+ Esofagite Infecciosa Tatiana Nascimento Moreira da Fonseca Residente do 4º ano da Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica da escola Paulista de medicina - UNIFESP + ESOFAGITE INFECCIOSA Esofagite infecciosa afeta principalmente pacientes imunocomprometidos, um grupo em ascensão devido aos avanços no tratamento de doenças neoplásicas, auto-imunes e o aumento em transplantes de órgãos e de células hematopoiéticas. Além dos pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Pacientes imunocompetentes também podem ter em menor grau, e já descritos alguns fatores predisponentes, em especial na esofagite por Candida, tais como a presença de alterações esofágicas favorecendo estase alimentar como acalasia, o uso de corticosteróides inalatórios, diabetes mellitus, idade avançada, insuficiência renal, desnutrição e alcoolismo. O diagnóstico é feito por endoscopia digestiva alta (EDA) onde é visualizada diretamente a lesão, que em alguns casos é muito sugestiva ou característica; a retirada da amostra para histologia e/ou cultura, estabelece o diagnóstico definitivo. O estudo radiológico baritado do esôfago pode oferecer dados compatíveis, mas são menos sensíveis. + ESOFAGITE INFECCIOSA CITOMEGALOVÍRUS (CMV) HERPES SIMPLES VÍRUS (HSV) PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) CANDIDA + ESOFAGITE POR CMV + ESOFAGITE POR CMV O citomegalovírus (CMV), também conhecido como HHV-5, é um herpesvírus humano (HHV) e pertencente à família Herpesviridae. Uma característica peculiar desse vírus é sua capacidade de latência. Assim, após uma infecção primária, geralmente assintomática, o vírus não é eliminado do organismo e, como os outros herpesvírus, permanece ali de forma latente, e sua viremia se mantém em níveis reduzidos. Em diferentes circunstâncias, ele pode ser reativado como, por exemplo, em casos de gestação, uso de drogas imunossupressoras, AIDS ou qualquer outro fator que altere o sistema imunitário, causando diversas doenças como pneumonia, esofagite, encefalite, hepatite, pancreatite, gastrite, enterite, colite e retinite. As infecções por CMV são muito freqüentes, porém observa-se que a doença clínica é rara em crianças e adultos imunocompetentes. Entre 30% e 90% dos adultos imunocompetentes apresentam anticorpos IgG-CMV presentes no organismo, sendo descritos como soropositivos para CMV. + ESOFAGITE POR CMV Para os imunodeprimidos, especialmente os transplantados e infectados pelo HIV, depende do seu potencial de morbimortalidade, enquanto que em imunocompetentes geralmente é assintomático ou se manifestar como síndrome monolike, embora às vezes a infecção primária pode causar complicações graves em diversos órgãos. Reativação secundária da doença geralmente ocorre no contexto de imunossupressão. Envolvimento esofágico por CMV ocorre principalmente em pacientes imunocomprometidos, sendo na infecção por HIV a segunda causa mais comum de esofagite infecciosa. Nos imunocompetentes é raro, com poucos casos relatados, por vezes, depois de terem sido tratados com corticosteróides, mas em outros casos, os pacientes não tinham fator de risco. + ESOFAGITE POR CMV Os sintomas são semelhantes aos da esofagite de Candida ou HSV, sendo descrito o início mais gradual. O aspecto endoscópico é caracterizado pela presença de úlcera única ou múltipla e tendem a ser lineares, por vezes maiores e mais profundas do que as produzidas por HSV, geralmente no esófago médio e distal. Também foram relatados casos de esofagite erosiva, necrose esofágica aguda e processos inflamatórios de aspecto tumoral. + ESOFAGITE POR CMV O diagnóstico é estabelecido a partir de biópsias realizadas de preferência na parte inferior das úlceras, pois geralmente o CMV infectam células epiteliais, fibroblastos na submucosa e células endoteliais. Os efeitos citopáticos com inclusões intranucleares eosinofílicas rodeado por um halo e múltiplas pequenas inclusões intracitoplasmáticas de aspecto granular. A histologia, métodos de Imunohistoquímica e técnicas de PCR são confiáveis para o diagnóstico. Detecções de IgM e IgG através dos diversos métodos sorológicos (imunofluorescência