ANDRESSA CRISTINA XAVIER BISPO
THAÍS RIBEIRO DOS SANTOS DIAS
INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS NO DISTRITO FEDERAL (BRASIL):
ESTUDO RETROSPECTIVO DO PERÍODO DE 2008 A 2011
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Enfermagem da Universidade Católica de
Brasília como requesito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Enfermagem
Orientador: Leila Bernarda Donato Göttems
Brasília
2012
2
INTOXICAÇÃO POR AGRÓTOXICOS NO DISTRITO FEDERAL (BRASIL):
ESTUDO RETROSPECTIVO DO PERÍODO DE 2008 A 2011
ANDRESSA CRISTINA XAVIER BISPO
THAÍS RIBEIRO DOS SANTOS DIAS
Resumo:
A exposição humana a agrotóxicos se constitui em grave problema de saúde pública
em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. O presente estudo se
justifica pela relevância do tema, a alta taxa de acometimento o que torna o estudo viável e
útil, contribuindo assim para a atualização do banco de dados. Objetivos: analisar as
notificação por agrotóxico entre 2008 e 2011, identificar o perfil sociodemográfico das
vítimas de intoxicação por agrotóxico notificados no Ciat-DF e as causas mais frequentes.
Método: estudo retrospectivo sobre a base de dados do Centro de Informação e Assistência
Toxicológica do Distrito Federal, Brasil (Ciat-DF) referentes a intoxicações por agrotóxicos
ocorridas no DF de 2008 a 2011. Utilizou-se o “Statistical Package for the Social Sciences”
(SPSS)para tabulação e analise dos 8.018 notificações de intoxicações exógenas foram
avaliadas, sendo 1139 específicas por agrotóxico. Resultados: O agrotóxico de uso doméstico
foi o principal agente causador das intoxicações no DF. Predominou a faixa etária de 1 a 4
anos (25,3%), seguida por 20 a 39 anos (25,7%). Entre as crianças de 1 a 4 anos foi por uso de
raticidas (45%) e com os adultos de 20 a 39 anos por agrotóxico de uso agrícola, 39% e
41,1%, respectivamente. Dos casos estudados, a evolução para a cura ou suposta cura, foram
de 56% e 21%, respectivamente. Quanto aos óbitos houve 17 (1,5%) vítimas e os que
adquiriram alguma sequela, 6 (0,5%) vítimas.
Palavras- chave: Agrotóxicos, Intoxicação, Óbito.
1. INTRODUÇÃO
O controle sobre o uso dos agrotóxicos teve início na década de 30 e evoluíram com
sucessíveis Leis, Decretos e Portarias publicadas por diversos órgãos nacionais e
internacionais. A primeira legislação sobre agrotóxicos no Brasil foi o Decreto – Lei nº
24.114, de 12 de abril de 1934 (Brasil, 1934), instituiu o Regulamento da Defesa Sanitária
Vegetal, que relaciona a erradicação e combate das doenças e pragas; Fiscalização, aplicação
na lavoura, desinfecção e expurgo. Previa a criação do Conselho Nacional de Defesa Agrícola
e o primeiro sistema de registro de agrotóxicos no país.
Desde a década de 1950, quando se iniciou a “revolução verde”, foi observadas
profundas mudanças no processo tradicional de trabalho na agricultura bem como em seus
impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas delas baseadas no
uso extensivo de agentes químicos, foram disponibilizadas para o controle de doenças,
aumento da produtividade e proteção contra insetos e outras pragas. (MOREIRA, 2002)
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A Lei 7.802, de 11 de julho de 1989 (Brasil, 1989), regulamentada pelo Decreto
98.816, de 11 de janeiro de 1990 (Brasil, 1990). Esta Lei estabelece, entre outras, a
competência privativa da União legislar sobre o registro, o comércio, o transporte, a
classificação, o controle tecnológico e os aspectos toxicológicos dos produtos. Também
estabelece as competências de estados e municípios relativos ao uso de agrotóxicos. Em seu
artigo 2º, inciso I, define:
Agrotóxicos são os produtos e componentes físicos, químicos ou biológicos
destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de
produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e
de outros ecossistemas e também em ambiente urbanos, hídricos e industriais, cuja
finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação
danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do
crescimento.
O termo agrotóxico substituiu o termo “defensivos agrícolas” utilizado anteriormente,
após grande mobilização da sociedade civil organizada. Mais do que uma simples mudança da
terminologia, esse termo coloca em evidência a toxicidade desses produtos para o meio
ambiente e para a saúde humana (BRASIL, 1989).
Os agrotóxicos são definidos como qualquer substância de natureza biológica, física
ou química; ou ainda, mistura de substâncias naturais ou sintéticas, destinadas a prevenir,
destruir, exterminar, matar, controlar ou inibir qualquer tipo de praga, tais como: insetos,
fungos e ervas daninhas ou plantas aquáticas. Podem ser de uso agrícola ou domiciliar.
(ITHO, 2002), (MOREIRA, 2002), (GONZAGA, 2006).
