UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS Angela Rangel de Souza Machado Orientadora Professora Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 2 PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Administração da Qualidade. 3 AGRADECIMENTOS A Deus, fonte de toda sabedoria, amor e graça. Às instituições que gentilmente se dispuseram a responder ao questionário apresentado e prestar informações: Casa do Menino Jesus de Praga Lar das Moças Cegas de Santos Obras Sociais Irmã Dulce À AMAS-Sete Pontes que tem me permitido discutir com a alta direção e colaboradores o tema aqui abordado Aos amigos e parentes, cujos nomes não serão citados, por serem muitos, que ao longo da vida me deram suporte para transpor dificuldades e sempre me estimularam e se entusiasmaram com a minha caminhada. Ao Felipe, que leu, discutiu e criticou este trabalho. À Rita, pela revisão 4 DEDICATÓRIA Dedico ao Levi, companheiro de longa jornada, com quem posso contar a cada dia e de quem recebo estímulo e amor e que em mim acredita de forma incompreensível. Dedico aos meus filhos Levi, Felipe e Rita, cujas existências são sopro de vida na minha vida, são estímulo, são orgulho, são esperança. Dedico às minhas noras, Marina e Marcela, por serem aquelas que caminham com os meus filhos, e se os fazem felizes, fazem a mim também. Finalmente uma homenagem póstuma, àqueles que me geraram, Lucídio e Athnilda, cuja garra na luta pela sobrevivência e dedicação aos filhos, foi o alicerce de tudo. Angela Rangel 5 RESUMO O crescente número de instituições sem fins lucrativos, hoje não mais sustentadas apenas por grupos que delas participam e conhecem sua ação, bem como a complexidade das leis sociais e fiscais têm exigido muito mais que uma administração doméstica baseada na paixão pelo serviço. É necessário pensar modelos de gestão para estas instituições. Percebes-se, neste sentido, que é ínfima a bibliografia específica existente. O presente trabalho apresenta a importância da utilização de gestão da qualidade nestas instituições, e da obtenção de certificações que permitam o reconhecimento público das mesmas, para sua sobrevivência e melhoria contínua. 6 METODOLOGIA É num sentido de otimização de recursos que este trabalho se propõe a analisar a gestão e a administração de instituições sem fins lucrativos voltadas para atendimento das populações carentes. Não é pretensão, entretanto, analisar o encaminhamento das ações institucionais, nem a prática profissional dos sujeitos que lidam com o cotidiano da assistência, nem tampouco discutir as razões para a relevância hoje imprimida à responsabilidade social das empresas. Por isso, não há qualquer abordagem acerca de visão política ou ideológica das práticas sociais adotadas pelas instituições, mas, tão somente, sobre a forma como estas instituições são geridas administrativamente para produzir eficiência e eficácia naquilo a que se propõem realizar. Para o desenvolvimento do tema apresentado foram analisadas ferramentas da qualidade, em especial a norma ISO 9001-2000 e o modelo de excelência, conforme apresentado pela Fundação Nacional da Qualidade – FNQ, além de outros livros, textos, pesquisa bibliográfica, pesquisa pela Internet e revistas. Ademais, foi realizado um trabalho de imersão no campo – visitas a uma instituição sem fins lucrativos e contatos via correio eletrônico com outras 03 instituições. Os conceitos aqui utilizados são oriundos da bibliografia apresentada e discutida durante as aulas do curso de Administração da Qualidade. Outrossim, ressalta-se que, Desenvolvimento como integrante Institucional, da ADI a autora pode (TRT) – vivenciar Assessoria na de prática a implementação de modelo de gestão pela qualidade, com certificação ISO 9001-2000 no TRT-Rio. Esta experiência possibilitou pensar a utilização deste instrumental em instituição sem fins lucrativos. Este trabalho adota uma perspectiva metodológica de cunho exploratório. A partir de dois modelos teóricos distintos será feita uma descrição do percurso de implantação da gestão da qualidade em algumas instituições e sua comparação com o desenvolvimento de outras instituições que não adotaram nenhum modelo específico. A seguir serão apresentadas sucintamente as instituições estudadas: 7 O LMC - Lar das Moças Cegas , instituição situada na cidade de Santos - SP, que tem como missão “prestar serviços na área de educação e saúde com o compromisso de capacitar social e profissionalmente os nossos clientes na comunidade em que vivem” (material de propaganda da instituição) atende pessoas com deficiência visual, obteve no ano de 2005 o selo de qualidade pela ISO, primeiro selo concedido, no Brasil, a instituição com esta especificidade de atendimento. Isso representou um ganho, visto que a instituição tornou-se mais conhecida e respeitada, além de ter melhorado substancialmente seus indicadores de desempenho. Por isso a intenção de incluir esta instituição específica no escopo de pesquisa desta monografia. A AMAS-Sete Pontes – Associação Metodista de Ação Social é uma instituição pequena, localizada no município de São Gonçalo – RJ, que, pelo seu estatuto, pode desenvolver qualquer tipo de atividade social, mas que tem voltado sua atuação para crianças e adolescentes, com repercussão nas famílias. A autora há alguns anos tem colaborado com a instituição na elaborando projetos, avaliações, reuniões e algumas outras atividades. No presente, vem discutindo com a alta direção o estabelecimento de uma gestão voltada para a qualidade, razão de ser incluída no escopo de pesquisa desta monografia, embora a instituição ainda não esteja trabalhando segundo nenhum modelo de qualidade. A AMAS é dirigida por um Conselho Diretor, responsável pelo planejamento das atividades desenvolvidas pelos colaboradores. A CMPJ - Casa do Menino Jesus de Praga é uma instituição pequena, localizada na cidade Porto Alegre – RS, que tem como missão “prestar serviços de assistência social filantrópica a crianças com lesão cerebral profunda e deficiência motora permanente, oriundas de famílias extremamente pobres ou desestruturadas na região metropolitana de Porto Alegre – RS.” (material de propaganda da instituição). Recebeu em 2005 a certificação ISO, tendo sido a primeira, no Brasil, nesta categoria. A implantação de um sistema de gestão na instituição contribuiu para grandes melhorias da organização e foi fruto da certeza de tal necessidade por empresa que investe em responsabilidade 8 social e financiou a consultoria que permitiu a certificação. O trabalho realizado pela CMJP é a razão de ter sido a instituição incluída no escopo desta Monografia. A OSID – Obras Sociais Irmã Dulce é uma instituição filantrópica que se diferencia das demais pelo seu tamanho e complexidade de atendimentos. Sendo inicialmente e por longos anos dirigida pela irmã Dulce, que, baseada em princípios de amor ao próximo, realizou relevante trabalho, carecia de visão administrativa. Embora filantrópica a instituição recebe grandes somas referentes a convênios, já que lida com a área de saúde. Conforme declaração de representante do Setor da Qualidade, sua antiga dirigente consciente de que não lhe restava muito tempo para dirigir a obra, preocupou-se em escolher alguém para o seu lugar e esta nova administração sentiu a necessidade de mudanças para que houvesse sustentabilidade. Investiu na adoção de modelo de gestão e obteve certificação ISO, em 2002 e recertificação em 2005. Tem como missão “amar e servir aos mais pobres, oferecendo atendimento gratuito na saúde, educação e assistência social”, razão de também ser incluída no escopo desta Monografia. Há, portanto, no escopo de pesquisa desta monografia 04 instituições filantrópicas, de portes variados, pequeno, médio e grande, sendo 03 com certificação ISO e uma dando os primeiros passos nesta mesma direção. Publicações diversas, reportagens e participação da autoria em cursos ministrados para a área do terceiro setor, permitiram conhecer a situação de outras instituições que não foram foco específico da pesquisa, quer certificadas ou não, que, embora não citadas especificamente, até por falta de autorização para tal, serviram como embasamento para a reflexão que este trabalho apresenta. Ao final, como anexo, são fornecidos exemplos de planejamento e descrição de organogramas. processos de trabalho, inclusive com fluxogramas e 9 SUMÁRIO Introdução 10 Capítulo I – Trajetória da Filantropia 11 Capítulo II 20 – Considerações acerca da certificação Capítulo III – Gestão da Qualidade 26 Capítulo IV – Planejamento Estratégico 33 Capítulo V – Outros elementos importantes 43 Conclusão 49 Bibliografia 96 Atividades culturais 98 Índice 99 Folha de Avaliação 100 10 INTRODUÇÃO Analisar a prática de instituições sem fins lucrativos, hoje, requer retomarmos alguns aspectos históricos que possibilitaram sua existência e condicionaram sua organização. Não se imagina, entretanto, realizar uma arqueologia da filantropia neste breve trabalho, e sim chamar a atenção de alguns pontos históricos fundamentais e importantes na compreensão da inserção hodierna destas instituições na sociedade. A visualização da trajetória histórica das instituições leva à compreensão de suas formas de funcionamento no mundo moderno. Além do mais, com o processo de modernização, novas exigências e expectativas permeiam o cotidiano destas instituições. Uma das mais atuais diz respeito à qualidade da gestão. Se durante vários séculos não se questionou a dedicação dos dirigentes e trabalhadores destas instituições, no contexto atual estes atores não são apenas confrontados pelos seus ideais, mas também são questionados se a forma como desenvolvem seus trabalhos gera os melhores resultados possíveis. Neste questionamento estão embutidos os conceitos, principalmente, de eficácia e eficiência, conceitos intrínsecos à modernidade. Se durante anos estas nunca foram questões sensíveis às instituições sem fins lucrativos, atualmente constituem os parâmetros pelos quais as agências e empresas financiadoras (versão moderna dos doadores individuais) definem seus investimentos. Ora, como não se adequar então? Esta, todavia, não é uma tarefa simples para a maioria das instituições sem fins lucrativos, por isso, muitos dos conceitos de mercado utilizados atualmente são inaplicáveis, mas, por outro lado, passíveis de adaptação. E são justamente essas adaptações que ainda carecem de ser realizadas. Um dos caminhos possíveis para o incremento da gestão dessas instituições é a certificação de qualidade, que leva em consideração não apenas aspectos externos às organizações, mas, sobretudo, permite a elucidação dos processos internos próprios a cada instituição. 11 CAPÍTULO I TRAJETÓRIA DA FILANTROPIA Alguns autores remontam a origem das instituições de assistência à Idade Média (SPOSATI et al, 1985). Todavia, é na era moderna que se encontra mais facilmente os principais traços das instituições de caridade. Rejeita-se desde já os argumentos que atrelam estas instituições ao surgimento do capitalismo. É possível verificar que estas instituições constituem-se num período histórico anterior ao surgimento do capitalismo. Pode-se afirmar que as primeiras instituições filantrópicas eram ligadas à igreja católica. Os orfanatos, manicômios e hospitais organizados por grupos de pessoas da igreja católica no início do século XVII eram os únicos lugares em que os indigentes encontravam acolhida. Numa época em que a medicina era praticada por médicos que iam às casas das pessoas, um sujeito desprovido de recursos financeiros suficientes para arcar com os custos de uma consulta médica estava fadado à morte. O único lugar que lhe prestaria algum tipo de assistência era justamente as instituições da igreja. Interessante notar que o mesmo Estado, que neste período negava qualquer tipo de assistência aos sujeitos integrantes da nação, passou a ver nestas instituições uma forma de se livrar de seus mais incômodos “cidadãos”. Já neste período o Estado contribuía financeiramente com a manutenção de manicômios e hospitais, depositários de mendigos, loucos e pobres. Os orfanatos eram o destino das crianças desprezadas pelos pais e pela sociedade. Não à toa a França do século XVII criou a “roda dos enjeitados”, uma porta giratória onde as crianças eram colocadas. Tal porta garantia o anonimato de quem as abandonava. Nesses orfanatos as crianças aprendiam alguma profissão para serem introduzidas na sociedade. Numa época em que não existia o conceito de criança, esses “pequenos adultos” desenvolviam precocemente trabalhos físicos que lhes impossibilitavam um desenvolvimento saudável. A expectativa de vida para esses sujeitos era mínima. Não havia neste período a preocupação do Estado em garantir a vida de seus integrantes. Esta perspectiva era eminentemente cristã. As atribuições do Estado se 12 limitavam à garantia dos interesses do Estado Absolutista, portanto, da nobreza reinante. Tal situação, presente num período de substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista, ia de encontro aos interesses da nascente burguesia. Este grupo, partindo do ideal da acumulação, queria arrancar do Estado direitos de se desenvolverem economicamente. A Revolução Francesa em 1789 marca um novo período na história da humanidade. É considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais na França e proclamou os princípios universais de “liberdade, igualdade e fraternidade”. A partir de então fora instituído o critério da meritocracia em substituição à aristocracia. Isto significa dizer que um indivíduo poderia se desenvolver economicamente apenas por seus méritos e não por pertencer a uma casta da sociedade. Esta revolução proporcionou a possibilidade das primeiras Constituições escritas de reconhecerem a existência de determinados direitos fundamentais aos homens. Assumem particular relevo no rol desses direitos, os direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. A adoção destes direitos é produto do pensamento liberal burguês do século XVIII, notadamente de cunho individualista. Externava-se desta maneira a necessidade de delimitação de uma zona de não intervenção do Estado, caracterizando-se como direito de defesa, demarcando uma esfera de autonomia individual frente ao poder do Estado. Tais direitos são chamados hoje de ‘direitos de primeira geração’. Entretanto, mesmo o Estado garantindo este leque de direitos aos indivíduos, a maior parcela da sociedade encontrava-se ainda excluída da possibilidade de sua utilização. Assim, o efetivo direito à vida só era exercido pelos mais abastados. A imensa parcela pobre da sociedade ainda estava deles descoberta, pois sofria de fome e de doenças, aspectos que não diziam respeito ao Estado. Neste período as instituições de caridade reforçaram seu papel na sociedade e ampliaram seu campo de atuação. Isto fica claro principalmente na proliferação das Santas Casas de Misericórdia, reconhecido local de abrigo para os pobres. 13 A partir do início do século XX e principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, os países ocidentais passaram a incluir em suas Constituições os direitos chamados de segunda geração, que não mais se caracterizam pela ausência do Estado, mas, ao contrário, pela sua intervenção. São os chamados direitos sociais, que incluem desde o direito à educação e saúde até ao lazer. Apenas neste momento histórico o Estado passou a adotar efetivamente o direito à vida como um direito comum a todos os cidadãos, portanto, mais de cem anos após sua enunciação. Desta forma, o papel que era relegado às instituições de caridade passou a ser assumido pelo Estado. Entretanto, há uma enorme distância entre a enunciação dos direitos e sua efetiva materialização na realidade. As instituições filantrópicas, neste sentido, não sofreram inicialmente nenhum golpe capaz de aniquilá-las por completo. Mas, a partir de então, enfrentariam novos desafios. Cabe ressaltar que, no caso do Brasil, a atuação na esfera social sempre ocorreu deslocada das necessidades específicas dos grupos humanos. Em geral esta atuação pauta-se numa perspectiva paternalista, sem qualquer ação transformadora ou mesmo fruto de uma análise mais profunda das causas da miséria. Além disso, observa-se um deslocamento das ações e das reivindicações populares. As ações efetuadas, em geral oriundas de interesses políticos e realizadas pelos políticos, de forma desordenada e burocratizada, acabam muitas vezes por consumir maior recurso na burocracia que no atendimento. A partir daí cria-se um círculo vicioso em que, na medida que cresce a pauperização da força de trabalho, a assistência vai se transformando, em muitos casos, numa prática de dominação. Conforme afirmou Sposati, identifica-se claramente no caso brasileiro, salvo exceções, que até 1930 a consciência coletiva não apreendia a pobreza como uma questão social. O Estado só a percebia como um “caso de polícia”, tendo atenção apenas de seus aparelhos repressivos. “Os problemas sociais eram mascarados e ocultados sob forma de fatos esporádicos e excepcionais. A pobreza era tratada como disfunção pessoal dos indivíduos” (SPOSATI, 1985, p.41). A prática da assistência social antecede qualquer estudo e reflexão sobre a mesma e, não poderia, portanto, apresentar-se estruturada. 