Evento reuniu mais de 100 inspetores técnicos de todo o Brasil, em Avaré, SP, em novembro Sucesso! Páginas 7 a 11 Encontro de Inspetores Técnicos Ovinos naturalmente coloridos Um antigo jovem técnico Curiosidade ou não, estes animais podem ser um excelente nicho de mercado Aos 84 anos, Dirceu Veira tem a mesma desenvoltura no trabalho de mangueira e na malhação da academia Página 6 Página 4 Dez./07 2 Aumentar o rebanho rumo à autosuficiência O ARCO JORNAL é o veículo informativo da ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159 Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefones: 53 3242.8422 e 53 3242.9522 E-mail: [email protected] Home page: www.arcoovinos.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Afonso Schwab 1° Vice-presidente: Teófilo Pereira Garcia de Garcia 2° Vice- presidente: Suetônio Vilar Campos 1° Secretário: Wilson José Mateo Dornelles 2° Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1° Tesoureiro: Tairo Batista Pires Teixeira 2° Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares CONSELHO FISCAL Titulares Araquen Pedro Dutra Telles Matheus José Schmidt Filho Renato Gutterres da Silva Suplentes Arnaldo dos Santos Vieira Filho Claudino Loro Pérsio Ailton Tosi Superintendente do R.G.O: Francisco José Perelló Medeiros Gerente de Provas Zootécnicas: Araquen Pedro Dutra Telles Supervisor Administrativo: Paulo Azevedo Soares Gerente de Controladoria: Bismar Azevedo Soares ARCO JORNAL Coordenação Geral: Agropress Agência de Comunicação Edição: Eduardo Fehn Teixeira e Horst Knak Agência Ciranda Jornalista responsável: Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03 Diagramação: Nicolau Balaszow Fotografia: Banco de Imagens ARCO e Divulgação Departamento Comercial: Daniela da Silva Manfron [email protected] Fone: 51 3231.6210 / 51 8116.9782 A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte. Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] A ovinocultura brasileira passa por um momento que pode ser considerado, no mínimo, anacrônico. Apesar de possuirmos um rebanho de mais de 20 milhões de cabeças – volume que até é pequeno para as nossas potencialidades - estamos sendo um bom cliente de outros países, na medida em que somos importadores de carne (mais de 50% do consumo interno), pele, lã e derivados, justamente para suprir nossas necessidades. Por diversas ocasiões, através de ações isoladas, já demonstramos capacidade para alterar esta situação, via programas de produção de ovinos. Mas, na maioria das vezes estes projetos se findam no meio do caminho, salvo raras exceções. Precisamos e podemos alterar este cenário. Temos que trabalhar para sermos donos de nosso próprio mercado (abastecê-lo com folga) e atingirmos o estágio de exportadores destes produtos, assim como os segmentos do frango, do suíno e o do boi já conseguiram fazer. Pois o primeiro passo na busca dessa meta é o aumento do rebanho, com a implantação e execução de programas de incentivo à ovinocultura, a partir da organização de toda a cadeia produtiva e com um intenso trabalho de melhoramento genético de todo o nosso rebanho. Um melhoramento que deve atingir todos os níveis, desde os animais PO até os que não possuam registro. E isto se faz urgente! Desde sua criação, a ARCO tem se pautado por trabalhar na assistência técnica e, de certa forma, na extensão rural do setor, buscando auxiliar os produtores no trabalho de seleção genética e aprimoramento do rebanho. Com o seu fortalecimento como uma entidade que é sinônimo de um moderno e eficiente “cartório de registros”, agora cada vez mais com o foco Editorial voltado ao nível nacional, ganhamos mais responsabilidade de direcionar a ovinocultura para a posição de destaque que ela sempre mereceu ter no Brasil. E começamos este caminho fazendo o tema de casa. Buscamos estruturar a parte administrativa, treinando todo o pessoal operacional para a melhoria no atendimento às necessidades do nosso associado. Já há algum tempo estamos trabalhando no aperfeiçoamento de nosso Banco de Dados e de toda a parte de informática, para permitir que tanto os Inspetores Técnicos, quanto o associado, façam suas comunicações de forma fácil e ágil e de qualquer parte do País. Na área de “políticas externas” estamos buscando apoiar a fundação de associações estaduais de criadores, capazes de interferir positivamente na organização da atividade em nível regional. Com isto também fortalecemos ainda mais a presença da ARCO como entidade nacional da ovinocultura. E, para assinalarmos cada vez mais este aspecto, estamos atuando de forma incisiva, nas várias Câmaras Setoriais da Ovinocultura, tanto as estaduais quanto a nacional. Por fim - e não menos importante - realizamos o I Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da nossa entidade, evento que, pela primeira vez, reuniu profissionais de todo o Brasil. Com todas essas ações e planos reafirmamos que estamos nos empenhando para que a ARCO seja, cada vez mais, a entidade que trabalha pela ovinocultura em todos os âmbitos, desde o campo até as questões políticas e de regulação da atividade. Estamos buscando elevar o agronegócio de ovinos a uma condição de relevância econômica e política, semelhante a que a bovinocultura de corte, por exemplo, alcança na atualidade. E isto, com o comprometimento de todos, conseguiremos, com certeza. Boa leitura! Paulo Schwab Presidente da ARCO Dez./07 3 A fundação de mais duas associações estaduais de criadores de ovinos, completando o quadro de 24 entidades representativas do setor em todo o País é um marco importante para a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, a ARCO. Isto porque fortalece a posição da entidade como a representante nacional do segmento, não só administrativo como também político e organizacional. Acrescenta-se a este fato a instalação de várias câmaras setoriais pelo país e, principalmente a que se instalou na Câmara dos Deputados, em Brasília. Com estes dois destaques o presidente da Arco, Paulo Schwab, avalia que o ano de 2007 encerra bastante positivo. Consolidando a posição da ARCO ARCO quer dobrar rebanho em cinco anos “A ovinocultura está caminhando para a maturidade enquanto cadeia produtiva, recuperando terreno que perdeu, quando a base de sua produção era a lã”, assinala Schwab. Ele diz que o rebanho hoje, segundo o IBGE é de 20 milhões de cabeças, número bastante tímido, se comparado com o rebanho bovino de carne. Porém, conforme o dirigente, o retorno do investimento no setor, principalmente por conta da produção de ovinos carne, projeta um cenário para os próximos anos, bastante favorável. “Queremos dobrar o tamanho do rebanho em cinco anos, meta perfeitamente possível”, acredita Schwab. O planejamento para alcançar este objetivo já está formatado. O presidente da ARCO diz que a associação está se estruturando internamente para melhorar o atendimento. Mas também, na parte zootécnica, buscou fazer convênios com instituições de pesquisas a fim de fazer levantamento do que eles já possuem de informações sobre o setor, e como repassá-las para o campo. “Precisamos começar o processo de transferência desta tecnologia, deste volume de conhecimento e saber o que já existe em todas as instituições. Com isto em mãos, pretendemos montar um sistema de repasse destes conhecimentos para o produ- Balanço tor”, afirma. Ele acrescenta dizendo que isto é importante porque está na hora de aumentar a produtividade e isto se faz com tecnologia. Schwab destaca também que a ARCO pretende incentivar, através do programa de certificação da carne ovina, a expansão do rebanho comercial. Para ele o Brasil já está bem amparado no que se refere ao trabalho de seleção genética, mas está necessitando ampliar a base da produção ovina, “até para ter para onde introduzir toda o ganho genético que as cabanhas obtém em seu trabalho”, assinala. Para finalizar ele diz que o grande momento do ano foi a realização do Iº Encontro Nacional de Inspetores Técnicos, que reuniu 95% dos avaliadores da entidade, para uma grande reciclagem. “Saímos renovados como técnicos e fortalecidos como entidade”, assinala o presidente. Dez./07 4 Um antigo jovem técnico Perfil A ndou por entre seus colegas e prestou atenção às palestras e às demonstrações de campo que aconteceram no Encontro Nacional de Inspetores Técnicos da ARCO, como um novato. Queria saber de tudo e foi bastante participativo. Lenço no pescoço e o boné Kangol são sua marca pessoal, quando vai a campo. E como ressalta, não renega ao trabalho. O jeito jovial de conversar, contar estórias traz à tona a simpatia deste agrônomo, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1955, graduação feita à base de muita luta e esforço. “Eu trabalhava no campo, com meus irmãos, fazia de tudo. E sendo a nossa fazenda longe da cidade, meu pai trazia professores para dar aula para nós e os vizinhos”, lembra. Mas em geral, o ensino não ia muito pra frente. Só que ele queria avançar, queria ter um diploma universitário. Certa feita, o doutor da família perguntou quem gostaria de continuar estudando. Ele apontou o dedo. Sem o apoio do pai, veio estudar em Porto Alegre, no Colégio Rosário. E por seu esforço próprio, Dirceu Severo Vieira, ou o Seu Dirceu, conquistou o seu sonho. Logo em seguida estava trabalhando na Superintendência do Ministério da Agricultura, mais exatamente em Faxinal do Soturno, município da região central do Estado. “Só tinha um posto por lá. Eu fazia tudo. Aos poucos consegui recursos para construir uma casa e criar a infra-estrutura necessária para exercer a fiscalização local”, lembra. Tempos depois recebeu uma proposta e resolveu aceitá-la. Foi trabalhar na Secretaria da Agricultura do RS, no município de Tupanciretã, também na região central do estado. “Por lá eu também fiz muitas coisas, mas acima de tudo, incentivei bastante o desenvolvimento da ovinocultura”, relata com os olhos brilhando. Ele diz que na época, basicamente se criavam ovelhas para a produção de lã; Ideal, Merino, Romney Marsh e Corriedale. “Muitos anos depois é que vieram as ovelhas tipo carne”, acrescenta. Aos 84 anos, é incansável no trabalho de mangueira. Pode passar o dia todo revisando rebanhos. Vai à academia três vezes por semana, para manter o corpo saudável. Para se modernizar, comprou um computador e contratou uma pessoa para ensiná-lo a lidar com “o bicho”. No princípio foi um encanto. Mas quando percebeu que passava muitas horas na frente da “máquina”, largou de mão. “Ficava muito para- Dirceu Severo Vieira, 84 anos de conhecimento e vitalidade do”, comentou. Hoje utiliza o equipamento para suas atividades com a ARCO e também para falar com os filhos, que estão longe. “Esta tecnologia de usar o computador para se comunicar com outras pessoas, como se fosse telefone, é uma maravilha”, salienta seu Dirceu. Quando vai fazer as visitas técnicas ele mesmo dirige seu carro. Mesmo que a família proteste. Não dá ouvidos. “Logo que iniciei como técnico da ARCO, em 1969, viajava muito. Tinha que atender a uma região bem grande. Saía de Santa Maria até Viamão e depois subia prá região serrana do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Enfrentei atoleiros e estradas ruins, mas fui conquistando amigos e conhecimento”, relata. Uma das cabanhas mais antigas na qual ele trabalha é a Cerro Coroado, dos Garcia de Garcia. Ele conta sorrindo que conhece o Teófilo, um dos vice-presidentes da Arco, desde menino. Na sua trajetória viu as raças especializadas em produção de carne chegar aos campos gaúchos. Deste tempo ele lembra que alertou aos criadores que para iniciarem este tipo de criação seria necessário aprimorar a alimentação, melhorar as pastagens. “Não se pode criar ovino carne sem ter boas leguminosas no campo”, ressalta. Hoje ele observa que o padrão da ponta do rebanho destas raças está em bom nível zootécnico. “Nós já tivemos importantes evoluções nos rebanhos, e temos espaço para evoluirmos mais ainda”, acredita. Mesmo assim ele diz que infelizmente, isto ainda está restrito a 15% do total de criadores. O restante se atrasou e isso prejudica todo a criação, critica. Para seu Dirceu há também entre os criadores uma forte tendência de formarem cabanhas e se esquecem de incentivar ou desenvolver rebanhos de cria. “É preciso criar e fazer funcionar todo o sistema da cadeia. Igual ao que a bovinocultura tem, ou seja, o invernador, o criador de cordeiro, uma organização que vai favorecer a produção mais sistemática da carne ovina”, aponta o técnico. Outra recomendação que ele dá é que tudo precisa ser planificado. Tudo tem que ter um porque, para não haver investimento desnecessário ou resultados ruins que levem à frustração. “A atividade rural não pode ser considerada um hobby. É uma empresa como as outras e precisa de resultados bem satisfatórios. Para tanto, precisa de planejamento e metas, e isto, o produtor precisa aprender a fazer e a aplicar no seu negócio”, finaliza. História No dia 15 de março de 1942, a Folha da Tarde registra em foto e ampla reportagem um acontecimento histórico: a primeira ovelha é tatuada no Brasil. Marco inicial de uma nova era na pecuária ovina do Rio Grande foi o título da matéria. Grande Expectativa dos ruralistas gaúchos em torno dos trabalhos de seleção ovina, determinado pela Comissão de Melhoramento Ovino da Secretaria da Agricultura. Mesa que presidiu os trabalhos de fundação da Associação Rio-Grandense de Criadores de Ovinos, em Santana do Livramento, em janeiro de 1942. 1) Geraldo Velloso Nunes Vieira, 2) Oswaldo Freitas Só, 3) Carlos Serafim de Castro, 4) Paulo Martins, 5) Nadir Bofill, 6) Nelson Sarmento, 7) Telmo Bastos, 8) João Farinha, 9) Cláudio Osório Pereira, 10) Pedro Duval e 11) Barbat Rivero – uruguaio. Dez./07 5 Economia “E Agronegócio brasileiro é capaz de promover mudança geopolítica mundial stabelecer parcerias e buscar apoios que se traduzam em recursos materiais e financeiros e trabalhar em prol da efetiva união das diversas cadeias produtivas são as principais e urgentes condutas a serem adotadas pelo setor primário nacional. Assim o Brasil terá as condições necessárias para atingir todo o seu potencial produtivo, que pode ser forte o suficiente para promover uma mudança geopolítica mundial”. Estas foram as recomendações do agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em recente palestra proferida em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, MS. O ex-ministro começou seu pronunciamento afirmando que, dos dez maiores problemas a serem enfrentados pela humanidade nas próximas décadas, cinco se encontram na agricultura, sua principal possibilidade de solução. São eles: energia, água, alimentos, meio-ambiente e pobreza. Esta afirmação foi balizada na apresentação de dados de um estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, que demonstrou a evolução da produção brasileira de grãos na última década. “O Brasil teve um aumento de 127% no volume de sua produção, enquanto o aumento da área cultivada foi de 21,8%”, citou Rodrigues. O desempenho do Brasil nas exportações foi outro aspecto detalhado por ele. “De 1997 a 2006 a exportação de soja cresceu 110%; a de produtos madeireiros, 103%; a de açúcar, 200%; de café 67%; de fibras (principalmente algodão), 470%; mas o índice mais surpreendente foi mesmo o aumento na exportação de milho, que chegou a 1.025%”, ressaltou. Ainda segundo Roberto Rodrigues, os produtos oriundos do agronegócio respondem por 92% das exportações brasileiras. “É o agronegócio que vem segurando a balança comercial e garantindo o crescimento das reservas do País”, enfatizou, explicando que ao mes- mo tempo que as exportações cresceram, as importações se mantiveram estáveis ou menores, “com exceção do período entre 2005 e 2006, quando uma conjunção de fatores desfavoráveis comprometeu muito o setor primário”, lembrou. Demandas mundiais Para respaldar ainda mais sua afirmação de que o Brasil poderá vir a ser o grande provedor mundial de produtos agro-industriais, o ex-ministro traçou um panorama das tendências mundiais de demanda por esses produtos. Rodrigues classificou a crescente exigência por rastreabilidade e certificação como “uma tendência inequívoca”. E classificou o crescimento demográfico mundial como uma prova de que, num futuro próximo, energia e alimentos serão realmente as grandes necessidades de toda a humanidade. “Em 2000 a população mundial era de 6,1 bilhão de pessoas. A estimativa é de que em 2030 ela seja de 8,3 bilhões, o que significa 2,1 bilhões a mais de pessoas se alimentando e consumindo energia”, calculou Rodrigues. E acrescentou que 85% desse crescimento populacional se dará na Ásia e na África. Como argumento de que outra crescente tendência mundial é a necessidade de se agregar valor aos produtos primários, em função da mudança do perfil dos habitantes do planeta, Rodrigues citou o fato de que, enquanto em 2000, 53% da população mundial era urbana e 47% vivia no campo, a projeção para 2030 é de que o índice dos habitantes de cidades suba para 61% e o de habitantes rurais caia para 39%. Seguindo o mesmo raciocínio ele revelou que em 2000 havia, em todo o mundo 140 mil pessoas com mais de 100 anos. Em 2030 esse número deverá chegar a 1,4 milhão, atingindo 1,5 milhão em 2040. “Logicamente haverá maior consumo de produtos que ofereçam mais praticidade, maiores facilidades e vantagens para o consumidor urbano”, analisa. Por fim, Roberto Rodrigues Brasil tem condições de suprir o mundo de alimentos voltou a reforçar que um país como o Brasil, que tem cerca de 62 milhões de hectares de terras agricultáveis e 220 milhões de hectares de pastagens tem potencial para se tornar não apenas auto-suficiente em energia e alimentos, mas também de suprir essas necessidades de países com o os Estados Unidos, que embora possua um excedente de alimentos, é deficitário em fontes renováveis para geração de energia. Ainda segundo Rodrigues, enquanto na América Latina existe um certo equilíbrio na produção de alimentos e energia, a União Européia, Ásia e a África passam por déficit de ambos. “Por isso o Brasil vive uma chance espetacular, um momento fantástico de promover a expansão de suas exportações a ponto de promover uma mudança na estrutura geo-econômica e agrícola mundial”. No entanto, “lhe faltam estratégias para buscar mercados, faltam recursos materiais e financeiros para investir em logística, integração, articulação entre os diversos elos das cadeias produtivas do agronegócio. O setor primário brasileiro sofre com a desarticulação”, opina. O ex-ministro conclui: “A organização em cooperativas, sindicatos, associações dos diversos elos é fundamental. Juntos e fortalecidos eles poderão buscar as necessárias políticas públicas para que o potencial seja alcançado gerando riqueza e renda para o país. Para mudar a “civilização” precisamos de competência e união”. Paraná ganha Câmara Setorial de ovinos e caprinos O Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf), do Paraná, PR, aprovou por unanimidade no início de dezembro último a criação da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos. A decisão vai facilitar a organização do setor naquele Estado. A reunião contou com os conselheiros e deputados estaduais Augustinho Zucchi (PDT/PR) e Elton Welter (PT/PR), entre outros conselheiros. Welter foi um dos defensores da inclusão da ovinocaprinocultura no foco das políticas de Estado. Para o deputado, o desafio é fazer com que o pequeno produtor seja atendido pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que tenha acesso à assistência técnica. Os representantes dos produtores vêem na organização da cadeia a possibilidade do Paraná tornar-se referência na produção de carnes. “Mas para isso é necessário ter escala de produção para atender a demanda do mercado e isso só se consegue com o apoio do Estado”, disse o presidente da Associação dos Caprinocultores do Paraná (Capripar), Aryzone Mendes de Araújo. Já na avaliação do presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Ovinocultores (Coopercapanna) de Londrina, Ricardo Luca, a criação da Câmara Setorial representa a possibilidade de formalização do mercado para evitar a comercialização clandestina. Ele estima que na região de Londrina pelo menos 80% da carne vendida e consumida é clandestina. “Os produtores legalizados perdem competitividade em relação àqueles que não estão formalizados”, destacou. O desafio para a Câmara Setorial é organizar também o mercado para a lã, na opinião da criadora Edla Woelfer Lustosa. Ela esteve recentemente na China e voltou entusiasmada com a possibilidade de exportar a lã para aquele país. “Mas para isso, precisamos organizar os produtores e de produção em escala”, afirmou. Dez./07 6 Mercado Telles: Este abate tem significado importante E Programa Cordeiro de Qualidade realiza primeiro abate em Pantano Grande, RS m 18 de dezembro de 2007, no Frigorífico Pantanense, em Pantano Grande, RS, foi realizado o primeiro abate de cordeiros do Programa Cordeiro de Qualidade ARCO, parceria entre a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos e o Programa Juntos Para Competir do Sebrae/ Senar - Farsul. Entre as 200 cabeças, metade é proveniente do município de Dom Pedrito e metade de São Martinho. A comercialização, realizada antes do Natal, teve como ponto de vendas a Casa de Car- nes Bolinha, de Porto Alegre, RS. O coordenador do programa junto à ARCO, Araquen Telles, destacou que a ARCO vai desenvolver materiais informativos, buscando apresentar e divulgar as características do produto e a diferenciação que o programa possui. Telles afirma que os abates serão quinzenais, com média de 250 animais, podendo oscilar para mais ou para menos conforme o momento (excesso ou escassez), mas sempre próximo a esse número, com peso aproximado entre 25 a 45 kg. Telles assinalou que todos os produtores dos grupos recebem capacitação do programa para avaliação de condição corporal dos cordeiros, para contribuir com o trabalho do técnico da ARCO e de cada responsável para garantir a qualidade dos cordeiros apresentados para abate. “É nossa primeira experiência no processo de união de toda a cadeia de produção e ainda temos muito a aprender, mas estou otimista e confiante na capacidade de nossos produtores, pessoal técnico e parceiros”, assinala Telles. Ovinos naturalmente coloridos Ovinos naturalmente coloridos são quaisquer ovinos que não sejam brancos. Eles podem ser totalmente ou parcialmente pigmentados, em cores variando do marrom escuro ao creme, e do preto a cinza prateado. Ovinos com lã naturalmente colorida são encontrados ocasionalmente na maioria das raças. Em vários países do mundo, ovinos coloridos de alta qualidade são freqüentemente mantidos por sua lã, que tem uso artesanal e comercial. Entre as raças favoritas estão: Merino, Romney, Corriedale, Ideal e Border Leicester, entre as criadas no Brasil. Por séculos, os ovinos têm sido selecionados para produzir lã branca. Os principais estímulos foram o desenvolvimento de tingimentos que permitem uma diversificada gama de cores do que somente as cores naturais das primitivas raças ovinas. Esta seleção de ovinos brancos apenas mascarou a presença de genes para cores nas modernas raças brancas, devido à ação inibidora do gene branco dominante. Não é incomum aparecerem, num rebanho branco, cordeiros pretos ou coloridos, mas estes cordeiros são normalmente castrados ou abatidos. Contudo, o que nem sempre é reconhecido o fato de que, para produzir um cordeiro colorido, ambos os pais devem estar carregando o gene para cor. Em vários países existem associações com o objetivo de preservar, divulgar e melhorar a qualidade dos ovinos naturalmente coloridos, ressaltando-se as da Nova Zelândia, da Austrália, da Inglaterra e a dos Estados Unidos, entre outras. Por isso, aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul, foi criada a Associação Brasileira de Criadores de Ovi- nos Naturalmente Coloridos, presidida pela Médica Veterinária, Criadora, Dra. Clara Vaz. O principal objetivo da associação é divulgar e difundir estes animais, possibilitando o registro de animais puros e selecionados, que produzirão lã e pele de qualidade para diferentes fins. Atualmente, entre as raças lanadas, somente a Karakul e a Crioula são reconhecidas pela ARCO, mas suas lãs, por sua grossura, são mais adequadas para confecção de palas, tapetes, mantas e objetos de decoração. Raças deslanadas como o Santa Inês, Morada Nova e Cariri também são consideradas naturalmente coloridas. Na África do Sul, a raça Damara é amplamente utilizada por causa de sua pele de alta qualidade e colorido natural, exemplo que pode ser seguido aqui no Brasil. Estes animais podem se tornar um excelente nicho de mercado em propriedades de qualquer tamanho, seja produzindo peles, lã para uso artesanal ou comercial, ou produzindo pelegos, que hoje são vendidos a valores superiores ao de um animal vivo. Além disso, a demanda por produtos naturais, sem tingimentos ou com tingimentos naturais, vem crescendo a cada dia em todo o mundo. Em 2009, o Rio Grande do Sul e o Brasil sediarão o VII Congresso Mundial de Ovinos Naturalmente Coloridos, que ocorre de 5 em 5 anos, quando se pretende mostrar aos visitantes do mundo inteiro, a qualidade de nossos rebanhos. Entenda por que alguns ovinos são coloridos O ovino herda de seus pais os genes que o fazem naturalmente coloridos. Existem muitos padrões possíveis: todo branco, multicolor ou manchado e em cores sólidas. A maioria das ovelhas lanadas coloridas se tornam mais claras com a idade. Existem 2 principais grupos de genes que controlam as cores em ovinos: uma determina a cor padrão e a outra determina a cor real, que a ovelha irá ter, naquelas partes onde não é branca e a interação entre eles é o que produz diferentes padrões de cores e estampas, inclusive manchas. Toda ovelha herda 2 genes de cada série, um de cada pai. Esta combinação de genes é que irá definir a cor do animal. Os genes que definem a cor, através da deposição de melanina, é recessivo na maioria das raças. Dez./07 7 Especial A ARCO promove Encontro Nacional de Inspetores Técnicos semana de 12 a 16 de novembro de 2007 vai ficar marcada no calendário dos grandes eventos da ovinocultura nacional. A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO) realizou, em Avaré, SP, o “Encontro Nacional dos Inspetores Técnicos”, uma empreitada de vulto que contou com o apoio da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco) e da Estância Dolly, um centro de serviços voltado para a disseminação da raça Santa Inês no Sudeste. Foi uma reunião de alto nível, feita em nome do fortalecimento do mercado de ovinos, numa investida pioneira até então não tentada no Brasil. É certo que há o registro da realização de um acontecimento parecido, em 1987, em São Paulo, só que sem a grandiosidade e eloqüência dos números exibidos pelo congresso bancado agora pela ARCO. Naquela época - convém frisar - a ovinocultura era representada por apenas dez associações estaduais, se tanto, ao contrário de hoje, quando basicamente todo o País, de Norte a Sul, se encontra engajado na batalha pela expansão do setor. “A ovinocultura talvez seja um dos segmentos que mais crescem no Brasil, e isto acontece do Oiapoque ao Chuí”, disse o entusiasmado Paulo Afonso Schwab, presidente da ARCO, dirigindo-se a uma platéia de mais de cem inspetores técnicos ligados à entidade e vindos de todas as regiões do Brasil, uma força de trabalho a quem o segmento deve muito. “Eles são os responsáveis pelo direcionamento dos rebanhos e respectivo registro genealógico”, afiançou o presidente da Aspaco, Arnaldo dos Santos Vieira Filho, lembrando que, dadas as dimensões continentais do Brasil, aquela era uma oportunidade única para os técnicos se conhecerem e, de quebra, harmonizarem informações, contribuindo, assim, para a melhoria do trabalho no campo. “Esta reu- Da esq. para a dir., Wilson Dorneles (Cicico), Paulo Sergio Soares, Teófilo Garcia, Suetônio Campos, Paulo Schwab, Arnaldo Vieira Filho, Francisco Perelló, Edemundo Gressler, Araquén Telles nião é mais uma etapa do amadurecimento da ovinocultura nacional”, enfatizou. O amplo salão de convenções do Hotel Villa Verde, em Avaré, foi integralmente ocupado por engenheiros agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas, profissionais de diversos sotaques (sulista, paulista, nortista e nordestino), que traziam nas costas muitos anos dedicados à ovinocultura e revelavam inusitado interesse na atualização e reciclagem propostas pelo evento. Também se mostravam empenhados em enriquecer seus conhecimentos sobre as mais de vinte raças de ovinos em franca criação no País. Paulo Schwab comentou que um dos objetivos do encontro, na realidade, era debater padrões que levassem à seleção e ao aprimoramento genético do rebanho nacional. Vale lembrar que o Brasil tem hoje uma multiplicidade de raças, que variam de acordo com as regiões. “Nosso rebanho contabiliza 20 milhões de ovinos. Parece bastante, mas não é”, observou o presidente da ARCO, dizendo que 60% da carne de ovelha consumida pelo mercado vem de fora, principalmente do Uruguai. E acrescentou que essa dependência do exterior também se dá com a lã mais fina e com o leite e seus derivados. “Ou seja, temos uma longa estrada pela frente”, frisou, acentuando que o consumo per capita de carne de ovinos do País é de apenas 600 gramas ao ano, uma demanda irrisória ante outros números mundiais (42,2 kg na Nova Zelândia e 20,2 kg na Austrália). Schwab acentuou que se optássemos pela colocação maciça da ovelha ao lado do boi no pasto (o rebanho bovino no Brasil é de 208 milhões de cabeças) “chegaríamos, sem muitas dificuldades, a 100 milhões de ovinos e sem criar embaraços ao gado no aspecto do manejo”, finalizou. É até dispensável argumentar que a firme participação dos inspetores técnicos é crucial para a concretização desse sonho. “Vocês são meus olhos e minhas mãos”, falou Francisco José Perelló Medeiros, superintendente