A classificação dos agrotóxicos quanto a toxicidade em humanos e periculosidade no
meio ambiente são mostradas no Quadro 1 (IBAMA, 1990; 1994 apud ANVISA,2006).
Quadro 01- Classificação dos agrotóxicos de acordo com a toxicidade para o ser
humano e a periculosidade para o meio ambiente.
CLASSIFICAÇÃO
Classe I
Classe II
Classe III
Classe IV
TOXICIDADE
Extremamente tóxicos
Altamente tóxicos
Medianamente tóxicos
Pouco tóxicos
PERICULOSIDADE
Altamente perigoso
Muito perigoso
Perigoso
Pouco Perigoso
Fonte: Dados da ANVISA (2006) e IBAMA (2006)
As intoxicações exógenas ou envenenamentos são manifestações patológicas causadas
pelas substâncias tóxicas e geralmente estão relacionadas a situações de emergência, em
especial aquelas caracterizadas como agudas, isto é, que resultam de uma exposição única ou
a curto tempo, as quais usualmente se manifestam com dados clínicos evidentes de risco de
vida. Essas ocorrências podem ser acidentais, como também intencionais. Tais casos são cada
vez mais frequentes nos atendimentos em setores de emergência. (ROMÃO, 2004)
A exposição humana a agrotóxicos se constitui em grave problema de saúde pública
em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento (KONRADSEN et al.,
2003). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, em torno de três
milhões de pessoas sofram intoxicações agudas decorrentes da exposição aos agrotóxicos,
gerando cerca de 220 mil mortes ao ano (OMS, 1990 apud PERES et al., 2007).
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Intoxicações por agrotóxicos podem provocar muitos sinais e sintomas não específicos
e podem estar relacionados a outros problemas de saúde. (INCA, 2006) Apesar dessa
dificuldade, a literatura médica fornece um conjunto de indicadores que relacionam os efeitos
na saúde devidos à exposição em longo prazo aos agrotóxicos. Problemas oculares, no sistema
respiratório, cardiovascular, neurológico, assim como efeitos cutâneos e problemas
gastrointestinais, podem estar relacionados ao uso desses produtos. (PINGALI, et al., 1994)
Assim, o profissional médico, ao fazer um diagnóstico de intoxicação por agrotóxico, deve
fazer um histórico ocupacional e ambiental de todos os pacientes que apresentarem sinais e
sintomas sugestivos. (INCA, 2006)
Três vias principais são responsáveis pelo impacto direto da contaminação humana por
agrotóxicos. A via ocupacional, que se caracteriza pela contaminação dos trabalhadores que
manipulam essas substâncias. Esta contaminação é observada tanto no processo de
formulação (mistura e/ou diluição dos agrotóxicos para uso), quanto no processo de utilização
(pulverização, auxílio na condução das mangueiras dos pulverizadores – a “puxada” –
descarte de resíduos e embalagens contaminadas, etc.) e na colheita (onde os trabalhadores
manipulam/entram em contato com o produto contaminado).Esta via é responsável por 80%
dos casos de intoxicação por agrotóxicos (MOREIRA, 2002).
A via ambiental, por sua vez, caracteriza-se pela dispersão/distribuição dos
agrotóxicos ao longo dos diversos componentes do meio ambiente: A contaminação das
águas, através da migração de resíduos de agrotóxicos para lençóis freáticos, leitos de rios,
córregos, lagos e lagunas próximos; a contaminação atmosférica, resultante da dispersão de
partículas durante o processo de pulverização ou de manipulação de produtos finamente
granulados (durante o processo de formulação) e evaporação de produtos mal-estocados; e a
contaminação dos solos (MOREIRA, 2002).
Por fim têm-se a via alimentar que se caracteriza pela contaminação relacionada à
ingestão de produtos contaminados por agrotóxicos. O impacto sobre a saúde provocado por
esta via é, comparativamente, menor, devido a diversas razões, tais como: a concentração dos
resíduos que permanece nos produtos; a possibilidade de eliminação dos agrotóxicos por
processos de beneficiamento do produto (cozimento, fritura, etc.); o respeito ao período de
carência, etc. Esta via atinge uma parcela ampla da população urbana, os consumidores.
(MOREIRA, 2002).
O Brasil alcançou em 2009 o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de
agrotóxicos, embora não seja, o principal produtor agrícola mundial. (BOMBARDI, 2011)
Eeste uso abusivo de agrotóxicos, tem produzido grandes benefícios econômicos, e ao mesmo
tempo acarretado sérios danos à saúde humana, e ao meio ambiente. (OLIVEIRA, 2010)
A utilização dos agrotóxicos no Brasil, tanto do ponto de vista ambiental, quanto do
ponto de vista da saúde pública, tem determinado um forte impacto negativo, com
contaminação dos vários meios (ar, água e solo), e com muitos casos de doenças e mortes.