14 Apesar da forma do Estado referir-se ao tema da pobreza ter mudado, a percepção coletiva sobre este tema parece permanecer intacta. O ideal meritocrático conserva-se presente na sociedade. O pensamento liberalburguês, que afirma o esforço pessoal como condição suficiente para livrar um indivíduo da situação de miséria, dificulta o desenvolvimento real de ações tanto estatais quanto da sociedade civil nesta área. Cabe ressaltar, portanto, o alerta feito por alguns pensadores europeus de que o acesso igualitário a determinadas possibilidades de desenvolvimento social só é possível numa sociedade com um patamar mínimo de igualdade entre os cidadãos, caracterizada principalmente por uma consciência política, ativismo social, educação, e uma cultura já estabelecida de participação social. Talvez seja esta a missão principal das instituições de assistência hoje. A história da assistência social no Brasil, assim como a do resto do mundo, dialoga a todo o momento com as consciências coletivas e o pensamento dominante. Da solidariedade individual, familiar e de alguns grupos, as necessidades provenientes do crescimento da miséria ou das concentrações humanas fez com que as instituições sociais fossem se organizando. A história da filantropia no Brasil também está profundamente ligada a ações da igreja. Cabe relembrar que o próprio preconceito moral que levava moças que engravidavam fora do casamento, sobretudo nas classes privilegiadas, a desfazer-se de seus filhos anonimamente levou à criação de instituições que recebiam estas crianças; o preconceito e desconhecimento científico sobre algumas doenças levaram à criação de hospitais que isolavam pessoas doentes, como, por exemplo, os portadores de hanseníase. Em todas estas ações a igreja sempre esteve presente e, como mencionado anteriormente, o grande marco de sua presença foi a criação de inúmeras “Santa Casa de Misericórdia” no Brasil. “Os primeiros hospitais brasileiros foram as Santas Casas da Misericórdia. Até hoje existe controvérsia sobre qual teria sido a primeira fundada em nosso território. Alguns apontam a de Olinda, então em 1540, capital da Capitania de Pernambuco, seguida pela de Santos, em 1543 ou 1551. Outros atribuem a precedência a esta última, fundada por Brás Cubas. A Santa Casa da Misericórdia de Vitória (Espírito 15 Santo) teria surgido entre 1545 e 1555. A data de 1564 é indicada como a fundação da Santa Casa de Ilhéus. A da Bahia teria ocorrido entre 1549 e 1572.” (PINTO, 2003, pág. 35) Diante de uma perspectiva tão dramática para as populações mais pobres, na década de 1930 surgem movimentos sociais mais organizados. Aliado a isso são criadas escolas de serviço social e a profissão é regulamentada. Cabe destacar que em 1806, conforme registra Way (2006, pág. 12 e 17) foi criada no Rio de Janeiro a primeira instituição de serviço social registrada como tal do Brasil – o Instituto Central do Povo (ICP). Sua origem remonta ao desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX. Neste período o Cais do Porto estava em processo de ampliação. Os trabalhadores envolvidos nesta empreitada – a maioria analfabetos - começaram a construir suas casas no chamado morro da favela, hoje morro da providência, bem próximo ao Cais do Porto. Esta foi a primeira favela do Brasil, cujo tipo de aglomerado deu origem ao nome favela. O missionário norte americano fundador da instituição prestava assistência direta aos trabalhadores. Desta forma, reivindicava junto às autoridades ações que resultaram melhorias dentro e fora da instituição, como a construção de parque público infantil, a oferta de serviços odontológicos e outros. O ICP não foi a primeira instituição a prestar serviços filantrópicos no Brasil, posto que antecedida por outras de caráter específico, mas foi a primeira de serviço social propriamente dita, face à abrangência de seus serviços. Outros tipos de instituições governamentais e não governamentais de caráter assistencial foram sendo criadas, novas visões de mundo desenvolveram-se e, em especial, a partir do golpe militar de 1964 outros tipos de associações formaram-se, tanto de caráter eminentemente reivindicatório quanto de caráter político. A partir da década de 1970, observa-se uma proliferação intensa de organizações não governamentais no país. Cada vez mais, novos aspectos foram englobados, como, por exemplo, a preocupação com a preservação da natureza. Diferente do que ocorria no passado, tais instituições passaram a ser sustentadas não só por igrejas, mas também por pequenos grupos de pessoas, 16 por empresas preocupadas com as questões sociais e mesmo pelo Estado. Cabe considerar que tais instituições, em geral, foram guiadas não por princípios e métodos administrativos, mas pela própria paixão à causa. Entretanto, as recentes transformações sociais e, sobretudo, da legislação, exigiram uma especialização da gestão dessas instituições. Muitas passaram por períodos difíceis e precisaram estabelecer novas formas de captação de recursos e de administração. A maneira tradicional de organização destas instituições, que remonta talvez ao século XVII, baseada no puro altruísmo e entrega total da vida do sujeito que se dedica à causa, necessitou passar por uma intensa mudança devido às novas exigências da sociedade e das transformações dos próprios problemas sociais. Se antes estas instituições se dedicavam a algo que não era da alçada do Estado, agora, com a garantia dos direitos sociais, elas concorrem com este. Concorrem muito mais pela diferença de ideal do que pela própria prática. Até porque ao assumir efetivamente determinada questão social, o Estado inviabiliza o desenvolvimento de ações da sociedade civil naquela esfera. Exemplo disso é a educação, se o Estado introduz em determinada comunidade uma escola com alto padrão de ensino, qualquer projeto nesta mesma área, que viesse sendo desenvolvido até então pela sociedade civil na região, perde sentido de existir. Fica claro desde já que as instituições de assistência inserem-se nas lacunas deixadas pelo Estado. Importante ainda destacar que no passado as instituições contavam como muitas mulheres voluntárias, uma vez que não exerciam atividades profissionais externas ao lar e podiam dedicar-se com seus conhecimentos e talentos à prestação de serviços voluntários. Não havia a legislação trabalhista exigindo que tais instituições tenham seus empregados registrados e com todos os direitos como qualquer outra empresa. Não havia a corrida à Justiça Trabalhista que há hoje. Não havia a legislação da área educacional e sanitária que há hoje e as mudanças eram mais lentas, podendo perpetuar por anos a mesma tecnologia e recursos usados para atender às necessidades. Hoje essas instituições necessitam de profissionais remunerados e especializados, de renovação constante de seus recursos tecnológicos e da 17 mais eficiente administração, sobretudo, porque, embora não governamentais, muitas dessas instituições recebem recursos públicos e têm obrigações de prestar contas, devendo orientar-se pelos mesmos princípios que regem a administração pública. Discutir sobre a forma de gestão e administração dessas instituições constitui, portanto, tarefa premente para a garantia da efetividade, eficiência e eficácia dos serviços prestados. Como diz Pinto “O desenvolvimento de sistemáticas de avaliação e de monitoramento tem tido prioridade no programa Gestão da Política de Assistência Social, permitindo o monitoramento das entidades e instituições que compõem a rede de atendimento de assistência social, o acompanhamento pelo gestor local da qualidade dos serviços prestados pelas entidades de assistência social e a identificação dos destinatários.” (PINTO, 2003, pág, 68) De acordo com Queiroz (2007), temos assistido a um investimento na gestão organizacional das empresas em atrelar sua imagem a uma Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Isso se diferencia da prática até então vigente voltada apenas para a produção, as vendas, os lucros e os ganhos. A partir da década de 90, com a globalização e expansão do mercado, as empresas perceberam a necessidade de se alinharem aos padrões internacionais, onde a responsabilidade social é um fator importante e traz, para a empresa, os lucros decorrentes de uma boa imagem. “O mercado, antes distante, para não dizer indiferente às questões de interesse público, começa a ser penetrado pelas ações de responsabilidade social, e, passa a ver nas organizações sem fins lucrativos canais para concretizar o investimento do setor privado empresarial na área social, ambiental e cultural.” (ROCHA et al, 2007, pág.1) Ao se envolverem com o princípio da responsabilidade social, seja por uma compreensão solidária, seja por exigências contemporâneas, as empresas requerem, para definição de onde aplicar seus recursos, que as instituições estejam organizadas e sigam exigências da administração moderna. Hoje há, ainda, uma visão mesmo de troca, onde ganham empresa e instituição. 18 “Com relação às parcerias entre as empresas e organizações sociais, o leque de possibilidades de intercâmbio é imenso; no entanto, o cenário em que essas relações estão se desenvolvendo hoje e continuarão a se desenvolver no futuro exige um novo tipo de prática. A prática paternalista das empresas diante das sociedades beneficentes, medida pela filantropia, e, de seu lado, estas mesmas sociedades olhando e reverenciando as empresas como patronos, parece, felizmente, estar com os dias contados. Esse assistencialismo fundamentado na relação de dependência intermediada pela doação dá, ou deve dar, lugar a uma prática baseada no compartilhamento de objetivos e de troca de experiências, sendo a filantropia estratégica, conforme o conceito abordado em algumas de nossas cenas, um dos passos nesse sentido” (SANTOS, 2006, pág.68). Cabe ressaltar que esta tendência das empresas segue a um padrão desenvolvido nas últimas décadas nos EUA. Neste país as pessoas com grandes fortunas investem maciçamente em fundações de assistência. Entretanto, mais do que uma ação estritamente solidária, grande parte dessas fundações surgem como uma estratégia de driblar a lei de heranças norteamericana que tem elevadas taxas para as fortunas deixadas como herança, mas tem isenção completa para doações feitas a instituições filantrópicas. Tais instituições permanecem sobre o comando da família, que usufrui de todos os recursos deixados. Há alguns anos o senado norte-americano propôs uma lei para extinguir o imposto sobre a herança, entretanto, os próprios empresários trataram de tirá-la de cena. O gasto com propaganda para a empresa é em grande parte substituído pelo status social das fundações pertencentes a estas empresas. Por este motivo a captação de recursos no Brasil é distinta da realizada naquele país. O convencimento aqui tem que ser muito mais voltado para o aspecto solidário. Por outro lado, conforme mencionado no início deste tópico, as empresas brasileiras já perceberam os benefícios de atrelarem suas imagens a instituições de assistência. Uma forma semelhante à usada nos EUA de substituir a propaganda direta pelo reconhecimento social. 19 As empresas financiadoras dos projetos (steakholders), exigem das instituições que financiam, um trato técnico e científico do dinheiro destinado. Assim, a afirmação feita anteriormente a respeito das mudanças na forma de gestão e administração de instituições sociais fica mais forte com a constatação do parágrafo acima. Apesar do surgimento da preocupação com gestão técnica estar associada a exigências dos “parceiros”, é absolutamente plausível imaginar que mesmo instituições sem fins lucrativos devam otimizar a utilização de seus recursos. “Nos últimos anos, tem sido desenvolvida amplamente a concepção de gerência social das entidades sociais. O investimento no social passa a merecer um tratamento muito semelhante a outros investimentos. É preciso investir e obter resultados. É preciso saber mensurar, dos pontos de vista qualitativo e quantitativo, aquilo que se obteve por meio da implementação de um programa social. Sem criar estratégias sobre as várias dimensões do processo de avaliação, não é possível mensurar impactos de um programa social nem saber se os seus objetivos foram atingidos” (SANTOS, 2006, p.79). Santos complementa comentando que até a década de 70 a administração não era um conceito muito usado ao se fazer menção ao terceiro setor, pois pertencia ao mundo dos negócios e não a organizações orientadas por valores. Hoje, entretanto, as próprias organizações do terceiro setor já percebem a importância de melhor administrar, preocupando-se inclusive com sua contabilidade, já que é esta uma área que fornece informações necessárias à tomada de decisões. 20 CAPÍTULO II CONSIDERAÇÕES ACERCA DA CERTIFICAÇÃO O que leva uma instituição a desejar uma certificação e a optar por um tipo de certificação e não por outro? Seria o custo da certificação ou a maior visibilidade das instituições certificadoras? Atualmente são muitos os selos e prêmios de qualidade, que variam de tipo e de áreas a que se destinam. Por este motivo é essencial neste momento realizar uma comparação sucinta entre os dois certificados de maior conhecimento público, os quais trabalharemos mais amiúde nesta monografia: o NBR ISO 9001-2000 e o Modelo de Excelência (FNQ). Primeiramente, cabe ressaltar que ambos os modelos apresentam alguns princípios comuns. As duas abordagens exigem da organização uma identificação dos pontos fortes e dos pontos fracos; primam pela avaliação frente a modelos genéricos; valorizam a capacitação e aprendizagem; fornecem uma base para possibilitar a melhoria contínua; e, prevêem disposição para o reconhecimento externo. A principal diferença entre os dois, reside no escopo de sua aplicação. Segundo Maranhão (2000, p.47) “as normas da família NBR ISO 9000 fornecem requisitos para sistemas de gestão da Qualidade e diretrizes para melhoria do desempenho; a avaliação dos sistemas de Qualidade determina o atendimento desses requisitos”. Isto porque os modelos de excelência carregam consigo critérios que permitem avaliar comparativamente o desempenho de organizações, e, principalmente, servem a todas as partes interessadas na instituição. O autor ressalta ainda que “os critérios de avaliação dos modelos de excelência fornecem a base para uma organização comparar o seu desempenho com o desempenho de outras organizações” (idem). De fato há semelhanças muito grandes entre a ISO e o modelo de excelência e embora seja o modelo de excelência muito mais abrangente, torna-se de 21 aplicação mais fácil, por ser menos burocrático, já que as ferramentas por ele utilizadas são muito menos determinadas, conforme abaixo: “O Modelo de Excelência da Gestão, em função de sua flexibilidade e simplicidade de linguagem e, principalmente, por não prescrever ferramentas e práticas de gestão específica, pode ser útil para a avaliação, o diagnóstico e o desenvolvimento do sistema de gestão de qualquer organização, do setor público ou privado, com ou sem finalidade de lucro, seja de porte pequeno, médio ou grande.” (introdução do manual do modelo de excelência da Fundação Nacional da Qualidade, do ano de 2007) O prêmio da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), que no Rio de Janeiro corresponde ao PQRio, baseado no modelo de excelência, faz uma análise bem mais abrangente da organização, pois a vê como um todo, avaliando não só determinado processo de trabalho mas os seus resultados. A certificação ISO, no entanto, pode ser feita apenas para processos de trabalho específicos, ainda que isso, na verdade, sempre implique nos outros diversos trabalhos correlacionados, mas não conduz, necessariamente a melhores resultados globais. Cabe ressaltar, no entanto, que para adoção do modelo de excelência, todos os passos construídos para implantação da ISO são necessários, ainda que com detalhes diferenciados, mas é na verdade um caminho. Antes, entretanto, de entrar especificamente na discussão teórica, cumpre destacar que administrar com qualidade não requer, necessariamente, que a instituição venha a ser certificada. No entanto, ao estar preparada para receber um selo de qualidade, a instituição motiva seus empregados e propicia a visibilidade e credibilidade ao trabalho realizado. Além disso, cabe esclarecer que a certificação não é eterna, as empresas estão sujeitas a perdê-la caso não mantenha os parâmetros acordados com a instituição certificadora. O quadro a seguir (quadro 1) apresenta uma comparação entre os custos para obtenção do selo ISO e da FNQ. Percebe-se, claramente, a partir dos itens abaixo relacionados, que a ISO requer, para sua implantação, um dispêndio financeiro muito maior do que a FNQ. 22 Quadro 1 – Custos para implantação da certificação ISSO MODELO DE EXCELÊNCIA (FNQ) Os auditores contratados são pagos, Os avaliadores realizam a avaliação com preços diferenciados entre as gratuitamente, pois é feito através empresas e depende do porte da de voluntariado, com troca entre as empresa contratante. empresas. Cursos sobre a norma em geral são Os cursos são gratuitos, quando pagos. feitos on-line. A norma é comprada e proibida sua A reprodução. norma é disponibilizada na Internet. Há, ainda, muitos outros prêmios e selos, inclusive específicos para o setor filantrópico, como o prêmio Bem Eficiente, concedido às 50 melhores entidades sem fins lucrativos, que analisa 42 critérios para avaliação da instituição. Interessante que este prêmio não divulga os critérios e os altera ano a ano, para que as instituições demonstrem que são eficientes independentemente de critérios exigidos para premiação e não que se adequem a critérios a fim de serem premiadas. Este trabalho, no entanto, não pretende estudar critérios para a concessão de prêmios específicos, mas pode afirmar que aqueles necessários à implantação do modelo ISO ou do Modelo de Excelência são essenciais para o alcance daqueles estabelecidos por qualquer outro organismo. 