Dorper Top da Raça,
de Campinas, SP. Luiz Felipe
Brennand, do Rebanho Caroatá, também foi promotor o
leilão. Fora desse grupo paulista, ele é considerado um dos
principais nomes da seleção
nordestina, mantendo trabalho
de seleção em Gravatá, PE,
e ciclo completo em Baixa
Grande, BA.
Num clima classe A, o
pregão atraiu mais um nome
conhecido, que pretende também ser ovinocultor. O presidente da Nestlé Fábio Zurita,
tradicional selecionador de
Simental Sul-africano - e que
vem aparecendo bem na seleção de Nelore -, arrematou
oito animais em condomínio
para iniciar sua criação em
duas fazendas: a Belmonte e a
Santa Cruz, ambas em Araras,
SP.
Paraná ganha Câmara Setorial
de Caprinos e Ovinos
O Conselho Estadual de
Desenvolvimento Rural e
Agricultura Familiar (Cedraf),
do Paraná, PR, aprovou por
unanimidade no início de dezembro último a criação da
Câmara Setorial de Caprinos e
Ovinos. A decisão vai facilitar
a organização do setor naquele
Estado. A reunião contou com
os conselheiros e deputados
estaduais Augustinho Zucchi
(PDT/PR) e Elton Welter (PT/
PR), entre outros conselheiros.
Welter foi um dos defensores
da inclusão da ovinocaprinocultura no foco das políticas
de Estado. Para o deputado, o
desafio é fazer com que o pequeno produtor seja atendido
pelo Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf) e que tenha
acesso à assistência técnica.
Os representantes dos produtores vêem na organização
da cadeia a possibilidade do
Paraná tornar-se referência
na produção de carnes. “Mas
para isso é necessário ter escala de produção para atender
a demanda do mercado e isso
Paraná quer organizar mercado ovino
só se consegue com o apoio
dida e consumida é clandestido Estado”, disse o presidente
na. “Os produtores legalizados
da Associação dos Caprinoperdem competitividade em
cultores do Paraná (Capripar),
relação àqueles que não esAryzone Mendes de Araújo.
tão formalizados”, destacou.
Já na avaliação do presidente
O desafio para a Câmara Setoda Cooperativa Agroindustrial
rial é organizar também o merdos Ovinocultores (Coopercacado para a lã, na opinião da
panna) de Londrina, Ricardo
criadora Edla Woelfer LustoLuca, a criação da Câmara
sa. Ela esteve recentemente na
Setorial representa a possibiliChina e voltou entusiasmada
dade de formalização do mercom a possibilidade de exporcado para evitar a comercialitar a lã para aquele país. “Mas
zação clandestina. Ele estima
para isso, precisamos organique na região de Londrina
zar os produtores e de produpelo menos 80% da carne venção em escala”, afirmou.
Mais de 32 mil quilos de
carne de cordeiro consumidos
no Rio Grande do Sul em 2007
levavam o selo Cordeiro Herval
Premium. A marca pertence à
primeira certificadora de carne de cordeiro do País, registrada no Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (Inpi).
Criado por produtores do sul do
Estado, em dezembro de 1999, o
selo de qualidade garante a padronização da carne, a partir de
atributos como peso e idade do
animal, além de nível e distribuição de gordura na carcaça.
Segundo o presidente do
Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium, Carlos
Hoffmeister, a avaliação dos
animais é realizada no campo
e no frigorífico. “A do campo
serve para pré-selecionar os ani-
mais com idade e terminação
adequadas. No entanto, somente
no frigorífico, após verificação
da quantidade e da distribuição
da gordura na carcaça é que se
efetiva a certificação”, afirma
Hoffmeister.
Os produtores que participam
do programa do Cordeiro Herval
Premium recebem remuneração
diferenciada durante todo ano. E
os consumidores da carne têm a
garantia de um produto saudável, macio e saboroso.
Feovelha bate recorde
de inscrições
Uma das mais tradicionais
feiras de ovinos do Rio Grande do Sul, a Feovelha, realizase de 24 a 27 de janeiro, em Pinheiro Machado, RS. Em sua
24ª edição, a Feovelha 2007
bateu os recordes de inscrições que conquistou em 2007,
quando 11 mil animais de todas as categorias foram levados ao Parque de Exposições
do Sindicato Rural de Pinheiro Machado. O evento vai ter
também, em sua programação,
a 21ª Comparsa da Canção
Nativa, 19ª feira do Artesanato
em Lã, 14º Encontro de Vehículos Antigos, 8ª Vinovelha, 7ª
Mostra da Indústria e comércio
e a quarta edição da Gineteada
e do crioulaço.
