O GESTO AUTÔNOMO Bruno Poluceno de Andrade (Bolsista) Dra Marci Fileti Martins (Orientadora) Trabalho de pesquisa desenvolvido no âmbito do PIBIC- UNISUL Neste trabalho foram analisados audiovisuais que constituem o conteúdo de uma revista de divulgação científica, digital, produzida na Unisul por uma equipe multidisciplinar, intitulada CIÊNCIA EM CURSO, cujo endereço eletrônico é: www.cienciaemcurso.br , e mais especificamente o caderno dessa revista intitulado FEITO A MÃO, que busca divulgar experiências empíricas nos locais de sua produção, ou seja, em núcleos artesanais de comunidades catarinenses. Nosso objetivo foi observar a relação que há entre o método documental utilizado na realização dos vídeos, com as temáticas abordadas. Esse método constitui-se de um modo informal por meio do qual se estabelece a relação entre o entrevistado e o entrevistador. O trabalho foi realizado a partir do acompanhamento da produção do material audiovisual, desde as gravações, passando pela edição, até o visionamento do material finalizado. Ver vídeo: O QuickTime™ e um DV/DVCPRO - NTSC descompressor são necessários para ver esta imagem. O dispositivo é frequentemente o mesmo: uma conversa acaba por converter-se numa demonstração da produção artesanal destes núcleos, o que faz com que o espectador acesse, num mesmo bloco de imagens, a exposição das expectativas e iniciativas de certos individuos e também às ações materiais que concretizam tais expectativas e iniciativas. A partir da observação percebeu-se, primeiramente, que os temas que foram tratados a partir de entrevistas informalizadas, e que constituem o Caderno FEITO A MÃO, eram relativos ao conhecimento não científico, mas que constitui uma produção de riqueza pautada na relação íntima do produtor com o meio social e a comunidade, muitas vezes, familiar. Contrariamente ao que assistimos na produção televisiva habitual, onde o papel delegado ao texto é invariavelmente excessivo, tonitruante, exaustivo e finalmente redundante, a fala exerce nesses vídeos um papel de duração. Concluímos, então, que a forma documental informal produz um efeito discursivo interessante, pois acaba por espelhar os artesãos aos realizadores, isso porque os próprios pesquisadores acabam tendo que passar por experiências que se assemelham sobremaneira à percepção empírica de fatos científicos, como na própria produção artesanal. Há uma relação de continuidade entre o que se está registrando e a forma do registro. Um contato e um reflexo, despojados e destituídos de a priori, que não são, justamente, nem o da consciência científica, nem o do modelo de mídia. Para futuros trabalhos a pesquisa poderá explorar ainda mais essa possibilidade de utilização do vídeo documental para a divulgação de ciência e cultura.