2.1. Motivação dos colaboradores A administração, atualmente, reconhece que qualquer organização, para realizar sua missão, precisa de colaboradores motivados. Muito tem sido escrito a respeito e muitos são os incentivos oferecidos pelas empresas para manter seus melhores empregados e para alcançar de cada um o melhor desempenho, através de benefícios sociais diferenciados, premiações e outros atrativos. 23 No caso de uma instituição filantrópica a questão da motivação dos funcionários é mais complexa, pois não há, em geral, como fazê-lo através de prêmios e maiores salários. Não precisa estabelecer metas que venham a trazer lucro, porque tais instituições não visam o lucro. Como, então, motivar aqueles que não estejam motivados pelo ideal da instituição? Em recente palestra no MAN, Bernardinho – economista, técnico da campeã seleção brasileira de voleibol e ilustre palestrante – respondeu categoricamente à pergunta de um gestor de instituição pública acerca de como motivar os servidores: reconhecimento. De fato, no serviço público, não há como conceder prêmios e vantagens financeiras, o que não impede a existência do reconhecimento. A autora pode pessoalmente observar a importância do reconhecimento no serviço público, ao participar no mês de maio de 2007 de uma auditoria na Sétima Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, quando ao final, declarada que a Vara seria recomendada à certificação, seus funcionários comemoravam como se fosse uma vitória olímpica, a alegria era contagiante. Ninguém naquela unidade trabalhou menos para que ela fosse certificada. Pelo contrário, foram precisas muitas reuniões, muito estudo, muita determinação. Mas aquele era o momento de glória: todos se sentiram reconhecidos pelo trabalho que desempenharam, além da convicção de que a implantação do modelo, com aplicação de novas ferramentas trouxe melhor qualidade na prestação jurisdicional que realizam e ampliou o campo do conhecimento. Os Tribunais são instituições compostas principalmente de sujeitos oriundos da área do Direito, assim todas as suas funções tradicionalmente têm sido desempenhadas por pessoas desta área de formação. O que se observa é que nem sempre todas as funções são desempenhadas com qualidade. Fato notório para a população em geral. Todavia, uma onda de modernização tem se espraiado por muitos órgãos públicos, dentre eles, o TRT do Rio de Janeiro. Isto tem gerado o surgimento de diversas experiências que têm elevado a qualidade dos serviços prestados por estas instituições à população. 24 No caso específico do TRT, a importância da certificação está, conforme acepção de um Juiz do Rio de Janeiro, no fato de que os “juízes sempre souberam tudo de lei, mas não entendiam nada de administração e que agora isto está mudando”. Além dessa fala, destaca-se a proposição de um desembargador em reunião com outros juízes e servidores: “quem é que pensava que aqui no Tribunal um dia estaríamos todos sentados assim, juízes e servidores, discutindo, sem fronteiras de hierarquia?” A recente transformação nos rumos da gestão do TRT Rio tem gerado comentários positivos dos servidores deste órgão, muito se ouve que atualmente já não se trabalha só apagando fogueiras, mas planejando conjuntamente com juízes e servidores. Por mais que não faça parte do escopo desta monografia, a experiência relatada do TRT Rio exemplifica e traz elementos importantes para a comprovação daquilo que a literatura e palestrantes vêem afirmando acerca da motivação através do reconhecimento. Tal estratégia pode perfeitamente ser utilizada pelas instituições filantrópicas. O reconhecimento não vem, no entanto, só da alta direção ou da sociedade. No caso, por exemplo, do projeto Educarte, com a integração de uma psicóloga à equipe, o trabalho realizado pelas educadoras passou a ser estudado, planejado e avaliado. Na fala de uma educadora social: “tem sido muito bom ver que as crianças estão muito mais colaborativas, que demonstram que estão felizes e gostando mais da forma como o trabalho vem sendo realizado com elas”. Neste exemplo o reconhecimento veio do usuário, criança atendida e levantou a auto-estima da educadora, que viu no seu trabalho progresso e percebeu que a instituição está preocupada tanto com seu usuário, quanto com a capacitação de seus empregados, ainda que não possa oferecer vantagens financeiras. Nesta mesma instituição, a autora ouviu de outros empregados (durante uma reunião onde estavam sendo discutidas a missão, visão e valores) que agora saberiam explicar melhor o que faziam na instituição. Antes estes 25 profissionais não viam o todo do trabalho, não se reconheciam como parte integrante do processo, mas apenas como executores de determinadas tarefas. Cabe ressaltar que tal instituição está muito longe de ter um sistema de gestão da qualidade implantado, mas os primeiros passos dados já demonstram a possibilidade de melhorias contínuas. Em outro caso, em entrevista ao Lar das Moças Cegas de Santos, o representante desta instituição declarou que “a partir da certificação houve um comprometimento geral para cumprimento das exigências da Norma, estimulando os colaboradores na busca de superações, evidenciando a união e determinação de todos por um objetivo comum”. Nestes exemplos pode-se perceber que a implantação de um processo de qualidade em instituições filantrópicas tem como um dos principais efeitos o esclarecimento do sentido da existência das instituições. A partir desta compreensão coletiva é possível identificar um maior engajamento dos sujeitos. Cabe destacar que muitas instituições filantrópicas nascem do sonho de uma pessoa ou de um grupo de pessoas que não têm condições de sozinhos levarem seus ideais. Neste sentido há a necessidade de contratação de pessoal para auxiliar na busca do projeto inicialmente sonhado. Entretanto, as pessoas que são contratadas nem sempre comungam ou estão a par desses sonhos, por isso, nem sempre são engajadas no processo, apenas executam suas funções. O processo de qualificação cria a oportunidade desses sujeitos perceberem que suas atuações são fundamentais na consecução de um determinado projeto. 26 CAPÍTULO III GESTÃO DA QUALIDADE “O caminho de uma organização rumo à excelência não é uma linha reta e tampouco pode ser comparado a uma corrida de curta distância. Ao contrário, a melhor analogia seria com a de uma maratona. Trata-se de um caminhar cheio de obstáculos, que a organização só consegue suplantar com constância de propósitos e mobilização de todas as suas competências” (Site da Fundação Nacional da Qualidade – Critérios de Excelência – 2007). 3.1. Conceitos básicos de qualidade Há uma extensa quantidade de conceitos sobre qualidade, uns mais gerais, outros relacionados a itens da qualidade. De acordo com CAMPOS (1992) a qualidade constitui-se como um produto ou serviço que atenda “perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente”. Assim, segue o autor, “em outros termos pode-se dizer projeto perfeito, sem defeitos, baixo custo, segurança do cliente, entrega no prazo certo, no local certo e na quantidade certa”. Para outros autores a qualidade está ligada a um conjunto de elementos inter-relacionados utilizados na direção e controle de uma organização. Ela orienta as políticas e os objetivos da instituição, assim como os meios e processos para atingir esses objetivos. DEMING (1986) adota uma perspectiva semelhante às citadas e acrescenta que qualidade significa um grau previsível de uniformidade e confiabilidade, a baixo custo, e adequado ao mercado. “A qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuário” (idem), tanto aquelas presentes quanto as futuras. Para uma das principais certificadoras da qualidade, a Norma NBR ISO 9001:2000, qualidade é o “grau no qual um conjunto de características inerentes atende requisitos”. Por fim, Carr e Littman1, numa perspectiva mais ampliada, afirmam que “qualidade é mais que 1 Autores citados por Manuel Teixeira, em apostila. 27 um conjunto de técnicas de controle da qualidade, é uma filosofia de gestão que inclui toda a organização”. 3.2. Vantagens de se adotar um Sistema de Gestão Inicialmente cabe registrar que ISO é uma Organização Internacional para Padronização (International Organization for Standardization - ISO) que efetua padronização/normalização em 148 países. ISO não é propriamente uma sigla, mas alusão ao prefixo grego que significa igualdade. O trabalho da ISO consiste em aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, exceto nos campos da eletrotécnica. Isto permite que um mesmo conceito utilizado no Brasil seja compreendido em qualquer um dos outros países que adotam a mesma norma. Desta forma, obter uma Certificação pela ISO 9001:2000, ou apenas implementar o modelo pode trazer diversos benefícios, tais como: a) Redução da variabilidade dos processos e dos produtos pela padronização das atividades, proporcionando maior controle sobre os processos. b) Maior domínio da empresa sobre sua tecnologia em função do controle de seus processos (codificação e difusão do conhecimento individual). c) Redução das perdas pelo maior nível de organização interna, pela prevenção das falhas operacionais, pela redução do retrabalho e pela cultura de aprendizagem e melhoria contínua que se instala na Organização. d) Maior confiança da Direção e da Gerência sobre a capacidade de atender os requisitos dos clientes. e) Maior confiança dos clientes sobre a capacidade da Organização atender aos seus requisitos, gerando maior satisfação. f) 28 Maior motivação dos empregados pelo melhor entendimento das implicações do seu trabalho cotidiano e pelo seu envolvimento nas decisões. g) Aumento da produtividade. h) Melhor desempenho organizacional pela promoção da capacitação i) Melhoria da imagem da organização Adotar um sistema de gestão, portanto, possibilita um melhor planejamento e controle das rotinas de trabalho, o que permite eliminar os passos desnecessários. A padronização das tarefas e a definição de responsabilidades individuais colabora com a maior segurança e agilidade aos trabalhos; a criação de um Sistema de Controle para identificação e tratamento das anomalias verificadas durante o processo evita que os trabalhos sejam refeitos; a realização dos trabalhos buscando melhorias na qualidade aumenta a satisfação dos usuários, dos parceiros e da sociedade; e, a redução dos custos operacionais gera, conseqüentemente, um aumento da produtividade. A possibilidade de implantação de um sistema como estes reside nos processos de padronização das rotinas. A Norma ISO define processo como “um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)”. Por se tratar de uma adequação que diz respeito a toda organização é indispensável, e, inclusive uma das exigências da própria norma, que a alta direção da organização esteja comprometida com o sistema de gestão a ser implantado, desde o início de sua implantação, sem nunca se afastar de tal compromisso. Justamente por esta última exigência sabe-se que o sucesso da condução de uma organização depende, sobretudo, de uma direção transparente e sistemática, que leve em consideração simultaneamente as necessidades de todas as partes interessadas. 3.3. Princípios da Norma NBR ISO 9000 – 2000 - Aplicabilidade no âmbito filantrópico 29 Oito princípios gerais são a base constituinte da Norma NBR ISO 9000. Eles dizem respeito à forma como as empresas devem se organizar e planejar suas atividades, mas, mais que isso, dizem respeito à forma como as empresas devem pensar. a) Foco no cliente – A organização depende do cliente e por isso é necessário que não só atenda as suas necessidades, mas que as exceda. b) Liderança – Os líderes estabelecem unidade de propósito. Devem criar e manter um ambiente interno tal que as pessoas fiquem envolvidas no propósito de alcançar os objetivos da organização. c) Envolvimento de pessoas – Todas as pessoas que constituem a organização, independente da função que desempenhem precisam estar envolvidas, colocando todas as suas habilidades a serviço da organização. As pessoas precisam se sentir valorizadas. d) Abordagem de processo – As atividades e os recursos devem ser gerenciados como um processo, a fim de se alcançar melhores resultados. e) Abordagem sistêmica para gestão – A identificação, compreensão e gerenciamento dos processos inter-relacionados como um sistema contribuem para a eficácia e eficiência da organização e para que esta alcance seus objetivos f) Melhoria contínua – Precisa ser objetivo permanente da organização. Nada é estático. Aquilo que não se desenvolve tende a desaparecer. g) Abordagem factual para a tomada de decisões – Decisões para serem eficazes precisam ser tomadas com base em informações e dados devidamente analisados. Só se consegue conhecer e gerenciar aquilo que é medido. Necessário, portanto, a construção e adoção de Indicadores de Desempenho. h) 30 Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores – Uma relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de uma instituição agregar valor. Tais princípios, no entanto, necessitam de, no mínimo, algumas adequações para poderem ser aplicados a outras instituições que não sejam produtoras de valor financeiro. Em primeiro lugar, em uma instituição sem fins lucrativos ou no setor público a palavra cliente não é muito apropriada, devendo ser utilizado o termo usuário. Em segundo lugar, deve-se atentar ao que está implícito no princípio da competitividade – a idéia de que sem cliente não há negócio, de que é necessária a satisfação do cliente para fidelizá-lo não se aplica ao caso, uma vez que, face à grande demanda da sociedade e à escassez de instituições, o usuário não tem grandes opções de escolha. No entanto, isto não afasta a consciência de que o usuário é a razão de ser da instituição e que esta, até pela sua motivação de existir, deverá preocupar-se com sua satisfação e exceder mesmo suas expectativas. Ressalte-se que essas duas ponderações se aplicam integralmente ao caso de instituições que além de prestarem serviços gratuitos mantêm alguma forma de produção ou comercialização de bens para sustento da instituição. Exemplo dessa preocupação com as expectativas dos usuários pode ser encontrada na fala de um representante da OSCID, “no ano de implantação do SGQ, foi iniciada a Pesquisa de Satisfação, uma importante ferramenta para a medição das expectativas, percepções dos usuários e implementação de melhorias, sendo estendida, em 2005, a todos os núcleos da OSCID. A pesquisa dá uma visão sistêmica do atendimento e é apoiada pelo Sistema de Reclamações do Cliente, que colhe queixas dos usuários que são direcionadas para uma melhoria imediata da assistência. A pesquisa vem demonstrando um percentual de satisfação elevado dos usuários que utilizam os serviços”. Além disso, declara que “é notável os benefícios alcançados, principalmente porque foi estabelecida uma política voltada a conhecer e atender os requisitos dos clientes/usuários, do cliente/patrocinador, a direção mostrou o seu comprometimento com a Política da Qualidade, participando das 31 reuniões mensais de análise crítica com todos os líderes, as necessidades de recursos, avaliando as melhorias e o atendimento das expectativas dos usuários, que compreendem os requisitos legais e as metas quantitativas e qualitativas do patrocinador”. Num outro exemplo, uma representante do LMC afirma que “a satisfação dos usuários vem crescendo constantemente, sendo medida através de pesquisas elaboradas pela área de gestão da qualidade, onde os questionamentos advindos das pesquisas são debatidos em reunião da alta direção, e transformados em ações administrativas. Solicitações dos alunos que outrora eram consideradas impossíveis, hoje é uma realidade, a exemplo do Centro Aquático do LMC”. É necessário ressaltar que o conceito de cliente extrapola a visão tradicional de que “cliente é quem procura a organização”. Existe uma cadeia de clientes internos e externos. Cada empregado, cada setor, é ao mesmo tempo cliente e fornecedor. Isto permite a visão geral da organização e não a isolada de cada área. O cumprimento da missão da organização é, portanto, tarefa de todos, que a realiza ao atender com eficiência e eficácia cada cliente interno ou externo. O Lar das Moças Cegas relata uma outra experiência nesse processo de qualificação da gestão: um de seus representantes narra que com foco na melhoria contínua, os serviços prestados pela instituição tornaram-se mais eficazes, conseguindo a alta direção diagnosticar a necessidade de aumento do quadro dimensionado, contratando mais colaboradores especializados e criando novos setores “a exemplo do RI (Relações Institucionais) com o objetivo de promover, criar, manter e melhorar o relacionamento do LMC com outras organizações; a TI (Tecnologia da Informação) que tem por finalidade manter e atualizar a rede e equipamentos de informática, bem como, criar softwares acompanhando o avanço tecnológico e do NOCT (Núcleo de Orientação e Capacitação para o Trabalho) tendo como meta a inserção do deficiente visual no mercado de trabalho”. Antes da certificação eram mais ou 32 menos 50 colaboradores e cerca de 150 atendimentos, hoje o quadro compõe cerca de 100 colaboradores com atendimento a 650 deficientes visuais. Uma terceira adequação necessária para pensar a aplicação dos princípios da Norma NBR ISO 9000 às instituições sem fins lucrativos diz respeito a uma diferenciação entre as instituições filantrópicas e o serviço público e as organizações com fins lucrativos. As instituições sem fins lucrativos recebem doações, quer em espécie, quer em bens e serviços, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas, e do Estado. Pode-se afirmar então que a instituição sem fins lucrativos podem considerar como seu fornecedor o doador de valores e serviços, que deve receber da instituição a garantia da eficiente prestação de serviços e ter seu nome conhecido, respeitado e valorizado perante os usuários. Assim, como não poderia deixar de ser, as compras e parcerias devem ser realizadas segundo princípios éticos e legais. Um representante do LMC sustenta que a Instituição passou a ser vista como uma entidade administrada como empresa, contando assim, com alianças estratégicas com seus fornecedores, baseadas no envolvimento dos mesmos em projetos realizados pela instituição. Tais fornecedores passaram a colaborar com doações, patrocínios e divulgações. Exemplo disso foi a parceria firmada com a Unimed de Santos para venda e administração de Planos de Saúde, além da firmada com o Santos Futebol Clube, que mantém todo material esportivo do Goalball (equipe para-olímpica do LMC). O resultado desta parceria pode ser conferido pela importante participação deste time em campeonatos regionais e nacionais. 