O Presidente do Sindicato
Rural de Pinheiro Machado,
Max Soares Garcia, diz que
“a feira projeta a região e suas
características, além de manter
o alto padrão da produção de
ovinos da região sul”. Ele diz
ainda que a Feovelha tem servido de balizadora para os preços da ovinocultura no Estado.
O evento é promovido pelo
sindicato rural, com a parceria
da Emater/RS e da Prefeitura
Municipal. Mais informações
pelo site www.feovelha.com.
br e pelos fones: 53 3248.1600
/ 3248.1564.
Dez./07
16
Samm: a nova raça no Brasil
Novidade
S
ua origem remonta ao século XVI, através dos cruzamentos das raças de dupla
aptidão (carne e lã), conhecida
como Fanpelschaf. Mais tarde
foi cruzada com o Marhschaf,
buscando melhoria da lã. Em
meados do século XVIII foi introduzido nestes produtos F1 o
Merino originário da Espanha
e França, para melhoramento
da carne e da lã, surgindo daí o
German Mutton Merino, como
raça, em 1761.
Em 1932 o German Mutton
Merino foi introduzido pelos
alemães na África do Sul, que
cruzando entre si e sob as rígidas condições do clima e solo
naquela região, deu origem a
um animal de excelente desenvolvimento para ganho de
peso e qualidade de carcaça,
sendo que em meados de 1971
passou a ter a denominação de
South African Mutton Merino.
No Brasil a primeira importação desses animais e embriões ocorreu em julho de 2004,
através do criador Hélio Duarte, da Estância Cachoeira, de
Botucatu, SP. Foram 24 fêmeas e dois machos, que já tem
apresentado crias de excelente
qualidade,
muitas
nascidas de partos
duplos e triplos.
Duarte diz que as
principais características da raça são
a efetiva dupla aptidão, carne e lã (de
qualidade 21 a 23
micras), excelente
habilidade materna e
fácil adaptação a todos os tipos de pastagens. “Usamos o
SAMM para produção de carne - embora sua lã seja Prime
(é um derivado do
Merino) - através de
cruzamentos com o Santa Inês
e nos cruzamentos do FI com
Dorper, formando um treecross de excelente qualidade. A
habilidade materna das fêmeas
1/2 sangue e 3/4 é tremenda.
São selecionadas para receptoras em nossos programas de
TE”, diz. Duarte assegura que
os machos 1/2 sangue SAMM
x Santa Inês têm se mostrado
mais precoces, ganhando em
media 4% de peso em comparação com os 1/2 sangue diversos.
Criador paulista traz nova raça ao Brasil
ARCO
COMUNICADO DO REGISTRO GENEALÓGICO DE OVINOS
RAÇA SAMM
Assunto: Autorização de Abertura do Livro de Registro Genealógico de Ovinos da Raça
SAMM
PORTARIA nº 111 DE 8 DE JUNHO DE 2007 DO MAPA, resolve:
Art. 2º Conceder autorização à Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO, com
sede no município de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, inscrita no Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento sob nº 07, na categoria de ENTIDADE DE ÂMBITO NACIONAL
para efetuar o registro genealógico do ovino South African Mutton Merino, sujeitando-se as
normas aprovadas para Portaria SNAP nº 47, de 15 de outubro de 1987.
Ovinos Dohne
Trazida para o Brasil pelo
criador Gilson Predebon, de
Quaraí, RS, a raça Dohne ainda não está oficialmente reconhecida no País, uma vez que
não entrou com seu pedido de
registro junto à ARCO. Mesmo assim, é uma raça de duplo
propósito, com cruzamentos
semelhantes aos da SAMM.
Conforme explica Prede-
bon, a Dohne proporciona
maior velocidade de apronte dos cordeiros cruzas, com
melhor conformação de carcaça. Lã de melhor qualidade, totalmente branca, sem
fibras negras. “É uma opção
para o mercado, para quem
quer trabalhar tanto na produção de carne, quanto na
de lã”, assinala o criador.
RAÇA SAMM
(South African Mutton Merino)
Origem
A raça ovina SAMM formou-se na África do Sul. Na formação participaram as raças German
Mutton Merino e German Merino, raças originadas na Alemanha a partir do cruzamento das
raças alemãs, com o Merino Espanhol, Ile de France, Leicester Longwool e South Hamp.
Em 1970, os diversos tipos que existiam na África do Sul foram unificados, dentro de um padrão
racial, recebendo denominação de SAMM. O ovino SAMM é de dupla aptidão, carne e lã, com
acentuada predominância carniceira. O equilíbrio zootécnico é 60% carne e 40% lã.
Ovino de porte médio, constituição robusta, com boa massa muscular e cobertura de lã branca
de qualidade.
Engº. Agro. Francisco José Perelló Medeiros
Superintendente do R.G.O
Dohne é
de duplo
propósito
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Dez 2007 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino