SOBRE O HOMEM LIGHT
(J. Neves dos Santos, Junho 2005)
(Compilação de ideias do Livro “O Homem Light, Uma vida sem Valores”, Enrique Rojas, Gráfica de Coimbra, 1994)
Porque surge o homem light? Porque foram feitas demasiadas concessões sobre questões
essenciais e, assim, os desafios e esforços já não apontam para a formação de um indivíduo mais
humano, culto e espiritual, mas para a busca do prazer, do dinheiro e do bem-estar a todo o custo.
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Eis um retrato do homem light :
Tudo lhe interessa, mas só a nível superficial;
Recebe tanta informação que não é capaz de fazer a síntese de tudo o que recolhe : é o
conhecimento inútil, de que fala Jean François Revel (“A Derrota do Pensamento”); é o paradoxo
de, “tanta informação e ao mesmo tempo tanta igno rância ”;
Como consequência, foi-se convertendo num sujeito trivial, vão, fútil, que aceita tudo, mas que
carece de critérios sólidos na sua conduta;
Presenciou tantas mudanças, tão rápidas e num tempo tão curto, que começa a não saber a que
ater-se; por isso, tantas vezes, diz: “tudo vale”, “tanto faz”, “as coisas mudaram”;
Apesar de tudo, é um bom profissional na sua especialidade, mas fora deste contexto está à
deriva!
Podemos então caracterizá- lo assim: pensamento débil; convicções sem firmeza; apatia nos seus
compromissos; sua ideologia é o pragmatismo; sua norma de conduta, o hábito social, o que está
na moda; sua ética fundamenta-se na estatística, substituta da consciência; sua moral, repleta de
neutralidade e subjectividade, é relegada para a intimidade, sem se atreve r a vir a público.
Os seus “pecados” são:
O materialismo, que significa dar mais importância ao ter do que ao ser;
O consumismo, que é, para muitos, a fórmula suprema de liberdade: o comprar, gastar e possuir, o
que se quiser, nem que o objectivo seja a mera substituição dos objectos por outros, com a mesma
função, mas cada vez melhores;
O hedonismo, que significa buscar o prazer acima de tudo, buscar novas sensações, cada vez mais
excitantes;
A permissividade que destrói os melhores propósitos e ideais, pois não há proib ições, nem
limitações;
O relativismo, que significa que tudo é relativo - é a “absolutização” do relativo: se há consenso,
a questão é válida; o importante é a opinião da maioria; a essência da verdade passa, assim, tantas
vezes, a residir na sua utilidade.
De que homens necessitamos? De homens que, face à aus ência de vínculos, contraponham o
compromisso com os ideais. De homens que sejam bússolas e não cataventos. De homens que vivam
a verdadeira felicidade, construída em percursos de vida coerentes com os ideais e, por isso mesmo,
geradores de serenidade, gozo e paz interior.
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