NO 39 | ANO VII | MARÇO & ABRIL 2014 Essilor, multinacional francesa líder mundial em lentes oftálmicas para óculos, fabricante das lentes multifocais Varilux® e das lentes antirreflexo Crizal®. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT LOGÍSTICA A gente conhece bem nossos clientes. E eles conhecem ainda melhor nossos resultados. NO39 | ANO VII | MARÇO & ABRIL 2014 | R$25,00 WWW.REVISTAMUNDOLOGISTICA.COM.BR editora OPINIÕES Condomínios logísticos ISSN 1982-1832 39 9 771982 183050 Por Alex Cecolim Política Econômica e Logística Por Paulo Guedes Cadeia de Suprimentos: Desafio do Varejo Por Edgard Liberali Filho Imprevisibilidade de demanda Por Alexandre Gonçalves Um atendimento próximo e personalizado, sempre atendendo às necessidades do cliente, é assim que trabalhamos. A Freelog é uma consultoria especializada na melhoria da performance operacional, focada em logística e supply chain. São 13 anos de experiência e escritórios em Paris, Toulouse, São Paulo e Hong Kong, o que nos permite desenvolver projetos em diversos segmentos em mais de 20 países. Nossa equipe diversificada e multicultural garante agilidade para encontrar soluções relevantes. E não foi diferente com a Essilor, para quem desenvolvemos um importante projeto de otimização da rede de distribuição. GUIA DE Quer saber mais sobre nossa empresa? Pergunte a um deles. Estratégia “Além da racionalização dos fluxos existentes, o modelo precisou integrar diferentes variáveis estratégicas e garantir a otimização fiscal da nossa distribuição. A Freelog foi capaz de agregar todos estes elementos, nos fornecendo uma visão clara de como nos organizar no futuro. Fico tranquila em recomendar o trabalho da Freelog.” Como o Supply Chain pode ser fonte de vantagem competitiva e transformar seu negócio? VALÉRIA PESSÔA DIRETORA DE OPERAÇÕES, ESSILOR BRASIL em Supply Chain CONDOMÍNIOS LOGÍSTICOS NO BRASIL Um mapa dos condomínios logísticos e suas principais características. Por Cadu Nascimento e Cassio Azevedo Como manter a eficiência do Supply Chain em mercados emergentes? Por Aakash Deep, Craig Rawlings, Ganesan Ramachandran e Roque Cifu e mais: • O desafio logístico num ano de Copa do Mundo Avenida Chucri Zaidan, 940 • 16º andar • São Paulo www.free-log.com • [email protected] • +55 11 99497.7538 PARIS - TOULOUSE - SÃO PAULO - HONG KONG • Fórum Martins de Logística 2013 • Integração e colaboração na cadeia de suprimentos • Logística Reversa do pósvendas no e-commerce de um varejista • Colunas: Gestão em Foco, Carreira em Foco e Supply Chain Council edição 39 ano VII | março & abril 2014 28:: Como o Supply Chain pode ser fonte de vantagem competitiva e transformar seu negócio Você pos- siu uma estratégia de supply chain? Como criá-la? Como desenvolvê-la? Por: Cadu Nascimento e Cassio Azevedo 36:: Como manter a eficiência do Supply Chain em mercados emergentes? Algumas ideias sobre o que pode ser feito para manter a eficiência das cadeias de suprimento com foco em mercados emergentes. Por: Aakash Deep, Craig Rawlings, Ganesan Ramachandran e Roque Cifu 48:: Guia de Condomínios Logísticos no Brasil Um mapa dos condomínios logísticos e suas principais características. 10:: O desafio logístico num ano de Copa do Mundo Quais serão os principais desafios da logística no ano de 2014? Por: Celso Peyerl 18:: Fórum Martins de Logística 2013 Saiba como foi o Fórum Martins de Logística de 2013, que tem por objetivo compartilhar informações entre os profissionais da área. 22:: Coluna Supply Chain Council Os 5 principais desafios na gestão do Supply Chain Por: Joseph (Joe) Francis e Élcio Grassia 24:: Adequando-se à imprevisibilidade de demanda Determinando de forma mais adequada qual a estratégia adotada para atender a demanda de forma mais apropriada e eficiente. Por: Alexandre Gonçalves 42:: Coluna Carreira em Foco Fugir da concorrência! Como encontrar oportunidades nunca anunciadas? Por: Antonio J. Ornellas 66:: Logística Reversa do pós-vendas no e-commerce de um varejista Conheça o funcionamento dos processos