Segundo Moreira e colaboradores (2002), “a exposição ambiental aos agrotóxicos é
caracterizada pela dispersão e distribuição ao longo dos diversos componentes do meio
ambiente, como a contaminação das águas, através da migração de resíduos de agrotóxicos
para lençóis freáticos, leitos de rios, córregos, lagos e lagunas próximos; a contaminação
atmosférica, resultante da dispersão de partículas durante o processo de pulverização ou de
manipulação de produtos finamente granulados e evaporação de produtos mal-estocados; e
ainda pela contaminação dos solos”.
5
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX - criado em
1980 e vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), é responsável pela coleta, análise e
divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento registrados pela Rede Nacional de
Centros de Informação e Assistência Toxicológica - RENACIAT, atualmente composta de 36
unidades localizadas em 19 estados e no Distrito Federal, que possuem a função de fornecer
informação e orientação sobre o diagnóstico, prognóstico, tratamento e prevenção das
intoxicações, assim como sobre a toxicidade das substâncias químicas e biológicas e os riscos
que elas ocasionam à saúde (BRASIL, 2006).
No Ministério da Saúde, a vigilância das populações expostas aos agrotóxicos se
efetivou a partir de 1984 através da instituição do Sistema de Informações Tóxicofarmacológicas (SINITOX). Nesse banco de dados, os registros advêm da notificação
espontânea decorrente do atendimento prestada pelos Centros de Informação e Assistência
Toxicológicas (CIAT). Os CIAT orientam os profissionais de saúde frente à conduta clínica
dos casos de intoxicação. (BOCHNER, 2007).
Apesar de existirem vários sistemas de informação em saúde que possuem registros de
intoxicação por agrotóxicos no Brasil, verifica-se que nenhum deles atende adequadamente
aos objetivos de um sistema de vigilância em saúde, principalmente, porque os dados são
analisados isoladamente (BOCHNER, 2007).
Dados do Sinitox indicam que ocorreram 12.257 casos de intoxicação por agrotóxicos
no Brasil em 2005, refletindo os atendimentos pelo telefone recebidos por 34 centros de
informações toxicológicas do país. No DF há uma grande deficiência nos registros das
intoxicações reportadas pelas vigilâncias epidemiológicas dos hospitais públicos, pelos Guias
de Atendimento de Emergência (GAE) e pelos prontuários dos pacientes intoxicados. Essa
deficiência no preenchimento correto de dados nos documentos de acompanhamento dos
pacientes com intoxicação compromete o mapeamento do problema. (REBELO, 2011)
Em 2007, 159 casos adicionais de intoxicação por agrotóxicos foram reportados ao
Ciat-DF pelas vigilâncias epidemiológicas dos hospitais da rede pública, indicando a alta taxa
de subnotificação de intoxicações recebidas por telefone pelo Ciat-DF. As causas desta
subnotificação se devem, principalmente, à falta de informação dos profissionais de saúde
quanto ao serviço do Ciat-DF e também ao desinteresse destes profissionais de entrarem em
contato com o Centro, por considerarem desnecessárias as informações fornecidas e por não
reconhecerem a importância da notificação. Sub-notificação no DF fica clara quando se
compara os óbitos por agrotóxicos registrados pelo Ciat e os reportados ao Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. (REBELO, 2011)
A análise dos artigos destaca que a contribuição dos profissionais de saúde é focada na
saúde humana – especialmente na saúde do trabalhador e na qualidade dos alimentos. No
intuito de minimizar os efeitos dos agrotóxicos para a saúde ambiental e humana, Siqueira
(2008) expõe sugestões de ação, tanto para os profissionais da saúde como para os órgãos
competentes. São elas: simplificar os rótulos dos produtos, utilizar equipamentos de proteção,
fiscalizar a comercialização dos produtos, estimular prevenção usando medidas educativas,
monitorar resíduos de pesticidas em alimentos, desenvolver ações que visem a saúde do
trabalhador, analisar a percepção do risco no processo de construção de estratégias de
intervenção no meio rural, estabelecer campanhas e políticas educativas e de comunicação de
riscos, priorizar a intoxicação aguda por agrotóxicos, monitorar populações expostas a
misturas de agroquímicos através do ensaio biológico com teste do micronúcleo,
6
Instrumentalizar os profissionais da saúde que atendem a população rural com instrumentos
de notificação. (SIQUEIRA, 2008)
Atualmente, o impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana vem sendo tratado
como uma das principais prioridades da comunidade científica, sobretudo nos países em
desenvolvimento, onde estes agentes químicos são amplamente utilizados na produção
agrícola. Este fato decorre de uma série de fatores interrelacionados, tais como: baixa
escolaridade; falta de uma política de acompanhamento/aconselhamento técnico mais
eficiente; práticas exploratórias de propaganda e venda; desconhecimento de técnicas
alternativas e eficientes de cultivo; pouca atenção dada ao descarte de rejeitos e de
embalagens; utilização/exposição continuada dos agrotóxicos; ausência de iniciativas
governamentais eficientes para prover assistência técnica continuada aos trabalhadores e falta
de estratégias governamentais resolutivas para o controle da venda de agrotóxicos. (PERES,
2007) (DELGADO, 2004)
A efetiva vigilância das intoxicações por agrotóxicos é dependente de processos
integralizados dos bancos de dados, subsidiando e fundamentando a atenção que estes agravos
necessitam. Em consonância ao propósito do tema aqui desenvolvido, têm-se clareza de que
as informações sobre as intoxicações por agrotóxicos não estão adequadamente
documentadas, e não raro, ficam dispersas em diversos sistemas de informações. Dessa forma,
não se dispõe de dados sistemáticos, ou mesmo de um modelo para tal, que reflitam a
realidade do número de intoxicações e mortes por agrotóxicos, ainda que o tamanho do
problema seja significativo principalmente no que se refere ao meio ambiente e à saúde
pública. (OLIVEIRA, 2010)
Portanto, a exploração do tema torna-se viável e útil, e ao desenvolvê-lo deve-se
caracterizar a população exposta aos riscos de intoxicação por agrotóxicos, mediante o
conhecimento dos principais agentes químicos usados e das circunstâncias da intoxicação,
para assim ajudar na prevenção dessas ocorrências, e contribuindo assim para a atualização do
banco de dados.
Este estudo teve como objetivos: analisar as notificação por agrotóxico entre 2008 e
2011, identificar o perfil sociodemográfico das vítimas de intoxicação por agrotóxico
notificados no Ciat-DF e as causas mais frequentes.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este é um estudo descritivo exploratório de abordagem quantitativa sobre as
notificações de intoxicação exógena no DF. Os dados foram extraídos do Centro de
Informação e Assistência Toxicológica do Distrito Federal (CIAT-DF), por ser referência em
notificações, diagnostico, prognostico, e tratamento das intoxicações exógenas, obtidas de um
banco de dados internacional chamado MICROMEDEX, subsidiado pela ANVISA, e de
amplo acervo bibliográfico, o que garante a qualidade e eficácia da conduta adotada.
Os Centros de Informação e Assistência Toxicológicas exercem uma função
primordial, pois definem o perfil toxicológico da sua área de abrangência, através da
informação e assistência toxicológica, auxiliando as políticas de saúde pública de prevenção e
tratamento de intoxicações. Com isto, visam a otimização de recursos do Estado e a
diminuição da morbi-letalidade de pacientes vítimas de intoxicações exógenas.
7
A análise dos dados utilizou-se de estatística descritiva simplificada, identificando os
percentuais de cada variável bem como a correlação entre elas. Foi utilizado o “Statistical
Package for the Social Sciences” (SPSS) versão 17.0 e o teste do qui-quadrado (P), que é um
teste não paramétrico, sendo um dos mais utilizados e aplicado em diferentes planos
experimentais. Neste estudo, foi utilizado afim de observar a relevância frente ao cruzamento
de variáveis.
As variáveis estudadas foram: Ano de ocorrência: entre 2008 e 20011. Sexo:
masculino e feminino. Idade: classificada em doze faixas – abaixo de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 9
anos, 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 a
69 anos, 70 a 79 anos e acima dos 80 anos. Circunstância da intoxicação: acidental,
ambiental, erro de administração, ocupacional, tentativa de aborto, tentativa de suicídio, uso
indevido, uso terapêutico, violência/homicídio, intencional ou não intencional e ignorada. Via
daintoxicação: respiratória, oral, cutânea ou cutânea/respiratória, nasal, ocular, parenteral e
outra. Evolução clínica: cura, cura suposta, óbito e sequelas.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
FEPECS/SES-DF, conforme parecer nº 88.606.
3. RESULTADOS
O presente estudo baseou-se em banco de dados secundários, extraídos do sistema
Manitox, usado para registrar atendimentos, e por isso apresentou algumas limitações quanto
a qualidade dos dados. Apesar das deficiências no preenchimento correto de dados nos
documentos de acompanhamento dos pacientes com intoxicação exógena foi possível
descrever o perfil das intoxicações registradas no Ciat do Distrito Federal. A tabela 1 mostra o
número de intoxicações exógenas acorridas no Distrito Federal no período de 2008 a 2011,
contemplando 8.018 notificações. Em uma analise geral observa-se um aumento nos registros
no decorrer dos anos, no qual, o maior número de notificações ocorreu em 2011(50%) e o
principal agente causador foi por medicamentos (28,2%), seguidos de animais peçonhentos
(20,9%) e agrotóxicos (14,2%), de uso doméstico e agrícola, que somados aos raticidas,
representam a terceira causa de intoxicação no DF.
Do total, foram encontrados 1139 casos de intoxicação por agrotóxico no Distrito
Federal entre 2008 e 2011 reportadas ao Ciat foram avaliados neste estudo. O maior número
de notificações por agrotóxico ocorreu em 2011, com 449 (40%) casos e os anos de 2008 e
2010, com os menores números, com 198 e 197 casos notificados (17%), respectivamente,
quase quatro vezes menor que o ano de maior número. Sendo o agrotóxico de uso doméstico o
principal agente causador das intoxicações no DF
Tabela 1- Distribuição dos casos de notificação exógenas registrados no CIAT-DF, de 2008 a
2011, por tipo de agente e ano. Brasília-DF, 2012.