33 Capítulo IV PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO “Planejar é conhecer e entender o contexto; é saber o que se quer e como atingir os objetivos; é saber como se prevenir; é calcular os riscos e buscar minimizá-los; é preparar-se taticamente; é ousar as metas propostas e superar-se de maneira contínua e constante. Planejar não é só vislumbrar o futuro, mas é também uma forma de assegurar a sobrevivência e continuidade dos negócios.” (CHIAVENATO,2003, prefácio) Planejamento estratégico é o uso de metodologia através da qual a organização define como vai mobilizar os seus recursos para alcançar os objetivos estabelecidos. É um planejamento global a curto, médio e longo prazo. A partir do contato com as instituições sem fins lucrativos pode-se perceber que há grandes dificuldades das mesmas delimitarem os cortes necessários ao seu atendimento. Por força do desejo de servir, que em geral move os dirigentes das instituições, há dificuldade de negar tipo ou quantidade de atendimento. Dificuldade tanto de expressar a negação a quem procura os serviços quanto entre os próprios dirigentes e servidores da instituição. Se os cortes não são estabelecidos, mais difícil é a decisão. Neste sentido, um abrangente estudo do hoje – auto análise – com representantes de todas as áreas da instituição, poderá ajudar a delimitar o que fazer e o quanto fazer. Assim, uma representante do LMC afirmou que “apesar de uma longa trajetória de sucesso, o LMC era conhecido pela comunidade como um abrigo e internato apenas para moças cegas ou como um ponto de referência entre uma rua famosa e uma das principais avenidas da Baixada Santista, os serviços prestados e a sua importância na sociedade não eram difundidos”. É possível afirmar a necessidade de instituições deste tipo ensejarem discussões que visem responder a perguntas como: o que estamos fazendo? Quanto estamos fazendo? Para quem estamos fazendo? Por que estamos 34 fazendo? Que significado tem para os usuários o que estamos fazendo? Que significado tem para a sociedade o que estamos fazendo? Que significado tem para a instituição e para cada empregado ou voluntário o que estamos fazendo? Quanto custa o que estamos fazendo? Temos feito com segurança de que há recursos? Qual a relação entre serviços X recursos X resultados? Aprofundadas estas respostas outras perguntas poderão ser feitas: Deve ser mantido o que se faz? Deve ser mantida a forma como se faz? O que pode melhorar? O que deve mudar? Com as respostas às questões citadas, a instituição deve avançar e fazer uma análise da ambiência interna e externa. A esse respeito, argumenta Hunger e Wheelen “Antes que possa iniciar uma formulação estratégica, uma organização deve fazer a análise do ambiente externo – para identificar possíveis oportunidades e ameaças – e do ambiente interno, em busca de pontos fortes e pontos fracos. A análise ambiental é constituída pelo monitoramento, pela avaliação e pela divulgação, para pessoas-chave na organização, de informações obtidas nos ambientes externo e interno. É uma ferramenta usada por corporações para evitar surpresas estratégicas e para assegurar a saúde da empresa a longo prazo, e a correlação positiva entre a análise ambiental e os lucros”.(HUNGER, 2002, pág,09) A leitura deste trecho alerta para o fato de que as instituições sem fins lucrativos deverão adaptar as suas razões, uma vez que não se espera lucro de suas atividades. Uma ferramenta útil para isso é a chamada matriz FOFA (Quadro 2) (iniciais das palavras Forças e Fraquezas – ambiente interno – e Oportunidades e Ameaças – cenário externo), a qual auxilia a realização da análise da ambiência interna e externa. Compreende-se o cenário interno como as situações influenciáveis pela instituição, ao ponto que o cenário externo seria composto pelas situações não influenciáveis pela instituição. Para se fazer análise de cenário e traçar planos é necessário discussão, pesquisa, ciência, contato com a realidade. Não se pode se construir a matriz com base em “achismos”, mas em análise real, conforme princípio 07 da Norma ISO e fundamento 05 do modelo de excelência da FNQ. 35 Quadro 2 – Matriz FOFA X Oportunidades Ameaças (descrever) (descrever) Forças Potencialidades Pontos de defesa (descrever) (traçar plano) (traçar plano) Fraquezas Debilidades Vulnerabilidade (descrever) (traçar plano) (traçar plano) Os cenários internos e externos devem ser cruzados para auxiliar na tomada de decisões e na definição dos objetivos estratégicos da instituição, sendo evidenciadas as seguintes situações: • Força X Ameaça (cenário interno favorável e externo desfavorável). • Força X Oportunidades (é a melhor situação – cenários interno e externo favoráveis ). • Fraqueza X Ameaça (é a pior situação – cenários interno e externo desfavoráveis) • Fraqueza X Oportunidades (cenário interno desfavorável e externo favorável). Após a realização desses diversos níveis de análise e conseqüente esgotamento teórico das possibilidades, a instituição deverá traçar seus DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS, os quais devem contemplar a política da qualidade, missão, visão de futuro e valores. Compreende-se POLÍTICA DA QUALIDADE como a declaração formal da alta administração das intenções e diretrizes da organização relativas à qualidade; como MISSÃO a declaração da finalidade da existência da instituição, o que ela faz, a quem se destinam seus serviços e qual a abrangência local de sua atuação; como VISÃO DE FUTURO a declaração de onde a instituição quer chegar – 36 seu alvo, sua meta de ampliação; como VALORES a declaração dos princípios que norteiam a instituição. Definidos os direcionadores, os objetivos (ou focos) estratégicos globais da instituição deverão ser traçados segundo as perspectivas: financeira, de usuários, dos seus processos internos e de aprendizagem e crescimento, conforme metodologia do BSC (Balanced Scorecard). Na etapa seguinte deverão ser traçados os objetivos estratégicos de cada área, definindo metas e indicadores de desempenho e estabelecendo um plano de ação para sua realização. Segue exemplo de planejamento: Quadro 03 Focos Estratégicos – TRT 1ª Região - 2005-2007 PERSPECTIVAS FINANCEIRA FOCOS ESTRATÉGICOS • Adequar a dotação orçamentária e o quadro de pessoal • Implementar a gestão estratégica • Aprimorar o processo de comunicação interna e de relacionamento com a sociedade USUÁRIO • Padronizar e adequar as instalações às necessidades • Fomentar as relações institucionais e parcerias externas • novas práticas de gestão (padronização de procedimentos administrativos) PROCESSOS INTERNOS Implementar • Atualizar a a infra-estrutura de tecnologia da informação APRENDIZADO • Estruturar a rede de conhecimentos CRESCIMENTO • Valorizar magistrados e servidores 37 Quadro 04 – modelo de desdobramento de Direcionadores Estratégicos Direcionadores Estratégicos (básicos ) Ξ Missão Ξ Visão de Futuro Ξ Valores Avaliação da ambiência interna (pontos fracos) Avaliação da ambiência externa(oportunidades e ameaças) PERSPECTIVAS FINANCEIRA FOCOS ESTRATÉGICOS FF1 FF2 FFn USUÁRIO FU1 FU2 FUn PROCESSOS INTERNOS FP1 FP2 FPn APRENDIZADO E CRESCIMENTO FA1 FA2 FAn OBJETIVOS ESTRATÉGICOS OE F1.1 OE F1.n OEFn.1 OEFn.n OE U1.1 OE U1.n OEUn.1 OEUn.n OE P1.1 OE P1.n OEPn.1 OEPn.n OE A1.1 OE A1.n OEAn.1 OEAn.n Modelo de desdobramento de Direcionadores Estratégicos TRT- 1ª Região Um exemplo de desempenho pode ser visto na citação da LMC ao indicar que com 50 colaboradores fazia cerca 150 atendimentos e que hoje, com 100 colaboradores atende a cerca de 650 pessoas. O LMC não declarou qual foi, ao planejar, a sua meta, nem qual indicador, mas é fácil perceber que atingiu níveis altíssimos de desempenho. Nesta mesma linha a Casa do 38 Menino Jesus de Praga, em seu planejamento, afirma que existe uma “necessidade de definir a melhoria de gestão para garantir a manutenção e perenidade do atendimento à causa assumida pela casa”. Além disso, utilizam a avaliação como um “meio de qualificação da gestão para assegurar e subsidiar as diretorias futuras”. Concluído o planejamento estratégico da instituição como um todo e de cada área a instituição deverá verificar o alinhamento de todo o planejamento e acompanhar a sua execução, estabelecendo as mudanças necessárias, conforme prevê o ciclo PDCA que veremos adiante. Para acompanhamento das ações e o alinhamento entre elas é necessária a utilização de plano de ação para cada objetivo. Além disso, é de grande utilidade e simplicidade a ferramenta 5W2H, que pode ser utilizada para todos os objetivos, tanto estratégicos quanto operacionais. Consiste em uma planilha de descrição das atividades, conforme exemplo abaixo: Quadro 05 - modelo de plano de ação plano de ação do setor objetivo estratégico da organização objetivo estratégico da área meta: prazo: área: indicador de desempenho: O que Quem Quando Onde Por que Como Custo (What) (Who) (When) (Where) (Why) (Haw) (How much) 39 A ferramenta pode ser melhorada, acrescentando-se itens que se julgue necessário, como percentual de realização. Há casos em que por muito simples, alguns itens podem ser eliminados. 4.1. Ciclo PDCA e a Melhoria Contínua figura 01 – conforme apostila do professor Alexandre – IAVM O Ciclo PDCA foi originalmente desenvolvido na década de 1930, nos Laboratórios da Bell Laboratories nos EUA, pelo estatístico Walter A. Shewhart. Foi definido como um ciclo estatístico de controle dos processos que pode ser aplicado para qualquer tipo de processo ou problema. O método foi popularizado na década de 1950, pelo também estatístico, W Ewards Deming, que o aplicou de forma sistemática dentro de conceitos da Qualidade Total em seus trabalhos desenvolvidos no Japão (Apostila do Professor Mauri Gerhardt UCAM) O PDCA pode ser definido como um valioso método de controle e melhoria dos processos organizacionais que, para ser eficaz, deve estar disseminado e dominado conceitualmente e operacionalmente por todos os colaboradores da organização. Orientado, a partir dos programas de Gestão da Qualidade, o método do PDCA é uma das ferramentas substanciais que alimentam o conceito estrutural 40 dos requisitos dos Critérios Avaliativos do Modelo de Excelência da FNQ, que o vincula como premissa da Qualidade e da Melhoria Contínua. A utilização do PDCA tem sido amplamente defendida como uma forma de agregar valor ao produto ou serviço, através da execução dos quatro elementos inerentes ao método – Planejar, Executar, Controlar e Agir, conforme explicitado na figura. Fernando Gomiero descreve as fases do ciclo PDCA e o define como uma excelente ferramenta estratégica, cujo principal objetivo é o de manter todas as atividades da empresa sob controle, tanto as operacionais como as administrativas. Um perfeito sincronismo entre os diferentes processos e etapas, que se relacionam entre si formando um todo, único e integrado, garante o resguardo e a conservação dos padrões de desempenho ideais. 4.1.1. Fases do ciclo PDCA 1. Planejamento: é o início de tudo. O passo que consiste em definir todas as metas e objetivos que a empresa pode atingir, assim como as formas, os meios e as ferramentas que serão usadas com vistas a alcançar o sucesso do empreendimento. É uma fase crucial para todo o processo, pois aí serão estabelecidos todos os caminhos e rotas a serem seguidos durante sua execução. 2. Desenvolvimento: É a própria execução de tudo o que foi cuidadosamente elaborado, definido e detalhado durante a fase de planejamento, colocar em prática toda a formulação das metas traçadas, enfim, movimentar a locomotiva com todos os seus vagões, utilizando as melhores ferramentas de gestão em busca dos melhores resultados. Nessa fase, os treinamentos e a disciplina dos colaboradores é absolutamente indispensável para uma execução eficiente e eficaz de todo o plano, o que só será possível com descentralização e comunicação com qualidade, que disponibilizem poderes e todas as informações necessárias às cabeças pensantes, os estrategistas que irão trabalhar no projeto. 3. Controle: É o acompanhamento de toda a execução do projeto, dos procedimentos e métodos implementados, objetivando a compilação de dados 41 para uma avaliação e análise dos resultados alcançados em cada fase da execução. De importância fundamental no projeto, essa é a etapa que vai possibilitar correções de desvios de rotas, adequação dos planos às mudanças imprevistas na conjuntura econômica e mercadológica, mudanças de estratégias e aprimoramento de mecanismos de controle, além de permitir a identificação de erros no planejamento original e corrigi-los em tempo de evitar maiores danos ao projeto. 4. Ação: Fase que objetiva encerrar o ciclo com chave de ouro. É o momento de se atuar sobre todo o sistema organizacional estimulando comportamentos e emoções que mantenham o alto astral e a motivação daqueles que foram os grandes responsáveis pelo sucesso de todo o projeto. E criar mecanismos que assegurem a manutenção duradoura do clima de harmonia no ambiente de trabalho, o que, no final das contas, é o que vai determinar a continuidade do sucesso, com aumento de produtividade e eliminação de desperdícios. E a conclusão natural: conquista da excelência empresarial e, quiçá, a liderança do mercado. A OSID é um exemplo de instituição que utiliza o planejamento estratégico como ferramenta de gestão. Em entrevista, a representante da instituição declara que “o compromisso com a melhoria contínua sempre existiu e se tornou ainda mais forte com a introdução do Sistema de Qualidade baseado na norma NBR-ISO 9001:2000”. De acordo com o planejamento estratégico desta instituição, existe a intenção de que até o final do ano de 2010 todos os núcleos sejam integrados ao SGQ. A entrevistada finaliza dizendo que o modelo vem sendo aprimorado, com foco no cliente e na melhoria contínua, tendo sido elaborado em 2005 o planejamento estratégico para cinco anos (2006-2010), o qual vem sendo executado. A representante da OSID declara ainda que “o SGQ e o Planejamento Estratégico são importantes ferramentas de gestão para a implantação das melhorias, um em curto e outro no longo prazo. As ações do SGQ e do PE visam o fortalecimento do modelo de gestão da OSID, numa busca constante da eficiência e eficácia, em prol da melhoria contínua, perpetuidade da instituição com responsabilidade social, 42 sem perder de vista a filosofia da fundadora e a preservação de seus ideais”. Fica claro nesta fala a preocupação de uma instituição sem fins lucrativos de adaptar conceitos próprios do mercado ao seu modus operandi. 