UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Faculdade de Educação de Crateús Wendson Martins Borges A EDUCAÇÃO COMO PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DAS DROGAS: O ESTUDO DE CASO DO PROERD Crateús-Ceará 2009 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Faculdade de Educação de Crateús Wendson Martins Borges A EDUCAÇÃO COMO PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DAS DROGAS: O ESTUDO DE CASO DO PROERD Monografia apresentada ao Curso Pedagogia (Licenciatura Plena), da Faculdade de Educação de Crateús, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciado em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Elda Maria Freire Maciel Crateús-Ceará 2009 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE CRATEÚS – FAEC CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA Título do Trabalho: A Educação como Prevenção ao uso indevido das Drogas: o estudo de caso do PROERD. Autor: Wendson Martins Borges Defesa em:____/____/____ Conceito Obtido:_____________________ Banca Examinadora ________________________________ Elda Maciel Freire Maciel,Profª. Drª Orientadora _______________________________ Maria Edleuda F. Rodrigues, Profª. Ms. ________________________________ Luiz Carlos Leite de Melo, Profº. Ms. Dedico este trabalho, realizado com muito suor e sacrifício, em especial, à minha mãe, Ana Fátima que, além de ter me criado e educado com todo o amor do mundo, deu-me forças para concretizar grande parte de meus sonhos; Dedico ao meu filho Wedson, semente que nasceu do amor com a Amanda, tornando-se a maior fonte de energia que tenho; Dedico à Amanda, minha esposa, que sempre esteve ao meu lado nos momentos difíceis, dando-me força e motivação para superar as adversidades; Dedico ao meu pai (in memoriam), que mesmo não tendo a oportunidade de tê-lo conhecido melhor, sei que estaria orgulho de mim. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe, Ana Fátima, por todo o amor que ela me deu, onde fez o papel de pai e mãe, promovendo e facilitando a formação do meu caráter dentre outras coisas; Agradeço a minha esposa Amanda e ao meu filho Wedson, que estiveram comigo nos momentos difíceis, apoiando-me com amor, paciência e compreensão; Agradeço a quem a maioria da sociedade denomina de Deus, por achar que existe algo poderoso e inexplicável. Esse poderoso Ser se fez presente e me auxiliou, também, na conclusão deste trabalho; Faço um agradecimento à minha turma, em especial a “ala direita” (Aparecida, Ana Paula, Sandra), ao “setor intermediário” (Luciana e Sílvia) e ao “fundão” (Ana Kelly, Di Maria, Junior e Reinaldo), que sempre me ajudaram; Agradeço à minha orientadora Elda Maciel, que teve paciência para mostrar-me os melhores caminhos para realizar esta tarefa; Agradeço, enfim, a todos os professores que se dispuseram em dar conhecimento, trabalhando as nossas mentes com conhecimentos essenciais para nossas vidas. “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”. Albert Einstein LISTA DE SIGLAS AA: Alcoólicos Anônimos. CCDS: Conselho Comunitário de Defesa Social. EAA: Esteróides Androgênicos Anabolizantes. ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente. LSD: Dietilamida do Ácido Lisérgico. PM: Policia Militar. PROERD: Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. OMS: Organização Mundial da Saúde. SISNAD: Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. SENAD: Sistema Nacional Anti-Drogas. SOAPOL: Associação dos Amigos da Polícia Militar do Ceará. RESUMO A realização deste trabalho é resultante de uma preocupação constante, diante do grande desafio que os educadores têm encontrado em relação à disseminação das drogas na escola. Considerando essa investigação pertinente, tomamos como percursos metodológicos, a pesquisa bibliográfica, reconhecendo a mesma como um caminho de aproximação teórica como objetivo investigado, permitindo-nos assim adentrarmos nas peculiaridades de nossa análise. Em um segundo momento, recorremos à pesquisa empírica como forma de observamos de perto os sujeitos a serem estudados, as entidades e/ou projetos envolvidos com a temática, bem como a análise dos resultados dos questionários sobre o programa PROERD. Procuramos mostrar o percurso das drogas na história, onde trabalhamos o contexto panorâmico desse problema em nossa realidade, trazendo algumas formas de prevenção e colocando em evidencia as principais instituições que lidam com a problemática da droga. O trabalho tem como objetivo, compreender o papel da escola no combate e na prevenção às drogas, todavia, o mesmo pretende enfatizar o grau de responsabilidade da escola e de seus seguimentos de como trabalhar a questão das drogas dentro e fora de seus muros. Pelas conseqüências do uso indevido de drogas por adolescentes, alvo fácil para sua proliferação, é que procuramos esclarecer o assunto, mostrando a escola como fonte elevada para o esclarecimento e compreensão desse fato, podendo contribuir para a mudança de atitudes em nossa sociedade. Diante dessa perspectiva a pretensão de nossa pesquisa é expôr uma contribuição significativa de uma interpretação acerca da prática educativa e do papel da família, da escola e da sociedade diante dos obstáculos a serem vencidos nessa caminhada no mundo dos entorpecentes. Palavras Chaves: 1- Prevenção 2- Drogas 3- PROERD. SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10 Estratégias Metodológicas...................................................................................... 12 1. HISTORIA SOCIAL DA DROGA....................................................................... 15 1.1. Um panorama das drogas no Brasil................................................................. 19 1.2. O que leva o jovem a usar drogas.................................................................... 24 1.3. Orientação à prevenção ao uso de drogas........................................................ 30 1.3.1. Níveis de prevenção................................................................................. 31 2. O PAPEL DAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES NA PROBLEMATICA DAS DROGAS...................................................................................................... 34 2.1. A escola como fator preponderante na luta contra às drogas........................... 34 2.2. A função do educador na propagação das drogas............................................ 38 2.3. Policia Comunitária, uma aproximação necessária......................................... 40 2.4. Os desafios da família na complexidade das drogas....................................... 45 3. CONHECENDO O PROERD............................................................................. 50 3.1. Os instrutores PROERD.................................................................................. 54 3.2. Apresentação e análise dos dados em relação ao PROERD em Crateús........ 57 3.2.1. A percepção dos policiais instrutores acerca das drogas e do PROERD em Crateús........................................................................................................ 58 3.2.2. A visão da população sobre o PROERD................................................ 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 71 ANEXOS.................................................................................................................... 73 INTRODUÇÃO O assunto “drogas” que até pouco tempo atrás era tratado tão somente como um caso de tráfico, um capítulo da criminalidade. Hoje, entretanto, envolve um número cada vez maior de jovens que procuram respostas para as incertezas e frustrações, tornando-se um escape à realidade. Para outros, é símbolo de rebeldia, de protesto. Outras vezes, é um caminho para a recreação e a curiosidade. Há pouco tempo atrás, os padrões eram relativamente constantes e previsíveis, ou seja, as drogas “ilegais” se limitavam a determinadas minorias raciais, étnicas e filosóficas. Com freqüência, estas minorias estavam submersas nas periferias urbanas. A maioria da classe média e alta se confinava a drogas tradicionais “legais”, tais como cigarro, álcool e certos fármacos receitados. Nos dias atuais, em muitos casos, o homem encontra-se rendido ao uso indevido de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, usando uma grande variedade delas, em um consumo em ascendência constante, proporcionando um problema mundial, que afeta todas as classes sociais. O tráfico e o uso indevido de substâncias entorpecentes representam um grave problema no mundo, em especial em nosso país, onde em alguns Estados da Federação é mais peculiar como no Rio de Janeiro, que aparenta encontrar-se em plena guerra civil. E, embora cada país adote uma Legislação interna específica para combater esse problema, o assunto é por demais complexo e suas responsabilidades se manifestam em vários seguimentos: jurídico, social, psicológico, familiar e educacional. É de extrema necessidade que se monte uma nova estratégia educacional para superar a crise, ou pelo menos preveni-la. Mesmo sabendo da enorme evolução positiva que se teve nos últimos anos, em especial com a criação do Sistema Nacional Anti-Drogas - SENAD, que passou a se chamar de Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD. Tal órgão trabalha os três âmbitos do uso indevido de droga: Prevenção (que se mostrou a melhor e mais barata opção), Repressão (que é mais direcionada ao tráfico) e Tratamento (é quando o usuário se tornou um viciado). A prevenção em todos os níveis vem como alternativa, demonstrando ser a chave para amenizar os conflitos gerados pela droga. Nesse sentido ela se coloca como uma questão de educação, pois a mesma está presente em diversos espaços sociais. Na escola, principal espaço de conhecimento, que tem dentre outras atribuições a de motivar os jovens a resistirem aos fatores internos e externos que encaminham a esse vicio; a polícia, que encontra-se mais próxima da comunidade; a família, que está presente em todos os momentos de nossas vidas e é o alicerce para sustentar toda a carga de problemas que adquirimos. Este trabalho alcança todos os setores sociais, em especial o da área educacional, através do entrosamento dos docentes e discentes, como da própria família. Outra atitude extremamente positiva está contida nos programas que trabalham as peculiaridades das drogas, obtendo lugar de destaque o PROERD Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, que tem como parceiros: a Escola, a Família e a Polícia, proporcionando às crianças, em especial às mais humildes e que freqüentam as escolas públicas, um conhecimento totalmente didático em relação à problemática das drogas. Assim, fica evidente que a solução encontrada para controlar o tráfico e o abuso de drogas é reduzir a demanda. Portanto, a melhor opção é a prevenção e a educação que devem ser os pilares neste trabalho. Estratégias Metodológicas O presente estudo verificou a importância da educação na prevenção do consumo indevido das drogas, tendo como principal foco o PROERD, tanto no âmbito nacional, como nas escolas públicas de Crateús, objetivando analisar desde sua implantação à efetivação, assim como detectar a natureza da abordagem pedagógica contida no referido estudo. Adotamos como estratégia metodológica a pesquisa de campo de caráter qualitativo por acreditarmos na importância de se conhecer a complexidade existente na realidade não revelada pelos números e, ao mesmo tempo, utilizamos aspectos quantitativos pela possibilidade reflexiva que os mesmos nos oferecem para analisar determinadas circunstâncias. Assim, inicialmente, fizemos uma pesquisa bibliográfica, por considerarmos de fundamental importância para nosso estudo, auxiliando na identificação das categorias analíticas, servindo de base e suporte para a construção de questionamentos acerca do objeto, buscando analisar alguns autores e suas teorias no sentido de analisá-las interligando-as entre si para uma reflexão e entendimento coerente. A busca bibliográfica sobre prevenção de drogas nos bancos de dados atuais mostrou que, apesar de se levantar uma quantidade significativa de artigos, somente uma parcela reduzida diz respeito ao estudo de projetos de prevenção propriamente dito, sendo a maior parte das publicações relacionadas com a repressão ao tráfico e o uso de drogas ilegais, e ao tratamento de dependentes químicos. O presente trabalho faz uma explanação sobre as significantes teorias de diversos autores como: Bucher, R.(1992), Siedl (1999), que colocam a prevenção como a melhor arma contra as drogas; Vieira e Albuquerque (2001), fazendo um panorama sobre as drogas na escola; Freire (1999), colocando a escola como local de conscientização e aprendizagem; Buchele e Cruz (2008) et al “Prevenção ao uso indevido de drogas: Curso de Capacitação para Conselheiros Municipais”, e outros autores que se dedicaram ao estudo do tema em questão. Além do conhecimento jurídico sobre medidas de prevenção ao uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica. Fizemos, ademais, uma análise documental procurando verificar o contexto histórico e social do momento em que tais textos foram produzidos. Além disso, coletamos dados em jornais, revistas e na internet, no intuito de complementar nosso campo analítico de estudos e reflexões sobre nosso objeto de estudo. No segundo momento, fizemos a pesquisa de campo para investigar como o PROERD tem colaborado na prevenção ao uso de drogas e contenção da violência. Utilizamos uma amostra populacional de três escolas públicas, com uso de questionário e entrevista semi- estruturada, com alunos, professores, pais, instrutor e coordenador do PROERD. Destacamos que os questionários foram preenchidos pelos próprios informantes. Quanto às informações oriundas dos questionários aplicados, as respostas computadas foram distribuídas em percentuais. No tratamento dos dados, as diferenças de gênero e idade não foram destacadas e sim a origem escolar, cuja variável encontra-se relacionada à variação do perfil socioeconômico das unidades de ensino destinatária. Para formar uma opinião sólida e dinâmica do programa foram feitos observações em sala de aula, onde se pode constatar a interação dos alunos, como também a metodologia e didática utilizada pelo instrutor, além da reação do corpo docente das escolas. Considerando-se que o processo de análise é resultante da articulação dos dados categorizados com a produção acadêmica do campo, a presença e constatação da realidade é extremamente necessária. Em seguida, foi feita uma pesquisa etnográfica, por estarmos trabalhando no campo das ciências humanas, analisando o processo de obtenção sobre noções de cidadania pelos vários grupos atendidos pelo PROERD. Para a coleta e análise dos dados, num terceiro momento, tomamos como principal método, a escolha e seleção de documentos, onde pretendemos fazer uma análise, utilizando tabelas e gráficos para o desenvolvimento de estatísticas, com índices referentes ao uso de drogas por adolescentes, antes e depois da implantação do programa, averiguando através de uma observação junto às turmas, a participação dos pais e da escola junto ao PROERD. Em nosso trabalho, temos como estrutura dos eixos analíticos a busca pela identificação sobre a prevenção ao uso indevido de drogas e os limites que o PROERD vem alcançando nas escolas públicas, assim, como, em seus respectivos bairros, lembrando que o projeto é uma parceria da Polícia Militar, cujo intuito é a contribuição social para com a sociedade, onde analisamos a natureza pedagógica contida no referido objeto, a importância da qualificação do instrutor, uma vez que, o mesmo desenvolve uma função de grande importância junto a essas crianças, buscando compreender qual o olhar da sociedade em relação ao PROERD, sobretudo, no que se refere à sua atuação nas comunidades. Não pretendemos esgotar todos os questionamentos existenciais do tema em questão, esperando que outros estudos dêem continuidade e construam reflexões para que possam ser colocadas em prática, pois existe uma carência evidente em nossa cidade com relação ao assunto, além de não existir outro programa que trabalhe a prevenção das drogas, como também não se obtém um número razoável de trabalhos escritos. 1. HISTÓRIA SOCIAL DAS DROGAS Ao percorremos a história da civilização, encontramos a presença de drogas desde os primórdios da humanidade, inseridas nos mais diversos contextos: social, econômico, medicinal, religioso, cultural, psicológico, estético, climatológico e mesmo militar. É evidente que para encontrarmos explicações para o uso das drogas nas escolas, especificamente, temos que fazer um breve histórico de como a sociedade considera a droga. A longa trajetória das substâncias psicotrópicas vem de milênios atrás. Não sabemos exatamente por que a humanidade se droga, mas sabemos que muitos são os motivos que levam o homem a experimentá-la, em algum momento de sua vida. Moura, apud Morais (2001, pp. 24-25) descreve a droga da seguinte forma: Tóxicos. Um dos muitos caminhos para a autodestruição humana. Jamais prevista por qualquer profeta. Nunca imaginado pelo primeiro homem que após mascar a folha de certa planta, comunicou ao seu companheiro o prazer que, ela lhe dera. Um caminho para o auto-extermínio ignorado pelo cientista que poderia aliviar ou sonar este ou aquele mal. Tais descobertas, a do homem que adentrava a mata, e a que resultou da pesquisa do cientista, tornaram-se um meio para o encontro com os deuses. E depois, para um longo, desgraçado concubinato com o demônio. A partir de uma revisão histórica da civilização humana, pode-se observar que a droga se faz presente no cotidiano do homem desde as primeiras notícias de sua existência. Tanto nas civilizações antigas quanto nas indígenas, as plantas psicoativas como o ópio, a coca e a maconha eram bastante utilizadas e estavam ligadas a rituais religiosos, culturais e sociais, entre outros. Buscava-se através da magia e da religião a cura de doenças, o afastamento do mau espírito, obter sucesso nas conquistas e atenuar a fome e o rigor do clima de determinadas regiões. Pesquisas arqueológicas concluíram que determinadas pinturas deixadas pelos homens da Idade da Pedra foram criadas sob o efeito de transes que incluíam o consumo de plantas psicoativas. O ópio era considerado como meto lógico dos antigos gregos e revestido de um significado divino. Seus efeitos eram vistos como uma dádiva dos deuses destinada a acalmar os enfermos ou aquele que de algum mal padeciam. Nos tempos bíblicos, o vinho estava presente, e o homem já se deparava com a questão de como desfrutar dos prazeres das drogas, sem, no entanto, tornar-se dependente delas. Na Europa século XIX, observou-se o abuso do ópio sob a forma medicinal. Com o advento da ciência e sua crescente modernidade, as drogas que a princípio se apresentavam na forma de produto advindo da natureza, quando levadas para o laboratório foram transformadas e passaram a produzir outros tipos artificialmente, as drogas sintéticas. As anfetaminas, ao serem lançadas em forma de comprimidos, em 1837, ficaram conhecidas como a nova maravilha capaz de revigorar as energias e elevar o estado de humor. Na segunda grande guerra foram largamente utilizadas pela população e pelos soldados para aplacar a fome, a fadiga e o sono. A morfina, principal constituinte do ópio, uma das potentes drogas analgésicas, com a descoberta simultânea da seringa, foi amplamente utilizada, no início, por razões terapêuticas e logo depois por dependência ao produto. Charbonneau apud Morais (2001), em seu livro Drogadicção: Um Mega – Problema atual, considera que a história das drogas foi até a guerra do Vietnã (coisa marginal, do submundo e das franjas periféricas da sociedade). Toda aquela juventude envolvida numa "guerra suja" (assim foi chamado o conflito), posta em selvas desconhecidas e vivendo um inferno cotidiano, só conseguiu manter-se sob efeito constante de drogas. Após a guerra, os sobreviventes declaram precisar seguir com o consumo da droga tornando-se onipotente na família, nas escolas, em seitas religiosas, nos locais de trabalho e de lazer. Nos anos 50, a utilização sintética, com efeito tranqüilizante, acentuou-se muito. Situações que eram consideradas mazelas existenciais começaram progressivamente a serem tratadas com esses calmantes, que ajudam a aliviar as tensões do dia e permitem um sono mais tranqüilo. Segundo Oliveira (1982, pp. 61-62) Escravizando-se ao vício da droga os hippies não conseguiram provar nada. Não deixaram roteiros, nem transmitiram mensagem.(...) Na sua década cresceu rápido o consumo ilegal de drogas, com seu mercado paralelo e um lastro de conseqüências danosas.(...) Os hippies caracterizaram-se como contestadores ferrenho das estruturas sociais, ansiosos de liberdade e de paz espiritual. Conforme a citação acima, o movimento hippie floresceu nos anos 60, século passado, com uma proposta revolucionária, onde a juventude transformou-se em um grupo de contestação radical aos valores incorporados pela sociedade contemporânea e industrial. Através de suas roupas, músicas e drogas, o movimento hippie pregava uma "ideologia libertadora", que buscava “cair fora" do sistema social e cultural convencional do Ocidente. Buscando criar um mundo alternativo e novas formas de pensar, sentir e perceber a realidade, sem muita responsabilidade. Utilizavam-se de drogas psicodélicas, como o LSD e a maconha, que faziam ter experiências míticas que proporcionavam efeitos prazerosos e alteravam o estado de consciência, possibilitando o crescimento vertiginoso do consumo ilegal de drogas. A faixa etária dos usuários de drogas começa a se alargar, o que até os anos 50 era prática do adulto advindo geralmente de colônias asiáticas e intoxicadas por tratamentos terapêuticos fazendo uso pessoal, nos anos 70, amplia-se tanto para os adolescentes quanto para os idosos. Enquanto os jovens recorrem com maior freqüência às drogas ilícitas como a cola de sapateiro, maconha e a cocaína,os idosos fazem uso das drogas lícitas como o tabaco,o álcool, a cafeína e os medicamentos. Assim, Buchele e Cruz, (2008, p. 66) comenta: Ao longo desses últimos 30 anos, os efeitos do álcool e de outras drogas ficaram mais conhecidos. Em conseqüência disso, os problemas foram sendo reconhecidos de maneira mais expressiva. A partir desse processo, um novo contexto surgiu e com ele novas formas de uso e abuso. Nos dias de hoje, o uso de calmamente é prática costumeira em todas as classes sociais, faz parte da cultura da medicação. Atualmente, ainda na tentativa de resolução do paradoxo, a droga se tornou assunto que traz grande polêmica, em todos os setores da sociedade, conseqüentemente, dividindo opiniões. No entanto, há uma tendência a enfatizar os perigos e malefícios que a droga pode fazer, sendo ela associada à marginalidade, à violência, ao crime, à degradação, dando a falsa idéia de que está presente só nas classes inferiores. Sabemos que na realidade, não é bem desta forma. A abrangência do problema do aumento da dependência química vem atingindo níveis assustadores, principalmente no Brasil. Esses índices apontam para diversas causas: a distribuição de renda incompatível e imoral, a crise de valores enfrentada pela sociedade, a desagregação familiar, a falência do sistema escolar e a influência da mídia, são alguns fatores preponderantes. As drogas que diretamente nos interessa por questão funcional, são aquelas que levam a uma dependência seja física ou psíquica, como nos descreve Silva (1986, p. 329): Um estado psíquico e muitas vezes físico, resultante da integração entre o organismo vivo e um medicamento, que se caracteriza por modificações do comportamento ou outras reações, e trazem como resultado uma necessidade de tomar o medicamento de maneira contínua e periódica, a fim de fazer retornar seus efeitos psíquicos e, outras vezes, evitar o mal-estar que traria a privação. Dentro de tal visão, cabe-nos dizer que as drogas como toda e qualquer substância ocasiona algum tipo de transformação no organismo do ser humano, trazendo-lhes não só prejuízos à saúde, mas, também nos fatores emocional, psicológico e comportamental. Por esta mesma razão, é alentador tratar desse cerne de conflitos no que se refere às drogas se não nos conscientizarmos de que qualquer que seja o grau a que se chegue esta superação só será possível se analisarmos de forma integral e especial essa realidade que gira em torno dos jovens. Este ponto de partida encontra-se nos próprios homens, todavia, o movimento deve começar com a relação homem-mundo, ou seja, o ponto de partida deve estar sempre nos homens, no seu aqui e no seu agora, que constituem a situação em que se encontram em tal circunstância. Somente partindo desta situação que determina a percepção que eles têm, podem começar a atuar de maneira autêntica sua libertação para superarem todos os desafios impostos na dependência das drogas. 1.1. Um panorama das drogas psicotrópicas no Brasil A palavra droga sempre é associada com a maconha, a cocaína, o crack, entre outras substâncias ilícitas. Contudo, a Organização Mundial da Saúde – OMS, propõe o seguinte conceito genérico: "Droga é toda substância que, em contato com o organismo, altera suas funções. São substâncias usadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência e no estado emocional". Contudo, temos que considerar as drogas como toda e qualquer substância natural e artificial que ocasiona algum tipo de transformação no organismo do ser humano, no entanto, ela pode ser considerada legal ou ilegal. Na verdade, a divisão das drogas lícitas e ilícitas existe apenas para as autoridades que se amparam por leis especificas, pois do ponto de vista médico todas as drogas, se utilizadas inadequadamente podem trazer prejuízos à saúde. Conforme Vergara (2002, p.44), em seu artigo publicado pela Revista “Super Interessante”, afirma: Do ponto de vista legal e jurídico, existe as drogas livres, que qualquer um pode comprar sem controle (álcool e cigarro); as de uso controlado (que podem ser compradas com receitas médicas); e as ilegais. O que impressiona é que não existe nenhum critério técnico que justifica a inclusão das substâncias em uma ou outra categoria. Com isso, no decorrer do tempo foram criados dispositivos legais para fazer frente ao aumento do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas “ilegais”. Tentando inicialmente adequar as matérias proposta por estudiosos às Convenções Internacionais sobre entorpecentes, culminando na criação de leis especiais que regulamentam o problema das drogas em nosso país. Diversas leis foram elaboradas e sancionadas, mas somente após a Primeira Guerra Mundial é que se iniciou um esforço mais efetivo das autoridades no combate as drogas no Brasil. È verdade que, nossa legislação sofreu ao longo dos anos profundas mudanças decorrente do avanço do tráfico e uso de tais substâncias, atingindo em maior ou menor grau todas as camadas sociais. Voltando mais no tempo observaremos o Código Penal de 1890, em seu artigo 159, que considerava a comercialização de substâncias tidas na época como, “venenosa”, crime contra a saúde pública, consistindo em delito de pouca importância com pena de multa. Com a reformulação do Código Penal de 1942, o problema da droga é regulamentado com base no artigo 281, que acarretava pena de reclusão, sem direito a fiança e com condenação criminal, não fazendo qualquer distinção entre o traficante e o usuário, causando muitas injustiças. Sentindo a necessidade de uma lei que amparasse todas as peculiaridades distintas do tema, nas últimas quatro décadas foram criadas três leis especificas do assunto em questão: A lei nº. 5.726/71 – conhecida como Lei Antitóxico, que obteve várias críticas desfavoráveis tecidas quanto às penalizações mais intensas tanto dos traficantes quanto dos usuários e dependentes, cabendo uma pena de reclusão de 1 á 6 anos, significando um retrocesso no que tange a questão da falta de diferenciação dos puníveis. Em 1976 foi substituída pela Lei nº. 6.368, sendo mais aceita, por tratar o usuário de droga com uma pena mais branda, tentando direcionar os viciados ao tratamento adequado com especialistas, a citada lei perdurou trinta anos, sendo revogada em 23 de agosto de 2006, pela Lei nº. 11.343, sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, sendo a lei que vigora atualmente, tendo em seu Art. 1º suas principais diretrizes: Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. A citada Lei representa um avanço em relação às legislações anteriores, pois consiste num maior foco na prevenção, tendo como base a educação, além é claro de punir os traficantes com a repressão severa que merece, tratando os usuários (viciados ou não) de uma forma que os obrigue ao tratamento tanto médico como psicológico, ao invés de punir penalmente, procurando “limpar” essas pessoas, para serem reintegradas com dignidade na sociedade. Como se viu, inúmeros esforços legais foram feitos para deter o crescimento das drogas como poder econômico e fator degradante da sociedade, aqui no Brasil, o governo sempre adotou uma postura radical, com a repressão severa no combate às drogas, ficando a cargo da polícia um enorme poder em determinar quem será ou não processado e preso como traficante, crime considerado hediondo. Tais medidas já demonstraram ter pouca eficácia, gerando efeitos colaterais como o aumento da população carcerária e dos custos para mantê-la. Novas diretrizes adotadas no país indicam que campanhas de informação, ao incentivar à cooperação entre a população e a polícia, e o investimento em programas de prevenção, podem diminuir a criminalidade, sendo um caminho para lidar melhor com um problema que já faz parte da cultura mundial. Tendo como base para essa evolução a própria Lei nº. 11.343/06 nos Art. 18 e 19 incisos II,IV, V e VII: Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de proteção. Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam; IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas; Porém, mesmo com tudo que é feito contra a evolução ao uso abusivo das drogas fica um questionamento em relação às chamadas “drogas lícitas”, que são incorporadas em nossa cultura a ponto de não serem consideradas como drogas. O tabaco e o álcool, por exemplo, são drogas legalmente comercializadas e aceitas pela sociedade, sendo determinadas pelos seus valores culturais e sociais, configurando-se nas drogas mais usadas no Brasil e no mundo. Drogas mais usadas - % de uso na vida DROGAS 2001 2005 ÁLCOOL 68,7 74,6 TABACO 41,1 44,0 MACONHA 6,9 8,8 SOLVENTE 5,8 6,1 OREXÍGENOS 4,3 4,1 BENZODIAZEPÍNICOS 3,3 5,6 COCAÍNA 2,3 2,9 XAROPES (codeína) 2,0 1,9 ESTIMULANTES 1,5 Fonte: Levantamento Domiciliar realizado pelo SENAD. Atualmente, existe uma contradição na postura social frente as drogas lícitas e ilícitas, bem como pela diversidade de opiniões a respeito dos benefícios, danos, prazeres e desprazeres. Tendo nos meios de comunicação o acompanhamento dessas contradições. Pois, de um lado a população recebe uma série de informações sobre a violência gerada pelo tráfico e sobre os “perigos das drogas” e, por outro lado, é alvo de sofisticadas propagandas para estímulo da venda de bebidas alcoólicas, utilizando imagens de mulheres bonitas e sugerindo uma idéia de que seremos melhores e mais alegres. Este contraponto é explicado no texto de (BOUNER; NOTO, 2008 p. 110 - 111): A imprensa, ao divulgar as inúmeras matérias sobre drogas, não estabelece necessariamente o que a população vai pensar, mas coloca em pauta o assunto a ser debatido, influenciando a chamada “agenda pública”.(...) Diferentemente das demais formas de comunicação, a publicidade tem como objetivo explícito promover a mudança de comportamento. A publicidade de bebidas alcoólicas, especialmente de cerveja, recebe consideráveis investimentos e tem tido grande sucesso na promoção de seus produtos. Meio a tudo isso houve uma evolução nos meios de comunicação no assunto “drogas”, o próprio jornalismo além dos artigos referentes ao tráfico, promove matérias que trabalham a prevenção e o tratamento de drogas. As novelas também batem muito nessa tecla, mostrando em especial às dificuldades percorridas pelos jovens. Até mesmo os programas de auditórios, que muitas vezes são criticados por não proporem matérias educativas, de vez em quando trabalham com temas como: sexualidade, drogas, política, cultura, entre outros. Exemplo disso, foi no dia 2 de dezembro de 2008, quando se discutiu o problema vivido pelo ator global Fábio Assunção que teria sido internado em uma clinica de recuperação de dependentes químicos, no programa “Super Pop” na Rede TV, onde estava presente uma convidada, ex-viciada em cocaína, que deu seu relato do sofrimento de um usuário de drogas, ficando marcada sua frase final, que diz: “Não falo para os viciados, mas para os que nunca usaram drogas. O melhor é não entrar, porque se entrar, é muito difícil sair”. O Ministério da Saúde tenta inibir o consumo abusivo do álcool, como também do cigarro, mostrando em propagandas ou mesmo rotuladas no próprio produto os males que tais drogas podem causar. Outra forma de diminuir o consumo é acarretar um imposto mais pesado para os referidos produtos, mesmo assim o governo não consegue segurar o crescimento vertiginoso das mortes causado por eles, causando um maior custo para os cofres públicos. Para tentar combater esse “prejuízo” das drogas lícitas, foi criada algumas restrições legais ao seu uso, mais precisamente ao álcool, como: o Estatuto da Criança e Adolescente - ECA ( Lei nº. 8.069/90), que proíbe o uso de álcool para menores de 18 anos; o Decreto Presidencial ( nº. 6.117 de 22.05.2007), apresentando à sociedade brasileira a Política Nacional sobre Álcool, que tem como objetivo geral estabelecer princípios que orientem a elaboração de estratégias para o enfrentamento coletivo dos problemas relacionados ao consumo de álcool; e mais recentemente destaca-se a aprovação da Lei nº. 11.705, de 19 de junho de 2008, mais conhecida como Lei Seca, que estabeleceu a alcoolemia 0(zero) e impõe severas penalidades para aqueles condutores que dirijam sobre a influência do álcool, instituindo restrições ao uso e à propaganda de bebidas alcoólicas, diminuindo claramente o número de acidente de trânsito e o próprio consumo de álcool e entorpecentes. Tais drogas “legais” são colocadas na sociedade como um mal necessário para controlar o stresse ou para causar um estimulo de prazer como são as drogas não legais, mas que na realidade caracterizam-se também por causar dor e sofrimento em um número bem maior de pessoas em comparação com as drogas ilícitas. Com isso o que se tem tentado é amenizar o consumo abusivo de qualquer que seja a droga, pois se é irremediável e o consumo perante a sociedade e a opinião pública é “normal”, que seja pelo menos usada com responsabilidade. 1.2. O que leva o jovem a usar drogas Os problemas do uso indevido de drogas (ou substâncias entorpecentes) preocupam, cada vez mais, a sociedade e os órgãos públicos. Longe de atingir as dramáticas freqüências de consumo, de dependência e de mortalidade que se observam nos países industrializados, no Brasil também este consumo aumenta, alastrando-se tanto por populações de baixa renda quanto pelas classes média e alta (embora com determinantes e motivações muito diferentes). Embora seja difícil chegar-se a uma estimativa correta desse consumo, uma vez que existem poucos levantamentos epidemiológicos a respeito, sabe-se que uma ampla faixa da população jovem do país tem contato com drogas. Isto não significa necessariamente dependência de drogas ou toxicomania, porém as primeiras experiências com drogas podem, em circunstâncias desfavoráveis, levar a um aumento crescente do consumo e, no extremo, à dependência. Sabe-se, ainda, que a abordagem repressiva, tão importante que seja à nível do tráfico de drogas é insuficiente e mesmo contraproducente quando se trata da questão do consumo de drogas pelos jovens. Eis a importância da abordagem preventiva, cujos objetivos devem ser fixados de maneira realista, levando-se em conta as características psicológicas sociais da população alvo, os jovens, bem como o seu contexto sócio econômico. Uma das questões com a qual nos defrontamos constantemente é: O que leva uma pessoa a usar drogas? Tal questionamento é de difícil resposta, se pensarmos que não podemos generalizar qualquer indivíduo que use drogas. Na realidade o que existem são várias tentativas de responder essa questão, levando-se sempre em consideração as diferenças individuais e, conseqüentemente, os diferentes tipos de vínculos que as pessoas estabelecem com a droga. As causas do consumo e do vício ainda não são conhecidas com exatidão. O que se sabe é que fatores pessoais, biológicos, psicológicos, familiares e sociais, juntamente com a facilidade em adquirir, estão ligados, proporcionando que alguém experimente e continue o seu uso até se tornar dependente. Siedl (1999, p. 50 51) faz algumas referências a esses fatores: Os fatores presentes no indivíduo são de natureza genética, emocional, existencial, psicológica e comportamental. Esses fatores quando presentes, contribuem para afastar ou aproximar o adolescente do consumo de drogas. Os fatores de risco quando presentes na família do adolescente, contribuem para o seu envolvimento com as drogas. Pais que usam drogas, ainda que lícitas, ou que são tolerantes com o consumo das mesmas pelos filhos, podem constituir um fator de risco. O contexto escolar pode também para que o adolescente faça uso indevido de drogas. Na comunidade podem existir fatores propícios ou não ao consumo de drogas. Quando falta oportunidades socioeconômicas para construção de um projeto de vida, quando falta oportunidades de emprego para os jovens, quando proporciona acesso fácil ao álcool, ao tabaco e outras drogas, ou quando se negligencia no cumprimento de normas e leis que regulamentam o uso de drogas... Muitas vezes a atividade de fuga do adolescente é adquirida com os adultos e com os próprios pais, quando por qualquer motivo fazem uso de medicamentos como “Lexotan e Valliuna” dentre outros remédios, ou bebidas que ficam em lugar de destaque na própria sala de visita e cigarros, como um vício inocente. De acordo com Campos (1985), qualquer individuo pode encontrar facilidade para se tornar um toxicômono, basta qualquer das etapas de desenvolvimento do adolescente não serem atingidas ou serem ultrapassadas. A desorganização emocional; o baixo nível intelectual; o não encontro do eu, nem do significado da vida; a dificuldade de separar a fantasia da realidade; a sexualidade não desenvolvida ou com base em falsos conceitos; a dificuldade de afirmação profissional; o mau relacionamento com a família ou com os mais velhos; a timidez, que leva a uma falta de sociabilidade; a falta de confiança e segurança; tudo isso pode levar o jovem à fuga e à procura das drogas...(CAMPOS,1985, p. 87) Os jovens, muitas vezes, ao utilizarem determinada droga, apontam para a incoerência do mundo adulto. Eles estão à procura de novos valores, de normas sociais mais coerentes e de uma forma de perceber e viver no mundo. Essa incoerência deletada através do comportamento juvenil situa-se, principalmente, na difusão indiscriminada das drogas legais, como o álcool, os medicamentos antidepressivos e o tabaco, por parte dos adultos. Na verdade, a droga aparece como uma oportunidade que se apresenta ao adolescente de ser contra as normas, de testar as possibilidades do seu corpo, de transgredir, de buscar sua identidade através da absorção dos costumes do seu grupo. No entanto, a presença continuada da droga pode extrapolar esse uso normal e passar a ser um sintoma individual denunciando que algo não vai bem. Quando o jovem recorre ao uso de drogas, ele pode estar se negando à sociedade e ter uma existência socialmente limitada. Na verdade, o adolescente está constantemente em busca de algo, à procura de um referencial que facilite a sua entrada na sociedade dos adultos, passagem difícil e que, às vezes, é sentida com uma profunda impotência. Sabemos que a adolescência é uma fase de experiências, onde os jovens começam a comparar e questionar tudo aquilo que aprendem com a família durante a infância, com os valores de outros, como: amigos, escola, leituras, mensagens da televisão e cinema, entre outros. Para isso, são dotados de grande curiosidade e têm uma vontade enorme de explorar e sentir até onde vai sua força e seus limites. Nesse sentido pode se distinguir três funções gerais, atribuídas à ingestão de drogas, em contextos sociais que variam segundo a organização e as crenças de uma determinada sociedade. Em primeiro lugar, a droga permite escapar à consciência de transitoriedade da existência e à angustia que esta provoca (a celebre “ angustia existencial” dos filósofos existencialistas). Ela pode, portanto, ser usada como meio para “esquecer” a nossa transitoriedade e imortalidade, pelo menos temporariamente. Uma segunda função, intimamente acoplada com a primeira, diz respeito a certas procuras de transcendência, a saber, a pretensão de entrar em contato com forças sobrenaturais. Esse sentido, diretamente religioso vincula-se com a tentativa de se alargar os limites existenciais, à procura de elementos espirituais ou divinos capazes não somente de aplacar a angústia do homem, mas também de assegurar-lhe sobrevivência além da morte que biologicamente lhe é determinada. Utilizando-se de sustâncias entorpecentes, o homem consegue preencher uma “falta”, decorrente das suas limitações, e extrapolar as suas fronteiras através de experiências místicas, individuais ou coletivas e até profissionais. Uma terceira função – a mais conhecida – que cabe às drogas, diz respeito à busca de prazer. Essa função, sem dúvida, domina na toxicomania moderna, onde ela opera desconectada das duas outras, mas é tão antiga quanto às outras e se vincula com elas em muitas práticas religiosas antigas, tendo as drogas uma função importante, tanto estimuladora quanto desinibidora frente à sociedade. Percebemos assim, que entre as classes sociais de uma mesma população podem ocorrer mudanças quanto à significação do uso de uma droga, tanto no que respeita aos propósitos do uso quanto às formas de utilização. O que é importante ressaltarmos, nesse sentido, é que no fim torna-se um prazer solitário - restrito ao próprio corpo - e que limita ou até impossibilita o encontro com o outro. Com a instalação da dependência, a toxicomania polariza a vida do jovem em torno dessa experiência, bloqueando, dessa forma, suas possibilidades de investimento fora da droga. Outro tipo de droga que tem refletido na sociedade e na mídia são os esteróides androgênicos anabolizantes (EAA), vulgarmente conhecido como “bomba” e suplementos alimentares, com o propósito de ganho de massa muscular, beleza ideal, de masculinidade e de um corpo inflado de músculos. O adolescente procura algo que lhe proporcione realização pessoal e felicidade traduzindo-se na busca por um estilo de vida e um modo de estar no mundo nem sempre pautado pelo o reconhecimento de seus próprios limites e dos riscos inerentes a determinadas condutas. Todavia, isso implica na busca por corpos esculpidos de padrões determinados pela moda, colaborando assim, para a busca de um corpo que possa ser aceito por si e pelos outros, implicando na utilização dos mais diversos meios para atingir esse objetivo. Sabemos que a adolescência é um período de transformações em que os indivíduos buscam modificar seu padrão corporal para conseguir uma tipologia inserida nos modelos considerados como belos, ou seja, a maioria dos adolescentes definem seu padrão de beleza de acordo com características do corpo para ambos os sexos. Assim, Sousa e Fisberg (2002) nos mostra que: A utilização de anabolizantes e suplementos alimentares encontra-se disseminada entre praticantes de atividades físicas como um recurso para a obtenção de melhores performances e alterações morfológicas visando uma estética em consonância com os padrões ditados pela moda. No público adolescente o biotipo encontra-se em fase de definição devido as mudanças inerentes a esta fase de desenvolvimento e o uso dessas substâncias constitui um atrativo para adquirir o corpo tão sonhado. (SOUZA & FISBERG, 2002, p. 46 ). Tal citação nos faz perceber o quanto essas substâncias podem causar no organismo dos jovens, trazendo-lhes fortes problemas à saúde, é notável percebermos isso quando os mesmos começam a exagerar no consumo de suplementos alimentares nas academias de musculação e destacam os efeitos colaterais existentes devido ao uso demasiado dessas substâncias. Portanto, os modelos vistos acabam virando estratégias infalíveis de marketing, enfatizando uma busca constante por uma mudança de uma tipologia corporal, em outras palavras, os jovens desejam um padrão ideal o que demonstra uma supervalorização da estética do corpo. 