de logística reversa de pós-venda utilizados no e-commerce de uma rede varejista. Por: Juliana Pontini e Raquel Janissek-Muniz 80:: Coluna Gestão em Foco No limite do caos Por: Donald Neumann 82:: Integração e colaboração na cadeia de suprimentos Exercitando a visão colaborativa e integradora entre os diversos atores da cadeia de suprimentos. Por: Helio Meirim 84:: A Política Econômica e a Infraestrutura Logística Uma avaliação crítica sobre as consequências que a falta de investimento no setor de logística pode trazer. Por: Paulo Guedes 88:: A Cadeia de Suprimentos e o Constante Desafio do Varejo A logística deve garantir processos eficientes que sustentem as vendas, já que não pode resolver todos os problemas que causam a ruptura. Por: Edgard Liberali Filho 92:: Condomínios logísticos Flexibilidade de expansão e compartilhamento de custos para operadores. Por: Alex Cecolim :: artigo O desafio logístico num ano de Copa Mundo copa do mundo I magine na Copa!” É provável que todos já tenham falado ou ao menos ouvido essa expressão uma dúzia de vezes desde que o Brasil foi anunciado como país-sede da Copa de 2014. A preocupação não é sem fundamento. O histórico longínquo e recente do Brasil demonstra que as coisas são feitas de última hora, de qualquer jeito e a qualquer preço. É como se existisse uma mensagem subliminar que (usando um trocadilho infame para momento) aos 45 minutos do segundo tempo, o juiz mandará levantar a placa com os minutos de acréscimo necessários para que o País resolva todos os problemas. Em 3 de junho de 2003, 11 anos antes da Copa do Mundo, o Brasil oficializou a sua candidatura a sede. Após visitar quatro estádios brasileiros, Maracanã, Morumbi, Mineirão e Beira-Rio, o presidente da FIFA, Joseph Blatter enfatizou em abril de 2007 que o Brasil não tinha nenhum estádio em condições de sediar a Copa. Meses antes o então presidente Lula havia dito que o Brasil precisaria de 12 novos estádios.*1 Em 30 de outubro de 2007 o Brasil é confirmado como país-sede da Copa do Mundo de 2014. O que mudou desde então? Depois de longos seis anos. Não falemos apenas de estádios ou da infraestrutura diretamente ligada a eles e necessária para acolher o evento, como centros de comunicação, treinamentos de segurança e tantos outros. Pensemos especialmente na mudança tão necessária de mind set que poderia ter ajudado o País a preparar-se de maneira adequada para o “ Celso Peyerl Formado em Filosofia e Ciências da Computação. Possui pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV SP). Atua há mais de 10 anos em empresas de bens de consumo líderes em seu segmento, onde tem contribuído de maneira decisiva para o aperfeiçoamento do negócio. Liderou projetos na América Latina, EUA e Europa. É professor de cursos de pós-graduação em logística e palestrante em eventos nacionais e internacionais. Atualmente é o diretor de Supply Chain do Grupo L’Occitane do Brasil. [email protected] 10 www.revistamundologistica.com.br ainda mais complicado. evento mundial, de modo que os benefícios fossem perDe acordo com documento oficial do Conselho manentes para a população e para o País em termos de Nacional de Turismo*2 o Brasil apresentava o seguinte investimentos em infraestrutura. O Brasil teve a oportunidade única de prepararcenário em 2011: se de maneira exemplar, investindo de forma a mudar • carência de planos diretores de turismo em Estados radicalmente a infraestrutura do País. Isso traria um e Municípios; resultado de médio e longo prazo bem maior que • ausência do estabelecimento de padrões mínimos o sexto título mundial. A tendência é dizer que a para os cursos, que possam incorporar a demanda oportunidade está sendo mal aproveitada e que, posde empresários, trabalhadores e políticas públicas volsivelmente, nos restará apenas a fútil alegria de erguer tadas ao desenvolvimento do turismo; a Copa. Isso caso nossos coirmãos portugueses não es• carência de infraestrutura básica (acessibilidade, motraguem a nossa festa com o atual melhor jogador do bilidade