indireta, ELISA, raioimunoensaio), são rotineiramente solicitadas para o diagnóstico, porém têm papel limitado, não permitindo afastar ou confirmar esta infecção na ausência de detecção viral. + ESOFAGITE POR CMV Existem vários medicamentos disponíveis para o tratamento da infecção pelo CMV, tais como: ganciclovir, valganciclovir e foscarnet. Apesar de haver pouca experiência na utilização em pacientes imunocompetentes, foram descritos alguns casos de infecções graves por CMV com boa resposta ao tratamento destes pacientes. O ganciclovir e o foscarnet possuem pouca biodisponibilidade oral e elevada toxicidade. Agem de forma virustática, ou seja, inibindo a replicação viral enquanto são administrados. Além de sua ação anti-CMV, o foscarnet tem atividade in vitro anti-HIV. Como efeito da toxicidade pode-se citar a mielossupressão (neutropenia, trombocitopenia), insuficiência renal, hepática, coma, convulsão, além de distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, hipomagnesemia, hipofosfatemia e hipocalemia). + ESOFAGITE POR HSV + ESOFAGITE POR HSV Como Candida, o vírus herpes simplex (HSV) tem tropismo pelo epitélio esofágico poliestratificado, embora não faça parte da flora local. Ambos os tipos de HSV (HSV-1 e HSV-2) podem causar a esofagite, sendo mais frequente o HSV-1. Ele geralmente afeta pacientes imunodeprimidos, transplantados, com menos frequência em pacientes com infecção pelo HIV. Esofagite por HSV também tem sido descrita em pessoas saudáveis, especialmente homens jovens, e pode ocorrer em qualquer idade. Envolvimento esofágico pode ocorrer tanto em infecção primária e em reativações posteriores, tendo sido descritos na maioria das vezes na infecção 1ª nos pacientes imunocompetentes. Além disso, é descrito como fator que favorece uma possível infecção com perda da integridade da mucosa do esôfago, quer por causas iatrogênicas ou outras, tais como esofagite de refluxo. + ESOFAGITE POR HSV Os sintomas são dor de garganta, febre e dor retroesternal, geralmente de início agudo. Também pode haver disfagia e pirose, assim como feridas ou HSV coexistentes com envolvimento orofaríngeo. A doença geralmente tem um curso autolimitante em indivíduos imunocompetentes, com resolução completa em uma ou duas semanas. Em imunodeprimidos é geralmente mais agressiva, as complicações são mais frequentes, incluindo hemorragias, perfuração, estenose do esôfago e formação de fístula traqueoesofágica. + ESOFAGITE POR HSV O diagnóstico é feito por endoscopia. As lesões costumam aparecer no esôfago médio e distal, mas pode ser afetado em sua totalidade e mesmo o estômago. O aparecimento das lesões depende do estágio de desenvolvimento, inicialmente observadas múltiplas vesículas 13 milímetros que confluem e formam úlceras geralmente superficiais, bordas bem demarcadas e elevadas. Em alguns casos poderá ter exsudatos ou difusas erosões esofágicas. As amostras devem ser realizadas na borda das úlceras, por biópsia ou escovagem, aonde são mais evidentes as mudanças celulares típicas induzidas pelo vírus (células gigantes multinucleadas, degeneração balonizante, cromatina marginal e inclusões intracelulares eosinofílicas Cowdry tipo A) . Também deve ser realizada cultura viral a partir de amostras de esôfago para confirmar o diagnóstico. As técnicas de imunohistoquímica (IHQ) ou detecção reação em cadeia polimerase (PCR) do DNA viral também irá auxiliar no diagnóstico. + ESOFAGITE POR HSV + ESOFAGITE POR HSV O tratamento da esofagite por HSV irá depender do estado imunitário do paciente. Em imunossuprimidos requer tratamento mais prolongado do que outras infecções de HSV menos invasivo. Em pacientes que podem tomar a medicação oral geralmente utiliza-se aciclovir (400 mg 5 vezes por dia por 14-21 dias), sendo efetivo e com poucos efeitos adversos. Também pode ser utilizado famciclovir ou valaciclovir, embora seja menor a experiência com estes medicamentos, no contexto da esofagite. + ESOFAGITE POR HSV Em pacientes imunocompetentes geralmente ocorre resolução espontânea em 1 ou 2 semanas. Nestes casos, o benefício do tratamento não é comprovado, mas, em