1.3. Orientação à prevenção ao uso de drogas A efetiva prevenção é fruto do comprometimento, da cooperação e dá parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos governamentais: federal, estadual e municipal, fundamentada na filosofia da “Responsabilidade Compartilhada”, com a construção das redes sociais que visem à melhoria das condições de vida e promoção geral da saúde. A execução desta política, no campo da prevenção deve ser descentralizada nos municípios, com o apoio dos Conselhos Estaduais de Políticas Públicas sobre drogas e da Sociedade Civil Organizada, adequada às peculiaridades locais e priorizando as comunidades mais vulneráveis, identificadas por um diagnóstico. Para tanto, os municípios devem ser incentivados a instituir, fortalecer e divulgar o seu Conselho Municipal sobre drogas. As ações preventivas devem ser pautadas em princípios éticos e pluralidade cultural, orientado-se para a promoção de valores voltados à saúde física, mental, individual e coletiva, ao bem-estar, à integração socioeconômica e a valorização das relações familiares, considerando seus diferentes modelos. Essas ações devem ser planejadas e direcionadas ao desenvolvimento humano, o incentivo à educação para a vida saudável, acesso aos bens culturais, incluindo a prática de esporte, lazer, a socialização do conhecimento sobre drogas, com embasamento cientifico, o fomento da participação da família, da escola e da sociedade na multiplicação dessas ações. Tendo como citação desse contexto a de (ZEMEL, 2008, p. 98): Se o jovem vem de uma família desorganizada, mas encontra em sua vida um grupo comunitário que faz seu asseguramento, oferecendo-lhe alternativas de lazer e de desenvolvimento de habilidades pessoais, pode vir a ter sua formação garantida, aprendendo a criticar e se responsabilizar por si próprio e pelo seu grupo social. As estratégias, os métodos e os meios de um programa de prevenção devem adaptar-se a cada curso, a cada bairro. Para a orientação, planificação e organização de projetos o trabalho deve começar a partir de uma primeira rede de apoio político-diretivo fomentando a capacitação de agentes preventivos, encarregadas de orientar e dar dinamismo às intervenções e ações programadas para desenvolver um processo permanente de prevenção educativa comunitária. 1.3.1 Níveis de prevenção: A) PREVENÇÃO PRIMÁRIA O objetivo da prevenção primária é “imunizar” os indivíduos e ao público em geral e criar ambientes sociais e físicos que sejam positivos para erradicar o problema antes que aconteça. Tendo em vista, os programas e estratégicas de prevenção do abuso de álcool e drogas, os mesmos procuram orientar e influenciar no comportamento das pessoas e nos fatores sociais relacionados com o consumo de drogas antes que se dê inicio. Tendo como exemplo o PROERD. Tais estratégicas possibilitam uma diminuição, no que se refere ao consumo de drogas pelos jovens da sociedade, interagindo-os ao máximo na integração ecológica em seus ambientes. Assim, se propõe uma estratégica de intervenção dupla, onde os mesmos tentam mudar os fatores que perturbam o desenvolvimento psicossocial, ou seja, os fatores econômicos, culturais. Procurando assim, encontrar e proporcionar mudanças nos indivíduos e nos seus contextos familiar, escolar entre outros. B) PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Essa prevenção identifica os novos consumidores de álcool e drogas que correm o risco de ter problemas de abusos e ajudá-los a minimizar ou eliminar os riscos. Sendo que os mesmos são os consumidores ocasionais de fins de semana, dos encontros casuais. O objetivo da prevenção secundária é interromper o uso de drogas antes de começar a ser um problema crônico. Isso pode ser identificado no uso abusivo de drogas onde tais crises pessoais levam o indivíduo a buscar ajuda pela primeira vez, ou seja, com a identificação precoce dessas pessoas podemos reduzir a incidência do consumo antes que se atinja um maior grau, além de possibilitarem a elas a integração adequada na sociedade. C) PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Objetiva, principalmente, na reabilitação (tratamento) e reintegração dos indivíduos que já apresentaram disfunções sociais ou individuais pela dependência da droga, aplicando modalidades ou tratamento para cada caso. Enfocando a reabilitação preventiva como forma de recuperação na prevenção precoce dos dependentes de drogas afim de que os mesmos possam ter de volta seu modo de vida normal. A Igreja é uma das instituições que mais se destaca nesse tipo de prevenção, com programas direcionados aos jovens, um dos exemplos é a Comunidade Shallon1. Outro bom exemplo seria os Alcoólicos Anônimos – AA, que se direcionam aos dependentes de álcool. Os programas de prevenção serão de âmbito local e seu funcionamento deverá ir acompanhado no conjunto de obrigações e princípios dos serviços sociais. É um trabalho interdisciplinar. Logo, sua metodologia da prevenção trata-se de uma produção de colaborações onde procura-se objetivos de prevenção como forma de gerar um protagonismo permanente por parte de todos os participantes sociais, buscando privilegiar-se o formativo sobre o informativo. Promovendo assim uma ação reflexiva por ambas as partes. Estas reflexões sobre as várias tendências nas modalidades preventivas nos permitem introduzir os conceitos de prevenção específicos, ressaltando, no entanto, que a solução não deve ser de responsabilidade somente das autoridades, mas que o êxito no combate às drogas só será satisfatória se houver a participação efetiva da comunidade. É assim que devemos ver a prevenção ,ou seja, como um processo sistemático e contínuo que se utiliza para administrar problemas em diferentes níveis, com o objetivo de influenciar positivamente nos comportamentos da população. A prevenção ao uso indevido de drogas é uma intervenção cujo objetivo 1- Pertence a Igreja Católica, tendo atividades de grupo com casais e principalmente com jovens. é evitar o estabelecimento de uma relação destrutiva de um individuo com uma droga, levando-se em consideração as circunstâncias em que ocorre o uso, com que finalidade e qual o tipo de relação que o sujeito mantém com a substância, seja lícita ou ilícita. Onde, Cavalcante, (2001), esclarece: Poderíamos dizer que, em geral, a prevenção refere-se a toda iniciativa coletiva visando à sobrevivência da espécie. Na realidade é um conceito recente e poderíamos dizer que as primeiras instituições na história que estiveram na sua vanguarda foram as religiosas (CAVALCANTI, 2001, p. 34). Para que uma proposta de prevenção possa ser bem sucedida, encontrar receptividade na população-alvo e surtir efeitos concretos é fundamental que as ações sejam orientadas por idéias construtivas, devem ainda, objetivar a educação em prol da formação do sujeito e de sua inserção na sociedade a partir da qualidade de vida e da valorização que o preconiza enquanto um ser social dotado de vontade e capaz de transformar a si e o seu meio. 2. O PAPEL DAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES PERANTE A PROBLEMATICA DAS DROGAS. Quando nos deparamos em dificuldades que não conseguimos nos desviar ou mesmo vencer, esperamos a ajuda de outras pessoas que estão contidas em diversas instituições que podem fazer parte diretamente de nossas vidas como, a família, a escola, as organizações comunitárias, bem como, as instituições que não estão ligadas diretamente, como a polícia entre outras. Então, seja qual for o local ou mesmo as pessoas que podem ajudar na complexa relação do homem e as drogas ela estará inserida em uma instituição, pois, a escola juntamente com a família é o ambiente de formação do homem, e a policia mesmo não estando presente permanentemente ela estará sempre quando solicitada ou com trabalhos preventivos com a comunidade. 2.1. A escola como fator preponderante na luta contra as drogas Historicamente, a educação tem refletido as características do seu tempo e da sociedade na qual as instituições educacionais estão inseridas. Vivemos em uma sociedade cada vez mais informatizada, que vem sofrendo transformações bastante profundas, em especial ao consumo de drogas e nas formas de comunicação, como foi visto no capitulo anterior. Essas tendências têm influenciado a educação, tanto na formação de professores quanto na organização dos diferentes níveis de ensino. Sabemos hoje do caos que as drogas vem causando à sociedade mundial, inclusive a Crateuense, palco de nossa pesquisa e da investigação realizada, é preocupante, pois, as mesmas estão cada vez mais disponíveis para a compra como se fossem qualquer outra mercadoria. Todavia, no que se refere à educação preventiva, a visão da lei é que essa educação se dedique ao ensinamento de conhecimentos científicos sobre os malefícios das drogas, ela visa, no entanto, atingir a escola, através da transmissão dos conhecimentos prestados pelos professores sobre os estragos das drogas no organismo. O SENAD em parceria com o Ministério da Educação, procura proporcionar aos docentes em especial aos que ministram aulas para alunos do 6º ao 9º ano das escolas públicas do Brasil cursos de capacitação para abordar e prevenir uso de drogas nas escolas. O curso tem duração de quatro meses e já formou mais de 20 mil professores de 2.289 instituições de ensino, mostrando situações que podem ocorrer na realidade das escolas na prevenção de drogas. Encontrando-se amparado na Lei 11.343, Art. 19 , inciso X : “o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino”. Para tanto, sabemos que cada escola tem suas particularidades, suas potencialidades, bem como, alunos com perspectivas sociais e vivências diferentes, porém, a escola não deve aceitá-las como um trabalho voltado ao combate e a prevenção às drogas. Logo, o trabalho de prevenção ao uso indevido de drogas promovido pela escola deve responder à demanda dos alunos, das famílias e da sociedade. A escola tem um papel relevante frente a esta questão: esclarecer, abrir o debate e provocar a reflexão mais efetiva, tendo em vista que é uma instituição responsável pela formação sócio-ideológica dos jovens que nela estão inseridos. Vieira e Albuquerque, na discussão sobre a importância de compreender a função social da escola, deixam claro, que: A escola pode exercer não apenas uma, mas várias funções sociais. Com efeito, a expressão ''função social'' diz respeito aos fins da escola; ou seja, está ligada às atribuições que a instituição escolar cumpre numa determinada sociedade. (VIEIRA e ALBUQUERQUE, 2001, p.101). Seria ideal que a escola completasse essa filosofia de vida e acrescentasse em seu currículo programas que também preparassem seus alunos para enfrentar não só a droga, mas a vida como um todo. No entanto, muitos professores nem conhecem a realidade científica e psicológica das drogas, seus efeitos e suas conseqüências. É freqüente não saberem nem identificar um usuário de drogas e se o identificam, não sabem o que fazer com tal descoberta. Na verdade, a escola precisa preparar melhor seus docentes para que possam orientar seus alunos em relação às drogas, difundindo-as juntamente com seus usuários, através de conhecimentos básicos científicos (seus efeitos), psicológicos e sociais (como agem nos adolescentes saudáveis, nos usuários e nos dependentes), porém, temos que buscar informações adequadas nesta questão, pois, só assim vamos ter chances reais na batalha contra as drogas. Para tanto, sabemos que os currículos escolares são tradicionalmente relações de disciplinas organizadas, que o professor deve desenvolver para o aluno. No entanto, o professor não terá condições de intervir na verdadeira realidade das drogas se não puder entrar na realidade como um todo, sem mostrar uma visão abrangente em que este problema está relacionado. Contudo, o que se pretende é levar o educador a ter sensibilidade para incluir a temática no currículo, de forma que desperte o interesse do aluno, logo, a escola tem que assumir um papel frente a essa realidade, é preciso, pois, conhecer o contexto e o ambiente no qual a população atingida se encontra, pois em vez de julgarmos nossos alunos, devemos acolher-los em suas dificuldades para a libertação do vício e fazer com que a sociedade se mobilize e conscientize mostrando que todos devem entrar nesta luta. Para Alves e Malheiros (s/d, p.08): ...é importante considerar um tratamento pedagógico que possa ser o mais coerente possível, considerando as informações trazidas pelos alunos a fim de confrontá-las com o saber sistematizado, permitindo, assim, maior reflexão e crítica sobre as questões que envolvem as drogas. É necessário por em crise as informações, questiona-las, e com isso incitar os alunos a discutir os aspectos sociais, econômicos, políticos, históricos, éticos e culturais envolvidos na problemática das drogas, bem como as relações de poder nestas circunstâncias. Assim, a citação acima nos leva à reflexão de que a instituição escolar inicialmente é o cenário privilegiado para o desenvolvimento dos programas de prevenção de alguns problemas sociais que afligem a humanidade, como, a droga, doenças sexualmente transmissíveis, ética, violência, entre outros, visto que, permite um tempo prolongado de ação e oferece uma estrutura funcional que facilita o desenvolvimento contínuo de programas, incluindo os diversos níveis: pais, docentes e comunidade numa socialização sólida, construtiva e solidária. Um exemplo interessante é trabalhar de forma transversal a temática “drogas¨ em algumas disciplinas como português, empregando o assunto em redações, já as disciplinas de Ciências poderiam mostrar os tipos de drogas e os seus efeitos danosos. Como também nas aulas de informática, onde o mundo está voltado para a internet, os alunos teriam a oportunidade de exercer a interdisciplinaridade com as outras disciplinas, tornando as pesquisas cada vez mais aprofundadas no objeto de estudo2. Daí o propósito de mostrar que a escola exerce uma função muito forte dentro da sociedade e que ela, juntamente com a família e a comunidade, tem que trabalhar em sintonia com a intenção de abrir caminhos para desmistificar alguns aspectos das drogas, já que sabemos que este problema merece uma atenção especial para que soluções sejam encontradas. Conforme depoimento de Nascimento ( s/d, p. 34). 