Sal mineral deve ser dado à vontade e o ano inteiro - Suplementação é indispensável, porque supre deficiências nutricionais dos capins tropicais Na criação a pasto, o capim não supre todas as necessidades nutricionais dos animais e a solução é suplementar o gado com sal mineral, que fornece, por exemplo, fósforo, cálcio, sódio, zinco, cobre, manganês, cobalto, cromo, selênio e vitaminas em falta na forrageira. A recomendação é fornecer sal mineral o ano inteiro e sempre à vontade, no cocho, pois a quantidade consumida é pequena. "Pode variar de 60 a 120 gramas/dia", afirma o professor Mário Debeni Arrigoni, do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu. Conforme o zootecnista Juliano Sabella, especialista em suplementos minerais, cada mineral tem sua importância e os capins tropicais não suprem todas as necessidades nutricionais do gado. "Cada um tem uma função específica e envolve várias etapas do metabolismo do animal." A ausência de cada mineral provoca um problema diferente, acrescenta o médico veterinário Emerson Marques Botelho. A deficiência de zinco nos animais leva a problemas no pêlo e nos cascos. Já a falta de cálcio e fósforo pode provocar a doença da "cara inchada", pois o animal começa a "puxar" cálcio e fósforo dos ossos. Outro sintoma é o chamado "apetite depravado", que leva o animal a comer tudo o que encontra pela frente: cerca, telhas e ossos de animais mortos. "Ao comer ossadas, há risco de o bovino contrair botulismo", diz Botelho. Já a deficiência de cobalto impede a produção de vitamina B pelo animal. "Na falta de minerais, a primeira coisa que pára é o sistema reprodutivo. As vacas de cria, por exemplo, não dão cio, emagrecem e têm problemas no parto." (O Estado SP) Escolha do capim é fundamental Na criação exclusiva a pasto, forrageira deve ser adaptada a clima, relevo e solo da região e ao manejo a ser adotado. Na criação de boi a pasto, sistema predominante nas fazendas do País, a escolha da forrageira é fundamental. Segundo a pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, o primeiro critério de escolha do capim refere-se à adaptabilidade ao clima e solo e ao sistema de produção, intensivo ou extensivo. A braquiária decumbens, por exemplo, é rústica e boa opção para pastos nos quais não há ""manejo muito refinado"". O único senão é sua suscetibilidade ao ataque de cigarrinhas. Em áreas alagadas, a dica é não plantar tanzânia e mombaça, que não se adaptam. Esses dois capins, primos do colonião, entretanto, são indicados para pastos com manejo intensivo, pois são exigentes em fertilidade de solo. O criador Veber Orsi Munhoz, da Fazenda Chão Bom, em Arenápolis (MT), optou pela braquiária brizanta, ""que tem mais massa"", e pela braquiária humidícola, ""que resiste mais a locais alagados"". Munhoz faz análise de solo e investe em curvas de nível, para evitar erosão. Seu rebanho, de 1.100 nelores, é criado a pasto. Comparando os capins tropicais, não há grande diferença de valor nutricional, digestibilidade, teor de proteína e fibra. O que faz diferença é o tempo certo de pastejo. ""Quanto mais velho o capim, menor será seu valor nutricional."" Ponto certo O ideal, portanto, é pastejar no ponto certo, com o capim nem muito novo, quando não há bom volume de massa, e nem muito velho, quando baixa seu valor nutricional. ""Quem maneja o pasto como lavoura controla melhor a área e colhe o máximo de capim de qualidade, sem prejudicar a rebrota."" Outro fator importante é a oferta de capim por animal. ""Se não há capim suficiente, o boi passa a comer material seco, de qualidade inferior."" Para evitar isso, deve-se ajustar a oferta ao número de animais, conforme critérios como raça, idade e sexo. Na Fazenda Morro Vermelho, de Jaú (SP), 90% do rebanho de 700 cabeças de nelore padrão PO é criado a pasto, constituído por tanzânia, mombaça e três variedades de braquiarão. Os dois primeiros são ideais para o solo fértil da região, mas na seca deixam a desejar. A saída, aí, é o rústico braquiarão, que rende mais massa no inverno, diz o zootecnista da fazenda, Hermany Sangiovani Ferreira. ""Não existe o melhor capim, e sim o que se adapta à região."" A cada dois anos é feita análise de solo e o pasto, cuja área é de 250 hectares, é dividido em piquetes de 4 hectares. Em rodízio, os animais ficam em cada piquete por quatro dias. ""Quando chegam ao piquete onde o rodízio começou, após 35 dias, encontram bom volume de massa e capim de ótima qualidade."" Na NPP Agropecuária, em Naviraí (MS), de Nelson Pedro Polis, a integração lavoura-pecuária garante pasto verde o ano inteiro. ""Integramos com soja e milho safrinha e o pasto, de mombaça e uma variedade de braquiarão, aproveita o nitrogênio da soja"", diz o superintendente da fazenda, Valentim Maier. A NPP tem 15 mil cabeças de gado e foi campeã na categoria Melhor Lote de Carcaça do Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças em 2006. ""A integração é tão eficiente que, no verão, são colocados até 10 animais/hectare."" (O Estado de SP)