AGENTE TOXICO
Agrotóxicos/ uso
agrícola
Agrotóxicos/ uso
doméstico
Alimentos
2008
%
60
16,9
2009
67
%
18,9
86
20,0
143
33,2
50
55,6
14
15,6
ANO
2010
64
%
18,0
2011
164
%
46,2
TOTAL
%
355
4,43
62
14,4
140
32,5
431
5,38
12
13,3
14
15,6
90
1,12
8
Animais não
peçonhentos
Animais peçonhentos
Cosméticos
22
21,4
18
17,5
15
14,6
48
46,6
103
1,28
134
22
8,0
13,6
87
26
5,2
16,0
120
25
7,2
15,4
1335
89
79,7
54,9
1676
162
20,90
2,02
Desconhecido
12
12,5
19
19,8
30
31,3
35
36,5
96
1,20
Domissanitários
151
14,9
157
15,5
188
18,6
517
51,0
1013
12,63
Drogas de abuso
41
22,2
50
27,0
37
20,0
57
30,8
185
2,31
Medicamentos
359
15,8
445
19,6
452
19,9
1012
44,6
2268
28,29
Metais
15
20,5
15
20,5
8
11,0
35
47,9
73
0,91
Outros
22
8,4
142
54,0
22
8,4
77
29,3
263
3,28
Plantas
31
17,8
35
20,1
31
17,8
77
44,3
174
2,17
Produtos químicos
industriais
Raticidas
208
26,8
180
23,2
124
16,0
264
34,0
776
9,68
52
14,7
85
24,1
71
20,1
145
41,1
353
4,40
TOTAL
Fonte: Ciat – DF, 2012
1265
15,8
1483
18,5
1261
15,7
4009
50,0
8018
100,00
No Distrito Federal as causas mais frequentes de intoxicação por agrotóxico, na tabela
2, são acidentais (41,5%) na maioria por uso de agrotóxico doméstico (42,7%), seguida de
tentativa de suicídio (31,4%) por uso de raticida (40,8%). Foi reportado um caso de tentativa
de aborto por via oral pelo uso de raticida. Em relação a idade do individuo intoxicado,
observou-se prevalência entre 1 a 4 anos (25,3%), seguida por 20 a 39 anos (25,7%). Entre as
crianças de 1 a 4 anos foi por uso de raticidas (45%) e com os adultos de 20 a 39 anos por
agrotóxico de uso agrícola, 39% e 41,1%, respectivamente.
Tabela 2- Distribuição de casos de intoxicação por agrotóxico, de uso doméstico, agrícola e
raticidas, segundo circunstância, faixa etária. Brasília-DF, 2012.
Agente tóxico
Variáveis sociodemográficas
Agrotóxicos/ uso
agrícola
Agrotóxicos/ uso
doméstico
Raticidas
Total
CIRCUNSTÂNCIA
Acidental
Nº
91 (19,2%)
Nº
202 (42,7%)
Nº
180 (38,1%)
Nº
473 (41,5%)
Ambiental
Erro de administração
5 (62,5%)
0 (,0%)
3 (37,5%)
0 (,0%)
0 (,0%)
1 (100%)
8 (0,7%)
1 (0,1%)
0 (,0%)
1 (100%)
0 (,0%)
1 (0,1%)
Não intencional
Ocupacional
Tentativa de aborto
Tentativa de suicídio
Uso indevido
Uso terapêutico
0 (,0%)
67 (83,8%)
0 (,0%)
127 (35,5%)
4 (4,8%)
0 (,0%)
1 (50%)
12 (15%)
0 (,0%)
85 (23,7%)
75 (90,4%)
2 (100%)
1 (50%)
1 (1,3%)
1 (100%)
146 (40,8%)
4 (4,8%)
0 (,0%)
2 (0,2%)
80 (7,0%)
1 (0,1%)
358 (31,4%)
83 (7,3%)
2 (0,2%)
Violência/ homicídio
IGN
3 (60%)
58 (46,4%)
0 (,0%)
50 (40%)
2 (40%)
17 (13,6%)
5 (0,4%)
125 (11,0%)
Total
355 (31,2%)
P (,000) e Value Pearson (306,673ª)
FAIXA ETÁRIA
Nº
431 (37,8%)
353 (31%)
1139(100%)
Nº
Nº
Nº
< 1 ano
2 (5,7%)
20 (57,1%)
13 (37,1%)
35 (3,1%)
1a4
49 (17%)
110 (38,1%)
130 (45%)
289 (25,4%)
Intencional
9
5a9
5 (9,4%)
30 (56,6%)
18 (34%)
53 (4,7%)
10 a 14
8 (12,5%)
47 (73,4%)
9 (14,1%)
64 (5,6%)
15 a 19
16 (21,9%)
21 (28,8%)
36 (49,3%)
73 (6,4%)
20 a 29
69 (39%)
56 (31,6%)
52 (29,4%)
177 (15,5%)
30 a 39