geral, o tratamento antiviral precoce tem mostrado ser benéfico em casos de herpes genital e orais com resolução mais rápida das lesões. O diagnóstico pode não ser feito com suficiente antecedência para que o tratamento tenha sucesso. Em casos de odinofagia grave ou disfagia, aciclovir por via intravenosa é usado, passando para via oral assim que o paciente puder deglutir. Em casos de resistência ao aciclovir, mais comum em pacientes imunocomprometidos, muitas vezes tem resistência cruzada a medicamentos antivirais da mesma classe, pode-se utilizar outros como o foscarnet. +ESOFAGITE POR HPV + ESOFAGITE POR HPV O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que afeta epitélios estratificados. Pelo menos 80 tipos diferentes foram identificados e classificados de acordo com os seus efeitos em tecidos cutâneos e mucosos. A maioria causa lesões benignas proliferativas ou verrugas, mas alguns subtipos podem causar lesões pré-malignas e malignas. As lesões malignas mais frequentes ocorrem no trato genital feminino, causando carcinoma cervical, o câncer mais comum no mundo. Sua etiologia tem uma marcante variação geográfica, com maior incidência na China, África do Sul e Irã . As neoplasias mais frequentes no esôfago são carcinomas de células escamosas e adenocarcinomas. ESOFAGITE POR HPV + O risco de desenvolver câncer de esôfago está associado com a presença anterior de displasia o esôfago de Barrett. Esta é uma lesão prémaligna observada histologicamente no esôfago distal e relacionada com doença de refluxo gastro-esofágico . As formas de HPV encontradas com mais frequência nas lesões esofágicas são os tipos 16 e 18, utilizando a reação em cadeia da polimerase (PCR) como padrão-ouro para a detecção do DNA viral. Atualmente, o câncer esofágico é o terceiro tumor maligno mais comum do trato gastrointestinal e o sétimo no mundo ocidental. + ESOFAGITE POR HPV A sua incidência aumentou nos últimos anos, principalmente naqueles que estão localizados na junção esofagogástrica, devido à sua associação com metaplasia de Barrett. Embora o carcinoma de esôfago (CE) está claramente associado ao tabaco e ao álcool, a associação com o HPV ainda é controversa. A literatura relata uma incidência média de mais de 20% de infecção por HPV em carcinomas de esôfago, em 31,9% dos adenomas colorretais, em 43% dos adenocarcinomas colorretais. No único estudo latino-americano de HPV e CE escamosas determina a presença do vírus em 29% das amostras. Foram avaliadas amostras de pacientes chilenos e colombianos, que tiveram subtipos 16 e 18 (subtipo 16 amostras no Chile e subtipo 18 em amostras da Colômbia). + ESOFAGITE POR HPV O valor prognóstico de HPV em pacientes com CE foi avaliado por vários autores, que demonstraram que os pacientes HPV positivos têm pior prognóstico. Os tumores benignos do esôfago são raros, constituindo apenas 0,5 a 0,8% de todos os tumores do esôfago. Aproximadamente 60% dos tumores benignos do esôfago são leiomiomas, 20% são cistos e 5% são pólipos. O resto das lesões ocorrem com uma frequência menor que 2% e dentre eles o papiloma. Papilomas são fibrosos, benignos e sésseis cobertos por epitélio que têm a capacidade de produzir lesões proliferativas da pele e/ou membranas mucosas. No trato gastrointestinal é frequentemente localizado nas extremidades proximais (boca) e distal (reto). + ESOFAGITE POR HPV Papiloma escamoso esofágico é geralmente assintomático, ocorre predominantemente nos homens, na proporção de 3:1, composto por uma lesão levantada, séssi, pequena, redonda, lisa ou áspera. Na sua gênese está envolvida a irritação mecânica ou química da mucosa. A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, contato sexual, contato com fômites contaminados e, mais recentemente, a sua presença tem sido encontrada em algas marinhas. O período de incubação varia entre 6 semanas e 8 meses. O homem é o reservatório da espécie de vírus, com distribuição mundial. A idade média de diagnóstico é entre 50-60 anos. + ESOFAGITE POR HPV O diagnóstico de papiloma é realizado por polipectomia endoscópica, sendo a histologia capaz de detectar HPV