do Registro Genealógico da ARCO e a quem os inspetores se reportam. E o dirigente da ARCO foi mais explícito ainda a respeito desse entrosamento quando fez a seguinte declaração: “Eu só consigo andar com o meu trabalho porque vocês fazem a sua parte”. E como fazem. Graças a esses profissionais, o setor vai ganhando músculos e se permitindo fazer planos. “Venho sonhando com a realização deste encontro há exatas duas décadas”, disse o vice-presidente da ARCO, o paraibano Suetonio Vilar Campos, que participou daquele evento embrionário de 1987. Schwab, de sua parte, adiantou que o próximo encontro poderá ser realizado daqui a dois anos. É certo, porém, que o quadro de profissionais terá de ser ampliado, à proporção que a ovinocultura for ganhando maior expressão. Antes, porém, será preciso uniformizar o trabalho dos inspetores técnicos que estão na ativa. O balanço desses cinco dias, segundo Paulo Schwab, foi altamente positivo, tendo mesmo descortinado novos horizontes para a ovinocultura. “Os objetivos iniciais imaginados pela entidade foram superados”, festejou o presidente da ARCO, ressaltando que “depois de tudo o que foi dito e feito neste encontro, posso assegurar que nossos inspetores técnicos estão aptos a julgar e selecionar rebanhos em qualquer ponto do imenso território brasileiro”. Programa eclético e técnico A programação foi ao mesmo tempo eclética e técnica: Motivação Para Um Trabalho Melhor, pela zootecnista Rúbia Dulcine; O Técnico Extensionista, com o professor Edson Ramos de Siqueira, da Unesp de Botucatu; e Legislação do Registro Genealógico, com o médico-veterinário Luiz Felipe Pinheiro Reimann, chefe da Divisão de Fiscalização e Serviço de Registros Genealógicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Merece relevância ainda a apresentação dos pontos críticos do Regulamento da entidade, que foi conduzida por Perelló e Araquen Pedro Dutra Telles, gerente de Provas Zootécnicas da associação. Os projetos de atualização dos sistemas de informatização da ARCO também ganharam destaque, casos do banco de dados de embriões e dos programas de certificação de carne ovina e de melhoramento da prova zootécnica, ambos em fase de desenvolvimento, o primeiro coordenado por Dutra Telles e o segundo tocado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A ARCO também reservou dois dias para a prova de curral, nas instalações da Estância Dolly, na Rodovia Castello Branco, na região de Avaré. E no último dia, de volta ao centro de convenções do Villa Verde, os participantes foram brindados com acaloradas discussões que, num primeiro momento, focaram os trabalhos no curral e num segundo giraram em torno das numerosas sugestões apresentadas pelos inspetores técnicos. Dez./07 8 A pesquisa e o conhecimento precisam chegar ao campo Especial Professor da Unesp diz que extensão rural pode alavancar a ovinocultura nacional C ontam os mais enfronhados que tudo começou no final dos anos 40, quando as primeiras experiências com a extensão rural, tal qual a conhecemos hoje, começou a ganhar terreno no Brasil pelas mãos de uma entidade mineira de assistência ao campo. Empolgada com a idéia de colocar em prática o modelo americano de difundir conhecimentos no meio ruralista, como forma de mudar o panorama da zona rural, ela mirava criar mecanismos para ajudar o País a superar o crônico atraso experimentado pela sua agricultura. Foi então que a extensão deitou raízes dando à roça os instrumentos para substituir o atraso pela modernidade. Tanto que, de lá para cá, o setor agrícola desandou a dar saltos nunca antes anotados, passando a colher resultados até então inimagináveis. E a terra descoberta por Cabral transformouse numa das mais importantes produtoras rurais do planeta, o prenúncio do que poderá ser, um dia, o celeiro da humanidade conforme entoaram, em prosa e verso, nossos esperançosos antepassados. É certo que a ovinocultura cresce a olhos vistos no Brasil, mas há quem enxergue na extensão rural a arma de cano duplo que pode levar a criação de ovelhas às alturas, atendendo, assim, o desejo das pessoas que operam no ramo. Esse é o pensamento do veterinário Edson Ramos de Siqueira, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, em Botucatu, SP, e um dos palestrantes do Primeiro Encontro de Inspetores Técnicos. “A extensão rural em marcha lenta e a ainda pequena demanda por carne ovina são duas importantes travas que emperram a expansão do setor no Brasil”, acusou ele. E disse que “não adianta o País dispor de pesquisas avançadas na área, se a extensão rural não caminha no mesmo ritmo”. De fato, é sabido que apenas a harmonização e a conseqüente aplicação em conjunto das três importantes armas colocadas à disposição do produtor rural - ensino, pesquisa e extensão - tem a qualidade de mudar para melhor o negócio agropecuário. O Brasil provou isso, assim como basicamente todas as nações altamente desenvolvidas, e o incremento de nossas exportações de grãos e suco de laranja, por exemplo, não deixa dúvida sobre as virtudes da extensão rural. Basta, no entender de Siqueira, que esse tripé também seja observado pela ovinocultura. ”Precisamos fazer alguma coisa para que o setor decole”, disse. Mas alertou que a extensão pretendida – aquela que faz a ponte entre a pesquisa agropecuária e o produtor rural - requer, necessariamente, a participação da família ruralista, dos líderes da comunidade e do apoio das autoridades locais. “Já é passada a hora de a ovinocultura ser inserida nas estatísticas do agronegócio”, observou. Siqueira foi mais esclarecedor. Disse que a extensão rural é um sistema educacional que, Técnicos reunidos na Estância Dolly dentre outras propriedades, tem a capacidade de melhorar as condições econômicas e sociais do homem do campo; de aplicar os avanços da ciência e da pesquisa aos problemas do produtor; de estender aos rurais, conhecimentos e habilidades que, invariavelmente, conduzirão à melhoria de seu padrão de vida; de estimular os processos de mudanças nos campos técnico, econômico e social; de criar uma reação em cadeia que resulte em melhores condições de vida e de trabalho no meio, e de acelerar o desenvolvimento da prática rural e encorpar a renda do produtor. O professor da Unesp fez referência a um estudo americano para atestar a real validade da extensão rural. Contou que um levantamento do Ile de France é analisado pelo grupo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos feito em cima dos resultados colhidos no campo no período compreendido entre 1929 e 1972, demonstrou que a pesquisa e a extensão rural foram responsáveis pelo crescimento e por 80% dos ganhos em eficiência da agricultura daquele país. Também relatou a experiência bem-sucedida do setor agrícola na Irlanda. Até 1960, disse, aquela nação era uma das mais pobres da Europa. Como tinham planos de integrar a Comunidade Econômica Européia (CCE), mercado comum instituído em 1958, os irlandeses entenderam que era preciso modernizar sua agricultura. O governo, então, passou a estimular o crescimento do agronegócio disponibilizando Revisando Dorper linhas de financiamento, oferecendo modalidades diversas de serviços e dando apoio à extensão rural. Uma pesquisa feita doze anos mais tarde mostrou que os agricultores que não se engajaram no programa viram sua produção recuar 17%, e os que aderiram apenas em parte, porque não deram espaço para a extensão, avançaram 19%. Já os que aderiram de corpo e alma ao projeto governamental, o que representa dizer que abriram os braços à extensão rural, festejaram um incremento da produção da ordem de 56%. Por essas e outras, salientou Siqueira, a pesquisa e a extensão rural devem caminhar de mãos dadas. Essa é, segundo ele, a receita capaz de dar músculos à ovinocultura nacional. Dez./07 9 Aperfeiçoamento genético das raças na mira do setor U m lugar agradável, uma paisagem convidativa e uma estrutura de primeira grandeza. Foi nesse ambiente a um só tempo acolhedor e funcional que aconteceram as provas de curral. A Estância Dolly, situada às margens da Rodovia Castello Branco, uma das mais belas auto-estradas paulistas (São Paulo-Bauruado partindo da cidade de São Paulo e terminando 315 quilômetros adiante, na região de Bauru (Oeste), teve a fineza de disponibilizar suas instalações para a realização das reuniões técnicas. Esses encontros tinham por objetivo “uniformizar os procedimentos”, conforme esclarecimentos do veterinário baiano Joselito Araújo Barbosa. “Formamos vários grupos de trabalho (estações) para discutir o padrão racial dos ovinos em produção no Brasil”, disse. Ele explicou que os serviços foram conduzidos por coordenadores pinçados pela associação em seu quadro de inspetores, “um por raça”, elucidou Barbosa - ele próprio um dos escolhidos. Vale informar que a Estância Dolly é, segundo seus diretores, a única do gênero no País como empresa especializada em hospedar ovinos de terceiros. “Abrigamos ao redor de mil cabeças (atendemos a 67 clientes de todo o País), que ficam alojadas em nossas instalações com a intenção de viabilizar a participação desses animais em leilões e em pista de provas nesta parte do Brasil”, informou João Amaury de Toledo Soares Sobrinho, gerente do estabelecimento. “Também nos dedicamos à produção e à transferência de embriões”, informou. Ou seja: a ARCO não podia ter escolhido local mais apropriado para a realização das provas práticas de curral. Três temas foram abordados à exaustão, com discussões verdadeiramente apaixonadas: “Considerações Sobre os Trabalhos de Curral”, “Discussão das Ocorrências Especial Prova de curral e sugestões dos inspetores técnicos abriram novos horizontes Explicando as raças Dorper e White Dorper Grupo debate raça Santa Inês Técnicos avaliam raça Texel Demonstração das características do Hampshire Down dos Trabalhos de Curral” e “Discussão das Sugestões dos Inspetores Técnicos”. As conversas, então, passaram a girar em torno dos padrões raciais. Compreensivelmente, muitos dos