48 (41,4%)
33 (28,4%)
35 (30,2%)
116 (10,2%)
40 a 49
59 (52,2%)
32 (28,3%)
22 (19,5%)
113 (9,9%)
50 a 59
20 (39,2%)
21 (41,2%)
10 (19,6%)
51 (4,5%)
60 a 69
11 (50%)
5 (22,7%)
6 (27,3%)
22 (1,2%)
70 a 79
1 (25%)
3 (75%)
0 (,0%)
4 (0,4%)
> 80
3 (100%)
0 (,0%)
0 (,0%)
3 (0,3%)
IGN
64 (46%)
53 (38,1%)
22 (15,8%)
139 (12,2%)
431 (37,8%)
353 (31%)
1139(100%)
TOTAL
355 (31,2%)
P (,000) e Value Pearson (179,720ª)
Na tabela 3, ocorreu maior prevalência no sexo feminino do que no sexo masculino. A
contaminação por via oral (68,1%) e por via respiratória (13,1%) foram as formas mais
prevalentes de intoxicação com agrotóxico. Dos casos ocorridos no estudo, a evolução para a
cura ou suposta cura, foram de 56% e 21%, respectivamente. Quanto aos óbitos houve 1,5%
(17) vítimas e os que adquiriram alguma sequela, 0,5% (6) vítimas. Observou-se associação
significativa entre as variáveis sociodemográficas e o agente tóxico causador da intoxicação,
através do teste do qui-quadrado (P = ,000).
Tabela 3- Causas de Intoxicação por Agrotóxico por sexo, via e evolução. Brasília-DF, 2012
SEXO
F
Nº
9 (11,5%)
Nº
30 (38,5%)
Nº
39 (50%)
Nº
78 (6,8%)
M
12 (22,6%)
13 (24,5%)
28 (52,8%)
53 (4,7%)
IGN
334 (33,1%)
388 (38,5%)
286 (28,4%)
1008(88,5%)
TOTAL
355 (31,2%)
431 (37,8%)
353 (31%)
1139(100%)
Cutânea
Nº
31 (47%)
Nº
30 (45,5%)
Nº
5 (7,6%)
Nº
66 (5,8%)
Cutânea/ respiratória
Nasal
1 (100%)
9 (60%)
0 (,0%)
6 (40%)
0 (,0%)
0 (,0%)
1 (0,1%)
15 (1,3%)
Ocular
2 (14,3%)
10 (71,4%)
2 (14,3%)
14 (1,2%)
209 (26,9%)
239 (30,8%)
328 (42,3%)
776 (68,1%)
0 (,0%)
3 (75%)
1 (25%)
4 (0,4%)
P (,000) e Valeu Person (34,213ª)
VIA
Oral
Parenteral
Respiratória
49 (32,7%)
96 (64%)
5 (3,3%)
150 (13,2%)
Outra
0 (,0%)
5 (71,4%)
2 (28,6%)
7 (0,6%)
IGN
54 (50,9%)
42 (39,6%)
10 (9,4%)
106 (9,3%)
Total
355 (31,2%)
431 (37,8%)
353 (31%)
1139(100%)
Nº
Nº
Nº
Nº
Cura
176 (27,6%)
258 (40,5%)
203 (31,9%)
637 (55,9%)
Cura suposta
51 (21,3%)
91 (38,1%)
97 (40,6%)
239 (21,0%)
Óbito
14 (82,4%)
3 (17,6%)
0 (,0%)
17 (1,5%)
P (,000) e Valeu Person (182,616ª)
EVOLUÇÃO
10
Sequela
2 (33,3%)
2 (33,3%)
2 (33,3%)
6 (0,5%)
Outra
40 (48,8%)
18 (22%)
24 (29,3%)
82 (7,2%)
IGN
72 (45,6%)
59 (37,3%)
27 (17,1%)
158 (13,9%)
Total
P (,000) e Valeu Person (73,952ª)
355 (31,2%)
431 (37,8%)
353 (31%)
1139(100%)
4. DISCUSSÃO
Observou-se elevadopercentual de “ignorados” nas variáveis da notificação da
intoxicação e informações incompletas ou inexistentes. Estas limitações são explicadas pela
diversidade naforma de preenchimento dos campos referentes às variáveis (OLIVEIRA, 2010)
e significam alta taxa de subnotificação de intoxicações recebidas pelo Ciat-DF. A causa desta
subnotificação se deve, principalmente, à falta de informação dos profissionais de saúde
quanto ao serviço do Ciat-DF e também ao desinteresse destes profissionais de entrarem em
contato com o Centro, por considerarem desnecessárias as informações fornecidas e por não
reconhecerem a importância da notificação (REBELO, 2011).