microscópio observando os coilócitos (células escamosas, geralmente nas camadas intermediárias com um vacúolo bem definido e perinuclear, seu núcleo retraído hipercromáticos), ou PCR, que detecta DNA viral, e das técnicas de biologia molecular e também técnicas imunohistoquímicas. + ESOFAGITE POR HPV O tratamento é feito com interferon alfa 2 recombinante com dose de 3 milhões UI, três vezes por semana, durante três meses Acompanhamento biópsia Vacina (?) endoscópico com + ESOFAGITE POR CANDIDA + ESOFAGITE POR CANDIDA A Candida albicans é o patógeno predominante das esofagites infecciosas e pode fazer parte da flora normal do indivíduo. A colonização esofagiana pode estar presente em até 20% da população normal, especialmente em pacientes medicados com bloqueadores do receptor H2. As outras espécies de Candida (C. tropicalis, C. parapsilosis, C. krusei e C. glabrata) podem estar presentes em pacientes que receberam antifúngicos previamente. A coIonização progride para infecção quando as defesas locais e/ou sistêmicas são inadequadas para prevenir a invasão do epitélio. A aderência da mucosa é a pré-condição para a colonização e a invasão. Os fatores predisponentes para candidíase esofagiana incluem doença aguda ou avançada pelo HIV, diabetes mellitus, leucemias e linfomas, uso de antibioticoterapia de amplo espectro, terapêutica antineoplásica, corticoterapia e transplante de medula óssea ou de órgãos sólidos. Fatores locais também podem contribuir, tais como esclerose sistêmica, obstrução do esôfago por tumor, acalasia, além de condições que levem à Iesão da mucosa, como o refluxo gastroesofágico. + ESOFAGITE POR CANDIDA + ESOFAGITE POR CANDIDA Os principais sintomas são odinofagia ou disfagia. Os líquidos são mais bem tolerados que os sólidos. A dor se agrava com a ingestão de alimentos ácidos ou com a eructação. Queimação retroesternal ou dor pode ocorrer intermitentemente, sem estarem relacionadas à deglutição. O sangramento gastrointestinal é raro como manifestação inicial da esofagite, mas pode ocorrer. Alguns pacientes apresentam apenas náuseas e vômitos, sem outras queixas mais específicas. A febre não é um sintoma comumente associado à esofagite por Candida, porém alguns pacientes com Aids relatam febre alta, emagrecimento importante e desidratação. + ESOFAGITE POR CANDIDA Existe associação também com lesões orais (placas esbranquiçadas aderidas à mucosa oral). A presença de candidíase orofaringea num paciente com disfagia ou odinofagia e Aids tem um valor preditivo positivo acima de 70% para o diagnóstico de candidíase esofágica. A presença de exsudato esbranquiçado aderido à mucosa oral em pacientes graves com febre sem definição diagnóstica, sob intubação orotraqueal prolongada e recebendo antibioticoterapia de amplo espectro, deve levar à suspeita diagnóstica de candidíase esofagiana. ESOFAGITE POR CANDIDA + O diagnóstico é confirmado por EDA. As lesões esbranquiçadas com grumos são muito sugestivas de infecção por Candida, mas podem ser confundidas com as exsudativas esbranquiçadas presentes nas infecções por Herpes simplex e citomegalovírus. Em pacientes imunodeprimidos, pode ocorrer associação entre estas etiologias. Por este motivo, o diagnóstico sempre deve ser confirmado por exame micológico do lavado ou tecido obtido por biópsia. Cultura para fungo não é utilizada de rotina, exceto em casos de resposta inadequada ao tratamento específico instituído. A pseudomembrana que se forma sobre a mucosa esofágica pode ser tão exuberante que pode causar protrusões para a luz do esôfago, resultando em obstrução. A perfuração de esôfago é rara, ocorrendo nos dois terços finais do órgão. Alguns autores propõem a coleta de material através de aspirado do líquido esofágico por sonda nasogástrica como alternativa à endoscopia em pacientes com Aids. Bonacini e cols. descreveram sensibilidade de 96% e especificidade de 87% no diagnóstico de candidíase por este método. +O exame radiológico contrastado tem valor limitado e raramente é utilizado para o diagnóstico da candidíase esofagiana, podendo ser indicado apenas quando não se dispuser de endoscopia. + ESOFAGITE