Cidades
“Cheguei cedo, às 6h, e me
disseram que não estão
autorizando exames. Também
não há dentista. Se alguém
chegar aqui com dor de dente,
desmaia, mas não é atendido"
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O ESTADO DO MARANHÃO · São Luís, 9 de março de 2013, sábado
Maria de Jesus da Silva, sobre a dificuldade para
marcar consulta na Unidade Mista Itaqui-Bacanga
Faltam médicos e sobram leitos
na Unidade Mista Itaqui-Bacanga
Pacientes se amontoam nos corredores e reclamam da dificuldade para conseguir marcar consultas e da ausência
de profissionais para fazer o atendimento; enquanto isso, enfermarias permanecem vazias, com leitos ociosos
Corredores da Unidade Mista Itaqui-Bacanga superlotados de pessoas em busca de atendimento
um otorrino, mas que não há
nenhum aqui", informou.
A auxiliar de nutrição Roseane de Fátima Alves chegou à
Unidade Mista Itaqui-Bacanga
por volta das 8h30. Moradora do
Anjo da Guarda, ela estava gripada, com febre e dor de cabeça. Sentiu-se mal e procurou auxílio médico. Após uma hora de
espera, ainda havia 15 pessoas
à sua frente na fila de atendimento, segundo informou.
"Acho que preciso tomar antibiótico. Mas desse jeito não sei
como vou fazer para melhorar.
O médico ainda não chegou",
disse.
A dona de casa Alcione Reis
da Conceição, de 30 anos, levou
a filha Ana Maria, que ontem tinha apenas 13 dias de nascida,
para uma consulta de rotina
com o pediatra. "Estou esperando há uma hora e não há movimentação na fila. As mesmas 10
pessoas que estavam aqui
Diante da superlotação do Hospital Municipal Djalma Marques - Socorrão I -, a Prefeitura de São Luís informou na tarde de ontem que
a Secretaria de Saúde (Semus) resolveu adotar medidas emergenciais
e ainda no período da manhã o Serviço de Atendimento Móvel Urgência (Samu) iniciou a transferência de 30 pacientes do Socorrão I
para leitos de retaguarda no Hospital da Mulher e nas Unidades Mistas do Itaqui-Bacanga e do Bequimão. Mas até o fim da manhã nenhum paciente havia chegado à Unidade Mista Itaqui-Bacanga.
quando eu cheguei, permanecem na espera", afirmou.
Demora - Segundo os pacientes, também há demora para
agendar consultas e exames.
Eles informam que é preciso
chegar cedo ao local e ainda enfrentar as filas. De acordo com
os usuários, nem sempre isso é
garantia de atendimento.
Foram muitas as tentativas
da dona de casa Cezanira Pinto
Carneiro, de 45 anos, para mar-
Flora Dolores
Testes de condições
de balneabilidade
foram feitos de 27
de janeiro ao dia 4
Trecho de praia impróprio para banho está com placa informativa
Mais
O monitoramento obedece aos padrões fixados na Resolução Conama nº
274/00, segundo a qual, as águas das praias serão consideradas próprias, quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras, obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, e colhidas no mesmo local, houver no máximo 800 E.coli/100 mL (NMP - Número Mais Provável). As águas das praias serão consideradas impróprias, quando não atenderem aos critérios anteriores, ou quando o
valor obtido na última amostragem for superior a 2 mil E.coli/100 mL (NMP).
baixa e na isóbata de 1m. Para isso, utilizou-se o método de substrato cromogênico definido.
Chuvas - Segundo o superintendente de planejamento e monitoramento da Sema, Hugo Rocha, as péssimas condições de
balneabildiade em alguns trechos
da orla deve-se principalmente à
chegada do período chuvoso e
das mudanças de temperatura.
"Essas alterações acontecem
Na mesma unidade de saúde, na área Itaqui-Bacanga, as enfermarias estão com leitos vazios
Mais
Onze trechos de praia não
estão próprios para banho
Seis trechos da orla da Ilha de São
Luís estão impróprios para banho e cinco pontos foram interditados pela Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Recursos
Naturais (Sema), que divulgou
novo laudo com as condições de
balneabilidade das praias da região metropolitana.
Foram monitorados 17 pontos distribuídos pelas praias da
Ponta d'Areia, São Marcos, Calhau, Olho d'Água, Praia do
Meio e Araçagi. Entre os trechos
interditados estão a foz dos rios
Calhau, Pimenta, Claro, Jaguarema e Olho de Porco. As amostras foram coletadas no período de 27 de janeiro a 4 deste
mês, em séries de acompanhamento semanal.