presentes não reuniam informações pormenorizadas sobre todas as raças de ovinos criadas no Brasil. Explica-se: dado o tamanho do País e as peculiaridades de cada região, muitas vezes a raça meritória de realce num lugar não recebe o mesmo destaque noutro. Por isso, pode ser dito: os últimos dias do encontro serviram para transferir conhecimentos, e é correto afirmar que todos retornaram a seus Estados com mais sabedoria do que quando chegaram lá. A bem da verdade, dois dias antes os inspetores técnicos assistiram à apresentação das raças Merino Australiano, Ideal, Corriedale, Romney Marsh, Border Leicester, Polypay, Suffolk, Hampshires Down, Ile de France, Texel, Poll Dorset, Santa Inês, Morada Nova, Cariri, Rabo Largo. Somalis Brasileira, Dorper, Bergamacia Brasileira, Lacaune, Karakul e Crioula, experiências que ficaram mais aguçadas com as provas de curral e as discussões que se seguiram. “Essa troca de informação é importante porque é a oportunidade que os técnicos têm de tomar plena ciência do regulamento do registro genealógico, podendo, inclusive, apresentar sugestões com o intuito de melhorar o atendimento desse serviço”, observou Francisco José Perelló Medeiros. Superintendente do Registro Genealógico da ARCO e no setor desde os anos 50, portanto conhecedor do assunto como poucos. Ele comentou que o encontro teve o dom de propiciar um maior entrosamento entre os profissionais. “Permitiu que eles tomassem pé da real situação da ovinocultura e culminou com a reciclagem e a uniformidade de procedimentos no cumprimento do registro”, salientou. Essas discussões motivaram a aprovação de numerosas propostas de alterações nos quesitos padrão racial e descritivos de aptidões de diversas raças, sugestões que deverão passar, necessa- riamente, pelo crivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Como exemplos práticos dessas proposições podem ser citadas as ocorrências relacionadas com as raças Morada Nova (aprovação da linhagem preta e aceitação de fêmeas com cascos rajados e mucosas marmoreadas) e Bergamacia Brasileira, até então considerado um animal de carne, leite e lã (suprimida a aptidão “produtor de lã”). Ainda em relação à Bergamacia Brasileira entenderam por bem desconceituar como defeito a “pobreza de lã” apresentada pelo animal. Essas modificações são necessárias, “especialmente no tocante ao padrão racial”, sustentou Dirceu Severo Vieira, engenheiro agrônomo e inspetor técnico da ARCO. Dez./07 10 Especial Chuva, seca, elos fragilizados: as peculiaridades de cada região Os percalços enfrentados pelos ovinocultores e a troca de experiências A s diferenças regionais sempre foram marcantes nos vários segmentos na história do Brasil. É assim com quase tudo. E é assim também com a ovinocultura. O clima de lá é diferente do clima de cá; a raça que se desenvolve melhor aqui, não é a mesma que se cria ali. E assim por diante. Afinal, habitamos um País de extensão continental, onde as nuanças se sobressaem e os desafios se contam aos montões. As peculiaridades de cada região, a bem da verdade, podem enriquecer a ovinocultura porque, além de permitir o acúmulo de experiências, leva a uma fecunda troca de informações entre as pessoas seriamente envolvidas com a criação e a exploração comercial da ovelha. Isso ficou patente durante o Encontro Nacional dos Inspetores Técnicos. “Precisamos manter contato com a realidade da ovinocultura de outras partes do território nacional, conversar com pessoas que atuam na mesma área em lugares diferentes”, disse o engenheiro agrônomo Tiago Vilar, inspetor técnico da ARCO na Paraíba. “É nossa obrigação investir nessa troca de experiências”, observou o veterinário Paulo Osório Martinez da Silveira, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). “Vim aqui atrás de conhecimentos técnicos das raças Dorper e Santa Inês, que estão começando agora a ganhar terreno no litoral catarinense”, comentou. Mais do que apenas informações sobre essas duas raças, Silveira retornou a seu Estado sabendo, por exemplo, que no Nordeste os criadores penam com a inconstância da oferta de alimentação natural aos animais. “Este ano choveu bastante em setembro, mas agora brilha o sol a pino”, lastimou o veterinário João Ramos Sobrinho, criador em Tobias Barreto, a 140 km de Aracaju, no Estado de Sergipe, com trezentas cabeças. Reverenciado como o primeiro ovinocultor brasileiro a obter o selo “PO” para a raça Santa Inês, ele reclamou do solo: “É raso e, por isso, somos levados a nos socorrer da água de chuva armazenada em tanques”. Ramos Sobrinho disse que a seca tem o desmerecimento de encarecer o negócio e que, diante das circunstâncias, lança mão da palma forrageira, da algaroba e da leucema para alimentar os animais, a exemplo do que fazem muitos outros criadores nordestinos. Já no Mato Grosso a situação é outra. “Chuva em excesso combinada com longos períodos de estiagem, indo de um extremo a outro”, comentou Sílvia Letícia Tartari, criadora em Poconé (seiscentos animais da raça Santa Inês), relatando que a umidade do ar é baixa, tendo chegado a apenas 13% em setembro último. Ela esclareceu que grandes extensões de terra são cobertas pela grama brachiaria, tornando o solo pobre em nutrientes, situação que gera embaraços para a ovinocultura. “As terras boas são utilizadas para a lavoura, sobrando para o ovinocultor o que não interessa à agricultura”, revelou a veterinária Ana Carolina Elgert, inspetora técnica da ARCO naquele Estado. E o que dizer do Mato Grosso do Sul? A veterinária e inspetora técnica Verônica Guglielmi, que é também consultora do Projeto Aprisco, do Silvia Letícia Tartari Sebrae, contou que a ovinocultura no Estado ainda dá os seus primeiros passos, mas já se ressente da falta de mãode-obra qualificada. “E aqui, os elos ainda estão em formação, especialmente no tocante à comercialização da carne”, observou. A questão da fragilidade dos elos - todos sabem - funciona como freio ao avanço do setor e, desgraçadamente, marca presença em basicamente todo o País. A mesma desorganização da cadeia de produção apontada em outras regiões é igualmente sentida no Rio de Janeiro, o segundo maior consumidor de carne de ovinos do Brasil, comentou o veterinário Antonio Lopes, inspetor técnico da ARCO naquela região brasileira. “Nosso rebanho é pequeno, algo em redor de 30 mil animais”, informou Lopes, que integra o corpo diretivo da Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Rio de Janeiro (ACOCERJ). Outro representante da ovinocultura fluminense, o veterinário José Cardoso Macedo Filho, também ligado à ARCO, comentou que o segmento que mais ganha corpo no Rio é o de animais para melhoria genética, “negócio que, num segundo estágio, deverá abarcar os animais de corte”, completou. ovinos da raça Santa Inês e deslanados em geral), conforme esclarecimentos de Juliano Tramontini e Tomaz Edgley Catão Tenório, ambos veterinários e inspetores técnicos da associação naquele Estado. “A demanda pela carne existe e a alimentação para o animal é de boa qualidade, considerando que chove o ano inteiro”, informaram. Em certas regiões de Minas Gerais o quadro é o mesmo: os elos não se conectam e não se completam porque a indústria está alheia ao setor. “Dependemos de frigoríficos de outros Estados, que têm contribuído para dar vazão à parte da oferta do Estado”, lastima o veterinário Geraldo Jonas da Silva, de Belo Horizonte, inspetor técnico da ARCO e com forte atuação nos arredores da capital mineira, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, parte do Alto Paranaíba, região central do Estado e em alguns criatórios mais ao Sul. O rebanho de Minas é superior a 400 mil ovinos com predominância das raças Santa Inês, Dorper e Texel e, segundo Geraldo Silva, não há entraves para o crescimento da produção. “A Cooperativa Mineira de Produtores de Cordeiro (Procordeiro) tem trabalhado no sentido de organizar a cadeia utilizando os serviços de terceiros (abate) e comercializando cortes nobres”, revelou o técnico, completando com a informação de que o homem do campo de Minas está aberto à introdução da ovinocultura. “Em muitas propriedades os ovinos estão fazendo a capina nos cafezais”, disse. O Sul está melhor O criadores gaúchos, de longe os mais afeitos à pro- Cadeia desorganizada Ana Carolina Elgert Quando não é a falta de entrosamento entre os criadores no aspecto comercial, é a ausência de interesse de frigoríficos locais que segura o impulso que se quer dar ao setor. Essa é, sem tirar nem pôr, a real a situação da ovinocultura em Rondônia (110 mil Francisco Fernandes dução de carne dado o tempo que a ovinocultura se acha estabelecida de forma organizada naquela parte do Brasil, também enfrentam problemas. Entretanto, têm bons exemplos a dar. O Rio Grande do Sul tem um rebanho de 3,6 milhões de cabeças e de uns anos para cá passou de grande produtor de lã para importante fornecedor de carne ovina. “Temos de fazer alianças com a iniciativa privada e, assim, dar maior fôlego ao setor”, falou o zootecnista Lauro Fittipaldi, inspetor técnico da ARCO e produtor rural na região de Uruguaiana, na Fronteira Oeste gaúcha. Geraldo Jonas da Silva Ele contou que há pouco mais de dois anos um frigorífico rio-grandense de atuação nacional mostrou interesse em comercializar a carne de ovinos, mas deixou claro: precisava de garantia no fornecimento. “Nos organizamos em torno de uns cem criadores e passamos a atender ao novo parceiro”, disse Fittipaldi, informando que, no momento, o pool de ovinocultores está entregando quinhentos cordeiros por dia à indústria, número que poderá chegar a mil em 2008. Os paulistas trilham a mesma estrada trafegada pelos sulistas. Todavia têm sobre a mesa uma série de percalços. “Somos obrigados a fazer a adequação do custo de produção pois, ao contrário da ovinocultura no Rio Grande do Sul, temos de suplementar a alimentação”, comentou Francisco Manoel Fernandes, ex-presidente da Aspaco e criador em São Manuel, na região central do Estado de São Paulo (a fazenda Borborema, de sua propriedade, abriga trezentos animais da raça Ile de France). Ele disse que o setor ainda enfrenta transtornos que decorrem da alta lotação nos pastos e da proximidade dos criatórios com as zonas urbanas (o que dá margem a roubos de animais e a ataques aos ovinos por cachorros). Dez./07 11 Especial “Boa parte dos criadores de ovinos se acha conhecedor de genética, mas cabe ao Estado a responsabilidade pelo registro genealógico. E ponto final. É assim que a coisa funciona, é assim que tem de ser. O que seria da melhoria do padrão racial se fosse diferente? Imaginem o que poderia estar ocorrendo se o registro fosse feito, digamos, aleatoriamente?”