3 2 - Exemplos de alguns sites que possibilitem essas pesquisas: Anti-drogas, vivavoz, Blog Drogas, Senad, Pad( Programa de álcool e drogas), OBID (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas), entre outros. 3 - Apostilha do PROERD (Ceará) – SD PM Nascimento A continuidade do seio familiar deve ser o seio escolar. As escolas têm a considerável vantagem de ter um grande número de crianças em ambiente natural. O ambiente escolar permite às crianças e aos adolescentes adquirir conhecimentos, atitudes e valores. As intervenções baseadas na escola não só envolvem as crianças, mas também aumentam o envolvimento dos pais com a escola e com os outros pais, reduzindo o isolamento social e escolar, associado ao baixo desempenho escolar, campo altamente propício para o envolvimento com drogas. Portanto, não compete à escola o tratamento contra as drogas, mas sim o encaminhamento adequado do caso, é preciso, no entanto, haver uma postura da escola sobre o uso de drogas, mostrando ao adolescente os prejuízos que as drogas provocam (físicos e psicológicos) no seu corpo, nesse enfoque, o aluno tem que sentir segurança e confiança no educador e na escola e principalmente na família. Trabalhando em diferentes segmentos, será possível ao mesmo tempo a desmistificação das drogas e fazer da escola um lugar prazeroso, no qual os alunos possam encontrar apoio e acolhimento para as suas preocupações e problemas, pois, a “escola” é a chave para a montagem de uma educação transformadora de desafios no processo de desenvolvimento humano dentro e fora da sociedade. 2.2 A função do educador na conscientização das drogas É notável a preocupação entre os educadores a respeito das drogas na escola e suas implicações no processo ensino-aprendizagem, visto que o comportamento dos alunos dificulta a interação professor-aluno-escola. Contudo, o que se quer alcançar é a mudança de atitudes dos educadores, diante da problemática, tornando-os conscientes da necessidade de uma atuação preventiva e de sua colaboração para elaborá-la e aplicá-la não de maneira isolada, mas de forma sistematizada e continuada. Entretanto, para trabalhar nessa perspectiva é de grande importância que o educador tenha conhecimento dessa realidade no contexto geral, sabendo compreender a diferença entre autoridade e autoritarismo, respeitando a individualidade e a realidade de cada um. Pois, de acordo com Freire ( 1999, p. 76): Outro saber fundamental à experiência educativa é o que diz respeito a sua natureza. Como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro no meu próprio desempenho. No mesmo sentido, convém ressaltar que a educação tem como meta principal, ajudar o indivíduo a tornar-se um adulto livre, responsável, com iniciativa, que respeite a si, e aos outros, todavia, para educar um ser humano nesse sentido o educador também deverá estar ele próprio, empenhado em alcançar essa meta, pois, nisso reside parte de sua auto-educação, ou seja, antes de educar temos de aprender, e o processo educativo faz de cada ser humano, alguém que aprende e ensina, logo, a vida social é uma troca constante, um contínuo de dar e receber. Ao analisar essas reflexões, convém enfatizar que o professor quando ver algo que evidencie que o aluno está usando drogas, deve desempenhar também o papel de “investigador” verificando como é a família destes alunos, se os pais são presentes ou ausentes, cabe, pois, um estudo apurado para se constatar as causas dessas alterações, dentre as quais pode estar a droga. Essa investigação e aconselhamento devem ocorrer, quando o educador e o aluno tenham a oportunidade de uma conversa pessoal, fora do contexto da sala de aula, logo, esta conversa deve acontecer quando o educador constatar alguns índices insatisfatórios no desempenho escolar, ou no comportamento anti-social por parte do aluno ou mesmo quando o próprio aluno busca ajuda com o professor. Diante desse enfoque, é de se esperar que o educador apresente receio de trabalhar a prevenção ao uso abusivo de drogas na escola. Esse receio compreende desde trabalhar a prevenção com os alunos, até o medo de sofrer alguma violência física, por isso, alguns educadores acreditam que o trabalho preventivo deveria ser realizado por profissionais especializados e que não estão preparados nem são os mais indicados para realizar tal função. Fica evidente que isso coincide com os planos pedagógicos de qualquer escola, assim, o educador é o profissional mais indicado para a tarefa preventiva, ele tem que se conscientizar que não existe uma forma única de realizar um trabalho preventivo, podemos elaborar diversas atividades que contribuam para a superação do receio do professor em realizar um projeto preventivo, todavia, se nós, educadores, não nos esforçarmos em discutir essa questão de forma aberta e sem preconceito, a droga vai continuar a ser um problema, por muito tempo. Pois, como diz Freire (1999, p. 84): ...Não posso, por isso, cruzar os braços fatalistamente diante da miséria, esvaziando, desta maneira, minha responsabilidade do discurso cínico e “morno”, que fala da impossibilidade de mudar porque a realidade é mesmo assim. O discuso da acomodação ou de sua defesa, o discurso da exaltação do silêncio imposto de que resulta a imobilidade dos silenciados, o discurso do elogio da adaptação tomada como fado ou sina é um discurso negador da humanização de cuja a responsabilidade não podemos nos eximir... É imprescindível dizer que, a educação tem que ver o crescer da sociedade, a solidez de uma estrutura de personalidade se articula com certos nutrientes: afetos, ética, informação, socialização e orientação, este marco afetivo, ético, informativo e socializador o denomina como sujeito cidadão de uma sociedade complexa e radical que estamos inseridos. 2.3 Polícia Comunitária, uma proximidade necessária Uma das grandes críticas ao modelo atual da polícia é que ela tem se limitado a enfocar incidentes específicos e de maneira muito restrita. Sendo assim, a estratégia da maioria das forças policiais é colocar em ação a maior parte de seu pessoal, de modo que estejam visivelmente disponíveis para responder às solicitações de serviços emergenciais. O que faz com que a resposta dos policiais do patrulhamento seja inevitavelmente rápida e superficial, fato que não agrada a comunidade, pois o crime já ocorreu. Há o reconhecimento por parte dos policiais que o problema não é resolvido, pois eles lidam apenas com suas conseqüências, o que acaba desmotivandoos e incentivando-os a omissão. Mas, a polícia que até pouco tempo era vista como truculenta e opressora, encontra-se em um enorme processo de reformulação, maior exemplo se dá aqui no Estado do Ceará, que trabalha com a implantação de uma Polícia Comunitária (Ronda do Quarteirão), que tem como objetivo a aproximação com a comunidade, onde cria-se um vinculo de confiança que permiti um melhor trabalho de prevenção em relação a segurança pública( diminuição de homicídios, furtos, assaltos, agressões físicas, como também, do tráfico de drogas e o seu consumo) , dessas pessoas. Sendo interessante observar a reflexão desenvolvida por Fonseca e Pereira (2001, p. 56): O desenvolvimento da atividade policial tão perto quanto possível das populações, a visibilidade das forças de segurança e a sua efetiva capacidade para resolver os problemas concretos dos cidadãos, corresponde ao que hoje se designa por policiamento comunitário ou de proximidade. De acordo com essa filosofia, a missão das forças de segurança, além dos aspectos relacionados com o cumprimento da Lei, é alargada com responsabilidades de âmbito social em colaboração com a sociedade civil, embora isto não signifique que deixe de atuar com convicção quando os direitos individuais ou coletivos são postos em causa... A policia foi instituída para assegurar a execução das leis e das normas de conduta social, com o objetivo principal de garantir a segurança do cidadão, onde se espera do policial um grau de profissionalismo acima da média dos demais funcionários do Estado, constituindo-se em uma profissão em que os deveres são maiores que as regalias e mesmo com todas as adversidades, espera-se uma polícia eficiente, capaz de proporcionar uma sociedade mais justa e humana. Mas, para que essa realidade se concretize é de extrema urgência que a capacitação e a valorização desses policiais esteja em evidência por parte dos Gestores do Estado, como da própria sociedade civil. A prevenção do crime e do consumo indevido de drogas alicerçada no apoio da comunidade é um objetivo que as forças policiais buscam alcançar a algum tempo, mas para executá-lo a polícia deve encontrar os recursos, especialmente humanos, para mobilizar as comunidades e mostrar-lhes a direção correta. Isso requer usar, de modo mais eficaz, o pessoal de ronda, ou seja, o agente de segurança que está em contato direto com a população. Para que se forme um pensamento único, proporcionando uma maior credibilidade entre a polícia e a comunidade, como argumenta Sudbrack (2008, p. 146): Ao mesmo tempo que a prevenção do uso abusivo de drogas exige conhecimento especializados, o trabalho comunitário de construção das redes sociais mostra que a prevenção é função de todos os cidadãos. Cada pessoa tem um papel a desempenhar e uma competência a oferecer para o objetivo comum de articular e de sustentar a rede social . Inicia-se, assim, um processo de construção de um novo saber. O saber popular junta-se ao saber acadêmico e ao saber político para construir um saber comum a todos. Pois, partindo da premissa que os policiais têm na maioria do seu convívio com os cidadãos e não apenas com bandidos, mesmo porque o policial é um cidadão, se procura entender e trabalhar essa aproximação, que muitas vezes é difícil de aceitar, tanto pelos policiais como pela própria comunidade, ganhando assim, destaque as novas formações desses policiais, se extinguindo aquela forma rígida que preparava para uma guerra, como se todo o trabalho policial fosse designado para tratamento apenas com bandido. Assim, conforme refere-se Grangeiro, (2001, p. 41): ... no processo de formação é fundamental resgatar a essência da pessoa humana; sua vida, sua expressão, seus sentimentos, suas emoções, sua forma de ser, seu processo de formação que tem como perspectiva preparar o cidadão para atuar junto ao cidadão, exercitando e exercendo sua cidadania, de maneira integrada, lidando consigo interiormente, em profundidade e com os outros. Hoje, o trabalho policial tem como base o aspecto preventivo em todos os aspectos de violência, tendo como foco principal o uso indevido de drogas, que é um dos maiores geradores de violências físicas, preservando essencialmente os direitos inerentes ao ser humano. Policiais interagindo com cidadãos. Pois, de acordo com o Art. 144 da atual Constituição Federal que diz: “Segurança Pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Mostram que se faz necessário a conscientização de todos, pois vivemos numa sociedade democrática e pluralista, onde a responsabilidade pela mais estreita observância das leis e da manutenção da paz não incubem apenas à polícia, mas, também a toda população. Assim, o serviço prestado por esse tipo inovador de polícia tem provado que com a parceria da população é possível conviver numa sociedade mais harmônica e salutar, não se limitando à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum, onde se colherá o fruto da paz entre os homens. Conforme afirmam alguns estudiosos, vários projetos dentro das polícias, em especial na Polícia Militar vem trazendo bons frutos em benefícios da comunidade. Um exemplo da proximidade da polícia e a comunidade é o Ronda Escolar, onde tem como objetivo prestar um serviço de policiamento ostensivo, prevenindo de forma mais repressiva a violência e o crescimento desenfreado das drogas nas escolas. Mas, diferente do método anteriormente citado, veio o PROERD, que de certa forma está substituindo esse outro projeto, colocando o policial militar dentro da sala de aula, em um contato mais intimo com os alunos e a Direção escolar, trabalhando de uma forma mais eficiente à problemática da droga e da violência, sendo visto como uma das ações mais eficazes dentro da Filosofia do Policiamento Comunitário. Além dos projetos mencionados, as policias civil e militar também remanejam alguns policiais para proporcionar palestras sobre assuntos como: drogas e seus malefícios, legislações vigentes (Leis: Maria da Penha, Estatuto do idoso, Estatuto da criança e do adolescente, Lei Seca...), participação da sociedade na prevenção de crimes, entre outros. Os locais mais utilizados nas palestras são as escolas, instituições prisionais e associações comunitárias. Outro exemplo da importância da parceria da comunidade com a polícia são os CCDS's – Conselhos Comunitários de Defesa Social, criados no Ceará em 11 de novembro de 1998, através do Decreto nº. 25.293, cujo principal objetivo é participar ativamente na solução dos problemas de Defesa Social, apoiando e auxiliando as forças de Segurança Pública( Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar), sendo formados pelos mais diversos segmentos representativos da comunidade de um bairro ou localidade. O CCDS trabalha na organização dos moradores da comunidade com vistas à defesa de seus interesses, entre eles o de incentivar o bom relacionamento da comunidade com as autoridades de segurança, desenvolver um trabalho auxiliar de combate ao uso e tráfico de drogas, às causas da violência, criminalidade, prostituição e quaisquer atividades que venham perturbar o equilíbrio no convívio da área de atuação do conselho. Além de promover e requerer junto às autoridades competentes: palestras, fóruns, conferências, campanhas educativas e culturais que orientem a comunidade na prevenção da autodefesa, proporcionando uma sociedade mais segura e longe das drogas. Como nos mostra Dalbosco ( 2007, p. 100): As participações das instituições comunitárias são de fundamental importância para a educação da população e também para a adequação dos serviços de outros órgãos, visando melhor servir á comunidade. São inquestionáveis as possibilidades das instituições comunitárias, pois já vivem para servir, e geralmente seu aspecto voluntário é altamente produtivo no sentido de buscar soluções para os problemas locais. Faz-se necessário estabelecer parâmetros de atuação das entidades de segurança pública, restaurar e promover a educação, a saúde e todos os direitos de um cidadão, fomentar a ajuda aos mais necessitados, assegurar o cumprimento da lei, preservar os bons costumes, dignificar a família, em resumo: inibir os fatores que geram o descontentamento e as divergências de classe, para que tenhamos uma sociedade mais justa e condizente com a natureza humana, proporcionando maiores dificuldades no alastrado crescimento vertiginoso das drogas. 