POR CANDIDA O tratamento consiste em utilização de antifúngicos derivados imidazólicos, tais como cetoconazol, fluconazol e itraconazol. O fluconazol é considerado o medicamento de escolha para tratamento dos casos de esofagite por Candida. Pode ser administrado por via oral ou venosa, com dose inicial de 200 mg a cada 12 horas no primeiro dia e 100 mg de 12/12 horas a seguir, durante 14 a 21 dias. Por via venosa, a dose de 200 mg pode ser administrada uma vez por dia. Em crianças, a dose de fluconazol é 6 mg/kg/dia. Candida albicans geralmente é sensível a fluconazol, sendo descrita resistência variável em pacientes com Aids. As outras espécies de Candida (glabrata, parapsilosis, krusei e tropicalis) são normalmente resistentes ao fluconazol e surgem em pacientes que utilizaram o antifúngico em outro momento. Como alternativa para o tratamento por via oral, pode-se utilizar itraconazol (200 mg por dia dividido em duas doses). A solução oral se mostrou mais eficaz que o comprimido. + ESOFAGITE POR CANDIDA Quando a infecção for refratária aos tratamentos descritos, pode-se utilizar doses maiores de fluconazol (400 a 800 mg/dia) ou anfotericina B. A anfotericina B é um medicamento com maior toxicidade (alteração de função renal, hipomagnesemia, hipopotassemia), que deve ser administrado por via venosa, lentamente (quatro a seis horas), podendo ocorrer febre, tremores, náuseas, mialgia e, raramente, alterações hemodinâmicas, durante sua infusão. A dose total diária é de 1 mg/kg, por 14 a 21 dias. Atualmente, estão comercializadas apresentações lipídicas de anfotericina B, de menor nefrotoxicidade, porém com alto custo. + Menina, 18 meses de vida, gemelar nascida de 34 semanas, peso nascimento: 2,6kg, permaneceu na maternidade por 7 dias pela prematuridade e CIV com fechamento espontâneo. • Deu entrada com história de um dia de vômitos em “borra de café” e melena. Recusava alimentos sólidos e líquidos, irritada ao deglutir. Nos 3 dias anteriores apresentava quadro de tosse, coriza e febre. • História anterior de internação por gastroenterite aos 2 meses, e aos 10 meses por Bronquiolite por Vírus sincicial respiratório. •Teve vários episódios de broncoespasmo e diagnosticado asma e iniciado Fluticasona 50 mg 2x/dia •Nunca utilizou antibióticos •Vacinação em dia •Não tinha história de dor abdominal, distensão abdominal, hematêmese, petéquias, ou qualquer outro tipo de sangramento. • + Ao exame físico estava alerta, consciente, corada, anictérica, sinais vitais estáveis, sem sinais de sangramento visível em orofaringe e em cavidade nasal. Peso: 8,2kg (< P10) Altura: 77cm (P10) Hb 10,6 g/L Leuco 13500 Plaquetas 304 000 Eletrólitos, função renal, albumina, transaminases, coagulograma normais Raio X de tórax normal. + A endoscopia digestiva alta revelou candidíase oral e mucosa gástrica e duodenal normais. O esófago médio e distal está coberto com placas brancas aderentes espalhadas sobre a mucosa. Mucosa hiperemiada e friável, e as placas eram aderentes. Múltiplas úlceras foram vistas no esôfago distal e não havia sangramento ativo. As placas sangraram facilmente quando escovadas para a coloração de Gram e cultura de fungos. Gram mostrou pseudohifas e a cultura cresceu espécies de Candida. O resultado da biópsia indicou esofagite crônica com infiltração de células inflamatórias principalmente neutrófilos e linfócitos, associada com alongamento papilar e hiperplasia de células basais. Candida com pseudohifas também foram observadas, mas não houve a invasão dos tecidos. + Paciente foi tratada com Omeprazol 2mg/kg por dia e Fluconazol 6mg/kg por dia juntamento com NPP. A sensibilidade a fluconazol foi confirmada, e substituída para a via oral e mantida por 3 semanas. Os vômitos e a disfagia para sólidos regrediram gradualmente. Pesquisada a imunodeficiência, como resultado HIV, imunoglobulinas, CD4, CD19 normais. Sorologias para CMV e HSV negativas. Após 2 meses realizada nova EDA, evidenciando mucosa esofágica normal, erradicação da Candida e histologia normal. Em acompanhamento há 12 meses, paciente encontrase assintomática e com bom desenvolvimento. +