. Essas colocações e indagações são do chefe da Divisão de Fiscalização do Serviço de Registro Genealógico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Luiz Felipe Reimann. S egundo ele, essa atribuição está explicitada no artigo 1º da lei nº 4.716 de 1965 (registro genealógico de animais domésticos), hoje executada pelo Estado com a cooperação de entidades privadas e “respeitadas as recomendações internacionais já acordadas pelo Brasil ou que ainda venham a ser firmadas”. E a entidade privada, no caso da ovinocultura, é a ARCO, que desenvolve atuação nacional, aponta o dirigente. Reimann comentou que seria um desastre se o registro acontecesse à revelia do Estado. “Às vezes vocês (técnicos) ficam bravos, mas nós seguimos a Lei”, disse o presidente da ARCO, Paulo Afonso Schwab, aproveitando a “deixa” do representante do MAPA e justificando a conduta associação no tocante à rigorosa observância da legislação que trata do setor. Para Luiz Reimann, o cumprimento preciso daquilo que a Lei determina tem o mérito de não levar problemas para as entidades. “Isto porque tudo o que for feito à margem dos ditames do MAPA tende a render uma penalização por parte do ministério, e ela poderá ser tanto na forma de multa quanto na de intervenção na associação”, considerou ele. Ou seja, o regis- Mercado ovino tem muito para crescer tro genealógico não comporta irresponsabilidades. “É por isso que dizemos que os inspetores técnicos da ARCO são as mãos e os olhos do Perelló”, alertou Reimann, referindo-se a Francisco José Perelló Medeiros, superintendente do Registro Genealógico da entidade. O “homem de Brasília” estava, na realidade, fazendo um alerta para evitar dissabores no futuro. “Não tentem desafiar a Lei”, condicionou para os presentes, num recado que também serve a integrantes de outras associações que operam sob o manto do MAPA. Boa parte do tempo utilizado por Reimann no “Encontro Nacional dos Inspetores Ténicos” foi gasto com explanações sobre as obrigações da Superintendência do Registro Genealógico (SRG). Ele lembrou, por exemplo, que os serviços desse registro têm de ser realizados de conformidade com o regulamento da entida- Registro genealógico tem normas para serem seguidas de aprovado pelo Ministério da Agricultura. Adiantou que cabe ao SRG habilitar e credenciar técnicos, encarregando-os dos serviços de identificação e inspeção dos animais a serem registrados; de promover a guarda dos documentos do registro genealógico; supervisionar os rebanhos de animais registrados, objetivando a verificação do cumprimento de dispositivos regulamentares; prestar esclarecimentos sobre o registro genealógico da raça, garantindo a confiabilidade das informações e de submeter ao MAPA, através de seus órgãos competentes, as informações exigidas por força de legislação ou de contrato, dentro dos prazos estabelecidos. O chefe da Divisão de Fiscalização do Serviço de Registro Genealógico do MAPA discorreu, ainda, sobre a fiscalização do SRG na entidade, nas propriedades e nos eventos especializados. E tratou dos principais pontos de verificação e execução da auditoria, das observações do Conselho Deliberativo Técnico, das ações das entidades nacionais e respectivas filiadas e das principais não-conformidades, tais como rasuras no registro, ausência de registro dos exames de DNA/ TS, erros de comunicação referentes a datas de nascimentos, erros de comunicação de genealogia, falta de relatórios e atra- sos na entrega de documentos, entre aspectos. Segundo Reimann, a ovinocultura precisa trabalhar intensamente com vistas a implementar um programa de melhoramento genético em nível nacional, a exemplo do que já fizeram a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e a Associação Nacional de Criadores Herd Book Collares, com o Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo). “É um passo importante que objetiva a uniformização de rebanhos. Seria meio caminho andado para a formatação de uma cadeia produtiva unida, e isto no tocante à lã, à carne e à pele”, finalizou. Motivação para desafiar obstáculos “Vale a pena colocar o coração naquilo que você faz.” Foi esse o tom dado pela zootecnista Rúbia Dulcine, da Canoa Leão, empresa de consultoria e treinamento, à palestra “Motivando Para Um Trabalho Melhor”. Especialista em treinamentos motivacionais de equipe, ela convidou todos os inspetores técnicos presentes a fugirem da mesmice, a se livrarem das amarras e a darem passos mais ousados. “Você é do tamanho de seus sonhos”, enfatizou, escorando-se no nome do livro de auto-ajuda escrito por César Souza, grande sucesso editorial brasileiro. “Somos potencialmente capazes de fazer acontecer aquilo de bom que brota em nossas cabeças. O elefante do circo cresce e passa boa parte de sua vida amarrado preso por uma argola no pé. É condicionado a isso e, simplesmente, não sabe a força que tem”, comparou. A palestrante fez aqui um paralelo com a situação daqueles que não se mexem, a despeito de estarem capacitados e prontos a voar. Rúbia lembrou que a inteligência é um atributo natural do ser humano e que todos podem ganhar notoriedade. E frisou que a diferença entre as pessoas reside na vontade que cada uma tem de desafiar os obstáculos e vencer. Afirmou, porém, que tudo deve ser feito dentro da ética, dos princípios e dos valores morais. A sorte simples não existe. O que há, descreveu a consultora, é a vontade férrea de fazer as coisas acontecerem, é a energia que o indivíduo dispensa no afã de atingir um objetivo e cumprir a tarefa. É o mesmo que falar em determinação, criatividade, paixão e coragem. “Vocês podem ter, hoje, coração de agrônomos, veterinários e zootecnistas, mas ainda trazem aquele idealismo do tempo da faculdade. “Você vai conseguir! Ponha isso na cabeça. A sua idéia é boa. “Pode ser que amanhã ela venha a ganhar evidência e, por conseguinte, a simpatia do mercado.” Por outro lado, é bobagem dispensar muita atenção à crítica. “Você é o responsável tanto pelo seu sucesso quanto pelo seu fracasso, e não os outros”, afirmou. A palestrante mostrou aos presentes que querer é poder. “Livrem-se das argolas”, pregou ela, salientando que os inspetores técnicos estão realizando um belo serviço em nome do crescimento da ovinocultura brasileira, mas sempre é possível fazer mais. “Abram as asas, voem para mais longe.” Rúbia alertou, no entanto, que é preciso juntar as idéias e atuar em sinergia. Segundo ela, é assim que a ovinocultura brasileira vai crescer. Todavia, observou, “o espírito de equipe deve prevalecer, sempre”. Dez./07 12 Carne Carne ovina para todo o dia O consumo da carne ovina oscila entre pratos sofisticados, os de costumes regionais e os tradicionais, (guisados, assados e churrascos). Mas isto acontece, na maioria das vezes, pelo desconhecimento em relação às múltiplas receitas que a carne ovina proporciona. Muitas delas de forma bem simples que podem servir para o dia a dia de todas as casas. Este pelo menos é o pensamento da Chef Renata da Fonseca, uma garota paulista, de 27 anos, que foi tomando gosto por esta carne, na medida em que acompanhava sua irmã, Melissa, nos cuidados que precisava dar aos ovinos, no curso de zootecnia. O gosto pela cozinha vem de antes. Da casa materna e até dos cheiros que se lembra da cozinha da avó italiana. E entre macarrões e porpettas acabou decidindo fazer o curso de gastronomia, em São Paulo, capital. Para unir a paixão profissional pelo gosto em trabalhar com a carne ovina, exigiu um tempo de estudo. “Eu gosto do sabor da carne de cordeiro, gosto de comidas que remetem a sabores rústicos”, afirma Renata. Ela acrescenta que a carne de cordeiro tem um sabor adocicado e ao mesmo tempo forte que não é selvagem, “isto porque é criado rústico, a campo”, salienta. Segundo a Chef, o manejo da criação afeta completamente o sabor da carne, porque se o animal é criado a campo nativo, a carne vai ter um sabor. Já se é confinado ou em pastagem cultivada, vai ter mudança neste sabor, explica. Na opinião de Renata a carne de cordeiro não serve somente para pratos de alta gastronomia, existindo diversas opções para o dia a dia. Conforme diz, é possível fazer almôndegas, guisados, bifes hambúrgueres e muitos outros pratos bem simples. “O que ainda limita é a falta de conhecimento por conta de não existir uma boa divulgação ao público, de todas estas possibilidades”, comenta. Ela diz que o consumo também está ligado aos costumes regionais. Em São Paulo, por exemplo, há uma preferência por uma carne que não tenha o sabor muito forte, acentuado, para não lembrar dele o resto do dia. Já no Rio Grande do Sul e no nordeste já aceitam que seja forte. “O nordestino come tudo do cordeiro, já o paulista não”, assinala. Renata acrescenta que a partir do momento que houver mais oferta da carne ovina, com os mais variados cortes e formas de aproveitamento, assim como já tem do bovino, a possibilidade de mais gente consumi-la no dia a dia vai ser maior. “Grandes redes como o Carrefour, por exemplo, já disponibilizam carne ovina nas suas gôndolas, e é um supermercado para diversas classes sociais, o que ajuda a popularizar o consumo”, acredita. Costelinha de cordeiro acebolada com limão e tomates cereja Ingedientes: Modo de fazer: 3 kg de costelinha de cordeiro 300 g de cebola picada em rodelas finas 100 g