urbana, saneamento); mundo, o Cristiano Ronaldo. Ou mesmo os hermanos • carência de infraestrutura turística (sinalização turístiargentinos ou a Alemanha que desponta como favorita. ca, equipamentos receptivos, centros de convenções E qual é o desafio logístico num ano de Copa do e feiras, terminais de passageiros e atracadores, infraMundo? estrutura aeroportuária e aeronáutica); Olhando para alguns pontos importantes da logísti• limitação de oferta aérea e rodoviária, face à falta de ca, este artigo não tem a pretensão infraestrutura; de esgotar o assunto. Ao contrário, precariedade dos terminais; • é apenas um embrião para uma dis• falta de integração entre Talvez esse tema cussão mais profunda e saudável. O modais; texto navega pelos aspectos logísticos • falta de interconectividade seja um dos que atualmente mais evidentes e procuda malha aeroviária doméstica x inmais preocupa a ra contribuir com dados e opinião ternacional; organização do mostrando nossa realidade. Apresenexcesso de movimentação • ta também uma análise com fontes torneio: a situação nos principais aeroportos; oficiais sobre a situação dos investi• condições das vias; (nota dos aeroportos. mentos em infraestrutura ao mesmo do autor: apontado no documento tempo em que tenta colaborar com como uma fraqueza); ideias e insights sobre o assunto. • Imagem Brasil (insegurança). É difícil ser otimista e olhar para os LOGÍSTICA DE PASSAGEIROS pontos anteriores e crer que eles evoluíram na qualiTalvez esse tema seja um dos que mais preocupa a dade e velocidade necessárias para o atendimento da organização do torneio, a situação dos aeroportos. Todemanda que o Brasil tem, seja para a Copa, seja para dos nós assistimos diariamente a reportagens e mais remanter o País funcionando de forma competitiva. portagens sobre as longas filas nos balcões de check in, Até dias atrás falávamos da carência de oferta de além dos atrasos nas chegadas e saídas de voos. Caos voos para várias cidades (ex.: Manaus) e o quanto isso diário provocado pela falta de espaço físico para acomoestava inflacionando o preço das passagens. As compadar passageiros e bagagens. nhias aéreas vivem anos difíceis e a Copa do Mundo O Brasil recebeu pouco mais de 6 milhões de turistas pode ser o viés da navalha para melhorar as margens em 2013, recorde histórico. Número 17% menor que o corroídas. Para evitar o exagero nos preços de passaesperado para 2014 e, grande parte dele concentrado gens aéreas, o governo acaba de anunciar*3 o aumento nos meses de junho e julho durante o mundial. Não de oferta de voos. É verdade que o efeito nos preços já temos histórico positivo em planejar e executar eventos pode ser sentido de imediato (veja box), mas é verdacom grande concentração de pessoas. A Jornada Munde também que isso deve provocar um aumento ainda dial da Juventude está aí para nos lembrar disso. maior da demanda sobre a infraestrutura local dos aeO número de viajantes internos mais que triplicou roportos já saturados e que, provavelmente, não irão desde 2000. O acesso de milhares de pessoas aos voos, suportar o altíssimo fluxo de passageiros. seja pelo baixo custo das passagens, seja pelo cresciExemplo disso é Cuiabá que deve ter um aumenmento econômico de uma camada importante da poto médio de 48% durante o período dos jogos. Fala-se pulação, deve ajudar a tornar o cenário dos aeroportos em construir um terminal provisório de lona segundo a 11 ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann*5. Mas isso não é exclusividade de Cuiabá, Fortaleza deve seguir o mesmo caminho.*6 No documento do Ministério do Turismo de 2011, já era citada a “Precariedade dos terminais” como uma das fraquezas do Brasil para o quadriênio 2011-2014. Ao que tudo indica, o documento apresenta um bom diagnóstico da situação, mas as ações, geralmente provenientes de análises dessa natureza, parecem que não tiveram ressonância. Vivemos um cenário de infraestrutura obsoleta fruto de anos de descaso e esquecimento que agora precisa renascer das cinzas. Isso deveria ser feito de maneira planejada e com forte investimento em portos e aeroportos e não com o famoso jeitinho brasileiro. A famosa gambiarra. Estarmos presos a, praticamente, somente um canal para o transporte em massa para grandes distâncias, o aéreo. Num país continental como o nosso, onde poderíamos utilizar como alternativa o deslocamento ferroviário entre algumas capitais, particularmente no SE, isso não é possível. Erros estratégicos, mesmo no passado mais recente, nos forçam a utilizar somente o transporte aéreo, sem possibilidade de desafogar este modal. Eu imagino que durante a Copa teremos uma mudança de hábito das pessoas. O viajante interno, já escaldado pela rotina caótica dos aeroportos, provavelmente evitará viajar durante o período dos jogos. Decisão sensata. É provável que deixem as viagens para depois da Copa, uma vez que antecipar as coisas não é muito comum na nossa cultura. As próprias empresas devem refazer seus calendários internos evitando viagens de negócios durante esse período. Não devem expor os seus executivos de maneira desnecessária, seja pela complexidade da situação, seja pelo aumento do risco que situações como essa representam. Executivos de grandes empresas estão antecipando o calendário de negócios de 2014, tentando ganhar o jogo no primeiro semestre. Alguns acreditam que o fechamento de negócios deve diminuir bastante durante o torneio. Se for assim, do ponto de vista dos negócios, 2014 terá o AC e o DC (Antes e Depois da Copa). Oficialmente ainda não foi decretado nenhum feriado, mas é certo que as empresas de um modo geral liberarão os funcionários ou mesmo não terão expediente nos dias de jogos do Brasil. Isso está assustando muitos empresários que terão a produtividade de suas empresas afetada. Existem várias estimativas para o tamanho do prejuízo. Não é possível precisar qual realmente será o montante.*7 Pelos anúncios de investimentos já feitos (e os que 12 www.revistamundologistica.com.br ainda serão) não deveremos ter problemas com o aluguel de carros. As ofertas dos grandes players foram aumentadas, o que deve gerar equilíbrio entre oferta e demanda. O mesmo não se aplica para a sinalização de trânsito em língua estrangeira que é praticamente inexistente nas entradas e saídas das cidades. LOGÍSTICA DE MATERIAIS CARGA AÉREA Com menos de 1% de participação na matriz de transportes do Brasil, o transporte aéreo de cargas ao mesmo tempo deverá sofrer um enorme impacto, mas representando um pequeno potencial ofensor na matriz como um todo. O transporte de cargas está longe de ser a primeira prioridade das empresas aéreas. Muito antes vêm os passageiros e suas bagagens entre outros tantos que cortam a frente da carga. Durante o período dos jogos essa situação deve ser bastante agravada, com o aumento do fluxo de passageiros e suas bagagens. Empresas que dependem desse modal devem estar atentas e planejar rotas alternativas ou mesmo o uso de outra modalidade quando isso for possível. As indústrias farmacêuticas e de vacinas, as empresas de transporte de materiais perecíveis entre outras devem ser as mais impactadas uma vez que o transporte aéreo ocupa um importante percentual de sua matriz interna de transportes. Em 2013, durante a Copa das Confederações, essas empresas experimentaram uma deterioração na ordem 2.000.000 1.500.000 202.589 11,8% 1.713.885 100% 1.511.296 88,2% 1.000.000 500.000 não pavimentadas pavimentadas total de km de rodovias Gráfico 1. Extensão da malha rodoviária brasileira.Valores em km / Dados de 2013 de 6 a 7% no modal aéreo. Basicamente devido a atrasos e cortes de pistas para embarque. Isso impactou muito o negócio considerando a grande dependência para as entregas em menos de 48h de produtos perecíveis. Outro fator é a baixa oferta de opções de companhias aéreas prestadoras do serviço de forma qualificada para esse tipo de produto e na quantidade necessária. CARGA RODOVIÁRIA Sendo o principal meio de transportes do País, correspondendo a mais de 60%, o modal rodoviário é um dos que mais sofrem com o esquecimento e abandono do governo. É claro que não podemos esquecer a forma inconsequente como é tratado o transporte ferroviário, mas considerando-se a significância do rodoviário na matriz, era de se esperar uma atenção maior por parte de quem tem a capacidade e obrigação de fazer os investimentos necessários. Segundo dados do Sistema Nacional de Viação*8, publicados pela CNT (Confederação Nacional de Transportes) em sua Pesquisa de Rodovias 2013*9, existem no Brasil 1.713.885 km de rodovias, dos quais apenas 202.589 km são pavimentados, isto é, 11,8% da malha. Entre as rodovias pavimentadas, 64.921 km são federais. Destes, apenas 8% são de pista dupla (5.203 km), e 2,1% (1.376 km) são vias em fase de duplicação; os demais 89,9% são de pista simples. Veja gráfico 1. Comparado com outros países, o Brasil apresenta grande deficiência em termos de infraestrutura rodoviária. Numa comparação da malha pavimentada em relação à área territorial temos o resultado conforme gráfico 2. Como todos sabemos, rodovias deficientes aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios. Ainda de acordo com a pesquisa, o acréscimo médio do custo operacional devido às condições do pavimento das rodovias brasileiras é de 25%. Segundo a pesquisa, se o pavimento de todas as rodovias tivesse classificação Boa ou Ótima, em 2013, seria possível uma economia de até 5% no consumo de combustível, o que representa 661 milhões de litros de óleo diesel (R$ 1,39 bilhão). No entanto, apenas 36,2% foram considerados satisfatórios (Ótimo ou Bom) e 63,8% recebeu nota Regular/Ruim/Péssimo. Importante salientar que o modal rodoviário é o maior e mais importante para o País, além do que, o índice anterior é agravado pelas condições precárias de manutenção de muitas das estradas consideradas pavimentadas, pela falta de segurança (roubos) e a falta de suporte ao usuário em outras. É bem possível que turistas europeus e americanos sintam saudades de casa ao tentarem dirigir pelas estradas brasileiras. Sempre ouvimos sobre a falta de investimentos na construção e manutenção das rodovias. Na verdade é preciso dizer que tivemos um aumento de 1.000% entre 2003 e 2011, saindo de menos de R$1bi para mais de R$11bi investidos. Mas também é necessário dizer que os números entraram numa curva descendente após 2011. É interessante notar que o valor investido é significativamente menor que o valor aprovado para o biênio 500 445,2 400 359,9 300 200 100 46,0 eua china austrália 44,8 rússia 41,6 canadá 23,8 brasil Gráfico 2. Densidade da malha pavimentada por País.Valores km pavimentados/1.000km2 Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias 2013. 13 20 18,7 18 16 14 10,3 10,3 10 8,8 8,7 5,6 6 5,4 5,0 4,1 3,1 1,8 3,2 2,6 0,9 2,0 9,4 7,8 8 2 13,1 11,2 12 4 13,6 12,9 5,1 4,2 2,6 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 autorizado 2008 2009 2010 2011 2012 até set/13 pago Gráfico 3. Evolução do investimento federal em infraestrutura rodoviária.Valores em R$ bilhões correntes (2002 - 2013). Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias 2013. 2012/13, mostrando a dificuldade do governo federal em administrar os investimentos. Veja gráfico 3. Nos últimos 10 anos estavam autorizados, mas não foram investidos, mais de R$ 41bi, o que poderia ter representado um fator importante em termos de segurança nas estradas e produtividade para o transporte. Em 2013 (dados até setembro) voltamos a patamares semelhantes a 2006. Um ano antes da escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo. Não é possível dimensionar de forma precisa as novas dificuldades que a Copa do Mundo irá adicionar para o transporte rodoviário de cargas em geral, especialmente as de alto valor agregado como eletro-eletrônicos e medicamentos, mas é de se esperar que as autoridades (Polícia Rodoviária Federal e Estadual) foquem no trânsito de pessoas nos meses da Copa e na manutenção da ordem e segurança dos grandes eventos de imensidão pública. Os roubos de cargas tendem a aumentar. Desde