Avaliando os resultados apresentados no Distrito Federal são equivalentes daqueles
apresentados no Brasil. Segundo estudos realizados pela Fundação Osvaldo Cruz em 2006 o
consumo indiscriminado dos agrotóxicos representa a terceira maior causa de intoxicações
ficando atrás apenas dos medicamentos e dos animais peçonhentos. Ressalta-se ainda que, em
2003, as ocorrências de intoxicação por agrotóxicos no país foram superiores a 14 mil casos e
houve 238 óbitos, índices superiores aos encontrados em 1993, quando foram registrados
cerca de 6 mil envenenamentos com 161 mortes (FIOCRUZ, 2006). Entretanto, os dados do
DF se contrapõem ao Benatto (2002) que ao analisar dados de intoxicação por agrotóxicos e
afins registrados pelo SINITOX no período de 1995 a 2000, afirma que, em geral, os casos
que demandam atendimento pelos CIATs são aqueles que apresentam maior gravidade, o que
faz com que os coeficientes de letalidade sejam mais elevados. Se isso realmente acontecesse,
o principal agente tóxico apontado pelo SINITOX seria os agrotóxicos de uso agrícola e não
os medicamentos, pois estes últimos apresentam letalidade inferior a 0,5%. (BOCHNER,
2007)
No DF observou-se predominância da faixa etária de 1 a 4 anos entre as vitimas de
intoxicação, corroborando estudo realizado no Estado do Ceará-Brasil, que evidenciou que as
intoxicações por agrotóxicos na infância têm sido causa constante de internação hospitalar.
Também demonstrou que ao longo dos anos, houve aumento destas ocorrências, contribuindo
para elevar o índice de morbimortalidade infantil. Um aspecto que pode aumentar o índice de
ocorrências toxicológicas é o armazenamento inadequado dos agrotóxicos nos peridomicílios
e domicílios, facilitando o acesso às crianças e aumentando o número de intoxicações de
circunstância acidental. (VIEIRA, 2003) Por tanto, a ocorrência de acidentes por agrotóxicos
em crianças até sete anos justifica-se como causa acidental, pois nessa fase as crianças estão
em plena atividade e as descobertas e curiosidades expõem esse grupo às intoxicações
acidentais. (LIMA, 2008)
O percentual de intoxicações por tentativa de suicídio (31,4%), neste estudo no DF, é
similar ao que foi encontrado no estudo de Rebelo (2011), entre 2004 e 2007 no mesmo lugar,
no qual, teve a tentativa de suicídio (44,2%) como a segunda causa, após a forma acidental
(47,1%), que segundo Fiocruz (2006), foi similar ao que tem sido encontrado nacionalmente.
11
Já Scardoelli (2011), verificou-se que a tentativa de suicídio foi a principal ocorrência
notificada (49%), seguida da exposição ocupacional (42%), e a intoxicação acidental (7,8%).
A ingestão proposital do chumbinho esteve envolvida em 45,6% de todos os casos de
tentativa de suicídio com o nome do produto reportado, sendo responsável pela maioria dos
casos fatais avaliados no estudo. O chumbinho é um raticida vendido ilegalmente nas ruas das
cidades brasileiras, obtido pelo fracionamento de produtos agrotóxicos de uso agrícola.
(REBELO, 2011)
Este estudo se contrapõe a muitos estudos por referir prevalência do sexo feminino
sobre o sexo masculino, porem é inviável uma análise especifica desta variável devido alta
sub-notificação, com a proporção de 88,5% de sexo ignorado. Pois segundo Oliveira (2010),
as intoxicações ocorreram predominantemente em indivíduos do sexo masculino (58,6% no
CIVITOX e 63,5% no SINAN). A razão de casos notificados entre pessoas do sexo masculino
e feminino (M:F) foi de 1,5:1 no CIVITOX e 1,7:1 no SINAN. Outros estudos sobre
intoxicação por agrotóxicos também apontaram predominância de intoxicações no sexo
masculino sobre o sexo feminino. Um estudo realizado nos municípios de Antônio Prado e
Ipê, na Serra Gaúcha, desenvolvido entre os trabalhadores rurais encontrou a razão (M:F) de
1,8:1 (FARIA et al, 2004). Em um estudo realizado no estado de Mato Grosso, que utilizou
dados secundários, a razão entre os sexos encontrada foi de 5,2:1 (GONZAGA, 2006). Apesar
de haver diferenças no delineamento desses estudos, eles apontam para uma maior proporção
de homens entre os casos de intoxicação por agrotóxicos e esse fato deve indicar esse sexo
como um grupo prioritário das ações de assistência e vigilância. Por outro lado, o estudo de
Souza (2011) desenvolvido na Serra Gaúcha, utilizando delineamento transversal e que
avaliou o uso de agrotóxicos, não encontrou diferenças por gênero.
A via de intoxicação de maior incidência no estudo foi a oral (68,1%) e a respiratória
(13,2%), seguindo a mesma lógica de Lima (2008), no qual, podemos observar que a forma de
entrada do agrotóxico no organismo demonstra que o manuseio destas substâncias não ocorre
de forma adequada, ou seja, sem os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários
ou o seu uso incorreto. Durante o manuseio, preparo e aplicação do agrotóxico, é importante a
utilização de EPI como máscara, óculos, avental e luvas impermeáveis, botas de borracha,
camisa de mangas compridas e calças, pois estes dispositivos protegem contra os riscos de
intoxicação. (FAEMG, 2011).