2.4. Os desafios da família no complexo das drogas A família é o contexto mais próximo do jovem e participa ativamente nesse problema tão complexo e inexplicável no mundo das drogas. Dentro desse aspecto, sabemos o quanto a mesma sofre no panorama que explica bem essa situação. Na verdade, a realidade da vida familiar, sempre foi muito mais complexa do que sugere o modelo apresentado, o que não falta são transtornos, desavenças, brigas e frustrações quando a família descobre que algum membro está envolvido com as drogas, e é nesse momento que ela deve ser conscientizada de que é parte da problemática do jovem e como tal deve assumir sua parte de responsabilidade na solução do problema. É nesse momento também que se procura os culpados, essa atitude de buscar um réu, não nos parece de grande utilidade, ao contrário, essa procura pode produzir resultados negativos, ao colocar filhos e pais em posição defensiva, o que os impede de compreender um problema que afeta toda a família. Sob essa ótica, os pais têm dificuldades em passar normas e limites para seus filhos, já em relação aos jovens, isso se manifesta na falta de afirmação e na ambigüidade com relação às leis e normas. A referência da criança são os pais, onde ela busca se afirmar principalmente nos seus questionamentos de vida e na fase das suas transformações hormonais, fases que têm como conseqüência muitas inseguranças. De acordo com Lenhard (1985, p. 69) Muito da socialização familiar é a educação, isto é, influência mais ou menos conscientemente exercida nos jovens com a intenção de formar a sua personalidade mas nem por isto predomina nela a intuição, por comunicação explicita, sobre os efeitos formativos da participação em atividades sociais. A relação entre família e escola tem que ser uma ligação de limitação recíproca, para juntas poderem discutir os problemas existentes dentro da instituição em que estão inseridas, pois, isso nos mostra que quando elas estão unidas, organizadas e comunicadas com papéis definidos, é uma fonte de proteção dos filhos para evitar condutas distorcidas, por isso, é muito importante que desde a prevenção se tente trabalhar no fortalecimento da família. Embora, essas questões pareçam coerentes, estão longe de colocar o problema em toda sua abrangência, pois, o uso de drogas não se explica apenas pelo contexto social. A personalidade do jovem, o significado que ele dá à droga e seu papel individual dentro do contexto familiar são aspectos de grande relevância para a compreensão do uso das drogas. O uso de drogas pode ser umas das manifestações externas de crise normal da adolescência, mas também, pode sinalizar desajustes, pessoais e familiares que os pais inconscientemente, se recusam a ver, ou seja, muitos pais negam-se a ver que o uso de drogas, é muitas vezes, o último recurso do filho para chamar a atenção sobre si, falar o seu mal-estar. O uso de drogas traduz quase sempre um desesperado pedido de socorro. Vale ressaltar também, que os sintomas que o filho apresenta podem indicar uma falta de comunicação entre os membros. O uso de drogas pode ser compreendido como sintoma de que alguma coisa não vai bem para o jovem dentro da família. Na visão de Buchele e Cruz (2008, p. 68) A família é a primeira referência do homem; é como uma sociedade em miniatura. É na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade , que aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. Ela é a principal responsável por nossa formação pessoal, porém não é a única. Verificando a citação acima, temos a análise da história de vida do jovem e a compreensão do seu papel na história familiar, ajuda os pais a encarar com mais realismo e sem preconceitos a questão da droga, superando, assim, a cegueira familiar. Essa nova postura permite a destruição de canais de comunicação entre pais e filhos, restabelecendo o diálogo e a confiança mútua. Os pais perceberão, sem culpabilidade, que são parte da problemática do filho e, conseqüentemente, parte da solução, logo, não se sentirão impotentes para ajudar seu filho nas dificuldades reais e na amplitude do problema no qual estão inseridos. É fundamental que o diálogo entre pais e filhos seja mantido, pois é através do diálogo que se procurará fazer uma avaliação sobre o que se passa com o jovem e qual o lugar ocupado pela droga na sua vida, de forma que os pais possam compreender a significação do comportamento do filho, sem superestimar ou negligenciar a importância do problema. É importante que educadores e pais procurem anular as influências negativas não através de métodos autoritários e ameaçadores, mas, por meio de diálogo e compreensão, bem como da sugestão de atividades que facilitem a integração social do jovem. Á medida que este se sentir participar e importante em casa, na comunidade e na escola, certamente estará menos sujeito ao fascínio das drogas, o essencial é permitir que o adolescente conheça todo o contexto que envolve esta problemática, afim de que tenha subsídios para tomar a melhor decisão. Olhando para esse prisma, é relevante dizermos que a mídia tem um papel bastante complexo, nesse panorama das drogas, sabemos que sua força é enorme e que influência de maneira indireta e significativa o modo como podemos compreender tal problema. Podemos perceber que na maioria dos noticiários da televisão, tratam a questão das drogas de maneira alarmista e sensacionalista, onde há casos de uso de drogas generalizam e condenam , sem nenhum cuidado e sem conhecimento total da gravidade do problema, colocando no entanto que o uso ou não de consumir ou experimentar é de completa responsabilidade da pessoa, ou seja, se ela ficar dependente é porque não teve competência ou maturidade suficiente para lidar com o problema, todavia, isso nos leva a refletir sobre o verdadeiro papel da mídia diante desse contexto que incluem os jovens dependentes do uso abusivo de drogas na nossa sociedade. Considerando que antes do conhecimento real da situação em nosso país sobre a extensão e magnitude do problema, torna-se imperioso disciplinar a informação ao público em geral e aos grupos determinados em todas as formas de comunicação, afim de evitar efeitos contrários aos propósitos e objetivos maiores da prevenção. É importante frisar que campanhas orientadas contra o uso de drogas pelos meios de comunicação de massa, arriscam-se a ser anti-educativas uma vez que os próprios meios, ao mesmo tempo em que servem a tais campanhas, podem reforçar, involuntariamente, a imagem do consumidor e do traficante através de sua programação de rotina, logo, não obstante a importância dos mesmos, como recursos educacionais, as modalidades de utilização desses meios devem ser cuidadosamente pensadas. Desse modo, considerando o uso indevido dos meios de comunicação, bem como a mobilização de entidades despreparadas para o combate ao uso indevido de drogas, além de causarem alarde e despertarem ainda mais a curiosidade para o assunto, padecem de um defeito mais grave, pois, apresentam o problema de maneira a radicalizar posições a favor ou contra, assentando-se, sobretudo em juízos que não levarão seguramente a uma posição crítica frente ao problema. Diante dessa reflexão, decorre uma visão de que a complexidade dos problemas relacionados com o uso indevido de drogas e a falta de prática de pessoas para preparar, produzir e avaliar matérias sobre o tema exige uma formação adequada podendo entretanto serem capacitados os especialistas dos meios de comunicação acerca do problema para utilizar-se de seus serviços na produção de materiais educativos. O que aqui podemos dizer é que, infelizmente a temática “drogas” ainda é um tabu em nossa sociedade, e precisa ser trabalhada com a participação de todos nesse desafio, que nos coloca defronte de uma série de situações e que requer de nós força, maturidade, compreensão, ética e socialização, no intuito de encontrarmos subsídios capazes de vencer essa luta tão árdua em que a escola e a família padecem, mas, vale ressaltar que, só iremos conseguir enfrentar tudo isso, se a família, a escola e a sociedade, andarem juntas na mesma sintonia e com os mesmos objetivos. 3. APRESENTANDO O PROERD O PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) tem como modelo o D.A.R. E (Drug Abuse Resistance Education) ou DARE América, foi criado em Los Angeles, nos Estados Unidos em 1983 ,pela Professora Ruth Rich, através de uma parceria entre o Distrito Escolar Unificado e o Departamento de Polícia daquela cidade, para ser implantado em escolas, com o principal objetivo de prevenir o uso e abuso de drogas entre crianças e adolescentes. Em 1992, surge no Brasil inicialmente com a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, tendo como apoio, policiais mentores de Los Angeles - EUA e a embaixada americana, teve sua primeira denominação de PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas). Em seguida, o programa foi efetivado pela Policia Militar do Estado de São Paulo no ano de 1993, passando a se chamar “Programa Educacional de Resistência às Drogas e à violência”, mas continuando com a sigla PROERD. Hoje, o programa encontra-se presente em 60 países, atingindo cerca de 35.000.000 de crianças em todo o mundo, sendo 26.000.000 somente nos EUA, onde 75%( setenta e cinco por cento) das escolas já possuem o programa. No Brasil encontra-se presente em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal com um excelente indicio de aprovação.4 No Ceará o programa foi implantado em março de 2001, por iniciativa do Coronel Professor PM da reserva remunerada Francisco Austregésilo Rodrigues Lima, então Presidente da Associação dos Amigos da Polícia Militar do CearáSOAPOL, encontrando-se até os dias de hoje na função de Coordenador Estadual. 4 - Fonte Site: www.ada.com.br/proerd Atualmente o programa tem abrangência em 57 municípios, onde já foram formadas mais de 65.000 crianças. A institucionalização do PROERD na PMCE foi através do Decreto Estadual nº. 28.232, de 04 de maio de 2006 e de sua regulamentação pela Portaria nº. 104/2006-GC, publicada no Boletim do Comando Geral nº. 150, de 08 de agosto de 2006. Em Crateús chegou no segundo semestre de 2003, na gestão do então Tenente Coronel Deladiê Feitosa Mariz, Comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, por iniciativa do Cabo PM Moacir Torres Martins, que havia participado do curso de formação de instrutores PROERD em Fortaleza, sendo o primeiro instrutor da Região de Crateús. O programa se consolidou, logo depois, com o apoio do então sub. Comandante do Batalhão, o Sr. Francisco Cláudio Bastos Mendonça Major PM, sendo proporcionado um curso de instrutor PROERD nesta urbe em 2005, aqui na sede do 7º Batalhão de Polícia Militar, formando 15(quinze) policiais militares, que receberam o certificado de conclusão do curso após terem formado uma turma de alunos PROERD cada um no decorrer do semestre, colocando a teoria na prática. NÚMEROS DO PROERD EM CRATEÚS: ANO CRIANÇAS FORMADAS 2003 (2º Semestre) 250 2004 (1º Semestre) 500 2005 (1º e 2º Semestre) 648 2006 (1º e 2º Semestre) 574 2007 (1º e 2º Semestre) 554 2008 (1º Semestre) 478 TOTAL 3004 Na Região de Crateús e dos Inhamuns o programa atende 07 ( sete) cidades formando mais de 6.900( seis mil e novecentas) crianças, sendo 3004 em Crateús, 1725 em Novo Oriente, 1000 em Tauá, 447 em Catunda, 292 em Monsenhor Tabosa, 224 em Independência, e 178 em Tamboril. Sendo realizadas ao todo 25( vinte e cinco) formaturas.5 O PROERD é um programa de educação preventiva ao uso de drogas, que tem por objetivo primordial evitar que crianças e adolescentes iniciem o seu uso. O Programa ensina técnicas centradas na resistência à pressão dos companheiros e auxílio para as crianças dizerem não às drogas, além de promover a cultura da paz com noções de cidadania e ética, fortalecendo a auto-estima da criança e apresentando sempre um modelo positivo de vida. Este programa tem como tripé os esforços cooperativos da família, polícia e escola. E se fundamenta na lei 11.343, no seu Art. 19, inciso XI, que diz: “a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas”. È de salientar que logo no início do Programa é precedido por uma reunião com pais e educadores na escola, no sentido de divulgar o programa e orientar o engajamento e a participação de todos no processo educativo de conscientização da problemática em questão. O referido programa é essencialmente preventivo e consiste em um currículo de 17 semanas, sendo uma aula por semana ao longo do semestre letivo com duração de 45 a 60 minutos, ministradas obrigatoriamente, por policiais militares fardados, especialmente treinados, sendo acompanhado e auxiliado pelo professor(a) da turma. As aulas são destinadas para alunos de escola da rede de ensino pública do 5º e 6º anos, ou seja, na faixa etária de 9 a 12 anos de idade, com auxilio de material desenvolvido especialmente para o PROERD (cartilha). É integrado a grade curricular 5 - Fonte: 7º Batalhão de Policia Militar de cada escola que adota o programa, como tema Social e Contemporâneo. Crianças exibindo o certificado de participação do PROERD. Ao final do curso é realizada uma solenidade de formatura com a presença dos pais, professores, representantes da comunidade e autoridades locais, onde é cantado o Hino Nacional, o Hino do Ceará e a Canção do PROERD, além da apresentação coreográfica de alguns alunos de diversas escolas. Os estudantes recebem um certificado de participação, um kit( boné e camisa) e fazem um juramento se comprometendo a ficar longe das drogas e da violência, recebendo o diploma de Aluno PROERD. È utilizado no programa uma linguagem acessível às faixas etárias que se direciona, contendo uma variedade de atividades interativas com a participação de grupos em aprendizado cooperativo; atividades que foram projetadas para estimular os estudantes a resolverem os principais problemas na fase em que se encontram vivendo. O currículo é pedagogicamente composto por 17 lições, tendo como base uma cartilha, onde o aluno é convidado a discutir e assistir os seguintes conteúdos: -Adquirir as habilidades e conhecimentos para reconhecer e resistir à pressão dos companheiros quando do oferecimento de álcool, cigarros e/ou outras drogas; -Aprender técnicas de como ser seguro; -Aprender alternativas positivas de combate ao uso de drogas; -Aprender a lidar com o estresse, tensões e resolver conflitos; -Aprender a tomar decisões por si próprio; -Redução da Violência; -Conseqüências dos atos de vandalismo e violência; -Construir habilidades de comunicação; -Resistir ao envolvimento com gangues; -Noções de cidadania, respeito e educação; -Maneiras de dizer não às drogas; -A escolha de amigos e o sistema de apoio; 6 Tais ensinamentos são transmitidos e compartilhados para fortalecer a atitude positiva das crianças em relação às autoridades e o respeito às leis, desmistificando também propagandas comumente veiculadas reforçando a idéia de que para se obter sucesso deve-se experimentar e usar determinadas drogas. 