O laudo toma como base os
resultados dos testes laboratoriais emitidos pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio do
Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), de acordo com o
Termo de Cooperação Técnica
celebrado entre os referidos órgãos. A avaliação da qualidade da
água tomou como base o indicador microbiológico (Escherichia
coli), para fins de quantificar bactérias/100 mililitros de água do
mar, sendo as amostras de água
colhidas em situação de maré
Divulgação
Biaman Prado
A
falta de médicos na Unidade Mista Itaqui-Bacanga tem prejudicado
o atendimento. Na manhã de
ontem, dezenas de usuários
aguardavam por consulta, mas,
segundo eles, não havia clínico
no turno da manhã. O corredor
estava lotado. Já na enfermaria,
a situação era inversa. No local
onde os pacientes ficam internados, há vários leitos desativados, conforme registro em imagens de um denunciante, que
não quis se identificar. Enquanto isso, pacientes dos hospitais
municipais Clementino Moura
e Djalma Marques agonizam
nos corredores, à espera de um
tratamento digno.
Segundo informou o denunciante, são 26 leitos ociosos. Se
reativadas, as acomodações
abririam vagas que poderiam
ajudar a desafogar hospitais públicos superlotados. Simultaneamente, pacientes aguardavam
nas filas à espera de atendimento médico na mesma unidade
hospitalar.
Além da superlotação habitual e da carência de atendimento em algumas especialidades, médicos de plantão ainda
faltam ao trabalho e não são
substituídos. O pedreiro Brás
Santos, de 65 anos, morador da
Vila Isabel, passou a madrugada de ontem com dores no ouvido. Ao amanhecer, dirigiu-se
para a unidade mista, mas às
9h45 ainda não havia conseguido atendimento. "Disseram-me
que o médico não vai comparecer hoje. Preciso fazer uma cirurgia de urgência. Queria saber
por que não há outro para substituí-lo. Também me disseram
que preciso me consultar com
por causa das chuvas. Quando
elas caem, lavam as ruas e o solo
e levam toda a sujeira para as
praias. A chuva lava as galerias,
que podem estar contaminadas
com fezes de animais, e carrega
as bactérias para os rios, que consequentemente deságuam no
mar", explicou. Ainda de acordo
com o superintendente, essas alterações são percebidas principalmente nas praias do Calhau e
de São Marcos.
car uma consulta para os dois filhos, que têm deficiência mental. "Precisam de um otorrino.
Já vim aqui duas vezes, acordei
cedo, cheguei de madrugada.
Nada adiantou. Não havia mais
vaga. A marcação de consultas
não é eficaz. Como as senhas
acabam cedo, rapidamente o setor fica vazio", relatou.
A vendedora Maria de Jesus
da Silva afirmou que não conseguiu marcar um exame laboratorial. "Cheguei cedo, às 6h,
“
A marcação
de consultas
não é eficaz”
Cezanira Pinto Carneiro,
sobre o setor de marcação de
consultas na Unidade Mista
Itaqui-Bacanga
e me disseram que não estão
autorizando exames. Também
não há dentista. Se alguém
chegar aqui com dor de dente,
desmaia, mas não é atendido",
disse a vendedora, que mora
na Vila Isabel.
Na quarta-feira, a dona de
casa Maria Jonelma dos Reis
Moraes, de 35 anos, chegou de
madrugada à Unidade Mista
Itaqui-Bacanga para tentar
marcar uma ultrassonografia
para a filha, que está com dor
nas costelas. Como não conseguiu uma senha, precisou pagar pelo exame em uma clínica
particular. "Não tinha mais senha, eram 6h e não tinha mais.
O médico suspeita que minha
filha esteja com alguma fratura. Precisei pagar R$ 40,00 pelo
exame", afirmou.
Na manhã de ontem, o genro de João Batista Silva, de 57
anos, precisou empurrá-lo sozinho, do estacionamento até o
ambulatório, em uma cadeira
de rodas da unidade de saúde.
"Cheguei aqui e não havia maqueiro. Meu sogro está com
uma infecção na perna. Preciso
trazê-lo à unidade mista todos
os dias, para aplicar o remédio",
explicou o genro, Rubevan de Jesus Pereira, de 46 anos.
Rápida
Hemofílicos
O Sistema Único de Saúde (SUS) beneficiará cerca
de 10 mil brasileiros com a oferta gratuita de um
medicamento de alta tecnologia no controle de
sangramentos para pacientes com hemofilia A. O
Ministério da Saúde aprovou quinta-feira, dia 7, o
uso do fator VIII recombinante, que estará
disponível em até seis meses nos hemocentros
do país, para esse tipo de tratamento.
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