PASTO NATIVO A evolução é a queimada Que vem varrendo as lonjuras E essa ilusão importada Devora nossa cultura Em mim o pago está vivo É assim a regra do jogo Sou feito pasto nativo Que volta depois do fogo Vão ressecando as paisagens Nesta querência de outrora Vem prolongada a estiagem Nos ventos que vem de fora Vou agüentando instintivo Na sombra da timbaúva Sou feito pasto nativo Que volta depois da chuva POR TUDO ISSO SUSTENTO MEUS IDÉIAS, MINHA RAÇA NÃO SIGO AO SABOR DO VENTO COM QUALQUER TEMPO QUE FAÇA TAL UM PÁSSARO CATIVO QUE VOA E VOLTA PRO LAR SOU FEITO PASTO NATIVO QUE SEMPRE HÁ DE RETORNAR Embora o frio e a geada Que chegam a cada inverno Me vou por essas canhadas Teimando em seguir eterno No meu fogão primitivo Do rancho quase tapera Sou feito pasto nativo Que brota na primavera