3.1. Os instrutores PROERD Os instrutores do PROERD são policiais militares voluntários, cuidadosamente selecionados observando-se a conduta moral, a experiência policial e sua atividade sócio-educativa. O curso de habilitação do instrutor PROERD tem a duração de 80 horas aula e conta em seu corpo docente com profissionais das mais diversas áreas relacionadas a prevenção, como: Psicologia, Legislação, Saúde e Educação. 6 - Fonte: Cartilha do PROERD Perfil do Policial Instrutor: Ser voluntário; Ter experiência em atividade educacional; Ter criatividade; Ter facilidade de comunicação; Não fazer uso abusivo de álcool; Não fumar; A atuação dos instrutores, além de estimular as habilidades das crianças para resistirem às pressões ao uso de droga, estreita o relacionamento policial e aluno. Assim, com a sua presença em sala de aula, tem a atuação como educador social, propiciando um forte elo de ligação na comunidade escolar em que atua, demonstrando ser motivo de exemplo para todos. O instrutor também prepara reuniões com os pais e professores e orienta sobre como reconhecer sinais de uso de drogas nos filhos e como melhorar a comunicação familiar. Instrutor PROERD na sala de aula A vocação preventiva contra o crime, prevista pela atual Constituição Federal, estendeu-se também para as drogas e violência em trabalho inédito nas escolas, onde o PROERD passou a ser a resposta das PMS para a questão das drogas. Com este projeto o policial militar mostrou que também é sensível e que pode atuar com sucesso em outras áreas, tentando modificar a imagem de policial truculento adquirida com o tempo. Vencendo muita resistência inicial, o trabalho do PROERD é um sucesso, despertando na sociedade a importância e a necessidade do trabalho de prevenção junto às escolas. Os policiais PROERD ministram palestras sobre Drogadicção, trabalham com dramatização de situações cotidianas buscando retratar ao máximo a realidade vivida por estes jovens. Procuram também envolver o corpo docente e os funcionários das Unidades de Ensino, bem como os pais, para uma conduta sadia, na relação atenta com seus filhos, num diálogo franco e aberto sobre a importância do exemplo dos adultos para a conduta dos filhos. O processo de formação dos alunos também é direcionado no sentido de formar cidadãos conscientes de suas responsabilidades e deveres, melhor exemplo disso é o aprendizado do Hino Nacional, além dos Hinos do Estado e Município, provocando um espírito patriótico esquecido nas práticas escolares. Vale ressaltar que o Policial PROERD não se baseia em transmitir a face negativa das drogas, ele trabalha sua aula de forma didática e dinâmica, não deixando de haver disciplina, tendo a participação constante dos alunos, onde se proclama e destaca a alegria de viver, onde se trabalha o saber crítico, quebrando a percepção repressiva, promovendo a prevenção de drogas de forma criativa e consistente. Como ressalta Sodelli (s/d, p. 02): Na verdade um trabalho preventivo deve ter como objetivo fazer com que o jovem pense e reflita de maneira crítica sobre sua vida, suas escolhas, seus desejos, suas frustrações e seu futuro. Então, um trabalho preventivo ao uso abusivo de drogas deve romper com a visão simplista da mera proibição. Devemos preparar os jovens para as suas futuras escolhas. O Programa não invalida qualquer outro programa, trabalho ou atividade de prevenção, dirigido aos jovens como um todo. A cooperação da sociedade é fundamental, e a participação, efetiva, do empresariado constitui-se na sustentação, econômica e financeira, da viabilidade e continuidade do PROERD, visando atender parcela, cada vez mais significativa, das crianças e adolescentes onde o programa atua, criando, dessa forma, uma rede protegida, crescente, contra as drogas (lícitas e ilícitas), bem como contra as atitudes que geram violência. Infelizmente na região dos sertões de Crateús o programa tem apenas o apoio das prefeituras que financiam o material didático e o kit (boné e camisa), ficando para a Polícia Militar a missão de ceder o policial e o transporte para seu deslocamento. No momento existem apenas 02 (dois) instrutores que com muita perseverança e força de vontade fazem “milagre”, pois além da cidade de Crateús é atendida as cidades de Tamboril, Novo Oriente, Catunda e Independência, além de alguns distritos dessas respectivas cidades. O sucesso do programa depende de um perfeito entrosamento entre a Escola, a Família e a Polícia. Portanto, mostrando que a prevenção sempre será o melhor remédio, apresentaremos a seguir algumas indicações que não devem ser entendidas como resposta a esse desafio, mas, sobretudo, como possíveis pontos de partidas para educadores e família que estejam efetivamente comprometidos com a elevação da qualidade de vida dos indivíduos em nosso país. 3.2. Apresentação e análise dos dados em relação ao PROERD em Crateús Os problemas do uso indevido de drogas preocupam cada vez mais a sociedade, a família e os órgãos públicos. Embora seja difícil chegar-se a uma estimativa correta desse consumo, sabe-se que uma ampla faixa da população jovem do país tem contato com drogas. A relatividade cultural da presença de drogas na sociedade é notável, o que é demonstrado através de uma série de exemplos. Para tanto, para entender seu alcance, tomamos como complemento do objeto de estudo algumas opiniões de 4(quatro) instrutores do curso PROERD, dentre eles 02(dois) encontram-se em pleno desenvolvimento ativo do programa, 01(um) está afastado e o outro é o Coordenador do Programa na Região. Dentro do perfil dos entrevistados, 2(dois) possuem nível superior e 2(dois) possuem nível médio. A entrevista foi na forma escrita, obtendo as respostas no prazo médio de 10(dez) dias. O intuito seria discutir e analisar o cenário do uso indevido das drogas em nosso município, além de questionar os avanços e dificuldades do PROERD. 3.2.1. A percepção dos policiais instrutores acerca das drogas e do PROERD em Crateús As respostas muitas vezes convergiram, em suas falas, quando dizem que é alarmante a utilização das drogas em nosso município, uma vez que, é evidente, que o uso de drogas não se reduz a uma simples procura de prazer, encarar o fenômeno dessa forma significaria simplificar demasiadamente a sua complexidade e o grande número de funções que preenche nas diversas dimensões da existência. Conforme depoimento do Instrutor PROERD ( dezembro de 2008), Sabemos que o uso de drogas é constante em todo o país, e em Crateús a situação é critica alarmante na vida cotidiana dos jovens, apesar de terem informações sobre os efeitos e os malefícios que as drogas lhe causam, mesmo assim, muitos adolescentes querem ter sempre a excitação de correr riscos, permitindo o uso abusivo do prazer,... Foi enfatizado a diferença do PROERD dos outros programas, em especial na sua forma preventiva, onde existe uma qualificação do instrutor que trabalha de forma dinâmica, interagindo de forma inteligente com as crianças, tendo a parceria indispensável dos pais e educadores. Se diferenciando de outras instituições estatais que sempre trataram o assunto de forma repressiva e violenta. “Valendo ressaltar que aqui em Crateús não existe outro programa que trabalhe a prevenção ao uso das drogas”. Concluiu um instrutor. Quando se focaliza a questão da implantação do PROERD em Crateús, no combate às drogas e seus avanços, os instrutores ressaltam dizendo que trabalham com a parceria da escola, polícia militar e família, na qual professores, alunos, policiais e pais interagem-se pedagogicamente, no processo de ensino-aprendizagem, buscando um trabalho extracurricular, com a perspectiva de um amanhã digno de ser vivido, possibilitando a intervenção, através de ações junto a comunidade, levando informações, orientação e encaminhamento aos serviços de educação, saúde e programas de retaguarda. Segundo o Coordenador do PROERD na região (dezembro de 2008), Vale primeiramente ressaltar que o PROERD é um programa que trabalha a longo prazo, e existe na cidade de Crateús há apenas alguns anos, então seus verdadeiros frutos só devem ser colhidos dentro de sete a dez anos de trabalho continuo, período este em que os atuais alunos, hoje com oito ou dez anos de idade, passarão a terem os primeiros contatos e curiosidade com as drogas(...) De posse destes dados e através da troca de experiência com os instrutores e acompanhamento pedagógico dos alunos, estima-se que pelo menos dez por cento das crianças atendidas, tenham sido realmente vacinadas contra as drogas, ou seja, pessoas que poderiam serem usuários de drogas no futuro, deixarão de ser. Com relação à abrangência do PROERD em Crateús, os instrutores ressaltam que o programa deixa ainda um pouco a desejar, pois, precisaria de maior engajamento por parte dos pais e da comunidade, visando assim, atingir a escola e a família, através da transmissão dos conhecimentos prestados pelos professores e instrutores sobre os estragos das drogas no organismo. “Apesar de todo o sucesso do programa vale ressaltar que o alcance seria maior se tivéssemos cem por cento das crianças atendidas pelo projeto, ou seja, precisaríamos no mínimo dobrar o número de policiais”, ressalta um instrutor. No que diz respeito á parceria, cabe dizer que é uma das grandes dificuldades enfrentadas, no tocante a um maior empenho por parte do governo estadual e da prefeitura. As autoridades querem a execução do projeto e o consideram extremamente importante, mais não dão nenhum apoio estrutural e nem financeiro para que o PROERD aconteça com maior evidência, o que muito dificulta as ações. Embora, o PROERD tenha diversos aspectos positivos, os instrutores salientam que no início, quando muitos não tinham qualquer idéia em relação ao programa, existia um grande preconceito da “tropa”, ou seja, pelos policiais, não só em relação ao PROERD, mas com todas as outras funções exercidas por policiais militares que não estão em serviços de viaturas, ou guardas, a chamada “pedra”, preconceito este que tende a ser minimizado com a nova política de policia comunitária adotado pelo governo do Estado que é uma tendência mundial. Em tal doutrina os policiais tendem a ter uma visão mais preventiva e começam a enxergar a sociedade como algo que devem proteger e trabalhar em prol da população. De acordo com o Instrutor PROERD (dezembro de 2008), No começo quando não tinham idéia em relação ao assunto, existia um grande preconceito, hoje não existe tantas críticas negativas, porque sabem o tanto quanto é importante esse programa, e como nós instrutores PROERD superamos as dificuldades e adversidades para dá continuidade à luta contra as drogas, sendo um programa que muito beneficia os jovens. Sob essa ótica, é relevante enfatizar que os instrutores do PROERD dizem que a família e a escola têm papel imprescindível para a conscientização e que são partes fundamentais de tal problemática, como tal devem assumir suas responsabilidades na solução do problema. Sabemos que hoje em dia as famílias não mais possuem moral e costumes de outrora, na opinião de alguns instrutores do programa, que inclusive diz presenciar alunos relatando o uso exagerado de cigarro e álcool por parte de seus pais, isso quando não fazem uso de drogas ilícitas. Por vezes, sabemos ainda que, muito dos pais de família não possuem empregos e desta forma levam uma vida de ociosidade não tendo como servir de exemplo à sua prole. Decorrente a isso é importante atentar para as atividades de informação e divulgação de conhecimentos sobre as drogas e seus efeitos, pois, a partir dessas ações desenvolvidas alcançaremos uma educação continuada e significativa, com mudanças aceleradas, bem como forças psicológicas para enfrentar com pertinência e eficácia os problemas de drogas que surgem em nossa sociedade. Diante desses relatos, fica evidente a necessidade de uma intervenção comportamental-educativa promovendo o desenvolvimento psicossocial, recursos técnicos e teóricos para que eles desenvolvam habilidades que os capacitem a prevenir e resolver adequadamente o maior número de situações relacionadas à iniciação ao consumo de drogas, sobretudo, as primeiras ofertas. Apresentaremos agora, os gráficos que esclareceram em percentual todos esses questionamentos, que foram respondidos pelos instrutores. GRÁFICO 1: COMO VOCÊ ANALISA A SITUAÇÃO DE CRATEÚS NO CENÁRIO NO QUE SE REFERE AO USO INDEVIDO DE DROGAS? Fonte: Instrutor PROERD Observando o gráfico 1, fica evidente que 75% dos entrevistados acham que é alarmante a situação de Crateús no tocante ao uso indevido de drogas, 25% afirmam que é regular. Isto significa que para os instrutores, muitos jovens consomem drogas seja lícita ou ilícita. GRÁFICO 2: ESPECIFICAMENTE EM RELAÇÃO AO PROERD, ESSE PROGRAMA SE DIFERENCIA DE OUTROS PROGRAMAS EDUCATIVOS? Fonte: Instrutores Proerd O Gráfico 2 mostra que não obstante, 100% dos entrevistados concordam que o PROERD é um programa diferenciado dos demais, ou seja, é unânime a indicativa que em Crateús a melhor solução na prevenção ao uso indevido de drogas é o PROERD. GRÁFICO 3: COM A IMPLAMTAÇÃO DO PROERD EM CRATEÚS, O QUE VOCÊ ACHA QUE MUDOU? HOUVE AVANÇOS EM FUNÇÃO DELE? Fonte: Instrutores Proerd O gráfico 3, nos mostra que 75% das respostas afirmam que houve muitos avanços em Crateús com implantação do PROERD, 25% acham que o programa conseguiu atingir avanços parcialmente. O que aqui se conclui é que esses 25% do ''parcialmente'' possam conhecer melhor a proposta do programa PROERD e que os mesmos possam mudar de opinião. GRÁFICO 4: VOCÊ ACHA QUE A ABRANGÊNCIA DO PROERD NA REGIÃO DE CRETEÚS É SUFICIENTE? Fonte: Instrutores Proerd Em relação ao gráfico 4, o que se viu foi uma contradição de opiniões, pois enquanto 25% afirmam que a abrangência do PROERD é suficiente, outros 50% dizem que a realidade é outra totalmente diferente, ainda sendo obtida a informação de que o programa é razoável em sua abrangência por 25% dos entrevistados. GRÁFICO 5: EXISTEM PARCERIAS? Fonte: Instrutores Proerd Pela informação visível do Gráfico 5, os instrutores se dividem na afirmativa, com 50% confirmando a existência das parcerias e 50% colocam que situação ainda não é a ideal, sendo necessário maior incentivo no âmbito estadual e municipal, tanto financeiro como de recursos materiais e humanos. GRÁFICO 6: COMO É VISTO O PROERD PELOS OUTROS POLICIAIS? Fonte: Instrutores Proerd Considerando o Gráfico 6, fica patente na resposta dos instrutores que os policiais militares não seriam totalmente receptivos quanto a idéia. Vê-se que apenas 25% recepciona o programa, sendo que 50% colocam-se numa postura parcial e 25% é contra. O que se conclui é que se faz necessário um trabalho interno de conscientização para a mudança do presente quadro. GRÁFICO 7: PAIS E EDUCADORES PODERIAM INTERFERIR POSITIVAMENTE NO COMPORTAMENTO DOS JOVENS? Fonte: Instrutores Proerd Pela visão dos instrutores notificada no Gráfico 7, a partir de seus 75% colocam a família e os professores como pessoas que poderiam ajudar no comportamento dos jovens, nada mais justo que lhes concedam isto, haja vista eles serem os sujeitos mais próximos dessa realidade. Sendo que 25% não confiam totalmente na credibilidade da família em interferir positivamente para os jovens. Os dados nos mostram que, tão antigas quanto às drogas, são as tentativas de erradicá-las, isso nos indica que a erradicação das mesmas é uma meta factível, mas que exigirá um grande esforço por partes de muitos, onde comunidade, família, professores, governo, autoridades e dependentes químicos precisam estar preparados e integrados nas redes sociais. É importante que se incentive a troca de experiências, para que visões diferentes do problema se complementem e promovam a sociabilidade e solidariedade diante das dificuldades. Cada pessoa tem um papel a desempenhar e uma competência a oferecer, para o objetivo comum de articular e de sustentar a rede social, dessa forma inicia-se um processo de construção de um novo saber comum a todos os envolvidos nessa luta árdua que nos deparamos com o mundo das drogas. 