Na literatura, a absorção por ingestão durante a aplicação de agrotóxicos é mínima em
relação às demais vias e ela pode ocorrer em especial pela falta de higiene pessoal, se o
aplicador não lava as mãos e a face antes de beber, comer ou fumar. No presente estudo, esta
via relaciona-se a ingestão do produto para suicídio, devido ao acesso nos estoques rurais e na
fácil aquisição em empresas de venda no meio urbano e ao armazenamento inadequado em
domicílios. (SCARDOELLI et all, 2011)
Dos casos ocorridos no estudo, 56% evoluíram para a cura. Confirmando com Lima
(2008), o atendimento adequado às vítimas por parte dos profissionais bem capacitados
incluiu medidas de inativação do agente tóxico em tempo hábil, o que contribuiu
consideravelmente para a reduzida letalidade. Quanto aos óbitos 1,5%, Lima (2008) afirma
que as intoxicações por agrotóxicos são consideradas graves e podem levar à morte se o
atendimento não for prestado rapidamente. Entretanto, conclui-se que agrotóxico não é
totalmente letal, dependendo de fatores como: quantidade ingerida, tempo e frequência de
ingestão, propriedade da substância e susceptibilidade do organismo. (GUIMARÃES, 1997)
12
5. CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo devem ser recebidos com cautela na interpretação destes
dados, por se tratar de um estudo baseado em dados secundários registrados no Ciat-DF.
Além das reconhecidas limitações de estudos deste tipo, em particular a baixa qualidade ou
mesmo ausência de informações relevantes registradas, têm uma enorme importância no
sentido de contribuir para aperfeiçoar a qualidade deste banco de dados. De qualquer forma,
dado a relativa ausência de informações sobre o assunto em nosso meio, este trabalho pode
trazer elementos que contribuam para aumentar nossa compreensão sobre este fenômeno.
Este estudo apontou que a intoxicação por agrotóxicos no DF é, como no resto do país
e do mundo, um problema de saúde pública importante. Sendo os grupos de risco as crianças
de 1-4 anos, trabalhadores e consumidores. A restrição ao uso dos produtos mais tóxicos,
aliada a uma atuação mais rigorosa nos postos de venda pelos órgãos de fiscalização e pelas
empresas responsáveis, são as principais estratégias para amenizar o cenário de intoxicações
no DF e no Brasil. Adicionalmente, campanhas públicas permanentes nos principais meios de
comunicação de massa são essenciais para diminuir o acesso de crianças a estes produtos
dentro de casa, que ocorre principalmente devido ao armazenamento inadequado. Aconselhase que os pais e/ou responsáveis ajam preventivamente e estejam atentos quanto ao
acondicionamento adequado dos produtos tóxicos e os mantenham longe do alcance das
crianças. Deve-se ressaltar também a importância da capacitação de profissionais para o
preenchimento correto da notificação e a importância da mesma.
PESTICIDE POISONING IN THE DISTRITO FEDERAL (BRAZIL):
RETROSPECTIVE STUDY FROM 2008 TO 2011
Abstract:
Human exposure to pesticides constitutes a serious public health problem worldwide,
especially in developing countries. Objectives: To identify the frequency of notification
by pesticides in the years 2008 to 2011, analyzing the socioeconomic profile of th e
victims and identify the most common causes of poisoning.This study is justified by the
importance of the topic, the high rate of involvement which makes the study feasible and
useful, thereby helping to update the database. Method: A retrospective study on the
database of the Center for Toxicological Information and assistance of the Federal
District, Brazil (CIAT-DF) related to pesticide poisoning occurred in the DF from 2008
to 2011. We used the "Statistical Package for the Social Sciences" (SPSS) for tabulation
and analysis of 8018 reports of exogenous intoxications were evaluated, and 1139 for
specific pesticide. Results: The household pesticide was the main causative agent of
poisoning in DF. The predominant age group 1-4 years (25.3%), followed by 20-39 years
(25.7%). Among children 1-4 years was by use of rodenticides (45%) and adults 20-39
years for agricultural pesticide use, 39% and 41.1%, respectively. Of the cases studied,
the evolution to the cure or presumed cure were 56% and 21%, respectivel y. Regarding
the deaths there were 17 (1.5%) victims and those who gained some sequel, 6 (0.5%)
victims.
Keywords: Pesticides, Poisoning, Death
13
6. REFERÊNCIAS
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Produtos Agrotóxicos. Disponível em:
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BENATTO, A. Sistemas de informação em saúde nas intoxicaçõespor agrotóxicos e afins
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BOCHNER R. Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas – SINITOX e as
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BOMBARDI, L. M., Intoxicação e morte por agrotóxicos no Brasil: a nova versão do
capitalismo oligopolizado. USP. 2011.
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