III Mostra de Pesquisa
da Pós-Graduação
PUCRS
Nanotecnologia e Citologia: avaliação de uma proposta de ensino
visando à atualização curricular para o século XXI no ensino de
Biologia por meio de unidades de aprendizagem
Carmem Regina da Silva Pereira, Nara Regina de Souza Basso (co-orientador), Regina Maria
Rabello Borges (orientador)
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCRS
Resumo
Este estudo apresenta uma pesquisa com abordagem qualitativa, realizada com
licenciandos de um Curso de Ciências Biológicas que avaliaram o trabalho Nanotecnologia e
Citologia: uma proposta interativa para a aprendizagem de Biologia no ensino médio. O
objetivo é identificar expectativas e dificuldades dos licenciandos quanto à metodologia de
ensino apresentada, com ênfase em atividades inovadoras relacionadas ao ensino e à
aprendizagem de Biologia em contextos relacionados à vivência dos alunos, de modo
integrado a assuntos atuais, levando o saber para além da sala de aula e buscando seu reflexo
no dia-a-dia. A metodologia de análise dos resultados foi análise textual discursiva. Os
resultados indicam a importância de inserir assuntos atuais e científicos no currículo escolar,
apontando pontos significativos, sugestões e críticas a partir da integração de Citologia e
Nanotecnologia em uma unidade de aprendizagem.
Introdução
Esta pesquisa avalia possíveis contribuições da nanotecnologia ao estudo da citologia
no ensino médio, visando à atualização curricular para o século XXI. A nanotecnologia, tema
atual e cada vez mais freqüente nos meios de comunicação, “caracteriza-se pela capacidade de
observar, medir e mexer nos átomos, bem como criar novos materiais a partir deles”
(LOZADA, 2006, p. 28). Apresenta aspectos relacionados ao conteúdo de citologia e seu
estudo pode partir de idéias prévias dos alunos, seguindo as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio (BRASIL, 2006), por meio de uma unidade de aprendizagem.
Unidades de aprendizagem são propostas integradoras que, ao envolver assuntos
atuais, partem das idéias prévias dos alunos e auxiliam professores a realizar um trabalho
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interdisciplinar. Assim, é importante o debate e a avaliação da unidade de aprendizagem
envolvendo os dois temas, entre professores de Biologia em formação. A metodologia de
ensino é um dos fatores principais a uma aprendizagem significativa.
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida a partir da apresentação dos temas propostos e da
exposição de um documentário da Discovery Channel sobre nanotecnologia (Viagem
Fantástica Pelo Corpo Humano em Busca da Cura), proporcionando o início de uma
reflexão pelos licenciandos.
Houve aplicação de um questionário no final das atividades, com quatro questões que
abordaram aspectos relacionados às expectativas em relação aos temas apresentados,
metodologia de ensino, críticas e sugestões à proposta. A metodologia de análise foi efetuada
por meio de uma Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2007). As idéias dos
alunos foram unitarizadas, categorizadas e interpretadas no contexto da pesquisa.
Resultados e Discussão
Na análise da categoria sobre as expectativas de integração de nanotecnologia e
citologia como proposta de ensino, predominou grande interesse quanto ao tema. Os alunos
apóiam levar para sala de aula assuntos presentes nos meios de comunicação que possam ser
integrados à Biologia. Consideram relevante, na escola, a participação dos estudantes em
abordagens tecnológicas, aproximando-os de sua realidade fora do ambiente escolar. Um
deles afirma: “Perfeito, uma coisa pode estar bem relacionada com a outra. Citologia explica
muitos eventos e pode também integrar-se à nanotecnologia”. Outro, embora apreciando o
tema, mostrou preocupação, considerando-o complexo para o ensino médio: “Acho que se
aprofundar nestes temas não está em nível de ensino médio. São temas muito interessantes,
mas complexos e acredito que não devam entrar no currículo. Poderia no máximo ser parte
de um seminário, trazendo curiosidades aos alunos”.
A segunda categoria, sobre como ensinar nanotecnologia integrada à citologia, aponta
que a maioria iniciaria as aulas com vídeos a partir de um planejamento anterior. Os alunos
manifestaram a necessidade de levar, para sala de aula, as contribuições que a nanotecnologia
oferece à aprendizagem de citologia, como mostram os depoimentos a seguir: “Buscaria, para
meus alunos, a contribuição que a nanotecnologia oferece no sentido dos modelos gráficos e
computacionais, para mostrar, de modo claro e ricamente ilustrado, todos os conceitos
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citológicos que lhes fosse ensinar”; “Bom, eu teria que planejar as aulas. Talvez pudesse
usar vídeo. O importante seria falar das partes da célula de forma integrada e relacionar a
nanotecnologia como meio de atuar nesse sistema”.
A última categoria reuniu sugestões ou críticas referentes à proposta. A maioria
manifestou-se positivamente, considerando válido abordar conteúdos atuais integrados aos
conteúdos curriculares, principalmente com temas relevantes para o setor biológico. Um dos
alunos destacou que não seja esquecido o alvo, ou seja, os alunos, o que implica adequação à
realidade da escola e dos alunos presentes nela. Outro considera que este tema não é
imprescindível para ser desenvolvido no ensino médio.
Considerações Finais
Debater questões sociais é essencial na escola, relacionando-as aos conteúdos
escolares e promovendo transformações na compreensão de diversos temas na disciplina de
Biologia. Há preocupação dos licenciandos com a abordagem, em suas aulas, de assuntos que
aproximem a realidade do aluno e o contexto atual. Alguns atuam em salas de aula há mais
tempo, estes conseguem apontar perspectivas futuras para o ensino e a aprendizagem com
maior contextualização, inserindo-se nos modelos curriculares atuais. Preocupam-se em
formar alunos críticos e questionadores e, principalmente, com as metodologias de ensino
aplicadas em sala de aula. Partem do princípio que o aluno precisa estar inserido em contextos
sociais, com seus conhecimentos prévios valorizados em sala de aula. Outros, embora com
menos experiência, esforçam-se na busca de direcionar melhor suas atitudes como
professores, para que assim possam ministrar suas aulas com confiança, implementando
metodologias inovadoras no ensino.
Nesse sentido, para ser um bom professor, é essencial o interesse em começar a
realizar aos poucos as próprias mudanças, para assim concretizar objetivos educacionais,
como responsáveis pela educação de futuros cidadãos presentes na sociedade de amanhã.
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: ciências da
natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, v.2, p. 15-42, 2006.
LOZADA, Claudia. Nanoaventura: um estudo de caso sobre a aprendizagem em museus de ciências. Revista
LOGOS, n. 14, p.21-35, 2006.
MORAES, Roque e GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise Textual Discursiva. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.
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Carmem Regina da Silva Pereira