3.2.2. A visão da população sobre o PROERD Como complemento à tomada de conhecimento da problemática no município de Crateús, fizemos uma pesquisa no inicio do semestre letivo de 2009, onde questionamos a satisfação dos entrevistados sobre o programa, feito para 12(doze) professores de três escolas públicas (Carlota Colares, Vilebaldo Martins, Santa Inês), 9(nove) pais de ex-alunos PROERD das mesmas escolas, como também para 30(trinta) crianças que fizeram parte desse projeto. O objetivo dessa pergunta foi saber a aceitação do referido programa pelas pessoas que participaram direta ou indiretamente, analisando não só o grau de popularidade, mas também para obtermos a relativa confiança existente no PROERD. Fonte: Professores, pais, ex-alunos do proerd A partir da análise dos dados da pesquisa e do gráfico acima constatamos que há uma variação nas respostas, pois, o mesmo nos mostra que 16,5% dos professores entrevistados consideram boa a implantação do PROERD em Crateús, enquanto 83,5% acham excelente, todavia, 11% dos pais entrevistados, consideram regular, enquanto 22% opinam dizendo bom, já para 67% afirmam que o PROERD é ótimo. A pesquisa também nos revela opiniões positivas quando os entrevistados são os ex-alunos, onde 16.5% consideram bom e 83.5% concordam que o PROERD é um ótimo programa no tocante de comunicação e informação para o uso indevido de drogas. Conclui-se que as pessoas que estiveram em contato mais próximo do programa, aprovam incondicionalmente a forma e os resultados obtidos no decorrer de seis anos, mostrando nas suas afirmativas grande satisfação e esperanças de que o PROERD, tanto continue, como se possível amplie sua abrangência. As crianças em especial demonstraram muito afeto pelos instrutores, onde também havíamos observado tal entusiasmo tempos atrás, ao presenciar o trabalho do instrutor em sala de aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista as questões aqui colocadas, consideramos relevante a nossa preocupação com a educação como prevenção ao uso indevido de drogas, bem como o PROERD, que se torna imprescindível para a solução dessa problemática. Para tanto, partimos do pressuposto de que, se sabemos aonde vamos e com que meios utilizaremos os recursos para a obtenção de resultados positivos, compreendemos os conflitos, relevâncias, bem como as dificuldades e acepções que esse objeto nos vislumbra em todo o seu processo. É importante salientar também que é comum hoje em dia em nossas escolas ações de prevenção e combate às drogas sem uma continuidade. São, na maioria, ações interrompidas, episódios isolados. Apesar de sua contribuição, é preciso que se comece um trabalho consistente e constante, engajando família, escola e comunidade, assim como faz o programa PROERD em algumas escolas de Crateús. Mesmo sabendo das dificuldades existenciais do programa, ele se sobressai pelo empenho dos seus instrutores. Vimos que o PROERD, para muitos, vem como salvação, transformando-se no “braço” do Estado, estando mais presente nas escolas públicas, sendo o único que lida com a prevenção primária, ou seja, tenta impedir que os jovens sequer experimentem qualquer tipo de droga. Mas, a realidade é que o programa encontra-se em um momento crucial, pois falta estímulo por parte da instituição estatal aos seus instrutores. O PROERD de Crateús, por exemplo, encontra-se com apenas um policial instrutor em toda a região. Olhando de perto pode-se dizer que é um absurdo, pois infelizmente o mesmo não terá sequer chance de conquistar objetivos concretos. Em Crateús, depois de pesquisas de campo, pudemos constatar que não há muitos programas na sociedade civil. Mesmo o CCDS, que seria o elo da comunidade com o Estado, encontra-se com poucos conselhos em funcionamento, mostrando a necessidade de maior aproximação do Poder Público com a sociedade dos bairros, pois nos encontramos em uma época crucial de se repensar em reformulações em benefício da comunidade mais carente, como dos jovens em geral. Sentimos a necessidade de maior atitude em relação à educação, esporte, cultura, geração de emprego, dentre outros. Outro fato que nos deixa perplexo, é a negligencia da sociedade como um todo, pois podemos perceber o alastrado em que a droga encontra-se em nossa cidade, tendo diversos exemplos de vítimas, sejam elas de acidentes de trânsito, de prisões, ou até mesmo de óbitos. Ficando claro que a conscientização e a estruturação familiar em conjunto com programas específicos fazem-se necessários para que possamos amenizar esse problema. Neste sentido, apresenta-se esta abordagem do tema ''drogas'' como fenômeno complexo e multifacetado que permeia a atuação dos indivíduos na sociedade, com uma realidade que está posta e que exige respostas do conjunto da sociedade. Expõe-se, assim, a importância da capacitação para instrumentalizar a participação de todos os envolvidos nessa luta. Dentro desse aspecto, a relevância dessa pesquisa, constitui-se numa possibilidade concreta de produção de conhecimentos, envolvendo pesquisadores e investigados em empreendimentos coletivos de investigação, com efeitos que se complementam no espaço escolar com a finalidade de uma educação preventiva e participativa, no combate às drogas. Atrelado a estas questões, consideramos que este trabalho deve ser visto com qualidade e profundidade diferenciada como condição para formar consciência crítica tanto para os docentes quanto para a sociedade em geral. Entretanto, recorremos a essa temática no sentido de contribuir com os debates e reflexões sobre o ''mundo das drogas'', em que muitos dos jovens estão inseridos nesse panorama que assola muitas famílias em nosso país. Constitui-se este como um caminho de compreensão acerca da dimensão científica e educativa da pesquisa educacional sobre o mundo das drogas. Não temos a presunção, com a presente discussão, esgotar os questionamentos e reflexões pertinentes às especificidades da Educação Preventiva no combate ao uso indevido das drogas e programas como o PROERD. Ao contrário, pretendemos contribuir para que esse tema tão polêmico, mas tão pouco trabalhado, torne-se presente no meio docente e sirva de reflexão para que, ao menos nas escolas, haja uma maior conscientização a respeito deste problema. Por fim, esperamos que este trabalho possa servir também de alerta para mestres e pais, para se mobilizarem para a conscientização do tema “droga”, confiando na educação, para que possamos vacinar ou mesmo amenizar a situação encontrada pelos jovens, pois o que se observou nesse estudo foi uma grande preocupação por parte da sociedade. Infelizmente, há pouca ação de todos, seja na área literária, educacional e da própria comunidade que vivencia esse drama de perto, e que não se coloca também como responsável. A atitude tem que ser de todos nós, e que num futuro próximo esse problema seja pelo menos amenizado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Sílvio & MELHEIROS, Irene de Jesus Andrade, Uma proposta pedagógica sobre prevenção ao uso indevido de drogas, [s/d], p. 16. Disponível em: www.diaadiaeducação.pr.gov.br . Acesso em: 02 de Março de 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Edição 2003. BRASIL. 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ANEXOS ANEXO 01 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Faculdade de Educação de Crateús Curso de Pedagogia Pesquisa: ¨A Educação como Prevenção ao uso indevido das drogas: PROERD como estudo de caso¨ Aluno: Wendson Martins Borges Orientadora: Elda Maciel Perfil: Nome: Sexo: M( ) Estado Civil: Solteiro( ) F( ) Casado( ) Escolaridade: Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo ( ) Pós - Graduação ( ) ENTREVISTA 1- Como você analisa a situação de Crateús no cenário no que se refere ao uso indevido de drogas? 2- Especificamente em relação ao PROERD, o que esse programa se diferencia de outros programas educativos? 3- Com a implantação do PROERD em Crateús, o que você acha que mudou e que avanços têm acorrido em função dele? 4- Você acha que a abrangência do PROERD na Região de Crateús é suficiente? O que precisa melhorar? 5- Existem parcerias? Em termos de recursos em que pontos ainda estão carentes? 6- Como é visto o PROERD pelos outros policiais? 7- De que maneira pais e educadores poderiam interferir positivamente no comportamento dos jovens? Respostas ANEXO 02 LOGOTIPOS DO PROERD APOSTILHA CANÇÃO DO PROERD EXISTE UM PROGRAMA QUE VAI LHE AJUDAR EXISTE UM AMIGO QUE VAI LHE ENSINAR QUE O PROBLEMA "DROGAS" MERECE ATENÇÃO E PARA MANTER-SE À SALVO É PRECISO DIZER NÃO PROERD É O PROGRAMA PROERD É A SOLUÇÃO (Refrão) LUTANDO CONTRA AS DROGAS ENSINANDO A DIZER NÃO CULTIVANDO O AMOR PRÓPRIO, CONTROLANDO A TENSÃO. PENSANDO NAS CONSEQÜÊNCIAS, RESISTINDO À PRESSÃO. COMO AMAR A PRÓPRIA VIDA, E ÀS DROGAS DIZER NÃO. QUEM LHE ENSINA É O AMIGO, MAS É SUA A DECISÃO ANEXO 03 DROGAS QUE DIMINUEM A ATIVIDADE MENTAL ( Depressoras) Substâncias Origem Conhecida como Ansiolíticos ou Substâncias Sedativos, tranqüilizantes sintéticas calmante. produzidas em (Valium, exotan, laboratório Diazepan,Lorax) Inalantes Solventes Alívio da tensão e da ansiedade, relaxamento muscular,sonolênc ia,fala pastosa, descoordenação dos movimentos, falta de ar Em altas doses podem causar queda da pressão arterial. Quando usadas com álcool, aumentam os seus efeitos, podendo levar a estado de coma. Em grávidas podem causar má formação fetal. Álcool, “birita”, Em pequenas “mé”, “mel”, doses: desinibição, “pinga”, “cerva”, euforia, perda da etc. capacidade crítica;Em doses maiores sensação de anestesia, sonolência, sedação. O uso excessivo pode provocar náuseas, vômitos, tremores, suor abundante, dor de cabeça, tontura, liberação da agressividade, diminuição da atenção, da capacidade de concentração, bem como dos reflexos. Cola de sapateiro, esmalte, benzina, lança-perfume, “loló”, gasolina, acetona,éter, tíner aguarrás e tintas. Euforia, sonolência, diminuição da fome,alucinações. Tosse, coriza, náuseas e vômitos, dores musculares. Visão dupla, fala enrolada, movi Em altas doses, pode haver queda da pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos do coração, podendo levar à morte. Extraídos da Heroína, morfina papoula ou e codeína( produtos xaropes de tosse, sintéticos Belacodid, Tylex, obtidos em Elixir paregórico, laboratório. Algafan).Dolantin a, Meperidina e Demerol. Sonolência, estado de torpor, alívio do dor, sedativo da tosse. Sensação de leveza e prazer. Pupilas contraídas. Pode haver queda da pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos do coração, podendo levar à morte. Obtido a partir de cana-deaçúcar, cereais ou frutas, através de um processo de fermentação ou destilação. Álcool etílico ou Sustâncias químicas. Narcóticos(ópio e seus derivados: heroína, morfina e codeína) Possíveis efeitos Possíveis conseqüências DROGAS QUE AUMENTAM A ATIVIDADE MENTAL (Estimulantes) Substâncias Origem Conhecida como Anfetaminas Substâncias Metanfetamina, sintéticas “ice”,“bolinha”, obtidas no “rebite”, laboratório. “boleta”, Moderex, Hipofagin, Inibex, Desobesi, Reactivan, Pervertin, Preludin. Cocaína Substância extraída da folha de coca, planta encontrada na América do Sul. Possíveis efeitos Possíveis conseqüências Estimulam atividade física e mental, causando inibição do sono e diminuição do cansaço e da fome. “Pó”, “brilho”, Sensação “crack”, poder, “maria”, pastabase. Tabaco (nicotina) Extraído da Cigarro, Estimulante, folha do fumo. Charuto e fumo sensação prazer. Podem causar taquicardia, aumento da pressão sangüínea, insônia, ansiedade e agressividade. O uso prolongado pode levar à destruição do tecido cerebral. de Pode causar taquicardia, febre, pupilas dilatadas, suor excessivo e aumento da pressão sangüínea Podem aparecer insônia, ansiedade, paranóia, sensação de medo ou pânico. Reduz o apetite, de podendo levar a estados crônicos de anemia. O uso prolongado causa problemas circulatórios, cardíacos e pulmonares. O hábito de fumar está freqüentemente associado a câncer de pulmão, bexiga e próstata, entre outros. DROGAS QUE PRODUZEM DISTORÇÕES DA PERCEPÇÃO (Alucinógenas) Substâncias Origem Conhecida como Possíveis efeitos Possíveis conseqüências Maconha (tetraidrocanabi nol) Substância Maconha, extraída da haxixe, planta “baseado”, Cannabis “fininho”, sativa. “marrom”. Excitação seguida de relaxamento, problemas com o tempo e o espaço, falar em demasia e fome intensa. Palidez, taquicardia, olhos avermelhados, pupilas dilatadas e boca seca. Prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes; algumas pessoas podem apresentar alucinações, sobretudo visuais. O uso contínuo prolongado pode levar a uma síndrome amotivacional (desânimo generalizado) Alucinógenos Substâncias extraídas de plantas ou produzidas em laboratório. LSD (ácido lisérgico, “ácido”, “selo”, “microponto”), psilocibina (extrída de cogumelos) e mescalina (extraída de cactos). Efeitos semelhantes aos da maconha, porém maiintensos. Alucinações, delírios, percepção deformada de sons, imagens e do tato. Podem ocorrer “más viagens”, com ansiedade, pânico ou delírios. Ecstasy ( Substância MDMA, metileno – dióxi sintética do “êxtase”, “pílula metanfetamina) tipo do amos” anfetamina, que produz alucinações. Sensação de bemestar, plenitude e leveza. Aguçamento dos sentidos. Aumento da disposição e resistência física. Alucinação, percepção distorcidas de sons e imagens. Aumento de temperatura e desidratação, podendo levar à morte.