43 CAPÍTULO V OUTROS ELEMENTOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS À GESTÃO DA QUALIDADE 5.1. Mapeamento de Processos e Padronização Antecedendo o planejamento, ou paralelo a ele, não pode ser deixado de lado o aspecto do estudo dos processos de trabalho da organização, que levam a uma melhor definição daqueles que são necessários e evita o retrabalho, pois é bastante comum que mais de um setor ou mais de uma pessoa repitam tarefas que podem ser evitadas. As organizações são sistemas complexos e as atividades nelas desenvolvidas são formadas por uma rede de processos que fazem interface umas com as outras. Não existe processo na organização que tenha começo, fim e finalidade independentes de outros. Cada atividade precisa ser rigorosamente estudada para ser verificado qual a melhor fronteira com relação a outras atividades. Para delimitar os processos, podem ser adotadas as denominações macroprocessos (os processos mais abrangentes da organização), processos (as subdivisões dos macroprocessos) e subprocessos (as subdivisões dos processos). É indispensável que estudados os processos de trabalho os mesmos sejam pormenorizados, através de padronização, ou seja, da descrição de cada passo para sua realização, com o respectivo fluxograma, além da definição das responsabilidades pela sua execução. Todo este estudo e descrição permitem identificar os “nós” nas atribuições e forma de executar, possibilitando a eliminação de retrabalho, o que acarretará muito mais rapidez e produtividade. Importante ressaltar que trabalhar com processos de trabalho é identificar a atividade com suas correlações e não a pessoa que realiza determinados serviços, devendo haver muito critério, a fim de não se manter atividades apenas porque alguém está preparado somente para realizar o que já realiza. 44 5.2. Definição das Unidades Organizacionais e Organograma A organização necessita ter uma definição formal da sua estrutura, ou seja, das unidades que a compõem e como estão dispostas, como é a hierarquia e as relações de comunicação, assim como as atribuições de cada uma. O organograma é a representação visual da estrutura. Permite que muito facilmente qualquer pessoa possa saber como é a estrutura e a quem se dirigir em cada situação. 5.3. Gestão de Pessoas e Treinamento Não há organização sem pessoas. Método e planejamento não funcionam se não houver quem os execute. A alta administração precisa ter consciência deste fator e estabelecer transparência na relação com o pessoal que trabalha na organização, quer empregados, quer voluntários. Necessário ter a pessoa certa no lugar certo. A instituição filantrópica precisa ter clareza para lidar com esta questão, pois prestar serviços voluntários não significa fazer o que quiser e quando quiser. Mesmo o voluntário tem que estar servindo no lugar certo e com compromissos estabelecidos. Muitas vezes a instituição tem dificuldades de criar limites com relação ao voluntário. Neste sentido o estabelecimento de padrões é essencial, pois concede segurança a quem recebe os voluntários de discutir com eles o interesse da instituição em ter seus serviços. Não há possibilidade de se estabelecer qualidade, de se efetivar qualquer planejamento, se dele não fizer parte a capacitação, aliás, item previsto na Norma ISO. Assim, a capacitação é necessária tanto para o exercício das atividades desenvolvidas por cada colaborador, quanto sobre gestão da qualidade e ferramentas a ela inerentes. Deve, ainda, ir além, havendo capacitação em áreas diversas que possam vir a agregar valor à organização. É indispensável o envolvimento das pessoas com a organização. Isto, aliado à capacitação, pode produzir excelentes resultados. O envolvimento 45 leva, ainda, as pessoas a procurarem seu aperfeiçoamento profissional mesmo fora da organização, para com ela contribuir. Este aspecto foi constatado nas instituições pesquisadas, sendo exemplos uma coordenadora do projeto EducArte, da AMAS – Sete Pontes, que, a fim de se integrar melhor ao projeto e vislumbrar com mais clareza suas necessidades, ingressou numa faculdade de pedagogia, às suas expensas (especificidade de instituições filantrópicas). Tal atitude não se deveu, entretanto, a um impulso individual, pelo contrário, foi motivada pela percepção de que os voluntários do Conselho Diretor2 estavam compromissados com a qualidade, não só do objetivo fim, mas da própria gestão. Numa perspectiva semelhante a esta, uma representante das Obras Sociais Irmã Dulce – OSCID – da Bahia, revelou que, com o treinamento mais efetivo dos profissionais envolvidos, eles passam a se sentir motivados com o desafio e se superam na execução de suas atividades. Estes dois exemplos aparentemente simples confirmam a idéia de que a assunção de um sistema de gestão mesmo em instituições que tradicionalmente se mantiveram à parte deste processo de qualificação da gestão, tem o potencial de agregar um valor subjetivo ao trabalho dos profissionais. Se antes trabalhavam porque eram pagos para isso, agora trabalham para alcançar um ideal que também é dele. Motivar os profissionais significa engajá-los efetivamente na causa de instituições filantrópicas. 5.4 – Eficiência, Eficácia e Efetividade Eficiência: é a relação entre os produtos, bens e serviços produzidos ou outros resultados atingidos por uma unidade ou entidade econômica, tendo em conta a quantidade e qualidade apropriada, e os recursos utilizados para produzi-los ou atingi-los; menor custo, maior velocidade, melhor qualidade. 2 Nesta instituição a coordenação é feita por um Conselho Diretor voluntário eleito para um mandato de dois anos. No momento de minha pesquisa estava se iniciando um novo mandato. A coordenadora citada mencionou sua opção de cursar uma faculdade em função da qualificação desse novo Conselho Diretor. Nas palavras dela: “eu não queria ficar para trás, queria contribuir mais com o projeto”. 46 Eficácia: é o grau em que uma organização, programa, processo, projeto, operação, atividade, função ou sistema atinge os objetivos da política, as metas operativas estabelecidas e outros resultados e efeitos previstos. Efetividade: Capacidade de atingir objetivos utilizando da melhor forma possível os recursos disponíveis. Pode ser compreendido ainda como a capacidade de ser eficaz (objetivos) e eficiente (usar bem os recursos) ao mesmo tempo . 5.5. Reunião de Análise Crítica É a reunião que a alta administração realiza junto com todos os colaboradores, em períodos programados, onde com base nos indicadores de desempenho e resultados, auditorias realizadas e em sugestões, são planejadas as melhorias contínuas. Esta reunião significa, ainda, um elemento motivador, na medida em que todos participam e podem expor suas idéias e discutir a situação da organização. Toda reunião deve gerar uma ata e do conteúdo da mesma deve tomar ciência aqueles que não tiverem participado da reunião. 5.6. Ação corretiva, ação preventiva e oportunidade de melhorias Toda organização ou processo de trabalho, por mais que esteja bem estabelecido, é passível de cometer desvios, assim como pode sempre melhorar. O importante é perceber que as não conformidades são oportunidades de melhorias. É fundamental, ainda, desvencilhar-se do velho conceito de culpa atribuído às pessoas quando algo não dá certo. Se algo não está atendendo às expectativas, há falha no sistema que precisa ser revisto e replanejado. A ação corretiva é a ação que se toma para corrigir as falhas do sistema quando já ocorreram. A ação preventiva é aquela que enxerga o problema antes que ele ocorra e então age para impedi-lo. As oportunidades de melhoria é tudo quanto se vislumbra para melhorar o serviço ou produto. O importante nas ações corretivas é não apenas corrigir, mas investigar a causa e analisar porque ocorreu, a fim de evitar que se repita a mesma situação. 47 Além desses passos, após algum tempo a eficácia da medida adotada é verificada. 5.7. Auditoria e Avaliação A auditoria é a verificação da conformidade dos requisitos da norma e do planejamento da organização, feita por pessoa independente – o auditor. A auditoria pode ser interna e externa. Interna faz as verificações a fim de informar sobre as conformidades e poder contribuir para a manutenção e melhoria do sistema. A auditoria interna pode ser feita por empregado para isto preparado, que não poderá, no entanto, auditar sua própria área de trabalho, podendo, também ser realizada por auditor contratado. A auditoria externa, da mesma forma, verifica a conformidade do sistema, porém com objetivo de aprovar ou não a certificação ou sua manutenção. É sempre realizada por auditor contratado e credenciado pela ISO. No modelo de excelência a verificação é feita por Avaliadores, ocorrendo primeiramente a auto-avaliação, que é apresentada à Fundação Nacional da Qualidade, através de relatórios, que são examinados, podendo os avaliadores item à organização para esclarecimentos e verificações. 5.8. Registros e Documentos A norma ISO é extremamente exigente com o controle de documentos e registros, pois é basicamente através deles que a organização é examinada. Toda organização possui documentos e registros. Possui documentação relativa aos seus processos de trabalho, à sua política e objetivos, que são documentações próprias, assim como possui documentação legal e outras. Documentos podem ser alterados e devem, posto que precisam representar sempre a forma como as coisas são ou devem ser realizadas e como nada é estático, os documentos também mudam. No entanto é indispensável trabalhar com a segurança de que temos em mãos a última versão de qualquer documento. Registro, no entanto, não pode ser alterado, pois representa a constatação de algo que aconteceu. Havendo mudanças outro deverá ser 48 concretizado, mas não pode ser alterado porque representa algo que já ocorreu. 5.9. Comunicação: interna e externa Para o sucesso de um programa de gestão da qualidade, ou mesmo de outra qualquer atividade humana, a comunicação é fator indispensável. Ela precisa ser clara, precisa e atual, a fim de que todos, interna e externamente à organização não a utilizem de forma inapropriada ou deixem de ter conhecimento daquilo que importa ser conhecido. 5.10. Fluxograma Diagrama para representação esquemática de um processo de trabalho. Facilita, por sua forma prática e visual, a execução de uma atividade. É uma das sete ferramentas da qualidade e indispensável para a elaboração da padronização das rotinas. 5.11. Pesquisa de Satisfação Sendo a base da qualidade a satisfação do usuário, não há como conhecer os anseios dos mesmos e o seu grau de satisfação, sem que a eles seja perguntado. A instituição deve promover pesquisas de opinião e pesquisa de satisfação em períodos regulares. As pesquisas devem servir de base tanto para pequenas mudanças que podem ser imediatamente procedidas, quanto para o planejamento estratégico da organização. Retorno sobre a possibilidade de atendimento às opiniões deve ser dado aos usuários que se identificarem nas pesquisas. Igualmente importante haver canal regular para reclamações de usuários. As reclamações devem sempre receber tratativa e, assim como no caso das sugestões, aos usuários que se identificarem deve ser comunicado o tratamento dado à reclamação. Reclamações devem ser vistas como oportunidades de melhorias. 49 CONCLUSÃO A literatura, a experiência e as narrativas das instituições pesquisadas demonstram que a fase inicial de implementação da gestão da qualidade não é tarefa muito simples, requerendo determinação, tempo para reuniões, para discussões, para o estudo e para a descrição dos processos de trabalho, para a mudança de cultura e de recursos financeiros. É importante ao tomar a decisão de implantar a gestão da qualidade, que a organização esteja consciente de tais dificuldades, certa, no entanto, dos benefícios futuros, já que a necessidade de melhor organizar-se para não sucumbir deve levar a instituição a encontrar uma forma de obter meios para implantar uma gestão eficiente. Sem documentação atualizada e registrada, sem balanços assinados, sem poder demonstrar o grau de eficiência e eficácia com que trabalha, não terá grandes possibilidades de conseguir convênios e parcerias. Um passo poderia ser conseguir consultores voluntários para realizar a tarefa inicial e treinar empregados ou alguma empresa que financie este estágio inicial, como foi o caso da Casa Menino Jesus de Praga. Embora haja muitos modelos de gestão e certificações que analisam resultados e não ferramentas, as instituições que têm se preocupado com a qualidade têm escolhido o modelo ISO. Afirmar a razão da escolha seria tema de outro trabalho, neste é apenas constatação. Ressalte-se, no entanto, que a ISO é mundialmente reconhecida e uma de suas exigências – modelagem dos processos de trabalho – é indispensável também ao modelo de excelência e mesmo a uma administração que possa não seguir rigorosamente a nenhum dos modelos, mas que deseje estabelecer um bom padrão de funcionamento. Segundo o IBGE na década de 90 foram criadas 139 mil novas Organizações Não Governamentais, mais que o dobro da década anterior, mas que por falta de gestão profissional poucas foram as que se mantiveram saudáveis ou conseguiram cumprir sua missão. É necessário que as instituições filantrópicas e demais instituições do terceiro setor tenham o mesmo rigor na apresentação de metas, planejamento e racionalidade nos gastos que se cobra de governos e empresas que visam lucro. A única maneira 50 que uma instituição filantrópica tem para se manter é gerir os recursos de forma profissional, não mais de forma amadora, sem prestar contas e sem apresentar retornos para a sociedade. Importante destacar que não só as 04 instituições estudadas, mas muitas outras já certificadas, desejam ter sobre si um olhar externo – dos auditores ou avaliadores – que possa lhes assegurar que estão no caminho certo ou ter indicativos do que fazer para melhorar. Este olhar externo é exigência das normas. Tais instituições querem ter declarado por organizações externas não só que trabalham com eficiência, mas que trabalham com transparência, não sendo assim confundida com tantas outras organizações que se escondem através de sua nomenclatura para ocultar interesses menos nobres. 51 Anexo 01 QUESTINÁRIO - LMC 1. O que levou a Instituição a optar pela certificação ISO e não por outra? O LMC optou pela Certificação ISO por se tratar de um conjunto de Normas técnicas sobre qualidade reconhecida internacionalmente e por almejar o reconhecimento da excelência dos seus serviços. 2. Como foi iniciada a discussão que levou à decisão de adotar o atual modelo de Gestão? O LMC está constituído hierarquicamente através de Assembléia Geral, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal, Presidência e Diretoria, objetivando o crescimento organizacional através de uma gestão participativa e sustentável; a Organização também está constituída no nível estratégico pelos Supervisores que junto com o Presidente compõem a Alta Direção. Através dessa gestão participativa voltada a inovações e modernização, proporciona uma maior flexibilidade, possibilitando resultados de sucesso, tendo como foco o Deficiente Visual e dando ênfase nos valores fundamentais de eficiência e eficácia. Com essa visão foi iniciada a decisão de adotar a atual gestão na Instituição. 3. Quando foram iniciadas as discussões? Em 1999. 4. Quanto tempo levou entre o início das discussões e a certificação? Aproximadamente 2 anos. 5. A Instituição contratou consultoria para implantação? A Empresa de Consultoria ProQuality, especializada em Gestão Empresarial foi contratada para suporte na implantação da Norma ISO. 6. A Instituição contratou consultoria para a manutenção? Não houve necessidade. O Lar das Moças Cegas investiu nos seus próprios colaboradores através de treinamentos específicos. 7. O custo com a certificação significou que percentual com relação às entradas de recursos da Instituição? Apesar do LMC ter contratado uma empresa de consultoria para implantação da Norma ISO e ter escolhido uma das melhores empresas de certificação do país, a ABS Quality Evaluations, e ter investido em seus colaboradores, o custo com a certificação significou 0,02% mediante os recursos obtidos na época. 8. Como foi custeado o projeto? 52 Com recursos próprios. 9. O que mudou após o início do processo com relação à: a) Serviços prestados Com foco na melhoria constante, os serviços prestados pela Instituição tornou-se mais eficaz, conseguindo a alta direção, diagnosticar a necessidade do aumento do quadro dimensionado, contratando mais colaboradores especializados e criando novos setores a exemplo do RI (Relações Institucionais) com o objetivo de promover, criar, manter e melhorar o relacionamento do LMC com outras organizações; da TI (Tecnologia de Informação) que tem por finalidade manter e atualizar a rede e equipamentos de informática, bem como, criar softwares acompanhando o avanço tecnológico e do NOCT ( Núcleo de Orientação e Capacitação para o Trabalho) tendo como meta a inserção do deficiente visual no mercado de trabalho. Antes da certificação eram mais ou menos 50 colaboradores e cerca de 150 atendimentos , hoje o quadro compõe cerca de 100 colaboradores com atendimento a 650 Deficiente Visuais. b) Eficiência e eficácia Juntamente com a certificação veio a redução de custos e tempo dos processos, com excelente resultado final, ou seja, o LMC conseguiu unir a eficácia (fazer bem) com a eficiência (economizando). c) Novos recursos (novas parcerias) A Instituição passou a ser vista como uma entidade administrada como empresa, contando assim, com alianças estratégicas com seus fornecedores, baseada no envolvimento dos mesmos, em projetos realizados pela Instituição, colaborando com doações, patrocínios e divulgações. Além de parcerias de sucesso firmadas; a exemplo da Unimed de Santos, na venda e administração de Plano de Saúde e do Santos Futebol Clube que mantém todo material esportivo do Goalball (equipe paraolímpica do LMC); o resultado desta parceria pode ser conferido em campeonatos regionais e nacionais. d) Motivação interna A partir da certificação houve um comprometimento geral para cumprimento das exigências da Norma, estimulando os colaboradores na busca de superações evidenciando a união e determinação de todos por um objetivo comum. 