agora é visível o aumento com custos de gerenciamento de risco (PGR) e existe previsão de falta de escoltas devido ao aumento da demanda uma vez que elas serão requisitadas pelas delegações das seleções, pela imprensa internacional, por políticos e por celebridades nacionais e internacionais. Dá a impressão que pouca diferença fez o fato de o País ter sido selecionado para receber um evento dessa magnitude. Mais ainda, que pouco se fez em termos de investimento de médio e longo prazo. OUTROS TRANSPORTES DE CARGA Com cerca de 25% de representatividade, o trans14 www.revistamundologistica.com.br porte ferroviário é o segundo mais importante da matriz de transportes no Brasil. Para este setor, o PIL (Programa de Investimento em Logística) lançado em agosto de 2012 praticamente não saiu do papel. Cerca de 11 mil quilômetros de ferrovias e cerca de R$ 55bi de investimentos são apenas sonho. Com o objetivo de desafogar a malha rodoviária, o governo estuda medidas de incentivo à cabotagem (o Procabotagem). O incentivo viria na forma de redução de impostos de importação caso a empresa invista na construção de embarcações. O objetivo é praticamente dobrar o número de embarcações. Priorizando a construção de porta-contêineres, graneleiros e cargueiros. Os principais problemas do plano estão no fato de que a cabotagem, apesar de proporcionar custos competitivos, apresenta um longo tempo de viagem, infraestrutura deficiente e, principalmente, falta de integração com outros modais de transporte. É claro, sem falar que isso é um plano de médio prazo e não traria nenhum efeito para 2014. ENTREGA URBANA A distribuição nos grandes centros consumidores é, a cada dia, um desafio maior. A necessidade de atendimento às regras de circulação nas zonas de restrição aliadas ao crescimento da demanda são apenas dois dos vários fatores que impactam essa atividade. Por outro lado, a entrega urbana acaba por contribuir para incrementar os problemas das grandes cidades, especialmente aqueles relacionados aos congestionamentos. Segundo o CSCMP – Council of Supply Chain Ma- nagement Professionals – a entrega urbana representa cerca de 30% do volume de tráfego nas grandes cidades. No período dos jogos haverá grande concorrência pelo espaço público nas ruas, ao mesmo tempo em que haverá (assim se espera) um crescimento da demanda causado pelo aumento do consumo, fruto também do grande número de turistas. Imagina-se que o poder público deverá anunciar ações para tentar reduzir os impactos no trânsito dos grandes centros. Pontos facultativos, feriados escolares e acirramento das regras de restrição de circulação estarão, provavelmente, entre os mecanismos utilizados pelo governo. Isso, no entanto, não soluciona o problema já existente de falta de mobilidade e complexidade na entrega urbana. Em São Paulo discute-se a ampliação do rodízio municipal. Seriam mais 371 km de vias totalizando 400 novas vias. O que ainda não está claro é a forma como serão tratadas alternativas para o transporte de passageiros e cargas na cidade. Essa não é uma medida de difícil implementação, mas possui enorme repulsa pública. Normalmente não é feita em anos de eleição. Na edição de setembro/outubro desta revista*10, no artigo “Distribuição Urbana: Oportunidades e Desafios”, Marco Antonio Oliveira Neves faz uma excelente análise do tema e apresenta uma lista completa de ações que, se bem aplicadas, poderiam contribuir para mitigação do problema da mobilidade urbana. Entre elas, algumas de grande impacto: • ampliação da rede de metrô; • barateamento do transporte público; • desenvolvimento de sistemas tarifários que levem em consideração a distância viajada no transporte público. O carro é um dos itens de maior desejo na população. O fato é que desde a década de 60 o governo tem dado incentivos de maneira sistemática à indústria automobilística. No começo pela necessidade do desenvolvimento e fortalecimento da indústria nacional, depois pela dependência criada em relação a um segmento que se tornou tão forte e com