CINEMA
QUE MARCONI QUE NADA!
Documentário procura resgatar a história de um padre cientista que realizou a
primeira experiência de transmissão por ondas hertzianas. Aqui, foi taxado de maluco.
S
antos Dumont inventou o
avião, dizemos nós
brasileiros, mas lá fora só se
fala que essa façanha foi realizada
pelos irmãos Wright, que três anos
antes fizeram o aparelho decolar de
uma rampa porque sem ela o dito
cujo não se moveria. Também lemos
que foi um brasileiro o inventor do
Raio X, embora lá fora se atribua
essa invenção a Wilhelm Roentgen,
que, de fato, em 1895, fez a primeira
radiografia da história, mas que
continuaria sendo uma mera
curiosidade caso nosso compatriota
Manoel Dias de Abreu não desse
utilidade ao uso dessa tecnologia
para realizar diagnósticos –
especialmente de tuberculose –
invenção essa que se denominou
Abreugrafia em homenagem ao seu
criador.
Também aprendemos desde
criança que o inventor do rádio foi
um italiano chamado Marconi, e por
essa fama ele, de Roma, através de
uma onda elétrica, acendeu os
refletores que iluminaram o Cristo
Redentor no dia da inauguração da
estátua. Foi uma grande honra para
o Rio de Janeiro e o País, mas o
que não nos contaram é que em
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1900 um padre, que também era
cientista, realizou a primeira
transmissão por meio de ondas
hertzianas, entre o alto da Avenida
Paulista e o alto de Sant’Anna, em
São Paulo, cobrindo uma distância
de oito quilômetros.
Esse inventor foi Roberto
Landell de Moura, gaúcho de Porto
Alegre nascido em 1861, que de
quebra também construiu o primeiro
transmissor sem fio para transmissão
de mensagens – bem antes de o
italiano começar seus testes para este
invento que também lhe é atribuído
– e ainda patenteou nos Estados
Unidos o “Wireless Telephone”.
Pois é essa história, incrível e
desconhecida para a maioria dos
brasileiros, que será contada em
filme de Rogério Garcia, baseado
em livro de Hamilton de Almeida
denominado “Padre Landell de
Moura – um herói sem glória”
(Editora Record).
Em formato de documentário
biográfico, o filme irá apresentar o
contexto dos primórdios da era das
comunicações, os inventos e as
experiências públicas de Landell
Moura, recheado com entrevistas
de cientistas, pesquisadores,
Padre Landell: fez, mas não levou o crédito.
historiadores, jornalistas e a
reprodução do momento histórico
da primeira transmissão de voz sem
o uso de fios.
Roberto Landell de Moura
nasceu no dia 21 de janeiro de 1861,
na cidade de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, na então Rua de
Bragança, hoje Marechal Floriano,
numa casa que fazia esquina com a
antiga Praça do Mercado, tendo
sido batizado, conjuntamente com
sua irmã Rosa, a 19 de fevereiro de
1863, na Igreja do Rosário, de
cuja freguesia, anos mais tarde, e até
falecer, viria a ser vigário. Ele foi o
2
quarto de doze irmãos, filhos de
Inácio José Ferreira de Moura e Sara
Mariana Landell de Moura, ambos
descendentes de tradicionais famílias
do estado do Rio Grande do Sul.
O padre Landell de Moura
viveu nos Estados Unidos por um
período de três anos, durante os
quais entusiasmou os meios
científicos norte-americanos com
seus inventos, entre os quais os
três mais importantes para o
mundo: o Telefone sem fio, o
Telégrafo sem fio e o Transmissor
de ondas. Cumpridas essas
formalidades, foram-lhe entregues
as patentes sob números 771 917
de 11 de outubro de 1904
(Transmissor de ondas); 775 337,
de 22 de novembro de 1904
(Telefone sem fio), e 775 846, da
mesma data (Telégrafo sem fio).
Ao retornar dos Estados
Unidos, em 1905, Landell
solicitou ao presidente da
República, Rodrigues Alves, dois
navios para demonstrar seus
inventos, mas um oficial de
gabinete do Presidente, ao saber
que o padre falava em transmissão
a qualquer distância, aconselhou
Rodrigues Alves a não permitir o
experimento por achar que o padre
era maluco. Roberto Landell de
Moura morreu anonimamente aos
67 anos no dia 30 de julho de
1928 cercado apenas por seus
parentes e poucos amigos.
INCENTIVO – Mas para essa
história ser contada é necessário
dinheiro, coisa que a produtora
Videográfica anda atrás com pelo
menos dois trunfos: possibilidade
de oferecer 100% de abatimento
do Imposto de Renda devido ao
patrocinador, através da lei do
Audiovisual (valor aprovado R$
580 mil) e 3% do ICMS devido por
empresas sediadas em São Paulo
através do Programa de Ação
Cultural da Secretaria de Estado da
Cultura (Proac). Por esse
programa o valor aprovado foi de
R$ 600 mil.
O início da produção do
documentário está previsto para abril
de 2013, com estreia no mês de
outubro do mesmo ano. O diretor
será Rogério Garcia, idealizador do
projeto, com experiência de mais de
20 anos como diretor de arte da
Rede Globo, SBT e agora na
Record.
A proposta apresentada pela
produtora para captação de
patrocínio traz todos os elementos
necessários que um patrocinador
precisa saber na hora de examinar
um projeto. Abrange informações
contábeis e financeiras, informações
técnicas (objetivo do documentário,
público-alvo, cronograma e
oportunidade), estratégia de
divulgação, retorno institucional e
dados sobre contato, além do breve
resumo do que é o projeto.
Como exemplo de um bom
case para quem ainda não tem muita
experiência na apresentação de
proposta para captação de recurso,
anexamos o conteúdo enviado à
redação e que pode ser visto através
da versão em HTML desta matéria.
SERVIÇO: Para maiores informações:
Videográfica,
Rogério
Garcia:
[email protected]. Tel: (11)
98422.9996.
Guglielmo Marconi registrou a invenção do rádio em 1901.
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