53 e) Credibilidade na sociedade O LMC tornou-se referência Nacional, conquistando um espaço na história através dos serviços oferecidos à comunidade; atendendo mais de 650 deficientes visuais de ambos os sexos e de todas as idades, incluindo pacientes do Serviço de Baixa Visão e alunos matriculados na Reabilitação, além de disponibilizar à Comunidade sua Biblioteca e Imprensa Braille. Fortalecendo ainda sua credibilidade na sociedade, oferece as empresas da região cursos, palestras e seminários objetivando conscientizar os profissionais quanto aos cuidados e meios utilizados para o convívio com o Deficiente Visual. f) Satisfação dos usuários A satisfação dos usuários vem crescendo constantemente, sendo medida através de pesquisas elaboradas pela área de Gestão da Qualidade, onde os questionamentos advindos das pesquisas são debatidos em reunião da Alta Direção, e transformados em ações administradas em um Banco de Dados. Solicitações dos alunos que outrora era considerada impossível, hoje é uma realidade, a exemplo do Centro Aquático do LMC. 10. Qual o “retrato” da Instituição antes do processo de Gestão? Apesar de uma longa trajetória de sucesso, o LMC era conhecido pela comunidade como um abrigo e internato apenas para moças cegas ou como um ponto de referência entre uma rua famosa e uma das principais avenidas da Baixada Santista, os serviços prestados e a sua importância na sociedade não eram difundidos. 11. Qual o “retrato” atual da Instituição? Atualmente, o LMC por ser a primeira Instituição para Deficientes Visuais do Brasil a receber a certificação ISO 9001:2000, adquiriu uma maior visibilidade no mercado, buscando sempre aprimorar a qualidade dos seus serviços, desenvolvendo novas áreas, novas formas de sustentação financeira adotando procedimentos inovadores e técnicas empresariais, afim de melhorar seu desempenho global, vencendo desafios através das conquistas de prêmios como: • Prêmio E-learning/2006 – Tem como objetivo incentivar as instituições no aperfeiçoamento, desenvolvimento e implantação de programas de aprendizado suportados e/ou mediados pela tecnologia; 54 • • Prêmio Comunidade em ação Voto Popular/2006 - O prêmio é uma iniciativa da CPFL- Companhia Piratininga de Força e Luz e A Tribuna de Santos - Jornal e Editora Ltda. e é destinado a Santos e região, tendo como objetivo valorizar as ações voluntárias de pessoas ou grupo de pessoas que abdicam de seu tempo em benefício de causas sociais. Tem também como meta estimular, através da divulgação desses trabalhos, outros setores da sociedade civil a adotarem o mesmo caminho, despertando na coletividade a importância de ações voluntárias em benefício de todos. O prêmio Comunidade em Ação é uma iniciativa da CPFL- Companhia Piratininga de Força e Luz e A Tribuna de Santos - Jornal e Editora Ltda. e é destinado a Santos e benefício de todos. Prêmio Gestão Banas de Qualidade/2006 - O Prêmio Gestão Banas é um modelo de premiação que segue critérios próprios desenvolvidos sobre os as normas ISO 9001:2000 com o objetivo de medir e avaliar o grau de desenvolvimento e de comprometimento da organização e de seus colaboradores no seu Sistema da Qualidade seja ele baseado sobre apenas uma norma ou em Sistema Integrado de Gestão, abrangendo além da ISO 9000 outras normas nacionais ou internacionais. 12. Quais são as fontes de recursos da Instituição? As fontes de recursos são advindas de administração de Planos de Saúde, sócios especiais, convênios mantidos com as Prefeituras Municipais de Santos, Guarujá, São Vicente e Cubatão, eventos beneficentes, locações de imóveis,sítio e de salões para festa, concessão de Lotérica em parceria com a Caixa Econômica Federal, doações da Comunidade e verbas Estaduais e Federais. 13. Comentários livres. Na cidade de Santos, além do LMC existem mais duas Entidades, sem fins lucrativos, e por sermos congêneres, não competimos, mas ampliamos as bases de atendimento. A Qualidade na Instituição busca equalizar a escassez de recursos aumentando a capacidade de atendimento, melhorando a qualidade de serviços, atraindo e mantendo o trabalho voluntário, buscando introduzir aperfeiçoamentos técnicos e tecnológicos. 55 Anexo 02 - Perfil do LMC PERFIL DA ORGANIZAÇÃO LAR DAS MOÇAS CEGAS INSTITUIÇÃO MANTENEDORA DO CENTRO DE EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO PARA DEFICIENTES VISUAIS Fachada da sede social I. Descrição Básica da Organização. O Lar das Moças Cegas é uma associação civil sem fins lucrativos da área da Assistência Social, com sede e foro na cidade de Santos, Estado de São Paulo, e tem por objetivo educar e reabilitar as pessoas portadoras de deficiência visual, sem distinção da condição social, raça, religião ou sexo. Sabemos que superar limitações e viver de forma mais atuante e produtiva são as expectativas de nossos alunos e familiares, assim, acreditamos que todas as pessoas da sociedade, observadoras e críticas que são dos resultados por nós obtidos, tornam-se a alavanca que faz do nosso trabalho um grande desafio. Tendo como alicerce a crença no potencial de cada ser humano, conquistamos um espaço na história, através dos serviços oferecidos à comunidade. A nossa missão é: “Prestar serviços na área da Educação e Saúde com o compromisso de capacitar social e profissionalmente os nossos Clientes na comunidade em que vivem”. A nossa visão é: “Maximizar os recursos obtidos na comunidade, transformando-os em serviços, trabalhando com determinação, conscientes que somos uma Instituição com infinita capacidade de criar, se as partes envolvidas, em harmonia, cooperarem para a melhoria constante dos serviços oferecidos”. Os valores são: Quanto aos alunos: 56 • • • • Respeito as suas expectativas e necessidades; Ênfase na qualidade de vida; Reabilitação, Educação e Integração à Sociedade; Desenvolvimento de responsabilidade quanto à cidadania e questões ambientais. Quanto à comunidade: • Preservação da imagem da Instituição; • Ser pró-ativa na comunicação com a comunidade tanto interna como externamente; • Melhoria constante dos serviços prestados à comunidade, superando suas expectativas; • Orientação para o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. Quanto aos colaboradores: • Transparência administrativa priorizando o respeito e a ética; • Desenvolvimento; • Trabalho em equipe; • Espírito empreendedor; • Confiança em si, nos outros e na Instituição; • Respeito ao ser humano; • Treinamento e métodos voltados para a qualidade. Quanto à qualidade: • Eficiência, rapidez e confiabilidade nos serviços prestados; • Desenvolvimento dos fornecedores; • Preferência aos efeitos de longo prazo aos de curto prazo; • Fornecimento de serviços com qualidade autêntica, voltada à satisfação das necessidades dos nossos clientes; • Gestão participativa da qualidade. Porte, Instalações e Áreas de Atuação. 2 Fundada em 18 de abril de 1943 com sede na Av. Ana Costa nº 198 em uma área de 1.838 m , a Instituição Lar das Moças Cegas iniciou os seus serviços apenas como um internato para moças cegas, com a finalidade de tratar dos interesses médicos-profiláticos, sócio-educacional e ocupacional das mulheres portadoras de deficiência visual para integrá-la na sociedade como pessoa útil capaz de prover a sua própria subsistência exercendo o seu direito de cidadania. Em 1988 e m virtude da carência de um atendimento especializado na Baixada Santista, o LMC estendeu os seus atendimentos a pessoas do sexo masculino. Tendo iniciado apenas como abrigo e internato para moças cegas, hoje a Organização possui 2 duas Unidades; a sede social interligada a um anexo com 74,12 m , do prédio pertencente à Instituição, localizado na Rua Carvalho de Mendonça nº235/15, e o Centro Aquático “Carlos 2 Inocêncio Gomes”, localizado na Rua Pará nº 47, com 500 m . Recentemente com a finalidade de proporcionar vivência e lazer para os seus alunos e captar recursos, foi adquirido um sítio, localizado em Pedro de Toledo com 2,76 ha com previsão de inauguração para o ano de 2007. Em 30 de novembro de 2001, o LMC recebeu a sua certificação em conformidade com a Norma ISO 9001:2000. Todo o seu Sistema de Qualidade foi auditado e aplicado em 100% de suas atividades. A renovação do certificado ocorreu em 2004 com base nos resultados de uma nova auditoria, que não constatou qualquer irregularidade. Esta é a trajetória do que é hoje uma das mais conceituadas Instituições Filantrópicas Brasileiras, que se tornou uma organização que visa a sua auto sustentabilidade, arrecadando os recursos necessários para a sua manutenção através de administração de Planos de Saúde, sócios especiais, convênios mantidos com as Prefeituras Municipais 57 de Santos, Guarujá, São Vicente e Cubatão, eventos beneficentes, locações de imóveis e de salões para festa, concessão de Lotérica em parceria com a Caixa Econômica Federal, doações da Comunidade e verbas Estaduais e Federais. Tudo isso que vem ocorrendo com o Lar das Moças Cegas é resultado de uma administração dinâmica da sua diretoria que conta com o apoio, dos colaboradores, voluntários, conselheiros e parceiros envolvidos nas suas realizações. Perfil da força de trabalho do LMC Atualmente o quadro dimensionado da Instituição conta com 92 colaboradores em regime jurídico baseado na CLT e sindicalizados pelo SINDBENEFICENTE – Sindicato Intermunicipal dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas no Estado de São Paulo, além de 98 voluntários, 01 estagiário e 07 prestadores de serviços com contratos pré-estabelecidos. No tocante a segurança do trabalho, a Instituição segue determinações Governamentais, e por visar a integridade física de seus colaboradores, elaborou suas próprias diretrizes de segurança e as funções que necessitam de requisitos especiais estão descritas no PPRA da Organização. 58 O perfil da sua força de trabalho está descrito na tabela abaixo: Vínculo de Sexo Quantidade Escolaridade Técnica/Especialização Trabalho Supervisão Formação 06 67% Feminino 100% 3º Grau 33% nível técnico Completo 50% 33% especialização Masculino Coordenação 11 e Equivalentes 82% Feminino 27% 2º grau 27% 3º grau especialização completo 18% Masculino 27% nível técnico 18% incompleto 46% 3º grau completo 40 83% Feminino Operacional I 38% 2º grau 13% nível técnico completo 17% Masculino 20% 05% 3º grau especialização incompleto 57% 3º grau completo 35 57% Feminino 13% nível técnico 31% 1º grau incompleto 43% Masculino 34% 1º grau completo Operacional 03% 2º grau II incompleto 03% 3º grau incompleto 29% 3º grau completo Prestação de 07 serviços 100% Masculino 28% 2º grau 14% nível técnico completo 28% 72% 3º grau especialização completo 77% Feminino Voluntários 98 24% 1º grau completo 23% Masculino 33% 2º grau completo 43% 3º grau completo Estagiários 01 100% Feminino 100 % Superior Incompleto em Psicologia 59 Recursos em Infra - Estrutura (equipamentos, tecnologia e instalações). Com os recursos obtidos ao longo dos anos, o LMC vem investindo em sua infra-estrutura objetivando a melhoria contínua de seus serviços. Tendo iniciado seus atendimentos apenas com consultório oftalmológico contendo Projetor de Perfil, Ceratômetro, Refratômetro, Lenzômetro e Lâmpada de Fenda, sala odontológica e um pequeno número de colaboradores, hoje a organização, investe na qualificação profissional de seus colaboradores, na ampliação de suas instalações, modernização e aquisição de equipamentos e desenvolvimento de softwares específicos para os processos; acompanhando o avanço tecnológico. Como já foi citado, ilustramos a seguir o “Sítio Paraíso”, a mais recente aquisição da Organização. Sítio Paraíso Principais Processos: Com o foco na satisfação de seus clientes a Organização tem como seus principais processos: O Serviço de Baixa Visão e Reabilitação, além dos processos de Aquisição, Nutrição e Transporte. A melhoria contínua desses processos, prevista no Sistema Integrado de Gestão da Qualidade está demonstrada no fluxograma a seguir: 60 Fluxograma do Processo I Fluxograma do Processo II 61 Necessidades e expectativas das partes interessadas: Um dos objetivos do LMC é proporcionar aos alunos ensino de alta qualidade, para exercício pleno da sua cidadania, além de investir na capacitação profissional, a fim de integrá-los no mercado de trabalho formal ou informal.Mantendo uma relação de confiança mútua e de parceria com a comunidade, a organização oferece ainda, serviço oftalmológico especializado para identificação dos portadores de baixa visão da região. A Organização oferece aos colaboradores um ambiente de trabalho seguro e confiante, possibilitando o desenvolvimento e constante crescimento como ser humano. A melhoria constante dos resultados operacionais e a satisfação dos clientes são o compromisso da Instituição. Segue abaixo tabela de alunos inseridos no mercado de trabalho: Ano 1997 1999 2001 2002 2003 2004 2005 Alunos 03 02 02 01 01 02 11 As principais necessidades e expectativas das partes interessadas estão definidas no quadro abaixo: PERSPECTIVA OBJETIVOS ESTRATÉGICOS INDICADOR DE RESULTADOS Atingir a satisfação dos alunos em relação ao Pesquisa de Satisfação dos Alunos atendimento. ALUNOS Aumentar o atendimento na Reabilitação Índice de Atendimento na Reabilitação Aumentar o atendimento no SBV Índice de Atendimento no SBV Atingir a satisfação dos familiares em relação ao Pesquisa COMUNIDADE atendimento. de Manter um alto índice de participação dos Participação familiares na Instituição. Aprimoramento profissional. dos da família na Instituição. Horas homem treinamento. COLABORADORES Atingir a satisfação dos colaboradores através Pesquisa QUALIDADE Satisfação Familiares. de satisfação da melhoria contínua. colaboradores Alcançar a excelência no desempenho de Índice de Qualidade de dos fornecedores. fornecimento. Oferecer cardápio que seja nutritivo e do Ìndice de satisfação dos comensais paladar dos nossos comensais. da Instituição. Monitorar as previsões de comensais. Controle do Processo para que não Atingir a satisfação dos clientes de suprimentos. Ìndice de satisfação dos clientes de sobre ou falte refeição. suprimentos. Relacionamento com fornecedores 62 A entidade conta com uma aliança estratégica com seus fornecedores, objetivando a excelência no fornecimento de produtos e serviços, além de uma parceria de sucesso, baseada no envolvimento dos mesmos, em projetos realizados pela Instituição, colaborando com doações, patrocínios e divulgações. O LMC considera todo fornecedor importante, entre tantos podemos destacar: • • • • Fênix Produtos para Cegos – Formulário contínuo 120 g. para impressora Braille; Gráfica Santista – Confecção de Cadernos para portadores de Baixa Visão; Laramara – Materiais e Brinquedos Pedagógicos para Deficientes Visuais; Prefeitura Municipal de Santos – Doação de produtos alimentícios. No quadro abaixo estão descritos os produtos /serviços utilizados, e a respectiva quantidade de fornecedores. ALIMENTAÇÃO 61 ENFERMARIA 06 LIMPEZA 12 ESCRITÓRIO 31 DESCARTÁVEIS 15 PEDAGOGIA 43 MANUTENÇÃO 13 BAZAR 30 UNIFORME 21 UTENSÍLIOS 20 DOAÇÃO 08 TOTAL 260 Aspectos relevantes 63 Na cidade de Santos, além do LMC existem mais duas Entidades, sem fins lucrativos, e por sermos congêneres, não competimos, mas ampliamos as bases de atendimento. A Qualidade na Instituição busca equalizar a escassez de recursos aumentando a capacidade de atendimento, melhorando a qualidade de serviços, atraindo e mantendo o trabalho voluntário, buscando introduzir aperfeiçoamentos técnicos e tecnológicos. Além da sistematização de procedimentos escritos, a Organização tem buscado aprimorar a qualidade dos serviços prestados, desenvolvendo novos serviços, novas formas de sustentação financeira adotando procedimentos e técnicas empresariais para melhorar seu desempenho global. Anexo 03 – sobre a certificação ISSO do LMC 64 • ISO 9001:2000 NO LMC ISO (International Organization for Standardization) é uma organização nãogovernamental que coordena a elaboração e a divulgação de normas técnicas internacionais, dentre elas as que compõem a série ISSO 9000. É um organismo da ONU - Organização das Nações Unidas, com sede em GenebraSuíça, constituída atualmente por 200 países. A representante brasileira da ISO é a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão responsável pela distribuição de normas no país, sob o título NBR ISO 9000. O grupo de normas ISO 9000 foi revisado em dezembro de 2000, passando da versão ISO 9000:1994 para ISO 9001:2000 que inclui as principais seções: 1.Sistema de 2.Responsabilidade 3.Gestão 4.Realização 5. Medição, análise e melhoria Gestão da de de do Qualidade Gestão Recursos Produto O Lar das Moças Cega foi a primeira Instituição para Deficientes Visuais do Brasil a receber o ISO. Essa conquista é motivo de muito orgulho para a Diretoria, colaboradores, voluntários e alunos. A implantação da ISO gera custos e por isso precisa do envolvimento de todos os indivíduos que integram a Instituição. Foi necessário um ano de trabalho na elaboração dos procedimentos que norteiam