de alho moído 500 ml de vinho branco seco 300 ml de suco de limão 300 g de tomate cereja 50 g de salsa picada 250 ml azeite extra 0,6 l de óleo 50 g de sal 10 g de pimenta preta moída Tempere a costelinha com alho, pimenta e sal, aqueça bem uma panela funda, tipo caçarola, coloque o óleo e vá acrescentando as costelinhas aos poucos, mexendo sempre para dourar todos os lados. Enquanto doura, acrescente aos poucos o vinho branco, para não queimar muito a panela. Por fim, acrescente a cebola em rodelas e doure-as junto com as costelinhas. Em um recipiente à parte, coloque o limão, o azeite, a salsa picada, sal e pimenta. Bata bem até ficar mais homogêneo. Deixe esfriar um pouco as costelinhas, despeje numa tigela de sua preferência, regue com o molho frio e regue junto com tomates cereja por cima, ou ao lado, como preferir. Rendimento: 6 porções Degustando pratos com carne ovina Spaghetti com mini almôndegas de cordeiro e molho pomodoro Ingredientes: 500 g de massa tipo Spaghetti 1 kg de carne moída de cordeiro (70% carne e 30% gordura) 300 g de cebola moída 150 g de alho moído 2 l de óleo para fritura 300 g de cheiro verde moído papel toalha absorvente de gordura ½ maço de manjericão 2 kg de tomate pelado (enlatado) 300 ml de azeite extra virgem Modo de fazer: Tempere a carne moída com cebola, alho, sal, pimenta e cheiro verde. Faça as bolinhas e frite em óleo quente e reserve. Cozinhe o macarrão al dente, passe por água fria corrente e reserve. Enquanto isso, faça o molho de tomate, frite os temperos (alho, cebola e sal) em azeite extra virgem. Coloque o tomate pelado, deixe cozinhar por 40 minutos ou mais e no final acrescente as folhas de manjericão. Depois de escorrer bem as almôndegas, coloque-as no molho. Aqueça o macarrão em água quente e óleo, escorra, coloque num refratário de sua preferência e despeje o molho por cima. Rendimento: 6 Porções Dez./07 13 Artigo Principais cortes comerciais da carcaça ovina Por Greicy Mitzi Bezerra Moreno * N o Brasil, para que a carne ovina tenha maior expressão no mercado, deve haver a padronização das carcaças e dos cortes disponíveis aos consumidores, oferecendo carcaças com teor de gordura e desenvolvimento muscular adequados, que determinarão o valor comercial desses produtos, aumentando a competitividade dos mesmos (Silva Sobrinho, 1999). A produção de carne de cordeiro é uma atividade com grandes perspectivas para o Brasil, considerando o potencial do mercado consumidor e a possibilidade de produzir carne de qualidade em pequenas áreas de terra, considerando o elevado valor das mesmas em determinadas regiões, como o Sudeste. Entretanto, a comercialização da carcaça depende, além do peso, da forma como é apresentada ao consumidor e, por isso, a aparência dos produtos constitui um importante fator para sua aceitação no mercado. O peso da carcaça é influenciado pela velocidade de crescimento, idade ao abate e manejo nutricional, entre outros, sendo um importante fator na estimativa de seu rendimento. A espécie ovina apresenta rendimentos de carcaça de 40 a 50%, sendo influenciados por fatores intrínsecos (referentes ao próprio animal, como raça, idade, sexo e peso) e extrínsecos (referentes ao manejo como alimentação, tempo de jejum e resfriamento das carcaças). O rendimento comercial, obtido pela relação entre peso da carcaça fria/ peso vivo ao abate, é um importante indicador da disponibilidade de carne ao consumidor (Silva Sobrinho, 2001). As carcaças podem ser comercializadas inteiras, em meias carcaças, em cortes da carcaça ou cortes cárneos. Os cortes da carcaça em peças individualizadas facilitam a comercialização, agregando valor pela diferenciação dos mesmos, sendo que os cortes podem ser classificados como Figura 1. de nas carcaças ovinas. Segundo Osório & Osório (2003), os fatores considerados pelo consumidor, além dos anteriormente mencionados, são: de primeira (perna e lombo), segunda (paleta) e terceira (costela e pescoço), permitindo a escolha dos diferentes tipos pelo consumidor. A perna apresenta maior percentual na carcaça ovina, com maior rendimento da porção comestível, e além de predizer o conteúdo total dos tecidos na carcaça, é o corte mais nobre da carcaça ovina (Sousa, 1993; Yamamoto, 2006). Para os consumidores, a qualidade é julgada sobre a peça ou corte da carcaça adquirido na mesa do açougue ou supermercado. Portanto, o peso da carcaça, que está diretamente relacionado ao peso das regiões ou cortes que compõem a carcaça, é critério de qualida- Cortes comerciais na meia carcaça de cordeiros, segundo as regiões anatômicas: paleta, perna, lombo, costelas e pescoço. - a aptidão para a preparação culinária, - o rendimento na preparação da carne, - o valor nutritivo do alimento, - a forma de apresentação do corte. Existem alguns métodos padronizados para divisão da carcaça ovina em cortes comerciais, entretanto, estes cortes dependem dos hábitos culinários e tradicionais de cada região do país (Figuras 1 e 2). Artigo originalmente publicado no FarmPoint (www. farmpoint.com.br), portal de acesso gratuito, atualizado diariamente com artigos técnicos, análises de mercado e notícias do Brasil e do mundo sobre a ovinocaprinocultura. Adaptado de: GARCIA (1998) e SILVA SOBRINHO (1999) Figura 2. Cortes comerciais na meia carcaça de cordeiros, segundo as regiões anatômicas: paleta, perna, lombo, costelas e pescoço. Adaptado de: SILVA SOBRINHO (1999) Porcentagens dos cortes comerciais da meia carcaça de cordeiros terminados em confinamento recebendo dietas contendo silagem de milho ou cana-de-açúcar Tratamento: 60%SM:40%C - 60% de silagem de milho + 40% de concentrado; 60%CA:40%C - 60% de cana-de-açúcar + 40% de concentrado; 40%SM:60%C - 40% silagem de milho + 60% de concentrado; 40%CA:60%C - 40% de cana-deaçúcar + 60% de concentrado. CV (%) = coeficiente de variação. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha não diferem pelo Teste de Tukey (P>0,05). ias cas c ên áfi r r fe Re bliog Bi Garcia, C.A. Avaliação de resíduo de panificação “biscoito” na alimentação de ovinos e nas características quantitativa e qualitativa das carcaças. Jaboticabal, 1998. 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. Osório, J.C.S. & Osório; M.T.M. Cadeia Produtiva e Comercial da Carne de Ovinos e Caprinos - Qualidade e Importância dos Cortes. In: Simpósio Internacional Sobre Caprinos e Ovinos de Corte, 2, 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Sincorte, 2003, CD-ROM. Moreno, G.M.B.; Silva Sobrinho, A.G.; Leão, A.G. et al. Rendimento e cortes comerciais da carcaça de cordeiros terminados em confinamento com diferentes dietas. In: : Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 44, Jaboticabal, 2007. Anais... Jaboticabal:SBZ, 2007b. CD-ROM. Silva Sobrinho, A.G. Body composition and characteristics of carcass from lambs of different genotypes and ages at slaughter. Palmerston North, 1999. 54p. Report (PostDoctorate in Sheep Meat Production) - Massey University. Silva Sobrinho, A. G. Criação de ovinos. 2 ed. Ver. e Ampl. Jaboticabal: Funep, 2001. 302 p. Sousa, O.C.R. Rendimento de carcaça, composição regional e física da paleta e quarto em cordeiros Rommey Marsh abatidos aos 90 e 180 dias de idade. 1993. 102 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1993. Yamamoto, S.M. Desempenho e características da carcaça e da carne de cordeiros terminados em confinamento com dietas contendo silagens de resíduos de peixes. 106 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2006. *Zootecnista, Mestranda em Produção Animal (Ovinocultura), Unesp, Jaboticabal, SP Dez./07 14 Notícias Em encontro realizado em Porto Alegre, no dia 29 de novembro, com a presença de vários criadores, foi criada a Federação Latinoamericana de Criadores de Hampshire Down, cuja presidência ficou com o Brasil, a cargo do criador e presidente da Associação Brasileira da raça, Wilson Beloc Barbosa. Integram a diretoria também os presidentes das Associações Argentina, Uruguaia e Paraguaia. Segundo informou Barbosa, a idéia de criação desta entidade é visa fortalecer a raça, proporcionar trocas de informações técnicas e ter uma atuação política junto aos ministérios de Agricultura de cada país, a fim de viabilizar o intercâmbio genético. “Queremos também trabalhar para o crescimento das raças em todos estes países para, num futuro próximo, criar um marketing específico para a nossa carne”, ressaltou o diri- Criada a Federação Latino-americana de Criadores de Hampshire Down gente. Para o presidente da Associação Uruguaia de Criadores, Gonçalo Fulquet, a vontade dos criadores do seu país é trocar experiências, tanto na produção quanto na comercialização. E neste item querem chegar na possibilidade de vender carne ovina com a marca Hampshire, para agregar valor ao produto. “A carne da nossa raça é muito saborosa, diferente, e o consumidor precisa conhecer estas qualidades”, ressalta. Fulquet relatou que hoje no Uruguai existem cerca de 35 a 40 criatórios da raça com registro. Mas o rebanho é maior que isto. “E precisamos aumentar mais para atender a demanda externa. Mas, principalmente, queremos fazer o povo uruguaio consumir a carne ovina, coisa que não tem muito costume”, relata. No Paraguai o trabalho tem sido muito de cruzamento industrial com boa participação da raça Hampshire, segundo o presidente da Sociedade de Criadores, Horácio Lloret. Ele diz que como base para mostrar o crescimento da raça no pais, é possível citar o aumento do número de animais participantes na feira nacional que aconteceu recentemente no país. “Estávamos com mais de 150 animais nos bretes” salienta. Horácio afirma ainda que também no Paraguai cresce o Entidade quer unir criadores latinos consumo da carne ovina “mas infelizmente, não temos produção suficiente para abastecer todo o mercado, represando muito o potencial que temos de introduzir o costume de consumir esta proteína, no nosso país”, finaliza. Dez./07 15 Cordeiro Herval Premium Notícias 1 Leilão Dorper Christmas consagra raça em São Paulo O pioneiro Valdomiro Poliselli Júnior, juntamente com Daniel Conde, Luiz Felipe Brennand, com Benjamin Steinbruch e Orestes Quércia, receberam importantes convidados na noite de 3 de dezembro, no local Gallery, em São Paulo, SP, para o badalado 1º Leilão Dorper Christmas. E não deu outra. Muitíssimo bem freqüentado, o pregão alcançou a soma de R$ 849.000 para os 38 lotes, entre cotas e animais inteiros. E fixou a alvissareira média geral de R$ 22.342,00. Nas categorias, as 32 fêmeas arrematadas em pista fixaram a média de R$ 23.781. Dois machos foram valorizados ao preço médio de R$ 13 mil e as quatro prenhezes se venderam à média de R$ 15,5 mil. O maior lance A fêmea Caroatá Bahia TE 76, nascida em julho de 2003 e apresentada no pregão por Daniel Conde, da AC Agromercantil, de Araxá, MG, fez o valor top da noite: R$ 85 mil para 50% da produção futura do animal. O lote foi adquirido por Fernando Sólon, de Ribeirão Preto, SP, que também foi o maior investidor do evento. Com coletas que superam as 40 estruturas viáveis, a fêmea é uma grande doadora de embriões e ostenta várias premiações de pista em destacadas exposições da raça. Além de Daniel Conde, integram o grupo promotor do pregão os paulistas Valdomiro Poliselli Júnior, da VPJ Pecuária, em Jaguariúna, SP, além de Benjamin Steinbruch, da Fazenda Alvorada, em Bragança Paulista, SP e os estreantes Orestes Quércia, da marca Dorper Top da Raça, de Campinas, SP. Luiz Felipe Brennand, do Rebanho Caroatá, também foi promotor o leilão. Fora desse grupo paulista, ele é considerado um dos principais nomes da seleção nordestina, mantendo trabalho de seleção em Gravatá, PE, e ciclo completo em Baixa Grande, BA. Num clima classe A, o pregão atraiu mais um nome conhecido, que pretende também ser ovinocultor. O presidente da Nestlé Fábio Zurita, tradicional selecionador de Simental Sul-africano - e que vem aparecendo bem na seleção de Nelore -, arrematou oito animais em condomínio para iniciar sua criação em duas fazendas: a Belmonte e a Santa Cruz, ambas em Araras, SP. Paraná ganha Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos O Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf), do Paraná, PR, aprovou por unanimidade no início de dezembro último a criação da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos. A decisão vai facilitar a organização do setor naquele Estado. A reunião contou com os conselheiros e deputados estaduais Augustinho Zucchi (PDT/PR) e Elton Welter (PT/ PR), entre outros conselheiros. Welter foi um dos defensores da inclusão da ovinocaprinocultura no foco das políticas de Estado. Para o deputado, o desafio é fazer com que o pequeno produtor seja atendido pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e que tenha acesso à assistência técnica. Os representantes dos produtores vêem na organização da cadeia a possibilidade do Paraná tornar-se referência na produção de carnes. “Mas para isso é necessário ter escala de produção para atender a demanda do mercado e isso Paraná quer organizar mercado ovino só se consegue com o apoio dida e consumida é clandestido Estado”, disse o presidente na. “Os produtores legalizados da Associação dos Caprinoperdem competitividade em cultores do Paraná (Capripar), relação àqueles que não esAryzone Mendes de Araújo. tão formalizados”, destacou. Já na avaliação do presidente O desafio para a Câmara Setoda Cooperativa Agroindustrial rial é organizar também o merdos Ovinocultores (Coopercacado para a lã, na opinião da panna) de Londrina, Ricardo criadora Edla Woelfer LustoLuca, a criação da Câmara sa. Ela esteve recentemente na Setorial representa a possibiliChina e voltou entusiasmada dade de formalização do mercom a possibilidade de exporcado para evitar a comercialitar a lã para aquele país. “Mas zação clandestina. Ele estima para isso, precisamos organique na região de Londrina zar os produtores e de produpelo menos 80% da carne venção em escala”, afirmou. Mais de 32 mil quilos de carne de cordeiro consumidos no Rio Grande do Sul em 2007 levavam o selo Cordeiro Herval Premium. A marca pertence à primeira certificadora de carne de cordeiro do País, registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Criado por produtores do sul do Estado, em dezembro de 1999, o selo de qualidade garante a padronização da carne, a partir de atributos como peso e idade do animal, além de nível e distribuição de gordura na carcaça. Segundo o presidente do Conselho Regulador do Cordeiro Herval Premium, Carlos Hoffmeister, a avaliação dos animais é realizada no campo e no frigorífico. “A do campo serve para pré-selecionar os ani- mais com idade e terminação adequadas. No entanto, somente no frigorífico, após verificação da quantidade e da distribuição da gordura na carcaça é que se efetiva a certificação”, afirma Hoffmeister. Os produtores que participam do programa do Cordeiro Herval Premium recebem remuneração diferenciada durante todo ano. E os consumidores da carne têm a garantia de um produto saudável, macio e saboroso. Feovelha bate recorde de inscrições Uma das mais tradicionais feiras de ovinos do Rio Grande do Sul, a Feovelha, realizase de 24 a 27 de janeiro, em Pinheiro Machado, RS. Em sua 24ª edição, a Feovelha 2007 bateu os recordes de inscrições que conquistou em 2007, quando 11 mil animais de todas as categorias foram levados ao Parque de Exposições do Sindicato Rural de Pinheiro Machado. O evento vai ter também, em sua programação, a 21ª Comparsa da Canção Nativa, 19ª feira do Artesanato em Lã, 14º Encontro de Vehículos Antigos, 8ª Vinovelha, 7ª Mostra da Indústria e comércio e a quarta edição da Gineteada e do crioulaço. O Presidente do Sindicato Rural de Pinheiro Machado, Max Soares Garcia, diz que “a feira projeta a região e suas características, além de manter o alto padrão da produção de ovinos da região sul”. Ele diz ainda que a Feovelha tem servido de balizadora para os preços da ovinocultura no Estado. O evento é promovido pelo sindicato rural, com a parceria da Emater/RS e da Prefeitura Municipal. Mais informações pelo site www.feovelha.com. br e pelos fones: 53 3248.1600 / 3248.1564. Dez./07 16 Samm: a nova raça no Brasil Novidade S ua origem remonta ao século XVI, através dos cruzamentos das raças de dupla aptidão (carne e lã), conhecida como Fanpelschaf. Mais tarde foi cruzada com o Marhschaf, buscando melhoria da lã. Em meados do século XVIII foi introduzido nestes produtos F1 o Merino originário da Espanha e França, para melhoramento da carne e da lã, surgindo daí o German Mutton Merino, como raça, em 1761. Em 1932 o German Mutton Merino foi introduzido pelos alemães na África do Sul, que cruzando entre si e sob as rígidas condições do clima e solo naquela região, deu origem a um animal de excelente desenvolvimento para ganho de peso e qualidade de carcaça, sendo que em meados de 1971 passou a ter a denominação de South African Mutton Merino. No Brasil a primeira importação desses animais e embriões ocorreu em julho de 2004, através do criador Hélio Duarte, da Estância Cachoeira, de Botucatu, SP. Foram 24 fêmeas e dois machos, que já tem apresentado crias de excelente qualidade, muitas nascidas de partos duplos e triplos. Duarte diz que as principais características da raça são a efetiva dupla aptidão, carne e lã (de qualidade 21 a 23 micras), excelente habilidade materna e fácil adaptação a todos os tipos de pastagens. “Usamos o SAMM para produção de carne - embora sua lã seja Prime (é um derivado do Merino) - através de cruzamentos com o Santa Inês e nos cruzamentos do FI com Dorper, formando um treecross de excelente qualidade. A habilidade materna das fêmeas 1/2 sangue e 3/4 é tremenda. São selecionadas para receptoras em nossos programas de TE”, diz. Duarte assegura que os machos 1/2 sangue SAMM x Santa Inês têm se mostrado mais precoces, ganhando em media 4% de peso em comparação com os 1/2 sangue diversos. Criador paulista traz nova raça ao Brasil ARCO COMUNICADO DO REGISTRO GENEALÓGICO DE OVINOS RAÇA SAMM Assunto: Autorização de Abertura do Livro de Registro Genealógico de Ovinos da Raça SAMM PORTARIA nº 111 DE 8 DE JUNHO DE 2007 DO MAPA, resolve: Art. 2º Conceder autorização à Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO, com sede no município de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, inscrita no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob nº 07, na categoria de ENTIDADE DE ÂMBITO NACIONAL para efetuar o registro genealógico do ovino South African Mutton Merino, sujeitando-se as normas aprovadas para Portaria SNAP nº 47, de 15 de outubro de 1987. Ovinos Dohne Trazida para o Brasil pelo criador Gilson Predebon, de Quaraí, RS, a raça Dohne ainda não está oficialmente reconhecida no País, uma vez que não entrou com seu pedido de registro junto à ARCO. Mesmo assim, é uma raça de duplo propósito, com cruzamentos semelhantes aos da SAMM. Conforme explica Prede- bon, a Dohne proporciona maior velocidade de apronte dos cordeiros cruzas, com melhor conformação de carcaça. Lã de melhor qualidade, totalmente branca, sem fibras negras. “É uma opção para o mercado, para quem quer trabalhar tanto na produção de carne, quanto na de lã”, assinala o criador. RAÇA SAMM (South African Mutton Merino) Origem A raça ovina SAMM formou-se na África do Sul. Na formação participaram as raças German Mutton Merino e German Merino, raças originadas na Alemanha a partir do cruzamento das raças alemãs, com o Merino Espanhol, Ile de France, Leicester Longwool e South Hamp. Em 1970, os diversos tipos que existiam na África do Sul foram unificados, dentro de um padrão racial, recebendo denominação de SAMM. O ovino SAMM é de dupla aptidão, carne e lã, com acentuada predominância carniceira. O equilíbrio zootécnico é 60% carne e 40% lã. Ovino de porte médio, constituição robusta, com boa massa muscular e cobertura de lã branca de qualidade. Engº. Agro. Francisco José Perelló Medeiros Superintendente do R.G.O Dohne é de duplo propósito