sindicatos tão atuantes como vimos na década de 80. Nos últimos anos houve mais incentivo com a redução do IPI que, ao mesmo tempo em que colaborou com a renovação da frota, também fez aumentar a quantidade de veículos nas ruas. C M Y CM MY CY CMY K O EFEITO “MANIFESTAÇÕES” Até o dia 29 de janeiro deste ano, 31 ônibus foram queimados somente na cidade de São Paulo. Compondo a impressionante média de mais de uma ocorrência a cada 24 horas. O número de manifestações não é possível afirmar com precisão. Boa parte delas começa e termina sem ser noticiada. Rolezinhos, blackblocs, prisões, depredação do patrimônio público, abuso de poder... esses serão alguns dos temas mais ouvidos em junho e julho quando o “Imagine na Copa!” tiver saído de moda por decurso de tempo. Como isso afetará o transporte de produtos no chamado last mile? O trânsito já saturado dos grandes centros sofrerá um grande impacto nos dias de jogos nas cidades-sede. Milhares de pessoas se deslocarão de seus trabalhos para voltar para suas casas. Muitos irão assistir nas centenas de telões que serão instalados pelo Brasil afora. O fato é que 15 em resumo: PASSAGEIROS MATERIAIS ENTREGA URBANA CENáRIO CENáRIO CENáRIO • atraso nas cargas aéreas em função da sobrecarga dos aeroportos • Malha rodoviária deficiente e limitada • Falta de opções de players no modal aéreo • aumento do custo e da insegurança • congestionamento • restrição de circulação de veículos • Migração da mão-de-obra para outros setores • Transporte coletivo insuficiente • Manifestações e insegurança da carga AÇãO AÇãO AÇãO • antecipar calendário de negócios • evitar viagens nos dias de jogos • incentivar o uso de teleconferências • planejar rotas • avaliar uso de modais alternativos • rever pGrs e contratos de segurança de carga • rever contratos e slas • planejar demanda no período da copa em conjunto com os principais clientes • antecipação de entregas • buscar horários alternativos • Falta de infraestrutura • aumento do número de viajantes internos • baixa oferta e alto custo • superlotação e falta de assentos haverá um contingente excepcional de pessoas e carros nas ruas. nas grandes cidades como são paulo, rio de Janeiro e brasília o trânsito caótico já é esperado pelo acúmulo de pessoas e grande quantidade de transporte individual. nas cidades menores, algumas delas sediando pela primeira vez um evento mundial deste porte, a inexistência de cultura de organizar tais eventos e de receber enorme quantidade de visitantes aliada ao despreparo das autoridades locais poderá transformar o trânsito num caos. as manifestações e atos públicos (estamos em ano de eleições!) devem dividir o mesmo espaço com todos os demais. Neste cenário é que se coloca o desafio da 16 www.revistamundologistica.com.br entrega e da segurança da carga. este será o ano das manifestações. CONCLUSãO o ano da copa do Mundo no brasil não será um ano fácil para a logística. Os desafios históricos (situação dos terminais de passageiros / condições das estradas / desafios da mobilidade urbana) continuam presentes e, a menos de cinco meses do torneio, não dispomos mais de tempo para vencê-los. além disso, teremos novos desafios jamais enfrentados anteriormente como as manifestações públicas e os atos políticos quase que diários. A esses desafios outros tantos mais irão juntar-se: concentração de turistas em curto período de tempo, Protetores ® ® Rua Anequirá, 141 • Cordovil • Rio de Janeiro • RJ • CEP: 21215-440 Rua Anequirá, 141 • Cordovil • Rio de Janeiro • RJ • CEP: 21215-440 e-mail:[email protected] • www.engesystems.com.br e-mail:[email protected] • www.engesystems.com.br 3457.9000 Telefax: Telefax: 55 21 3457.9000 ENGESYSTEMS, 1980 fabricando fabricando ENGESYSTEMS, desde desde 1980 equipamentos para para movimentação movimentação eearmazenagem. armazenagem. equipamentos a dificuldade com a língua, falta de condições de segurança em eventos, despreparo coletivo e o jeitinho brasileiro. É previsível que negócios não ligados ao evento tenham uma diminuição nos dois meses pré-evento e especialmente durante a Copa do Mundo. As menores empresas talvez tenham de lançar mão de de® missões uma vez que os investimentos em negócios não-Copa tendem a diminuir e a pressão pela sobrevivência será grande. Obviamente essa P: 21215-440 situação será minimizada ou amenizada num ano de eleição. stems.com.br Deverá haver uma migração da mão-de-obra para a área de serviços e para o varejo que estarão em alta*11 e demandando mais que as outras. o mazenagem. As preocupações aqui são a falta de qualificação e de treinamento nessa passagem e o possível volume de demissões no período pós-Copa. ática A recomendação é que as empresas (e mesmo as pessoas físicas) elanda. borem planos detalhados e os executem. Construam Planos de Continno gência e mitiguem os riscos. Concentrem esforços em soluções criativas or que ajudem a vencer os já conhecidos problemas e tenham a velocidade ETEC/UFRJ. de mudar as coisas no caso de imprevistos. Em tempo, em janeiro deste ano, Estocolmo na Suécia, anunciou ias, a sua desistência em tentar sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em 2022. O prefeito da cidade, agora ex-candidata a sede, afirmou que eles têm outras necessidades como a construção de moradias. O primeiroministro disse que aceitar os jogos seria “especular com dinheiro público”*12. Vale lembrar que a Suécia é o 7º país em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Brasil é o 85º, muito atrás do Cazaquistão que é o 69º*13. E que venha o hexa! Instalaçõespróprias próprias com com 15.600 15.600 m². Instalações m². Engate da Máquinas de conformação contínua automática Máquinas de conformação contínua automática Estrutura para produção de perfis até 12 mts sem emenda. para produção de perfis até 12 mts sem emenda. Porta-Pallets Estufas lineares para polimerização eficaz no Estufas lineares para polimerização no Protetor processo de pintura eletrostática à pó. eficaz de C processo de pintura eletrostática à pó. Programa de cálculo estrutural elaborado por engenheiros da Fundação Programa decalculistas cálculo estrutural elaborado por COPPETEC/UFRJ. engenheiros calculistas da Fundação COPPETEC/UFRJ. Estrutura Porta-Pallets, Divisórias, Alambrados e Protetores Estrutura Porta-Pallets, Divisórias, Alambrados e Protetores Protetores Racks Desmo Protetores Engate da Estrutura Porta-Pallets Protetor de Coluna e montante Referências: *1 - http://archive.is/Kl6EV *2 - http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/outros_estudos/Documento_referencial/ *3 - http://www.anac.gov.br/Noticia.aspx?ttCD_CHAVE=1281 de Chapa *4 - http://www.capitalteresina.com.br/noticias/brasil/apos-aumento-de-voos-duderante-copa-preco-da-passagem-cai-ate-67-5118.html Tela *5 - http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/fas-de-futebol-podem-ver-alivio-nosprecos-de-passagens *6 - http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1400028-na-copa-aeroportodo-ceara-podera-ter-terminal-de-lona.shtml *7 - http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/01/empresarios-temem-prejuizosem-2014-com-muitos-feriados-e-copa.html *8 - Dados do SNV de 1º de abril de 2013 *9 - Pesquisa CNT de Rodovias 2013. Disponível para download em http://pesquisarodovias.cnt.org.br/Paginas/relGeral.aspx *10 - Revista Mundo Logística. Ed. 36, páginas 8-19 *11 - http://www.gsmd.com.br/pt/noticias/mercado-consumo/copa-2014-e-eleicoesdarao-trabalho-para-redes-do-varejo *12 - http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/suecia-recusa-jogos-de-2022-paranao-usar-dinheiro-publico *13 - http://blog.estadaodados.com/ranking-do-indice-de-desenvolvimento-humanode Aço idh-2013/ tico TOP Engate da Estrutura Porta-Pallets Contentores de Chapa Corrugada e de Tela Protetor de Coluna e montante Contentores de Chapa Corrugada e de Tela Racks Desmontáveis Contentor de Colunas Display Box Remo Racks Desmontáveis e Box Pallet Contentor de Display Box Colunas Removíveis e Box Pallet Pallet de Aço Contentor de Hermético Colunas Removíveis 17 TOP 2008 2008