a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade, antes que se concretizasse em 30 de novembro de 2001, através da ABS Quality Evaluations, Inc., que é uma empresa credenciada internacionalmente pelo ANSI-RAB (USA), RvA (Holanda) e INMETRO (Brasil). O LMC recebeu sua certificação, de conformidade com a Norma NBR ISO 9001:2000, com escopo "Reabilitação de Deficientes Visuais", tendo todo seu Sistema de Qualidade auditado e aplicado em 100% de suas atividades. A renovação desse certificado veio em 2004, baseada nos resultados de uma nova auditoria que não evidenciou nenhuma irregularidade, assegurando que o Sistema de Gestão da Qualidade permanece eficaz, objetivando a continuidade de inovações e melhorias. Contando atualmente com a colaboração de cerca de 100 funcionários, o Lar das Moças Cegas vem expandindo seus serviços, trabalhando com determinação de uma forma organizada. Esse mérito na qualidade dos serviços prestados torna a Instituição ainda mais comprometida com sua missão de educar e reabilitar o deficiente visual, inclusive capacitando-o para o mercado 65 de trabalho, auxiliando-o a superar limites e a viver de uma forma mais atuante e inclusiva na sociedad Anexo 4 – Direcionadores Estratégicos da AMAS-Sete Pontes 66 ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL AMAS – SETE PONTES DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS POLÍTICA DA QUALIDADE Adotar práticas de gestão que proporcionem a prestação de serviços de qualidade à comunidade. MISSÃO Prestar serviços sócio-educacionais à população desassistida, do distrito de Sete Pontes, em especial a crianças e adolescentes. VISÃO DE FUTURO Ser referência, no Estado do Rio de Janeiro, na qualidade dos serviços prestados e forma de gerir. VALORES amor compartilhamento compromisso comunhão credibilidade eficiência e eficácia ética honestidade inclusão parceria respeito às pessoas e à toda a natureza solidariedade Anexo 05 – Direcionadores Estratégicos da AMAS ASSOCIAÇÃO METODISTA DE AÇÃO SOCIAL 67 AMAS-SETE PONTES FOCOS ESTRATÉGICOS 2007/2008 PERSPECTIVAS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS USUÁRIO • • • • FINANCEIRA • • PROCESSOS INTERNOS APRENDIZADO E CRESCIMENTO Realizar pesquisa de satisfação e opinião junto aos participantes dos projetos e comunidade no entorno Realizar pesquisa de opinião com a igreja em Sete Pontes Realizar parceria com escolas e universidades, para atuação de estagiários e voluntários Aprimorar o projeto educarte em suas práticas pedagógicas Estabelecer parcerias com organizações governamentais ou não governamentais que contribuam para o sustento dos projetos Alcançar novos contribuintes • Implementação de novas práticas de gestão (indicadores de desempenho, descrição de padrões, plano de ação, orçamento anual, reuniões regulares) • Informatização de atas e relatórios • Atualizar e manter atualizada a documentação da instituição • Atualizar o cadastramento da instituição junto ao CMCA e registrar em outros Conselhos • Avaliação de desempenho dos empregados, voluntários e estagiários Participação em cursos e encontros de capacitação na área pedagógica, administrativa e operacional Aproximação do Conselho Diretor dos empregados, voluntários e estagiários Formar grupo de estudos do Conselho Diretor e participantes dos projetos • • • Anexo 06 – Dados da Gestão da Casa do Menino Jesus de Praga 68 PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 01 69 CARACTERÍSTICA: Associação civil, de caráter assistencial filantrópico, de direito privado. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO CONSEQUÊNCIAS DA MOBILIZAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO: APRENDIZADO IMPORTANTE: A ESTRUTURA FÍSICA EM SI NÃO GARANTIA A QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVICOS NA ASSISTÊNCIA, PROTEÇÃO E AMPARO ÀS CRIANCAS. APRENDIZADO FUNDAMENTAL: NECESSIDADE DE DEFINIR A MELHORIA DE GESTAO PARA GARANTIR A MANUTENCAO E PERENIDADE DO ATENDIMENTO A CAUSA ASSUMIDA PELA CASA. 70 AÇÃO: No ano 2002, a Diretoria da CMJP buscou na ONG Parceiros Voluntários, subsídios para alimentar a decisão. Essa ONG fez conexão com o Grupo Gerdau, que indicou a LUCEM – Sistemas Integrados de Gestão para orientar diretamente o planejamento e implementação do SGQ, baseado na NBR ISO 9001:2000. 71 DECISAO ASSUMIDA: AVALIAR MEIO DE QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO PARA ASSEGURAR E SUBSIDIAR AS DIRETORIAS FUTURAS PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 07 72 CONDUÇÃO DA DECISÃO: ü FORMAÇÃO DE GRUPO DE TRABALHO DA DIRETORIA ü CAPACITAÇÃO DA DIRETORIA ü START DO MAPEAMENTO DE PROCESSOS DOS TRABALHOS EM CURSO NA CASA ü SISTEMATIZAÇÃO DE TODOS OS PROCESSOS RESULTADO DA CONDUÇÃO: • FORMALIZAÇÃO DE TODOS OS PROCESSOS DE TRABALHO NO MANUAL DE GESTÃO DA QUALIDADE 73 MISSÃO Prestar serviços de Assistência Social Filantrópica a crianças com lesão cerebral profunda e deficiência motora permanente oriundas de famílias extremamente pobres ou desestruturadas da região metropolitana de Porto Alegre - RS. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 74 VISÃO Ser referência no Rio Grande do Sul no atendimento e amparo especializado a crianças com lesão cerebral profunda e deficiência motora permanente. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 75 VALORES . Respeito e dedicação total às crianças. . Prestação de serviços com ética, responsabilidade e amor ao próximo. . Valorização do ser humano. . Valorização do profissional. . Valorização dos mantenedores. . Busca constante da melhoria da qualidade de vida, com aumento da expectativa de vida. . Transparência administrativa e feedback. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 76 CERTIFICAÇÃO OBTIDA NBR ISO 9001:2000 Data: 16.12.2005 Empresa Certificadora DQS Assistência, proteção e amparo à vida de crianças portadoras de deficiências celebrais graves e deficiência motora permanente. II Manutenção da Certificação: 23.11.2006 PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 77 ORGULHO NOSSO 78 OBJETIVOS DA GESTÃO üAumentar a expectativa de vida em função da qualidade da assistência prestada aos abrigados. (Mensurado por 07 indicadores) üAssegurar a perenidade da Instituição. (Mensurado por 06 indicadores) PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 79 EXEMPLOS DE RESULTADOS OBTIDOS: Implantação do programa informatizado de controle do imobilizado da Instituição, em fase experimental de operação. Atingimento de 100% dos funcionários no Plano de Capacitação envolvendo programas técnicos, operacionais, comportamentais e institucionais. Capacitação de 05 Diretores em Auditoria Interna para o SGQ. Aumento de qualificação dos funcionários na educação formal em 27%, através de parcerias com bolsas de estudo. Evolução muito interbancário. significativa do controle de doações Incremento de 30% de doadores não identificados. Parceiras técnicas: IPA – TECNOPUC – UFRGS – IAHCS PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO pelo sistema 80 RECOMENDAÇÕES PELA NOSSA EXPERIÊNCIA: ü “Saber gerenciar é saber medir” ü Determinação da Direção na opção de uma ferramenta de gestão ü Sensibilizar o quadro interno, valorizando as atribuições individuais e as responsabilidades pelo maior desempenho em equipe ü Designar uma pessoa-chave para conduzir a formalização dos processos PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 81 A CMJP atende crianças que não conseguem caminhar, falar ou se alimentar sozinhas e, precisam da solidariedade para superar os limites impostos por patologias ou pelas seqüelas e danos cerebrais delas resultantes. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 82 EM NOME DESSAS CRIANÇAS AGRADECEMOS ESTA OPORTUNIDADE. PRÊMIO LÍDERES E VENCEDORES 2006 DESTAQUE COMUNITÁRIO 83 Anexo 07 – Questionário Obras Sociais Irmã Dulce 01) O que levou a instituição a optar pela certificação ISO e não por outra? Adotar os requisitos da Norma ISO, com o objetivo de qualificar a prestação dos serviços para a população carente. 02) Como foi iniciada a discussão que levou à decisão de adotar o atual modelo de gestão? No final da década de 80, Irmã Dulce, com a sua saúde bastante debilitada, exprime a vontade de ver a sobrinha Maria Rita Pontes no comando da instituição. Fato este que vem a ser consolidado com a sua morte em 13 de março de 1992. A partir de então, a Instituição partiu para trilhar o caminho da profissionalização, na busca da eficiência, eficácia, visando, sobretudo, a perpetuidade, mas sempre com a preocupação de não perder de vista a filosofia da fundadora, a preservação de seus ideais. A implantação do programa da Qualidade foi somente mais um passo na busca por excelência e profissionalização, proporcionando maior satisfação tanto para os usuários quanto para os patrocinadores das Obras, que podem perceber o resultado dos investimentos. 03) Quando foram iniciadas as discussões? O trabalho rumo à certificação foi iniciado em maio de 2000, ganhando impulso maior em dezembro do mesmo ano. 04) Quanto tempo levou entre o início das discussões e a certificação? O Programa foi implantado no ano de 2000 e a primeira certificação em 2002 05) A instituição contratou consultoria para implantação? Sim. 06) A instituição contratou consultoria para a manutenção? Não 07) O custo com a certificação significou que percentual com relação às entradas de recursos da instituição? 08) Percentual desprezível em relação ás entradas 09) Como foi custeado o projeto? Recurso próprio 10) O que mudou após o início do processo com relação a: Serviços prestados Os pacientes sem condições financeiras para pagar o tratamento têm mais chances de acesso ao atendimento médico qualificado. Eficiência e eficácia O padrão ISO, por sistematizar processos, melhorou o planejamento e a execução dos serviços elevando sua qualidade, apesar da elevada demanda externa; reduziu 84 retrabalho e desperdícios; há um sistema de gestão com indicadores para medir e observar o desempenho da OSID, através das reuniões de análise crítica. Novos recursos (novas parcerias) A Instituição sempre preocupada com a transparência de suas ações e com a melhoria contínua, a partir de 2000, reformulou sua estrutura organizacional e investiu em nas áreas estratégicas de informática, pesquisa, qualidade, comunicação e memória para dar suporte ao aumento crescente de serviços e possibilitar um planejamento seguro com base na autosustentação e na visibilidade de suas ações. Motivação interna Treinamento mais efetivo dos profissionais envolvidos. Considerando que, somos Hospital-Escola e um dos requisitos da ISO é o treinamento, existem os Programas de Treinamento Intensivo, especialmente nas áreas: médica, enfermagem, nutrição, higienização e áreas administrativas. O profissional se sente motivado com o desafio de se superar na execução de suas atividades, dentro de padrões pré-estabelecidos. Avaliações internas são realizadas periodicamente para medir o seu conhecimento. Credibilidade na sociedade Nos últimos anos houve o estreitamento do diálogo com o público, por via de ações de RH, Comunicação, Marketing e Memória, do Programa de Voluntariado e do relacionamento com comunidades do entorno, entidades governamentais e da sociedade civil. Valores como a humanização, incorporados desde os primórdios da instituição, são disseminados através de ações práticas como o trabalho em parceria com a comunidade e a busca de conformidade com a Política Nacional de Humanização (PNH), instituída pelo Ministério da Saúde, nas áreas de infraestrutura, treinamento e desospitalização. Satisfação dos usuários Também no ano de implantação do SGQ, foi iniciada a Pesquisa de Satisfação, uma importante ferramenta para a medição das expectativas, percepções dos clientes e implementação de melhorias, sendo estendida, em 2005, a todos os Núcleos da OSID. A pesquisa dá uma visão sistêmica do atendimento e é apoiada pelo Sistema de Reclamação do Cliente, que colhe queixas dos usuários que são direcionadas para uma melhoria imediata da assistência. A pesquisa vem demonstrando um percentual de satisfação elevado dos usuários que utilizam os serviços. 11) Qual o “retrato” da instituição antes do atual processo de gestão? Ação voluntária e assistencialismo, muito bem conduzido pela fundadora , Irmã Dulce, que sempre dirigiu toda a Obra pessoalmente, até em 1992, ano do seu falecimento. Mas já na década de 80, Irmã Dulce, com sua visão de vanguarda, já demonstrava interesse pela administração profissional, preocupada com o crescimento sustentável. Sentiu necessidade de modernizar sua administração e procurou uma empresa de administração hospitalar para implantar uma nova gestão, pois já estava difícil dar conta de inúmeras tarefas com o crescente aumento funcionários, leitos, crianças, dentre outras atribuições. 12) Qual o “retrato” atual da instituição? O compromisso com a melhoria contínua sempre existiu e se tornou ainda mais forte com a introdução do Sistema de Qualidade baseado na norma NBR-ISO 9000:2000, aplicado às atividades do Centro Cirúrgico e Núcleos de atendimento e apoio envolvidos na realização de cirurgias. De acordo com o Planejamento Estratégico 85 (PE), existe a intenção de que até o final do ano de 2010 todos os núcleos sejam integrados ao SGQ. É notável os benefícios alcançados, principalmente porque foi estabelecida uma Política voltada a conhecer e atender os requisitos do Cliente Usuário, do Cliente Patrocinador, do Profissional, em prol da melhoria contínua e com Responsabilidade Social. A direção demonstra o seu comprometimento com a Política da Qualidade, participando das reuniões mensais de análise crítica com todos os líderes, analisando seus indicadores, a necessidade de recursos, avaliando as melhorias e o atendimento das expectativas dos clientes, que compreendem os requisitos legais, metas quantitativas e qualitativas do patrocinador e do usuário/beneficiário. 13) Quais são as fontes de recursos da instituição? Sistema Único de Saúde, doações e vendas de produtos fabricados pela Instituição. 14) Comentários livres O modelo de gestão veio sendo aprimorado e em 2003 iniciaram-se as reuniões de Avaliação de Desempenho, com foco no cliente e na melhoria contínua. Em 2005 foi elaborado o Planejamento Estratégico das Obras para cinco anos (2006-2010), o qual, conforme previsto, vem sendo executado neste ano de 2006. O Sistema de Gestão da Qualidade e o Planejamento Estratégico (PE) são importantes ferramentas de gestão para implantação das melhorias, um num curto e outro no longo prazo. As ações do Sistema de Gestão da Qualidade e do PE visam o fortalecimento do modelo de gestão da OSID, numa busca constante da eficiência e eficácia, em prol da melhoria contínua, perpetuidade da instituição com responsabilidade social, sem perder de vista a filosofia da fundadora e a preservação de seus ideais. 86 Anexo 08 – artigo OSID Sistema de Gestão da Qualidade na OSID – 6 Anos Fazendo uma trajetória na linha do tempo, pode-se observar no histórico dos últimos anos da OSID, o quanto a instituição vem se preocupando e investindo na melhoria contínua e no fortalecimento da gestão. No ano de 2000 a OSID implantou o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), o qual foi instituído inicialmente no Centro Cirúrgico em seus serviços de apoio, em virtude da necessidade de sistematizar e padronizar os processos, vindo a obter, no ano de 2002, a certificação ISO 9001:2000 e a recertificação no ano de 2005, com validade até 2008. Segundo artigo publicado na Gazeta Mercantil, em 22 de agosto de 2002, a certificação do centro cirúrgico, foi a primeira concedida a uma instituição filantrópica de área de saúde do Norte e Nordeste. A implantação do SGQ também foi uma forma do hospital se preparar para atender às exigências do SUS. Ainda no artigo publicado, a superintendente apontou que “A novidade também é ponto positivo para o SUS, que vem buscando a qualificação dos hospitais para a prestação de um bom serviço à população carente”. A certificação tem validade de três anos e são realizadas auditorias anuais de manutenção. No ano de 2002 o Sistema de Gestão da Qualidade foi ampliado, passando a envolver 35% dos núcleos. Em 2005 passou a abranger 51% dos núcleos. De acordo com o Planejamento Estratégico (PE), existe a intenção de que até o final do ano de 2010 todos os núcleos sejam integrados ao SGQ. Também no ano de implantação do SGQ, foi iniciada a Pesquisa de Satisfação, uma importante ferramenta para a medição das expectativas, percepções dos clientes e implementação de melhorias, sendo estendida, em 2005, a todos os Núcleos da OSID. Durante os últimos anos, as Obras também vem sendo reconhecida com outras certificações e prêmios. Além da ISO 9001:2000, foi laureada também com: “Filantropia 400” (1999 e 2000), “Top Social” (2004 e 2005), “Bem Eficiente” (1996, 1997,2000,2005) e Troféu Betinho”(2005). Entre as diversas certificações na área hospitalar, a OSID possui o Certificado Ouro, concedido pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas após 10 anos de excelência no desempenho do Laboratório Taciano Campos; Prêmio Clarence H. Moore, pela Pan American Health and Education Foundation, Prêmio Sogiba Libian, concedido pela Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia/Seção Bahia – Sogiba, Certificado de Serviço Padrão em Ginecologia e Obstetrícia. Atendendo a uma das iniciativas do objetivo estratégico: Modernizar a Gestão, a Tecnologia e a Informática, em 2006 a OSID se inscreveu no Prêmio Gestão Qualidade Bahia, no seu o primeiro ciclo Rumo à Excelência da gestão O modelo de gestão veio sendo aprimorado e em 2003 iniciaram-se as reuniões de Avaliação de Desempenho, com foco no cliente e na melhoria contínua. Em 2005 foi elaborado o Planejamento Estratégico das Obras para cinco anos (2006-2010), o qual, conforme previsto, vem sendo executado neste ano de 2006. E o Setor de Qualidade está “de mãos dadas” com o Planejamento Estratégico (PE). As ações do Sistema de Gestão da Qualidade e do PE visam o fortalecimento do modelo de gestão da OSID, numa busca constante da eficiência e eficácia, em prol da melhoria contínua, perpetuidade da instituição com responsabilidade social, sem perder de vista a filosofia da fundadora e a preservação de seus ideais. Atendendo a um dos Planos de Ação do PE, neste ano de 2006 as reuniões do Comitê da Qualidade foram fundidas às reuniões de Avaliação da Gestão. São reuniões de análise crítica, onde são examinados o desempenho de cada núcleo, quanto aos indicadores de rotina e as não conformidades do período, situação de ações corretivas e preventivas, assim como reclamação de clientes procedentes da Pesquisa de Satisfação e melhorias aplicadas. Num segundo momento da reunião apresenta-se o desempenho dos Planos de Ação do PE. A direção participa das reuniões, 87 com todos os líderes, e demonstra o seu comprometimento com a Política da Qualidade, analisando os indicadores, a necessidade de recursos, as possibilidades de melhorias e o atendimento das expectativas dos clientes. A OSID vem se preocupando em oferecer serviços de saúde, sobretudo de forma humanizada, dentro de normas e padrões estabelecidos como o ideal no atendimento da saúde do cidadão, com tecnologia semelhante às de organizações privadas. A OSID se preocupa em oferecer a seus clientes algo diferenciado: “um tratamento de amor e solidariedade humana”. É aí que entra o SGQ, num esforço contínuo em garantir que normas e padrões sejam cumpridos, em prol da saúde do paciente, visando também a sistematização e padronização dos processos, redução de (re)trabalho e implementação das melhorias necessárias ao bom desempenho das atividades. É através da melhoria contínua que a OSID vem se tornando cada vez mais uma instituição referencial em saúde. Mas a continuidade desta meta depende do esforço e dedicação de cada profissional e voluntário na realização de suas atividades. Este esforço se reverte em benefícios não somente para o paciente (o principal motivo de existência das OSID), mas na imagem das Obras perante a sociedade e na imagem do colaborador que aqui exerce suas funções, e até mesmo repercutindo na bagagem profissional que ele pode levar consigo, caso não venha mais fazer parte deste “time”, que é a OSID, pois as portas se abrem cada vez mais quando se trabalha na nossa instituição, que tem um papel diferenciado no mercado em que atua. Este papel diferenciado é construído por todas as pessoas em cada atividade que executa, nos diversos níveis hierárquicos. É o esforço contínuo de todos no momento presente, fortalecendo a construção de uma história, que começou há mais de 46 anos, com uma personagem tão forte e tão humana como foi Irmã Dulce e que hoje não pode parar, já que os principais clientes das Obras são pessoas carentes, de baixo poder aquisitivo, os quais compõem a maior parte da população e este é maior motivo da perpetuidade da filosofia da Instituição. É neste sentido que o Setor de Qualidade parabeniza a todos os profissionais, por todos os esforços que já foram depositados para a melhoria contínua dos serviços que são oferecidos pela OSID e que continuam nesta busca incessante, em especial aos núcleos que compõem o escopo do SGQ e que estão constantemente empenhando-se na execução das Instruções de Trabalho (IT’s) e Procedimentos da Qualidade (PQ’s). E também aos auditores internos, que verificam o andamento dos processos destas instruções, sinalizam as não conformidades e acompanham a adoção de medidas preventivas e corretivas. O compromisso com a melhoria contínua sempre deve ser um ponto forte em todas as ações, não somente no que se refere aos núcleos participantes do SGQ, mas em todas as atividades da OSID. 88 Anexo 09 – Parte do Balanço Social 2006 da OSID (Internet) A consolidação do Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão permitiu que a OSID iniciasse 2006 ajustando suas metas. O ano foi marcado pelo estreitamento das relações com a área governamental, orientado pela necessidade de ampliar a articulação interinstitucional. O trabalho foi especialmente direcionado para o fortalecimento das parcerias com os governos Federal e Estadual, e prefeitura de Salvador. O relacionamento com a União, com o apoio dos governos estadual e municipal, tornou possível o reajuste do Contrato de Metas firmado em 2004 e que ainda não havia sido corrigido, e a liberação de recursos do BNDES para reforma e aparelhamento do Centro Educacional Santo Antônio (CESA), Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD) e Centrinho. A experiência adquirida em 2005 na administração de dois centros de saúde do município permitiu que a OSID assumisse 07 equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e fosse escolhida para implantar e gerir o Serviço Residências Terapêuticas, com a administração de seis unidades. Em junho, a instituição passou também a administrar o Hospital do Oeste (HO), construído pelo Governo do Estado no município de Barreiras. O alcance dos serviços em 2006 foi ampliado em paralelo aos investimentos na qualificação da gestão. O trabalho foi reconhecido por prêmios como o Bem Eficiente, que destaca as entidades beneficentes mais bem administradas do país, outorgado pela quarta vez a OSID, o Prêmio Desempenho 2006, promovido pelo Instituto Miguel Calmon (IMIC) que elegeu o Hospital Santo Antônio como a melhor entidade da área médica hospitalar da Bahia, e o Prêmio Gestão Qualidade Bahia (PGQB) da Associação Baiana para Gestão Competitiva (ABGC), que pela primeira vez foi concedido tanto a uma ONG como a uma instituição de saúde. A área educacional ampliou a oferta de cursos profissionalizantes e qualificou sua estrutura pedagógica com a inauguração de uma cinemateca. Ampliou também seu núcleo de sustentabilidade com a reforma e aquisição de equipamentos para a unidade industrial de panificação, possibilitando o crescimento da produção dos itens Dulce Natura. As perspectivas para 2007 incluem a ampliação dos serviços oferecidos à população com a implantação de Unidades de Oncologia, Hemodiálise e Transplante Renal e a realização de cirurgias para colocação de implante coclear. Ciro para mensurar 89 Anexo 10 – Gestão da OSID (Internet) Gestão A herança de humanização e qualidade, legada pela espiritualidade de Irmã Dulce, se soma na OSID à filosofia da melhoria contínua de procedimentos. Com a gestão reconhecida por prêmios e certificações, a instituição é auditada anualmente pela Ernst & Young e mantém uma rotina de feedback aos parceiros. O crescimento e a manutenção da qualidade dos serviços, mesmo enfrentando o aumento crescente da demanda, se devem a um modelo próprio de gestão que alia os preceitos de Irmã Dulce ao investimento em profissionalização e planejamento estratégico. A lógica da aplicação de recursos difere da empresarial por priorizar as necessidades dos beneficiários e praticar a racionalização das despesas visando a aplicação no social. A dificuldade de equacionar receita e despesa em uma instituição 100% SUS nunca deixou que a OSID se desviasse de sua missão. 90 Anexo 11 - Direcionadores Estratégicos – OSID (Internet) Missão, Visão e Valores Missão Amar e Servir aos mais pobres, oferecendo atendimento gratuito na saúde, educação e assistência social. Visão - 2010 Organização filantrópica economicamente estável, referência nacional da rede SUS na área de saúde, ensino e pesquisa, com excelência em educação e assistência social na Bahia. Os 10 Valores • • • • • • • • • • Fidelidade ao legado de Irmã Dulce Espiritualidade e solidariedade Promoção da cidadania Humanização e qualidade dos serviços Busca pela excelência em tecnologia, ensino e gestão Profissionalização, aprendizagem e inovação contínuas Ética e transparência nas relações Respeito às diversidades Coerência entre discurso e prática Compromisso com as nossas escolhas 91 Anexo 12 – Exemplo de descrição de atividades (inclusive fluxograma) , neste caso chamado de Padrão Operacional (trabalho desenvolvido nas aulas do Professor Alexandre) Código PO.08.003.06 Revisão 3 Página 91/5 Título Elaborador: PalavrasChave: CONTROLE DE PRODUTOS NÃO-CONFORMES Secretaria Aprovador: RD Data 7/2/2008 Produto não-conforme 1. OBJETIVO Estabelecer os critérios e os procedimentos para o controle de produtos nãoconformes. 2. ABRANGÊNCIA Programas de Pós-Graduação do Instituto A Vez do Mestre da Universidade Cândido Mendes. 3. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA NBR ISO 9001:2000 NBR ISO 9000:2005 MANUAL DA QUALIDADE PORTARIAS DO MEC PO 08.005 – Melhorias, Ação Corretiva e Ação Preventiva 4. DEFINIÇÕES E SIGLAS Não-conformidade (NC): Não-atendimento a um requisito (necessidade ou expectativa implícita ou obrigatória). 92 Processo de trabalho-problema : Processo de trabalho no qual existem situações ou atividades diferentes das condições desejadas e possíveis. Produto: Resultado de um processo de trabalho (p.ex.: serviços, informações, materiais e equipamentos). Produto não-conforme: O resultado de processo de trabalho que não atender aos requisitos do produto que foram especificados nos padrões estabelecidos. RNC: Documento utilizado para registro de não conformidade 5. RESPONSABILIDADES FUNÇÃO RESPONSABILIDADE Autoridade final para o tratamento de produto não-conforme, podendo delegar RD Verificar o alinhamento, em âmbito institucional, de soluções às nãoCoordenadores de conformidades; cursos Avaliar a não-conformidade; Verificar a eficácia das ações implementadas; Professores Secretária do campus Agentes de serviços gerais Promover a correção do problema; Implementar as ações corretivas conformidades; Implementar as ações preventivas. Qualquer empregado ou prestador de serviços Identificar não-conformidades e processos de trabalho-problema, propondo abertura de RNC à chefia imediata; Investigar, quando determinado, possíveis causas de nãoconformidades; Solucionar, no seu nível de competência, não-conformidades. propostas para 6. PROCEDIMENTOS 6.1 – Identificação de produtos não-conformes: Os funcionários do IVM têm a responsabilidade de identificar e informar aos seus superiores a ocorrência de não-conformidades ou de processos de trabalho-problema, de acordo com o nível de informação técnica de suas respectivas funções. as não- 93 6.1.1 Identificada a ocorrência de produtos não-conformes, deverá haver o seguinte tratamento: • Caso o produto não-conforme não tenha sido entregue, analisar os efeitos reais e potenciais, definindo as ações apropriadas para eliminação da não-conformidade, impedindo ou autorizando o prosseguimento do trâmite, quando aplicável, até a eliminação da nãoconformidade; • Caso o produto já tenha sido entregue, analisar os efeitos reais e potenciais do Produto não-conforme, contactando o usuário, quando for o caso, a fim de eliminar a não-conformidade ou acordar com o mesmo a substituição do produto ou outra forma de compensação. É responsabilidade do gestor da unidade administrativa diretamente envolvida com a causa de não-conformidade implementar as pertinentes correções, quando e onde aplicável, bem como acompanhar e implementar ações corretivas e preventivas. 6.1.2 Monitoramento de produtos não-conformes: Cada unidade deve monitorar os seus produtos não-conformes mediante meios adequados até a sua eliminação ou correção. Cabe ao gestor da unidade decidir quanto ao tratamento das causas da não-conformidade, mediante ação gerencial simples ou abertura de RNC, sendo, entretanto, obrigatória a eliminação ou a correção do produto nãoconforme, conforme o caso específico. O gestor deverá sempre analisar a causa que levou à nãoconformidade, a fim de evitar que se repita no mesmo ou em outros processos de trabalho. No caso de correção, o produto é reverificado. 6.2 Documentação Encontrados produtos não-conformes, os registros para tratamento deverão ser efetuados na forma do PO.08.005. 94 São documentadas: • Não-conformidades registradas em relatórios de auditorias; • Não-conformidades, ou situações indesejáveis decorrentes da rotina de trabalho que, mediante análise crítica do gestor responsável pelo respectivo processo de trabalho, devam ser tratadas de forma estruturada, em face de sua importância ou de implicar prejuízos reais ou potenciais ao usuário. • Reclamações de usuários, desde que satisfatoriamente registradas e identificadas recebem tratamento similar ao atribuído a nãoconformidades de auditoria, caso sejam consideradas pertinentes. Os gestores podem agrupar ocorrências de não-conformidades ou produtos não-conformes da mesma natureza em um único RNC, em face da análise de resultados da gestão das não-conformidades observadas, com o fim de racionalizar as ações. 7- REGISTROS Os registros desse processo de trabalho são mantidos da seguinte forma: RESPONIDENTIFICAÇÃO SÁVEL ACESSO RECUPERAÇÃO Quadro de Controle de Produtos NãoConformes (FRM) Irrestrito Assunto Emitente PROTEÇÃ O Backup PRAZO DE DESTINAÇÃO GUARDA 1 ano Eliminação 95 8 – ANEXOS ANEXO A – Fluxograma para tratamento de produto não-conforme. Início Perceber PN-C A Identificar PN-C Impedir uso / entrega não intencional do PN-C N PN-C entregue ou em uso ? Eliminar NC ? S Eliminar N-C do produto (retrabalho ou reclassificação) Refugar, obter ou dar concessão; obter ou dar permissão de desvio Reverificar o Produto corrigido S Analisar efeitos reais e potenciais do PN-C Produto conforme? Definir ações apropriadas Liberar produto S Atualizar RNC Registrar NC do Produto [PO.08.005] N Fim N A 96 BIBLIOGRAFIA CAMPOS, Vicente Falconi. Controle da Qualidade Total – No estilo Japonês. Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1992 CAVALCANTI, Marly (ORG). Gestão Social: Estratégias e Parcerias Redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o terceiro setor. Editora Saraiva, 2006 Critérios de Excelência 2007 – Fundação Nacional da Qualidade HUNGER, J.David et al, Gestão Estratégica -Princípios e Práticas, Reichmann & Afonso Editores, 2002. LOROSA, Marco Antonio; AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma Monografia Passo a passo: siga o mapa da mina. Universidade Candido Mendes. Pós-Graduação “lato sensu”. Instituto a Vez do Mestre, 2006. MARANHÃO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa Bastos. O processo nosso de cada dia – modelagem de processo de trabalho. Rio de Janeiro, Qualitymark Editora Ltda, 2004. MARSHALL-JUNIOR, Isnard et al. Gestão da Qualidade. Editora FGV, 2004 NBR ISO 9001-2000, Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos, 2000. NBR ISO 9000-2000, Sistema de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulários, 2000. OLIVEIRA, Marcos Alberto de. Em busca da excelência empresarial. DVS Editoria Ltda, 2004. 97 PINTO, Luiz Fernando da Silva, Gestão Cidadã – Ações e Estratégias para a participação social no Brasil. FGV, 2003 ROCHA, Rogério et al, Tendências do Terceiro Setor no Período Recente – Um olhar sobre a relação privado – pública. (www.maternatura.org.br/servicos/biblioteca/023.PDF) SPOSATI, Aldaíza de Oliveira et al. A assistência na trajetória das políticas sociais brasileiras: uma questão em análise. São Paulo: Cortez, 1985. 112 p. Revista BANAS QUALIDADE – setembro e novembro de 2006 98 ATIVIDADES CULTURAIS 99 ÍNDICE Folha de Rosto Objetivo Agradecimentos Dedicatória Resumo Metodologia Sumário Introdução Capítulo I – Trajetória da Filantropia Capítulo II – Considerações acerca da certificação 2.1. Motivação dos colaboradores Capítulo III – Gestão da Qualidade 3.1. Conceitos básicos de Qualidade 3.2. Vantagens de se adotar um Sistema de Gestão 3.3. Princípios da Norma NBR ISO 9000 – Aplicabilidade no âmbito filantrópico Capítulo IV – Planejamento Estratégico 4.1. Ciclo PDCA e a Melhoria Contínua 4.1.1. Fases do ciclo PDCA Capítulo V – Outros elementos e conceitos fundamentais à Gestão da Qualidade 5.1. Mapeamento de Processos e Padronização 5.2.Definição das Unidades Organizacionais e Organograma 5.3. Gestão de Pessoas e Treinamento 5.4. Eficiência, Eficácia e Efetividade 5.5. Reunião de Análise Crítica 5.6. Ação corretiva, ação preventiva e oportunidade de melhorias 5.7. Auditoria e Avaliação 5.8. Registros e Documentos 5.9. Comunicação: interna e externa 5.10.Fluxograma 5.11.Pesquisa de satisfação Conclusão Anexos Bibliografia Atividades Culturais Índice Folha de Avaliação 01 02 03 04 05 06 09 10 11 20 22 26 26 27 28 33 39 40 43 43 44 44 45 46 46 47 47 48 48 48 49 51 96 98 99 100 100 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÃNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Título da Monografia: APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS Autor: Angela Rangel de Souza Machado Data da entrega: 15 de agosto de 2007 Avaliado por: Conceito: